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Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
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1. Evolução História e Desenvolvimento da Equação Niosh
Os problemas músculos-esqueléticos, nomeadamente as dores lombares,
foram durante anos abordados por muitos autores (National Safety Council,
1978; Kelsey & White, 1980; Frymoyer et al., 1980; Holbrook et al., 1984;
Spengler et al., 1986; Kumar, 1987; Statistics Canadá, 1988; entre outros),
como fazendo parte dos problemas de saúde das pessoas e como que um
impacto económico que este problema causa nas sociedades modernas. Uma
variedade de estudos foram desenvolvidos no sentido de controlar o problema
das dores lombares. Estudos epidemiológicos de vários autores (Chaffin et al.,
1977; Ayoub et al., 1978; Liles 1986; Porter 1987; Kumar 1989, 1990) foram
incluídos, assim como, estudos biomecânicos (Bartelink, 1957; Brown et al.,
1957; Morris et al., 1961; Sonoda, 1962; Eie, 1966; Hutton & Adams, 1982;
Hanson et al., 1980) que determinaram as características da estrutura espinal,
enquanto outros analisaram a compressão na coluna lombar e criaram
modelos biomecânicos (Chaffin, 1969, 1975; Garg et al., 1982; Frievalds 1984;
Leskinen, 1988; Chen e Ayoub, 1988; Andersson e Schultz, 1981). Outros
estudos exploraram os custos psicológicos envolvidos nas tarefas ocupacionais
(Brown 1972; Garg e Saxena, 1979; Kumar 1984; Mital 1984; Mital e Faard,
1986; Kumar 1988). De modo, a restringir o problema das dores lombares, foi
ainda utilizado outro tipo de estudos, os estudos psicofísicos (Ayoub 1978,
Snook 1978, Mital 1985, 1987). Devido à diversidade de estudos usados,
emergem informações diferentes. Assim, com base nesta informação, foram
feitas recomendações divergentes para controlar o problema das dores
lombares e problemas músculo-esqueléticos. As recomendações com base na
informação epidemiológica surgiram sobretudo sob a forma de peso máximo a
manusear. Os dados biomecânicos, conseguidos de forma lógica, levaram
vários autores a propor um método de levantamento de cargas: flexão das
pernas e coluna erecta. Os dados provenientes dos estudos sobre custos
psicofísicos determinaram o limite flexível baseado no custo metabólico de
5Kcal/min. Os limites de segurança na manipulação manual da cargas com
base na metodologia psicofísica foram usados pela primeira vez por Snook e
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Irvine (1966), tendo sido posteriormente acrescentados dados por vários
investigadores (Snook 1978, Ayoub et al. 1978, Mital 1984, Mital e Faard 1986).
Esta diversidade e semelhança entre os diferentes estudos existiu durante
muito tempo, estando cada um isolado dos outros. Por vezes, até chegavam a
ser contraditórias, como por exemplo, a lógica biomecânica afirmava que se
deveria reduzir a magnitude, nem que para isso se aumentasse a frequência,
enquanto que a lógica fisiológica procura reduzir a frequência nem que para
isso aumentasse a magnitude. Uma integração compreensiva destes estudos
para chegar a um entendimento comum é muito importante para a segurança
dos operadores na manipulação manual de cargas. O National Institute for
Occupational Safety and Health dos Estados Unidos (NIOSH) em 1981
incorpora estes quatro critérios (epidemiológico, psicofísico, biomecânico e
custo metabólico) no livro “work practices guide for manual lifting”. No entanto
este objectivo, ou seja, a integração compreensiva destes critérios é inatingível
se não conseguirmos inferir e deduzir a margem de segurança da coluna.
A margem de segurança da coluna é influenciada por múltiplas variáveis e é
definida, de modo simplista, como sendo a diferença entre a força compressiva
máxima das estruturas espinais e as compressões realizadas pela mesmas
estruturas durante a actividade, não englobando directamente a relação entre
os critérios referidos anteriormente. As dores lombares estão sob controlo
multifactorial, o que nos parece lógico admitir que as estruturas da coluna
sujeitas a níveis de stress que ultrapassem o limiar de “tolerância” contribuem
para o rápido aparecimento da lesão.
A maioria das tarefas industriais ou ocupacionais envolvem um grande número
de variáveis pertencentes aos diferentes critérios. Num envolvimento normal
todas as variáveis estão simultaneamente envolvidas, podendo no entanto ter
diferentes extensões. Assim, é necessário definir uma margem de segurança
para uma ou mais variáveis ou integrar todas as variáveis de modo a
desenvolver um quadro standard que permitirá indicar o risco de lesão ou de
segurança. A descoberta de tal relação iria permitir a integração de critérios na
definição da margem de segurança que iriam ser incorporados na concepção
das tarefas e na gestão da saúde e segurança.
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Os critérios ou dados, são os seguintes:
• Critério Epidemiológico
• Critério Biomecânico
• Critério Fisiológicos
• Critério Psicofísicos
Vamos abordar cada um dos critérios que foram desenvolvidos para quantificar
a relação entre o stress imposto e o esforço resultante, procurando controlar o
risco de esforço e problemas da coluna.
1.1 Dados Epidemiológicos
Em relação aos dados epidemiológicos, estes são apresentados de uma forma
“confusa” devido à falta clareza, quer na identificação, quer na quantificação
dos factores de risco da lesão da coluna lombar. No entanto alguns factores de
risco foram identificados, como por exemplo, história familiar, altura, diâmetro
do canal vertebral, massa corporal, trabalho pesado, elevação de cargas,
puxar, empurrar, posturas prolongadas. Todas estes factores e assim como
muitos outros pertencem a cinco categorias: genética, morfológico, psicológico,
fisiológico e mecânico.
Mas o que é epidemiologia? Epidemiologia é o estudo dos problemas que
ocorrem na população (Friedman, 1974). A epidemiologia procura responder a
questões, como por exemplo: Porque existem tantos problemas (lesões) da
coluna lombar na manipulação manual de cargas? Como é que estas lesões
podem ser prevenidas?
No geral, a epidemiologia preocupa-se em determinar as lesões para que no
futuro se possa determinar a probabilidade dessas lesões.
Snook (1978), com base em informação epidemiológica, afirma que, mais de
um terço das lesões da coluna podem ser evitadas. É também de referir
(estudo feito pela Liberty Mutual Insurance Company) que mais de um quarto
dos trabalhos requerem manipulação manual de cargas com uma magnitude
aceitável para menos de 75% dos trabalhadores. Estes trabalhos eram
responsáveis por metade das queixas apresentadas ao nível da coluna. Isto
implica que 2/3 de todas lesões da coluna associadas à manipulação de cargas
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podem ser prevenidas se o trabalho estiver adaptado a 75% das pessoas. No
entanto 1/3 das lesões irão ocorrer apesar de qualquer intervenção de melhoria
no posto em causa.
Diversos estudos epidemiológicos concluíram que o peso da carga e
frequência de elevação estão entre os factores mais críticos, no que se refere
aos riscos de lesão. Chaffin & Park (1973) verificaram que existe uma grande
correlação entre a capacidade individual de elevação e o índice de incidência
dos problemas da coluna lombar. Chaffin et al. (1976) também verificou que,
quanto maior o peso a elevar, maior o grau da lesão. Posteriormente,
chegaram à conclusão que existe uma grande correlação entre as forças
compressivas na L5/S1 e a incidência de dores na coluna lombar. Verificaram
que, um trabalhador que tem um trabalho que excede uma força compressiva
de 6236N, tem oito vezes mais probabilidade de ter lesões na coluna lombar,
do que um indivíduo que tenha um trabalho com forças compressivas na ordem
dos 2673N. Estas forças compressivas foram determinadas através de
modelos estáticos de força.
Ayoub (1989), usando o conceito JSI (Job Stress Index: relação entre as
exigências do trabalho e a capacidade do operador), verificou que quando
temos JSI superiores a 1.5, a ocorrência de lesões aumenta substancialmente.
Gráfico 1. Relação entre o Job Severity Index e lesões cumulativas
No gráfico 1 (a) podemos observar a relação entre o JSI e as lesões
cumulativas (lesões/100h de trabalho). O risco de lesão aumenta
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substancialmente a partir de um JSI de 1.5. Isto conduz-nos, ao facto que todo
o trabalho deve situar-se com um nível de risco inferior ao valor referido
Gráfico 2. Relação entre o JSI e as lesões por incapacidade
A probabilidade de ocorrência de lesão que originem incapacidade é muito
maior a partir do valor JSI de 1.5 (gráfico 2).
Gráfico 3. Relação entre o JSI e a severidade da lesão
Por fim, no gráfico 3 temos a relação entre o JSI e o grau de severidade (dias
perdidos/lesões por incapacidade). Como já referi, a partir do JSI de 1.5 o risco
de ocorrência de lesão aumenta substancialmente. O máximo peso associado
ao JSI de 1.5 é de 27.14kg e a força compressiva na coluna é de 3930N (sexo
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masculino). Este último valor corresponde a 69% da força máxima de
compressão (5700N; Jager & Luttmann,1991). No que se refere ao sexo
feminino, as mesmas exigências levariam a estabelecer uma força máxima de
compressão de 2689N, o que corresponderia a um peso de 20kg.
Outros estudos, concluíram que a existe uma relação qualitativa entre os
factores de risco relacionados com o trabalho e as lesões MMC. Snook et al.
(1978) afirmou que 18% das lesões da coluna tinham origem na rotação do
operador.
Os dados epidemiológicos combatem com grandes dificuldades porque, são
feitos com pequeno número de pessoas, falta de controlo, conduzidos por
pequenos períodos de tempo e recolha de informação subjectiva.
Em forma de conclusão, podemos dizer que forças compressivas superiores a
3930N (homens) e superiores a 2689N (Mulheres) podem dar origem a
problemas na coluna lombar. Actividades de MMC que ultrapassem a força
compressiva de 6236N conduzem a sérias lesões da coluna lombar.
1.2 Dados Biomecânicos
Se mantiver, em termos biomecânicos uma margem de segurança, então o
problema das lesões da coluna podem ser em parte controlados. Com base em
critérios biomecânicos, o stress mecânico (forças que actuam na coluna
lombar) foi calculado a partir de duas medidas: forças de Compressão e corte
da coluna L5/S1 e a pressão intra-abdominal. Nas primeiras medidas o stress
leva a que o corpo seja tratado como um sistema de linkes e articulações. Uma
grande variedade de modelos foram desenvolvidos ao longo dos anos, para
avaliarem as tarefas de MMH no meio industrial (Ayoub & Mital, 1989). No
modelo biomecânico, cada uma das ligações tem o mesmo comprimento,
possui a mesma massa e momento de inércia do correspondente segmento
corporal. A massa é considerada como se estivesse num ponto, a que
chamamos centro de massa.
De modo a determinar o stress mecânico, a propriedade mecânica de cada
segmento foi analisada e usada, para criar linhas de orientação. Ayoub & Mital
(1989), refere que a ligação L5/S1 é a ligação mais fraca do corpo.
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No que diz respeito à segunda medida de stress, esta requer a medição da
pressão intra-abdominal. Quando uma carga é elevada, os músculos da coluna
lombar vão gerar stress e pressão na cavidade abdominal (Davis et al., 1965).
Foi verificado que, actividades que conduzem a uma pressão intra-abdominal
de 100mmHg, têm uma grande incidência de dores na coluna lombar (Davis &
Stubbs, 1978; Mairiaux et al., 1984; Davis, 1985). Existe contudo, um pequeno
número de investigadores que afirma que a pressão intra-abdominal gerada na
MMH, ajuda a minimizar a carga da coluna, através da produção de momentos
de extensão. Devido a esta controvérsia sobre a pressão intra-abdominal, é
difícil chegar a alguma conclusão.
As forças compressivas e de corte na L5/S1 da coluna lombar devem ser
comparadas com a capacidade de tolerância da coluna espinal. Como as
forças compressivas foram mais estudadas, vamos abordar só esse tipo de
forças.
Alguns investigadores, tais como, Bartelink 1957, Brown e al. 1957, Perey
1957, Evans e Lisner 1959, Morris e al. 1961, Sonoda 1962, Eie 1966, Hutton e
Adams 1982, Garnet e al. 1986, procuraram saber as propriedades das
estruturas da coluna. Esses estudos deram origem à força compressiva
máxima que varia entre 3000N e os 12000N. Esta grande variabilidade deve-se
sobretudo aos factores apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Factores que afectam a força compressiva da coluna lombar
Factor Estudo
Idade Adams and Hutton (1982);. Biggemann et al. (1988); Brinckmann et al. (1988. 1989); Hansson et al. (1980, 1987);. Hutton and Adams (1982). Hutton et al. (1979)
Sexo Adams and Hutton (1982), Biggemann et al. (1988). Brinckmann et al. (1988, 1989); Hansson et al. (1980); Hutton and Adams (1982); Hutton et al. (1999)
Peso Corporal Adams and Hutton (1982). Hansson et al. (1987). Hutton and Adams (1982)
Spinallevel Sonoda (1962), Yamada (1970)
Componentes da Coluna Adams and Hutton (1982), Biggemann et al. (1988), Brinckmann et al. (1988, 1989), Hansson et al. (1980), Hutton and Adams (1982), Sonoda (1962)
Carga Brown et al. (1957), Evans and Lissner (1959), Lin et al. (1978)
Postura Adams and Hutton (1982, 1985), Hutton and Adams (1982)
Actividade Fisica Porter et al. (1989)
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Tipo de Espécie Evans and Lissner (1959)
Concha cortical McBroom et al. (1985)
Jager & Luttmann (1991) integraram os resultados de vários estudos e
determinaram a força compressiva da coluna lombar. Concluíram que, em
média, a coluna lombar do sexo masculino tem um limite de 5700N e para o
sexo feminino um limite de 3900N. Segundo os mesmos autores, a força
compressiva pode ser determinada pela seguinte fórmula:
F.C= (7.65+1.18G)-(0.502+0.382G)A+(0.035+0.127G)C-0.167L-0.89S
Legenda:
F.C- Força Compressiva (KN)
G- sexo 0 para feminino; 1 para masculino
A- Década Ex. 30 anos – 3; 60 anos – 6;
L- Nível Lombar 0- L5/S1; incrementar o valor para cada
vértebra
C- Área (cm2)
S- Estrutura 0- Disco; 1- Vertebra
Por exemplo, uma pessoa com 30 anos e com uma área de 18cm2 (L2) terá
uma força compressiva de 7KN.
Como já foi referido, a força compressiva depende de vários factores, o que faz
com que varie de pessoa para pessoa. Assim se justifica a existência de um
intervalo, em vez de um valor especifico. Procurou-se contornar esta
dificuldade, considerando-se os limites críticos das forças compressivas
utilizando o JSI (Ayoub et al., 1983; gráfico.1) e a incidência da força
compressiva na coluna lombar (Chaffin & Park, 1973; gráfico 4).
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Gráfico 4. Relação entre a força compressiva e a dor na coluna lombar
De acordo com estes dados, qualquer trabalho que origine forças compressivas
de 650kg (6374N) na coluna lombar tem consequências graves para o
operador. Forças de compressão na ordem dos 400kg (3930N) podem ser
toleradas pela maioria dos homens, enquanto que o sexo feminino pode tolerar
274kg (2689N).
Contudo, alguns autores (Brinckmann et al., 1988; Jager & Luttmann, 1991)
referem que o limite para as forças compressivas referidas, constitui um risco
para 20% das pessoas, sobretudo para pessoas acima dos 60 anos.
As forças compressivas não devem, só por elas, estar na base da concepção,
especialmente quando lidamos com elevações assimétricas e a repetitividade.
Actividades que envolvam elevações assimétricas são mais penosas (Kumar,
1980, 1984; Mital & Kromodiharjo 1986). As forças de corte são ainda mais
penosas do que as forças de compressão (Mital & Kromodiharjo, 1986). No
gráfico 5 podemos comparar as forças de compressão e as forças de corte com
o tipo de elevação efectuada (simétrica ou assimétrica).
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Gráfico 5. Forças compressivas e corte para elevações simétricas e assimétricas
Com base nestes dados, Farfan et al. (1970) recomendou um limite para a
força de corte de 1735N.
Como foi referido anteriormente, uma pressão intra-abdominal de 100mmHg
está associada a um grande risco de lesão da coluna lombar. Usando um limite
máximo de 90mmHg evita o risco de lesões da coluna lombar (Davis & Stubbs,
1980).
Em relação à repetitividade na manipulação manual de cargas, esta pode
diminuir a capacidade de elevação até 30%, segundo Ayoub & Mital (1989). Na
tabela 2 podemos observar os efeitos da frequência na capacidade de
elevação do indivíduo.
Tabela 2. Efeito da frequência de elevação na capacidade de elevação do individuo
Turno Frequência (min) Decline da capacidade (%)
8h 1 0
4 7.5
8 18
12 25.5
12h 1 0
4 8.5
8 19.5
12 27.5
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Durante a consulta à literatura, deparei-me com outros valores, no que se
refere às forças de compressão, que passo a descrever.
Com base em dados de Evans e Lisner (1959) e Sonoda (1962) chegou-se a
um consenso em relação à força compressiva máxima da coluna. Assim, para
pessoas com menos de 40 anos a força é de 6700 N e para pessoas de 60 ou
mais, a força é de 3400 N. Estes valores foram publicados no livro “Work
practise guide for manual handling”(Niosh 1981) e foram designados por limite
máximo permitido e limite de acção respectivamente. Destes valores podemos
retirar normas genéricas, visto que, cada pessoa é um caso. Então, foi feita a
comparação da força voluntária compressiva máxima calculada a partir de uma
amostra com a força máxima compressiva da coluna, tendo em conta a idade,
o sexo e a altura o que permitiu obter um resultado razoável. Na tabela 3 estão
os resultados das várias experiências e as características da amostra
respectivamente.
Tabela 3. Máxima contracção voluntária, força compressiva, e margem de segurança
Na tabela anterior, podemos observar uma força de compressão de 6933N, o
que excede o limite máximo permitido da Niosh, que é de 6700N (representa a
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força compressiva máxima da coluna lombar). É de relembrar que a força
compressiva máxima da coluna lombar para o sexo masculino é de 5700N e
para o sexo feminino é de 3900N (Jager & Luttmann, 1991).
1.3 Dados Fisiológicos
Durante o trabalho, qualquer que seja a razão, os tecidos musculares podem
ultrapassar os limites fisiológicos e provocar lesões. Adams e Hutton (1986)
compararam a capacidade máxima de flexão da coluna (vértebras) lombar e
lombo-sacral com os osteo-ligamentos dessas estruturas. Conclui-se que a
flexão máxima da coluna é menor 10% do que os osteo-ligamentos. Esta
diferença entre a flexão máxima da coluna e os limites elásticos dos osteo-
ligamentos asseguram uma margem de segurança, evitando assim possíveis
lesões, deformações excessivas e o surgimento de tensões elevadas nos
diversos tecidos e ligamentos.
Os mesmos autores afirmam que num movimento lombar típico, uma redução
de 2% na flexão dos seus limites elásticos, reduz a resistência em cerca de
50% na flexão do tronco e reduz 50% a tensão de stress dos ligamentos
intervertebrais.
A contracção permanente dos músculos (tônus postural) permite manter uma
estabilidade postural e uma mais rápida prontidão dos músculos para
responder às diferentes exigências de uma actividade. Qualquer força ou
contracção rápida e intensa ultrapassa os limites de elasticidade do músculo.
Isto pode levar, a pequenas lesões antes de ocorrer a lesão estrutural
propriamente dita.
Dois autores, Kumar e Davis (1983) estudaram a actividade electromiográfica
(EMG) do músculo erector-espinal e a pressão intra-abdominal em duas
posturas: postura estática com carga e a postura dinâmica com elevação de
cargas, sendo a mesma carga aplicada em ambas as posturas. Na postura
estática com carga, o EMG e a pressão intra-abdominal foi 1/3 a 1/2 dos
valores obtidos na elevação de cargas (postura dinâmica). Sugeriram então,
que um aumento da exigência biomecânica na elevação de cargas ocorria
devido ao grande aumento da inércia e a necessidade da estabilidade postural.
Esforços dinâmicos aumentam a carga em 40% (Frievalds et al. 1984). O
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aumento da aceleração durante a elevação de cargas, aumenta o stress, em
termos biomecânicos, em cerca de 15% a 20% (Park 1973). Verifica-se um
aumento de 35% dos picos de contracção dos músculos do tronco em
situações de elevação esperadas pelo trabalhador, enquanto que em situações
inesperadas o pico pode atingir os 50% (Marras et al. 1987). Estes resultados
sobre a postura estática indicam claramente a existência de um mecanismo
intrínseco que controla as “respostas” que ultrapassem os limites de modo a
assegurar a segurança do “sistema”.
1.4 Dados Psicofísicos
A elevação de cargas em segurança foi sempre determinada com base num
dos factores ou critério: Stress Biomecânico; Custo Fisiológico; e Capacidade
Psicofísica. Pela primeira vez, no livro “Work practise guide for manual lifting”
foram considerados estes factores no seu conjunto, juntamente com os
factores epidemiológicos (Niosh 1981). No entanto, uma completa integração e
inter-relação entre si ainda não existiam. Usando a metodologia psicofísica e
uma combinação de dados desenvolvidos por Ayoub et al. e Snook (1978), a
carga máxima aceitável para a elevação a diferentes alturas a três distâncias
horizontais do corpo e seis diferentes frequências de elevação foram
estipulados (Niosh 1981). Para qualquer aumento de uma destas três variáveis,
a carga máxima aceitável diminui.
Mital e Kromodihardjo (1986) verificaram uma regressão significativa entre a
carga máxima aceitável para a elevação (determinada psicofisicamente) e as
forças compressivas da coluna. A equação de regressão CF= -830 + 17.81 *
PLC em que CF corresponde à força compressiva e PLC corresponde à
capacidade de elevação psicofísica, explicam 75% da variância da sua inter-
relação. Com base nos dados de Hutton e Adams (1982) e na equação de
regressão extrapolaram a força compressiva máxima da coluna lombar.
Comparando a carga compressiva desenvolvida durante o peso máximo
aceitável e a força compressiva máxima verificam uma diferença de 30% a
50% (tabela 7). Esta diferença foi considerada a margem de segurança da
coluna. Mital (1987) comparou o peso máximo aceitável de elevação entre 74
estudantes e 74 trabalhadores do meio industrial. Conclui que não existem
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diferenças significativas em termos físicos e em termos de força isométrica,
existindo diferenças no peso dispostos a levantarem durante as 8 horas de
trabalho. Em média, os estudantes aceitam elevar menos 11% do que um
trabalhador. Isto significa que o trabalhador acumula uma maior carga (11%
mais) devido à experiência de trabalho neste tipo de situações (elevação de
cargas). Assim, atingem mais cedo o estado de fadiga, levando ao
aparecimento mais rápido das lesões da coluna lombar. No final, o peso
máximo recomendável foi de 23kg (75% da população feminina e 99% da
população masculina).
Tabela 4. Margem de segurança e forças compressivas da coluna
Outro tipo de dados que normalmente é referido, é o Custo Metabólico, que
passamos a descrever.
1.4.1 Custo Metabólico
Apesar de o custo metabólico não estar directamente ligado aos factores
biomecânicos, tem um papel significante no aparecimento da lesão lombar.
Poderá ocorrer devido ao cansaço, fadiga ou descoordenação, uma
destabilização biomecânica da coluna lombar. Movimentos não naturais e sob
stress podem acelerar o aparecimento da lesão. Por esta razão, o custo
metabólico na elevação de cargas é importante.
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Christensen (1955) propõe um valor de capacidade aeróbica máxima de 50%
para trabalhadores com este tipo de tarefas. No entanto, este valor foi
considerado por vários autores elevado. Em 1962, Bink com base nas suas
experiências de trabalho propõe o valor de capacidade aeróbica máxima de
33%, permitindo aos trabalhadores trabalharem 8 horas sem desenvolverem
fadiga. Outros autores apresentaram valores que variam de 25% a 35%, tendo
no entanto a Niosh (1981) adoptado o valor de 33% como valor padrão para a
concepção ou reconcepção de posto.
O custo metabólico é determinado por inúmeros factores, como o estado físico
das pessoas, a alimentação, o seu transporte e utilização de oxigênio, enfim
pelas características pessoais da pessoa. Pensa-se que em tarefas de
elevação repetitiva a carga metabólica manter-se-á dentro dos limites de
segurança. É necessário ter em conta que o stress cumulativo nas estruturas
espinais resultantes da elevação repetitiva não contará para o custo
metabólico.
Em forma de conclusão:
Critérios Biomecânicos
Critérios Fisiológicos
Critérios PsicoFísicos
Limitados pela força máxima de compressão no disco intervertebral L5/S1 = 3,4N
Limitados pelo dispêndio máximo de energia que varia entre 2.7 e 4.7 Kcal/minuto
Limitados pelo peso máximo aceitável (23kg) subjectivamente para 75% da população feminina e 99% da população masculina
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2. A Equação de Niosh
A primeira equação surgiu em 1981, tendo sido elaborado e desenvolvido pelo
National Institute for Occupational Safety and Health dos Estados Unidos
(NIOSH). Foi feita uma extensa revisão da literatura com base em quatro
perspectivas ou critérios, epidemiológica, biomecânica, fisiológica e
psicológica. Esta equação define critérios para determinar os pesos máximos e
aceitáveis para as tarefas de elevação, sendo usada pelos praticantes de
saúde ocupacional, porque fornecia um método empírico para a determinação
do peso limite para a elevação manual de cargas. Este limite permite identificar
certos trabalhos de elevação que coloquem em risco o sistema músculo-
esquelético, mais particularmente na região lombo-sagrada (Liles e Mahajan,
1985). Verificou-se, que esta equação era aplicável apenas a um número
específico de casos de tarefas de elevação, apenas no plano sagital das
tarefas de elevação. Assim, houve a necessidade de fazer uma revisão e
expandir a equação em 1991, de modo a ser aplicado a um maior número de
casos. Surgiu, assim a equação Niosh 91. Esta nova equação tem um âmbito
de aplicação mais alargado. Passaram também a ser contempladas tarefas de
elevação não simétricas, podendo também ser aplicável em condições sub-
óptimas na pega dos objectos e a contemplar maiores amplitudes na duração
do trabalho e na frequência das elevações. A nova equação permite ainda
calcular o limite para o dispêndio energético em tarefas de elevação e um
índice de elevação para a identificação de postos de trabalho com especial
risco.
O objectivo das duas equações é de prevenir ou de reduzir os problemas na
coluna lombar associados às tarefas de elevação. Um outro beneficio, é ter o
potencial de reduzir os problemas músculo-esqueléticos ou doenças
associadas a algumas tarefas de elevação, como o ombro ou dores nos braços
(Chaffin et al. 1976).
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2.1 Desenvolvimento da Equação de Elevação de
Cargas
O desenvolvimento da equação de elevação requer: a definição da posição
standard de elevação, estabelecer uma constante de peso e uma expressão
matemática para cada factor.
2.1.1 Definição da posição standard de elevação
A posição standard de elevação serve como um referencial de três dimensões
para avaliar a postura do trabalhador nas tarefas de elevação. A posição
standard de elevação da Equação 1981 foi definida como tendo uma altura
vertical de 75cm do chão e uma distância horizontal de 15cm desde o ponto
médio entre os joelhos. A Equação Niosh 1991 continua a utilizar a altura
vertical de 75cm que foram suportados através de estudos recentes (in
Ruhmann e Schimdtke, 1989). No entanto, o valor horizontal standard
aumentou de 15cm para 25cm. Este aumento reflete as novas descobertas (in
Garg e Badger 1986; in Garg, 1986) que demonstraram que a distância mínima
mais usada pelos trabalhadores era de 25cm na elevação de cargas.
2.1.2 Estabelecimento da constante de peso
A constante de peso é de 23kg ou 51lbs e refere-se ao peso máximo
recomendável para a elevação de cargas na posição standard, isto é, posição
sagital, pequena frequência de elevação, boa pega, distância vertical percorrida
menor ou igual a 25cm, etc. A determinação da constante de peso foi feita com
base em dados psicofísicos e biomecânicos. Em 1991, o comité estimou que
elevar uma carga igual à constante de peso determinada (feita em condições
ideais), será aceitável para 75% das pessoas do sexo feminino e 90% para as
pessoas do sexo masculino e a compressão discal deve ser menor que 3,4KN.
Na equação 1981 a constante de peso era de 40kg, passando para 23kg na
equação de 1991. Este facto deve-se ao aumento da distância horizontal de
15cm para 25cm. Houve uma redução de 17kg e um aumento de 10cm na
distância horizontal. Se ajustarmos as distâncias verificamos que o peso na
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Orlando Mendes 18
realidade só reduziu 1kg, isto é, a constante de 23kg representa apenas uma
redução de 1kg face à equação de 1981. Embora os 23kg sejam baseados no
peso máximo aceitável para 75% dos trabalhadores femininos, o peso máximo
recomendável é aceitável, pelo menos, por 90% das pessoas do sexo feminino,
quando é aplicada nas equações de elevação (Snook e Ciriello1991, tabela 5)
Tabela 5. Comparação do peso limite recomendável com o peso máximo permitido, tendo em conta
altura da elevação, distância horizontal e a altura percorrida com a carga (Snook & Ciriello, 1991)
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 19
2.1.3 Expressões matemáticas para a determinação
dos multiplicadores
Os multiplicadores da Equação Niosh de 1991 referem-se a seis coeficientes
(expressões matemáticas) usadas para reduzir a constante de peso para
compensar as características da tarefa de elevação que são diferentes da
posição standard. Estes factores foram identificados em diversos estudos
epidemiológicos de elevação manual (Chaffin e Park 1973, Snook 1978,
Frymoyer et al. 1983, in Bigos et al. 1986). Os seis multiplicadores devem
satisfazer os dados epidemiológicos, fisiológicos e psicofisiológicos.
2.2 Multiplicadores
Multiplicador Horizontal (HM)
Estudos biomecânicos e psicofisiológicos indicam que com o aumento da
distância horizontal da carga da coluna (ponto médio do tronco), a compressão
discal aumenta e o peso máximo aceitável diminui (Snook 1978, Chaffin e
Andersson 1984, in Garg 1986). No geral, o stress da compressão axial
aplicado à coluna é proporcional à distância horizontal da carga à coluna.
Entretanto os dados psicofisiológicos indicam que, à medida que a carga é
movida horizontalmente em relação à coluna, a quantidade de peso que a
pessoa está sujeita a elevar diminui proporcionalmente (Snook 1978, Ayoub et
al. 1978. in Garg e Badger 1986, Snook e Ciriello 1991).
De modo a satisfazer os critérios de elevação, o multiplicador horizontal foi
determinado como o seguinte:
HM = (25/H)
H corresponde à distância horizontal em centímetros
HM = (10/H)
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Orlando Mendes 20
H corresponde à distância horizontal em polegadas
Podemos também calcular o multiplicador horizontal recorrendo à tabela 6.
Tabela 6. Multiplicador Horizontal
Distância
Horizontal (cm)
Multiplicador
Horizontal
Distância
Horizontal (cm)
Multiplicador
Horizontal
<=25 1.00 46 0.54
28 0.89 48 0.52
30 0.83 50 0.50
32 0.78 52 0.48
34 0.74 54 0.46
36 0.69 56 0.45
38 0.66 58 0.43
40 0.63 60 0.42
42 0.60 63 0.40
44 0.57 >63 0.00
No entanto, a pega pode ser assimétrica, resultando distâncias horizontais
diferentes, devendo-se nesse caso, medir ambas as distâncias à esquerda e à
direita e calcular a média de ambas
H= (He + Hd) / 2
Em que He é a distância à mão esquerda e Hd a distância à mão direita
Do multiplicador horizontal concluímos que a distância da mão ao centro do
corpo deve ser menor ou igual a 25 cm. Em caso algum a distância horizontal
deve ultrapassar os 63 cm (comprimento do braço em extensão).
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Orlando Mendes 21
Multiplicador Vertical (VM)
Estudos biomecânicos sugerem um o aumento do stress lombar na elevação
de cargas situadas perto do chão (Chaffin 1969, Bean et al. 1988). Os estudos
epidemiológicos indicam que a elevação da carga perto do chão está
associada a uma grande percentagem de lesões da coluna lombar (Snook
1978, Punnett et al. 1991). Por fim, os estudos fisiológicos indicam que a
elevação de cargas perto do chão exige um grande dispêndio de energia do
que elevar a carga de alturas mais elevadas (in Fredrick 1959, in Garg et al.
1978).
Embora, directamente não exista dados epidemiológicos que forneçam um
valor de ajustamento especifico para a elevação da carga perto do chão o
comité de 1991 recomendou que o factor vertical proporciona pelo menos uma
diminuição de 22,5% no peso aceitável para a elevação de cargas com origem
perto do chão. A razão da redução de cargas a elevar acima de 75cm do chão
tem por base dados empíricos dos estudos psicofísicos, que indicam que o
peso máximo aceitável de elevação para o trabalhador diminui à medida que a
distância vertical aumenta acima dos 75cm (Snook 1978, Ayoub et al. 1978,
Snook e Ciriello 1991). O comité de 1991 determinou uma diminuição de 22,5%
do peso aceitável para a elevação ao nível do ombro (150cm ou 60in) e para
elevações ao nível do chão, dando assim origem ao multiplicador vertical:
VM = (1 – 0.003 V - 75 )
V corresponde à distância horizontal em centímetros
VM = (1 – 0.0075 V - 30 )
V corresponde à distância horizontal em polegadas
No caso de haver também assimetria vertical o caso é análogo à distância
horizontal das mãos.
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Orlando Mendes 22
V = (Ve + Vd) / 2
Em que Ve é a altura na vertical da mão esquerda e Vd altura da mão direita
Na tabela 7 podemos obter o multiplicador vertical através da altura percorrida
na vertical.
Tabela 7. Multiplicador Vertical
Altura (cm) Multiplicador
Vertical Altura (cm)
Multiplicador
Vertical
0 0.78 100 0.93
10 0.81 110 0.90
20 0.84 120 0.87
30 0.87 130 0.84
40 0.90 140 0.81
50 0.93 150 0.78
60 0.96 160 0.75
70 0.99 170 0.72
80 0.99 175 0.70
90 0.96 >175 0.00
Em forma de conclusão, podemos dizer que o objecto a transportar deve estar
a uma altura de 70 a 80 cm. Deve-se procurar evitar ao máximo as elevações
ao nível do chão e acima dos 175 cm do chão.
Multiplicador de Distância Vertical (DM)
O resultado de estudos psicofísico sugeriu uma redução de 15%
aproximadamente no peso máximo aceitável para a elevação quando a
distância percorrida com a carga situa-se perto do máximo, por exemplo, elevar
uma carga situada no chão até ao nível dos ombros (Garg et al. 1978, Snook
1978, Snook e Ciriello 1991). Estes estudos indicaram também um aumento
significativo das exigências fisiológicas à medida que a distância vertical
aumenta (Aquilano 1968, Khalil et al. 1985). Para as elevações em que a
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Orlando Mendes 23
distância vertical percorrida é menor que 25cm ou 10in, as exigências
fisiológicas não aumentam significantemente e por isso o multiplicador deve ser
mantido constante.
Então o comité de 1991 estabeleceu o multiplicador:
DM = (0.82 + (4.5/D))
D corresponde à distância percorrida em
centímetros
DM = (0.82 + (1.8/D))
D corresponde à distância percorrida em polegadas
Podemos também determinar o multiplicador recorrendo à tabela 8.
Tabela 8. Multiplicador da Distância Percorrida na Vertical
Distância Vertical (cm) Multiplicador Vertical
<=25 1.00
40 0.93
55 0.90
70 0.88
85 0.87
100 0.87
115 0.86
130 0.86
145 0.85
160 0.85
175 0.85
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Orlando Mendes 24
>175 0.00
Através da tabela 8 podemos concluir que a distância vertical percorrida com
objecto de ser menor ou igual a 26 cm. A distância máxima percorrida
(distância vertical) com o objecto, segundo a equação de Niosh, é de 175 cm.
Multiplicador de Assimetria (AM)
Existem poucos estudos que relacionem a assimetria na elevação (elevação de
cargas fora da posição sagital) com a capacidade máxima de elevação
aceitável. Destes estudos, todos os psicofísicos afirmam que há uma
diminuição do peso máximo aceitável (8% a 22%) e uma diminuição na força
isométrica (39%) quando a elevação de cargas é em assimetria de 90º,
comparando com a elevação da carga em posição simétrica, isto é, no plano
sagital (Garg e Badger 1986, Mital e Fard 1986, Garg e Bannag 1988). Em
termos biomecânicos, verifica-se também uma diminuição do peso permitido
para tarefas de elevação com assimetria (Bean et al. 1988).
Com base nestes dados, o comité de 1991 recomendou que o multiplicador de
assimetria fosse estabelecido de modo a que o peso permitido na elevação
diminuísse cerca de 30% para elevações que envolvam rotações de 90º. Então
o comité de 1991 estabeleceu o multiplicador:
AM = (1 – (0.0032A))
A corresponde ao ângulo entre o plano sagital e o plano de assimetria.
O plano de assimetria é definido como o plano vertical que intersecta o ponto
médio entre os joelhos e o ponto médio entre as articulações da assimetria.
Também podemos determinar o multiplicador através da tabela 9.
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Orlando Mendes 25
Tabela 9. Multiplicador do Ângulo de Assimetria
Ângulo da
Assimetria (º)
Multiplicador da
Assimetria
Ângulo de
Assimetria (º)
Multiplicador da
Assimetria
0 1.00 90 0.71
15 0.95 105 0.66
30 0.90 120 0.62
45 0.86 135 0.57
60 0.81 >135 0.00
75 0.76
A situação ideal é não existir assimetria, isto é, não existir rotação por parte do
operador quando executa a tarefa.
Multiplicador de Pega (CM)
A elevação de uma carga que tenha boa pega, reduz a probabilidade de queda
da carga. Estudos psicofísicos investigaram os efeitos de manipulação de
cargas com o peso máximo aceitável para a elevação, chegando à conclusão
que a capacidade de elevação diminui quando se manipula cargas em que a
pega é pobre (Garg e Saxena 1980, Smith e Jiang 1984, Drury et al. 1989). A
pega pobre não deve ultrapassar os 10% da capacidade de elevação do
operador. Em 1991, o comité estabeleceu os multiplicadores que se encontram
na tabela 10.
Dependendo da altura da elevação e a qualidade da pega. A qualidade da
pega está categorizada em boa, razoável e pobre. A altura está categorizada
como ≤ 75cm ou > 75cm.
Tabela 10. Multiplicadores da pega
Multiplicadores da Pega Qualidade da Pega V < 75 cm V >= 75 cm
Boa 1.00 1.00 Aceitável 0.95 1.00 Má 0.90 0.90
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Orlando Mendes 26
Admite-se que a redução na capacidade de elevação resultante da ausência de
pegas oscila entre 7% a 11% (segundo Waters et al., 1993).
A maior ou menor facilidade de pega é influenciada por vários factores, sendo
os principais a qualidade da própria pega, as dimensões e a forma do objecto.
Na tabela 11 dão-se algumas indicações que podem ser úteis para a definição
da facilidade de pega.
Tabela 11. Indicações úteis para a definição da qualidade da pega
Qualidade da Pega Condições
Pega de potência ou de gancho, os dedos
podem fazer um ângulo 90º com a palma da
mão
Comprimento <= 40cm, Altura <= 30cm e boas
pegas ou recortes
Pega com comprimento >= 11,5cm e 2< ØØ <
4cm
Boa
Fácil de manipular pela existência de pontos
que sejam fáceis de agarrar
Objecto com pegas, mas não permite um
ângulo dos dedos < 90º
Comprimento <= 40cm, Altura <= 30cm e más
pegas ou recortes
Comprimento <= 40cm, Altura <= 30cm e ângulo
dos dedos com a palma da mão <=90º
Aceitável
Saco que se possa pegar com pega de potência
Ausência de pegas
Caixa dificil de pegar, ou por ser
demasiadamente grande, ou escorregadia
Saco muito cheio, material húmido ou
escorregadio, etc
Comprimento > 40cm
Ou altura > 30cm
Má
Ou dificuldade em pegar
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Orlando Mendes 27
Ou centro de gravidade instável (líquidos,
materiais, granulosos, etc)
Ou centro de gravidade assimétrico
Multiplicador de Frequência (FM)
Na equação de Niosh de 1981 a frequência era determinada por uma
expressão matemática.
FM = 1 – (F/Fmax)
F é a frequência medida e Fmax a frequência máxima retirada de uma tabela.
Para a Equação de Niosh 1991 os multiplicadores são retirados de uma tabela
que foram determinados com base em dois tipos de dados. Para frequências
inferiores a 4 elevações/minuto dados psicofísicos de Snooh e Ciriello (1991)
foram utilizados para determinar os multiplicadores. Para frequências
superiores a 4 elevações/minuto teve como base as equações de predição de
energia dispendida desenvolvidas por Garg (1976) e Garg et al. (1978).
O comité de 1991 conclui, que os multiplicadores de frequência dão-nos uma
aproximação muito realista dos efeitos da frequência nas tarefas de elevação
(Roger et al. 1991). Pessoas obesas, ou adopção de posturas de flexão
prolongadas ou frequências superiores a 15 por minuto podem exceder o
critério estipulado de dispêndio de energia. Na tabela 12 podemos obter o
multiplicador da frequência, sendo para isso necessário ter em consideração o
tempo de trabalho e a altura vertical.
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 28
Tabela 12. Multiplicadores de frequência
Figura 1. Representação dos vários factores considerados para a determinação dos multiplicadores
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 29
Ao fim de determinarmos todas os multiplicadores, através das fórmulas ou
tabelas, podemos então calcular o peso limite recomendável (RWL), o Índice
de elevação (LI) e o índice composto de elevação (CLI).
2.3 Peso Limite Recomendável (RWL)
O peso limite recomendável é definido para um conjunto de condições (tarefa,
condições do posto de trabalho) em função do peso da carga manipulada pelos
trabalhadores durante um período de tempo. Podemos, assim, determinar se a
tarefa executada pelo operador, com determinadas condições, num
determinado tempo e peso, constitui um risco ou não para a sua saúde.
O RWL resulta da multiplicação dos multiplicadores descritos anteriormente
com a constante de peso. A fórmula é a seguinte:
RWL = LC * HM * VM * DM * AM * CM * FM
No qual: RWL – Peso Limite Recomendável
LC – Constante de Peso (23kg)
HM – Multiplicador Horizontal
VM – Multiplicador Vertical
DM – Multiplicador da Distância Vertical
AM – Multiplicador de Assimetria
CM – Multiplicador da Pega
FM – Multiplicador da Frequência
2.4 Índice de Elevação (LI)
Este índice dá-nos uma estimativa do nível de risco de uma tarefa. Se o posto
de trabalho envolver outras tarefas (ex: paletizar caixas a diferentes alturas) o
que se vai usar para calcular o risco é índice composto de elevação (CLI). O LI
é definido como a relação do peso do objecto com o peso limite recomendável.
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 30
A fórmula é a seguinte:
LI = Peso do Objecto / Peso Limite Recomendável
Através da tabela 13 podemos interpretar o resultado obtido no índice de
elevação.
Tabela 13. Interpretação do Índice de Elevação
LI Nível de Risco Tipo de Intervenção
<= 1 Ausência de Risco Não é necessário intervenção
1.1 – 2.9 Risco para alguns
operadores Engenharia/Organização
> 3 Risco para a maioria dos
operadores Engenharia
2.5 Análise de Múltiplas Tarefas
A análise de múltiplas tarefas foi abordada primeiramente na equação Niosh de
1981. Um novo método foi desenvolvido na equação de Niosh de 1991 com
base em três assumpções:
1- Executar múltiplas tarefas aumenta a carga física e metabólica. O
aumento da carga deve reflectir uma redução no peso limite
recomendável e um aumento do índice de elevação;
2- Um aumento do índice de elevação depende sobretudo das
características das múltiplas tarefas de elevação;
3- O índice de elevação das múltiplas tarefas (CLI) depende o índice de
elevação de cada tarefa
O índice de elevação (usado para a análise das tarefas simples) vai dar origem
ao Índice Composto de Elevação (CLI), que representa a exigência colectiva
(no seu todo) do trabalho, sendo igual ao somatório do maior índice Simples de
elevação (STLI) e o aumento incremental à medida que cada tarefa é
analisada. O aumento incremental do CLI de uma tarefa especifica é definida
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 31
como a diferença entre o índice de elevação com a frequência cumulativa e o
índice de elevação com a sua frequência actual.
Para chegarmos ao índice composto de elevação temos de determinar alguns
factores, que passo a descrever:
Calculo do Limite de Frequência (FIRWL) para cada tarefa
Para calcular o limite de frequência de cada tarefa (FIRWL) usamos os
respectivos multiplicadores e assumimos que a frequência é 1.00. A FIRWL
reflete a força compressiva e as exigências da força muscular de cada tarefa.
Se o resultado for inferior ao peso manipulado, então o trabalho representa um
esforço muscular para o operador. Maior a diferença, maior o esforço. Se for
necessário um grande controlo no destino, deve-se então calcular o FIRWL da
origem e do destino.
FIRWL = LC * HM * VM * DM * AM * CM (kg)
Calculo do Simples Peso Limite Recomendável (STRWL) de cada
tarefa
O simples peso limite recomendável (STRWL) determina-se, multiplicando o
FIRWL pela frequência. O STRWL é equivalente ao peso limite recomendável
(RWL). O cálculo do STRWL permite-nos saber qual a exigência física de cada
tarefa, permitindo, em caso de intervenção, saber qual a tarefa mais prejudicial.
STRWL (kg) = FIRWL * FM
Calculo do Índice Elevação da Frequência Independente
(FILI) de cada tarefa
O índice de elevação da frequência independente é a razão entre o peso
máximo da carga e o FIRWL. O peso máximo determina a máxima carga
biomecânica que o operador vai estar sujeito. O FILI determina os problemas
de força de cada tarefa. Se o valor do FILI for superior a 1.0, então é
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 32
necessário intervenção ergonómica de maneira a diminuir a exigência de força
nessa tarefa.
FILI = Peso Máximo / FIRWL
Calculo do Índice Simples de Elevação (STLI) de cada tarefa
O índice simples de elevação (STLI) é a razão entre o peso médio da carga e o
respectivo STRWL. O peso médio da carga é usado para determinar o STLI
porque, o peso médio dá-nos uma melhor representação do custo metabólico
de cada tarefa. Este valor pode ser utilizado para identificar tarefas com
grandes exigências físicas (tarefas que originem fadiga). O STLI não nos dá o
stress acumulativo das diversas tarefas, mas de cada uma. Isto permite
priorizar as tarefas em análise de acordo com a magnitude do valor. Nenhum
valor deve ultrapassar o 1.0. Caso o valor seja superior a 1.0, é necessário
intervir de forma ergonómica, na tarefa ou no posto. Se em algum caso o FILI
exceder o STLI, o peso máximo representa um problema significativo e uma
avaliação cuidadosa é necessária.
STLI = Peso Médio da Carga / STRWL
Calculo do Índice Composto de Elevação (CLI)
Com base nos cálculos anteriores sabemos qual as tarefas com maior índice
de STLI. Para calcular o CLI, as tarefas devem ser ordenadas de forma
decrescente, com o STLI maior para o mais pequeno.
CLI = STLI1 + ÓALI
ÓALI = (FILI2 * (1/FM1,2 – 1/FM1)) +(FILI3 * (1/FM1,2,3 – 1/FM1,2)) +
(FILIn * (1/FM1,2,3,4,...,n – 1/FM1,2,3,..,(n-1)))
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 33
Destes valores, o que deverá constituir maiores dúvidas na sua determinação é
o multiplicador de frequência (FM). O somatório das frequências (FM1,2,..,n) é
calculado com base na tabela de frequência (tabela 12). O FM1 corresponde à
frequência de 1 o que dá origem ao multiplicador 0.94 (no caso de ter uma
altura menor que 75cm), um FM2 corresponde a um multiplicador de 0.88 e
assim sucessivamente.
2.6 Restrições e Limitações
Restrições
Deve ser apenas aplicada se verificarem as seguintes condições:
&Elevação feita com suavidade, isto é, sem movimentos bruscos;
&Condições térmicas e visuais favoráveis;
&Boas condições mecânicas asseguradas por um piso plano e sem
obstruções oferecendo boa aderência ao calçado.
Limitações
& A equação não é aplicável a tarefas envolvendo elevação de objectos com
uma só mão, ou na posição de sentado, ajoelhado ou agachado, ou ainda
elevações em espaços confinados que obriguem a posturas desfavoráveis.
Também não contempla a elevação de pessoas, ou de objectos extremamente
quentes ou frios, sujos ou contaminados. Também não estão incluídas tarefas
como a elevação de barris, padejar, ou elevação muito rápida e frequente de
objectos. Para estes tipos, serão necessárias avaliações biomecânicas,
metabólicas e psicofísicas especificamente para cada tarefa.
& A equação assume que a superfície de contacto do calçado de trabalhador
com o solo tem um coeficiente de fricção estática, no mínimo, de 0,4 (de
preferência de 0,5). Se as condições de aderência forem inferiores, os riscos e
o acréscimo de esforço resultantes serão imprevisíveis.
& A equação assume que as tarefas de levantamento e de abaixamento de
pesos têm idêntico potencial para causar lesões lombares, isto é, levantar uma
Manipulação Manual de Cargas – Equação de NIOSH 91
Orlando Mendes 34
caixa do chão e colocá-la sobre uma mesa comporta o mesmo risco que
descer essa caixa desde a mesa até ao chão. Esta afirmação anterior, pode
não ser verdadeira se, em vez de manter a caixa nas mãos até pousar no chão,
o trabalhador apenas conduzir ou orientar a descida ou mesmo deixá-la
deslizar até ao chão. Pode ser necessário efectuar avaliações psicofísicas,
caso a caso, para tarefas específicas de descida de pesos, pois as condições
podem ser muitas variadas.
& A equação não inclui factores para as consequências de circunstâncias
imprevistas, tais como pesos inesperadamente grandes, escorregamento ou
queda durante a execução das tarefas. Se o ambiente físico for desfavorável
(por exemplo, temperatura ou humidade relativa significativamente à direita dos
intervalos 19º a 26ºC ou 35% a 50%HR, respectivamente.) será necessário
avalliar o acréscimo metabólico resultante desses factores ambientais.
& A equação assume que quaisquer outras actividades de manipulação ou
movimentação efectuadas pelo trabalhador em causa são mínimas e não
requerem dispêndio energético significativo. São exemplos de tarefas não
elevatórias o segurar, empurrar, puxar, transportar objectos, andar, subir, etc.
Se existirem actividades destes tipos, poderão ser necessárias medidas ou
estimativas da energia despendida ou da frequência cardíaca a fim de avaliar
as exigências metabólicas das várias tarefas.
Apesar de ainda apresentar algumas importantes limitações, a Equação Niosh
91 tem, contudo, o mérito de se apoiar na compilação rigorosa de uma grande
quantidade de dados empíricos obtidos durante anos de investigação, dados
esses que tornou utilizável para a resolução de muitos problemas concretos de
concepção e análise de postos de trabalho e de avaliação de riscos. A equação
pode ser considerada uma ferramenta que, bem utilizada, pode ser útil na
prevenção das dores e lesões da região lombo-sagrada.