Post on 21-Jun-2015
CCCCAAAASSSSTTTTEEEELLLLOOOOSSSS DDDDEEEE AAAARRRREEEEIIIIAAAA
Drama
Texto de: JULIO CARRARA
Escrita em 2008
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Castelos de AreiaCastelos de AreiaCastelos de AreiaCastelos de Areia 1111
PERSONAGENS:
ELA
ELE
ÉPOCA: Atual
CENÁRIO: Sala de jantar de um apartamento. Uma mesa grande no centro e
duas cadeiras entre outros elementos a critério do cenógrafo.
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CENA 1
(Luz sobe em resistência. Ela está sentada numa cadeira ao lado da mesa. Nesta mesa
estão diversos salgadinhos, doces, bebidas, copos descartáveis e um bolo no centro.
Silêncio absoluto. Ela está impaciente, cruza e descruza as pernas, tamborila com os
dedos no mármore da mesa, levanta-se, olha pela janela, volta ao mesmo lugar, olha
para o relógio até que é surpreendida pelo toque da campainha. Ela se precipita e
imediatamente liga o som, pega alguns copos plásticos que joga no chão.)
ELA
Peraí... já vou...
(Corta o bolo e coloca vários pedaços em diversos guardanapos, joga bebida no chão,
enfim, faz uma zona geral. A campainha soa novamente.)
ELA
Um momentinho.
(Bagunça o cabelo e finalmente vai abrir a porta. Ele entra com um buquê de flores
vermelhas na frente do rosto e canta.)
ELE
Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos
de vida... (Abaixa as flores.) Ué, cadê todo mundo?
ELA
Já foram embora...
ELE
Mas tão cedo?
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ELA
Sabe como é, né? Todo mundo trabalha amanhã. É isso que dá fazer
festa no meio da semana. Mas pra mim, aniversário tem que ser comemorado
no dia...
ELE
(Percebe as flores que ainda estão em suas mãos.) Ah, pra você...
ELA
Obrigada.
ELE
Que chato todo mundo ter ido embora. São dez horas ainda.
ELA
Droga!!!
ELE
O que foi?
ELA
Dez horas... Preciso desligar o som senão os vizinhos vão reclamar do
barulho! (Faz o que diz.)
ELE
É um porre morar em apartamento!
ELA
Né?
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ELE
Além de ficar espremido em poucos metros quadrados não podemos
bater o pé no chão, gritar, ouvir música alta a hora que quiser... Um saco!
(Pausa. Ambos ficam sem assunto e se olham, constrangidos.)
ELA
Quer comer, beber alguma coisa?
ELE
Quero, claro. Tô morrendo de fome!
ELA
Eu te sirvo!
ELE
Pode deixar que me sirvo. Sei me virar sozinho.
ELA
Já que insiste!
ELE
(Imitando um francês.) Champagne, mademoiselle?
(Ao sinal afirmativo da moça, Ele pega as taças, despeja o champagne nelas e brindam.)
ELE
Tchim-tchim... (Batem as taças e bebem. Ele demonstra um prazer enorme ao
ingerir a bebida e depois fica com o nariz bem próximo à taça.) Eu adoro sentir essas
bolinhas do champagne fazendo cócegas na ponta do nariz... É tão bom...
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ELA
Você parece criança!
ELE
Você não sabe o que é bom... Vamos lá, experimente!
ELA
Ai, ai, ai...
ELE
É muito legal! Pode ter certeza!!! (Ela faz como ele.) Não é gostoso?
ELA
(Achando um tédio.) É...
ELE
Pena que a gente não sabe valorizar os pequenos prazeres que a vida
nos oferece.
(Longa pausa. Eles bebem.)
ELE
Veio muita gente na festa?
ELA
Veio. A galera da faculdade, do trabalho... Tinha umas 30 pessoas mais
ou menos... uma turma bem legal.
ELE
Que bom! Queria conhecer essas pessoas. Pena que eles não estão mais
aqui.
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(Longa pausa.)
ELA
Viu a bagunça que deixaram?
ELE
Vai dar um trabalhão pra limpar. Se quiser, amanhã depois do trampo
eu venho pra te ajudar na faxina.
ELA
Não precisa. Amanhã vem a diarista. Ela dá uma geral em tudo.
Obrigada!
(Longa pausa.)
ELE
Vou ligar o som baixinho... Posso?
ELA
Se for baixinho, pode sim!
(Ele liga o som. Ouve-se uma música romântica. Ambos ficam extremamente
constrangidos.)
ELE
Sem comentários!
ELA
Pois é...
ELE
Logo a nossa música...
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ELA
...que faz parte de um passado que eu prefiro esquecer!
(Pausa.)
ELE
Foi tão ruim assim?
ELA
Sempre voltamos ao mesmo ponto.
ELE
E sabe por quê?
ELA
Não sei e nem quero saber!!!!
ELE
Porque fugimos...
ELA
Pronto, começou!!!
ELE
Fugimos, não, você fugiu...
ELA
Eu não fugi de nada...
ELE
Fugiu sim...
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ELA
Se voltar nesse assunto, acho melhor você ir embora.
ELE
E pela milésima vez vamos deixar essa pendência... E nunca vamos
resolver porra nenhuma!
ELA
Será que você não percebe que acabou e que não tem mais volta? Até
quando você vai ficar pegando no meu pé? Eu já lhe disse com todas as letras
que não te quero mais...
ELE
Exatamente. Disse com todas as letras através de um e-mail. Agora eu
quero que você olhe no fundo dos meus olhos e diga que não me quer mais...
Diga!
ELA
(Encarando-o, mas insegura.) Eu não te quero!
ELE
Você fala de uma maneira mas seus olhos dizem outra coisa... Por quê?
ELA
Não sei... Eu não posso corresponder a esse amor da maneira que você
quer...
ELE
Eu te exigi isso?
ELA
Não, mas...
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ELE
Mas o quê?
ELA
Sei lá... Acho melhor você ir embora. Vai ser melhor assim...
ELE
Quem sabe o que é melhor pra mim sou eu...
ELA
(Grita.) E o que é melhor pra você não é melhor pra mim!
(Longa pausa. Ele desliga o rádio.)
ELE
(Calmo.) Ok. Você tem toda razão... Eu fiz muito mal em vir aqui hoje.
ELA
Pelo menos reconhece.
ELE
Mas eu sou burro... Sei que não tenho mais nenhuma chance com você e
continuo insistindo. Mendigando pelo seu amor, pelo seu carinho, pela sua
atenção e o que você faz?
ELA
Para!
ELE
Me despreza... Toda vez que escuto essa merda de música eu tento
pensar em outra coisa, mas você sempre aparece no meu pensamento. Queria
não ouvi-la nunca mais. Mas não tem jeito. Eu ligo a TV, tá passando o
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videoclipe da música, vou almoçar num restaurante e o cantor escolhe para
cantar justamente essa música, ligo o rádio, ouço a música... Ela me persegue e
me traz de volta as lembranças do tempo em que passamos juntos, no
momento onde tudo começou...
ELA
Vamos parar, por favor! Deixa de ser masoquista.
ELE
Você se lembra como a gente se conheceu?
ELA
Já pedi pra você parar...
ELE
A gente tava numa festa, a festa acabou e eu te convidei pra ir lá em
casa. Achei que não fosse aceitar, mas pra minha surpresa, você aceitou. Eu
tinha acabado de sair de uma relação e jurei pra mim mesmo que nunca mais
ia me envolver com ninguém...E ao deitar ao seu lado no sofá, senti uma
vontade louca de te beijar e não tive dúvida.
ELA
Chega!
ELE
E quando colei meus lábios nos seus e você me correspondeu, naquele
exato momento eu joguei no lixo meu juramento. Eu estava completamente
apaixonado... Poderia ser só uma transa, nada mais, mas foi além da
sacanagem. Nossas bocas se encaixavam e aquele vazio que sentia, deixou de
existir.
(Longa pausa.)
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ELE
(Quase implorando.) Volta pra mim?
ELA
Não me pressiona!
ELE
Por que você foge quando eu te procuro? Por que não atende o telefone
quando te ligo? Por que não responde os e-mails ou as mensagens no celular?
ELA
Não sei... Eu tô nervosa, tô confusa!
ELE
Isso não é novidade pra mim... Eu só quero saber por que você não me
atende. Só isso.
ELA
Porque eu não quero te machucar. Pára de me pressionar. Isso não tá
fazendo bem nem pra mim e nem pra você...
ELE
Eu sei.
ELA
O que eu sinto hoje por você não tem a mesma intensidade que tinha no
começo. O tesão acabou... Entenda isso de uma vez por todas!
ELE
Racionalmente eu entendo, mas o que eu posso fazer se esse coração
burro não entende? (Pausa.) Quando você me disse que não me queria mais,
senti o chão sumir debaixo dos meus pés naquela madrugada fria daquele
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maldito 27 de julho. Se eu ficasse em casa mais um pouco, ia enlouquecer. Saí
pra rua. Caminhei a Paulista toda, desci a Consolação, a Ipiranga, a São João.
Eu queria te esquecer, te mandar pro inferno, mas quanto mais tentava, mais
forte você aparecia no meu pensamento, trazendo de volta as mesmas
sensações e a mesma intensidade de tudo o que a gente viveu. E pra
completar, ouvia a droga daquela música. Chorava como uma criança e me
deparava com os olhares curiosos de algumas pessoas tentando decifrar o que
estava acontecendo comigo. E voltei pra casa fazendo o caminho inverso...
Mais de duas horas de caminhada... E desde esse dia, nunca mais fui o mesmo.
E nunca mais serei o mesmo. Mesmo que eu me case, tenha filhos com outra
mulher, o seu perfume vai estar para sempre impregnado nas minhas narinas
e você nunca vai sair da minha cabeça.
ELA
Será que eu vou precisar te expulsar daqui? Você tá sendo
inconveniente!
ELE
Pode me chamar do que quiser, mas eu não saio deste lugar enquanto
não me disser tudo o que se passa com você!
ELA
Então vai ficar falando sozinho... Eu vou pro meu quarto. (Faz menção de
sair.)
ELE
(Segura a mulher abruptamente e a faz se sentar.) Você vai ficar aí!
ELA
(Assustada com a atitude do rapaz.) O que é isso?
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ELE
Isso sou eu... Isso é o que sobrou de mim...
ELA
(Irônica.) Rá, rá, rá! Você quer que eu chore?
ELE
Eu quero que saiba que nunca te esqueci e que nunca vou te esquecer.
Que depois do nosso curto relacionamento saí com muitas mulheres com o
objetivo de tirar você da minha cabeça. A cada boca que beijava era a sua que
queria beijar, a cada abraço que recebia era o seu que queria receber. Por que
eu não consigo te esquecer, hein? Por quê?
(Ele pega mais uma taça de champagne e de uma só vez ingere a bebida. Ambos se
olham por um longo tempo. Ele começa a chorar.)
ELE
Me abraça!
ELA
(Abraçando-o.) Não chora!
ELE
Eu te amo tanto!!!!
ELA
(Colocando o dedo indicador nos lábios dele.) Psiuu!!!!
ELE
Por que acabou?
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ELA
Porque como tudo o que começa, termina um dia... Nós estamos
vivendo momentos diferentes. Você tá na vibe de namorar, casar, ter filhos...
Eu não! Eu tô na vibe de ficar, de não ter compromisso com nada... Lembra o
que você me disse uma vez? Sobre ser livre?
ELE
Eu disse que não temos o direito de prender quem nasceu para ser
livre...
ELA
E pior que isso é atirar num pássaro em pleno vôo. (Pausa.) Eu torço
muito pra que você encontre alguém que te faça feliz. Só que eu não sou essa
pessoa!
ELE
Eu não confio mais em ninguém.
ELA
Por que?
ELE
Não sei. Mas a cada dia que passa, me decepciono mais com as pessoas.
Elas se aproximam por algum interesse, te usam para conseguir o que querem
e depois te jogam no lixo. Você dá o melhor de si para elas, elas te sugam,
sugam, sugam... e um dia, simplesmente viram as costas e vão embora, como
se nada tivesse acontecido. E aos poucos, vão te deletando da sua vida como se
tudo aquilo que vivemos não tivesse a menor importância. Tem pessoas que
esquecem fácil das coisas... Elas, em vez de acrescentarem, substituem as
amizades. Como se dissessem: “Ah, esse aqui não me interessa mais. Agora vou
partir pra outra!” E por aí vai. E se os amigos agem dessa maneira, o que posso
esperar do amor?...
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ELA
(Confusa.) O amor não existe... Tudo é interesse.
ELE
Existe sim... Eu só queria saber o que há de errado comigo. Penso que se
eu fosse um tremendo filho da puta as pessoas iriam me valorizar mais.
ELA
Você tá muito nervoso. Vou pegar um copo de água pra te acalmar...
(Ela vai até a cozinha, mas no meio do percurso dá uma leve torcida no pé.)
ELA
Ai!
ELE
(Correndo até ela.) O que foi?
ELA
Pisei em falso.
ELE
(Amparando-a.) Senta aqui... Vou te fazer uma massagem.
(Ele ajoelha-se no chão e segura com cuidado o pé torcido dela.)
ELE
Tá doendo?
ELA
Um pouco...
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ELE
Se doer, você fala!
(Ele inicia a massagem. Vez ou outra ela solta um gritinho de dor. Ele massageia com
mais cuidado a região dolorida.)
ELE
Foi só uma torçãozinha boba!
ELA
Ainda bem... (Ri, saudosista.)
ELE
O que foi?
ELA
Tava com saudade
ELE
De que?
ELA
Da sua massagem.
ELE
(Irônico, mas num tom de brincadeira.) Ah, pra isso eu presto, né?
ELA
(Idem.) A gente tem que prestar pelo menos pruma coisa na vida...
ELE
O que é bom deixa saudade.
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ELA
(Ri.) Olha que convencido!
ELE
Só agora que você percebeu? Arrogante!!!
ELA
Tem quem goste!
ELE
Quem? Não tô vendo!!!
(Ambos riem. O riso, pouco a pouco vai dando lugar ao silêncio. Ela toma o rosto dele
nas mãos com muita ternura. Ele vai se levantando e beija-a apaixonadamente e ao
mesmo tempo com uma certa dose de violência. Ela retribui. Ouve-se no áudio a
música-tema do casal. Ambos se deitam no tapete. Ela tira a camisa dele e vice-versa.
Luz vai caindo em resistência. Apenas o clarão da lua cheia ilumina a cena. O casal se
beija e se toca. Black-out.)
CENA 2
(Horas mais tarde. Luz sobe em resistência revelando o casal dormindo de conchinha
num colchão. Ela acorda e se assusta.)
ELA
O que foi que eu fiz? (Acordando ele.) Ei, acorda... (Chacoalhando-o.)
ELE
Só mais um pouquinho...
ELA
Pelo amor de Deus...
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ELE
Pelo amor de quem?
ELA
De Deus...
ELE
Deus não existe...
ELA
Que seja!
ELE
(Continuando.) ...e se existe, é um tremendo sacana!
ELA
Não é hora da gente ficar falando sobre isso.
ELE
Tem razão. É hora da gente dormir de conchinha... Vem cá, vem...
ELA
Não... Tô falando sério... Você precisa ir embora!
ELE
Deixa eu ficar só mais um pouquinho, vai?
ELA
Eu tenho que trabalhar daqui a pouco. Se você ficar aqui, não vai me
deixar dormir...
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ELE
Deixo, sim...
ELA
Hum... sei, te conheço!
ELE
Pode acreditar, sem maldade, vou te deixar dormir... Mas só se for de
conchinha...
ELA
(Dando-se por vencida.) Tá bom!
(Ela deita-se ao lado dele, ambos de conchinha. Depois de um tempo, ele, que não
dormiu, começa a acariciar seu corpo.)
ELA
Você disse que ia me deixar dormir! Tá faltando com a palavra!
ELE
(Falando no ouvido dela.) Tô com o pipi duro...
ELA
(Idem a ele.) É? Vai mijar que amolece!
(Riem. Tempo. Ele volta a assediá-la.)
ELA
Quer tirar essa mão boba daí?
ELE
Ops, foi mal!
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(Eles ficam quietinhos por um tempo. Ela está cochilando e ele levanta-se
cuidadosamente para não acordá-la. Vai até a mesa, corta um pedaço do bolo, despeja
refrigerante num copo. Come e bebe em silêncio. Queda-se, pensativo, olhando para
ela.)
ELE
(Numa explosão, grita.) Burro!!!!
(Ela acorda assustada.)
ELA
O que foi?
ELE
Não, não. Pensei alto... Dorme! Você tem que acordar cedo pra ir
trabalhar!
ELA
Acho que perdi o sono!
ELE
Deita aí que eu canto pra você dormir.
ELA
(Rindo.) Bobo!
ELE
Você tem o sorriso lindo, sabia? Pena que tem o olhar triste, que não
combina!
ELA
Já me falou sobre isso. Logo que a gente se conheceu.
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ELE
E eu ainda vou descobrir tudo o que há por trás desse olhar melancólico.
Juro por Deus.
ELA
Ué, você não é ateu?
ELE
Depende das circunstâncias...
(Riem. Ela para e ele continua rindo histericamente.)
ELE
Eu tava pensando...
ELA
No que?
ELE
Nas causas que levam uma pessoa a cometer suicídio!
(Ela se assusta com a mudança brusca de comportamento dele.)
ELE
(Rindo muito.) Você chega em casa, abre a porta e não vê ninguém, não
ouve nenhum barulho, não tem uma pessoa ali para você dar boa noite e pra
conversar sobre o seu dia. Acende todas as luzes para espantar os fantasmas
da solidão, liga a TV e responde boa noite quando o apresentador do telejornal
se despede. Procura desesperadamente na agenda do celular, nomes de
pessoas para convidá-las para sair e só então você percebe que não tem tantos
amigos assim e àqueles com os quais poderia contar, estão com outros
compromissos e não podem ou não querem sua companhia. Aí você se sente
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abandonado, desprotegido. E aos domingos você se sente mais só, porque a
cidade tá deserta, não há nada que preste nas emissoras de TV e para piorar,
ouvimos aquela música do Fantástico, que nos faz lembrar que o domingo tá
acabando e que é hora de dormir porque precisamos acordar cedo no dia
seguinte para enfrentarmos mais uma semana de trabalho. Você deita na
cama, procura por um ombro amigo e não encontra. E depois, ficamos virando
de um lado para o outro até pegar no sono. (Para de rir abruptamente.) E quando
acordamos no dia seguinte, pensamos: “Mas que merda! Vai começar tudo outra
vez!!!”. A gente nasce e morre sozinho. E por que temos que passar a vida
inteira ou a maior parte dela, sozinho também? Isso já não é o bastante para
uma pessoa, por mais equilibrada que seja, pular de um prédio, se enforcar ou
dar um tiro na cabeça?
ELA
Isso é fuga. E fuga é a saída dos covardes.
ELE
Será? É preciso ser muito corajoso para agir dessa maneira. É como
brincar de ser Deus – pra quem acredita, claro. (Macabro.) O suicida pensa
assim: Eu não tive o poder de me dar à vida, mas eu tenho o poder de tirá-la. Teremos
nós mesmos que ser Deeeeeeeeeus... É mais fácil acabar com tudo do que viver
como um sonâmbulo, vagando por essas ruas sujas e sem perspectiva de
espécie alguma. Nós somos exemplos vivos disto...
ELA
Êpa, me inclua fora dessa!
ELE
Então me diga quais são os seus objetivos? Suas perspectivas? Aonde
pretende chegar?
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ELA
Ah... sei lá! Sou muito nova pra ficar pensando nisso. Eu deixo rolar...
ELE
Não tá se dando conta de que o tempo está passando e que não volta
atrás? Por que todas as coisas que começa, você não termina? A faculdade, por
exemplo, já é a terceira que faz. A primeira,você fez dois ou três semestres, a
segunda, trancou a matrícula logo no primeiro mês e agora, nesse novo curso,
não faço idéia de como será. Torço para que você conclua...
ELA
Ah, não... Não me venha com lição de moral.
ELE
Não tô lhe dando lição de moral. É só um conselho.
ELA
Eu não preciso de conselhos!
(Clima tenso. Silêncio.)
ELA
Desculpa. Quando eu tô com sono eu fico irritada!
ELE
Se o nosso relacionamento fosse à base do silêncio, com certeza ele daria
certo.
ELA
Eu tô vendo que vou precisar me afastar de você!!!
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ELE
Já se afastou há muito tempo. Desde quando ainda estávamos juntos.
Quantas vezes eu te beijei e você só me correspondia por educação? Quantas
vezes eu chorei num quarto escuro porque sentia que você tava indo
embora!!!... Mas você não tem culpa.
ELA
E de quem é a culpa?
ELE
Minha!!! Eu é que sou o culpado. Culpado por te conhecer, culpado por
te roubar um beijo, culpado por me apaixonar por você, culpado por acreditar
que o meu sentimento simbolizasse algo pra você, culpado por acreditar que
poderia dar certo e que viveríamos felizes para sempre como nos contos de
fadas. Só que não estamos num conto de fadas. É vida real. E é muito mais
cruel do que poderia suportar, porque para piorar a situação, sou uma pessoa
romântica. E ser romântico hoje em dia é ser piegas, é brega, é estar totalmente
fora de moda.
(Ele vai até a janela. Fica olhando para fora por um tempo. Ela permanece imóvel.
Silêncio.)
ELA
Para de se maltratar! Já parou pra pensar como me sinto quando te vejo
implorando por um amor que eu não posso retribuir? Eu me afastei de você,
sim. Não só de você, mas de todos os homens com quem me relacionei porque
não sei como lidar com isso. Me afastei, talvez, por medo de te ferir ainda
mais. Medo de que cometesse uma loucura. Me afastei porque comecei a
gostar de outro homem. E pra variar, não tô mais com ele. Durante o tempo
em que ficamos juntos eu nunca te traí e sei que você também não me traiu. E
por esse motivo e para sermos honestos um com o outro, achei melhor colocar
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um ponto final em tudo. Só que você interpretou esse ponto final como
reticências...
ELE
Como assim? Não entendi!
ELA
Como se eu te desse alguma esperança... Em vez de deixar as coisas
fluírem naturalmente, você forçou a barra, insistiu tanto para voltarmos e aí
desgastou a nossa relação, principalmente na amizade.
(Longa pausa.)
ELE
Sabe qual é a minha maior frustração? A de nunca ter transado com
você. Nós sempre ficamos nas preliminares, mas nunca passamos disso. E eu
nunca vou entender o motivo. Sei que transou com outros homens assim como
eu transei com outras mulheres, mas com a gente isso nunca aconteceu.
ELA
Pois é...
ELE
E eu, pacientemente, esperava por este momento. Só que este momento
nunca chegava... até que um dia, simplesmente, você disse que não me queria
mais, que tinha partido pra outra. Se eu te obrigasse a transar comigo, se te
pegasse de jeito e agisse como um animal no cio, com certeza não estaria aqui
hoje pra contar essa história.
ELA
E porque não fez isso?
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ELE
Porque eu te amava. Porque não queria fazer de você um depósito de
porra como fiz com outras mulheres com quem saí depois que terminamos.
Porque o que sentia e ainda sinto por você é muito maior do que pode
imaginar. Você não compreende isso porque nunca amou ninguém de
verdade.
ELA
Como pode ter tanta certeza disso? Já amei sim.
ELE
Não sei como foi o seu passado, mas desde que te conheci, você só se
aproximou de outros caras por tesão. Tesão é uma coisa e amor é outra...
ELA
(Cínica.) Nossa, que descoberta incrível! Parabéns! Genial!
ELE
Poupe-me dos seus cinismos...
ELA
Desculpa, mas não resisti à tentação!
ELE
Você já escreveu versos de amor pra alguém?
ELA
Não!
ELE
Já saiu de madrugada e foi até a entrada do prédio de determinada
pessoa e ficou horas olhando pela janela do seu apartamento?
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ELA
Não!
ELE
Já ficou a noite inteira acordada velando o sono de alguém que amasse?
ELA
Não!
ELE
Já se escondeu num ponto de ônibus e ficou observando a pessoa amada
na calçada do outro lado da rua sem que ela te visse?
ELA
Também, não!
ELE
Já ficou de cama, ardendo em febre, devido ao sofrimento causado pela
perda de seu grande amor?
ELA
(Irritada.) Quer parar com esse interrogatório, caralho?
ELE
Quero que saiba que eu já fiz tudo isso por você. Fiz, faria tudo de novo
e quantas vezes fosse necessário... Pode me chamar de obsessivo... (Pausa
reflexiva.) Taí, acho que encontrei a resposta. Eu sou obsessivo por você. Parece
que quanto mais as pessoas falam pra eu me afastar de você, mais eu quero
estar do seu lado... (Gritando em direção da janela.) Eureka! Eureka!
ELA
Para de gritar, seu louco. Daqui a pouco os vizinhos vão reclamar...
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ELE
E quem se importa? (Grita na janela.) Eu quero que o mundo se acabe em
batata doce pra eu morrer peidando...
ELA
(Ouve-se o interfone.) Tá vendo? Não falei? (Atende ao interfone.) Alô... oi,
seu Manoel... (Fazendo gestos de querer matá-lo.) Eu sei disso, seu Manoel.
Barulho só depois das 8. É que o meu amigo descobriu uma coisa muito
importante, por isso ele gritou... Ok, não vai mais se repetir... Desculpa... Um
bom dia pro senhor também... (Desliga. Em seguida parte para cima dele, muito
brava.) Seu filho da puta! Tá vendo o que você fez? Se eu receber uma multa do
condomínio, é você quem vai pagar!!!!
ELE
(Abraçando-a.) Sabia que eu adoro te ver assim, bravinha? Fico morto de
tesão!
ELA
Vá pro inferno.
ELE
Eu sou obsessivo, sabia? E você sabe que uma pessoa obsessiva é capaz
de fazer qualquer coisa!!!!
ELA
Pensa que eu tenho medo de você? Que piada!
ELE
Ah, não tem?
ELA
Não!
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ELE
Muito bem...
ELA
O que cê vai fazer?
(Ele dirige-se até a porta, verifica se está trancada, tira as chaves e vem chacoalhando o
molho na direção dela.)
ELE
(Com a sua bipolaridade aflorada.) Pronto!!! Quero ver como você vai sair
daqui!
ELA
Me dê essa chave!
ELE
Ué, você acabou de me dizer que não tinha medo de mim.
ELA
E não tenho mesmo.
ELE
Então por que tá tremendo toda?
ELA
De raiva!
ELE
Não parece!
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ELA
Me dá essa chave, porra!
ELE
Não!!! Agora estamos trancados. E você não tem mais saída! Ou melhor,
tem uma só. A da janela. Só que estamos no 14º andar. Ou você pula ou cria
asas e sai voando!!!!
ELA
Para de brincadeira!
ELE
Eu não tô brincando! Tô falando muito sério!
ELA
Já deu, né? Vamos parar com essa brincadeira de mau-gosto?
ELE
(Num rompante.) Você assistiu a um filme chamado Ata-Me?
ELA
O que isso tem a ver?
ELE
Assistiu ou não assistiu?
ELA
Assisti, mas já faz muito tempo, não lembro direito.
(Ela vai ficando espantada.)
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ELE
Então vou refrescar a sua memória. (Em tom de suspense, saboreando todas
as palavras) É aquele filme do Almodóvar em que um órfão chamado Ricky,
personagem do Banderas, depois de fugir de um hospital psiquiátrico, tudo o
que mais deseja é ter uma família, uma noiva e um emprego. E para sua noiva,
escolhe uma estrela de filmes pornôs chamada Marina, personagem de
Victoria Abril, com quem passou algumas noites quando fugia da instituição.
Só que ela não o reconhece e ele percebe que sua única opção é raptá-la e
deixá-la atada, confiante de que ela vai se apaixonar por ele... (Pausa tensa.) A
nossa história não é muito diferente: eu sou órfão, quero ter uma família e a
mulher que eu amo, não me quer... Se o Banderas conseguiu o amor da
Victoria Abril, eu posso muito bem conseguir o seu usando os mesmos
artifícios que ele usou no filme... (Ri.)
ELA
(Horrorizada.) Meu Deus, você pirou. Você tá completamente louco.
(Tenta sair correndo.)
ELE
(Segurando-a.) Não fuja! Fique quieta!
ELA
Me solta, pelo amor de Deus...
ELE
Deus não existe, minha querida. Mas chama por Ele, chama. Vamos ver
se Ele vem te ajudar!
ELA
(Gritando.) Socorroooooooo!
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ELE
(Tapa-lhe a boca.) Se eu fosse você eu não gritava porque senão pode vir
uma multa do condomínio!!! (Ri.)
ELA
Vai se foder, seu escroto!
ELE
(Êxtase.) Isso. Xinga. Xinga mais... O que mais que eu sou, hein? Vamos,
tá na hora de falar tudo o que pensa a meu respeito, porque daqui a pouco
estará amordaçada e não vai poder falar mais nada!!!
ELA
Eu nunca vou dizer o que quer ouvir...
ELE
Com um pouco de tortura, vai sim.
ELA
Não vou mesmo.
ELE
Então mente. Mente! Diz que me ama! Quem sabe assim, você fica livre
de mim pra sempre!
(Derruba-a no chão e deita em cima dela.)
ELA
O que quer de mim, hein?
ELE
Sabe muito bem o que eu quero!
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ELA
Você quer me comer, é isso?
ELE
O que você acha?
ELA
Então vai, me come. Vamos, o que tá esperando? Me come logo, seu
bosta!!!!
(Pausa tensa. Ele a encara.)
ELE
Seria falta de educação de minha parte recusar a esse pedido...
ELA
(Temerosa.) Você não seria capaz de...
ELE
Foda-se. Eu não tenho mais nada a perder. E olha... Não sou EU quem tá
na sua frente. É um BICHO. E é como um bicho que vou agir.
(Há uma luta entre os dois. Ele, bem mais forte, domina a garota. Ele joga-a no chão e
transa com ela. Para evitar que ela grite, tapa a sua boca. Ela resiste, mas aos poucos,
se entrega a ele. Após atingirem o orgasmo, ele sai de cima dela, muito satisfeito.)
ELE
(Exausto.) Pronto! Agora você tá livre de mim pra sempre assim como eu
tô livre da minha frustração! (Pausa.) Isso foi bom porque cheguei a uma
conclusão. (Ela não tem mais forças.) Não podemos obrigar ninguém a gostar da
gente.
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(Pausa reflexiva. Ele vai até a janela. Ela chora sem parar.)
ELE
Sabe qual foi o meu maior erro?... Foi dizer SIM pra tudo o que você me
pedia, como, por exemplo, desmarcar um compromisso com um amigo para te
encontrar porque você queria ver um filme. Chego ao cinema com cinco
minutos de atraso e não te encontro. Ligo pro seu celular e você não me
atende, deixo recado na caixa postal pedindo pra você me retornar e... nada.
Nenhuma satisfação de sua parte. Simplesmente sou ignorado. E aí começo a
pensar num monte de bobagens, sei lá: assalto, atropelamento, sequestro... E
termino a noite sozinho e angustiado... E ao chegar em casa, te ligo outras
vezes e... nada. Não consigo dormir direito e só descanso quando você me
atende só no dia seguinte e então, me certifico que você tá bem e que nada de
ruim lhe aconteceu. E é sempre assim. Você me pede alguma coisa e eu digo
SIM. E o pior é que pra você eu não consigo dizer NÃO!
(Longa pausa. Ambos estão exaustos.)
ELE
Por que você não me disse a verdade?
ELA
(Soluçando.) Que verdade?
ELE
Sobre seus amigos!
ELA
Quer falar coisa com coisa, por favor?
ELE
A única pessoa que compareceu na festa do seu aniversário fui eu!
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ELA
(Desconsertada.) Eles vieram, sim.
ELE
(Zombando dela.) Rá, rá, rá! Só se foi na sua imaginação. Eu sei que não
veio ninguém porque tô na frente do prédio desde às sete horas da noite. Eu te
vi saindo na janela diversas vezes, preocupada, olhando pra ver se chegava
alguém. Só que ninguém chegou. E fiz questão de subir às dez horas. Você fez
toda uma encenação: encheu copos, derrubou refrigerante no chão, cortou o
bolo, sujou o apartamento à toa, tudo pra me dizer que tinha rolado aqui uma
festa do caralho e que várias pessoas estiveram presentes... (Aplaudindo-a.)
Bravo, você é uma excelente atriz, só que a mim não engana. É frustrante, né,
receber só um convidado? E justamente uma pessoa que você queria ver bem
longe... Não precisava disso.
(Ela continua chorando. Ele a contempla.)
ELE
Mas eu vim te desejar um feliz aniversário. Vim porque você é
importante pra mim e não iria deixar que essa data passasse em branco. Vim,
mesmo sabendo que não era só pra comemorar os seus 23 anos, mas que essa
data também marcaria a cerimônia do nosso adeus!
(Ele pega suas coisas.)
ELA
(Hesitante.) Fica mais um pouco!
ELE
Não quero!
(Pausa.)
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ELA
(À meia-voz.) Me liga?
ELE
Você tem o meu telefone e o meu endereço.
ELA
Eu... E se eu dissesse agora que eu... que eu te amo?
(Pausa.)
ELA
Responde...
(Pausa.)
ELE
Eu não ia acreditar... Só lhe digo uma coisa. Eu prefiro mil vezes amar e
não ser correspondido, do que não poder corresponder a quem me ama.
ELA
E se um dia eu te corresponder?
ELE
Esse dia parece estar tão longe!!!!!
ELA
Responde a minha pergunta... você me espera?
(Pausa.)
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ELE
(Olhando-a fixamente.) Talvez...
ELA
Eu não conheço o “talvez”
ELE
Então “quem sabe”!
ELA
Também não conheço o “quem sabe”! Só conheço o “sim” e o “não”...
ELE
Sim, não, talvez, quem sabe!!!! Que diferença faz? Que importância tem
isso agora?
(Faz menção de sair.)
ELA
Você sabe me definir o que é o amor?
ELE
A melhor definição que já ouvi sobre o amor veio de um menino de 13
anos. Ele disse: “O amor é como a onda do mar: nasce, cresce, morre e vira
lágrima...”
(Entra música “Stop Crying Your Heart Out”, de Oasis. Ele sai deixando-a na mais
completa solidão. Luz cai em resistência, bem devagar até o black-out final.)
FIM
Fevereiro/2008