Post on 10-Jan-2017
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Um diálogo sobre as práticas de cura das Rezadeiras da Cidade de Cachoeira (BA)1
Virgínia de Santana C. Nunes (PPGAS/UFSC/Santa Catarina)
Resumo
O presente estudo parte de uma etnografia realizada na casa de duas rezadeiras, na
cidade de Cachoeira, no recôncavo da Bahia, cuja abordagem foi qualitativa, através do
método da observação participante. É apresentada também narrativas da comunidade,
expostas durante a realização da pesquisa, para refletirmos sobre as redes de interações
e produção de significados que circunscreve o saber das rezadeiras. Através da inserção
no campo etnográfico, abordaremos as práticas realizadas pelas rezadeiras como
“mágico-terapêuticas” que, imersas em um complexo sistema simbólico, só se torna
eficaz na coexistência relacional com a comunidade em que está inserida.
Palavras-chave: Rezadeiras; prática mágico-terapêuticas; Cachoeira-BA.
1 Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN. Trata-se de pesquisa realizada para o Trabalho de Conclusão de Curso da
graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, sob orientação da
professora Dra. Ângela Figueiredo, e financiada por uma bolsa FAPESB. A redação deste artigo deu-
se já durante meu mestrado em Antropologia Social no Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Social da Universidade Federal de Santa Catarina, vinculada ao Núcleo de Identidades de Gênero e
Subjetividades (NIGS), sob orientação da professora Dra. Miriam Grossi, no quadro de uma bolsa de
mestrado CNPq. As ideias apresentadas neste artigo são influenciadas por diálogos estabelecidos com
o NIGS já em 2010, onde fui acolhida durante intercâmbio estudantil ANDIFES/Santander na UFSC.
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Então – e talvez já em certos países – o valor do sistema deixará de ser
fundado em curas reais, os quais beneficiarão indivíduos particulares, mas
sobre o sentimento de segurança trazido ao grupo pelo mito que fundamenta
a cura, e o sistema popular, em conformidade como qual, sobre esta base,
seu universo se encontrará reconstruído. [LÉVI-STRAUSS, 1996]
Introdução
A escolha do tema de pesquisa parte, normalmente, da experiência do(a) autor(a),
como um reflexo do processo contínuo de descobertas e (in)formações vivenciadas
durante a trajetória de vida, tanto na academia quanto no seu cotidiano. O presente
artigo parte dessa lógica, cuja a imersão de uma pesquisa de campo pode ser
compreendida como uma caminhada frente ao desconhecido, mesmo sendo familiar,
muitas vezes com elevados, desvios e medos, onde levamos na mochila os diversos
conhecimentos adquiridos durante toda a nossa trajetória, nas experiências vividas2
nos encontros com a teoria, no aprendizado do método, na vivência diária. Todas estas
experiências nos constituíram como futuros/as pesquisadores/as nas áreas que
escolhemos caminhar. Assim como Grossi (1992, p. 16) também reflito que, “não foi o
acaso que levou cada um de nós a seguir uma trilha diferente, pois na verdade cada
caminho reflete a forma individual e subjetiva do encontro de si mesmo a partir do
encontro com o outro”.
2Partindo da inserção no projeto intitulado “Diálogo com o Sagrado: Memória das Rezadeiras Práticas
Curativas e Preservação da Memória”, coordenado pela professora Drª, Ângela Figueiredo, na UFRB,
a escrita deste trabalho foi tecida com acesso a parte significativa do universo das Rezadeiras no
Recôncavo da Bahia, conhecendo suas práticas nas cidades de Maragogipe, Santo Amaro, Cabaceiras do
Paraguaçu, além da própria cidade de Cachoeira, lócus da pesquisa.
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Trilhando caminhos: A teoria e o campo na pesquisa antropológica3
Nas primeiras incursões ao campo etnográfico foi realizado um mapeamento das
rezadeiras na cidade de Cachoeira, aparecendo também indicações de Rezadeiras em
uma cidade chamada de São Félix4. A realização desta etapa só foi possível devido a
relação de empatia com “nativos” da localidade, pois em toda a etapa da pesquisa nunca
estamos a sós, como evidencia Da Matta (1978) são justamente esses nativos –
transformados em informantes e em etnólogos – que salvam o pesquisador nas possíveis
“situações etnográficas”.
Um dilema que a teoria apontava estava relacionada ao termo que iria ser
utilizado como categoria de análise para quem praticava a arte da cura através da
utilização de plantas e rezas, assim como outros elementos ligados a esse saber. A
literatura apontava para diversas categoriais de análise, sendo “benzedeiras” e
“rezadeiras” as mais presentes. Entretanto, foi na pesquisa que se definiu o conceito que
seria utilizado, através das próprias narrativas das praticantes deste ofício:
Virgínia, é a mesma coisa, com homem a mesma coisa, o meu pai, por
exemplo, Mauricio Rezador(...) Rezar é você estar rezando, e benzer é você
só (fazendo sinal da cruz), Ah! Eu vou fazer um paliativo aqui, fazer uma
benzedura, pronto! E rezar é você pegar a folha e rezar, então rezar e benzer é
a mesma coisa, é igual ao padre que quando faz a missa ele vai fazer uma
missa completa, mas quando ele não faz a missa ele só faz benzer, então é
3 Para a realização da pesquisa, era imprescindível conhecer, primeiramente, o campo teórico. Autores
como Conceição (2011), Oliveira (1988, 1985, 1984), Santos (2012), Jesus (2012) abordavam
diretamente o tema, versando sobre as práticas culturais e religiosas das rezadeiras e/ou benzedeiras,
Alves (2008), Canesqui (2008) Carrara (2008), Loyola (1984) Minayo (2008, 1988) na perspectiva da
relação saúde, ciência e práticas curativas. Gaskell (2008), Lévi-Strauss (1996, 1987), Mauss (1974,
2013), Peirano (1992), Da Matta (1978), Velho (1978), mostraram possíveis caminhos metodológicos
para a pesquisa.
4 Reflitimos que seja devido à proximidade das duas cidades, separadas pelo rio Paraguaçu e
interligadas pela centenária ponte Dom Pedro II.
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uma benzedura dentro da missa, então tem missa completa e a missa que não
é completa. [Rezadeira Marcli,2012, informação verbal]
Nessa compreensão, rezadeira é quem se reconhece como tal, que reza de forma
“completa”, isto é, através do ato de curar dos males físicos e espirituais, utilizam os
gestos corporais – falas, bocejos, sinais, dentre outros –, assim como outros elementos
essenciais, tais como folhas, rezas e banhos. Nesse perfil-rezadeira, encontramos na
cidade 32 praticantes deste ofício, em sua maioria mulheres, tendo os bairros da Ladeira
da Cadeia e do Caquende com maior referencial.
No processo de produção etnográfica, após algumas idas a campo e linhas
escritas, foi observado que só há como compreender essa prática em relação com a
comunidade, são seus moradores que indicam a rezadeira, confirmando a sua eficácia,
difundindo por entre os seus pares o seu (re)conhecimento. Era preciso, portanto,
pensar sobre quem está por trás desta eficácia, quer seja: a rezadeira, o cliente/doente e
a comunidade. A expectativa era ir além da produção de significados (da prática em si)
mas no compartilhar desses significados, o que, na presente análise, confere
legitimidade a tal prática.
Desta forma, devemos dar atenção no processo de interação que envolve esse
saber, ou seja, ir além da análise do ritual, apresentando uma reflexão sobre os tipos de
relações e de trocas construídas/constituídas entre Rezadeiras e Comunidade no
contexto da cidade de Cachoeira(BA), ou, seja, era preciso analisar o processo de
interação que envolve a prática mágico-terapêutica5 no contexto que esta inseria.
5“Magia” é uma prática e o mágico aquele agente que manipula os ritos mágicos, eles possuem o saber
que envolve técnica e diversos elementos simbólicos (MAUSS, 2013), assim refletimos as rezadeiras,
que manipula rezas com folhas e palavras ditas de forma mágica, com conhecimento empírico de banhos,
chás, xaropes, ou seja, na cura de males físicos, o que pode caracterizar como uma prática terapêutica.
Portanto, compreendemos aqui o saber das rezadeiras como uma prática mágica voltada para a cura, ora,
uma prática mágico-terapêutica.
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As práticas mágico-terapêuticas das Rezadeiras
O município de Cachoeira, contexto da pesquisa que referencia esse trabalho,
está localizado à margem direita do Rio Paraguaçu, a 120km de Salvador, capital do
Estado da Bahia, sua população em torno de 33 mil habitantes, caracterizado como um
dos municípios baianos que mais preservou suas raízes e identidades culturais. Nos
últimos anos, a importância de Cachoeira, deve-se ao seu conjunto arquitetônico, mas,
principalmente, às manifestações culturais e a religiosidade negra, a exemplo da Festa
promovida pela Irmandade da Boa Morte, um grupo remanescente de escravos,
composto somente de mulheres negras.
A cidade do Recôncavo tornou-se um palco de resistência social e cultural,
tendo grande parte da sua população marginalizada, face do abandono pós-escravidão,
tendo nos agentes de cura da comunidade vínculos de solidariedade, assim como com as
rezadeiras, referência para o acometimento de doenças e cuidados. Essas relações são
firmadas no conhecimento recíproco do outro, ou seja, a maioria das famílias estão
ramificadas em diversos bairros na cidade, o que vem ratificar uma relação social de
parentesco e afinidade, seguindo princípios de convivialidade6.
Conforme indica uma moradora da localidade, D. Celeste [62 anos,
católica],para ela as rezadeiras são “pessoas boas e hospitaleiras, fazem parte da
comunidade, com muito amor e dedicação. São muito importantes como se fosse um ser
da família”. As rezadeiras, que promoveram e ainda promovem a saúde da população
local com suas rezas e banhos medicinais, através da dádiva, retribuidno o seu “dom” a
quem as procura, o que caracteriza uma relação de sociabilidade entre a rezadeira e a
comunidade.
Nas narrativas colhidas em Cachoeira surgiram diversas histórias de cura e
conhecimento sobre as trajetórias de vida de algumas rezadeiras da região, pois quando
6Para Tönnies, uma teoria da comunidade teria que adensar fundamentalmente sua raiz nas disposições
gregárias estimuladas pelos laços de consangüinidade e afinidade (sejam relações “verticais”, entre pais e
filhos, ou “horizontais”, entre irmãos e vizinhos), se caracterizando pela inclinação emocional recíproca,
comum e unitária; pelo consenso e o mútuo conhecimento íntimo. (BRANCALEONE, 2008, p.,100)
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não era do centro de Cachoeira, era da sua zona rural ou de cidade vizinhas.
Interessante notar que muitas delas, além de curarem a população, ainda realizavam
partos. Tinha a mãe da rezadeira D. Antonia, a D. Maria, do bairro Lagoa Encantada,
que era famosa parteira da região e muito procurada, pois além de saber os preceitos do
parto não existia unidade de saúde nem hospital na localidade, conforme os relatos.
Através do processo ritual da reza, ela “virava a criança na barriga com reza para por na
posição certa de realizar o parto”.
Narrativas sobre a D. Zulmira que, além de rezar para doenças especificas, como
erisipela, ventre-caído, doença do vento dentre outros acometimentos, ainda era parteira
famosa na região, de acordo com cliente, “quando meus irmãos nasciam D. Zulmira é
quem dava os primeiros sete banhos, até o umbigo cair”. A comunidade reconhece o
papel desempenhado por essas pessoas e a eficácia dos seus procedimentos: “Seu Cissi
e Mauricio eram curandeiros fortes” afirmará uma moradora de Cachoeira.
Uma entrevistada narra a história da D. Dores, que curou verrugas com reza e
manaíba7, tendo o procedimento compartilhado pela entrevistada, com ricos detalhes:
“Primeiro você conta os nós da manaíba, depois você conta todas as verrugas da pessoa,
daí pendura a manaíba em algum lugar, a medida que ela seca, seca também as verrugas
da pessoa [Celeste, 62 anos, católica].
Essas rezadeiras, de um passado cachoeirano, tiveram grande importância,
principalmente na zona rural, haja visto que, por muito tempo na região, não existia uma
prática governamental de saúde pública para a população mais carente, drogarias e
médicos não eram presentes da forma como observamos hoje, por isso, para uma grande
parcela da população, as rezadeiras acabavam sendo a alternativa para muitos
acometimentos. Essa afirmativa ecoou na fala de Seu Bartolomeu, 24 anos, então
morador da zona rural de São Félix – município vizinho de Cachoeira. De acordo com
ele, as rezadeiras já fazem parte da história local: “tudo que faz parte do seu município é
cultura e todo lugar tem rezadeira”.
7 De acordo com a entrevista, são gomos da planta chamada de “mandioca”, comum na região.
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Encontramos também diversas formas “de ser” Rezadeira. Um exemplo
interessante ocorre no bairro dos Currais Velhos de uma senhora que tem em seu
estabelecimento comercial – um bar – algumas placas cujo teor é direcionado ao seu
ofício, como dizeres que ali vende-se banho e realiza-se a reza. Mesmo ocorrendo casos
como esse, ou de outros que “pedem algum agrado 8 ”, não estamos com isso
caracterizando a prática destas mulheres como práticas comerciais, mas como um meio
de subsistência, pois muitas delas não possuem outras possibilidades de recurso, ou
mesmo, vivem em situações de extrema pobreza. A aposentadoria comprometida ou
mesmo a dificuldade de se aposentar, abandono de marido, ter que criar os filhos
sozinhas, falta de oportunidade de trabalho, entre diversas outras narrativas foram
expostas por elas.
Mas era unânime entre elas, caso fosse necessário, se o cliente não tivesse
recursos ou não pudesse contribuir, jamais se negariam a realizar tal prática, o que
fortalece a relação de solidariedade da prática de cura das rezadeiras com a comunidade,
tanto que 77% dos entrevistados informaram que elas não cobraram por sua reza, de
acordo com eles(as): “Não levei dinheiro, foi pela amizade.”; “Um agrado, vela, cinco
reais, dez reais.”; “Às vezes ela pedia algo para rezar, uma vela de sete dias.”; “Levou
apenas a luz para ela acende para a santa.”; “Levou um charuto, velas, algo assim.”
Importante salientar dois aspectos que tecem o ofício das rezadeiras, quer seja a
crença na sua prática e a sua eficácia reconhecida: “tem que ter fé e resultado” de
acordo com o discurso da comunidade, utilizando como analogia a mitologia xamã,
“que não corresponda a uma realidade objetiva, não tem importância: o doente acredita
nela, e ela membro de uma sociedade que acredita” (LÉVI-STRAUSS, 1996, p. 223).
Além do aspecto socioeconômico, existem outros elementos que permeiam esse
saber, para uma melhor compreensão, discorrermos sobre duas rezadeiras da
8 Um agrado seria um valor simbólico pela realização do ofício, os clientes oferecem a quantia que
acharem mais adequado ou o que podem pagar naquele momento, pode ser em forma de dinheiro ou
presentes. Interessante notar que, para os entrevistados, as “velas” funcionam como moedas, mas na
narrativa das rezadeiras, as velas são utilizadas para acender para o “anjo de guarda”, “guia espiritual”,
“orixá”, do cliente, ou seja, não seria uma troca, mais um fortalecimento do processo da rezação para o
próprio cliente.
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comunidade, Rezadeira Marcli e Rezadeira Nicinha. Destacando a heterogeneidade em
suas crenças religiosa, as particularidades que permeiam esse saber, as nuances do rito
mágico. Traremos através destas duas senhoras, moradoras de bairros distintos, com
idades diferentes, trajetórias de vida opostas, que nas suas diferenças e singularidades,
aspectos da realização do saber mágico- terapêutico na cidade de Cachoeira (BA).
O Enlace das práticas
As práticas das Rezadeiras Marcli e Nicinha são diferentes em diversos sentidos,
mas se enlaçam na finalidade da cura dos males que afligem a comunidade. Marcli, uma
mulher de 49 anos, negra, casada, mãe de dois filhos (um rapaz e uma garota), católica,
conhecida como a filha de Seu Maurício, um respeitado rezador da comunidade, que
faleceu a mais de dez anos, com quem aprendeu a rezar. Dona Nicinha, uma senhora
negra, de baixa estatura, no auge dos seus 86 anos, aposentada e “que vive bem
sozinha”, aprendeu o ofício “desde moça”, sem filhos, viúva –“de dois casamentos” –
“filha de oxum e oya, feita no santo pelo finado Justos” realizava a prática mágica por
“uma obrigação espiritual”. Seu dom foi passado pelo Seu Caboclo Mineiro – guia
espiritual de sua proteção – quando ainda era muito jovem.
Foi observado que o aprendizado da rezadeira Marcli foi passado de forma
geracional, através da observação e da vivência com seu pai rezador, assim como ele,
cobrando pequenos valores para utilizá-lo,
Eu aprendi a rezar com meu pai, porque eu nasci do poder dele, me criei no
poder dele, só quem viveu dentro de casa comigo foi ele. Os remédios, tudo
que eu sei (...) eu rezo de que: espinhela, rezo de espírito de morto, de olhado,
de nervo, de cobreiro, que são tipos de rezas diferentes. [Rezadeira
Marcli/2011, Informação Verbal]
Quando Seu Mauricio ficou doente, aos 82 anos – “há 20 anos atrás” como
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rememora D. Marcli – ela começou a praticar sozinha o “rito mágico’’, a medida que
chegavam clientes antigos do seu pai e depois novos clientes dela, demonstrando a
dinâmica da prática da rezadeira, a sua eficácia na comunidade e o continuum do rito, na
suas palavras: “de manhã aqui é muita gente...Eu tô lhe falando sério porque aqui é
uma continuidade, tem gente que já esteve aqui a dez anos, a dois anos, então a gente
cuida.”. Interessante que a comunidade também compartilha dessa informação,
conforme sua cliente:
Não, não é amante dos médicos. Estava sentindo dor e fui na casa dele (Seu
Mauricio), que mora na frente da minha casa...tava com dor no peito,
respondendo nas costas, pode dar pneumonia, foi o finado Mauricio que
explicou...se tivesse espinhela caída ele sabia...Hoje quem atende é a filha
dele, no sábado e na quarta fica cheio, principalmente no dia de
feira.[informação verbal/comunidade/2012]
Enquanto o aprendizado da rezadeira Nicinha foi adquirido através do dom
passado pelo seu Caboclo Mineiro, que a impede de cobrar qualquer quantia – mesmo
não demonstrando nenhum interesse em receber valor algum – apenas aceitando de bom
agrado flores e velas para os santos. Ela informa ter um “dom”, não podendo aceitar
nenhum pagamento para realizar a reza:
Olha bem, “anjo da tua aguarda, te ampara todo dia, te ampara pela noite,
amanhece tudo em dia" eu vou vender??? "Deus de bondade, Deus de
piedade, tem de misericórdia deste cliente" Como é? Vou vender: dê cá o
dinheiro!!! Digo, não, quero não. Eles (seus guias) me dão força sem eu
precisar cobrar a reza...Oh, dois reais, três reais (faz feição de pouco caso),
um real: que nada!! [Rezadeira Nicinha, 2011, informação verbal]
Quanto ao acesso as folhas para realizar a reza, D. Marcli não tem quintal e
colhe as plantas que usa para rezar, fazer banhos, xaropes na zona rural de Cachoeira,
quando falta alguma, compra na feira livre da cidade, ou mesmo, outras pessoas trazem,
são plantas como arueira, quiôiô, além de raízes de jurubeba e ervas como manjericão
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que constituem a sua prática. Já D. Nicinha, colhe no seu próprio quintal, tais como
“Mãe Boa, para inflamação no útero”, Kioio de Cabloco, para abrir caminhos” São
Gonçalinho, Guiné, Folha de Ogum”, uma variedade de plantas com usos diversos.
Além de procedimentos secretos e simbólicos, os diversos agentes de cura, de
igual forma, utilizam recurso de ordem empírica, tais como ervas, raízes e folhas
medicinais, além de outros meios curativos para solucionar problemas diversos
apontados pela comunidade, quando indagados/as sobre o que levou a buscar e se
tiveram resultados na busca, os motivos foram diversos:
Quem tem criança que gosta de levar, a criança começa a ficar com febre,
essas coisas, dai leva [houve melhora?] Acho que tudo tem resultado, pois é
na fé. Tudo cura na fé, se a pessoa invoca o deus – sabe lá qual for – se a
pessoa invoca com fé, cura [Marlene, 43 anos, evangélica]
“Dor no peito, espinhela caída, dor de cabeça, cansaço, murfina [houve
melhora?] sai 100% [Junior, 27 anos, todas as religiões]
“Para rezar o pé... Não queria ir mas o pessoal ficou incentivando [houve
melhora?] fiquei boa, mas também tomei antibiótico. Naquela época achei
que funcionou mas hoje não acredita. Fiz o procedimento três vezes” [Maisa,
46 anos, evangélica]
É interessante notar que pessoas da comunidade tem conhecimento destas
doenças, compreendendo o que as causam, como podem ser tratadas e quem pode tratá-
las, seja por alguma indicação ou por afinidade, como informa a entrevistada Soraya [41
anos, evangélica] partilhando do saber vivenciado quando foi rezar seu filho de “ventre
caído”. De acordo com a cliente, ventre caído ocorre “quando suspende o neném, o
certo é não passar acima da cabeça de quem carregou, pois a criança faz coco verde e
fede demais”.
Ao questionarmos na comunidade se antes de procurar as rezadeiras eles
procuravam algum médico, de forma quase unânime, respondiam que até se dirigiam ao
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médico, como que uma “obrigação construída”. No final, acabavam mesmo era na casa
da rezadeira, conforme narrativas dos clientes.
“fui no posto de saúde, tomei remédio de médico e não resolveu, diabo de
nada! Fiquei boa mesmo foi com a rezadeira” ou mesmo “tinha ido, mas
tomei um monte de remédio e não resolveu” [Francisca, 47, candomblecista]
“Deve ir primeiro na rezadeira, tem doenças que só é de rezadeira – (nesse
momento entrega que já machucou o pé) 'fiz reza com mastruz e ficou boa'”
[Lene,43 anos, evangélica]
“Não, porque eles dão uma injeção e não resolve nada mesmo” [Débora, 26,
nenhuma ]
“Foi, mas não melhorou, ele não cura espinhela caída” [Duca, 63 anos,
católico]
Na busca pela cura quando alguém da comunidade está doente é quase
automático a ida primeiramente ao médico, a procura pelas rezadeiras é norteada por
outro sentido “há necessidade, e não obrigação moral, no médico-feiticeiro, ao
proprietário de fetiche ou de espírito, ao curandeiro, ao mágico” (MAUSS, 1974 p. 60):
“Fui ao médico mas não tive resultados, daí a rezadeira passou um óleo com
a pena da galinha. Acha que o processo do remédio demora mais. Acredito
nessas coisas de rezadeiras, mas eu não faço mais não” [Bertina, 52 anos,
evangélica].
Portanto, mesmo em face de outras possibilidades de cura “oficias” as pessoas
ainda procuram as rezadeiras para seus acometimentos: “geralmente as pessoas
procuram as benzeções quando já sabem, de antemão, que é para a benzedeira resolver”
(OLIVEIRA, 1985, p. 47). Há uma crença muito forte na comunidade da existência de
males que só as elas sabem como lidar, onde, mesmo na procura pela medicina oficial,
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tem em vista que ir as rezadeiras é um passo fundamental para o tratamento e a eventual
cura. Esses agentes mágicos têm a sua importância na história, como informa um cliente:
As rezadeiras vem do tempo dos escravos, de avó, mãe, de geração em
geração, vem do catolicismo, vem dos escravos, das folhas..até hoje eu não
gosto de remédios, prefiro as folhas. [Marlene, 43 anos, evangélica da Batista]
Os recursos para o tratamento de doenças espirituais ou físicas disponibilizados
por essas agentes de cura são muito antigos e desde há muito tempo vem sendo
procurado pelos mais diversos segmentos da sociedade. São tratamentos de doenças
como a do “mal olhado, quebrante e olho ruim, vermelhão, dor de cabeça,
espinhela/caída, erisipela, engasgação, mordeduras de cobras, desmentidura”, entre
muitas outras doenças, caracterizadas, como “doenças de rezadeira”.
Um exemplo é o “tratamento para espinhela-caída” realizado tanto por D. Marcli
quanto pela D. Nicinha. A rezadeira Marcli utiliza um cordão que tem um valor
inestimável para ela, pois foi herdado do seu pai, que também utilizava o instrumento
no tratamento da espinhela-caída.
(...) O que é espinhela? Eu tenho um livro que depois eu vou lhe amostrar o
que é espinhela..é uma glândula chamada xifóide que é tipo o
“pinguelozinho” da garganta. Quando ela está inflamada ela começa a
arranhar, é por isso que as pessoas chamam espinhela caída, entendeu agora,
eu mesma, mesmo tendo aprendido com meu pai eu procuro cada dia mais
me informar, em termo de folha, raízes e plantas(...)[Rezadeira Nicinha, 2011,
informação verbal]
De acordo com SANTOS (2007), para o tratamento com o cordão, “mede-se,
com auxílio de um cordão do dedo anular até o cotovelo(...)dobra-se de tamanho, e
envolve, na altura do tórax do cliente. Ao juntar as duas pontas, se houver folga é sinal
que o cliente está sofrendo desse mal”. Já D. Nicinha utiliza outra técnica para o
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tratamento de espinhela-caída: ela mede com a mão, observando se existe uma distância
desproporcional entre os dois lados do tórax, a partir da contagem dos palmos. Para o
tratamento, ela pede para o cliente segurar em uma ripa de madeira acima do porta,
puxando o seu corpo para cima, retirando os seus pés do chão, enquanto faz uma prece,
o cliente se pendura em sua porta de frente, ela reza, e depois de costas, rezando mais
uma vez, nesse ato, de acordo com D. Nicinha, ao cliente se pendurar, e com o auxílio
da reza, a dor da espinhela caída cessará.
Interessante analisar que as pessoas não as procuram somente para rezar para
“doenças de rezadeiras”, elas possuem técnicas diversificadas para o tratamento de
certos acometimentos. No campo surgiram diversos elementos riquíssimos de análise, as
vezes soava como surpresa, inquietava, por ainda não haver tido o conhecimento de
“certos preceitos”. Nessa inquietação, gerada pelo dialogo D. Marcli, ela questionou:
Você sabe o que é responso?[não, não sei] É quando você perde alguma
coisa e você quer achar[Ora, mas existe reza especifica para “isso”] é
pois é, de 100 % que vem em minha casa 80% acham! [ Rezadeira Marcli,
2012, informação verbal]
Na explicação de D. Marcli quando alguém perde um objeto e quer acha-lo, vai
até a casa dela para fazer o responso, “compra a vela e tal, ai muita gente acha”. Ela
orientou para que fossemos na sua casa entrevistar seus clientes. “quando você vier aqui
você pergunta: já sumiu alguma coisa? Ela já achou alguma coisa? Você vai ver que
bonito é “ já e achei tudo” - Ai está um dos princípios da magia! “É a crença do
feiticeiro, na eficácia de suas técnicas”. (Lévi-Strauss, 1975, p.194)
Nesse complexo sistema de cura, como no caso a espinhela caída, cada uma das
rezadeiras observadas possui a sua própria técnica, que se tornam eficazes à medida que
dar sentido a desordem do cliente, criando-se redes de relação que fomentam a
permanência da prática mágico-terapêutica na localidade em que é mantida. A prática
possui uma lógica que dinamiza e ordena os significados e que fornece sentido.
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Partimos da afirmativa de Lévi-Strauss (1996) para compreender a
funcionalidade destas redes de relações sociais. O autor analisa que toda a “situação
mágica é um fenômeno de consensus”, trazendo para a prática das rezadeiras, este
fenômeno é constituído da inter-relação entre rezadeira (experiência) x cliente x
comunidade. Formando aqui um complexo sistema de “rezação”, engendrado na
permanência da prática dentro do “consensus coletivo”, o cliente retorna a rezadeira,
normalmente, indicando novos clientes.
Na perspectiva das duas rezadeiras estudadas, o continuum da prática de rezar
para curar o corpo e alma não parece ter encerrado o seu ciclo, como demonstra D.
Marcli, ao informar que sempre pessoas vem te procurar, assim como a comunidade
reconhece o seu papel, a valorizando como uma excelente rezadeira, fazendo com que
os seus clientes sempre retornem e tragam novos clientes para ela, demonstrando a
eficácia da sua reza para a comunidade e desta forma, reafirmando o seu papel como
rezadeira. Observamos também o continuum de experiência, em que a sua filha mais
nova vem observando a sua prática, de acordo com ela, ficando muitas vezes próxima
quando está a realizar algum procedimento de cura – o que lembra a sua própria
trajetória com seu pai, Seu Maurício.
Já a D. Nicinha, questionada quanto a continuidade da sua prática, informou não
querer fazer mais “porque as pessoas não valorizam”, pois ao sair da sua casa
blasfemam, são crentes, evangélicos, que vem ao seu encontro, realizam a reza e ainda
falam mal. De fato, quando aplicado os questionários na comunidade, encontramos
algumas pessoas que não quiseram responder por serem evangélicas, outras que
responderam não acreditar na prática, outras já chegaram a ir em uma rezadeira mas não
acreditam mais, além de “ex-rezadeiras”, que informaram ter deixado o ofício de lado
para se batizar em uma igreja neopentecostal.
Na perspectiva do saber de D. Nicinha, compreendemos que não haverá
continuidade da sua prática de forma geracional, cabendo ficar na memória da
comunidade, a forma eficaz que aquela velha senhora cuida da comunidade da Ladeira
da Cadeia, com a sua voz afiada e o seu olhar desconfiado.
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Conclusão
O estudo que ora apresentamos nos possibilitou ampliar o nosso conhecimento
sobre as técnicas das rezadeiras, além da sua relação com a comunidade. Foi
demostrado como é engendrado o processo de interação que envolve a prática mágico-
terapêutica das rezadeiras. É possível constatar que é necessário ir além da produção de
significados que envolve a prática mágico-terapêutica para uma melhor compreensão da
manutenção desta rede de relações sociais que a confere a legitimidade.
Através da abordagem teórico-metodológica podemos observar que a prática
mágico-terapêutica é ativamente atuante em face a valorização desta prática pela
comunidade, sempre voltadas para a realidade social onde estão inseridas, um saber
democrático e solidário, com suas regras e truques, uma combinação de pensamento,
que criam redes de relações sociais comunitárias locais e de subsistência.
Apresentamos algumas técnicas mágico-terapêuticas utilizadas pelas rezadeiras
para o tratamento das “doenças de rezadeiras”, dentre outras enfermidades, tais como a
“técnica da queda da verruga” realizada pela rezadeira D. Zulmira (in memorian); a
“técnica para localizar objetos, pessoas ou mesmo animais perdidos”, denominada “reza
de responso” da Rezadeira Marcli ou mesmo a técnica do conhecimento de plantas para
a reza, da Rezadeira D. Nicinha. Observamos técnicas diferentes para curar o mesmo
mal, como a cura da espinhela caída, apresentadas pela Rezadeira Marcli e D. Nicinha,
a qual uma usa o cordão e preces e a outra o alongamento do corpo do cliente e preces,
respectivamente.
Partindo das narrativas, tanto da comunidade como das rezadeiras,
rememoramos nomes e práticas realizadas por rezadeiras de um passado que marcou a
história da cidade, um passado que fomentou a saúde na população local, que até hoje,
partilha a importância desse saber. Elencamos também os diversos nomes das rezadeiras
que ainda atuam na comunidade e o sentimento de solidariedade que emana através do
discurso dos seus clientes.
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As técnicas das práticas mágico-terapêuticas das rezadeiras em Cachoeira (BA)
pode, portanto, ser caracteriza como uma prática histórica, dinâmica, plural e
heterogenia. Aqui encontramos agentes de cura que rezam com folhas, com água,
cordão, alguns por dinheiro outros não aceitam pagamentos, alguns usam livros para
adquirir mais conhecimento, recomendam banhos e vendem também, são católicos ou
do candomblé ou mesmo possuem a dupla-pertença, são pessoas mais velhas, outros
muitos jovens, mas que têm um objetivo em comum: a cura.
No que diz respeito ao sistema mágico-terapêutico, notamos a existência de
trocas sociais e afetivas, onde muitas vezes existe um conhecimento mútuo das suas
histórias de vida. Os clientes retribuem a ajuda espiritual, a cura da dor física ou os
conselhos, com agrados, presentes, amizades e, principalmente, com o fomento da
eficácia da sua prática. O universo simbólico das rezadeiras é permeado de elementos
mágicos e empíricos, a presença do altar de imagens de santos católicos e de religião de
matriz africana, velas, incensos, preces, conselhos, esse universo simbólico fomenta
solidariedade no contexto das redes de relações sociais.
Cachoeira, uma cidade “negra” de acordo com o Instituto do Patrimônio
Histórico Artístico Nacional em que, face ao abandono de políticas públicas, teve e tem
nessas mulheres referência quanto ao seu reconhecimento na promoção da saúde.
Portanto, compreender a prática de cura das Rezadeiras na cidade de Cachoeira é
percebê-la como resistência política, uma estratégia na qual a população dinamizou o
processo de formação e transformação da sociedade brasileira.
Buscamos aqui partilhar a crença que a comunidade tem em relação a prática
mágica e social das rezadeiras, crença permeada em laços de solidariedade. Finalizo
com as palavras de D. Maninha dirigidas a esta pesquisadora, na expectativa de
esclarecer uma pouco mais a relação rezadeira-comunidade na cidade de Cachoeira:
“pode ter certeza que a partir de hoje eu sou a sua mãe e você é a minha filha, que
Obaluaê te proteja e te cubra de benção”.
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