Post on 28-Nov-2018
Análise
FinanceiraCasos PráticosAplicação no âmbito do SNC
EDIÇÕES SÍLABO
A caracterização da situação económico-financeira das empresas passa pela capacidade
de interpretar e sistematizar informação disponível relevante, sendo possível seguir um con-
junto de procedimentos para levar a cabo esta análise, não deixando de ter em conta as parti-
cularidades de cada entidade e o contexto em que estas se inserem num dado momento.
Este livro apresenta um conjunto de casos práticos e foi elaborado como complemento e
na sequência do livro dos
mesmos autores. Tem como objetivo a consolidação de conceitos e técnicas de análise
financeira de empresas por parte dos seus leitores. Os casos estão dispostos de acordo com
os seguintes tópicos: preparação das demonstrações financeiras para análise (Balanço
Funcional), equilíbrio financeiro, rendibilidade e risco. No final é apresentado um conjunto
de casos que apresenta os tópicos referidos de forma combinada para uma melhor compre-
ensão da dimensão integrada das várias vertentes da análise financeira.
Este livro destina-se quer a estudantes do ensino superior, quer a profissionais das áreas
de gestão, economia e contabilidade em geral, mas em particular da área financeira, nomea-
damente gestores financeiros que necessitem recorrer à análise financeira como instru-
mento de apoio à tomada de decisão.
Análise Financeira – Teoria e Prática – Aplicação no âmbito do SNC
Carla Manuela da Assunção Fernandes
Cristina Ausenda Nobre Marques Peguinho Carvalho
Elisabete Fátima Simões Vieira
Joaquim Alberto Neiva dos Santos
é doutoranda em Gestão de Empresas – especialização em Finanças, na Facul-
dade de Economia da Universidade de Coimbra, Mestre em Ciências Empresariais – especialização em Finanças e Licen-
ciada em Economia pela mesma instituição. É docente no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universi-
dade de Aveiro. Tem participado em cursos de mestrado, pós-graduação e licenciatura, lecionando disciplinas da área de
finanças. Tem publicado artigos em diversas revistas científicas.
é doutoranda em Gestão de Empresas – especialização em Finan-
ças, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Mestre em Contabilidade e Finanças e Licenciada em
Economia pela mesma instituição. Atualmente exerce funções docentes no Instituto Superior de Contabilidade e Adminis-
tração da Universidade de Aveiro, onde leciona disciplinas da área das finanças. Trabalhou na área da consultoria finan-
ceira, com destaque para projetos desenvolvidos em empresas industriais.
é Professora Coordenadora do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da
Universidade de Aveiro. Doutorada em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), tem
lecionado a Unidade Curricular de Análise Financeira, bem como participado em diversos cursos de mestrado e pós-
-graduação na área das finanças. É autora ou co-autora de outras obras, tendo artigos publicados em revistas nacionais e
internacionais.
é Mestre em Contabilidade e Finanças Empresariais pela Universidade Aberta e Licen-
ciado em Contabilidade e Auditoria Contabilística e em Contabilidade e Administração Empresarial pelo Instituto Superior
de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA). Desempenhou funções de Diretor de Associadas e
de Diretor Administrativo e Financeiro, exercendo mais recentemente a profissão liberal de Contabilista, desenvolvendo
em paralelo diversos trabalhos de consultoria e assessoria financeira em PME. Atualmente é Diretor Administrativo e Finan-
ceiro de uma multinacional, acumulando com a docência de unidades curriculares da área financeira no ISCA-UA, designa-
damente análise financeira e finanças empresariais.
An
ális
eF
ina
nc
eir
a
Análise
FinanceiraCasos PráticosAplicação no âmbito do SNC
Ca
so
s P
rá
tic
os
2ª EdiçãoRevista e Aumentada
Joaquim
Neiva
Elisabete
Vieira
Cristina
Peguinho
Carla
Fernandes
ISB
N 9
78-9
72-6
18-9
43-5
7897
269
1894
35
504
Carla Fernandes • Cristina Peguinho
Elisabete Vieira • Joaquim Neiva
0
5
25
75
95
100
0
5
25
75
95
100
0
5
25
75
95
100
0
5
25
75
95
100
Análise Financeira
Casos Práticos
Aplicação no âmbito do SNC
CARLA FERNANDES CRISTINA PEGUINHO ELISABETE VIEIRA JOAQUIM NEIVA
2ª EDIÇÃO Revista e Aumentada
EDIÇÕES SÍLABO
É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma ou meio gráfico, eletrónico ou mecânico, inclusive fotocópia, esta obra. As transgressões serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.
Não participe ou encoraje a pirataria eletrónica de materiais protegidos. O seu apoio aos direitos dos autores será apreciado.
Visite a Sílabo na rede
www.si labo.pt
FICHA TÉCNICA:
Título: Análise Financeira – Casos Práticos Autores: Carla Fernandes, Cristina Peguinho, Elisabete Vieira, Joaquim Neiva © Edições Sílabo, Lda. Capa: Pedro Mota
1ª Edição – Lisboa, abril de 2015 2ª Edição – Lisboa, março de 2018 Impressão e acabamentos: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. Depósito Legal: 439201/18 ISBN: 978-972-618-943-5
Editor: Manuel Robalo
R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 e-mail: silabo@silabo.pt www.silabo.pt
Índice
Siglas e acrónimos 7 Nota prévia 11
Capítulo 1 – Preparação das demonstrações financeiras para análise 13 Capítulo 2 – Equilíbrio financeiro 45 Capítulo 3 – Rendibilidade 85 Capítulo 4 – Risco 117 Capítulo 5 – Tópicos combinados 149 Anexo – Tabela de rácios e indicadores 217
A. Rácios e indicadores de atividade 219 B. Rácios e indicadores de equilíbrio financeiro 220 C. Rácios de rendibilidade 221 D. Rácios e indicadores de desempenho bolsista 222 E. Rácios e indicadores de risco 222 F. Instrumentos de gestão preventiva (risco de falência) 223
Bibliografia 225
Siglas e acrónimos
A Ativo
AC Ativo Corrente
AFL Aplicações Fixas Líquidas
CA Capital Alheio
CAE Código de Atividade Económica
CLF Custo Líquido do Financiamento
CMVMC Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas
CP Capital Próprio
cp Curto Prazo
CPV Custos dos Produtos Vendidos
DCF Duração do Ciclo Financeiro
DCO Duração do Ciclo Operacional
DF Diretor Financeiro
DMI Duração Média de Inventários
DY Dividend Yield
EBIT Earnings Before Interest and Taxes
EPS Earnings Per Share
FI Fator de Insolvência
FMF Fundo de Maneio Funcional
FSE Fornecimentos e Serviços Externos
GAC Grau de Alavanca Combinada
GAF Grau de Alavanca Financeira
GAO Grau de Alavanca Operacional
GF Gastos Fixos
GFin Gastos Financeiros
GV Gastos Variáveis
IBM Índice de Base Móvel
IC Informação Complementar
ICB Industry Classification Benchmark
IMI Imposto Municipal sobre Imóveis
IRC Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas
IVA Imposto sobre Valor Acrescentado
j Taxa de remuneração do capital alheio ou custo do capital alheio
LG Liquidez Geral
LR Liquidez Reduzida
LI Liquidez Imediata
MB Margem Bruta
MLP Médio e Longo Prazo
MS Margem de Segurança
MTB Market-to- Book
NA Não Aplicável
NC Necessidades Cíclicas
NFM Necessidades de Fundo de Maneio
PC Passivo Corrente
PCV Ponto Crítico das Vendas
PER Price Earnings Ratio
PMP Prazo Médio de Pagamentos
PMR Prazo Médio de Recebimentos
POR Payout Ratio
Q1 1º Quartil
Q2 2º Quartil
Q3 3º Quartil
RA Rotação do Ativo Total
RADGFI (EBITDA) Resultado Antes de Depreciações, Gastos de Financiamento e Impostos
RAGFI (EBIT) Resultado Antes de Gastos de Financiamento e Impostos
RAF Rácio de Autonomia Financeira
RAI Resultado Antes de Impostos
RAT Rendibilidade do Ativo
RC Recursos Cíclicos
RCAFLCP Rácio de Cobertura das Aplicações Fixas Líquidas por Capital Próprio
RCAFLRE Rácio de Cobertura das Aplicações Fixas Líquidas por Recursos Estáveis
RCGF Rácio de Cobertura de Gastos de Financiamento
RCP Rendibilidade do Capital Próprio
RDE Rácio de Estrutura
RE Recursos Estáveis
REE Rácio de Estrutura do Endividamento
REF Rácio de Estabilidade do Financiamento
RENDIV Rácio de Endividamento
REP Rácio de Estrutura do Passivo
RGF Rácio de Gastos de Financiamento
RI Rotação dos Inventários
RLV Rendibilidade Líquida das vendas
RLP Resultado Líquido do Período
RMLP Realizável a Médio e Longo Prazo
RO (EBIT) Resultado Operacional
ROA Rendibilidade Operacional do Ativo
ROV Rendibilidade Operacional das Vendas
RS Rácio de Solvabilidade
RSSR Rácio de Solvabilidade em Sentido Restrito
SA Sociedade Anónima
SNC Sistema de Normalização Contabilística
T Taxa de imposto sobre o rendimento
TA Tesouraria Ativa
TC Taxa de Capitalização
TL Tesouraria Líquida
TP Tesouraria Passiva
u.m. Unidades Monetárias
VC Valor Contabilístico da Ação
VN Volume de Negócios
Nota prévia
O presente manual é constituído por uma seleção de exercícios resolvidos elabo-
rados pelos autores no âmbito da lecionação e avaliação da unidade curricular de
Análise Financeira, devidamente compilados por tópicos e adaptados ao Sistema de
Normalização Contabilística (SNC).
Os exercícios aqui apresentados, podendo servir para testar e consolidar os
conhecimentos do leitor, surgem na sequência e são um suporte ao livro Análise
Financeira – Teoria e Prática – Aplicação no âmbito do SNC, onde é exposto todo o
material teórico que lhes servem de base. Neste sentido, estes exercícios seguem,
em certa medida, a sequência dos tópicos de análise financeira presentes no manual
teórico: preparação das demonstrações financeiras para análise (Balanço Funcio-
nal), equilíbrio financeiro, rendibilidade, risco e, por fim, um conjunto de exercícios
relativos a tópicos combinados.
Este livro destina-se quer a estudantes do ensino superior, quer a profissionais
das áreas de gestão, economia e contabilidade em geral, mas em particular da área
financeira, nomeadamente gestores financeiros que necessitem recorrer à análise
financeira como instrumento de apoio à tomada de decisão.
Terminamos esta nota prévia referindo a total disponibilidade dos autores para
melhorar a presente edição, pelo que o retorno dos leitores continuará a ser, como
em momentos anteriores, uma mais-valia que agradecemos.
Capítulo 1
Preparação das demonstrações
financeiras para análise
P R E P A R A Ç Ã O D A S D E M O N S T R A Ç Õ E S F I N A N C E I R A S P A R A A N Á L I S E 15
A preparação das demonstrações financeiras serve de base à análise econó-
mico-financeira de uma entidade, e consiste em ajuizar, ajustar e organizar estas
demonstrações com base em informação disponível e fidedigna, de forma a passar
de uma ótica estritamente contabilística para uma ótica financeira.
Neste processo que antecede a análise económico-financeira propriamente dita,
e no contexto atual de aplicação do Sistema de Normalização Contabilística (SNC),
privilegia-se a abordagem funcional e a elaboração de um Balanço Funcional, espe-
cialmente relevantes no estudo do equilíbrio financeiro das empresas.
Sem ser uma demonstração financeira obrigatória, o Balanço Funcional deriva de
uma abordagem onde, para além de se analisar a adequação entre as diferentes
naturezas das origens e aplicações de fundos, é também particularmente importante
observar o timing de transformação dos ativos em meios líquidos e a capacidade de
direcionar esses fluxos financeiros para a satisfação dos compromissos assumidos.
Desta forma, assume particular relevância o conceito de ciclo financeiro – o con-
junto de fluxos financeiros resultantes de decisões tomadas num mesmo nível de
atividade – e a distinção entre os três ciclos financeiros: o ciclo operacional (ou de
exploração), o ciclo estratégico (ou de investimento), e o ciclo das operações finan-
ceiras.
Tendo presente esta distinção, a preparação das demonstrações financeiras
para análise é o resultado de um processo bietápico, cujo grau de complexidade
varia de caso para caso.
Numa primeira fase é elaborado o Balanço Financeiro a partir do Balanço Conta-
bilístico, procedendo aos ajustamentos financeiros entendidos como necessários
para que a posição financeira da empresa fique devidamente refletida nesse docu-
mento. Num segundo momento é construído o Balanço Funcional como resultado da
agregação das massas patrimoniais do Balanço Financeiro de acordo com os ciclos
financeiros do negócio.1
CASO 1
A sociedade Domingos & Dias Santos, S.A. divulgou os balanços relativos aos
três últimos exercícios, bem como o detalhe de algumas das suas rubricas, que a
seguir se apresentam.
(1) Para um maior desenvolvimento sobre a temática da preparação das demonstrações financeiras
para análise ver Fernandes, Peguinho, Vieira e Neiva (2014).
16 A N Á L I S E F I N A N C E I R A – C A S O S P R Á T I C O S
Balanços individuais em 31 de dezembro
(valores em euros)
Períodos Rubricas
31 dez N – 2 31 dez N – 1 31 dez N
ATIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 183.828 163.263 140.185
Ativos intangíveis 393 115
184.221 163.378 140.185
Ativo corrente
Clientes 220.209 235.010 353.786
Adiantamentos a fornecedores 1.135 25.723 15.552
Estado e outros entes públicos 4.884 702
Outras contas a receber 13.908 24.026 5.837
Diferimentos 7.025 11.078 10.284
Caixa e depósitos bancários 327.173 296.981 173.698
569.450 597.702 559.859
Total do ativo 753.671 761.080 700.044
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital realizado 40.000 40.000 40.000
Outras reservas 9.246 9.880 11.248
Resultados transitados 119.680 131.723
Resultado líquido do período 12.677 10.446 26.151
Total do capital próprio 181.603 192.049 77.399
Passivo
Passivo não corrente 0 0 0
0 0 0
Passivo corrente
Fornecedores 51.578 107.957 88.054
Estado e outros entes públicos 76.327 72.237 80.398
Acionistas/sócios 110.110 110.110 110.110
Financiamentos obtidos 210.696 172.049 264.702
Outras contas a pagar 123.357 106.678 79.381
572.068 569.031 622.645
Total do passivo 572.068 569.031 622.645
Total do capital próprio e do passivo 753.671 761.080 700.044
P R E P A R A Ç Ã O D A S D E M O N S T R A Ç Õ E S F I N A N C E I R A S P A R A A N Á L I S E 17
(valores em euros)
Detalhe de Outras contas a receber 31 dez N – 2 31 dez N – 1 31 dez N
Devedores por acréscimos de rendimentos de exploração 4.308 6.426 1.037
Outros devedores de exploração 9.600 17.600 4.800
13.908 24.026 5.837
Detalhe de Diferimentos ativos 31 dez N – 2 31 dez N – 1 31 dez N
Gastos a reconhecer de exploração 995 1.088 3.294
Gastos a reconhecer extra exploração 6.030 9.990 6.990
7.025 11.078 10.284
Detalhe de Outras contas a pagar 31 dez N – 2 31 dez N – 1 31 dez N
Fornecedores de investimento c/c 80.000 60.000 40.000
Credores por acréscimos de gastos de exploração 8.000 14.400 7.200
Outros credores exploração 15.161 16.931 21.955
Outros credores extra exploração 20.196 15.347 10.226
123.357 106.678 79.381
Dispõe-se ainda da seguinte informação complementar (IC):
I. A empresa mantém um descoberto bancário, junto da principal instituição
financeira que a apoia, com o plafond autorizado de 120.000€ utilizado na sua
plenitude desde que foi negociado, há 5 anos.
II. As dívidas ao Estado resultam todas de impostos retidos derivados da explo-
ração da empresa. Os saldos devedores das rubricas de Estado e outros
entes públicos refletem valores de impostos pagos a mais, por erro imputável
à Administração Fiscal, relativos à aquisição recente de um imóvel. Aqueles
serviços do Estado já reconheceram a incorreção e informaram a empresa de
que procederão ao reembolso daqueles valores.
18 A N Á L I S E F I N A N C E I R A – C A S O S P R Á T I C O S
Pedido
O diretor financeiro da empresa pretendia propor uma nova operação de finan-
ciamento ao Centro de Empresas da Instituição Financeira com que habitualmente
trabalha. Nesse sentido, foi convidado pelo responsável máximo daquele Centro a
apresentar um Balanço da empresa relativo aos três últimos exercícios, bem como a
fornecer e comentar os indicadores fundo de maneio funcional (FMF), necessidades
de fundo de maneio (NFM) e tesouraria líquida (TL).
Apesar de ser considerado por todos um técnico muito experiente, o diretor
financeiro ficou deveras preocupado pois jamais tinha ouvido falar naqueles indica-
dores de avaliação do equilíbrio financeiro durante o seu percurso de formação.
Estudioso e cuidadoso como era, procurou informar-se, tendo concluído que apenas
seria possível proporcionar a informação pretendida caso construísse um Balanço
Funcional. Tudo indicava que era esta a abordagem proposta pelo Centro de
Empresas, em detrimento do ponto de vista tradicional que tinha aprendido nos ban-
cos da escola. Lançou mãos à obra e construiu o seguinte Balanço Funcional:
(valores em euros)
Proposta Rubricas
31 dez N – 2 31 dez N – 1 31 dez N
ATIVO
Aplicações fixas líquidas
Ativos fixos tangíveis 183.828 163.263 140.185
Ativos intangíveis 393 115 0
184.221 163.378 140.185
Necessidades cíclicas
Clientes 220.209 235.010 353.786
Adiantamentos a fornecedores 1.135 25.723 15.552
Estado e outros entes públicos 0 4.884 702
Outras contas a receber 13.908 24.026 5.837
Diferimentos 7.025 11.078 10.284
242.277 300.721 386.161
Tesouraria ativa
Caixa e depósitos bancários 327.173 296.981 173.698
327.173 296.981 173.698
Total do ativo 753.671 761.080 700.044
P R E P A R A Ç Ã O D A S D E M O N S T R A Ç Õ E S F I N A N C E I R A S P A R A A N Á L I S E 19
Proposta Rubricas
31 dez N – 2 31 dez N – 1 31 dez N
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Recursos estáveis
Capital próprio
Capital realizado 40.000 40.000 40.000
Outras reservas 9.246 9.880 11.248
Resultados transitados 119.680 131.723 0
Resultado líquido do período 12.677 10.446 26.151
Total do capital próprio 181.603 192.049 77.399
Passivo não corrente 0 0 0
181.603 192.049 77.399
Recursos cíclicos
Fornecedores 51.578 107.957 88.054
Estado e outros entes públicos 76.327 72.237 80.398
Outras contas a pagar 123.357 106.678 79.381
Acionistas/sócios 110.110 110.110 110.110
361.372 396.982 357.943
Tesouraria passiva
Financiamentos obtidos 210.696 172.049 264.702
Outras contas a pagar
210.696 172.049 264.702
Total do passivo 572.068 569.031 622.645
Total do capital próprio e do passivo 753.671 761.080 700.044
Todavia, o diretor financeiro teve, e continua a ter, muitas dúvidas relativamente
à tarefa realizada, pelo que solicita a sua ajuda, no sentido de elaborar adequada-
mente o Balanço Funcional da Domingos & Dias Santos, S.A. corrigindo, se neces-
sário, o trabalho já feito.
Proposta de resolução
Como se pretende fazer a verificação do Balanço Funcional apresentado deve
ter-se em conta que a construção do Balanço Funcional pressupõe uma fase prévia
de elaboração do Balanço Financeiro que, por sua vez, só será diferente do Balanço
Contabilístico da empresa se, da informação relevante disponível, se concluir pela
necessidade de proceder a ajustamentos financeiros dos elementos, quer em termos
do seu valor intrínseco, quer em termos do seu horizonte temporal.
20 A N Á L I S E F I N A N C E I R A – C A S O S P R Á T I C O S
Numa segunda fase, uma vez considerados os devidos ajustamentos, é neces-
sária a passagem do Balanço Financeiro para o Balanço Funcional, reclassificando
os ativos e passivos de acordo com os respetivos ciclos financeiros do negócio.
No caso da Domingos & Dias Santos, S.A., a elaboração do Balanço Funcional
deve considerar a informação decorrente do detalhe de algumas das rubricas do
Balanço Contabilístico, bem como da informação complementar conhecida.
Assim, analise-se a informação do detalhe de algumas rubricas dos balanços da
empresa:
• Outras contas a receber: ambas as rubricas são consideradas de exploração,
pelo que estão corretamente classificadas em Necessidades Cíclicas (NC) pelo
diretor financeiro.
• Diferimentos ativos: os gastos a reconhecer extra exploração não pertencem
ao ciclo de exploração, pelo que, sendo de curto prazo, devem ser reclassifica-
dos como Tesouraria Ativa (TA).
• Outras contas a pagar: neste caso existem situações distintas:
⎯ Os Fornecedores de investimento c/c não fazem parte do ciclo de explora-
ção. Por apresentar um comportamento decrescente ao longo do período
em análise, depreende-se que se trata de uma rubrica de curto prazo e, por
isso, que deve ser classificada como Tesouraria Passiva (TP). No entanto,
caso fosse fornecida informação que permitisse a distinguir uma parcela de
médio e longo prazo, esta deveria ser reclassificada como Recursos Está-
veis (RE).
⎯ A componente referente aos Outros credores extra exploração não pertence
ao ciclo de exploração pelo que, sendo de curto prazo, deve ser reclassifi-
cada como TP.
⎯ As restantes rubricas devem permanecer como Recursos Cíclicos (RC),
dada a sua ligação ao ciclo de exploração da empresa.
Para além disso, tendo por base a informação complementar apresentada, sabe-
-se que:
• A empresa mantém um descoberto bancário com plafond autorizado de
120.000€ utilizado na íntegra há já 5 anos (IC I). Dadas as características de
constante renovação e utilização desta componente do Balanço, entende-se
que esta tem um caráter de estabilidade, pelo que sugere a seguinte reclassifi-
cação: ⎯ Redução em Financiamentos obtidos na TP. ⎯ Aumento em Financiamentos obtidos nos RE.
P R E P A R A Ç Ã O D A S D E M O N S T R A Ç Õ E S F I N A N C E I R A S P A R A A N Á L I S E 21
• As dívidas ao Estado resultam, tendencialmente, de impostos a pagar decor-
rentes da atividade de exploração da empresa. Contudo, os saldos devedores
das rubricas Estado e outros entes públicos respeitam a um erro imputável à
Administração Fiscal, e por esta já reconhecido, por valores de imposto pago a
mais no momento da aquisição de um imóvel (IC II). Dado o seu caráter extra
exploração deve ser considerada a seguinte reclassificação: ⎯ Redução em Estado e outros entes públicos nas NC. ⎯ Aumento em Estado e outros entes públicos na TA.
Da observação do Balanço ressalta ainda o facto de a conta Acionistas/sócios
nos RC apresentar um saldo igual todos os anos (110.110€). A este caráter de esta-
bilidade acresce a circunstância de se tratarem de rubricas aparentemente não rela-
cionadas com a exploração corrente da empresa. Deste modo, para efeitos de
Balanço Funcional, deverá proceder-se à seguinte reclassificação:
⎯ Redução em Acionistas/sócios nos RC. ⎯ Aumento em Acionistas/sócios nos RE.
De seguida, apresenta-se o Balanço Funcional da Domingos & Dias Santos, S.A.
devidamente corrigido, com a seguinte legenda para as respetivas notas:
• EE + Imut.: Extra exploração e imutável. • FI: Fornecedores de investimento c/c. • GREE: Gastos a reconhecer extra exploração. • IC I: Informação complementar I. • IC II: Informação complementar II. • OCEE: Outros credores extra exploração.
22 A N Á L I S E F I N A N C E I R A – C A S O S P R Á T I C O S
(val
ores
em
eur
os)
Pro
po
sta
Co
rreç
ões
C
orr
igid
o
Ru
bri
cas
No
tas
31 d
ez N
– 2
31
dez
N –
1
31 d
ez N
31
dez
N –
231
dez
N –
1
31 d
ez N
31
dez
N –
2
31 d
ez N
– 1
31
dez
N
AT
IVO
Ap
licaç
ões
fix
as lí
qu
idas
Ativ
os fi
xos
tang
ívei
s
183.
828
163.
263
140.
185
18
3.82
816
3.26
314
0.18
5
Ativ
os in
tang
ívei
s
393
115
0
393
115
0
184.
221
163.
378
140.
185
0 0
0 18
4.22
116
3.37
814
0.18
5
Nec
essi
dad
es c
íclic
as
Clie
ntes
220.
209
235.
010
353.
786
22
0.20
923
5.01
035
3.78
6
Adi
anta
men
tos
a fo
rnec
edor
es
1.
135
25.7
23
15.5
52
1.13
525
.723
15.5
52
Est
ado
e ou
tros
ent
es p
úblic
os
IC II
0
4.88
4 70
2
– 4.
884
– 70
2 0
00
Out
ras
cont
as a
rec
eber
13.9
08
24.0
26
5.83
7
13.9
0824
.026
5.83
7
Dife
rimen
tos
GR
EE
7.
025
11.0
78
10.2
84–
6.03
0 –
9.99
0–
6.99
0 99
51.
088
3.29
4
242.
277
300.
721
386.
161
– 6.
030
– 14
.874
– 7.
692
236.
247
285.
847
378.
469
Tes
ou
rari
a at
iva
Cai
xa e
dep
ósito
s ba
ncár
ios
32
7.17
3 29
6.98
1 17
3.69
8
327.
173
296.
981
173.
698
Dife
rimen
tos
GR
EE
6.03
0 9.
990
6.99
0 6.
030
9.99
06.
990
Est
ado
e ou
tros
ent
es p
úblic
os
IC II
4.
884
702
04.
884
702
327.
173
296.
981
173.
698
6.03
0 14
.874
7.69
2 33
3.20
331
1.85
518
1.39
0
To
tal d
o a
tivo
753.
671
761.
080
700.
044
0 0
0 75
3.67
176
1.08
070
0.04
4
P R E P A R A Ç Ã O D A S D E M O N S T R A Ç Õ E S F I N A N C E I R A S P A R A A N Á L I S E 23
CA
PIT
AL
PR
ÓP
RIO
E P
AS
SIV
O
Rec
urs
os
está
veis
Cap
ital
pró
pri
o
Cap
ital r
ealiz
ado
40
.000
40
.000
40
.000
40
.000
40.0
0040
.000
Out
ras
rese
rvas
9.24
6 9.
880
11.2
48
9.24
69.
880
11.2
48
Res
ulta
dos
tran
sita
dos
11
9.68
0 13
1.72
3 0
11
9.68
013
1.72
30
Res
ulta
do lí
quid
o do
per
íodo
12.6
77
10.4
46
26.1
51
12.6
7710
.446
26.1
51
To
tal d
o c
apit
al p
róp
rio
181.
603
192.
049
77.3
990
00
181.
603
192.
049
77.3
99
Pas
sivo
não
co
rren
te
Fin
anci
amen
tos
obtid
os
IC I
0 0
012
0.00
0 12
0.00
012
0.00
0 12
0.00
012
0.00
012
0.00
0
Aci
onis
tas/
sóci
os
EE
+Im
ut.
0 0
011
0.11
0 11
0.11
011
0.11
0 11
0.11
011
0.11
011
0.11
0
181.
603
192.
049
77.3
9923
0.11
0 23
0.11
023
0.11
0 41
1.71
342
2.15
930
7.50
9
Rec
urs
os
cícl
ico
s
For
nece
dore
s
51.5
78
107.
957
88.0
54
51.5
7810
7.95
788
.054
Est
ado
e ou
tros
ent
es p
úblic
os
76
.327
72
.237
80
.398
76
.327
72.2
3780
.398
Out
ras
cont
as a
pag
ar
FI+
OC
EE
12
3.35
7 10
6.67
8 79
.381
– 10
0.19
6 –
75.3
47–
50.2
26
23.1
6131
.331
29.1
55
Aci
onis
tas/
sóci
os
EE
+Im
ut.
110.
110
110.
110
110.
110
– 11
0.11
0 –
110.
110
– 11
0.11
0 0
00
361.
372
396.
982
357.
943
– 21
0.30
6 –
185.
457
– 16
0.33
6 15
1.06
621
1.52
519
7.60
7
Tes
ou
rari
a p
assi
va
Fin
anci
amen
tos
obtid
os
IC I
210.
696
172.
049
264.
702
– 12
0.00
0 –
120.
000
– 12
0.00
0 90
.696
52.0
4914
4.70
2
Out
ras
cont
as a
pag
ar
FI+
OC
EE
100.
196
75.3
4750
.226
10
0.19
675
.347
50.2
26
210.
696
172.
049
264.
702
– 19
.804
–
44.6
53–
69.7
74
190.
892
127.
396
194.
928
To
tal d
o p
assi
vo
57
2.06
8 56
9.03
1 62
2.64
50
00
572.
068
569.
031
622.
645
Tota
l do
capi
tal p
rópr
io e
do
pass
ivo
75
3.67
1 76
1.08
0 70
0.04
40
00
753.
671
761.
080
700.
044
24 A N Á L I S E F I N A N C E I R A – C A S O S P R Á T I C O S
CASO 2
A empresa Inovação, Lda. dedica-se à decoração de interiores. Da contabilidade
da empresa sintetizou-se o respetivo Balanço em 31/12/200N.
Balanço individual em 31 de dezembro de 200N
Valores em €
Ativo
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 11.853,00
Investimentos financeiros 3.400,00
15.253,00
Ativo corrente
Inventários 16.000,00
Clientes 14.825,00
Adiantamentos a fornecedores 7.090,00
Outras contas a receber 3.980,00
Diferimentos 1.270,00
Caixa e depósitos bancários 27.445,00
70.610,00
Total do ativo 85.863,00
Capital próprio e passivo
Capital próprio
Capital realizado 40.000,00
Reservas legais 10.000,00
Resultado líquido do período 12.262,00
Total do capital próprio 62.262,00
Passivo
Passivo não corrente
Outras contas a pagar 2.700,00
2.700,00
Passivo corrente
Fornecedores 6.054,00
Adiantamentos de clientes 1.105,00
Estado e outros entes públicos 2.721,00
Financiamentos obtidos 5.000,00
Outras contas a pagar 6.021,00
20.901,00
Total do passivo 23.601,00
Total do capital próprio e do passivo 85.863,00
Análise
FinanceiraCasos PráticosAplicação no âmbito do SNC
EDIÇÕES SÍLABO
A caracterização da situação económico-financeira das empresas passa pela capacidade
de interpretar e sistematizar informação disponível relevante, sendo possível seguir um con-
junto de procedimentos para levar a cabo esta análise, não deixando de ter em conta as parti-
cularidades de cada entidade e o contexto em que estas se inserem num dado momento.
Este livro apresenta um conjunto de casos práticos e foi elaborado como complemento e
na sequência do livro dos
mesmos autores. Tem como objetivo a consolidação de conceitos e técnicas de análise
financeira de empresas por parte dos seus leitores. Os casos estão dispostos de acordo com
os seguintes tópicos: preparação das demonstrações financeiras para análise (Balanço
Funcional), equilíbrio financeiro, rendibilidade e risco. No final é apresentado um conjunto
de casos que apresenta os tópicos referidos de forma combinada para uma melhor compre-
ensão da dimensão integrada das várias vertentes da análise financeira.
Este livro destina-se quer a estudantes do ensino superior, quer a profissionais das áreas
de gestão, economia e contabilidade em geral, mas em particular da área financeira, nomea-
damente gestores financeiros que necessitem recorrer à análise financeira como instru-
mento de apoio à tomada de decisão.
Análise Financeira – Teoria e Prática – Aplicação no âmbito do SNC
Carla Manuela da Assunção Fernandes
Cristina Ausenda Nobre Marques Peguinho Carvalho
Elisabete Fátima Simões Vieira
Joaquim Alberto Neiva dos Santos
é doutoranda em Gestão de Empresas – especialização em Finanças, na Facul-
dade de Economia da Universidade de Coimbra, Mestre em Ciências Empresariais – especialização em Finanças e Licen-
ciada em Economia pela mesma instituição. É docente no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universi-
dade de Aveiro. Tem participado em cursos de mestrado, pós-graduação e licenciatura, lecionando disciplinas da área de
finanças. Tem publicado artigos em diversas revistas científicas.
é doutoranda em Gestão de Empresas – especialização em Finan-
ças, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Mestre em Contabilidade e Finanças e Licenciada em
Economia pela mesma instituição. Atualmente exerce funções docentes no Instituto Superior de Contabilidade e Adminis-
tração da Universidade de Aveiro, onde leciona disciplinas da área das finanças. Trabalhou na área da consultoria finan-
ceira, com destaque para projetos desenvolvidos em empresas industriais.
é Professora Coordenadora do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da
Universidade de Aveiro. Doutorada em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), tem
lecionado a Unidade Curricular de Análise Financeira, bem como participado em diversos cursos de mestrado e pós-
-graduação na área das finanças. É autora ou co-autora de outras obras, tendo artigos publicados em revistas nacionais e
internacionais.
é Mestre em Contabilidade e Finanças Empresariais pela Universidade Aberta e Licen-
ciado em Contabilidade e Auditoria Contabilística e em Contabilidade e Administração Empresarial pelo Instituto Superior
de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA). Desempenhou funções de Diretor de Associadas e
de Diretor Administrativo e Financeiro, exercendo mais recentemente a profissão liberal de Contabilista, desenvolvendo
em paralelo diversos trabalhos de consultoria e assessoria financeira em PME. Atualmente é Diretor Administrativo e Finan-
ceiro de uma multinacional, acumulando com a docência de unidades curriculares da área financeira no ISCA-UA, designa-
damente análise financeira e finanças empresariais.
An
ális
eF
ina
nc
eir
a
Análise
FinanceiraCasos PráticosAplicação no âmbito do SNC
Ca
so
s P
rá
tic
os
2ª EdiçãoRevista e Aumentada
Joaquim
Neiva
Elisabete
Vieira
Cristina
Peguinho
Carla
Fernandes
ISB
N 9
78-9
72-6
18-9
43-5
7897
269
1894
35
504
Carla Fernandes • Cristina Peguinho
Elisabete Vieira • Joaquim Neiva
0
5
25
75
95
100
0
5
25
75
95
100
0
5
25
75
95
100
0
5
25
75
95
100