Post on 17-Aug-2020
Curso
GESTÃO PARTICIPATIVA
Disciplina
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
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Curso GESTÃO PARTICIPATIVA Disciplina
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Antonio NEY
www.avm.edu.br
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Olá, caro aluno sou Mestre em Educação pela UFF - área de
confluência Trabalho e Educação - com graduação em Engenharia
Mecânica pela UFF. Atualmente estou cursando o Doutorado na
mesma instituição.
Destaco que fiz pós-graduação “lato sensu” em Engenharia de
Segurança pela Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, em
Gestão da Qualidade Total no Programa de Formação de
Executivos da Grifo Enterprise, especialização em Política e
Estratégica pela ADESG e em Logística e Mobilização Nacional pela
ESG.
Tenho formação de docente em Matemática para o Ensino
Fundamental e Médio e de Gestão Escolar pela Candido Mendes.
Trabalho como docente no programa de pós-graduação “A Vez do
Mestre” desde o ano de 2000 e no programa de ensino a distância,
tendo elaborado já vários módulos para os cursos de pós-
graduação e graduação, principalmente nas áreas de Política
Educacional, Planejamento e Gestão. Ministrei disciplinas técnicas
em escolas técnica desde meado dos anos 70. Elaborei o
Planejamento Estratégico e Operacional para reativação de uma
escola técnica pelo PROEP-MEC; como Engenheiro, trabalho desde
1975 em um órgão público.
Falei isto tudo para que você me dê um voto de confiança e
acredite no que proponho.
Boa sorte nesta empreitada, ela vale a pena.
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07 Apresentação
09 Aula 1
Os níveis e a importância do planejamento
39 Aula 2
O processo e os elementos essenciais do planejamento
89 Aula 3
Projeto político pedagógico
110 Aula 4
Planejamento estratégico
141 Aula 5 Planejamento curricular/plano de
curso/ plano de ensino-aprendizagem e plano de aula
175 Aula 6
Planejamento de projetos de trabalho
205 AV1
Estudo dirigido da disciplina
208 AV2 Trabalho acadêmico de
aprofundamento
210 Referências bibliográficas
Planejamento
Educacional
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Neste Caderno de Estudo iremos estudar o Planejamento
Educacional, elemento imprescindível para o trabalho do
educador.
Imagine você entrando numa mata sem uma bússola e sem um
mapa, ou seja, você só tem a cara e a coragem. Fatalmente, em
poucos minutos você se perderá, começará andar em círculos e
“achar”, por exemplo, que todas as árvores são iguais. A sua
sobrevivência estará dependendo de ajuda externa, pois só com
muita sorte, sairás dessa enrascada. Quando não planejamos,
ocorre à mesma coisa, pois você sem o planejamento não tem um
“norte” (bússola e mapa) definido. Se desejares um exemplo,
pense naquela pessoa que recebendo o salário não verifica os
pagamentos e dívidas a serem resgatadas durante o mês, e gasta
o dinheiro sem nenhuma preocupação. Você sabe o que
acontecerá, ou não sabe? No final do mês faltará dinheiro, pois
simplesmente a pessoa não planejou o que fazer com o salário.
Do exposto, este caderno tem o propósito de preparar o aluno
para a construção de todo o Planejamento Educacional, de
capacitar o aluno para participar efetivamente a construção de
uma escola de qualidade que o Brasil precisa.
Estude com vigor e procure dominar o assunto, pois sem seu
conhecimento, você irá navegar sem rumo certo na vida
profissional.
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O objetivo geral deste caderno de estudo é permitir ao aluno
conhecer, entender e participar ativamente do processo de
Planejamento Educacional. Assim, ao final do módulo ele deverá
ser capaz de:
Conhecer o que seja o Planejamento Educacional;
Entender a construção do Planejamento Educacional em todos
os níveis;
Ter a competência criativa para a construção de planejamentos.
Os níveis e a importância do
planejamento
Antonio Fernando Vieira Ney
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Nesta aula teremos a oportunidade de conhecer e aprender os
níveis de planejamento que irão compor todo o processo de
ensino-aprendizagem e levará você (aluno) a ter os
conhecimentos básicos fundamentais para entender a importância
do Planejamento como uma ferramenta para a escola. Assim, o
entender do que significa planejar, o conhecer da diferença entre
planejamento, projeto e plano, e o conhecer do papel da liderança
neste processo são importantes para o início desta empreitada.
Estes são os temas da nossa aula.
Do exposto, conhecer os planejamentos, planos e projetos dos
vários níveis da educação representam um bom caminho para a
empreitada do educador, pois eles assinalam o foco a ser
direcionado as ações educacionais. Assim, nesta aula vamos
procurar esclarecer estes diversos níveis e os tipos de
planejamentos, uns vocês estarão diretamente participando como
atores principais, enquanto em outros, sofrendo a influência das
políticas e diretrizes traçadas por instâncias superiores.
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Conhecer as relações entre escola e a comunidade;
Conhecer os diversos tipos de planejamento;
Entender o que significa planejar;
Saber por que não gostamos de planejar?
Conhecer as faces do problema “Planejar”.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 10
Conceituação
Qualquer organização é composta pelo menos
por três níveis hierárquicos diferentes.
O primeiro deles, o superior, é o de
administração (gestão) da organização. Este nível é
responsável por dirigir a organização, ou seja, é o nível
ESTRATÉGICO.
O tipo de planejamento adequado a este nível de
organização é o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO,
geralmente elaborado pelos membros da Direção da
Escola. Entretanto, tem que ser ressaltado que se for
vontade do Gestor da Escola (diretor) o planejamento
pode ser PARTICIPATIVO e você, como docente,
convocado a participar.
O segundo nível é composto pelos profissionais
que compõem as chefias intermediárias, e é
responsável pela operacionalidade das estratégias
definidas pela Alta Direção da organização. Eles
transformam a linguagem estratégica na linguagem de
execução. Nós poderíamos denominar este nível de
TÁTICO. Numa escola os coordenadores de cursos,
supervisores educacionais, orientadores educacionais e
pedagógicos, bem como as chefias administrativas das
Conceituação 10 Sistema Nacional de Ensino 16 Tipos de planejamentos 19 O que é gestão escolar? 25 O que significa planejar 28 Porque não gostamos de planejar? 32 Mudanças e necessidades de planejar 34
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 11
secretarias e outros são os componentes deste nível
tático.
Na escola, pelas suas dimensões e atribuições
que são diferentes de uma empresa de grande porte,
não é conveniente a existência de PLANEJAMENTO
TÁTICO que seria o nível adequado a este tipo de nível
hierárquico. A escola deve concentrar no
PLANEJAMENTO OPERACIONAL as ações planejadas
para estes dois últimos níveis hierárquicos, pois reduz o
trabalho e facilita o monitoramento e o
acompanhamento do mesmo.
Obviamente, o PLANEJAMENTO CURRICULAR
(Plano de Cursos), o PLANEJAMENTO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM (Planos das disciplinas) e PLANOS
SETORIAIS (Supervisão, Orientação ou de
Departamentos) são da responsabilidade deste nível
hierárquico com o aval da Direção da Escola. Nós
defendemos a construção de tais planejamentos com os
pedagogos e docentes de todos os níveis.
Finalmente, o último nível é composto pelo
pessoal executor. Este nível é denominado de
OPERACIONAL. Numa escola o papel dos docentes e de
todos os outros profissionais da escola.
O grande ato de planejar do docente consiste na
elaboração do PLANO DE AULA. Baseado nos PLANOS
DE CURSO oriundo do Planejamento Curricular, e no
PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM oriundo do
Planejamento de Ensino. Não podemos de deixar de
apontar a elaboração de Projetos de Trabalho como
imprescindível a tarefa do docente.
O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO deve
compreender todas as etapas do planejamento, ser
participativo e envolver todos os agentes da escola e da
:: Projeto de Trabalho:
A utilização da Pedagogia de Projetos é uma ferramenta muito útil para a aplicação correta da contextualização e da interdisciplinaridade. Um projeto bem elaborado permite ao aluno uma visão de totalidade fundamental, por
isto a utilize com freqüência.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 12
comunidade na qual a instituição de ensino está
inserida.
Atualmente, existem consultorias, instituições de
ensino, grupos empresariais, que se apresentando
como consultorias de ensino determinam todo o
trabalho de planejamento escolar, incluindo até o
fornecimento de materiais didáticos. Assim, o professor
deixa de participar e de elaborar qualquer tipo de
planejamento e passa a ser um reprodutor qualificado
daquele currículo, disciplina e aula.
Neste enfoque, o planejamento passa a ser uma
peça de adestramento para o uso do docente sem que
este possa intervir.
A figura 1 permitirá a você a memorizar o que é
a estrutura de uma organização escolar.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 13
Logicamente, você não deve imaginar que a
escola é soberana e autônoma que não tem que prestar
contas a ninguém. Ou seja, que o diretor da escola
pode executar qualquer ato sem ter que prestar conta a
alguém ou a alguma instituição.
A figura 2 apresenta uma visão geral de um
modelo de gestão escolar desenvolvido por Tachizawa e
Andrade (1999). A utilização deste modelo serve para
demonstrar ao leitor as relações que envolvem a escola
e a comunidade. Procure pensar sobre a figura.
Figura 2
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 14
Acredito que vocês possam estar olhando esta
figura e achando que não estão entendendo nada.
Vamos ajudá-lo.
Em primeiro lugar, observe que a figura possui
três grandes áreas:
1ª ÁREA: a da esquerda denominada de
FORNECEDORES. Neste espaço encontramos todas as
entidades que fornecessem algum serviço, material ou
equipamento para a escola. Assim, o fabricante de
carteiras, giz, retroprojetor, editoras, fornecedor da
merenda, cooperativas de professores etc. estão aí.
Este grupo entrega na escola todos os insumos
necessários ao funcionamento da mesma.
Obviamente, as informações sobre este grupo
devem chegar ao Gestor da Escola, por isto a seta
informações indo dos fornecedores ao gestor.
2ª ÁREA – a do centro denominada de ESCOLA.
A Escola é o centro do sistema. Além dos fornecedores,
temos os relacionamentos com os Clientes a direita, a
Comunidade na parte inferior e com os Órgãos Oficiais
e o Mercado/Concorrentes na parte superior.
A Escola funciona com entradas ou ”inputs”
(insumos, parcerias e informações), embora tenha
ações limitadas pelas informações de mercados, leis e
normas. Seu objetivo é atender as necessidades da
comunidade, de acordo com essas condições de
mercado e dos órgãos oficiais. Assim, a escola processa
seus serviços atendendo aos clientes (alunos, pais de
alunos, a sociedade, organizações empregadoras etc.).
As organizações empregadoras, muitas vezes,
são responsáveis por parcerias e convênios com a
escola para auxiliar na formação do homem e do
trabalhador que espera.
Dica do professor
Que coisa estranha, nós estamos falando de cliente, mercado, fornecedor etc, e o que isto tem a haver com a escola? A escola tem tudo isto, pois está inserida num mundo que dispõe relações sociais desta natureza.
Para pensar
Vocês são capazes de lembrar o significado da palavra “STACKHOLDERS”?
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 15
3ª ÁREA - a da direita denominada de
CLIENTES. Ela representa todos os grupos interessados
na escola e em seus resultados.
Logicamente, o cliente irá interagir com a escola
em função da demanda de serviços que recebem. Eles
(os clientes) podem fazer parcerias e oferecer estágios
para melhorar a educação. Do mesmo modo, a escola
tem que obter informações para avaliar o desempenho
de seus alunos, ou seja, dos seus serviços.
Existe na relação entre a escola, o mercado e a
concorrência uma palavra esquisita: “benckmark”. Esta
palavra tem o significado que a escola deve observar as
concorrentes de nível de excelência, e procurar analisar
o que fazem, procurando adequar tais práticas a sua
realidade.
EXERCÍCIO 1
Você ao ver a figura 2 deve ter observado que falamos
em órgãos oficiais, mas não falamos em Estado. Ou
seja, a maior parte dos órgãos oficiais corresponde a
competência legal de braços do Estado. Por exemplo, o
Ministério da Educação, o Conselho Nacional de
Educação e muitos outros. E aí nasce uma pergunta: o
Estado também é um CLIENTE da escola? Por quê?
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____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Finalmente, cabe uma observação sobre regras
de gestão. Nosso curso atende a vários profissionais da
educação e este assunto envolve essencialmente o
gestor da escola, pois o nº. 1 (Diretor) é o maior
Importante
É importante destacar que o pedagogo pode em muitas instituições educacionais intervir ou participar do processo decisório. Se tiveres esta oportunidade esteja preparado.
:: Em regime de colaboração:
O legislador declarou “em regime de colaboração” na Constituição Federal e na LDB, de modo a deixar claro que os sistemas são autônomos, mas que cada um deve apoiar ao outro.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 16
responsável na escola pela sua missão e objetivos; ele
decidirá quais regras que devem ser seguidas para
alcançar as referidas metas e objetivos.
Sistema Nacional de Ensino
A nossa Constituição Federal estabelece em seu
artigo 211, que a “União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios organizarão EM REGIME DE
COLABORAÇÃO seus sistemas de ensino”.
A nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei nº 9394/96) determina os
limites e atribuições das várias esferas do poder (União,
Distrito Federal, Estados e Municípios) em matéria de
educação. Ou seja, estabelece competências legais e
como devem ser organizados os diversos sistemas de
ensino. O grande avanço consiste na proposta dos
sistemas municipais.
Obviamente, o legislador enxergou a
necessidade de se atribuir a responsabilidade do ensino
fundamental aos municípios, tendo em vista a
proximidade com a população. A facilidade da
constituição de um projeto político-pedagógico com a
participação da própria comunidade, e da possibilidade
desta de fiscalizar a qualidade do ensino oferecido. É
uma descentralização e um avanço em termos de
concepção. Assim, temos que deixar claro que não há
um poder absoluto da União com relação a educação.
Todas as esferas do poder público têm a sua
contribuição e responsabilidade claramente definida.
O artigo 8 da LDB estabelece:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão, EM REGIME DE COLABORAÇÃO,
os respectivos sistemas de ensino.
:: Funções normativa, redistribuitiva e supletiva:
A função NORMATIVA não
carece de grandes explicações, pois esta se refere a competência de legislar, de estabelecer normas etc. As funções REDISTRIBUITIVA e supletiva se referem à questão do financiamento da educação. A função redistribuitiva corresponde aos repasses financeiros das diversas esferas entre elas para a educação e a função SUPLETIVA implica na suplementação de recursos. O FUNDEF, e agora o FUNDEB tem o propósito de financiar a educação básica, e logicamente tais funções irão garantir a execução das metas previstas.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 17
§ 1º Caberá à União a coordenação da política
nacional de educação, articulando os diferentes níveis e
sistemas e exercendo função NORMATIVA,
REDISTRIBUTIVA e SUPLETIVA em relação as demais
instâncias educacionais.
§ 2º Os sistemas de ensino terão a liberdade de
organização nos termos desta lei.
O sistema estadual de ensino deve ”assegurar o
ensino fundamental e, oferecer, com prioridade, o
ensino médio” (artigo 10 – inciso VI), enquanto o
sistema municipal tem como atribuição“oferecer a
educação infantil e, com prioridade, o ensino
fundamental” (artigo 11- inciso V)
Os artigos da LDB que definem as atribuições
dos três sistemas são:
ARTIGO 16: O SISTEMA FEDERAL de ensino
compreende:
I. As instituições de ensino mantidas pela
União;
II. As instituições de educação superior criadas e
mantidas pela iniciativa privada;
III. Os órgãos federais de educação.
ARTIGO 17: Os SISTEMAS DE ENSINO DOS
ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL compreendem:
I. As instituições de ensino mantidas,
respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo
Distrito Federal;
II. As instituições de educação superior mantida
pelo Poder Público municipal;
III. As instituições de ensino fundamental e
médio criadas e mantidas pela iniciativa privada;
IV. Os órgãos de educação estaduais e do Distrito
Federal, respectivamente. (...)
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 18
ARTIGO 18: Os SISTEMAS MUNICIPAIS de
ensino compreendem:
I. As instituições do ensino fundamental, médio
e educação infantil mantidas pelo Poder Público
municipal;
II. As instituições de educação infantil criadas e
mantidas pela iniciativa privada;
III. Os órgãos municipais de educação.
Cada sistema de ensino será composto por três
instâncias: as instituições de ensino, os órgãos
administrativos (ministérios, secretarias ou
departamentos de ensino dos diversos Poderes
Públicos), e os conselhos de educação (a grande parte
dos municípios não possui tais conselhos).
Meneses (2004) apresenta um quadro
interessante que resume a distribuição de
responsabilidade e facilita memorizar o que afirmamos
até aqui sobre sistema.
DISTRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE - Lei nº 9394/96
Níveis de
Ensino
Entidades Mantenedoras
União Estado Município Particular
Superior
Médio
Fundamental
Infantil
SIMBOLOGIA:
Abrangência do Sistema Federal de Ensino
Abrangência do Sistema Estadual de Ensino
Abrangência do Sistema Municipal de Ensino
Do exposto, a União, o Distrito Federal, os
Estados e os Municípios irão estabelecer, através da
legislação, as condições e normas de funcionamento
que os sistemas deverão obedecer. Assim, cada
sistema tem o seu próprio planejamento que,
automaticamente, influenciará na vida da escola.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 19
É importante deixar claro que a escola pública
dependerá do sistema a que tiver subordinado e terá
autonomia limitada. Do mesmo modo, as escolas
privadas estão subordinadas a entidades
mantenedoras, bem como a legislação do sistema a que
tiverem submetidas. A escola privada faz parte do
sistema que regula os níveis de cursos que oferece.
Fazendo analogia, uma escola de engenharia
não pode deixar de cumprir as diretrizes curriculares
estabelecidas pelo Sistema Federal de Ensino nos seus
cursos de engenharia, sob pena dos mesmos não terem
validade legal e serem reconhecidos pelo Conselho de
Engenharia.
Do mesmo modo, os cursos do Ensino
Fundamental ou do Ensino Médio terão que obedecer às
prescrições estabelecidas nos sistemas em que estão
subordinadas.
Em resumo, as políticas (diretrizes) e estratégias
estabelecidas no Planejamento do Sistema de Educação
devem ser seguidas pelos diversos componentes do
sistema.
Tipos de planejamentos
No item anterior conhecemos um tipo de
planejamento, ou seja, conhecemos o PLANEJAMENTO
DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO. Este planejamento
estabelece as metas e objetivos que o Poder Público
deseja que o sistema educacional alcance.
PLANEJAMENTO DA ESCOLA
No nível da escola, o primeiro tipo de
planejamento que aparece é o da própria escola. Este é
denominado de PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO, que
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 20
iremos conhecer a partir da próxima aula. A sua
importância é muito grande, pois representa como a
escola vai estar estruturada e deve funcionar.
Veja o ARTIGO 12 da LDB:
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de:
I. Elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II. Administrar seu pessoal e seus recursos
materiais e financeiros;
III. Assegurar o cumprimento dos dias letivos e
horas-aula estabelecidos;
IV. Velar pelo cumprimento do plano de trabalho
de cada docente;
V. Prover meios para a recuperação dos alunos
de menor rendimento;
VI. Articular-se com as famílias e a comunidade,
criando processos de integração da sociedade com a
escola;
VII. Informar os pais e responsáveis sobre a
freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre
a execução de sua proposta pedagógica.
Analisando este artigo, principalmente o inciso I,
constatamos que o legislador concede à escola,
independentemente de ser pública ou privada, o direito
de “elaborar e executar sua própria proposta
pedagógica”, e mais, o inciso IV determina que a escola
é responsável pelo acompanhamento do plano de
trabalho de cada docente.
Aí, você pode estar em dúvida e se
perguntando: que poder tem o gestor (diretor) da
escola? Ele, desde que obedeça cegamente o sistema
de educação, fará o que desejar da escola. Negativo, o
legislador no inciso VI afirma: “articular-se com as
Importante
Os atos do Poder Público têm que ser constituídos pela LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE E PUBLICIDADE. Assim, a Lei ao criar o PPP busca dar autonomia a escola, mas ao mesmo tempo, tem que garantir a TRANSPARÊNCIA das administrações das escolas.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 21
famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola”. Na realidade se
cria a necessidade da escola ouvir e atender a sua
comunidade, e mais, esta como maior interessada
acompanhar e fiscalizar o cumprimento do projeto
político-pedagógico.
Mas, a Lei não esqueceu do principal agente da
escola, os DOCENTES, e no artigo 13 – definidor das
incumbências dos docentes – estabeleceu no seu inciso
I: “participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino”. Aí, caro aluno você não
pode fugir da sua responsabilidade e deve participar de
todas as formas da elaboração e do acompanhamento
da execução do Projeto Político-Pedagógico.
Do exposto, o Projeto Político-Pedagógico deve
ser elaborado com a participação da comunidade, dos
docentes, dos profissionais da educação e da parte
administrativa da escola.
O Projeto Político-Pedagógico tem que conter
todos os instrumentos para atender as dimensões
POLÍTICAS, TÉCNICAS-PEDAGÓGICAS E
ADMINISTRATIVAS.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, PLANEJAMENTO
DA QUALIDADE TOTAL E O PLANEJAMENTO
PARTICIPATIVO.
Vimos no primeiro momento o que é um
Planejamento do Sistema de Educação, passamos para
o Planejamento da Escola com o seu grande “produto”
que é o Projeto Político-Pedagógico, e agora, vamos
falar de três conhecidos planejamentos: o Estratégico,
o da Qualidade Total e o Participativo.
Importante
A razão deste módulo tocar na gestão escolar e em seu tipo de planejamento, é motivado pela determinação da LDB do docente participar do PLANEJAMENTO DA ESCOLA.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 22
Historicamente, o PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO EDUCACIONAL foi o primeiro a aparecer
e era elaborado por técnicos especializados. Segundo,
COOMBS (1970 apud Parente, 2003), este surgimento
foi na União Soviética, na década de 20 do Século XX.
Ele fazia parte dos primeiros planos qüinqüenais de
desenvolvimento elaborados pelo governo comunista.
Tais planejamentos estratégicos acabavam se tornando
peças do exercício autoritário da gestão escolar. Os
objetivos e metas eram determinados pelo Estado sem
discussão no meio escolar.
Com o tempo apareceu o PLANEJAMENTO
PARTICIPATIVO como opção e com a participação de
envolvidos no processo de planejar, que embora ainda
utilizassem técnicos em sua elaboração ocorria uma
democratização em substituição ao autoritarismo dos
modelos iniciais.
Logicamente, a chave da construção de um
Planejamento Estratégico democrático é ele ser um
Planejamento Participativo.
Finalmente, aparece a GESTÃO DA QUALIDADE
TOTAL (GQT) com os japoneses e junto com esta, o
Planejamento da Qualidade Total. Vários autores
chegam a apontar a necessidade das instituições
adotarem os dois tipos de planejamento. Entretanto, a
nosso ver só deve existir um único e que devem estar
incluídos no Planejamento da Escola, ou seja, no
Projeto Político-Pedagógico.
O Planejamento Estratégico, então, englobará o
Planejamento da Qualidade Total (GQT) se a instituição
adota este modelo de gestão e será participativo.
PLANEJAMENTO OPERACIONAL
A partir das políticas e estratégias definidas no
Planejamento Estratégico, é elaborado o Planejamento
Para pensar
Uma primeira condição para a existência de um planejamento democrático e participativo depende do diretor da escola (o nº1).
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 23
Operacional. Na verdade, o Planejamento Operacional
será dividido em:
Planejamento Setorial: ligado as atividades
administrativas ou técnicas-pedagógicas
(coordenação, secretaria, supervisão e
orientação escolar, etc.);
Planejamento Curricular (Plano de Curso);
Planejamento de Ensino-Aprendizagem (Plano
das Disciplinas);
Plano de Aula;
Projeto de Trabalho.
Estes planejamentos deverão ser discutidos e
desenvolvidos nas aulas seguintes.
COMPONENTES DE UM PLANO
Para a elaboração de um plano tem questões
que devem ser colocadas em cada atividade/tarefa de
modo que se tenha uma direção a ser seguida.
O QUE fazer?
ONDE fazer ?
POR QUEM?
POR QUÊ fazer?
PARA QUÊ?
COMO fazer?
QUANDO fazer?
QUEM é o responsável?
QUANTO custa?
Um modo fácil de estruturar um plano é
colocado em formato de tabela. Como exemplo, leia a
figura abaixo:
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 24
PLANEJAMENTO
Atividade: Satisfação dos pais e alunos com a Escola.
O QUE?
Definir um conjunto de informações e
dados a serem coletados dos pais e
alunos.
POR QUÊ? Medir a satisfação dos pais e alunos da
escola.
PARA QUÊ? Garantir a permanência de alunos na
escola.
QUEM?
(responsável) Diretor da escola.
ONDE?
(local) Sala de reunião.
COMO? Discussão e avaliação pelo corpo docente e
administrativo.
QUANDO?
(data ou período) 10/outubro/2006.
QUANTO CUSTA?
(valor da Atividade) R$ 2.500,00.
Figura 3: Exemplo do planejamento de uma atividade
Normalmente, em um plano, a disposição das
questões aparece na vertical, e não na horizontal como
no exemplo acima, pois permite melhor visualização e
facilidade de construção. Veja um modelo abaixo.
EXERCÍCIO 2
Agora, você vai imaginar uma atividade que conhece e
faça um planejamento para a sua execução. Assim
sendo, procure responder as perguntas abaixo da
atividade que conhece, compondo o Plano.
Figura 4: Modelo horizontal de planejamento
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 25
ATIVIDADE:
O QUE?
POR QUÊ?
PARA QUÊ?
QUEM? (responsável)
ONDE?
(local)
COMO?
QUANDO?
(data ou período)
QUANTO CUSTA?
(valor da atividade)
A definição das perguntas deve ser função do
plano que está sendo elaborado, pois não tem sentido
se planejar uma festa junina na escola e se colocar
todas estas perguntas para todas as atividades. Use o
bom senso, mas sempre pense e reflita sobre o PARA
QUÊ e o PORQUÊ fazer determinada atividade.
O que é gestão escolar?
A gestão escolar, segundo o MEC, em seu
“MANUAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ESCOLAR”,
deve ser autônoma e com a maior participação possível
da comunidade nos processos decisórios da escola. E
destaca para a “transformação da escola em verdadeira
organização de aprendizagem”:
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 26
Os princípios da visão compartilhada
dos fins da educação e da missão da
escola;
O trabalho em equipe, onde dirigentes,
técnicos, professores, pais e alunos
participem como verdadeiros
protagonistas do fazer e do gerir a
escola;
A formação e o desenvolvimento
permanente de competências
profissionais;
O fomento à inovação, à investigação
e ao espírito criativo.
E diz que:
A Gestão é um conjunto de ações, relacionadas
entre si, empreendidas pela Direção de uma Escola,
com a participação de toda a comunidade escolar, para
promover e possibilitar o alcance dos objetivos
pedagógicos, cujo foco está na aprendizagem e na
formação global dos estudantes.
E aponta para três ações básicas a serem
praticadas na Gestão Escolar:
Formação de equipes de trabalho, com
o envolvimento de professores, alunos
e comunidade;
Criação de estruturas formais e de
conselhos educacionais para viabilizar
a participação da comunidade;
Implantação do processo de
Planejamento Estratégico Escolar.
Considerando a História do Brasil e a própria
formação do povo brasileiro, este modelo de Gestão
Escolar é muito difícil de ser implantado devido:
À prevalência de padrões discriminatórios,
herdados da sociedade escravocrata;
À gestão escolar impactada a cada quatro
anos por mudanças nas políticas
educacionais, onde o planejamento dos
Sistemas de Ensino são alterados e por seu
turno as prioridades;
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 27
Ao autoritarismo, não só dos dirigentes, mas
também dos próprios professores com seus
alunos e pais;
À incapacidade de ouvir e analisar as críticas
apresentadas;
À falta de reflexão;
Ao afastamento entre escola-comunidade;
À expectativa que o governo irá estabelecer o
que a escola deve realizar;
À desvalorização do profissional da educação,
e por isto fica-se sem condições de cobrar a
contrapartida de sua atualização e
aperfeiçoamento;
À omissão dos stacksholders (interessados)
do processo educacional.
Na realidade, esta lista poderia ser bem maior.
Entretanto o propósito é apresentar a dificuldade de se
construir um planejamento dentro de padrões
democráticos para uma sociedade que não está
acostumada, principalmente quando se vive uma era na
qual a escola procura devolver o aluno “problemático”
aos pais, enquanto estes atribuem à escola a
responsabilidade educacional. Ambos esquecem que a
responsabilidade é dos dois, conforme o Artigo 2º da
Lei 9394/96 estabelece:
A educação, dever da família e do estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por afinidade o pleno
desenvolvimento do Educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Cabe ressaltar que a escola privada é autorizada
e avaliada pelo Estado em função direta da importância
da educação e da obrigação legal preconizada no artigo
citado.
:: Stackholders:
Interessados no negocio, ou seja, corpo docente, administradores, pais alunos investidores parceiros etc.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 28
O que significa planejar
Braga e Monteiro afirmam que Sêneca dizia:
Planejar é preciso, pois não há vento
favorável para quem não sabe para
onde quer ir.
(2005, p. 16)
Peter Drecker apud Braga e Monteiro (op.cit, p.
17) afirmava:
O planejamento não diz respeito a
decisões futuras, mas às implicações
futuras das decisões presentes.
Gandin dá as seguintes definições:
Planejar é transformar a realidade
numa direção escolhida.
Planejar é organizar a própria ação (de
grupo, sobretudo).
Planejar é implantar ‘um processo de
intervenção na própria realidade’.
Planejar é agir racionalmente.
Planejar é dar certeza e precisão à
própria ação.
Planejar é explicitar os fundamentos
da ação do grupo.
Planejar é pôr em ação um conjunto
de técnicas para racionalizar a ação.
Planejar é realizar conjunto orgânico
de ações, proposto para aproximar
uma realidade a um ideal.
Planejar é realizar o que é importante
(essencial) e, além disso, sobreviver...
se isso for essencial (importante).
(1999 b, p.19,20)
Menegolla e Sant Anna apontam as seguintes
definições:
Planejamento não é um oráculo
inspirador de todas as soluções...; e,
Planejamento não é uma fórmula
mágica para todos os problemas.
(1993)
Dica do professor
CONVENCIMENTO Peter Senge desenvolve em sua obra “A QUINTA DISCIPLINA” a importância de preparar o pessoal para as mudanças. Trata-se da necessidade de sensibilizar e conscientizar os diversos membros da equipe de trabalho. Assim, as pessoas estando consciente serão mais responsáveis, e com isto, aumentarão a sua participação, e convencidas dos valores estabelecidos, contribuirão para alcançar os
resultados desejados. Este trabalho de sensibilizar e conscientizar é desenvolvido em PROGRAMAS EDUCACIONAIS, bem antes de se desejar promover mudanças.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 29
Luck define planejamento como:
Processo de estruturação e
organização da ação intencional, é
realizado mediante:
Análise de informações relevante do
presente e do passado, objetivando,
principalmente, o estabelecimento de
necessidades a serem atingidas;
Estabelecimento de estados e
situações futuros, desejados;
Previsão de condições necessárias ao
estabelecimento desses estados e
situações;
Escolha de uma linha de ação capaz de
produzir os resultados desejados, de
forma a maximizar os meios e
recursos disponíveis para alcançá-los.
(1999)
Sintetizando as idéias, podemos constatar que
existe uma ação consciente responsável pela
construção do processo de planejamento, trata-se da
INTENCIONALIDADE.
Vá a definição de Luck e verifique que ela
expressa ...ação intencional... e Vasconcellos (1999,
p.11) destaca tal fato como a necessidade do próprio
papel da reflexão.
Obviamente, a intenção é fundamental para se
construir um planejamento que vise manter a situação
atual (“status quo”), ou mudar e transformar a
educação. A mudança ou a transformação de um
processo educacional passa por duas dimensões:
CONVENCIMENTO e INTERVENÇÃO
(Vasconcellos,op.cit., p.12).
O CONVENCIMENTO implica na ação da
liderança sobre sua equipe de trabalho, no sentido de
alinhar os interesses individuais com os interesses da
organização, em prol de se atingir os objetivos
traçados.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 30
A INTERVENÇÃO corresponde à ação de buscar
um caminho viável para se atingir os objetivos
traçados.
A MISSÃO é institucional, da organização, ou
seja, da escola. Uma boa missão deve conter
explicitamente: “para que ela existe, sua razão de ser,
a necessidade que ela atende na sociedade e o que lhe
confere identidade” (Parente, 2003,p.88).
Diante desta postura temos uma DIMENSÃO
importante para o processo educacional, a POLÍTICA.
Assim, o processo de planejamento começa com a
definição da política a ser adotada. É importante
destacar que política está aqui no sentido de organizar
a escola, estabelecer os objetivos que permitirão
estruturar a escola, e por fim garantir a gestão para o
cumprimento da missão estabelecida.
Estando voltada para a ação, a política congrega
vontades em tornos de objetivos, gera consensos,
suportes da ação gerencial, destinando os meios para
os diversos setores da escola, definindo orientações
para os mesmos em função de visão a ser alcançada.
Na verdade, o planejamento, segundo Gandin
(1999b, p. 36) possui dois níveis: POLÍTICO e
OPERACIONAL.
E ele coloca que o nível POLÍTICO se nutre na
ideologia, na filosofia, nas ciências, enquanto o nível
OPERACIONAL baseia-se na técnica.
O nível POLÍTICO apresenta questões do tipo:
“para quem”, “para quê”, “o quê” mais abrangente,
amplo, ou seja, ele é direcionado para os FINS da
organização. Este nível é conhecido como
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, e ele tem o foco no
futuro da própria organização.
Importante
Existe outra dimensão fundamental para o processo de planejamento, que não podemos esquecer, trata-se da dimensão TÉCNICA-PEDAGÓGICA.
Dica do professor
Infelizmente em português não existem duas expressões para significar a palavra POLÌTICA como ocorre no inglês. Lá, temos: 1. Policy que corresponde ao plano de ação; e, 2. Politics que corresponde à política partidária. Aqui, vamos trabalhar essencialmente com a primeira, ou seja, com planos de ações para administração / gerenciamento.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 31
O nível OPERACIONAL está focado na
administração do dia a dia, ou seja, no cotidiano. A
partir das diretrizes estabelecidas no primeiro
planejamento (o político), o planejamento
OPERACIONAL deve estabelecer “COMO” as ações
ocorrerão na escola.
As questões básicas desse nível de
planejamento são: “O que”, “Como”, “Com o que”,
“Quem é o responsável” e “Quando será executado”.
Neste tipo de planejamento estamos buscando os
MEIOS para as ações acontecerem.
Quando falamos em mudança e transformação
na EDUCAÇÃO, estaremos falando em mudança de
política. Voltaremos a este assunto mais para frente.
EXERCÍCIO 3
Considere os dois níveis de planejamento (político e
operacional). Agora, em função das atividades/tarefas
abaixo relacionadas no quadro, procure identificar quais
são de natureza política (estratégica) e quais são
operacionais.
ATIVIDADES / TAREFAS PLANEJAMENTO
1. Enviar um ofício aos comerciantes locais,
solicitando ajuda para a semana da criança.
2. Estruturar as equipes da gincana do dia da
Pátria.
3. Buscar a participação da comunidade nas
decisões que os afetam na escola.
4. Listar as necessidades para a montagem do
palanque da Festa de Aniversário do Colégio
5. Criar um sistema de avaliação da satisfação
dos pais e alunos
6. Abrir espaços para a participação dos alunos
7. Acompanhar a divulgação do Aniversário do
Colégio
8. Capacitar os professores para trabalhar com
projetos
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 32
9. Providenciar a filmagem do evento.
10. Privilegiar investimentos em cursos de
curta duração ou livres, de modo que tenham
retorno rápido, sem deixar de ter visão a
médio e longo prazo.
Porque não gostamos de planejar?
Inicialmente, um dos fatores que contribuíram, e
ainda contribuem para que as pessoas se afastem do
processo de planejamento é a imposição.
Historicamente, as diversas lideranças autoritárias
determinaram os planejamentos sem nenhuma
participação dos envolvidos.
Baseado, no TAYLORISMO/FORDISMO, o
planejamento era executado por pequeno grupo de
planejadores, e a partir daí, por meio das lideranças
autoritárias eram impostos aos executores das
atividades/tarefas. Estados, empresas e organizações,
de um modo geral, funcionavam dessa maneira. A
escola não poderia ser diferente.
No Brasil, fruto inclusive das ditaduras que
atravessamos, temos o planejamento caracterizado
como uma ferramenta ditatorial, perdendo a sua
essência de servir como um caminho para as
transformações sociais, ou mesmo, para o
gerenciamento mais racional das atividades que
executamos.
Segundo Vasconcellos (op.cit.), um grupo de
professores tem as seguintes alegações para não
participar e acreditar em planejamentos:
A realidade é muito dinâmica;
Não há condições;
Não tem jeito mesmo;
Não é participativo;
Você sabia?
O Planejamento Educacional constitui um processo técnico de formulação e avaliação de políticas públicas em respostas as questões tais como: o que ensinar, para quem, como, onde, quando por quem, com que objetivo e a que custo (Parente, 2003, p.16). Commbs apud Parente (op.cit) afirma que tal planejamento aparece na década de 20 na União Soviética, quando esta incluiu a educação em seus Planos Qüinqüenais de Desenvolvimento.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 33
O processo não acontece;
A falta compromisso dos envolvidos;
A limitação do trabalho; e
É muito complicado.
Obviamente, essas barreiras são comuns,
dificultando as mudanças, pois elas se tornam óbices
intransponíveis de serem vencidas sem participação
pela equipe da escola. Na realidade, estes óbices
reforçam a manutenção do “status quo”, ou seja,
ajudam à perpetuação de situações que só interessam
aos grupos hegemônicos que lucram com a situação.
No fundo encontramos um grande processo de
ALIENAÇÃO, onde o corpo docente se acostumou e se
acomodou com a situação, bem como é omisso, e não
tem nenhum interesse em participar.
Mudanças e necessidades de Planejar
Vamos recorrer a Gandin (1999a), quando ele
apresenta a justificativa para o Planejamento
Educacional.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 34
Ele apresenta, inicialmente, três tipos de
pensamentos:
1º TIPO - Vamos denominar de INGÊNUO. Ele
parte do princípio que basta simplesmente a escola ser
bem conduzida para que exista um bom andamento
social. O país se desenvolver e existir um Estado de
bem estar social.
Gandin define (p.14) como “BOA SOCIEDADE”
nesta linha de pensamento:
...uma boa sociedade é aquela em que
a harmonia esteja presente a custo de
qualquer outro valor e na qual o
conflito não apareça sob forma
alguma. São, em geral, pessoas
conservadoras, aliadas a muitos
professores que buscam o significado
de seu trabalho na integração (!) dos
jovens aos valores sociais mais
salientes (do ponto de vista do senso
comum ou da ideologia). Acreditam na
desigualdade entre as pessoas:
sempre haverá pobres e ricos,
ignorantes e sábios, chefes e súditos...
e isto faz parte da natureza humana.
Em outro trecho, Gandin vai salientar que não se
deve questionar a pirâmide social e que todos têm que
cumprir, responsavelmente com suas obrigações.
2º TIPO - É constituído por um grupo de pessoas
e docentes direcionados para que a relação escola-
sociedade tenha um critério com foco no
DESENVOLVIMENTO. Aqui, troca-se a harmonia e o
bom senso pelo desenvolvimento. A esta linha de
pensamento poderemos denominar de ECONOMISTAS.
A educação é vista pelo lado utilitalista e sob uma
análise custo - beneficio (Gandin, op.cit., p.14).
Gandin (idem, p.14) declara que este grupo
afirma:
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 35
A educação, a escola em particular,
direciona a sociedade porque educação
é investimento, porque a sociedade
cresce, desenvolve-se na proporção
direta do investimento da educação.
Aqui, a escola está direcionada para a formação
da mão-de-obra e é direta para o mercado de trabalho.
A qualificação do estudante deve ser constituída
APENAS do essencial para o exercício da sua ocupação
profissional. Prevalece à racionalização e as relações
custo-benefício para todo o processo educacional.
No início dos anos 60 do Século XX, Theodore
Schultz, da Universidade de Chicago, desenvolveu a
Teoria do Capital Humano que, inclusive, lhe valeu o
Prêmio Nobel de Economia de 1979.
A Teoria do Capital Humano, apresentada por
Schultz, acenava que o investimento em educação
promovia retorno com maiores rendimentos futuros no
mercado de trabalho. Tal vantagem ocorreria também
para as empresas devido a maior competência
profissional do trabalhador.
Gary Becker, também da Universidade de
Chicago e Prêmio Nobel de Economia, evoluiu a teoria
com estudos da importância do treinamento na vida do
trabalhador. O treinamento permite a especialização
em função da necessidade da empresa, e com isto a
mão-de-obra de cada empresa se torna mais produtiva
e rentável para ambas as partes. Ele, inclusive defendia
o treinamento pela empresa como evolução profissional
do trabalhador, pois empresa e trabalhador crescem
juntos tendo maiores lucros.
Jacob Mincer irá desenvolver uma equação em
que busca provar uma relação direta entre a renda da
pessoa, a escolaridade e a experiência. Estes fatores –
escolaridade e experiência – promovem um profissional
mais produtivo no trabalho.
Dica de leitura
Se alguém desejar se desenvolver na vertente dos economistas e nas políticas educacionais vigentes, sugerimos a obra: “A IGNORÂNCIA CUSTA UM MUNDO: O VALOR DA EDUCAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO BRASIL” de Gustavo Ioschpe da
Editora Francis de São Paulo.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 36
As idéias de Theodore Schultz, Gary Becker e
Jacob Mincer completam a Teoria do Capital Humano
como um todo.
Você, aluno deve estar se perguntando: porque
tenho que estudar ou conhecer uma teoria surgida na
década de 60/70 do século passado?
A resposta é simples, tendo em vista que a
Teoria do Capital Humano representa uma linha de
pensamento que possui, nos dias atuais, grande
influencia na Educação, e é importante que você
conheça. Por isso, a sugestão de leitura da obra de
Gustavo Ioschpe.
E importante deixar claro que nem todos os
educadores vão concordar com tal modelo, por
exemplo, GAUDÊNCIO FRIGOTTO que em sua obra
intitulada “A PRODUTIVIDADE DA ESCOLA
IMPRODUTIVA” desenvolve toda uma pesquisa
procurando demonstrar o lado negativo da Teoria do
Capital Humano. Ele diz:
Contrariamente à (...) aos teóricos do
capital humano, que reduzem trabalho
a emprego, ocupação remunerada,
focalizamos o trabalho, enquanto uma
relação social que expressa a forma
pela qual os homens produzem sua
existência, como elemento de unidade
do técnico e do político, do teórico e do
pratico, no processo produtivo.
(1999, p.28)
Logicamente, a apresentação da teoria e de sua
discussão, não implica na necessidade de conhecimento
profundo por parte do aluno do assunto, mas é
fundamental seu conhecimento, pois no futuro, você
pode estar discutindo na escola os objetivos do
processo ensino-aprendizagem, e será influenciado por
tais teorias.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 37
3º TIPO - A terceira linha de pensamento é
oposta as anteriores, tendo em vista que aqui a escola
é reflexo da sociedade, ou seja, “a escola é
simplesmente uma função da sociedade” (Gandin,
idem).
O autor diz que este pensamento é fruto da
reflexão dos sociólogos e que busca a igualdade social.
Em resumo, ele afirma que a transformação
social da sociedade existente só acontecerá com um
Projeto Pedagógico estruturado nesse objetivo
formulado pela sociedade. A Prática Pedagógica tem
que se desenvolver em função do Projeto Pedagógico, e
será esta pratica que permitirá a construção da
sociedade desejada. Para a transformação é
fundamental o crescimento da consciência critica.
(op.cit., p.18 e 19).
Do exposto, as mudanças são fundamentais
para a transformação e a inclusão social,
principalmente para permitir uma sociedade mais justa.
Entretanto, sem planejar não chegaremos a lugar
nenhum.
EXERCÍCIO 4
Uma escola irá elaborar o seu Projeto Político
Pedagógico. Você é responsável por dirigir a reunião
por ser o Diretor. Assim, você deve optar por um
planejamento de que tipo:
( A ) Operacional e participativo.
( B ) Participativo, mas sem ser político.
( C ) Não participativo e estratégico.
( D ) Não participativo e operacional.
( E ) Estratégico e participativo.
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 38
Procure justificar:
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
EXERCÍCIO 5
O Planejamento Operacional pode ser dividido em:
( A ) Plano Estratégico, Plano de Aula e Plano de
Disciplina.
( B ) Plano de Curso, Plano de Disciplina e Plano de
Aula.
( C ) Projeto Político Pedagógico, Plano de Curso e
Plano de Aula.
( D ) Projeto Político Pedagógico, Plano de Disciplina e
Plano de Aula.
( E ) Projeto Político Pedagógico, Plano de Curso e
plano de Disciplina.
RESUMO
Vimos até agora:
Que a conceituação de planejamento e a sua
importância permitiram que fosse visto o
planejamento como um mapa de vôo, onde o
responsável por uma atividade estabelece o
caminho a seguir para alcançar um objetivo;
O significado e a constituição do Sistema
Nacional de Educação, ou seja, como ele
funciona, a sua divisão por nível
administrativo do estado brasileiro e a
integração entre eles;
Aula 1 | Os níveis e a importância do planejamento. 39
Identificamos os tipos de planejamentos: o da
Escola; o Estratégico; o de Qualidade Total; o
Participativo e o Operacional, bem como os
componentes de um Plano;
A importância do Planejamento para a Gestão
da Escola, onde pudemos ter a oportunidade
do conhecer o que é a gestão da escola e a
importância do planejamento para a
realização de uma boa gestão;
O desinteresse das pessoas em participar do
processo de planejamento, ou seja, os
envolvidos apresentam várias desculpas para
não participar por não acreditar e depois
esperam mudanças que nunca vão acontecer;
O significado e a necessidade de planejar
procurando promover mudanças.
O processo e elementos essenciais
do planejamento
Antonio Fernando Vieira Ney
AU
LA
2
Ap
res
en
taç
ão
Esta aula permitirá ao aluno que comece a entender o processo de
planejamento. A ver como os planejamentos são construídos e
quais são as suas características, bem como os princípios, valores
e crenças que o processo deve seguir.
Teremos a oportunidade de conhecer e aprender conceitos
importantes que estão intimamente ligados a elaboração,
monitoramento e controle dos diversos planos e projetos.
Não pense que os conceitos aqui apresentados não têm aplicação
e são palavras teóricas, bonitas em discursos, mas sem nenhuma
ação. Veja, principalmente, os conceitos dimensionais como uma
lição de vida, pois procure usá-las no seu cotidiano como
procedimento, e não tenha dúvidas.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Identificar quais são as características da atividade de planejar;
Conhecer as diferenças entre planejamento, projeto e plano;
Identificar o papel da liderança a luz do instrumento
planejador: seus efeitos e causas;
Conhecer conceitos de democracia;
Conhecer o que é descentralização e desconcentração;
Conhecer dimensões que facilitam a elaboração das atividades
de planejamento;
Conhecer alguns conceitos básicos sobre Monitoramento;
Conhecer o significado de Indicadores de Desempenho;
Entender a aplicação dos Indicadores de Desempenho;
Conhecer o significado de Eficiência, Eficácia e Efetividade; e
Conhecer as dimensões da Qualidade.
Aula 2 |O Processo e elementos essenciais do planejamento 42
Características da atividade de planejar
DIFERENÇAS ENTRE PLANEJAMENTO, PROJETO E
PLANO
Uma dúvida que deve estar ocorrendo, refere-se
à diferença entre o que seja PLANEJAMENTO, PROJETO
e PLANO. Assim, para facilitar o entendimento, temos:
Em primeiro lugar, citar que o PLANEJAMENTO
corresponde ao PROCESSO que compreende todas as
atividades e tarefas que são desenvolvidas para
determinação das necessidades e da definição das
ações correlacionadas.
O PROJETO e o PLANO irão materializar este
processo de planejamento; na verdade, o PROJETO e o
PLANO são os produtos gerados pelo processo.
O PROJETO aparece no sentido mais amplo,
enquanto o PLANO tem o propósito de apontar o
caminho definido para uma ação que envolve
normalmente um problema ou evento importante.
Um exemplo simples, o PROJETO POLÍTICO-
PEDAGÓGICO corresponde ao planejamento da escola
como um todo. Nele devera estar o Planejamento
Estratégico e o Planejamento Operacional da escola.
O PLANO deve ser trabalhado no sentido de
eventos do tipo: festa junina, dia da pátria,
inauguração do ginásio da escola etc.
Caro aluno, é importante ser entendido que o
processo de planejamento é fundamental, e que este
deve ser representado por um documento que indique
a realidade do processo. Qualquer evento merece ter
um plano, pois ali são registradas todas as atividades e
tarefas, bem como as metas e objetivo.
Características da atividade de planejar 42 Desenvolvimento do conceito de planejamento 44 Utopia e democracia 47 Tipos de democracia 52 Avaliação dos tipos 58 Dimensões para o Trabalho de Planejamento 68 Desempenho: Metas, Indicadores, Eficiência e Eficácia 76 Dimensões da qualidade 82
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 43
Chamamos a atenção para as seguintes
dificuldades que Gandin (op.cit.) afirma como
prejudicial ao processo de planejamento:
A própria existência de um planejador;
Pensar o planejamento como fosse a
fabricação de planos; e
O fato do planejamento apontar para a
transformação.
A PRESENÇA DE TÉCNICOS (PLANEJADOR) EM
PLANEJAMENTOS costuma levar a equipe a esperar por
soluções dele, o que acaba prejudicando a construção
participativa e inibindo as participações. O processo
termina comprometido, também pelo aspecto que a
abordagem acaba omitindo ações.
A idéia de que o PROCESSO DE PLANEJAMENTO
É PARA FABRICAR PLANOS, acaba comprometendo o
processo, pois cria a ansiedade de se elaborar logo o
documento, suprimindo passos importantes e
“agilizando” o trabalho. As metas ficam
comprometidas, pois não existe um processo de
planejamento, e sim, a construção de planos.
A idéia do PLANEJAMENTO ser
TRANSFORMADOR acaba conduzindo os participantes a
exagerar nas idéias inovadoras, e estas, muitas vezes,
necessitam de um processo histórico e evolutivo para
acontecer. Ocorre a busca desenfreada pela por
transformações.
O PAPEL DA LIDERANÇA E O INSTRUMENTO
PLANEJADOR
Gandin, em sua obra “A Prática do Planejamento
Participativo” faz uma abordagem a respeito do papel
do administrador neste processo. Ele diz:
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 44
...a administração é uma tarefa
específica para qual se requer
determinada preparação, que deve ser
exercida por determinadas pessoas
(eleitas ou consensualmente
designadas) para centrar participação
no planejamento operacional. Quanto
ao planejamento político, cabe ao
administrador participar como
qualquer outro e desempenhar uma
tarefa específica: coordenar o processo
político para que no centro do
planejamento político esteja o povo.
(1999, p.38)
A conceituação de Gandin é muito importante
quando se verifica na prática a construção do
Planejamento Estratégico (Projeto Político Pedagógico)
no qual o Gestor participa, mas não impõe a sua
vontade, confundindo os papéis de administrador e de
coordenador do processo do planejamento político
(estratégico). Um fato a ser destacado corresponde à
manipulação do Gestor, que muitas vezes utiliza o
poder para induzir a comunidade a seus interesses ou
convicções pessoais.
O papel do administrador é ligado à operação e
ao funcionamento da escola. O trabalho do Gestor,
nesta situação, é imprescindível. O Planejamento
Operacional deve ser liderado pelo Gestor, pois cabe
conduzir processo de realização dos diversos programas
estabelecidos na risca.
Em resumo, no Planejamento Político
(Estratégico), ele deve ser um participante igual a
qualquer um outro (democrático), pois esta sendo
discutido a própria sobrevivência da escola.
Desenvolvimento do conceito de
planejamento
Gandin (1999a) apresenta o esquema abaixo:
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 45
Este esquema serve para Gandin expor que a
“SOCIEDADE DESEJADA” só será alcançada, conforme
nossos sonhos e metas, se e somente se, criarmos um
PROJETO EDUCATIVO NOVO capaz de desenvolver
PRÁTICAS TRANSFORMADORAS, que promovam as
transformações sociais. Trata-se de uma construção
inovadora, crítica e dinâmica.
A crítica serve para se construir e avaliar
continuamente se estamos seguindo na direção correta,
enquanto a dinâmica é responsável pela evolução.
Um dos maiores erros que encontramos em
alguns planejamentos bem sucedidos implica no
problema da continuidade. A continuidade e a
eternidade de determinadas idéias correspondem a
retornarmos a um processo continuamente reprodutor.
Ou seja, voltamos à reprodução conservadora, ingênua
e estática.
Ingênua porque acredita que a fórmula
inicialmente bem sucedida se repetirá sempre. Um
ditado que marca esta ingenuidade, é aquele que diz:
“o time que está vencendo não se mexe”. A estática
vem a reboque, pelo simples fato que não se deve
mexer em quem está ganhando.
Queremos deixar claro, conforme vimos
anteriormente, que não vamos ser ingênuo de acreditar
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 46
que a educação por si só irá transformar a sociedade.
Para que isto aconteça, é imprescindível que a
sociedade tenha este anseio. Ou seja, a educação é
uma condição necessária, mas não o é suficiente, pois a
sociedade tem que possuir vontade, política, ação e
poder para agir. A teoria e a prática têm que ser uma
única unidade.
Vasconcellos (1999) ao abordar “O Planejamento
como Método da Práxis Pedagógica” destaca a
necessidade do planejamento para realizar a
transformação citada por Gandin. Para isto, ele aponta
como fator fundamental para a existência do próprio
planejamento a necessidade de mudar. Entretanto, ele
deixa claro que o educador é o sujeito da
transformação, pois se tal agente não se colocar na
posição de mudar a realidade, ele apenas reproduzirá o
existente. Assim, ele afirma: “O planejamento só tem
sentido se o sujeito coloca-se numa perspectiva de
mudança” (p.38). E complementa: “Planejamento ser
necessidade do professor” (p.41).
Vasconcellos (op. cit., p.40) afirma que para se
FAZER algo, o agente transformador (educador)
obrigatoriamente terá que QUERER e ter PODER para
realizar. Assim, estas duas condições “querer e poder”
se complementarão.
O QUERER é fruto da VONTADE e do DESEJO. A
VONTADE é um motivo consciente, enquanto o DESEJO
é inconsciente. O querer representa efetivamente a
necessidade (Vasconcellos, idem).
O poder tem duas dimensões básicas: SABER e
TER. O saber se caracterizará pelo conhecimento (saber
propriamente dito), o SABER FAZER e o SABER SER
(Vasconcellos, idem).
Dica do professor
Caro aluno (a), quando falamos em transformação e mudanças na educação, estamos sonhando com uma nova realidade para o Brasil.
Dica do professor
Esta idéia de Vasconcellos do planejamento só tem sentido numa perspectiva transformadora, não significa que não devemos planejar
para a manutenção de uma realidade ou de uma determinada situação. Sempre devemos planejar nossas atividades.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 47
O poder tem duas dimensões básicas: SABER e
TER. O saber se caracterizará pelo conhecimento (saber
propriamente dito), o SABER FAZER e o SABER SER
(Vasconcellos, idem).
Este exercício ao apresentar os quatro pilares da
Unesco para educação (Aprender a aprender, Aprender
a Saber, Aprender a Fazer e Aprender a Ser) destaca,
na verdade, a necessidade da educação de formar um
homem integral e crítico. Porque integral e crítico?
INTEGRAL porque estaremos formando um
homem para o exercício da cidadania, capaz de ser
crítico, de ter conhecimento, de saber realizar (o fazer
consciente) e de ter atitudes, ou seja, não estaremos
formando um alienado em termos pessoal e da visão da
sociedade em que está inserido.
Utopia e Democracia
UTOPIA
Michael Löwy conceitua utopia no seu sentido
mais amplo e mais “neutro”, de acordo com a
etimologia grega da palavra ou topos (em parte
alguma). E diz para pensamento utópico:
...é o que aspira a um estado não-
existente das relações sociais, o que
lhe dá, ao menos potencialmente, um
caráter crítico, subversivo ou mesmo
explosivo. O sentido estreito e
pejorativo do termo (utopia: sonho
imaginário e irrealizável) nos parece
inoperante, uma vez que apenas o
futuro permite que se saiba qual
aspiração será realizável ou
“irrealizável”.
(2000: 12)
Löwy apresenta a seguinte conceituação,
elaborada por Karl Marx, para “ideologia” em sua obra:
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 48
...a ideologia é uma forma de falsa
consciência correspondendo a
interesses de classes: mais
precisamente, ela designa o conjunto
das idéias especulativas e ilusórias
(socialmente determinadas) que os
homens formam da realidade, através
da moral, da religião, da metafísica,
dos sistemas filosóficos das doutrinas
políticas e econômica.
(Idem, p.10)
E outro autor afirma:
Quanto ao conceito de “falsa
consciência”, este nos parece
inadequado porque as ideologias e as
utopias contêm, não apenas as
orientações cognitivas, mas também
um conjunto articulado de valores
culturais, éticos e estéticos que não
substituem categorias do falso e do
verdadeiro.
(Ibid, p.12)
E aproveitando ainda a obra de Löwy, destaca-
se “a visão de mundo”, quando ele diz:
...trata-se da visão de mundo social,
isto é, de um conjunto relativamente
coerente de idéias sobre o homem, a
sociedade, a história e sua relação com
a natureza...
E acrescenta:
...esta visão de mundo está ligada a
certas posições sociais (...), isto é, aos
interesses e à situação de certos
grupos e classes sociais.
(Ibid, p.13)
A idéia de visão de mundo passa pela
necessidade de ser, possuir do contexto em que
estamos inseridos o conhecimento da nossa realidade.
Estas definições são importantes para os
estudos referentes ao Planejamento, tendo em vista
que o trabalho executado para a elaboração do
:: Visão de mundo:
Conjunto coerente de idéias sobre o homem, a sociedade, a história e sua relação social com a sociedade e a natureza. Ela é constituída de acordo com a situação e interesses de grupos e classes sociais em que o indivíduo está identificado. Todos, nós temos uma.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 49
planejamento escolar terá que se basear em reflexões,
onde os participantes apresentando suas esperanças e
crenças, utilizarão seus sonhos (utopia) e sua ideologia
para estabelecimento do horizonte (visão de mundo) a
ser alcançado. O Planejamento tem que nascer com o
homem participando, sem neutralidade, expondo e
buscando seus sonhos, conforme Paulo Freire (2005)
afirma:
Ninguém pode estar no mundo, com o
mundo e com os outros de forma
neutra.
(Freire, 2005: 86)
A hierarquia de valores e crenças fundamenta
a sociedade existente. Esta, estando equilibrada,
buscará manter a realidade em que está constituída por
meio de práticas conservadoras, pois para as elites não
existirão interesses na existência de crises e na
mudança social. Assim sendo, a educação desenvolvida
e incentivada por esta sociedade terá características de
reprodução de modelos estabelecidos e até formação
dos homens tenderá a ser desprovida de crítica,
alienada, de modo que o sistema seja mantido
inalterado.
Logicamente, dentro do tecido social existem
várias ideologias e valores diferenciados que buscam
manter ou alterar a hierarquia de crenças e de valores
por meio de ações conservadoras ou inovadoras. A
sociedade que Gandin denominou de heterogênea é a
que existe no mundo.
Entretanto, cabe comentar o papel da Educação
neste cenário, pois ela (educação) poderá ser
conservadora e alienante ou transformadora e criativa,
dependendo da escolha da escola, independente do
sistema a que estiver ligado. É importante salientar que
a escolha de uma escola pela opção transformadora
não implica que o sistema educacional seja alterado.
:: Valores:
Significam princípios, normas ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduos, grupos, classes e sociedades etc. (Aurelio B. Hollanda). São padrões éticos que norteiam nossas vidas. (Teobaldo Miranda Santos).
:: Crenças:
São idéias, pensamentos dogmas etc que acreditamos.
Para pensar
O que isto tem a haver com a CULTURA?
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 50
Paulo Freire (2005) alerta para o fato quando diz:
O educador e a educadora críticos não
podem pensar que, a partir do curso
que coordenam ou do seminário que
lideram, podem transformar o país.
Mas podem demonstrar que é possível
mudar.
(Freire, 2005: 127)
DEMOCRACIA
A escola deve estar voltada para a democracia,
mas o que é democracia? Segundo J. Gimeno Sacristán
(1999):
Democracia é uma forma de governar
os assuntos humanos, baseada na
racionalidade, negando as formas de
governo fundamentadas na subtração
do poder de pensar e de querer ser
aquilo que considere a decisão
soberana de um povo.
E continua em outro parágrafo:
A democracia é um conjunto de
procedimentos para poder conviver
racionalmente, dotando de sentido
uma sociedade cujo destino é aberto,
porque acima do poder soberano do
povo não há nenhum outro poder. São
os cidadãos livres que determinam a si
mesmos como indivíduos e
coletivamente.
Logicamente, a educação aparece como fator
responsável pela manutenção e preservação da
democracia na sociedade. A sua contribuição para a
construção da democracia possui as seguintes
características essenciais para a formação do cidadão,
segundo Sacristán (op.cit):
...a criação do cidadão capaz,
autônomo, honesto, responsável e
solidário, sob orientação dos princípios
inseparáveis da liberdade, igualdade e
fraternidade ou da solidariedade.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 51
Esse é o tipo de homem livre que pode servir de
modelo para uma escola transformadora, pois se trata
de um cidadão.
E o autor cita cinco epígrafes que devem
constatar de um programa fundamental para a
construção da democracia pela educação:
...1) o acesso universal à educação a
liberdade, embora sem trair o princípio
de igualdade e a solidariedade;
2) os requisitos nos conteúdos de
ensino;
3) as exigências e os princípios que
devem ser seguidos pelas práticas
organizacionais e metodológicas;
4) as normas básicas a serem
respeitadas na relações humanas;
5) a estruturação e a comunicação da
escola e da vida interna da mesma
com a comunidade que cerca e com a
sociedade em geral.
(Sacristán, J., 1999)
Esta conceituação apresentada tem o propósito
de estabelecer para o aluno a importância que tem a
Educação e Democracia
A Educação é destacada por Gramsci (apud
Coutinho, 1996) como um aparelho privado de
hegemonia. Os APARELHOS PRIVADOS DE
HEGEMONIA constituem a base material da
Sociedade Civil e tem o propósito de consolidar a
hegemonia de determinada classe social. O leitor
não deve confundir tais aparelhos com os de
coerção do Estado para legalmente disciplinar a
sociedade. Para Gramsci, os aparelhos coercitivos
estatais pertence a Sociedade Política.
Já em Louis Althusser (2001), a educação seria um
APARELHO IDEOLÓGICO DE ESTADO. Althusser
afirma que existe uma relação umbilical entre o
Estado e os AIE, e que sua teoria nada tem a haver
com a de Gramsci. Entretanto, é fundamental se ter
a idéia da importância da educação na manutenção
e preservação da democracia, independente da
vertente determinada, pois neste segundo caso, o
Estado é que exerce tais funções.
Ao aluno interessado nessas teorias, sugerimos as duas obras citadas.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 52
educação para a democracia, pois esta só se mantém
quando os cidadãos possuem o perfil estabelecido e
têm a condição de refletir sobre suas vidas e sobre a
sociedade em termos individuais e coletivos.
Há de haver um alinhamento de objetivos, de
modo que cada um reconheça que seu direito termina
onde inicia o do seu semelhante.
Liberdade, igualdade e fraternidade só existirão
em conjunto numa sociedade justa e solidária,
composta por cidadãos e não por pessoas alienadas e
continuamente manipuladas.
Do exposto, é importante ressaltar o papel do
educador e o aspecto que a elaboração do
planejamento político tem na sua construção
(democracia). O Planejamento Político é a ferramenta
de transformação da realidade. A construção do
planejamento é da responsabilidade do educador e de
todos que estão envolvidos no processo da educação,
enquanto o Projeto Político-Pedagógico, produto deste
planejamento, representa a vontade todos
materialmente estabelecida. Entretanto, a omissão em
sua elaboração poderá levar a escola a rumos e
objetivos que facilitarão a possibilidade de manipulação
e manutenção de interesses individuais.
Tipos de democracia
A democracia é definida como o governo do
povo para o povo. Ao se abrir a Constituição Brasileira,
lá estará esta definição, e que complementa o que foi
visto até aqui. Entretanto, a democracia é um regime
que está fundamentado na liberdade e na participação
popular conforme a sua própria definição estabelece,
mas a prática democrática nem sempre ocorre
naturalmente.
Dica de leitura
A nossa disciplina obriga a discussão sobre Democracia, tendo em vista a importância do papel do Planejamento para as transformações sociais. Entretanto, a abordagem da Democracia tem que ser mínima, apenas o suficiente para despertar no aluno esta importância do tema (relação da democracia e transformações sociais). Caso, você deseje se aprofundar sugerimos: 1. BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. Editora Paz e Terra. 2. BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Editora Paz e Terra. 3. LOSURDO, Domenico.
Democracia e bonapartismo. Editora UNESP.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 53
Tomando-se a obra de Celso Vasconcellos
(1999) tem-se:
NÃO AO PROJETO
O professor NÃO deve se dedicar
intensa e sinceramente à elaboração
do projeto:...
- Se o projeto for feito apenas para
cumprir uma função burocrática, para
a coordenação, direção, secretaria
escolar ou supervisão de ensino. Neste
caso, ele pode ser feito de qualquer
jeito, pois não vai lido mesmo, sendo
um só papel a mais...
- Se perceber que sua proposta de
curso tem pouco a ver com a proposta
de outros companheiros da área – que
se fecham ao diálogo – e que a escola
se omite diante dessas diferenças, não
definindo, nem assumindo um Projeto
Político-Pedagógico. Neste caso terá
que avaliar as suas forças para ver se
consegue continuar na luta e se ela
vale a pena...
-Se o projeto for imposto pela escola,
cabendo ao professor apenas copiá-lo
e, quando muito fazer algumas
modificações apenas periféricas. Neste
caso, o melhor é elogiar o projeto da
escola, seguir outro em sala de aula,
enquanto vai procurando outro
emprego...
- se a função do professor for reduzida
à repetição de conteúdos
preestabelecidos, a “tomar conta” dos
alunos, não havendo mesmo
necessidade de planejar. Neste caso, o
professor pode simular um plano com
mil detalhes, para satisfazer a fantasia
da equipe diretiva de achar que pode
saber a cada instante onde está cada
professor enquanto vai preparando
suas malas...
-Se tem uma bola de cristal que diz
exatamente o que deve fazer em cada
situação. Neste caso, só é preciso
montar um esquema para nunca
esquecer de levá-lo para sala de aula.
(1999, p.132).
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 54
Do exposto, Vasconcellos mostra de uma forma
clara a situação vivida pelos professores em diversas
escolas pela ausência de democracia, caracterizando
várias situações autoritárias impostas pelo processo de
gestão escolar. Ele é enfático com o “não ao projeto”,
diz que o professor, neste estudo de coisa, não terá
meios de superar o contexto e, por isto, ele afirma o
não ao projeto.
Independente do planejamento para a sala de
aula, todas as demais ações administrativas que
acontecem nessas escolas deverão ser fundamentadas
nas características acima mencionadas por Vasconcellos
através de processos autoritários e centralizadores.
Os regimes e sistemas autoritários, além de
centralizadores, são geralmente burocráticos pela razão
da “segurança” da tomada de decisão.
Logicamente, existe a necessidade de ser
verificado que modelos de democracia têm sido
apregoados pelas correntes da democracia liberal e a
partir delas estabelecer como poderia ocorrer a
descentralização.
Macpherson (apud Uga,1991) apresenta a
seguinte classificação de modelos de democracia:
Democracia protetora;
Democracia elitista pluralista de equilíbrio;
Democracia desenvolvimentista participativa;
Democracia participativa.
DEMOCRACIA PROTETORA
Bentlam e James Hill conceberam este modelo
baseando-se no fato que a democracia deveria possuir
meios de proteger os governados da opressão de seus
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 55
governantes. Eles partem do pressuposto do bem-estar
social e que deve ser alcançado por todos dentro de um
estado utilitarista.
O sistema político deveria incentivar a sociedade
de mercado, embora procurando proteger os cidadãos
dos abusos gerados por esta política. É importante
salientar que este modelo de democracia que os
interesses de cada indivíduo na Sociedade são próprios,
individuais e estes prevalecem sobre os de caráter
coletivos. Por isto, os diversos indivíduos lutam pelo
poder para colocar sua vontade sobre a dos demais.
Macpherson alerta para o fato de maior valorização da
garantia da propriedade privada sobre o da igualdade.
É um regime no qual se prega o livre mercado e é
natural que os valores sociais são colocados em
segundo plano.
DEMOCRACIA ELITISTA PLURALISTA DE
EQUILÍBRIO
Este modelo de Schumpeter caracterizado pela
definição de democracia como um método político. Este
método pode ser demonstrado por uma analogia entre
o mercado econômico e o mercado político, onde os
políticos representam as empresas produtoras e os
eleitores representam consumidores. As lideranças são
eleitas pelos votos das pessoas dos diversos níveis. A
partir destas definições, a sociedade age de acordo com
a lei da oferta e da procura – mercado – ocorrendo o
equilíbrio pela vontade do eleitor (consumidor). Em
resumo, a política seria constituída e regida do mesmo
modo que a economia, valendo os mesmos princípios e
leis de mercado.
Macpherson chama a atenção para o equilíbrio
elitista pluralista pelos seguintes motivos:
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 56
A Sociedade é “pluralista” porque parte da
suposição de que a sociedade a que se deve
ajustar um sistema político democrático é
plural, isto é, uma sociedade consistindo de
indivíduos, cada um dos quais é impelido a
muita direções por seus muitos interesses,
ora associado com um grupo de
companheiros, ora com outro.
O sistema é “elitista” naquilo que atribui a
principal função no processo político a grupos
auto-escolhidos de dirigentes:
...isto é, o mecanismo de escolha se
dá através de competição entre grupos
de políticos (elites) escolhidos por si
mesmos, associados em partidos
políticos, por votos que legitimarão
para governar até as eleições
seguintes.
(Uga, 1991, p.90)
O controle do governo só ocorre nas eleições
periódicas e com a substituição do governante.
DEMOCRACIA DESENVOLVIMENTISTA
PARTICIPATIVA
John Stuart Mills elaborou um modelo onde o
sistema político democrático está fundamentado no
desenvolvimento humano que continuamente
melhoraria o sistema com o aperfeiçoamento do
desenvolvimento. O autor reconhecia as limitações do
sistema com relação às desigualdades econômica e
social, mas admitia que estas seriam corrigidas no
decorrer do tempo através da evolução ou do progresso
da competência pessoal e dos próprios ajustes do
modelo.
Ele estruturou o sistema em duas bases:
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 57
Participação direta dos indivíduos nas políticas
públicas;
Educação dos indivíduos para a vida pública.
O governo local é o nível ideal para a
participação e o exercício da participação política e é a
forma adequada de popularizar o regime em termos
democráticos.
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
A Democracia pressupõe a participação dos
cidadãos diretamente nas diversas instituições eles
constroem e consolidam as instituições democráticas.
A educação aparece aqui como imprescindível
para a própria existência do sistema participativo,
tendo em vista que os cidadãos devem ser formados
continuamente para esta participação. Como na
democracia desenvolvimentista, o nível local será um
espaço necessário para o desenvolvimento da
democracia participativa. As associações e as reuniões
de comunidade permitem que as pessoas desenvolvam
a democracia, pois estão perto das ações e de
verificarem o cumprimento das promessas de seus
eleitos.
Um dos problemas mais sérios vividos nos
processos democráticos refere-se ao poder econômico,
e sem a diminuição da desigualdade econômica
dificilmente uma democracia assentará com cuidado no
campo participativo.
Deste quadro, tira-se a conclusão de que a
reflexão do cidadão, após a mudança de consciência,
ficaria desestabilizada com a desigualdade social. A
qualidade de vida e o pensamento que a omissão
política tem custos elevados implicam uma postura
totalmente contrária à desigualdade social.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 58
Macpherson (apud Uga, op.cit.) propõe um
sistema piramidal com democracia direta na base e por
delegação nos níveis superiores. No vértice um
conselho com decisões democráticas. Ele aponta para a
responsabilização dos eleitos.
Neste tipo de democracia, como na anterior, não
é abordada a questão do poder “invisível” que na
realidade existe para defender e fazer valer a vontade
de grupos.
Avaliação dos tipos
Dos quatro tipos ou visões discutidas, não resta
dúvida que a Desenvolvimentistas e a Participativa,
com todos os seus pontos utópicos, apresentam as
melhores propostas para a transformação social por
considerarem o individuo como peça chave na
sociedade e na colocação da própria educação como
meio de mudar a realidade. A valorização do social
sobre as leis de mercado está presente.
DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
Obviamente, as duas trazem o poder local como
instrumento de aumento e de conscientização política
dos cidadãos. Entretanto, para iniciar um processo
político é fundamental a descentralização, já que este
tem condições de estabelecer o debate e a decisão
política no nível esperado (base). Os regimes
autoritários se caracterizam por centralizar as decisões
e por conseqüência burocratizar continuamente os
diversos processos.
Uga (1991) alerta para o fato de que os países
latino-americanos, por terem vivido vários regimes de
ditaduras, ligaram a descentralização à democracia,
como que existindo a primeira, naturalmente existirá a
:: Descentralização:
É a delegação de competência ocorrendo a transferência do poder decisório.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 59
outra. Desta idéia, a palavra “descentralização” passou
a representar sinônimo de liberdade, solidariedade,
igualdade e de democracia e, em conseqüência passou
a ser adotada nos discursos oficiais e de oposição por
causa de sua aceitação.
É interessante colocar que tal prática passou a
ser também adotada por lideranças autocráticas com o
propósito de faturar e manipular pessoas com um
discurso liberal, avançado e moderno. As lideranças ou
chefias autocráticas com essa prática atenuam ou
esvaziam pressões setoriais, mantendo-se distante do
problema, tendo em vista que eles transferem a crise
do topo onde estão para as bases, evitando o desgaste
do sistema. Nestes casos, a transferência é apenas do
problema, permanecendo a tomada de decisão com
eles. Deste modo, nasce um outro conceito que é o de
desconcentração. Esta prática domina as escolas, as
empresas e as organizações de um modo geral.
Uga identifica três características predominantes
para a centralização:
Expansão excessiva do Estado;
Reforço do autoritarismo;
Burocratização crescente.
Do exposto, pode ser concluído que os regimes
autoritários apresentarão sempre estas características
para assegurar o poder.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 60
EXERCÍCIO 1
Procure dizer com suas palavras as diferenças entre
descentralização e desconcentração.
Você é capaz de identificar onde trabalhas casos de
descentralização e de desconcentração?
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_______________________________________
_______________________________________
Uga aponta várias qualidades para a
DESCENTRALIZAÇÃO:
a) o fortalecimento das liberdades e
direitos políticos, e principalmente das
instituições representativas, que se dá
maios a níveis locais do que federais;
b) a viabilização mais fácil de
conversão das demandas sociais em
programas e serviços, tendo em vista
a redução, ao nível local, da distância
entre os cidadãos e os centros da
decisão; a descentralização não ser
uma ação isolada e sim um marco
para reforma; e que a transferência de
decisão implica na redefinição do
poder;
c) o maior controle social sobre
administração pública de nível local
através das instituições municipais em
que se dá a representação popular via
democratização do acesso às
informações;
d) o papel integrador das instituições
municipais na medida em que
apresentam as comunidades locais, ao
mesmo tempo que são elementos do
Estado;
e) a multiplicação dos núcleos do
poder político através dp
fortalecimento do poder local;
f) o aumento da eficácia das políticas
públicas na medida em que
descentralizar implica em reduzir o
corpo burocrático;
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 61
g) e, por fim, e principalmente, a
atenção as demandas crescentes de
participação através das instituições
representativas de nível municipal.
(1991, p. 97)
As qualidades apresentadas são fundamentais
para a efetivação do processo democrático e para maior
participação popular nas decisões e nos controles das
verbas públicas. Entretanto, conforme foi dito nas
definições de democracia, sem educação não haverá
progresso ou evolução deste processo.
A discussão entre DESCENTRALIZAÇÃO e
DESCONCENTRAÇÃO nasce, em primeiro lugar, pela
“confusão” entre os dois termos. Muitos autores
afirmam tratar-se de sinônimos, enquanto outros
alegam diferenças. Mas ao analisar o termo
DESCENTRALIZAÇÃO, verifica-se que ele traz por
definição não só a passagem da atividade ou tarefa
para outro nível da administração, mas também o
poder.
Ao se fazer efetivamente uma
DESCENTRALIZAÇÃO, altera-se a distribuição do poder
e este fato acarreta implicações nos interesses dos
grupos. O poder “invisível” ou as famosas forças ocultas
passam agir ou através de lobby, ou pela própria
mídia, procurando restabelecer as condições iniciais do
sistema. Esta talvez seja a maior razão para que muitos
governantes ou administradores não promovam a
DESCENTRALIZAÇÃO como deviam, principalmente
porque as forças de suas sustentações também não a
querem.
Desta análise, pode ser imaginado que as
confusões acima citadas são intencionais, pois a
DESCONCENTRAÇÃO representará a saída paliativa do
problema. Agrada-se aos subordinados ou ao povo com
uma pseuda descentralização.
:: Lobby:
A palavra LOBBY está no sentido de grupo de pressão.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 62
A DESCENTRALIZAÇÃO também não pode
ocorrer totalmente, pois existem situações em que é
fundamental a permanência da decisão na instância
superior. Um exemplo simples é o fato ocorrido no
Período Imperial do Brasil, quando foi passado para as
províncias da época a responsabilidade pela educação
fundamental (as primeiras letras) e estas não tinham
recursos para executá-las.
A DESCENTRALIZAÇÃO tem um caráter
essencialmente político e não ocorrerá por decreto, ela
terá que ser realizada conscientemente e politicamente
trabalhada. Ela envolve aspectos políticos,
administrativos e financeiros.
Pelo exposto, a DESCENTRALIZAÇÃO sugere
uma reforma no aparelho do Estado para sua
implantação, tendo em vista que para ser realizada, é
preciso ser definido e analisado como a
DESCENTRALIZAÇÃO será processada, o que será
transferido, como ficará a questão da competência e
das atribuições funcionais, ou seja, ele demanda uma
série de medidas e cuidados para a sua concretização,
sob pena do insucesso e do desgaste político.
Frederico Tobar (1991) alerta para o cuidado
dessas ações em virtude dos políticos usarem a
descentralização com várias conotações e sempre
procurando tirar vantagens, inclusive ele chega a
chamar a palavra DESCENTRALIZAÇÃO de “camaleão
político” e aponta para o seu uso GATOPARDISTA,
significando a utilização imprópria com o fim de
manipular as pessoas. Este autor destaca as seguintes
vantagens para a descentralização:
O papel do fortalecimento da esfera local;
O caráter político;
A descentralização não ser uma ação isolada
e sim um marco para a reforma;
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 63
E que a transferência da decisão implica a
redefinição de poder.
Estas hipóteses comuns segundo o autor,
servem como argumento para a exposição feita e para
justificar toda a parte introdutória.
Tobar coloca em seu trabalho uma acepção que
é a DESCONCENTRAÇÃO em servir de etapa inicial para
a DESCENTRALIZAÇÃO posterior. Neste caso, inclusive
respaldado nas próprias palavras do autor, o risco da
permanência e do reforço do sistema é muito grande,
pois uma DESCENTRALIZAÇÃO acarreta um processo
de ruptura que sempre será dificultado pelo grupo
hegemônico.
EXERCÍCIO 2
Você vai a uma secretaria da escola de seu filho
apanhar uma declaração que ele estuda na escola. O
secretário da Escola diz que você tem que retornar no
dia seguinte porque ele pode fazer a declaração, mas
somente o Diretor pode assinar.
Neste caso, o processo administrativo da escola parece
ser descentralizado ou desconcentrado? Justifique.
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ASPECTOS RELEVANTES PARA A
DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização ocorre obedecendo as
seguintes possibilidades:
:: Hegemonia:
A Hegemonia é um conceito que aponta para o fato que um determinado grupo ou classe social em um Estado assume o Poder e procura nele se manter por privilégio ou interesse próprio. Assim, um governante ou administrador (porque também ocorre em nível de empresa) ao descentralizar ou tentar gestão participativa pode estar contrariando os interesses do grupo hegemônico. Este grupo agirá sempre no sentido de manter hegemônico, agindo para eliminar
qualquer vantagem que pode oferecer vantagem a outra classe social.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 64
HORIZONTAL: correspondendo a possibilidade
de passagem de COMPETÊNCIAS entre
entidades de mesmo nível ou da
administração direta para a indireta;
VERTICAL: correspondendo a passagem das
competências entre os diversos níveis de
governo, por exemplo, da união para os
estados; e
ESTADO-SOCIEDADE: correspondendo a
“modernização” do Estado por políticas
neoliberais, onde a transferência será para as
sociedades privadas pelo aspecto
principalmente econômico.
Nas duas primeiras hipóteses, tem que ser
discutidas e aprovadas a questão do controle e a
questão dos recursos. A questão do controle é
destacada principalmente na primeira hipótese, onde as
funções são delegadas junto com os recursos para as
empresas públicas, autarquias e outros tipos de órgãos
da administração indireta, que fugindo ao controle
social e regido pelos princípios da administração
privada, acabam se constituindo em “fenômeno da
feudalização”, de acordo com Tobar.
A transferência de competências de um nível
superior para um nível inferior é realizada, mas não são
transferidos recursos necessários, o que inviabiliza o
processo.
A última hipótese está intimamente ligada à
discussão do público e privado. Aqui a descentralização
é colocada no aspecto de estratégia de redução dos
gastos públicos, ou seja, se o governo intervir na
sociedade , passando atividades que executa para o
empreendimento privado – naturalmente, “enxugando”
a máquina estatal – e com isto reduzindo os gastos
públicos, a população será beneficiada. Este
Importante
Cuidado, a palavra COMPETÊNCIA está no sentido das atribuições e funções que o
Estado tem que exercer.
Dica do professor
Caro aluno, o último parágrafo parece complicado, mas temos a esclarecer que um governo ao determinar a descentralização de um serviço ou atividade da administração direta para a indireta, está tirando da atividade ou serviço o controle social (rígido com relação a Administração Direta). Procure verificar o “porque” do crescimento de fundações, autarquias etc. em
todos os ministérios. Fatalmente, você encontrará respostas do tipo para agilizar o serviço, economizar, atender melhor o público e outras do gênero.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 65
pensamento neoliberal predominante no mundo
globalizado destaca também o fato de que a
administração privada é melhor do que a pública pela
eficácia e pela eficiência gerencial.
Esta superioridade está ligada a idéia de que o
administrador privado tem interesse direto com os
resultados e está voltado para o lucro pela própria
sobrevivência, o que não ocorre com o administrador
público que não tem esta sintonia, pois a coisa é
pública. O mercado – com a sua lei da oferta e da
procura – é melhor opção para o gerenciamento.
A corrente desta linha de ação da privatização
generalizada vê também os serviços sociais – como a
educação, a saúde – seriam melhorados com a
privatização pelos mesmos princípios alocados
anteriormente.
Ao aluno é importante ter em mente que, ao
apresentar o tema em discussão, o propósito é permitir
que seja pensado e refletido se este caminho é o
melhor ou não. Cada indivíduo tem seu senso, suas
experiências e muitas vezes age pela emoção, podendo
se arrepender a posterior, quando não muda sua
opinião. Entretanto, um especialista na área
educacional não deve agir pela opinião ou pela emoção.
Ele NÃO deve ser NEUTRO, ele tem que ser
crítico, conforme Paulo Freire já afirmava: “...a
superação e não ruptura se dá na medida em que a
curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade,
pelo contrário, continuando a ser curiosidade, se
criticiza. (1999, p.34), deve defender seus pontos de
vista, suas crenças e valores, mas deve, acima de tudo,
ter a honestidade de não ocultar as hipóteses de
solução para os problemas que possam vir, mesmo
contra seus interesses individuais.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 66
Finalmente, cabe comentar que descentralização
não implica automaticamente em
DESBUROCRATIZAÇÃO. Este último processo terá que
ser trabalhado e disciplinado por causa das próprias
pessoas que com ele lidam. Existe uma “consciência”
em sua defesa que terá que ser vencida.
DISPUTAS EM JOGO.
Durmeval Trigueiro Mendes escreveu uma
excelente monografia “Toward a theory of education
planning: the Brazilian case”, editada pelo Latin
American Studies Center, da Michigan State University
em 1972. A monografia acabou transformada no livro
“O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NO BRASIL”, editado
pela UERJ em 2000.
Durmeval Trigueiro assume a posição de que a
dialética entre o poder e o saber é imprescindível no
processo educacional, e logicamente, o planejamento
deve ser assim construído. Assim, tomamos o trecho da
Apresentação de seu livro, escrita por Osmar Fávero o
seguinte trecho:
Há uma perfeita dialética entre o poder
e o saber nas sociedades que querem
o seu desenvolvimento conduzido por
um projeto determinado”. Esta seria
mediada por uma intelligentsia que
não se reduziria evidentemente, a “um
grupo de técnicos, especialistas em
técnicas quantitativas, que passam,
por isto mesmo, a planejar expulsando
do plano dimensões qualitativas,
achatando o real: essência do
planejamento tecnocrático”. O
planejamento operaria na ambigüidade
do processo político, de acordo com a
racionalidade própria da política,
buscando aperfeiçoar cada vez mais “o
saber que uma sociedade pode
adquirir a respeito de si mesma, de
suas idéias mas também de seus
valores e crenças, ajudado por sua
intelligentsia que faz a mediação...entre
Para pensar
Você deve estar se perguntando: tem sentido estudar um escrito dos anos 70? Sim, porque as idéias postas nesta obra tem “a melhor abordagem sobre planejamento educacional brasileiro escrita até hoje”, na opinião de Osmar Fávero.
Importante
O texto ao lado é do Fávero. Entretanto, as palavras em itálico são de Durmeval Trigueiro,
já destacada por Fávero no original.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 67
a própria sociedade e o poder que a
dirige, para que esta expresse aquelas
idéias, valores e crenças, mas que
igualmente lhes eleve
permanentemente o nível. (...) Este é
o papel de uma elite , que não só
conciliável com uma sociedade
autenticamente democrática, como é
indispensável a esta.
(Fávero apud Mendes, 2000, p.9)
Este texto deixa claro que Durmeval Trigueiro
apontava para a relação dialética poder e saber como
imprescindível ao processo educacional, ou seja, se
contrapondo a idéia da neutralidade educacional.
Outro aspecto importante que passa nas
entrelinhas do texto se refere à questão dos valores e
crenças, ou seja, da cultura com relação ao próprio
processo educacional. Por isto, ele (Durmeval) defende
a simbiose entre cultura e educação. Elas devem andar
juntas, paralelas e não separadas ou complementares.
Finalmente, ele leva a discussão para a disputa
hegemônica dos grupos envolvidos na educação. De um
lado, a visão liberal, na qual pedagogos se
concentravam, e de outros tecnocratas cuja
representação maior era de economistas. Temos que
destacar que nos de 1955 a 1960 predominava a
ideologia “desenvolvimentista”, enquanto com o triunfo
da Revolução de 64, predominará a ideologia
tecnocrática.
Durmeval Trigueiro afirma que os liberais
encetaram um tipo de planejamento raso e linear. Os
planos, na visão dos pedagogos nada deviam conter,
enquanto na dos economistas, ao contrário tudo. Ele
deixa claro que no final, nem os planos eram
pedagógicos, nem os planos eram verdadeiramente
econômicos (idem, p.21). O importante, é que esta luta
entre pedagogos e economistas permanece em nossos
dias.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 68
De um lado, temos os pensamentos voltados
para uma educação integral e completa para todos, e
de outro lado a educação de acordo com o mercado de
trabalho, baseada no custo e benefício.
Em resumo, você tem que ter em mente que sua
participação ou não no processo de planejar as
atividades educacionais em que estiver envolvido,
implicará nos resultados obtidos.
Dimensões para o Trabalho de
Planejamento
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985),
nascido em Santiago de Lãs Vegas (Cuba), preparou
uma série de conferências para a Universidade de
Harvard (EUA) em 1984. Entretanto, faleceu antes de
terminar a sexta e última que denominara de
CONSISTÊNCIA. Estas Conferências originaram o livro
“SEIS PROPOSTAS PARA O PRÓXIMO MILÊNIO”, no
qual o escritor faz uma DECLARAÇÃO DE ÉTICA e realça
as seis qualidades para vencer a crise contemporânea
da linguagem.
Independente das propostas estarem escritas
para a Literatura, elas têm aplicabilidade em quase
todos os campos do conhecimento humano. Elas são
transcendentais ao mundo moderno. Por exemplo, os
planos, projetos, programas oriundos de um processo
de planejamento devem possuir estas dimensões ,
tendo em vista que representam transparência,
simplicidade e facilidade na comunicação com a
comunidade escolar. Os documentos do planejamento
têm que possuir característica de fácil leitura e
credibilidade.
Ítalo Calvino
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 69
O economista Gustavo Franco, um dos principais
formuladores do Plano Real, confessa grande admiração
por Calvino. Franco publicou, no início do ano de 2000,
na Revista Veja, um artigo sobre Ítalo Calvino, onde
destacou que a obra literária do escritor italiano era
caracterizada pelo misto de realismo e reflexão social,
além da grande influência que tem sobre a cultura
italiana do século XX. Franco chama a atenção para o
livro “O CAMINHO PARA OS NINHOS DE ARANHA”, pois
acredita que os princípios ali propostos seriam
efetivamente transformados em regras eficazes, no
Brasil, na política e na economia.
DIMENSÕES
LEVEZA
Algumas equipes responsáveis por expressar,
em documentos, as decisões do processo de
planejamento possuem a tendência negativa (para
valorizar o trabalho) de produzir textos complexos,
prolixos e cheios de termos ou palavras técnicas não
utilizadas no cotidiano da comunidade. Este
procedimento implica o afastamento natural dos
leitores, em virtude da dificuldade de leitura, do uso
constante de dicionários e do trabalho de interpretação
e compreensão dos textos.
O propósito do planejamento é que todos
Importante
A linguagem tem que ser clara, direta e apropriada para o público alvo. Lembre-se. Quanto mais simples o texto, mais leve e maior a possibilidade das pessoas lerem e entenderem a mensagem.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 70
comunguem das idéias e participem da sua realização,
e é por isto que a LINGUAGEM DA COMUNICAÇÃO tem
que ser clara, direta e simples, evitando-se dúvidas de
interpretação.
A opção pela leveza é a solução para atender as
qualidades mencionadas, e Calvino descreve em sua
obra o momento em que percebeu tal fato:
...um estilo que eu desejava ágil,
impetuoso, cortante, havia uma
diferença que eu tinha cada vez mais
dificuldade de superar. Talvez que só,
então, estivesse descobrindo o
pesadume, a inércia, a opacidade do
mundo- qualidades que se aderem
logo à escrita, quando não
encontramos um meio de fugir a elas.
(Calvino, 1998: 16)
Em outro trecho, ele afirma:
A leveza para mim está associada à
precisão e à determinação, nunca ao
que é vago ou aleatório.
(Id, p.28)
Diante do exposto, pode se concluir pela
importância da leveza no processo de comunicação,
principalmente na elaboração das mensagens, onde o
texto rebuscado só serve para atrapalhar.
RAPIDEZ
Esta dimensão está intimamente ligada ao
mundo contemporâneo, onde a velocidade é um fator
crítico. A falta do tempo, as informações voando, as
decisões rápidas, os fatos acontecendo como jamais
foram vistos na história, a rede mundial de informações
– internet – permitindo que a pessoa saiba de imediato
tudo o que ocorre em qualquer parte do globo e assim
por diante, obrigam a uma grande rapidez na
transmissão das mensagens e na tomada de decisões.
Importante
O importante é fazer o certo, corretamente, e no prazo oportuno.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 71
Esta qualidade é interessante, pois muitas vezes
as ações são demoradas em virtude das pessoas
pretenderem eliminar todas as incertezas que estão
envolvidas no processo, gerando perda de
oportunidade. Um exemplo simples é dado pelos
orçamentistas, pois ao prepararem um orçamento para
uma concorrência esquecem que obrigatoriamente o
prazo tem que ser cumprido, independentemente das
informações que possuam a respeito do assunto em
avaliação. É uma questão de “pegar ou largar”.
Fundamentando-se em Calvino, tem-se:
“...numa época em que outros media
triunfam, dotados de uma velocidade
espantosa e de um raio de ação
extremamente extenso, arriscando
reduzir toda a comunicação a uma
crosta uniforme e homogênea, a
função da literatura é a comunicação
entre o que é diverso pelo fato de ser
diverso, não embotando, mas antes
exaltando a diferença, segundo a
vocação própria da linguagem escrita.”
(Calvino, 1998: 58)
No fundo, o autor diz que a comunicação escrita
é imediata e insuportável. Infere-se que a mensagem
tem que ser atual, e por isto o elaborador não pode
retardar seu disparo por causa do risco de emitir
opinião, parecer, críticas ultrapassadas, sem valor
prático como no exemplo do orçamentista.
Imagine um planejamento escolar, para o ano
de 2010, sendo publicado e divulgado em outubro do
mesmo ano, ele pode estar correto, bem feito e até
avançado, mas não terá aplicabilidade prática
nenhuma. Peça para a biblioteca ou exercício.
EXATIDÃO
A necessidade de utilização de informações e
dados no planejamento é comum e imprescindível.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 72
Entretanto, sua obtenção requer um rigor de pesquisa
que nem sempre se verifica nos trabalhos envolvidos
no processo.
Geralmente, ocorre um erro de percepção
denominado “EFEITO HALO” (tão característico dos
processos de avaliação por parte dos chefes) que se
caracteriza por conclusões apressadas, baseadas em
simplificações à luz de dados e impressões preliminares
ou à primeira vista e, a partir desse momento, sempre
será avaliada (ou melhor, rotulada) do mesmo modo.
Pense na avaliação do professor em relação ao
aluno na sala de aula. Será que nunca o professor sofre
o efeito Halo em uma avaliação?
A exatidão nasce quando:
É verificada cuidadosamente a fonte do dado
e sua informação;
É analisada a credibilidade da fonte com
relação à competência e à capacidade para
expressar opinião sobre o assunto;
É avaliada a fundamentação e a metodologia
aplicada na obtenção dos dados e
informações.
Calvino define o termo exatidão por três
vertentes:
1ª VERTENTE - um projeto de obra bem
definido e calculado;
2ª VERTENTE - a evolução de imagens visuais
nítidas, incisivas, memoráveis temos em
italiano um adjetivo que não existe em inglês,
“icastico”;
3ª VERTENTE - uma linguagem que seja a
mais precisa possível como léxico e em sua
capacidade de traduzir as nuanças do pensamen
Dica de
leitura
A leitura do MANUAL DE LIDERANÇA DA MARINHA DO BRASIL apresenta
uma abordagem simples e boa sobre o Efeito Halo.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 73
to e da imaginação. (Calvino, 1998: 72)
Conclui-se que a exatidão é uma parte
importante para a credibilidade, é necessária, mas não
é suficiente por causa da consistência.
VISIBILIDADE
Esta dimensão consiste na mescla em se
enxergar a realidade e imaginar o futuro. Deve se
acreditar na utopia e deve se tentar alcançá-la.
Calvino destaca:
Seja como for, todas as “realidades” e
as “fantasias” só podem tomar forma
pela escrita, na qual exterioridade e
interioridade, mundo e ego,
experiência e fantasia aparecem
compostos pela mesma matéria
verbal.
(Calvino, 1998: 114)
Este processo de visibilidade pode ocorrer de
duas maneiras:
Da palavra para a imagem visiva;
Da imagem visiva para a palavra. Entretanto,
é importante esclarecer que, de uma ou outra
maneira, é fundamental que o processo de
“ver o mundo” seja livre de paradigmas e
dogmas, apenas contendo as aspirações e
utopias dos interessados. Não esqueça que
Paulo Freire (2005) afirmava para não ser
neutro, tem que haver sentimento.
:: Exatidão:
As Ciências Humanas não são como as Ciências Exatas que para determinadas afirmações têm que haver a comprovação matemática de 100 %. Certo ou errado. Nelas não ocorre tal fato. Portanto, a EXATIDÂO nas Ciências Humanas
aparece como Calvino colocou em suas vertentes e a Metodologia da Pesquisa nos ensina. O importante é a fundamentação, análise e síntese.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 74
MULTIPLICIDADE
Partindo-se de Calvino, tem-se:
Diferentemente da literatura medieval
que tendia para obras capazes de
exprimir a integração do saber
humano numa ordem e numa forma
estável, como A Divina Comédia, em
que convergem uma riqueza lingüista
multiforme e a aplicação de um
pensamento sistemático e unitário, os
livros modernos que mais admiramos
nascem da confluência e do
entrechoque de uma multiplicidade de
métodos interpretativos, maneiras de
pensar, estilos de expressão.
(Calvino, 1998: 131)
Esta afirmativa complementa a visibilidade e
ao mesmo tempo define a multiplicidade. O que o
autor expressa é que devemos ver o mundo do modo
mais “aberto” possível, assim como expressar de forma
semelhante. A distância da visão enciclopédica onde a
condensação de todos os saberes, a apresentação de
forma superficial e “fechada” predominam, deve ser
substituída pela leveza de estilo.
A virtude da multiplicidade corresponde, então,
à forma e ao estilo mais adequados, eliminando-se os
pressupostos e paradigmas limitadores.
A lição que pode ser tirada pelo aluno é que ele
não deve se prender aos processos unitários, sem vida
e repetitivos, muito pelo contrário. A analogia com as
multifunções (capacidade de exercícios de várias
funções) é importante.
CONSISTÊNCIA
O leitor pode constatar que as dimensões
(leveza, rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade)
implicam as características especiais que constituem
:: Visibilidade e Multiplicidade:
As duas dimensões VISIBILIDADE e MULTIPLICIDADE se complementam, pois uma pessoa só consegue “enxergar” mais longe, se ela afasta os dogmas, os paradigmas e tem a capacidade de ouvir, principalmente as versões opostas até dos seus interesses. A multiplicidade permite um trânsito maior em várias versões e lados de um problema, ou seja, permite ao planejador várias opções de solução. Do exposto, em conjunto, elas se entrelaçam.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 75
uma boa literatura e servem de base para a elaboração
de um bom projeto. Entretanto, faltam ser verificadas a
fundamentação e a teoria aplicada que permitirão a
sustentação das premissas e hipóteses levantadas. Esta
fundamentação e teoria correspondem ao conteúdo que
terá que surgir com a Consistência. Assim, o planejador
deve tomar muito cuidado ao construir as bases que
darão sustentação ao seu traba-lho, não adianta
atender as demais dimensões, se a teoria ou a
fundamentação aplicada apresentar erros ou falhas,
pois estas invalidarão todo o esforço executado por
falta de consistência.
Um dos maiores pecados com a consistência é a
aplicação dos processos de indução, onde o autor
normalmente inicia, precipitadamente, de determinadas
premissas verdadeiras das partes e conclui uma
“verdade” para o todo falsa. Entretanto, aqui não será
provada a lógica da afirmativa, mas todo o aluno deve
tomar cuidado. Exemplificando suponha que você
perguntou qual é a sua escola de samba ao José, ao
Paulo, ao Fernando e a Márcia e todos responderam
Mangueira. Você não pode concluir que todo mundo
torce pela Mangueira.
A utilização de métodos de dedução infere
também cuidado, pois, normalmente, desde Descartes,
pensa-se e raciocina-se apenas cartesianamente, mas
existem outros modos e maneiras de “ver e pensar o
mundo”. A mente tem que estar livre de paradigmas,
tem que estar aberta, mas sendo capaz de operar com
teorias e métodos como recursos normais.
O aluno deve, à luz do que foi apresentado no
capítulo, pensar nos procedimentos que segue para
elaborar seus trabalhos, principalmente se for
responsável pela elaboração do projeto, de um
programa do processo de planejamento.
Dica do professor
Analise a dimensão EXATIDÂO e veja como aquela se relaciona, e se entrelaça com a CONSISTÊNCIA.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 76
A consistência é o conteúdo do seu trabalho. É a
própria credibilidade.
EXERCÍCIO 3
Quais são as seis dimensões de Calvino que podem ser
utilizadas em planejamento?
( A ) Eficácia, Rapidez, Eficiência, Visibilidade,
Multiplicidade e Consistência
( B ) Desempenho, Qualidade, Eficácia, Visibilidade,
Inconsistência e Custo
( C ) Desempenho, Rapidez, Eficácia, Consistência,
Inconsistência e Custo
( D ) Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade,
Multiplicidade e Consistência
( E ) Leveza, Rapidez, Qualidade, Efetividade,
Multiplicidade e Eficiência.
Desempenho: Metas, Indicadores,
Eficiência e Eficácia.
Agora, na nossa caminhada, iremos traçar
algumas definições e conceitos que são fundamentais
para o entendimento da própria disciplina.
Normalmente, eles são trabalhados após a discussão
dos tipos de planejamentos propriamente ditos.
Entretanto, optamos constituir um capítulo, de modo a
facilitar seu entendimento.
METAS
A definição de Metas mais simples que podemos
colocar é: “Metas são pontos ou posições a serem
atingidas no futuro”. Qualquer gestão necessita de
metas e que devem ser estabelecidas continuamente
pelo gestor.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 77
O estabelecimento de metas deve ocorrer com
participação das lideranças junto com as equipes de
trabalho, ou seja, as metas devem ser instituídas com o
comprometimento de todos os envolvidos.
O trabalho de gerenciar consiste em desenvolver
ações cujos objetivos são as metas, ou seja, as metas
impulsionam a gestão.
A meta tem que ser significativa e por isto, três
elementos são essenciais:
1º ELEMENTO - OBJETIVO GERENCIAL: é a
posição que se pretende alcançar. Exemplo: Uma
escola está com uma tendência alta de reprovações na
5ª série do Ensino Fundamental, pois dos seus 60
alunos, 30 estão nesta situação. Obviamente, a escola
estabelecerá uma meta para o período seguinte que
pode ser: “Reduzir a tendência de reprovações nas 5ª
série do Ensino Fundamental”.
Outro exemplo: “Reduzir o número de acidentes
de trânsito na rodovia X”. Ou “Ampliar o número de
vagas do curso de comunicação”.
EXERCÍCIO 4
Você é capaz de estabelecer três metas para situações
que está vivendo? Verifique as metas e faça a sua
quantificação. Se você não conseguir é sinal de que
elas não são metas.
1ª META:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 78
2ª META:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
3ª META:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
2º ELEMENTO - VALOR: se você só estabelecer o
objetivo, fatalmente nada irá acontecer efetivamente,
porque um fator importante não foi atribuído ao
objetivo. Ela (meta) está apenas existindo em termos
qualitativos.
Pense bem, como você irá medir se as “coisas”
estão acontecendo? A resposta é simples, falta valor,
ou seja, falta quantificar. Assim, veja como muda:
“REDUZIR a tendência de reprovações nas 5ª
séries do Ensino Fundamental EM 50%”.
“REDUZIR o número de acidentes de trânsito na
rodovia X EM 40%”.
“AMPLIAR o número de vagas do curso de
comunicação EM 60%”.
Agora, você poderá medir tranqüilamente, se de
fato as metas estão acontecendo. Entretanto, existe
uma unidade que ainda falta, e por isto deixa
incompleta a meta. Trata-se do tempo.
Importante
Caro aluno repare que as metas foram estabelecidas com verbos de ação clara. Cuidado com a escolha dos verbos, evite meta que contenha verbos cuja ação não represente o efetivo resultado para o que é desejado. Exemplo:
MELHORAR.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 79
3º ELEMENTO - PRAZO: é fundamental que seja
estabelecida a duração, o prazo para a execução da
meta.
Exemplo: “Reduzir a tendência de reprovações
nas 5ª série do Ensino Fundamental em 50% NO
TERCEIRO TRIMESTRE”.
“Reduzir o número de acidentes de trânsito na
rodovia X em 40% ATÉ ABRIL DE 2010”.
“Ampliar o número de vagas do curso de
comunicação em 60% ATÉ NOVEMBRO DE 2010”.
EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE
Estabelecemos as diversas metas. São sonhos e
alvos a serem alcançados. Entretanto, ao ser executada
a ação o resultado pode não representar o que se
deseja, ou seja, o DESEMPENHO pode ficar aquém ou
além do que foi esperado. Assim, o desempenho pode
ter sido realizado com:
EFICÁCIA: corresponde a situação na qual o
resultado foi alcançado, ou seja, corresponde “fazer a
coisa certa”.
Exemplo: Minha meta era: “reduzir a tendência
de reprovações nas 5ª série do Ensino Fundamental em
50 % no terceiro trimestre”, e ao final do trimestre, a
escola conseguiu redução estabelecida. Em resumo, a
escola foi eficaz nesta meta.
EFICIÊNCIA: corresponde a situação na qual o
resultado é alcançado de maneira certa, ou seja,
utilizamos os recursos disponíveis corretamente para
realizar a ação.
Importante
“NÃO EXISTE ORDEM SEM PRAZO”. Se você como gestor
der uma ordem e não estabelecer prazo, tenha consciência que dificilmente acontecerá à ação. Este é um princípio da Administração. Logicamente, o ideal é você combinar o prazo com o autor da ação em termos de exeqüibilidade e de participação.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 80
Anteriormente, eu tive uma eficácia de 100% na
meta “reduzir a tendência de reprovações nas 5ª série
do Ensino Fundamental em 50 % no terceiro trimestre”,
pois consegui alcançar a redução de 50 % estabelecida
para as reprovações. Entretanto, imagine se eu tivesse
previsto gastar R$ 2.000,00 com as ações para obter os
resultados, e gastei R$ 4.000,00. A minha eficiência
não foi de 100 %, e sim de 50 % porque gastei o dobro
dos recursos disponíveis.
Outro exemplo, se a escola estabeleceu decorar
um paredão de 10 m2 em dez dias, ela fixou uma média
de 1 m2 por dia para agir.
Se ao final do primeiro dia, só foi realizado 0,5
m2, ou seja, a eficiência do trabalho foi 50 %.
No final do segundo dia, realizamos mais 1,5 m2,
totalizando 2 m2, ou seja, a eficiência alcançada é de
100 %, porque até o 2º dia, tínhamos que fazer 2 m2.
Como você pode ver a medição da eficiência é
uma excelente ferramenta para o gestor.
EFETIVIDADE: corresponde a situação na qual
se verifica o IMPACTO DA AÇÃO, ou seja, em resumo,
fazer a coisa certa e de maneira certa.
INDICADORES
Falamos em Eficiência, Eficácia e Efetividade, e
fizemos algumas medições, mas não comentamos o
que seja indicador.
INDICAÇÃO significa a ação ou o efeito de
indicar, e INDICADOR, aquele que indica, ou seja, na
realidade, utilizamos indicadores (a área em m2 quando
falamos na pintura do paredão, ou em reais quando
Importante
Você não administra/gerencia qualquer atividade ou meta sem o estabelecimento de
indicadores.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 81
citamos o exemplo da redução de reprovações) para
medir e verificar a efetiva ocorrência das metas. Assim,
é importante que cada objetivo tenha a sua meta, e do
mesmo modo esteja estabelecido um indicador para
medir e acompanhar o progresso da meta.
É fundamental deixar claro que um indicador
será definido pela fórmula:
Um exemplo simples ocorre quando desejamos
saber o número de clientes insatisfeitos com a escola:
Neste momento, é importante para você (aluno)
o conhecimento do papel que um indicador representa
para qualquer atividade ou meta, ou seja, sem
estabelecer o indicador não será possível monitorar ou
controlar qualquer atividade ou meta.
Os indicadores poderão ser:
INDICADORES DE EFICÁCIA: quando se
pretende medir a satisfação dos pais dos
alunos com a escola (clientes) e as
características do serviço prestado;
INDICADORES
São formas de representação quantificável de
características de produtos e processos (serviços),
que são utilizados para controlar e monitorar os
resultados desejados em um período de tempo.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 82
INDICADORES DE EFICIÊNCIA: quando se
pretende verificar a competência no uso dos
recursos destinados a prestação do serviço da
escola. O objetivo é a redução dos custos
sem prejudicar a satisfação do cliente; e
INDICADORES DE EFETIVIDADE: quando
além de eficazes e eficientes têm os objetivos
de medir as conseqüências externas que
ocorrem após concluída a prestação do
serviço.
INDICADORES DE DESEMPENHO
INDICADORES EFICIÊNCIA EFICÁCIA
DIZEM RESPEITO Ao modo de utilizar
recursos
A satisfação do
cliente
MEDEM Redução de custos Características do
serviço
TEM FOCO No esforço Nos resultados
INDICAM Como fazer O que fazer
ENSINAM A maneira certa de
fazer as coisas
A fazer as coisas
certas
POSSUEM
ÍNDICES
Que tem no
denominador o fator
a ser avaliado
Que expressam o
grau de aceitação de
uma característica.
Dimensões da Qualidade
Queremos deixar claro que ao iniciar este
capítulo, o nosso objetivo é apresentar as dimensões da
Qualidade sem entrar contudo no mérito de sua
validade. Eles deverão ser estudados em detalhes na
disciplina sobre Gestão da Qualidade Total ou
semelhante. Aqui, é importantíssimo ter o
conhecimento sobre as dimensões da Qualidade.
As dimensões da Qualidade são atributos aos
quais estão relacionadas às necessidades dos clientes.
Assim sendo, temos:
:: Cliente:
A utilização da palavra CLIENTE ou PRODUTO nos meios educacionais sofre severas críticas. Normalmente, é dito, por determinados educadores, que estamos oficializando a mercantilização da educação, ou que esta é um negócio. Aqui, estamos
trabalhando no sentido do atendimento ao aluno ou ao seu pai.
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 83
QUALIDADE INTRÍNSECA ligada ao produto;
ATENDIMENTO ligado à entrega, prazo,
tempo de espera, etc, ou seja, a satisfação do
cliente;
CUSTO ligado ao serviço prestado pela
escola;
SEGURANÇA ligada às condições da prestação
do serviço;
MORAL ligada a satisfação da equipe da
escola;
ÉTICA ligada à prestação do serviço.
Abaixo, temos um quadro com exemplos da
utilização das seis dimensões:
EXEMPLO DE DIMENSÕES DA QUALIDADE
Exemplos Dimensão
da qualidade
Categoria
do indicador
Pessoas
afetadas
Conformidade e
adequabilidade aos
requisitos, sem
defeitos: bons
professores,
programa
atualizado e outros.
Qualidade
Intrínseca
Eficácia Cliente
Prazo de entrega,
volume, satisfação,
insatisfação,
reclamações:
cumprimento do
projeto político-
pedagógico e
outros.
Atendimento
Eficácia Cliente
Valor para o cliente.
Custo do serviço.
Custo Eficiência Cliente, Acionista,
Empregado
Absenteísmo,
capacitação,
benefícios,
rotatividade dos
empregados.
Moral Eficácia Empregado
Acidentes de
trabalho, acidentes
com alunos
Segurança Eficácia Cliente, Vizinhos,
Empregado
Contratos
enganosos, fraudes,
sindicâncias
Ética Eficácia Cliente, Parceiros,
Empregado
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 84
EXERCÍCIO 5
Os indicadores devem medir que dimensões da
qualidade:
( A ) Qualidade Intríseca, Atendimento, Custo e
Segurança;
( B ) Desempenho, Qualidade, Eficácia e Visibilidade;
( C ) Rapidez, Eficácia, Consistência e Custo;
( D ) Qualidade Intríseca, Atendimento, Segurança e
Consistência;
( E ) Qualidade Intríseca, Atendimento, Visibilidade e
Eficiência.
RESUMO
Vimos até agora:
A diferença entre o Planejamento, o Projeto e
o Plano, bem como a importância da liderança
sobre o processo de planejamento;
Desenvolvimento do conceito de
planejamento, pois é fundamental se ter
mente as possibilidades de intervenção na
sociedade e o planejamento será o
instrumento imprescindível para a
alavancagem do processo;
A importância da utopia para a constituição
da visão de futuro e da democracia na
construção do planejamento;
Os tipos de democracia: democracia
protetora; a democracia elitista pluralista de
equilíbrio; democracia desenvolvimentista
participativa e a democracia participativa, bem
Aula 2 | O Processo e elementos essenciais do planejamento 85
como a avaliação dos tipos de democracia;
Descentralizar e desconcentrar, ou seja,
delegar com poder decisório ou apenas
desconcentrar atividades;
As disputas em jogo determinam a
identificação dos diversos interesses em torno
de uma matéria, discussão ou política;
As dimensões de Calvino e sua importância
para se planejar;
Como estabelecer metas;
Como medir o desempenho e a qualidade
através de indicadores;
Como ver resultados por meio da eficácia,
eficiência e efetividade.
Projeto político
pedagógico
Antonio Fernando Vieira Ney
AU
LA
3
Ap
res
en
taç
ão
Nesta aula teremos a oportunidade de conhecer e aprender
conceitos importantes que estão intimamente ligados a
elaboração, monitoramento e controle do Projeto Político
Pedagógico.
Algum aluno pode achar que a denominação correta do capítulo
seja Planejamento Estratégico. Entretanto, queremos deixar claro
que este aluno não estará totalmente errado, mas podemos
conceber que o Projeto Político Pedagógico contenha o
Planejamento Estratégico e o Planejamento Operacional, tendo em
vista facilitar a construção pela escola e facilitar o entendimento.
Assim, obedeceremos a este último modelo.
Esperamos que você procure obter o conhecimento deste
importante instrumento para a gestão e funcionamento da escola
em todos os seus processos.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Conhecer o que é o Projeto Político Pedagógico.
Entender a construção de um Projeto Político Pedagógico.
Entender a aplicação do Projeto Político Pedagógico.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 88
Considerações Iniciais
As duas aulas até aqui estudadas tiveram
objetivo de posicionar o aluno com relação ao processo
de planejamento. Inicialmente, apresentamos as
relações entre a escola e a comunidade, os níveis e
tipos de planejamentos em função da estrutura
organizacional da escola.
A conceituação e a importância do processo de
planejamento como elemento fundamental da
transformação social foram desenvolvidas na segunda
aula.
Posteriormente, nas aulas subseqüentes,
tivemos a oportunidade de abordar o próprio processo
de planejamento e definimos os elementos essências
para planejar.
Agora, iremos viajar pelos diversos
planejamentos que envolvem a escola. Partiremos de
cima para baixo. Ou seja, veremos na atual aula a
conceituação do PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
(Planejamento Estratégico) e nas seguintes: a
elaboração do PPP, o Planejamento Curricular (Plano de
Curso), o Planejamento de Ensino-Aprendizagem, o
Plano de Aula, e por fim, um planejamento ligado a
Projeto de Trabalho, encerrando nosso curso.
Vamos começar dialogando com Taheshy
Tachiwaza e Rui Otávio que na obra “Gestão de
Instituições de Ensino” apresentam a seguinte diferença
para o Planejamento Estratégico e o Projeto Político-
Pedagógico:
O Planejamento Político-Pedagógico
deve ser estruturado a partir do
Planejamento de Estratégico
desenvolvido, que por sua vez conside-
Considerações iniciais 88 Considerações essenciais 92 Concepção 102
Aula 3 | Projeto político pedagógico 89
ra o teor de uma análise ambiental e o
diagnóstico interno a ser efetuado no
âmbito da instituição de ensino dentro
dos contornos delineados pelo modelo
de gestão.
E continua em outro parágrafo:
...os gestores da Instituição de Ensino
devem ser ter consciência do que
estão oferecendo à comunidade, que
não é, em qualquer grau ou nível,
apenas a informação, mas também a
formação; assim, terão que se
preocupar não só com a disposição das
matérias e disciplinas em currículos
plenos, mas também com o modo
como vão proceder para a mudança
interior daqueles que a procuram.
Do exposto, conclui-se que estamos diante do
processo e de seu produto.
A elaboração do Projeto Político-Pedagógico deve
estar ligada aos princípios de flexibilidade, sobriedade,
respeito à adequação, autenticidade, especificação,
integração e sistematização.
Inicialmente temos que citar que o Projeto
Político Pedagógico deve ser desenvolvido em dois
níveis: POLÍTICO (estratégico) e ADMINISTRATIVO
(operacional).
DÚVIDA CONCEITUAL
Professor, ficamos confusos. No início da aula, foi
dito que o PPP inclui o Planejamento Estratégico e o
Planejamento Operacional e aqui, é dito que o PPP é
estruturado a partir do Planejamento Estratégico?
Queridos alunos, planejamento é um processo e
projetos,
planos ou programas são produtos oriundos de um
processo. Ou seja, não existe confusão, pois o PPP
irá representar o trabalho desenvolvido nos dois
planejamentos (os resultados compostos pelas
diversas decisões tomadas). Retorne, se for o caso,
a aula em que discutimos tais conceitos.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 90
O primeiro nível – POLÍTICO (estratégico) –
caracteriza-se pela abrangência, objetivando os fins
com ênfase na criatividade e baseado na ideologia,
filosofia e ciências. Sua duração é de médio ou longo
prazo e busca a transformação. Ele estabelece
finalidades, objetivos e diretrizes a partir de um cenário
em que a instituição estará inserida; assim como
procedimentos para atuação.
Este Planejamento trabalha as questões do tipo:
O que fazer?
Para quê faço?
Para quem faço?
Porquê faço?
O sentido das perguntas é para definir a missão
e o rumo que a Instituição deve seguir para alcançar o
ideal firmado. Este ideal é a mudança da realidade
vivida para uma desejada pela escola e comunidade.
O segundo nível – ADMINISTRATIVO
(Operacional) – caracteriza-se pela realização da
missão de acordo com o rumo estabelecido pelo
primeiro, sua ênfase está na técnica, nos métodos e na
racionalização dos esforços, buscando essencialmente a
eficiência, ou seja, está ligada aos meios e não aos fins.
A duração é curta e imediata. Ele deve representar o
desdobramento do anterior.
Este planejamento trabalha as questões:
Como fazer?
Com que fazer?
Onde fazer?
Quais são os recursos necessários?
O que fazer?
Aula 3 | Projeto político pedagógico 91
Logicamente, esta pergunta corresponderá ao
nível que está sendo trabalhado, ou seja, as ações
estabelecidas serão frutos dos desdobramentos das
ações do Planejamento Político.
Um fator a ser destacado é que o aluno pode
estar pensando que são dois planejamentos distintos e
inteiramente separados; entretanto, embora de
concepções e horizontes distintos, os dois devem ser
integrados e devem constituir uma clara orientação
para a escola e a comunidade. Como foi dito, um
focaliza os fins enquanto o outro, os meios, e ambos
permitirão alcançar as metas traçadas para as
transformações esperadas dentro da escola.
A elaboração é A PRIMEIRA ETAPA do processo,
a partir da sua implantação surgirão as seguintes:
SEGUNDA ETAPA – execução
TERCEIRA ETAPA – avaliação
QUARTA ETAPA – correção dos rumos.
Estas etapas ocorrem sucessivamente e
continuamente, ou seja, cada um dos planejamentos
tem de ser acompanhado, de preferência, em tempos
determinados, avaliados e corrigidos de acordo com o
momento.
O maior erro é a imaginação de que o
planejamento é um documento estático e inalterado, e
que ele tem que ser cumprido exatamente como está
previsto. Na realidade, ele corresponde ao Norte da
bússola, é o orientador, é o indicador do caminho e não
um regulamento ou norma para ser cumprido
fielmente. Afinal de contas, o planejamento é um
ideário, nele estão inseridos sonhos, hipóteses e
probabilidades que poderão ocorrer ou não como
previsto.
Para pensar
Pense, o planejamento é uma direção a ser tomada, a ação não ocorrerá exatamente como previsto, por isso, a necessidade de correção de rumo.
Para refletir
Você já ouviu falar em enfrentar as incertezas? (Morin, 2005)
Aula 3 | Projeto político pedagógico 92
Ao se pensar em hipóteses e probabilidades,
tem de ser lembrado o fato que quando um
planejamento é elaborado e seus autores estão
trabalhando a longo ou médio prazo o grau de
incerteza é maior do que no curto prazo. Isto não
significa que este último só tenha certeza.
Condições essenciais
CONDIÇÕES PARA UM PPP DEMOCRÁTICO
A opção para a denominação de Projeto político
Pedagógico em substituição ao Projeto Educacional ou
Proposta Pedagógica é porque ela representa as duas
dimensões; A PRIMEIRA PEDAGÓGICA (específica da
escola) e A SEGUNDA GERAL (política, cultural,
filosófica), esta justificativa é apresentada por Celso
Vasconcellos (1999).
Este autor define o Projeto Político-Pedagógico
como o plano global da instituição.
E continua:
Pode ser entendido como a
sistematização, nunca definitiva, de
um processo de Planejamento
Participativo, que se aperfeiçoa e se
concretiza na caminhada que define
claramente o tipo de ação educativa
que se quer realizar. É um instrumento
teórico-metodológico para intervenção
e mudança da realidade. É um
elemento de organização e integração
da atividade prática da instituição
neste processo de transformação.
(Vasconcellos, C., 1999: 169)
Como visto, o Projeto político-Pedagógico só
existirá e terá sentido na possibilidade da ocorrência de
um planejamento participativo e, neste momento, a
influência do processo de gestão da escola pode tornar
:: Grau de incerteza:
Um planejamento é construído sob três enfoques:
Racionalismo Decisão Futurismo.
Daí, a incerteza.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 93
inviável o projeto, tendo em vista a obrigatoriedade da
participação pretendida pela Direção da Escola.
Outro aspecto que surge é aquele ligado à
relação entre entidades mantenedoras e escolas.
Assim, a falta de autonomia da escola poderá até
inviabilizar o projeto, já que a imposição autoritária
elimina qualquer possibilidade de transformação da
realidade num projeto participativo.
Mendes (2000, p.177) destaca a questão da
autonomia, fator importante para a construção da
própria gestão, e ele nos relembra um aspecto que não
pode ser esquecido do processo de planejamento:
Ora, o caso brasileiro e muito diferente
do caso Americano. Histórica e
culturalmente, não somos um pais
cujo dinamismo repouse,
primariamente, na iniciativa individual
ou na forca de instituições autônomas,
sob a imantação integradora do
Estado. As instituições de ensino não
se acostumaram a ver-se como um
pequeno universo concentrado na sua
identidade própria, cioso de sua
autonomia como forma de criação.
Vivemos sempre atraídos pelos
protótipos criados pelo Estado.
E claro que nos cabe estimular a tendência
contraria, como assinalei no começo deste capitulo;
desligá-la dos padrões oficiais e realizar a aventura de
sua criatividade. Entretanto, a autonomia não implica
necessariamente desarticulação de uma política afinada
com o projeto nacional".
Mendes defende a necessidade de projeto
educacional integrado a um projeto nacional. A
autonomia e a criatividade são elementos essenciais
para o resultado, por isso a fala dele acima e que
complementamos com:
Importante
Você talvez esteja confuso(a). O que estamos dizendo é que um PPP para representar a vontade da escola e da comunidade terá que ser construído de forma participativa e com autonomia da escola.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 94
Em síntese: o poder federal em
educação e o poder de traçar as
diretrizes e bases de uma política
nacional a ser desenvolvida pelos
estados e instituições de ensino.
(Mendes, op.cit.)
Ocorrendo ambas as situações, ou pelo menos
uma delas, só será possível pensar em termos de
Planejamento Operacional, ou seja, administrar o
“pacote” definido pelas “autoridades”. Trata-se aí de
trabalhar os meios.
GESTÃO PARTICIPATIVA
A gestão predominante nas escolas é oriunda da
própria formação da sociedade brasileira, onde o
autoritarismo foi marcante e os projetos escolares
sempre impostos de cima para baixo e sem ser ouvido
quem era impactado pelo processo.
Assim, as escolas técnicas, por exemplo, jamais
se preocupam se os formandos que elas entregavam ao
mercado de trabalho tinham emprego, se eram
realmente competentes e se as empresas e
empregadores continuavam interessados naquele tipo
de formação profissional. A escola não se preocupava
com a qualificação de seu corpo docente, com sua
atualização às novas tecnologias, e com isto o professor
repetindo, ano após ano, as experiências e as
metodologias que aplicara em seus primeiros cursos,
além de usar obras ultrapassadas como livro-texto,
caminhava até a aposentadoria. Este quadro, elaborado
para a educação profissional, não é diferente dos
demais e não cabe aqui construir um inventário sobre a
educação nacional. Entretanto, o exemplo serve apenas
para posicionar o leitor na realidade de nossas escolas.
O mundo moderno exige nova postura e a
gestão participativa é uma opção e é primordial, pois o
Aula 3 | Projeto político pedagógico 95
poder real de tomar parte ativa nos processos deve ser
de todos (dirigentes, alunos, pais, docentes e
comunidades) de modo a transformar a situação
existente.
As transformações desta realidade só existirão
com a PARTICIPAÇÃO coletiva de todos. Tem de haver,
também, COMPROMETIMENTO e o gestor (Diretor) da
escola aparece como o elemento fundamental para
provocar tal participação.
A participação precisa ser organizada,
sistematizada e permanente, tendo que estar ligada a
todos os processos da escola, do planejamento até a
limpeza, ou seja, o todo tem que ser continuamente
pensado e estudado para a definição do rumo a seguir.
Quando se fala em participação e
comprometimento, não se fala apenas em processos
como os de reuniões de condomínio, na qual se dá um
aviso e, depois, faz-se a reunião com o número de
presentes existentes. Ou seja, a escola terá que
desenvolver na sua estrutura um organismo para isto
(assembléia, conselho) com sistemática e metodologia
própria e procurar ir ao encontro dos interessados,
mesmo que estes não venham comparecendo.
ADMINISTRADOR (GESTOR)
Gandin, em sua obra, “A Prática do
Planejamento Participativo”, faz uma abordagem a
respeito do papel do administrador neste processo. Ele
diz:
... a administração é uma tarefa
específica para qual se requer
determinada preparação, que deve ser
exercida por determinadas pessoas
(eleitas ouconsensualmente designadas)
para centrar a participação no planeja-
Dica do professor
O planejamento político é o planejamento estratégico, primeiro nível de um processo de planejamento.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 96
mento operacional. Quanto ao
planejamento político, cabe ao
administrador participar como
qualquer outro e desempenhar um
tarefa específica: coordenar o processo
político para que no centro do
planejamento político esteja o povo.
(Gandin, D., 1999: 38)
A conceituação de Gandin é muito importante
quando se verifica na prática a construção do Projeto
Político-Pedagógico no qual o Gestor não participa, mas
impõe sua vontade, confundindo os papéis de
administrador e de coordenador do processo do
planejamento político (estratégico).
O papel da administração é ligado à operação e
ao funcionamento da escola, e o trabalho do Gestor é
imprescindível. O Planejamento Operacional deve ser
guiado pelo Gestor, pois cabe a ele conduzir o processo
da realização dos diversos programas estabelecidos.
Entretanto, no Planejamento Político (Estratégico), ele
deve ser um participante igual a qualquer um outro;
pois, neste momento, estão sendo discutidos os
caminhos a serem seguidos e a própria sobrevivência
da instituição.
EQUIPE
Outro aspecto que devemos deixar claro trata-se
das equipes elaboradoras do planejamento estratégico,
pois a nosso ver o insucesso de uma serie de
planejamentos do passado foi à execução por técnicos
especializados e por equipes restritas. Assim,
defendemos o planejamento participativo e com
equipes multidisciplinares (ver Vasconcellos, 1995;
Gandin, 1999; Mendes, 2000; Gomes, 2003; Parente,
2003; Braga e Monteiro, 2005).
Aula 3 | Projeto político pedagógico 97
O processo de planejamento deve iniciar na
formação da equipe, e como o Manual do MEC (op.cit,
p.15) recomenda:
A equipe se define quando um grupo
inicia um trabalho em conjunto,
sistemático e planejado, para atingir
um objetivo comum.
Nesta mesma obra encontramos a seguinte
sugestão de atributos para a equipe:
INTENCIONALIDADE (direção nos objetivos),
ARTICULAÇÃO (ações vinculadas umas as outras),
CONVERGÊNCIA (ações intencionalmente e
articuladamente desenvolvidas para os objetivos da
equipe) e TRANSCENDÊNCIA (ações vinculadas à
missão da instituição e dos objetivos do programa).
O trabalho, em equipe, em nossa sociedade é
difícil, tendo em vista que a sociedade e a educação são
voltadas para o individualismo e para a ação
fragmentada do tipo “eu fiz o meu ou a minha parte,
agora os outros é que se virem”, esquecendo que ele
compõe um time e o sucesso dará lucro a todos,
mesmo pensando em termos capitalistas. A
especialização, o consumismo e os meios sociais
provocam disputas cada vez maiores, para que o
individuo procure isoladamente suas ações. Dividir para
conquistar.
A formação da equipe é importante. Assim, e
fundamental a CONSCIENTIZAÇÃO e SENSIBILIZAÇÃO
da equipe para a construção do processo de
planejamento.
O gestor da Escola terá que desenvolver
técnicas, metodologias e procedimentos para criar o
hábito de trabalho em equipes autodirigidas e conduzir
o comprometimento generalizado, de modo que cada
participante se sinta responsável pelo trabalho, sem
Aula 3 | Projeto político pedagógico 98
estrelismo do tipo “eu que fiz, eu que mando, eu que
determinei e outros”.
O MANUAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
ESCOLAR DO MEC apresenta um quadro transcrito
abaixo que demonstra a diferença entre Grupo e
Equipe. A importância deste quadro, para a liderança
da escola, é de perceber que havendo omissão desta,
tem-se o efeito elástico, onde provavelmente tudo
voltará ao ponto de partida, ou seja, a equipe tenderá a
voltar a ser o grupo novamente.
DIFERENÇA ENTRE GRUPO E EQUIPE
GRUPO EQUIPE
Liderança claramente
individualizada
Liderança compartilhada entre
os membros
Responsabilidade individual Responsabilidade individual e
compartilhada.
Propósito semelhante à missão
institucional da escola
Propósito especifico auto-
assumido pela equipe
Resultados do trabalho
individual
Resultado do trabalho coletivo
Ênfase na eficiência das
reuniões
Ênfase no estimulo a discussão
aberta e as reuniões efetivas
de resolução de problemas
Eficácia medida indiretamente,
através da influencia sobre os
outros.
Desempenho medido
diretamente, por meio da
avaliação de resultados do
trabalho coletivo.
Discussão, decisão e
delegação.
Discussão, decisão e execução
do trabalho em conjunto.
A equipe de trabalho para atingir um
desempenho satisfatório tem que ter seus objetivos
sintonizados com a Missão da escola e estar de acordo
com o Planejamento Político (Estratégico). Os objetivos
têm de estar ligados a dois princípios fundamentais: o
do COMPROMISSO e o da RESPONSABILIDADE de cada
e de todos em conjunto.
O gestor, como dito anteriormente, deve
participar, incentivar participações e acompanhar os
Aula 3 | Projeto político pedagógico 99
trabalhos da equipe, independente das funções
gerenciais normais (planejar, organizar, motivar, dirigir
e controlar).
EXERCÍCIO 1
Você acaba de participar com seus colegas da
elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola. Foi
elaborado um belo documento com todos os objetivos e
metas definidas. Grande motivação e esperança do
pessoal nas propostas estabelecidas. O PPP é
implantado, e no decorrer logo do primeiro mês, o
Diretor começa a alterar as decisões (alegando que
houve solicitação de alguns professores) sem reunir os
interessados e sem promover uma reunião se quer. Do
exposto, pergunta-se, está correto o papel do gestor da
escola? Ele não seria um ditador se não atendesse aos
poucos professores que solicitaram a mudança? Como
você se sentiria nessa situação?
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Peter Senge (1990) alerta para o fato que uma
instituição só tem uma equipe quando os objetivos de
cada membro do time estão alinhados com os seus.
Para este alcance, cada participante terá que ter
DOMÍNIO PESSOAL e MODELOS MENTAIS
desenvolvidos, ou seja, a liderança terá que trabalhar
os valores e crenças de cada um, de modo que
conscientizados e sensibilizados tenham suas
competências e capacidades elevadas e, então possam
produzir em equipe.
Importante
PROBLEMA O objetivo comum é um dos problemas mais sério para o trabalho em equipe e para uma gestão participativa. A causa é função direta dos objetivos oriundo do INDIVIDUALISMO predominante na sociedade. Assim, é difícil a constituição destes objetivos comuns. O interesse da instituição coincidir com o de cada membro da equipe. Aí, está o grande desafio dos pedagogos e gestores modernos.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 100
Na concepção dele, para uma organização se
tornar de aprendizagem ainda faltam duas etapas: o
TRABALHO EM CONJUNTO e o RACIOCÍNIO SISTÊMICO.
O raciocínio sistêmico vem com o tempo e consiste em
pensar sem paradigmas, ou seja, pensamento livre,
aberto, seguindo todos os caminhos, não importando
ser lógico, indutivo, dedutivo ou analítico. Vendo o
todo.
Em resumo, as cinco disciplinas são: DOMÍNIO
PESSOAL, MODELO MENTAIS, OBJETIVO COMUM,
APRENDIZAGEM EM GRUPO e RACIOCÍNIO SISTÊMICO.
Outro ponto importante do trabalho em equipe é
o reconhecimento e o da recompensa junto ao pessoal,
pois eles são fundamentais para manter reforçada e
elevada a moral do time. A informação de resultados
tem que existir continuamente e as conquistas devem
ser comemoradas. O RECONHECIMENTO é tomar
público todo um esforço para um bom desempenho e
tem como objetivo valorizar os atos pessoais.
Eles (recompensas e reconhecimentos) têm que
ser aplicado de imediato ao ato, de forma pessoal e
deve estar com credibilidade junto aos demais
membros da equipe. O cuidado é não existir
vencedores e perdedores ou as premiações do
reconhecimento se tornarão insignificantes, ou seja,
não produzirá nenhum efeito útil, pelo contrário.
A recompensa é mais difícil, pois envolve
dinheiro e geralmente seu uso não é possível e é
complicada a sua aplicação.
METODOLOGIA DE TRABALHO
O trabalho de planejar tem que ser desenvolvido
de acordo com uma metodologia científica e com
Aula 3 | Projeto político pedagógico 101
cuidados já citados em itens anteriores. Entretanto,
aqui, cabe a sugestão de se adotar os seguintes
procedimentos para o trabalho em equipe:
A EQUIPE COORDENADORA deve utilizar
questionários para as reuniões que se
iniciarão a cada etapa do planejamento. Estes
questionários são compostos por questões
que levem os vários participantes à
motivação e são constituídos por assuntos
prioritários e importantes;
Após a obtenção das respostas, devem ser
elaborados textos com as respostas de cada
membro;
A equipe coordenadora ou uma outra
designada deve construir um texto final com
todas as propostas;
Em PLENÁRIO, deve ser apresentado o
documento com o propósito de ser verificado,
pelos diversos participantes, se o texto
representa exatamente a vontade do
plenário;
Corrigida a redação pela crítica, o texto deve
voltar ao PLENÁRIO para avaliação final, ou
seja, inicia o processo de juízo. É
EXATAMENTE O TEXTO A VONTADE DA
EQUIPE?
A partir deste momento, são feitos os ajustes
para em plenário, ser definido o documento
final. Tal documento tem que ser a partir daí
respeitado e só deve ser mudado com aval de
todos (em plenário).
Dica do professor
A equipe coordenadora pode ser designada pela direção ou eleita/escolhida em plenário.
Importante
O processo mais democrático para assembléias é a votação. Entretanto, tem que ser deixado claro que as decisões são tomadas por maioria e não por unanimidade. Esta última é difícil de se alcançar.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 102
COMPORTAMENTO E ATITUDES DOS MEMBROS DA
EQUIPE
O comportamento e as atitudes dos membros da
equipe de trabalho para a elaboração do Projeto Político
Pedagógico são fundamentais, pois na hipótese da
existência de posições inadequadas, todo o esforço
poderá ser jogado fora.
O gestor do processo deve estar preocupado em
evitar:
O imediatismo e o comodismo;
O perfeccionismo;
A incredibilidade, o não acreditar em nada;
A inexperiência acrescida da rotatividade de
pessoal;
O autoritarismo;
A sensação de perda de minorias em decisões
da maioria;
Excesso de formalidades com falta de
objetividade.
Concepção
Logicamente, a concepção de um planejamento
compreende FUTURISMO, RACIONALIDADE e DECISÃO,
bem como a convivência com a eterna incerteza.
Para caminhar neste campo se tem a
necessidade de:
Imaginar o futuro (estabelecer um alvo);
Avaliar a realidade (construir um diagnóstico
da escola e do mundo em que se está
inserido);
Comparar o futuro sonhado com a realidade;
Aula 3 | Projeto político pedagógico 103
Definir um itinerário em função da
comparação e análise realizada, buscando
definir ações para se chegar ao sonhado
futuro.
Este processo já foi descrito anteriormente.
Entretanto, é fundamental que o aluno tenha em mente
tal estrutura, pois qualquer processo de planejamento
obedece tal trajetória.
Um PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO de uma
instituição de ensino deve conter duas partes:
PARTE FIXA: Regimento Interno; e
PARTE MÓVEL: Planejamentos.
O REGIMENTO INTERNO é um instrumento legal,
registrado em cartório e onde consta: a estrutura da
escola, o organograma, a descrição dos cargos e das
funções, as responsabilidades, as diretrizes gerais de
ordem administrativa.
Os planejamentos são elaborados e alterados
continuamente devido sofrerem avaliações e
atualizações. Assim, o conjunto com os dois
documentos – o Projeto Político Pedagógico -
apresentará toda a estrutura, a organização e o
funcionamento da escola, tornando mais fácil para
todos os envolvidos conhecerem o que a comunidade
escolar pretende realizar.
Este modelo é defendido por Mansur (1999) que
aponta a seguinte constituição para o Projeto Político-
Pedagógico:
Identificação da escola;
História da Escola;
Introdução: explicar o que irá ocorrer e o resul
Importante
A denominação de PARTE FIXA e PARTE MÓVEL é originada no fato que o REGIMENTO INTERNO sofre poucas ou raras modificações ao longo do tempo. O que não ocorre com os planejamentos, que frequentemente são atualizados.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 104
tado da discussão, envolvendo a Direção e a
Equipe Técnica, a Pedagógica e a Docente;
Concepção e Missão da Instituição: remeter o
leitor ao Regimento Interno;
Fundamentos da Educação;
Recursos físicos, financeiros, materiais
humanos e didáticos correspondentes às
condições disponíveis pela Instituição para o
planejamento e a execução do plano
pedagógico;
Sistema de avaliação, promoção, freqüência e
recuperação de estudos;
Calendário escolar;
Projetos curriculares;
Programação por componente curricular e
série ou ciclo;
Matrizes curriculares;
Plano de atividades para o ensino
fundamental;
Avaliação do plano pedagógico: como
ocorrerá durante o ano, as responsabilidades
de cada um, as diretrizes e normas gerais de
ordem administrativa.
Assim, o conjunto dos dois documentos
apresentará toda a estrutura da escola, sendo uma
fixa, na qual raramente existem modificações e uma
móvel, que obrigatoriamente e continuamente terá que
sofrer avaliações e atualizações pelo planejamento.
Cláudio Souza (1997), em seu artigo “O Projeto
Pedagógico na Perspectiva de Pesquisa e
Desenvolvimento”, já defende o Projeto Político-
Pedagógico com os seguintes itens na sua estrutura:
Objetivos gerais;
Diretrizes gerais;
Componentes curriculares;
Aula 3 | Projeto político pedagógico 105
Estrutura curricular;
Elenco de disciplinas;
Atividades complementares.
Planejamento dos Fins
Planejamento dos Meios
Planejamento da Organização
Planejamento dos Recursos
Planejamento da Implantação
Finalmente, Tachiwaza e Andrade (1999)
apontam para os seguintes elementos necessários para
a estrutura do Projeto Político Pedagógico:
Concepção, finalidades e objetivos;
Currículo pleno proposto com ementário das
disciplinas e indicação de bibliografia básica;
Indicação de responsável pela implantação do
curso com a respectiva qualificação
profissional e acadêmica;
Perfil dos profissionais que pretende formar;
Perfil pretendido do corpo docente quanto ao
número, qualificação, experiência profissional
docente e não docente;
Regime escolar, vagas anuais, turnos de
funcionamento e dimensão de turmas;
Períodos máximos e mínimos de
integralização dos cursos;
Descrição da organização da biblioteca, das
edificações, instalações, laboratórios e itens
correlatos.
Estes autores discordam da sistemática comum
de se trabalhar com currículos antigos. Na opinião
deles, a partir do Planejamento Estratégico, deve
ocorrer o Planejamento Curricular e por fim o Projeto
Pedagógico, mas todos constituídos coletivamente e de
acordo com o novo cenário estabelecido no primeiro
planejamento.
Importante
A utilização de planejamentos e currículos antigos ou de outras instituições são
práticas indesejáveis. Elas estão constituídas para contextos diferentes, e fatalmente levarão a erros graves. Tachiwaza e Andrade estão propondo sistemática semelhante ao que estamos desenvolvendo neste módulo, ou seja, construir um a um (da direção para baixo).
Aula 3 | Projeto político pedagógico 106
Esta visão é excelente, pois evita o quadro
comum de se atualizar um currículo já ultrapassado,
impedindo que seja criado e discutido algo novo sem os
paradigmas do passado. O uso de currículos antigos
também aprisiona as equipes de trabalho e provocam a
tendência de acelerar os trabalhos sem as avaliações
devidas. Ocorrerá a reprodução contínua dos métodos e
técnicas pedagógicas adotadas.
Das propostas de estrutura de Projeto Político-
Pedagógico, pode se concluir que todas são
semelhantes, apenas com mudança de terminologia.
Assim, a escolha da estrutura deve ser construída pela
própria escola.
DURAÇÃO
Um Projeto Político-Pedagógico (obviamente da
parte móvel) deve ser elaborado visando uma duração
plurianual em torno de 3 a 4 anos. Este PROJETO
PLURIANUAL deve ser dividido em PLANOS GLOBAIS
ANUAIS.
O acompanhamento e a avaliação devem ser
mensais ou bimensais, dependendo do estabelecido no
planejamento pelas equipes. Entretanto, é fundamental
a reavaliação do Plano Global e do Projeto Político-
Pedagógico ao final de cada ano. Provavelmente, os
planos globais de anos subseqüentes sofrerão
modificações, frutos dos resultados do ano em que o
Projeto Político-Pedagógico já teve execução.
REGIMENTO ESCOLAR
Tomando por base o livro “A Gestão da Escola”
(2004) encontramos a seguinte definição:
Aula 3 | Projeto político pedagógico 107
O regimento escolar constitui o
conjunto de normas e das regras que
regulam o projeto político pedagógico
da instituição, possibilitando a sua
execução por todos. É o documento
que representa a norma legal, no
contexto da escola, determinando e
disciplinando, nesse universo escolar,
o cumprimento das leis federais, dos
decretos, e das regulamentações
estaduais e municipais.
(p.106)
Ele é constituído por capítulos, seções, artigos
explicitados por parágrafos, incisos e alíneas.
Logicamente, o Regimento Escolar deve
responder as seguintes questões com relação a cada
artigo:
O quê?
Onde?
Por quem?
Por quê?
Para quê?
Como?
Quando?
Do exposto, a construção do Regimento escolar
deveria ser feito em um processo de planejamento
democrático e participativo.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 108
EXERCÍCIO 2
“O maior desafio do Brasil, nas águas turvas da
GLOBALIZAÇÃO, está justamente na degradação do
sistema de ensino. ESCOLA BOA É EXCEÇÃO E NÃO A
REGRA” (Gomes, 2003).
O PPP foi instituído imaginando a possibilidade da
melhoria do ensino brasileiro através da articulação
gestão / docente / comunidade e da transparência das
ações e do uso dos recursos disponíveis.
Você, que neste capítulo estudou a constituição do PPP,
acredita nas afirmações anteriores? Qual a contribuição
que você aluno poderia dar em uma reunião ou plenário
para construir o PPP?
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Aula 3 | Projeto político pedagógico 109
EXERCÍCIO 3
Quais são as condições para a elaboração de um
Projeto Político Pedagógico democrático?
( A ) Gestão participativa; Gestor democrático; Equipe;
Metodologia de trabalho e Atitudes dos membros
da equipe.
( B ) Gestão participativa; Gestor autocrático; Grupo;
Estratégia e Atitudes dos membros da equipe.
( C ) Gestão autocrática; Gestor autocrático; Grupo;
Metodologia de trabalho e Atitudes dos membros
da equipe.
( D ) Gestão autocrático; Gestor indiferente; Equipe;
Produção didática e Passividade dos membros da
equipe.
( E ) Gestão autocrático; Gestor democrático; Equipe;
Grupo de itinerantes e Passividade dos membros
da equipe.
EXERCÍCIO 4
Um gestor deve evitar para que um PPP dê certo:
( A ) Perfeccionismo; credibilidade; demora e falta de
rotatividade de pessoal
( B ) Demora; credibilidade; imediatismo e falta de
rotatividade de pessoal
( C ) Perfeccionismo; credibilidade; demora e
rotatividade de pessoal
( D ) Perfeccionismo; incredibilidade; imediatismo e
rotatividade de pessoal
( E ) Agilidade; credibilidade; demora e rotatividade de
pessoal.
Aula 3 | Projeto político pedagógico 110
RESUMO
Vimos até agora:
O que é o Projeto Político Pedagógico, sua
importância e composição, ou seja, tivemos a
oportunidade de conhecer;
Como se constrói um Projeto Político
Pedagógico e o que deve ser evitado ao longo
de sua construção;
A importância da construção do PPP.
Planejamento
Estratégico
Antonio Fernando Vieira Ney
AU
LA
4
Ap
res
en
taç
ão
Esta aula capacitará ao aluno a participar da construção de um
Planejamento Estratégico. Obviamente, o aluno não terminará a
aula como um expert em elaboração de um Planejamento
Estratégico, mas esperamos que alcance a condição de entender e
de participar, conhecendo claramente suas etapas.
A melhoria do ensino só ocorrerá quando todos os envolvidos se
preocuparem com os problemas que impactam o processo de
ensino-aprendizagem.
Considerando a LDB, esta aula tem o caráter de informar e
permitir que o educador participe da construção de um processo
de planejamento estratégico. Procure entender as etapas, e
jamais, quando estiver trabalhando se negue em participar, ou
seja omissa.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Identificar quais são as etapas de um planejamento
estratégico;
Conhecer como as etapas são construídas no planejamento
estratégico.
Aula 4 | Planejamento estratégico 112
Considerações Iniciais
A palavra ESTRATÉGIA tem o significado de
organização e planejamento das operações de guerra;
estratagema, tática. Ardil, manha, astúcia (Amora,
1999). A estratégia é o modo de pensar e de se
preparar para a ação de guerra necessária em função
de se alcançar um alvo escolhido. Este pensar envolve
o desenvolvimento da habilidade de tomar decisões.
O significado de estratégia deixa claro que o
termo tem origem no meio militar passando
posteriormente para a administração/ gestão.
Na administração, a estratégia irá representar o
modo de pensar capaz de estruturar ações para que a
organização sobreviva e evolua no mercado em que
está inserido.
O Manual de Planejamento Estratégico Escolar
do MEC (p.8) afirma que: “O planejamento estratégico
é um instrumento de gestão apropriado para reformas,
inovações e mudanças, tais como a Educação
Profissional espera alcançar”. Entretanto, ao fazer tal
citação não queremos dizer que basta pegar o Manual
do MEC aplicar, e sair por ai dizendo que ele realiza as
transformações sociais necessárias ou dá a garantia de
sobrevivência de uma organização.
O planejamento estratégico buscará responder
três questões basicamente:
Onde estamos?
Onde pretendemos chegar?
Como chegaremos lá?
O processo de planejamento,
metodologicamente, consiste em analisar a realidade
Importante
Nós já vimos esta descrição anteriormente, apenas estamos repetindo para deixar claro que o processo de planejamento consiste em futurismo, racionalismo e decisão.
Considerações iniciais 112 Processo de planejamento estratégico 115 Construindo o planejamento estratégico 116 Análise do contexto interno 126 Análise do contexto externo 127
Aula 4 | Planejamento estratégico 113
(diagnosticar), imaginar o futuro, procurando definir
para onde deveremos ir, e as possíveis ações capazes
de alcançar o futuro estabelecido.
Logicamente, é importante que você não tenha
dúvidas e entenda com clareza a diferença entre o
Planejamento Estratégico e o Planejamento
Operacional. Retorne ao nosso Mapa de Estudo do
Planejamento, no início do módulo, e verifique com
calma que existem três grandes grupos:
O planejamento do sistema de Educação está
fora do limite da escola e normalmente, são políticas
(diretrizes) para a escola cumprir. Na esfera da
instituição estão os dois seguintes. O primeiro –
estratégico - é da alçada da Direção e pensa na própria
sobrevivência da escola e nos seus anos futuros. O
segundo – operacional – é da alçada do corpo da escola
incluindo a Direção que desdobrará as políticas
(diretrizes) de natureza macro (grandes) em menores
de modo a serem desenvolvidas as diversas ações.
Exemplo:
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
Oferecer curso de Informática básica a todos
os alunos.
Duração: um ano
PLANEJAMENTO OPERACIONAL:
Figura 1
Aula 4 | Planejamento estratégico 114
Definir os tipos de cursos de Informática que
são adequados a escola oferecer – JAN.
Estabelecer os currículos dos cursos – FEV.
Levantar os recursos humanos, materiais e
financeiros necessários aos cursos
funcionarem – MAR/ABR.
Contratar professores para a implantação dos
cursos – MAI.
Preparar a infra-estrutura para atendimento
dos cursos – MAI / JUN / JUL.
Preparar os Planos de Disciplinas / Planos de
Aulas para os cursos – JUN / JUL / AGO.
Definir o material didático necessário e de
apoio –JUN / JUL / AGO.
Adquirir os equipamentos necessários e
instalar nas salas de aula – JUL / AGO.
Adquirir o material didático e de apoio – AGO
/ SET.
Promover cursos pilotos para testar as futuras
ofertas – OUT.
Corrigir as falhas ocorridas nos cursos pilotos
– NOV.
Iniciar os cursos de informática – DEZ ou
JAN.
Você viu a diferença. Percebeu que o segundo
nasce do primeiro. Que no Planejamento Estratégico
tem uma grande atividade de longo prazo, enquanto no
segundo existem doze atividades de curta duração.
Para ajudá-lo a entender melhor e consolidar as
diferenças, estude o quadro abaixo, onde consta a
diferença entre o Planejamento Estratégico e o
Planejamento Operacional.
Aula 4 | Planejamento estratégico 115
DIFERENCA ENTRE PLANEJAMENTO ESTRATEGICO E PLANEJAMENTO
OPERACIONAL
1. Para que e para quem 1. Como e com que
2. Longo e médio prazo 2. Médio e curto prazo
3. Define os fins 3. Define os meios
4. Visão sistêmica 4. Visão localizada
5. Ênfase na inovação 5. Ênfase nas técnicas
6. Foco na essência – “a coisa certa” – eficiência 6. Foco na eficácia - fazer da
“forma certa”
7. Busca a destruição criativa – transformações 7. Manter funcionando bem –
sistema de qualidade
8. Processo permanente com visão de futuro 8. Operacionalização no dia a
dia, no presente.
9. Missão do Time Gestor – O Conselho da
Qualidade
9. Tarefa funcional e
interfuncional dos gestores dos
processos por meio do nível de
tarefa
10. Centrado nas necessidades dos Clientes
Externos e na sociedade
10. Focado nos problemas dos
processos e seus clientes e
fornecedores internos
11. Elaboração e avaliação 11. Execução e avaliação
Adaptado de Gomes (2003, p.371).
Processo de Planejamento Estratégico
Figura 2
Aula 4 | Planejamento estratégico 116
Construindo o Planejamento Estratégico
Em termos técnicos, segundo Parente (op. Cit.),
poderíamos definir o processo de Planejamento
Estratégico com as seguintes fases/etapas:
1ª. FASE: ANALISE / DIAGNÓSTICO COMPOSTO
PELAS ETAPAS
1ª. ETAPA – Definição dos objetivos e Missão;
2ª. ETAPA – Avaliação das políticas e da
performance do setor.
2ª. FASE: POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS
2ª. ETAPA – Formulação das Políticas e
Estratégias;
2b. ETAPA – Estabelecimento de metas de longo
prazo;
2c. ETAPA – Definição de papeis e atribuições
dos atores.
3ª. FASE: PROGRAMAÇÃO, ACOMPANHAMENTO
E CONTROLE
3ª. ETAPA – Elaboração do Plano Estratégico;
3b. ETAPA – Elaboração do Plano Operacional;
3c. ETAPA – Acompanhamento e Avaliação.
O esquema traçado no item anterior se
complementa com a proposta de Parente, pois as
etapas e fases compõem a trajetória para o
Planejamento estratégico. Vamos procurar seguir passo
a passo esta seqüência.
O passo 1 implica na definição das
características e na história da própria instituição, pois
Aula 4 | Planejamento estratégico 117
é fundamental que todos na instituição vistam a camisa
e conheçam os seus princípios, valores e crenças.
PASSO 1: CARACTERÍSTICAS ATUAIS DA
INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Inicialmente, é importante que se faça uma
visita a historia da instituição e as suas características,
de modo a ser estabelecido um PERFIL da instituição.
Esta etapa é OBRIGATÓRIA, pois irá apontar como a
instituição chegou até aqui. Assim, é fundamental:
Verificação do histórico, pois é importante que
todos da equipe saibam;
Verificação do histórico, pois é importante
que todos da equipe saibam;
Descrição do perfil;
Avaliação preliminar da instituição com
relação à sobrevivência. Aí, é fundamental
decidir se o Planejamento Estratégico estará
voltado para MANUTENÇÃO DO ESTADO
ATUAL DA INSTITUIÇÃO (status quo),
CRESCIMENTO INSTITUCIONAL ou
INOVAÇÃO.
A manutenção do estado implica na opção da
instituição manter a situação atual. Por ex. uma escola
que lidera o mercado.
O CRESCIMENTO INSTITUCIONAL deve ser
estudado observando o mercado e os concorrentes,
pois sem crescimento a própria sobrevivência pode ficar
comprometida.
A INOVAÇÃO pode ser utilizada por uma
instituição que esta bem com o propósito de consolidar
posição e hegemonia no mercado em que está inserida.
Quer saber mais?
Perfil institucional O perfil é constituído por:
1. Descrição da instituição; 2. Descrição dos cursos; 3. Descrição da infra-estrutura; 4. Descrição da organização; valores, princípios e crenças atuais, etc.
Aula 4 | Planejamento estratégico 118
Entretanto, neste caso, as inovações devem ser
pensadas com muito cuidado sob pena de por em risco
a posição de liderança alcançada anteriormente.
Como pode ser visto ao se definir o perfil da
escola e a direção a ser seguida – MANUTENÇÃO,
CRESCIMENTO ou INOVAÇÃO – já estamos tomando
uma decisão importante relacionada com o futuro.
PASSO 2: A MISSÃO
A missão define o negócio da instituição, seu
motivo existencial e o seu campo de ação.
Braga e Monteiro (2005) afirmam que uma boa
descrição de missão permite a resposta das seguintes
questões:
Qual a natureza do negócio da instituição?
Qual a delimitação deste negócio?
Qual é o papel da organização na sociedade?
Em que tipo de atividades a empresa deve
concentrar seus esforços?
O Manual de Planejamento Estratégico do MEC
(op.cit.) dá como sugestão o uso das questões:
Quais são as necessidades ou requisitos
básicos que nossa escola é chamada a
atender?
Que queremos ou devemos fazer para
reconhecer e responder a essas necessidades
ou requisitos?
Como devemos responder a nossos clientes
externos?
Qual é a nossa filosofia e valores-chave como
instituição formadora de profissionais?
O que nos distingue de outras instituições
formadoras?
Importante
A referencia a clientes externos, contida na terceira pergunta, corresponde a conceitos de Qualidade Total. Na Gestão da Qualidade Total, o conceito de cliente e posto no sentido EXTERNO (é efetivamente o nosso cliente) e no INTERNO (é o posto de trabalho seguinte em uma atividade interna da instituição). POR EXEMPLO: uma Pagadoria só pode pagar os salários do mês dos funcionários quando recebe a folha de pagamento do
Departamento de Pessoal. Assim, a Pagadoria e o cliente interno do Departamento de Pessoal. Tente pensar em clientes internos na instituição que você trabalha.
Aula 4 | Planejamento estratégico 119
Gomes (op. cit, p. 387) aponta as seguintes
questões para definição da missão:
Nossa escola pode ser fechada?
Faria falta não possuí-la?
O que a sociedade espera de nós?
Para que existimos?
Quem são os nossos clientes principais e
secundários?
Como mudarão os nossos clientes?
Quais são as suas necessidades, expectativas
e desejos?
O que nossos clientes valorizam?
Você, aluno, pode constituir em função dos três
questionários, um próprio para trabalhar na elaboração
de uma missão.
A autora ainda indica o questionário abaixo para
avaliar uma missão escolar. Ela aponta que a missão
deve ser uma frase capaz de ser colocada numa
camiseta para facilitar a sua divulgação.
A missão deve ser altamente motivadora e de
fácil entendimento por toda a escola e comunidade. Em
resumo, ela deve apontar O PORQUÊ EXISTIMOS e
COM QUE PROPÓSITO.
Importante
O Manual de Planejamento Estratégico do MEC indica: “formular uma missão é um processo atrativo, altamente participativo, devendo considerar os seguintes atributos: (i) ser clara para todos; (ii)breve,para poder ser lembrada; (iii)realista na especificação; (iv)avaliável, para determinar se tem tido êxito no seu espaço de responsabilidade; (v) atrativa, de modo a motivar todos a assumirem
um compromisso com ela”.
Aula 4 | Planejamento estratégico 120
AVALIANDO A MISSÃO DE SUA ESCOLA
QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS
RESPOSTAS
SIM
AT
É
CER
TO
PO
NT
O
NÃ
O
1. É curta e objetiva?
2. É clara e de fácil compreensão?
3. Define o que fazemos, e por que a escola
existe?
4. Não define atividades?
5. Fornece informações sobre o que é correto
fazer?
6. Permite aproveitar oportunidade?
7. Mostra forças e competências?
8. Estimula compromisso dos membros da
comunidade?
9. Explicita, em definitivo como a escola
deve ser lembrada?
10. Devemos rever a missão?
EXEMPLOS DE MISSÃO:
Ser uma escola contemporânea,
moderna e autônoma, que garanta
uma formação para a cidadania e uma
qualificação profissional de nível médio
de excelência, voltada para a
sociedade e para o futuro.
(escola que oferece ensino básico e
profissional)
Verifique se esta missão está de acordo com as
questões apresentadas anteriormente.
Aula 4 | Planejamento estratégico 121
OUTROS EXEMPLOS:
“Nossa escola tem por missão dar uma
formação básica de qualidade para os
jovens, contribuindo para a sua
preparação para vida em sociedade e
no trabalho, em ambiente criativo e
inovador”
(escola de ensino básico)
“Oferecer uma escola com ensino-
aprendizagem de qualidade voltada
para a educação de jovens e adultos,
procurando desenvolver competências
para o exercício pleno da cidadania,
oportunizando o êxito do aluno na
conclusão do ensino fundamental e
médio”
(escola direcionada para o ensino de
jovens e adultos)
Cabe uma observação que se refere ao fato que
muitas vezes a missão da escola já está definida e não
pode ser alterada, tendo em vista que a mantenedora
ou o estado não permitem.
Alguns autores ou especialistas defendem a
opinião que a visão deveria ser definida antes da
missão, enquanto outros ao contrário. A lógica de se
colocar a missão antes da visão origina-se da idéia de
que a missão
PASSO 3: VISÃO DE FUTURO
A VISÃO DO FUTURO é estabelecida pelo Diretor
ou Gestor da escola, geralmente estabelecida em
consonância com a mantenedora.
Gomes (op.cit) diz que uma visão deve ser
constituída obedecendo aos seguintes elementos:
1º ELEMENTO - Um conceito claro e
inspirador;
Aula 4 | Planejamento estratégico 122
2º ELEMENTO - Uma noção de propósito
nobre e positivo;
3º ELEMENTO - Desenvolvimento pela alta
liderança; e
4º ELEMENTO - Uma chance plausível de
sucesso.
Nós repetimos, de propósito, a necessidade da
visão de futuro nascer da DIREÇÃO, pois só a liderança
maior pode definir onde se deseja chegar. Qual é a
meta maior da instituição?
Do mesmo modo, é interessante nesta fase, a
elaboração de valores, princípios e crenças que a escola
deve seguir, pois é fundamental em função da visão
estabelecida pela Direção se discutir a cultura
organizacional.
Um processo para se trabalhar a cultura
organizacional é partir do que existe, procurando ver “o
jeito de ser da instituição” (Gomes, op.cit.).
Para facilitar o entendimento vamos
exemplificar:
Vamos a um comentário sobre o texto:
1º PONTO: Verifique que estamos falando de
VISÃO DE FUTURO e o Diretor atual do curso XPTO
imaginou uma visão para cinco anos. Foi considerado
que ele tivesse formulado em 2006;
2º PONTO: Observe que ele destaca a qualidade
dos cursos oferecidos. Ou seja, a essência do mercado
que ele deseja dominar tem que ser atendida. Não se
esqueça o”foco” dele é concurso público;
Para pensar
Você é capaz de identificar os dois momentos em que apontamos a importância
do papel da liderança na definição da visão?
VISÃO DE FUTURO DA XPTO
O curso XPTO será reconhecido até 2011 como:
1. Uma instituição de ensino com cursos de
qualidade na área de concursos públicos;
2. Uma instituição de ensino com 60 % do mercado
de concursos públicos nos estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santo;
3. Uma instituição de ensino administrada por times
de trabalho autodirigidos direcionado
prioritariamente para os seus processos críticos;
4. Uma instituição que reconhece o valor, a
qualidade e o desenvolvimento de seus diversos
parceiros; e
5. Uma instituição rentável para os seus acionistas.
Aula 4 | Planejamento estratégico 123
3º PONTO: Ele planejará o curso XPTO para
alcançar 60 % do mercado de dois estados do país. É
uma pretensão audaciosa. Terá que ser discutido se tal
curso tem condição para chegar a este nível;
4º PONTO: Ele procura valorizar a sua equipe e
definir um modo de trabalho por time autodirigido, ou
seja, ele defende uma gestão participativa e
democrática; e
5º PONTO: Ele pensa nos seus investidores
quando coloca a rentabilidade na sua visão.
PASSO 4: ANÁLISE DOS CONTEXTOS INTERNO E
EXTERNO
Quando demos o primeiro passo, sem saber,
iniciamos a realização deste passo, também. Lá nós
procuramos nos conhecer, descrevemos a escola, seu
histórico, suas características (descrevemos o contexto
geográfico, socioeconômico e cultural), e a organização
interna.
É fundamental ter descrito os processos
administrativos (como o processo de planejamento
acontece, como é realizada a tomada de decisão, e
quais são os canais de comunicação).
As informações de recursos humanos, perfil de
alunos, situação educacional e a descrição da infra-
estrutura (disponibilidades da escola, instalações,
conservação, etc.) são elementos imprescindíveis para
a análise do contexto interno e externo, e já devem ter
sido preparadas para este momento.
Logicamente, a parte financeira não deve ser
excluída desta coleta de dados realizada no primeiro
passo. Ou seja, estamos dizendo que o primeiro passo
Importante
O primeiro passo era levantar o histórico e as características da instituição de ensino. Tais informações e dados já servirão de base para o passo 4.
Aula 4 | Planejamento estratégico 124
é uma grande coleta de dados sobre a instituição
propriamente dita.
O Manual de Planejamento Estratégico do MEC
(op. Cit.) apresenta o seguinte quadro de explicação
para analise de contexto:
ANÁLISE DE CONTEXTOS
ANÁLISE DE CONTEXTO INTERNO
FORÇAS FRAGILIDADES
São os recursos e
características que
representam uma vantagem
comparativa da escola em
relação a outras realidades e,
portanto, deve ser tirado o
máximo proveito delas. São
fatos ou situações que estão
presentes dentro da escola e
que devem ser
potencializados para alcançar
as metas. São capacidades e
recursos variados (poder,
habilidades, experiências,
conhecimentos, tempo,
recursos e outros) que a
escola dispõe e controla.
São os recursos e situações que
se encontram no interior da
escola e que representam
desvantagem atual ou potencial.
São expressões de valores
negativos e, em geral,
constituem um obstáculo para o
desenvolvimento da instituição
e para o alcance de seus
objetivos. As fragilidades
também podem ser carências
importantes que a instituição
tem, que limitam, dificultam ou
impedem o seu
desenvolvimento.
ANÁLISE DE CONTEXTO EXTERNO
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
São fatos ou situações que
estão presentes no exterior
da escola e que podem gerar
ações alternativas que
favoreçam seu
desenvolvimento,
especialmente se são
aproveitadas dentro da
organização. Também é
definida como possibilidade
que o entorno oferece e que
podem ser aproveitadas pela
instituição para a realização
com êxitos do seu projeto.
São os riscos, fatos, situações e
fenômenos que estão presentes
no contexto externo da escola e
que podem dificultar o alcance
dos objetivos produzirem um
impacto negativo ou uma
dificuldade substancial em seu
desenvolvimento. São as
restrições que o entorno
apresenta para a realização das
ações de uma escola, e sobre as
quais ela tem pouco ou nenhum
grau de controle. A explicitação
dos riscos e ameaças facilita a
ação responsável, evita os
fracassos e ajuda a assumir as
dificuldades para convertê-las
em oportunidades.
Aula 4 | Planejamento estratégico 125
Comentando o quadro, vamos apontar um
exemplo de FORÇA. A escola dispõe de cursos de
tecnologia do petróleo numa região em que serão
instaladas indústrias do ramo.
Um exemplo de OPORTUNIDADE numa escola
ocorre quando ela dispõe de recursos para oferecer
determinados cursos (por ex. informática) e na região
existe uma demanda que permite oferecer o curso.
A FRAGILIDADE ocorre quando a escola já
oferece um curso e começa constatar reclamações de
qualidade por parte dos pais e alunos, evasão etc. São
sinais que, embora com procura (demanda), a escola
não está atendendo devidamente.
Uma AMEAÇA aparece quando uma pequena
escola vê surgir a seu lado uma grande instituição de
ensino que, fatalmente, comprometerá a própria
sobrevivência da escola. Como agir nesta situação?
Parente (op.cit.), como outros autores não
utilizam a expressão ameaças, e sim, restrições.
Entretanto, para você aluno não existe diferença, pois o
propósito é o mesmo.
O Manual de Planejamento Estratégico do MEC
(op. Cit.) destaca tal estudo como ESTUDO DE
MERCADO. Apresentando que o Estudo de Mercado
orienta a escola para uma adequação dos seus
programas de ensino visando:
Possibilitar a adequação da oferta de cursos
às reais necessidades de mercado;
Subsidiar definições / reformulações
/adequações curriculares que reflitam a
formação de técnicos segundo perfis
profissionais identificados;
Importante
Embora o texto do Manual esteja voltado para a Educação Profissional, ele vale para qualquer um tipo de educação.
Aula 4 | Planejamento estratégico 126
Identificar competências técnicas a partir do
conhecimento dos processos utilizados nas
empresas;
Identificar necessidades de oferta de cursos
de nível básico, técnico ou tecnológico, bem
como seus respectivos conteúdos;
Articular escola/empresa a partir de
processos de integração que considerem
pesquisa, levantamentos e conseqüentes
discussões e debates acerca dos resultados e
dados coletados.” (p.31).
Análise do Contexto Interno
Gomes (op.cit.) aponta os seguintes pontos
como elementos para a análise do ambiente interno:
Liderança;
Capacitação de seu pessoal;
Identificação da marca da instituição;
Localização geográfica;
Equilíbrio financeiro;
Qualidade dos serviços e produtos;
Política de preços;
Fornecedores;
Clientes;
Clima organizacional;
Modelo de gestão;
Sistema e fluxo de trabalho;
Comunicação interna;
Comunidade e imagem;
Portfólio de produtos;
Serviços e outros.
Assim, uma reunião de análise de ambiente
interno deve dispor de todos os dados para dar conta
desta gama de pontos que tem que ser abordada pelo
construtor do PPP.
Aula 4 | Planejamento estratégico 127
Análise do Contexto Externo
Gomes (op.cit.) aponta os seguintes pontos
como elementos para a analise do ambiente externo:
Imaginar um horizonte de 3 a 5 anos para
pensar estrategicamente;
Identificar e discutir tendências como
eventos, fatos e situações que podem atingir
a comunidade escolar;
Selecionar todas as macrotendências que
influenciarão a escola e seus cursos; e,
Utilize todas as informações e dados oficiais e
não oficiais (jornais, revistas, internet e
outras).
A autora ainda destaca a necessidade de se
estabelecer uma matriz que denominou de FOFA (Força
- Oportunidade – Fraqueza – Ameaça) para se levantar
as informações e dados.
MATRIZ PARA FOFA INSTITUCIONAL
OPORTUNIDADES
a) Quais são as
tendências?
b) Como podem ser
exploradas?
c) Que chances existem
para a nossa escola?
AMEAÇAS
a) Que obstáculos você
encara?
b) O que a concorrência
está fazendo?
c) Que efeito terá o
desenvolvimento?
FORÇAS
a) Quais são as suas
vantagens?
b) No que a sua
organização é melhor?
FRAQUEZAS
a) O que pode ser
melhorado?
b) O que deve ser evitado?
Aula 4 | Planejamento estratégico 128
Para facilitar o trabalho de compilação e
estruturação de informações e dados, o Manual de
Planejamento Estratégico do MEC (op. Cit.)
apresentava duas planilhas. A primeira para análise do
Contexto Interno:
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ANÁLISE DE CONTEXTO
INTERNO
SÍNTESE DA ANÁLISE DO CONTEXTO INTERNO
Setores Forças Fragilidad
es
Estrutura e Organização do Trabalho
Competência do Pessoal
Recursos Materiais e Financeiros
Capacidade de Acompanhamento,
Avaliação e Análise.
A segunda para análise do Contexto Externo:
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
ANÁLISE DE CONTEXTO EXTERNO
SÍNTESE DA ANÁLISE DO CONTEXTO EXTERNO
Aspectos Atores Oportunidades Ameaças
Ambientais
Políticos
Econômicos
Sócio-culturais
A equipe de planejamento deve elaborar o
diagnóstico situacional olhando: características da
organização, processos administrativos, recursos
Aula 4 | Planejamento estratégico 129
humanos, perfil dos alunos, situação educacional e
infra-estrutura física.
De posse da MISSÃO e do DIAGNÓSTICO
SITUACIONAL da escola (análise dos contextos internos
e externos) podem ser elaborados diversos cenários, e
a partir daí decidido o caminho a ser seguido para se
alcançar a VISÃO DE FUTURO. Assim, de posse deste
mapeamento dos contextos serão definidas as diversas
POLÍTICAS a serem seguidas.
Para facilitar o seu entendimento, pelo mapa
que elaboramos em 6.2 estamos entrando na etapa nº
4 ou pelo método que Parente definiu, estamos na 2ª
fase e em sua 1ª etapa – caminhando para definir
Políticas e Estratégias.
PASSO 5: POLÍTICAS DA ESCOLA
A definição das POLÍTICAS (objetivos
estratégicos) é uma das etapas mais importantes de
todo o processo de planejamento. Sugerimos que você
retorne ao esquema apresentado no item 6.2 e procure
ver que mudamos de etapa, pois conhecemos a nossa
realidade pelo diagnóstico feito (1), definimos a Missão
e a Visão de Futuro (2) e optamos por um caminho (3).
Os objetivos estratégicos ou políticas devem
englobar ações concretas, capazes de provocar as
mudanças que a escola deseja com o propósito de se
alcançar a visão de futuro estabelecida. Deve ser
evitada a escolha de um grande número de objetivos
estratégicos, devemos escolher poucos, mas que sejam
significativos.
O Manual de Planejamento Estratégico do MEC
(op.cit) coloca duas questões para ajudar:
Importante
Como a palavra POLÍTICA na nossa terra tem um sentido complicado, grande parte dos autores a tem substituído por OBJETIVOS ESTRATÉGICOS OU DIRETRIZES ESTRATÉGICAS.
Aula 4 | Planejamento estratégico 130
Que desafios surgem dos objetivos
estratégicos?
E que novas linhas de ação devem ser
desenvolvidas para alcançar estes objetivos?
O Manual ainda destaca a necessidade de se
dividir a escola em três áreas estratégicas:
ÁREA TÉCNICA-PEDAGÓGICA
ÁREA DE GESTÃO ESCOLAR
ÁREA DE INTEGRAÇÃO ESCOLA-EMPRESA –
esta última é muito relevante para a
educação profissional.
Exemplos de objetivos estratégicos:
Ampliar os vínculos com os ex-alunos.
Promover a satisfação e a integração dos
alunos.
Aperfeiçoar o atendimento aos alunos .
Fortalecer os vínculos com os ex-alunos e a
clientela.
Desenvolver continuamente a qualidade de
ensino.
Consolidar um quadro de docentes
qualificados.
Dinamizar a prestação de serviços geradores
de receitas complementares.
Aprimorar a comunicação institucional.
Implementar mecanismos de revisão
curricular decorrente do acompanhamento de
mercado e das avaliações realizadas.
Implementar um sistema de
acompanhamento de egressos.
Montar, no primeiro ano de planejamento,
estudos de mercado para subsidiar a escolha
e a formação dos currículos de cursos.
Aula 4 | Planejamento estratégico 131
PASSO 6: ESTRATÉGIAS, METAS E INDICADORES
DA ESCOLA
Definida a Política, vamos entrar no
estabelecimento das estratégias. Ou seja, como serão
desenvolvidas as políticas traçadas?
Em resumo, após a definição dos objetivos
estratégicos (políticas) deve ser estabelecido o “como
implementar”, e este “como implementar” é que
denominamos de estratégia.
Logicamente, serão definidas as metas e os
indicadores de desempenho para cada estratégia.
Em função da combinação das análises externas
e internas podemos ter quatro tipos diferentes de
estratégias:
ANÁLISE
INTERNA
ANÁLISE EXTERNA
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
FORÇAS Estratégias de
Desenvolvimento e
Inovação
(EXPLORAR)
Estratégias de
Manutenção
(ENFRENTAR)
FRAQUEZAS Estratégias de
Crescimento
(MELHORAR)
Estratégias de
Sobrevivência
(ABANDONAR OU
MODIFICAR)
Logicamente, como você já sabe não adianta
colocar uma estratégia (ação) sem estabelecer uma
meta e elementos para o monitoramento
(acompanhamento) e controle. Assim, iremos
estabelecer tais elementos. Um modo claro e fácil de
elaborar é a elaboração de tabelas do tipo:
Importante
Uma diretriz, meta ou ordem só tem sentido se tiver prazo e responsável. Por isso, é importante ao definir a estratégia e estabelecer a meta.
Aula 4 | Planejamento estratégico 132
PLANO ESTRATÉGICO
ESTRATÉGIAS METAS INDICADORES
Implantação de um
sistema de
gerenciamento de
informações na
escola.
Especificar um
sistema de
informações
gerenciais para a
escola até abril do
corrente ano.
Limite de custos:
R$ 50.000,00
Especificação pronta até abril do
corrente ano.
Comprar um
sistema de
informações
gerenciais para a
escola até junho do
corrente ano.
Limite de custos:
R$ 50.000,00
Sistema comprado até junho do
corrente ano.
Implantar um
sistema de
informações
gerenciais para a
escola até outubro
do corrente ano.
Implantação do SGI realizada até
outubro do corrente ano.
Treinar os usuários
do corpo
administrativo no
SGI até dezembro.
% de pessoal treinado
Treinamento do
corpo docente no
módulo de
avaliação de alunos
no sistema
gerencial de
informações.
Treinar 50 % do
corpo docente no
módulo de
avaliação do SGI
até janeiro.
% de pessoal treinado
Treinar 50 % do
corpo docente no
módulo de
avaliação do SGI
até fevereiro.
% de pessoal treinado
Gomes (op.cit) destaca os seguintes critérios
para uma boa meta:
Deve ser escrita;
Enunciar um só resultado a ser alcançado;
O prazo deve ser claro;
Especificar elementos e limites de custos;
Ser mensurável e, se possível, quantificável;
Possibilitar retorno, se gerar custos;
Ser compatível com os recursos disponíveis;
Aula 4 | Planejamento estratégico 133
Ser compatível com políticas e práticas da
instituição;
Ser periodicamente controlado;
Ser divulgada entre os envolvidos;
Para cada estratégia elaborada, estabeleça
metas.
Ela afirma que 60 a 70 % dos critérios acima
deve ser obedecido no estabelecimento de metas.
PASSO 7: ATORES E RESPONSABILIDADES
Aqui cabe lembrar que é fundamental
estabelecer quem é o responsável e quais são as suas
responsabilidades para cada estratégia.
Vocês devem estar lembrados que afirmamos
que uma ordem tem que ter responsável e prazo pela
sua execução. A razão desta exigência é para evitar
que a ordem se transforme numa mera pretensão
numa vontade. Existe um dito popular que afirma:
“cachorro que tem dois donos morre de fome”, e é por
isto que a ordem, o processo, a ação, a atividade etc
tem que possuir um “dono”. Assim, é obvio que
deveremos ter um responsável para cada ação definida.
PASSO 8: PLANO ESTRATÉGICO
Alcançamos o ponto essencial de um processo
de planejamento, pois iremos formalizar todo o
trabalho.
Em primeiro lugar, sugerimos que o plano seja
constituído com o seguinte quadro para cada meta:
POR QUE? Por que deve ser feito?
O QUE? O que deve ser feito?
COMO? Como deve ser feito?
QUEM? Quem deve fazer?
Aula 4 | Planejamento estratégico 134
QUANDO? Quando deve ser feito?
ONDE? Onde deve ser feito?
QUANTO? Quanto custa? Custo e Benefício.
Fonte: Gomes
Em segundo lugar, a elaboração dos diversos
planos de ação deve iniciar como desdobramentos do
Plano Estratégico.
PASSO 9: DESENVOLVIMENTO DO PLANO,
MONITORAMENTO E REPLANEJAMENTO.
Talvez o título mais correto deste passo fosse
Gerenciamento do Plano Estratégico ou Gerenciamento
do Projeto Político Pedagógico, mas escolhemos
denominá-lo pelos passos após a etapa de elaboração
do Plano Estratégico para caracterizar bem a ETAPA de
APERFEIÇOAMENTO.
ESTRUTURA DE UM PLANO DE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO
1. Capa com o nome da Instituição da Escola, sua
logomarca e titulo.
2. Objetivo do Plano Estratégico.
3. Participantes do Grupo de Planejamento - Time
Gestor.
4. Apresentação da Instituição: histórico,
caracterização, perfil do negócio, representação
gráfica do fluxo do negócio e estrutura de
trabalho da escola (organograma).
5. Diretrizes Superiores (POLÍTICAS): Missão, Visão,
Crenças e Valores e Objetivos Estratégicos.
6. Plano Estratégico: Estratégias, Metas,
Indicadores.
7. Plano de Ação – projetos prioritários.
OBSERVAÇÃO: Em anexo devem constar todos os
registros, fatos, dados e fotos realizados no decorrer
do processo de planejamento estratégico, incluindo
o diagnóstico.
Adaptado de Gomes, 2003.
Aula 4 | Planejamento estratégico 135
Você deve estar perguntando: o que é Etapa de
Aperfeiçoamento? Vá ao nosso mapinha no início de 6.2
e procure ver o que é esta etapa.
O Manual de Planejamento Estratégico do MEC
(op.cit) aponta as seguintes medidas como efetivas
para o gerenciamento de Projetos:
Os objetivos são claramente estabelecidos;
As atividades são coerentes e logicamente
planejadas;
Os meios estão bem dimensionados de
acordo com as necessidades e as
disponibilidades reais de financiamentos;
Os responsáveis pela execução estão
devidamente preparados, comprometidos e
formalmente indicados; e
A comunidade conhece, concorda, apóia e
acompanha a execução.
Inicialmente, deve ser instituído um processo de
MONITORAMENTO, ou seja, implantado um sistema
baseado em um processo contínuo e permanente de
obtenção de dados e informações, e de análise
referentes a todas as atividades programadas nos
diversos planos. É importante dizer que a integração de
informações em um único banco de dados se torna
imprescindível.
Retorne as aulas iniciais e vocês irão observar
que entre o Planejamento Estratégico e o Planejamento
Operacional há setas nos dois sentidos. Isto significa
que a resposta ao planejado no primeiro deve vir do
segundo, e automaticamente uma nova diretriz retorna
do primeiro.
O monitoramento, segundo o MEC, é um
processo permanente de levantamento e análise de
Aula 4 | Planejamento estratégico 136
informações, referente à execução das atividades
programadas por um projeto, com o objetivo de
subsidiar a sua gerência e avaliação, especialmente no
que se refere aos ajustes e correções que se fizerem
necessários ao Projeto. Assim, os as informações e
dados devem ser obtidos em função dos indicadores
estabelecidos.
Devem ser estabelecidos períodos para a
realização de reuniões de avaliação dos Planos nos
vários níveis da escola. As agendas dessas reuniões
devem ser construídas de acordo com os Planos em
avaliação.
A Direção da escola deve promover, no prazo de
um a três meses, uma reunião de andamento do
Planejamento Estratégico e, basicamente as questões
para reflexão devem ser:
Qual o resultado de cada atividade
programada?
Quais são os óbices que estão impactando a
realização das atividades, conforme previsto?
Quais são os fatores positivos que
aconteceram em algumas atividades que
podem ser usadas em outras?
O que tem que ser reprogramado e seus
impactos?
A definição de um calendário é fator
imprescindível para a realização das reuniões mensais,
e a participação do Diretor é fundamental.
No mapa sobre Processo de Planejamento
Estratégico na página 119 utilizamos a palavra inglesa
“Feedback”, na realidade as decisões não devem ser
tomadas apenas considerando o monitoramento dos
Dica do
professor
Lembramos que um planejamento não tem que acontecer como o previsto, ele
apenas serve de bússola e rota. Por isso, tem que continuamente avaliado com relação a trajetória que estamos seguindo.
Aula 4 | Planejamento estratégico 137
indicadores, mas também em função do retorno de
informações e depoimentos dos envolvidos.
Anualmente, ao final do período escolar, deve
ser avaliado o Plano Estratégico e atualizado como um
todo.
EXERCÍCIO 1
Escreva uma Visão de Futuro para uma instituição
escolar de ensino fundamental privada.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
EXERCÍCIO 2
Escreva algumas missões para instituições de ensino
relacionadas abaixo:
a) Faculdade de Física
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
b) Escola de Educação Infantil
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Aula 4 | Planejamento estratégico 138
EXERCÍCIO 3
Você irá fazer uma análise de contexto externo. Assim,
assinale o que você deve determinar para fazer a
análise:
( A ) Forças e Oportunidades.
( B ) Fragilidades e Oportunidades.
( C ) Ameaças e Fragilidades.
( D ) Oportunidades e Ameaças.
( E ) Forças e Fragilidades.
EXERCÍCIO 4
Você irá fazer uma análise de contexto interno. Assim,
assinale o que você deve determinar para fazer a
análise:
( A ) Forças e Oportunidades.
( B ) Fragilidades e Oportunidades.
( C ) Ameaças e Fragilidades.
( D ) Oportunidades e Ameaças.
( E ) Forças e Fragilidades.
Aula 4 | Planejamento estratégico 139
RESUMO
Vimos até agora:
O planejamento estratégico, sua identificação,
importância e composição. A análise de
contexto como elemento imprescindível para
se verificar a própria sobrevivência da escola;
A identificação das etapas de um
planejamento estratégico, ou seja, os passos
para se construir um planejamento
estratégico, bem como os cuidados a serem
tomados.
Plano de curso/Plano de ensino-
aprendizagem/plano de aula
Antonio Fernando Vieira Ney
AU
LA
5
Ap
res
en
taç
ão
Nesta aula conheceremos o que é um: Plano de curso; Plano de
ensino-aprendizagem e Plano de Aula. Estes três planos irão
constituir o que se convenciona chamar de Planejamento
Operacional.
Nesta etapa do planejamento, a participação do docente é
fundamental, pois a necessidade de comprometimento do mesmo
com o planejamento é a primeira condição para um resultado
positivo do processo de desempenho do aluno.
Desenvolva o hábito de planejar as suas aulas, inclusive pensando
nos seus alunos e nas suas dificuldades, pois planejar exige este
diagnóstico, pois a metodologia e a técnica a ser usada dependem
de tais fatores.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Conhecer o que é um Plano de Curso.
Conhecer os elementos de um Plano de Curso.
Conhecer o que é um Plano de Ensino.
Conhecer os elementos de um Plano de Ensino.
Elaborar um Plano de Ensino.
Conhecer o que é um Plano de aula.
Conhecer os elementos de um Plano de Aula.
Elaborar um Plano de Aula.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 142
O Plano de Curso
Poderíamos entender um curso qualquer,
independente do nível de ensino (Educação Infantil,
Ensino Fundamental, Médio e Superior) a que se
destina, como um conjunto de disciplinas (matérias)
inter-relacionadas e ensinadas numa escola ou classe,
de acordo com um determinado programa.
No âmbito do ensino superior existem inúmeros
cursos em função da graduação pretendida, como por
exemplo: curso de Pedagogia, Direito, Engenharia e
outros. Estes cursos são constituídos por uma série de
disciplinas (matérias) interligadas e em seqüências, que
são desenvolvidas durante um período de 3 ou 4 anos,
com um número pré-determinado de horas-aula e dias
letivos. Nas instituições de Ensino Superior existem
ainda outros cursos mais específicos, que são
desenvolvidos a médio ou a curto prazo, como os
cursos de extensão universitária, com um menor
número de horas do que uma graduação e uma série
de conferências/palestras sobre um assunto
determinado. Cada tipo de curso apresenta a sua
especificidade e as suas características particulares.
Para viabilizar um curso é fundamental definir
suas metas e objetivos educacionais em função da
realidade institucional. É justamente aí que surge em
cena o planejamento pedagógico, que começaremos a
estudar agora.
Basicamente existem três tipos de
planejamentos pedagógicos, não sendo difícil
estabelecer uma distinção entre eles:
PLANO DE CURSO – nível 1;
PLANO DE ENSINO – nível 2;
PLANO DE AULA – nível 3.
Importante
Estes três níveis de Planos se interrelacionam, se desdobram e se interligam
diretamente. NENHUM DESTES PLANOS É INDEPENDENTE DO OUTRO.
O plano de curso 142 Considerações Iniciais sobre Plano de ensino-aprendizagem 145 Definição do Plano de Ensino 146 Critérios 147 Elaborando um plano de ensino 149 Considerações Iniciais sobre o Plano de Aula 159 Estrutura da aula 160 A Composição de um Plano de Aula 161 Elaborando um plano de Aula 163 Níveis Básicos de Aprendizagem 164 Tipos de objetivos 167
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 143
O PLANO DE CURSO é a organização de um
conjunto de matérias, que vão ser ensinadas e
desenvolvidas em uma instituição acadêmica, durante
um período relativo à execução do curso em si, exigido
pela legislação ou por uma determinação explícita, que
obedece certas normas ou princípios orientadores
(Menegolla ou Sant’Anna, 2000). Trata-se, assim, de
um instrumento de trabalho, amplo, genérico, mas ao
mesmo tempo, sintético, que serve de marco de
referência às operações de ensino-aprendizagem que
se desencadearão durante o curso em função dos fins a
serem alcançados (Sant’Anna et al, 1995).
Este tipo de plano representa o trabalho de
previsão de um ano letivo para as atividades de uma
determinada disciplina, incluindo sua dependência com
os anos anteriores e posteriores, e sua coordenação
com outras disciplinas afins ou não, tendo em tornar o
ensino mais eficiente, mais orgânico e com sentido de
continuidade. (Nérici,1973).
É fundamental esclarecer que muitas vezes a
expressão “PLANO DE CURSO” pode ser utilizada no
sentido de um “planejamento de disciplina (matéria) de
curso”. Tal uso, comum no âmbito acadêmico, é no
nosso entendimento considerado inadequado por
confundir disciplina (nível 2) com o curso em si (nível
1). Aqui, ao utilizarmos o termo Plano de Curso
estaremos nos referindo ao curso em geral (nível 1),
por exemplo, um curso de graduação (Engenharia
Agrícola) – ver esquema abaixo:
ESQUEMA 1: PLANO DE CURSO – CURRÍCULO DO CURSO
DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
DISCRIMINAÇÃO DISCIPLINAS
Matérias Básicas
Matemática – Física – Química – Biologia e
Geologia
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 144
Formação
Profissional
Desenho – Mecânica Geral – Resistência
dos Materiais – Topografia – Foto-
interpretação – Edafologia – Hidrologia –
Agrometerologia – Agricultura - Zootecnia
– Economia Agrícola.
Disciplinas
Aplicadas
Tratores – Máquinas Agrícolas –
Eletrificação Rural - Construções Rurais –
Hidráulica – Irrigação e Drenagem –
Conservação do Solo – Processamento de
Produtos Agrícolas.
Conforme o exemplo acima um Plano de Curso
estabelece toda a estrutura e disciplinas de um curso,
no caso o de Engenharia Agrícola.
O PLANO DE AULA (nível 3), por sua vez, possui
uma esfera de atuação bem mais focal, considerando
que o mesmo se destina ao planejamento da
viabilização tão somente de uma única aula que leva
em média 1 hora de duração. Trata-se , logicamente de
um planejamento mais simples e objetivo do que o
Plano de Ensino , mas nem por isso, menos importante
e necessário do que esse.
É importante destacar que ambos, o Plano de
Aula e o Plano de Ensino devem ser entendidos como
duas ferramentas complementares. O segundo só é
possível através do primeiro e o primeiro só tem
sentido a partir dos objetivos definidos no segundo.
O esquema 2 apresenta um claro exemplo da
estrutura completa dos três níveis.
Importante
Você se lembra do que falamos anteriormente, sobre interligação e interrelacionamento entre níveis ?
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 145
Considerações Iniciais sobre Plano de
ensino-aprendizagem
A importância do professor ao elaborar o Plano
de Ensino está diretamente ligado ao fato que ele é o
responsável pela aplicação do plano. Assim, para um
professor sensibilizado e comprometido com o processo
educacional, esta construção do Plano de Ensino é
fundamental, pois a ordem dos conteúdos a serem
trabalhadas, a metodologia e a técnica a serem
aplicadas têm que estar em consonância com os
princípios, valores e crenças (cultura) do próprio
professor.
Na atualidade, é comum livros didáticos, em
edições para o professor, apresentarem Planos de
Ensino prontos para uso, o professor nada tem a fazer
do que “pegar” o livro e repetir a “programação”
estabelecida. Tal prática infelizmente transforma o
professor em um mero reprodutor, pois a teoria a ser
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 146
ministrada, os exercícios a serem aplicados e os
objetivos a serem alcançados já estão definidos,
portanto, o professor só reproduz.
Outra situação comum nos dias atuais, oriunda
dos programas de Qualidade Total, refere-se a
determinados grupos educacionais que desenvolve todo
o planejamento educacional, desde a gestão até a sala
de aula. Nestes casos o professor é treinado a trabalhar
dentro de um modelo pré-estabelecido baseado na
racionalidade e na obtenção de determinada eficácia e
eficiência.
Este modelo, muitas vezes, é chamado de “ALTO
DESEMPENHO”, pois garante a aprendizagem de todos
os alunos. Em tais sistemas, os professores são
obrigados a seguir na risca a programação elaborada.
Normalmente, os pais e alunos são vistos como
clientes, e procura-se atender as necessidades do
cliente. Obviamente, a educação é posta como neutra.
Definição do Plano de Ensino
O que é um Plano de Ensino?
Na realidade, o PLANO DE ENSINO (nível 2) é
um roteiro organizado das unidades didáticas de uma
disciplina qualquer para um ano ou semestre .
(Libâneo, 1994, p.232).
Este tipo de plano é informalmente denominado
de plano de curso ou plano de unidades didáticas.
Entretanto, a denominação de plano de ensino como
plano de curso é inadequada, porque pode promover
confusões entre uma disciplina ou matéria (nível 2)
com o curso (nível1).
Para pensar
Questão a ser debatida, será que este procedimento não tem o objetivo central de reforçar a
situação existente na sociedade e na educação? E como fica a valorização do professor?
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 147
Trata-se, portanto, da distribuição dos assuntos
a serem estudados em determinados períodos: anuais,
semestrais, mensais ou semanais. Organizado pela
coordenação da disciplina com os professores,
possibilita uma distribuição racional e equilibrada do
conteúdo por todo o curso. Ele é de grande utilidade,
desde que o professor compreenda que o plano é uma
diretriz, um roteiro flexível que precisa ser revisto
periodicamente, para ajustamentos às possibilidades de
realização.
Critérios
O Plano de Ensino deve:
Manter uma íntima correlação com o Plano de
Curso (nível 1) de modo a assegurar
coerência nas ações da escola, mantendo-a
como um todo integrado;
Basear-se no conhecimento da realidade que
envolve o aluno, para que expresse, em cada
objetivo e nos meios especificados para o seu
alcance, um sentido de adequação às
capacidades e possibilidades dos aprendizes;
Caracterizar-se pela abertura, permitindo a
participação conjunta dos elementos
interessados na sua organização, desde que
represente economia de esforços e maior
significação na busca dos objetivos
pretendidos;
Ter caráter individual, porque particulariza os
traços determinantes de um conjunto de
alunos;e,
Ser exeqüível tanto em uma perspectiva de
tempo-duração como, por outro lado, numa
perspectiva de adequação às características
do público alvo.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 148
A seleção de assuntos para se alcançar os
objetivos estabelecidos no Plano de Ensino deve possuir
os seguintes critérios:
A REPRESENTATIVIDADE corresponde a
identificar o que de mais importante existe na área do
conhecimento.
A VALIDADE implica na importância e atualidade
científica relacionada com o conteúdo escolhido.
A RELEVÂNCIA do conteúdo implica na efetiva
contribuição para alcançar os objetivos traçados. Não
Você se lembra que em nosso Mapa de Aprendizagem
tinha a relação:
Plano de Curso
(nível 1)
Plano de Ensino (nível 2)
Plano de Aula (nível 3)
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 149
tem sentido a escolha de assuntos cujo valor não tem
significado efetivo para a obtenção do conhecimento.
A EXEQÜIBILIDADE significa na possibilidade de
se trabalhar o assunto no curso.
A ADEQUAÇÃO corresponde à compatibilidade
com o nível do curso e da turma.
A UTILIDADE tem ligação com a aplicação em
novas situações; e
O SIGNIFICADO tem implicações com a
importância para o aluno do assunto que está sendo
desenvolvido. Não se deve ter a ilusão e nem se pode
confundir com uma ideologia equivocada de se formar
direto para o trabalho, bem como que só se deve
planejar conteúdos de aplicação e uso.
Elaborando um Plano de Ensino
O primeiro ponto a ser destacado, é que não
existe uma forma ou modelo rígido de Plano de Ensino,
pois o planejamento não deve ser inflexível porque seu
papel é dar um “norte”, uma direção ao trabalho.
Entretanto, todo o Plano de Ensino deve conter
determinados elementos de modo que a sua estrutura
tenha uma seqüência coerente.
Outro ponto refere-se aos elementos
fundamentais e imprescindíveis para a elaboração do
Plano de Ensino. Tais elementos são:
Identificação
Público alvo
Requisitos de acesso
Distribuição do tempo
Ementa
Para pensar
Visão de Mundo Nesta hora deve se ter em mente a questão: Que homem
desejamos formar? Por isto a importância do assunto escolhido
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 150
Justificativa
Objetivo
Conteúdo
Procedimentos (estratégias)
Recursos Didáticos
Avaliação
Bibliografia
1. IDENTIFICAÇÃO
Obviamente, qualquer plano ou documento tem
que possuir a sua identificação. Assim, aqui deverão
estar registrados todos os dados e informações que
identificam, situam e complementam o curso.
IDENTIFICAÇÃO
INSTITUIÇÃO DE ENSINO Escola Avena
CURSO Fundamental CÓDIGO EFMAT5
DISCIPLINA Matemática Nº DE
CRÉDITOS
SEMESTRE 1º e 2º CARGA
HORÁRIA
160 horas
PRÉ-REQUISITOS Aprovação na
4ª série
Nº DE AULAS
NO
SEMESTRE
80
PROFESSOR RESPONSÁVEL: Professor Antonio Ney
2. PÚBLICO ALVO
O público alvo corresponde àquelas pessoas que
o curso está direcionado, ou seja, são as características
básicas da turma alvo a ser atendida. Nas
conceituações de Gestão da Qualidade Total o público
alvo corresponderia ao perfil desejado de cliente.
Exemplo: Alunos da 5º série do Ensino Fundamental.
3. REQUISITOS DE ACESSO
Os requisitos de acesso são as condições
mínimas que o aluno deve preencher para cursar uma
determinada disciplina. É muito comum nos cursos de
educação profissional e superior os alunos ao se
Para pensar
Aproveite a Figura abaixo e defina o pré-requisito de todas as disciplinas constantes da mesma. 1. Introdução a
Computação 2. Conhecimentos
Básicos de Windows
3. Word 4. Access 5. Excell
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 151
matricularem, terem que observar os requisitos de
acesso, sob pena de se prejudicarem na matrícula, pois
ficam impossibilitados de cursar quando não atendem a
todos os pré-requisitos.
Os alunos ao procurarem os cursos com
estruturas modulares devem ter muito cuidado ao se
matricular por causa dos pré-requisitos.
4. DISTRIBUIÇÃO DE TEMPO
A distribuição do tempo refere a forma como a
carga horária se encontra distribuída semanalmente.
Exemplo: Duas aulas por semana num total de 360
horas.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 152
5. EMENTA
A ementa é um resumo de todo o conteúdo de
uma disciplina em seus aspectos essenciais. Exemplo:
Ementa de Psicologia da Aprendizagem:
Concepção sobre aprendizagem. O processo de
aprendizagem. Aspectos psicológicos da aprendizagem.
A contribuição de intelectuais sobre os métodos de
aprendizagem. A lógica e a subjetividade no processo
de aprendizagem. Personalidade e percepção no
processo de aprendizagem. A arte como recurso
facilitador para a aprendizagem.
6. JUSTIFICATIVA
O item JUSTIFICATIVA é um dos mais
importantes do Plano de Ensino, tendo em vista que
fornece a todos que consultam o plano a relevância da
disciplina no quadro geral do curso e o quanto a mesma
(disciplina) contribuirá para a formação do aluno. É o
marketing do curso. Entretanto, ela deve ser curta e
clara, contendo apenas um parágrafo e constituído de 8
a 15 linhas.
7. OBJETIVO
Neste item é preciso deixar claro o que a
disciplina do curso pretende, caso seja desenvolvida na
íntegra. Este item pode ser dividido em geral e
específicos.
O objetivo geral é aquilo que a disciplina
persegue em termos de contribuição para o curso em
andamento. Abaixo um exemplo sobre objetivos gerais
e específicos:
DISCIPLINA – Práticas Metodológica II
Importante
A distribuição de tempos deve ser compatível com os tempos das unidades de ensino.
Você consegue perceber a importância da escolha do conteúdo a ser trabalhado com o tempo? Um simples lembrete é importante para você guardar: os recursos de tempo são escassos e definidos.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 153
OBJETIVO GERAL:
Permitir ao aluno o contato com metodologias
quantitativas e qualitativas, entendendo-se o
mesmo como fundamental para a formação
do pesquisador.
OBJETIVO ESPECÍFICO:
Estimular a utilização de práticas de
pesquisas variadas;
Instrumentalizar o aluno no uso de
laboratório de prática experimental;
Favorecer a qualificação do futuro
pesquisador através da prática de pesquisa
com o uso de questionários e entrevistas.
8. CONTEÚDOS
Como o próprio nome do item sugere, o mesmo
reúne os pontos centrais do conteúdo a ser ministrado
em aula. De modo geral é organizado sob a forma de
tópicos, facilitando ao professor e ao aluno uma
compreensão geral de como o curso está estruturado.
Que pontos foram privilegiados e que pontos ficarem de
fora.
DISCIPLINA: Matemática
SÉRIE: 5ª série do Ensino Fundamental
CONTEÚDOS
Sistema de Numeração Decimal
Números reais
Adição, subtração, multiplicação e divisão de números naturais
Potenciação e raiz quadrada de números naturais.
Múltiplos e divisores.
Dados, tabelas e gráficos.
Formas
Ângulos
Polígonos e circunferências
Frações
Números decimais
Porcentagens
Medidas
Importante
Estratégias de aulas: Aula expositiva; Aula prática; Demonstração
Prática; Discussão dirigida; Estudo de caso; Estudo dirigido; Trabalho em grupo Projeto.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 154
9. PROCEDIMENTOS (ESTRATÉGIAS)
O item estratégia corresponde as técnicas
didáticas e pedagógicas utilizadas na disciplina durante
o período letivo visando não apenas o cumprimento dos
objetivos, mas também a motivação e a participação
dos alunos.
Exemplo: Pesquisa de campo em grupo,
exposição oral, preleção verbal, elaboração de
questionário, trabalho em grupo etc.
10. RECURSOS DIDÁTICOS
Este item reúne os diferentes tipos de recursos
instrucionais que deverão ser utilizados pelo professor
no decorrer de seu período letivo serão citados no
plano. Exemplo: quadro-negro, retroprojetor,
microscópio, transferidor.
11. AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser realizada continuamente e
integrada as propostas que a disciplina tem com
relação ao curso.
Não se deve pensar que a grande avaliação é ao
final do curso, pois determinados resultados devem ser
analisados e as exigências de correções imediatas feitas
para os objetivos gerais e especificados.
O item avaliação deve reunir as técnicas
avaliativas a serem utilizadas e estipular quando estas
serão aplicadas.
Exemplo de avaliações:
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 155
3 provas escritas a serem realizadas de 3 em
3 meses.
1 prova prática de estudo ao final de cada
semestre e dois trabalhos de campo.
As provas escritas valerão 5 pontos, bem
como os trabalhos práticos. O total de pontos
da disciplina será de 25.
Caso o aluno não alcance o mínimo de pontos
este deverá realizar então um trabalho final
em função da diferença de pontos restantes.
12. BIBLIOGRAFIA
Este item reúne a relação de livros, revistas e
artigos que deverá ser utilizado no curso, ou que serve
para o desenvolvimento da disciplina.
Na página seguinte existe um Plano de Ensino
elaborado para a Matemática. Leia comparando com o
que foi dito. Depois, faça o exercício ao final da aula.
PLANO DE ENSINO
IDENTIFICAÇÃO
Instituição de Ensino: Escola Avena
Curso: Ensino Fundamental Código: EFMAT5
Disciplina: Matemática Nº de créditos:
Semestre: 1º e 2º de 2005. Carga horária: 160 horas
Pré-requisito: Aprovação na 4ª série Nº de Aulas: 80 por semestre
Professor: Joaquim Chapolim
Público Alvo: 35 alunos da 5ª série
Distribuição do tempo: 5H semanais
Justificativa: Uma das disciplinas
fundamentais para formação do aluno
para a cidadania.
Objetivos da Disciplina:
- Desenvolver a capacidade de analisar,
comparar, conceituar, representar,
abstrair e generalizar.
- Associar a Matemática a outras áreas
do conhecimento.
Conteúdos Nº
de Aulas
Objetivos Específicos da
Unidade
Unidade 1:
Sistema de Numeração
Decimal
10 Compreender as
necessidades práticas que
levaram à criação dos
números, relacionando o
desenvolvimento dos
sistemas numéricos com a
história da humanidade.
Importante
A bibliografia representa uma base teórica, sua fundamentação a partir de como você entende disciplina, e que permitirá ao aluno crescer.
Não esqueça a educação não deve ser neutra. Toda educação reflete valores, crenças e princípios. Suas opções bibliográficas refletem esses elementos.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 156
Unidade 2:
Números reais
10 Reconhecer os números
naturais.
Unidade 3 e 4:
Adição, subtração,
multiplicação e divisão de
números naturais
40 Retomar e ampliar os
conhecimentos sobre as
operações fundamentais
com números naturais, seus
significados e aplicações nas
resoluções de problemas.
Unidade 5:
Potenciação e raiz
quadrada de números
naturais.
10 Identificar o significado e a
vantagem da representação
de produtos com dois ou
mais fatores iguais na forma
de potência.
Estender essa
representação, de modo
lógico, a casos especiais.
Unidade 6:
Múltiplos e divisores.
10 Identificar o conceito de
múltiplo e de divisor de um
número natural e sua
relevância na Matemática e
em problemas do cotidiano.
Unidade 7:
Dados, tabelas e gráficos.
10 Construir procedimentos
para organizar e representar
dados por meio de tabelas e
gráficos estatísticos.
Unidade 8:
Formas
10 Desenvolver a capacidade
de observação do espaço,
visando compreender,
descrever e representar de
forma organizada o mundo
físico.
Unidade 9:
Ângulos
10 Construir a noção de
ângulo, constatando sua
presença na natureza e sua
importância nas obras feitas
pelo homem.
Unidade 10:
Polígonos e circunferências
10 Ampliar e organizar os
conhecimentos sobre figuras
geométricas planas, em
particular polígonos e
circunferências.
Unidade 11:
Frações
10 Reconhecer e interpretar
números racionais na forma
fracionária em diferentes
contextos, aplicando os
conhecimentos sobre
frações para representar e
resolver situações-
problemas.
Unidade 12:
Números decimais
10 Estender as regras do
Sistema de Numeração
Decimal para representar
números racionais na forma
decimal, compreendendo
esses registros.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 157
Unidade 13:
Porcentagens
10 Reconhecer a importância
das porcentagens no
contexto social e científico,
sabendo identificar valores
correspondentes a
porcentagens básicas.
Unidade 14:
Medidas
10 Ampliar a construção do
conceito de medida,
percebendo sua importância
nas situações do cotidiano,
do trabalho e das ciências.
Procedimentos Estratégicos: Aulas expositivas, trabalhos em grupo, debates,
pesquisas e projetos.
Recursos Didáticos: Retroprojetor, vídeo, som, máquina de calcular, material de
desenho, tesoura, pano quadro branco.
Avaliação:
Os instrumentos (provas, debates, trabalhos individuais ou em grupo em sala de
aula e extraclasse) da avaliação serão definidos pelo professor no decorrer do ano
letivo.
Cada bimestre deverá ter um conceito de acordo com a escala: Excelente – Muito
Bom – Bom - Regular e Insuficiente.
O aluno para ser aprovado deverá ter como conceito médio entre as seis
avaliações, no mínimo, de bom.
A recuperação para os alunos que não alcançaram conceito bom será efetivado por
meio de prova a ser realizadas no final do ano letivo.
Bibliografia:
PRATICANDO A MATEMÁTICA – 5ª série – Álvaro Andrini e Maria José
Vasconcellos.
O HOMEM QUE CALCULAVA – Malba Tahan.
AS MARAVILHAS DA MATEMÁTICA – Malba Tahan.
OS NÚMEROS: A HISTÓRIA DE UMA GRANDE Invenção – George Ifrah.
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA – Carl B. Boyer.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 158
EXERCÍCIO 1
Identifique 3 aspectos que justifiquem a importância da
elaboração do Plano de Ensino de uma disciplina.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
MODELO DE PLANO DE ENSINO
IDENTIFICAÇÃO
Instituição de Ensino:
Curso: Código:
Disciplina: Nº de créditos:
Semestre: Carga horária:
Pré-requisito: Nº de Aulas:
Professor:
Público Alvo:
Distribuição do tempo:
Justificativa:
Objetivos da Disciplina:
Conteúdos Nº
de Aulas
Objetivos Específicos da
Unidade
Procedimentos Estratégicos:
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 159
Recursos Didáticos:
Avaliação:
Bibliografia:
Considerações Iniciais sobre o Plano de
Aula
O grande objetivo de um Plano de Aula é o que
o professor espera alcançar ao final da aula, ou seja, o
resultado da aprendizagem.
É importante assinalar que ao elaborar um Plano
de Aula, o Professor deve ter a preocupação essencial
com a aprendizagem do conhecimento que espera do
aluno, bem como a consonância com os objetivos
traçados no Plano de Curso. Ou seja, a sintonia entre a
aula e o curso (disciplina) é fundamental. Entretanto, o
Plano do Curso não pode servir de justificativa para o
Professor afirmar que sua aula será prejudicada por ter
que “obedecer” o Plano de Ensino (disciplina).
Caro aluno, veja nas primeiras páginas no mapa
de aprendizagem que existe uma troca no processo de
planejamento entre a aula e o curso e vice-versa.
Dois pontos são fundamentais serem
comentados neste momento; o primeiro, implica na
facilidade do aluno de construir um Plano de Aula após
ter aprendido elaborar um Plano de Ensino (disciplina).
VOCÊ SE LEMBRA QUE EM NOSSO
MAPA DE APRENDIZAGEM
TINHA A RELAÇÃO:
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 160
Em resumo, se você domina a elaboração do Plano de
Ensino não terá problemas para construir o Plano de
Aula.
O outro ponto se refere ao fato que não basta
apenas definir o que queremos ensinar, mas temos que
pensar como colocar no papel as idéias para concretizar
os objetivos da aula e verificar sua viabilidade de
execução considerando todos os fatores envolvidos
como tempo, local, número de alunos, metodologia,
materiais disponíveis e etc.
Estrutura da Aula
Uma AULA deve ser estruturada em 3 fases:
1ª FASE - APRESENTAÇÃO OU INTRODUÇÃO:
corresponde a fase de apresentação ao aluno do tema e
importância (relevância) do seu estudo.
Ela será constituída pelos elementos:
Resumo da aula anterior: caso tenha ligação
ou seqüência;
Título e tópicos principais dos conteúdos da
aula;
Objetivos: deve-se deixar bem claro aos
alunos o que a aula irá oferecer;
Justificativa: a importância e relevância da
aula com o sentido de motivar e despertar o
interesse do aluno pelo tema. Tenha em
mente que você tem que INCENTIVAR o
aluno.
2ª FASE – DESENVOLVIMENTO: corresponde a
fase mais importante da aula envolvendo em seu
desenvolvimento geral:
Importante
O professor deve MOTIVAR o aluno neste momento.
Desenvolva a vontade de aprender.
Importante
A verificação deve ser realizada em função dos objetivos traçados.
O modo de verificar pode ser parcial ou único, é uma decisão do professor.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 161
Explicação: implica no desenvolvimento
teórico do tema ou discussão sobre o
assunto;
Aplicação: é uma etapa concomitante com a
Explicação, onde o professor demonstra a
aplicação prática do tema;
Verificação: implica na etapa de verificação
da aprendizagem do aluno. Aqui, se vê o que
de fato o aluno aprendeu. Você estará
verificando se os objetivos da aula foram
assimilados.
3ª FASE – CONCLUSÃO: refere-se a um resumo
da aula com os pontos essenciais estudados, além da
finalização do tema abordado de modo a que este
possa ser aprofundado posteriormente.
A Composição de um Plano de Aula
Logicamente, qualquer atividade que seja
executada, deve ser composta por 3 partes bem
definidas: a do PLANEJAMENTO, a de EXECUÇÃO, e
obviamente, a AVALIAÇÃO. Elas se interligam e são
complementares para obtenção do sucesso da atividade
prevista. Uma aula bem ministrada depende de seu
planejamento.
A EXECUÇÃO da aula não deve fugir do
planejado, mas não significa que pelas condições
ambientais, afetivas e materiais, ela não possa sofrer
mudanças. Um exemplo simples, você iria ministrar
uma aula com retro-projetor e na hora houve queima
da lâmpada. Automaticamente, você irá optar por uma
outra alternativa, embora seguindo o planejado. Ou
seja, em resumo,
Importante
DIVISÃO DO TEMPO DE DURAÇÃO DA AULA Apresentação: 15% Desenvolvimento: 70% Conclusão: 15%. Esta divisão do tempo é orientativa, não implica numa obrigação, pois nenhum planejamento deve ser estruturado com imposição. O planejamento é um “norte”, ou seja, uma direção e não uma obrigação. Ao professor cabe a decisão de construí-lo, pois os resultados serão de sua responsabilidade. A meta do professor ao elaborar um Plano de Aula é tentar garantir a aprendizagem do aluno.
Importante
P E A: Planejar, Executar, Avaliar.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 162
Finalmente, a AVALIAÇÃO implica na:
Verificação se os resultados previstos foram
alcançados;
Redefinição das ações no sentido de se
alcançar os objetivos traçados.
O Plano de Aula é o guia do professor para
empreender a viagem de levar os alunos a adquirirem
os conhecimentos necessários aos seus próprios
desenvolvimentos, e para isto o plano deve prever: o
roteiro, a maneira como o assunto será trabalhado, os
seus referenciais teóricos, as intenções pedagógicas da
proposta de aula, o tempo necessário de demanda e os
recursos que serão utilizados na empreitada.
Então, o Plano de aula é uma ferramenta
fortíssima para o trabalho do docente e muito útil para:
Organizar mentalmente as idéias a serem
discutidas em sala de aula;
Fornecer ao docente mais segurança e
domínio na sala de aula;
Otimizar as atividades que serão
desenvolvidas em sala de aula;
Propiciar a criação de novas idéias sobre
como partilhar o conteúdo da aula com os
alunos em termos práticos e teóricos;
Facilitar o cumprimento dos objetivos da
aula;
Evitar possíveis falhas comuns na execução
das aulas;
Aumentar a eficácia do processo pedagógico
em desenvolvimento.
Importante
Você pode verificar que aí estão os principais objetivos de um Plano de Aula.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 163
Conforme falamos na primeira aula, existem
muitas pessoas e professores que não
elaboram e não acreditam em planos de
aulas, e são até contrários. Várias instituições
de ensino, principalmente de educação
básica, cometem o absurdo de não cobrar a
sua elaboração do professor. Não
ampliaremos esta discussão, pois já foi vista
exaustivamente no início de nosso curso,
agora deixamos claro que se você deseja ter
uma boa prática, ser responsável e
fundamentar a sua atuação em sala de aula,
utilize o plano.
Elaborando um Plano de Aula
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Da mesma forma que em todos os
planejamentos anteriores, você deve identificar o plano
de aula.
Exemplo: nome da instituição de Ensino,
unidade, departamento, disciplina, código da disciplina,
número de créditos, dia, horário, prédio, sala etc.
Em geral, tais dados constituem o cabeçalho do
plano, devendo se situar no início do mesmo.
TEMA
Refere-se ao núcleo do assunto que será
trabalhado na aula como: o nome do assunto ou da
matéria a ser vista. Exemplo: Globalização e Educação,
Raiz Quadrada, Os Músculos do Corpo etc.
Importante
O COMPORTAMENTO é um conjunto de atitudes e reações da pessoa em função do meio social em que vive.
A APRENDIZAGEM é um processo que muda o comportamento da pessoa.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 164
OBJETIVO
Você pode estar incomodado porque voltaremos
a falar de objetivos. Ele é a essência do planejamento
tendo em vista que será a meta a ser alcançada como
afirmado nas Considerações Iniciais desta aula.
O objetivo, portanto, é o COMPORTAMENTO que
o professor espera que os alunos possuam ao final da
aula. É o resultado do processo de aprendizagem.
O estabelecimento dos objetivos deve ser bem
definido com o propósito de alcançar o que se pretende
da aula.
A utilização de um VERBO na forma de INFINITO
serve para indicar o comportamento observável
esperado.
Exemplos do uso de verbos no infinitivo:
Avaliar as técnicas de conservação de
energia.
Verificar visualmente as falhas da união
soldada.
O verbo utilizado deve ser claro e não deve
dar uma idéia ambígua ao objetivo.
Cada objetivo deve indicar somente uma ação
e tem que ser compatível com o tempo e os
recursos disponíveis.
Níveis Básicos de Aprendizagem
Os objetivos devem ser traçados em função dos
níveis de aprendizagem. Estamos falando de
envolvimento da área cognitiva.
Dica do professor
DICAS PARA A ELABORAÇÃO DOS OBJETIVOS: Normalmente os objetivos complementam a seguinte idéia: “Ao final da aula o aluno será capaz de....................”
Para pensar
Retorne ao exercício 2 e verifique que os setes objetivos do Plano de Trabalho. Estas regras se aplicariam aos objetivos?
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 165
1º. NÍVEL CONHECIMENTO corresponde aquele
nível onde o aluno normalmente armazena informações
referentes aos conteúdos. Está baseado na memória
comporta vários graus de complexidade;
2º. NÍVEL COMPREENSÃO corresponde aquele
nível baseado no entendimento efetivo dos conteúdos.
Está baseado na interpretação;
3º. NÍVEL APLICAÇÃO corresponde aquele nível
onde o aluno desenvolve a habilidade de utilizar os
conteúdos. Este nível envolve necessariamente
CONHECIMENTO e COMPREENSÃO, ou seja, os níveis
anteriores;
4º. NÍVEL ANÁLISE corresponde aquele nível
onde o aluno é capaz desdobrar determinado
equipamento, material, organização etc. em suas
partes constitutivas, a percepção das interrelações
dessas partes e os modos da organização;
5º. NÍVEL SÍNTESE corresponde aquele nível
onde o aluno é capaz de envolver a organização dos
conteúdos desenvolvidos nos quatro níveis anteriores:
conhecimento, compreensão, aplicação e análise. Aqui,
ele será capaz de combinar as partes para formar um
todo; e,
6º. NÍVEL AVALIAÇÃO corresponde aquele nível
onde o aluno é capaz de julgar determinado assunto. É
o nível mais alto.
Dica de leitura
Se o aluno desejar ampliar o conhecimento nestes conceitos de taxionomia, aconselhamos o livro PLANEJAMENTO DE ENSINO E AVALIAÇÃO de Flávia Sannt’Anna, Délcia Enricone, Lenir André e Clódia Turra da editora SagraLuzzato.
Para pensar
Esta listagem não é exaustiva, bem como há repetição de verbos em níveis diferentes por causa do grau de complexidade da ação. Lembre-se que a classificação é em função da ação esperada e não do verbo em si.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 166
TABELA DE VERBOS POR NÍVEL
Nível Verbos
Conhecimento Apontar – Definir – Descrever - Designar -
Detalhar – Determinar – Distinguir -
Enumerar - Enunciar – Especificar -
Exemplificar – Explanar - Explicitar –
Identificar – Listar – Marcar – Nomear –
Mencionar –Mostrar – Reduzir – Registrar -
Relacionar - Relatar - Repetir - Selecionar
Compreensão Compreender - Converter – Debater - Definir
– Deduzir – Demonstrar - Descrever -
Detalhar - Distinguir - Estimar – Exemplificar
– Explanar - Explicitar – Expor - Discutir –
Expressar- Ilustrar - Interpretar – Localizar –
Narrar - Organizar – Relacionar - Revisar –
Selecionar - Sumariar - Traduzir
Aplicação Aplicar – Calcular – Construir – Converter -
Dramatizar – Descrever – Determinar –
Discriminar – Distinguir – Efetuar - Elaborar -
Empregar – Esboçar – Escrever - Executar –
Exemplificar -Explicar - Explicitar – Ilustrar –
Manipular – Manusear – Medir - Modificar –
Montar - Operar - Praticar – Preparar -
Produzir – Provar - Resolver – Traçar - Usar -
Utilizar
Importante
Esta listagem não é exaustiva, bem como há repetição de verbos em níveis diferentes por causa do grau de complexidade da ação. Lembre-se que a classificação é em função da ação esperada e não do verbo em si.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 167
Análise Analisar – Calcular – Comparar – Criticar –
Debater – Decompor – Detalhar – Descrever
– Designar - Determinar - Discriminar –
Diferenciar –Distinguir - Enunciar –
Especificar – Estabelecer - Examinar -
Experimentar – Explicar - Fracionar – Ilustrar
- Inferir - Investigar – Posicionar - Provar –
Relacionar Selecionar - Separar
Síntese Apresentar - Combinar – Compilar – Compor
– Coordenar - Criar – Construir - Delinear –
Demonstrar - Descobrir - Descrever -
Dimensionar - Dirigir – Elaborar -
Esquematizar – Explicar -Formular –Gerar -
Narrar - Organizar - Planejar – Produzir –
Projetar - Propor – Provar -Relatar –
representar - Reunir - Sintetizar – Sumariar
Avaliação Analisar - Avaliar – Comparar – Concluir –
Escolher – Estimar – Fundamentar -
Interpretar – Julgar –Justificar – Qualificar -
Relacionar – Selecionar – Validar
Fonte: Curso Expedito de Técnica de Ensino – CIAW.
Tipos de Objetivos
Os objetivos podem ser de dois tipos: GERAL e
ESPECÍFICO.
O OBJETIVO GERAL é o principal, ou seja, a
essência da aula. enquanto os OBJETIVOS
ESPECÍFICOS podem ser diversos objetivos secundários
que irão permitir alcançar o objetivo geral.
EXEMPLO DE OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Tema A importância da
reciclagem do lixo
A Arte de uma
Organização de
Aprendizagem.
Objetivo
Geral
Conscientizar os alunos
da importância da
reciclagem do lixo e seus
efeitos positivos sobre
meio ambiente.
Conhecer uma
Organização de
Aprendizagem.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 168
Objetivos
Específicos
Fornecer informações
básicas sobre a produção
e destinação do lixo.
- Conceituar uma
Organização de
aprendizagem.
- Relacionar as
disciplinas
componentes de uma
Organização de
Aprendizagem.
DURAÇÃO
Este item corresponde ao tempo disponível para
a realização da aula. A unidade de tempo pode ser em
horas ou minutos. Exemplo: 1hora 15 minutos ou 45
minutos.
CONTEÚDO
Este item contém um breve resumo, sob a forma
de tópicos, dos assuntos que serão tratados em aula
como se fossem unidades do assunto ou capítulos de
um livro. Trata-se, portanto, de um desdobramento do
tema.
Exemplo: tomando o tema “A ARTE DE UMA
ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM” poderíamos
colocar os seguintes conteúdos para o assunto:
Conceituação de uma Organização de
Aprendizagem
Ciclo de reforço para aprendizagem de uma
Organização
Disciplinas da Aprendizagem
Domínio Pessoal
Modelos Mentais
Objetivo Comum
Aprendizagem em Grupo
Quinta Disciplina: Raciocínio Sistêmico.
Importante
Ao organizar os conteúdos e assuntos selecionados, devem ser verificados os seguintes aspectos: - Extensão; - Equilíbrio; - Seqüência; e - Integração. É fundamental se pensar no todo a ser trabalhado em sala de aula.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 169
MATERIAL DIDÁTICO OU INSTRUMENTOS
Este item contempla as diferentes ferramentas
pedagógicas que serão utilizadas para viabilizar o
conteúdo da aula. Exemplo: televisão, retroprojetor,
vídeo, cartazes.
METODOLOGIA (OU PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS)
Este item se refere à forma didática utilizada
pelo professor para disponibilizar os conteúdos em aula
a partir dos instrumentos pedagógicos anteriormente
citados.
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
Este item se refere particularmente aos alunos e
serve para indicar quais serão as atividades que estes
irão desenvolver. Exemplo: Exploração de figuras
geométricas em fotografias diferentes de fachadas de
residências.
A Metodologia a ser escolhida envolve a estratégia e
as atividades a serem adotadas, procurando-se a
maneira mais adequada de desenvolver os
conteúdos programados para a aula:
a) Aula Expositiva;
b) Aula Prática;
c) Demonstração Prática;
d) Discussão Dirigida;
e) Estudo de Caso;
f) Estudo Dirigido;
g) Trabalho em Grupo;
h) Projetos.
Não abordaremos tais estratégias, pois são
desenvolvidas ao longo de nosso curso nas diversas
disciplinas.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 170
AVALIAÇÃO
No fim da aula, o professor poderá elaborar um
tipo de avaliação a fim de verificar o resultado de seu
trabalho, ou seja, verificar se os objetivos da aula
foram alcançados.
Exemplo: Tomando os exemplos sobre uma
Organização de Aprendizagem, poderíamos desejar
verificar se o aluno conseguiu conhecer as cinco
disciplinas de uma organização deste tipo. A pergunta
poderia ser: “Quais são as cinco disciplinas de uma
Organização de Aprendizagem?”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O último item de um plano de aula diz respeito a
base teórica do conteúdo desenvolvido em aula.
Obviamente, se o Plano de Aula irá ser fornecido a
Instituição de Ensino, é importante que o professor
ATIVIDADES QUE PODEM SER DESENVOLVIDAS
Trabalhar com a PERCEPÇÃO VISUAL (observação
da fachada), com uma VISÃO PESSOAL DE BELEZA
(escolha da fachada mais bonita), com MEMÓRIA
VISUAL (lembrança dos detalhes da fachada
observada), com a LINGUAGEM PICTÓRIA (desenho
da fachada) e com a DISCRIMINAÇÃO VISUAL
(comparação de detalhes entre fachadas diferentes).
As seguintes atividades poderão ser conduzidas do
tipo:
Os alunos podem desenhar a fachada que mais
gostaram identificando as figuras geométricas.
Quais seriam as distorções da fachada real com a
fachada guardada na memória?
Este exercício permite uma análise das distorções
que ocorrem quando queremos representar um
objeto ou contar uma história.
Este exercício permite desenvolver pesquisa a ser
trabalhada individualmente ou coletivamente.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 171
especifique o material bibliográfico de acordo com as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
As referências bibliográficas não significam que
sejam apenas de livros, mas todo o material a ser
trabalhado em sala de aula ou a ser lido como
complementação para os estudos feitos. Assim, deve
ser incluído: periódicos, sites, artigos, filmes, vídeos,
DVD etc.
Na página seguinte, veja um exemplo de um
plano pronto com todos os itens enumerados até agora
tanto no plano de ensino quanto no plano de aula.
Posteriormente, faça o exercício previsto, onde
você deverá, a partir de um texto dado, construir um
plano de aula. É fundamental a elaboração deste
exercício porque ele permitirá medir as suas
dificuldades.
No caso de dúvida, não deixe de retornar as
explicações das páginas anteriores, consultando os
exemplos e sugestões bibliográficas fornecidas.
EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS
LIVRO:
CARVALHO, Vilson. Educação Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário. Rio de Janeiro, WAK,
2005.
SITE:
SHELL. Gás Natural e Geração de Energia. Site
acessado: <URL: http: //www.shell.com/home>
data de acesso: 22/02/2005.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 172
PLANO DE AULA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ESCOLA: Mundo do Adolescente
PROFESSOR: João da Silva
DISCIPLINA: Administração
CÓDIGO: A-22
Nº DE CRÉDITOS: 1
UNIDADE: 5
DURAÇÃO: 1 hora
REVISÃO: 1
DATA: 20/JUN/2006
TEMA CENTRAL (ASSUNTO)
A Arte da Organização de Aprendizagem
OBJETIVOS
Conceituar uma organização de
aprendizagem.
Definir um ciclo de reforço de
aprendizagem.
Relacionar as disciplinas de
aprendizagem.
JUSTIFICATIVA
Como sobreviver num mercado altamente competitivo, com elevado índice de
mudanças? Este é o grande desafio das organizações modernas. Esta sobrevivência
requer uma organização que busca aprimorar seus processos para produzir o
melhor, no menor tempo e no mais baixo custo possível. Estes fatores são
primordiais para vencer, as barreiras e os desafios. As organizações de
aprendizagem constituem um caminho baseado na produtividade e na educação
continuada.
CONTEÚDOS
1. Conceituação de uma organização de Aprendizagem.
2. Ciclo de reforço para aprendizagem.
3. Disciplinas de aprendizagem: 3.1 Domínio Pessoal, 3.2 Modelos Mentais,
3.3 Objetivo Comum, 3.4 Aprendizagem em Grupo e 3.5 Raciocínio sistêmico.
Apresentação
Resumo da aula
anterior
Conteúdo
Tema novo
Metodologia Recursos Duração
(Tempo)
Tema, Tópicos e
Incentivação
Apresentação
do Tema
Aula
expositiva
Retroprojetor
transparência 1
5’
DESENVOLVIMENTO
Conceituação de
uma O.A.
Conceito
Aprendizagem
de
sobrevivência
Aprendizagem
generativa
(criativa)
Aula
expositiva
Retroprojetor
transparência 2
10’
Ciclo de reforço Consciência e
sensibilização
Valores,
crenças e
princípios
Ciclo de reforço
positivo e
negativo.
Aula
expositiva
Retroprojetor
transparência 3
10’
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 173
Disciplinas de
Aprendizagem
Domínio
Pessoal
Modelos
Mentais
Objetivos
comuns
Aprendizagem
em grupo
Raciocínio
sistêmico
Aula
expositiva
com
exemplos
práticos
Retroprojetor
transparência 4
10’
VERIFICAÇÃO
Perguntas práticas
O que é um
AO?
Quais são as
disciplinas de
uma OA?
Discussão
dirigida
XXXXXXXXXX 5’
SUMÁRIO
Reforçar o
essencial das
disciplinas de
OA.
Aula
expositiva
XXXXXXXXXX
10’
60’
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Quinta Disciplina – Peter Senge.
Escolas que Aprendem: um guia da Quinta Disciplina para educadores, pais e todos
que se interessam pela educação – Peter Senge et all.
OBSERVAÇÕES
DATA DE APROVAÇÃO RESPONSÁVEL
EXERCÍCIO 2
Explique, com suas palavras, os três momentos
relativos a uma aula, indicando a importância de cada
um deles e suas dificuldades: PLANEJAMENTO,
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO.
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 174
MODELO DE PLANO DE AULA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ESCOLA:
PROFESSOR:
DISCIPLINA:
CÓDIGO:
Nº DE CRÉDITOS:
UNIDADE:
DURAÇÃO:
REVISÃO:
DATA:
TEMA CENTRAL (ASSUNTO)
OBJETIVOS
JUSTIFICATIVA
CONTEÚDOS
Apresentação
Resumo da aula
anterior
Conteúdo
Tema novo
Metodologia Recursos Duração
(Tempo)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OBSERVAÇÕES
DATA DE APROVAÇÃO RESPONSÁVEL
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 175
EXERCÍCIO 3
Um Planejamento Operacional é composto pelos
seguintes planos:
( A ) Plano de Aula; Plano de Ensino-Aprendizagem e
Plano de Curso.
( B ) Plano de Curso; Plano Político-Pedagógico e Plano
Estratégico.
( C ) Plano de Aula; Plano Político-Pedagógico e Plano
Estratégico.
( D ) Plano de Ensino-Aprendizagem; Plano Político-
Pedagógico e Plano Estratégico.
( E ) Plano de Aula e Plano Sequencial e plano
Superior.
EXERCÍCIO 4
As três fases de uma aula são:
( A ) Apresentação ou Introdução; Desenvolvimento e
Conclusão
( B ) Início e Término
( C ) Início, Execução e Término.
( D ) Apresentação, Execução e Término.
( B ) Introdução sem apresentação, Desenvolvimento e
Conclusão.
Aula 5 | Plano de curso/Plano de Ensino-aprendizagem e Plano de Aula 176
RESUMO
Vimos até agora:
O que é um Plano de Curso, um Plano de
Ensino-Aprendizagem e um Plano de Aula;
O Plano de Curso e as suas disciplinas;
A composição de um Plano de Ensino-
Aprendizagem;
A elaboração de um Plano de Ensino-
Aprendizagem;
A estrutura de uma aula;
O Plano de Aula, a sua composição e
elaboração;
A elaboração do Plano de Aula.
Planejamento de Projetos de
Trabalho
Antonio Fernando Vieira Ney
AU
LA
6
Ap
res
en
taç
ão
Nesta aula teremos a oportunidade de conhecer e aprender como
planejar um Projeto de Trabalho. Não implicará no
desenvolvimento da teoria que envolve o assunto. Toda a parte
referente ao trabalho com a Pedagogia de Projetos tem disciplinas
próprias, como Didática e outras para ser trabalhada.
Esta alternativa de trabalho e de ensino busca com ativa
participação do aluno desenvolver aprendizagem por meio de uma
educação intencional. Partindo-se dos conhecimentos que os
educandos já trazem consigo, amplia-se e aprofunda-se tal base,
e por fim, integra-se de forma lógica e racional o conhecimento
adquirido. Trata-se de uma alternativa a proposta educacional
tradicional.
Vale à pena pensar e refletir na possibilidade de sua aplicação em
sala de aula.
Ob
jeti
vo
s
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
Conhecer o Planejamento de Projeto de Trabalho;
Elaborar um Planejamento de Projeto de Trabalho.
Considerações iniciais
Inicialmente queremos estabelecer uma questão
a ser esclarecida referente a ATIVIDADES DE ROTINAS
(operacionais) inerentes ao processo escolar e a
ATIVIDADES TRANSFORMADORAS DE PROJETOS.
Tomando a obra de Moura e Barbosa intitulada
“Trabalhando com Projetos” (p.26) encontramos o
gráfico abaixo:
Deste gráfico podemos tirar a conclusão que as
atividades de ROTINAS ou FUNCIONAIS são aquelas
correspondentes às linhas horizontais, ou seja, são
aquelas que mantêm a situação (status quo). Exemplo:
a emissão de certificados, a inscrição de alunos em
cursos, o pagamento de pessoal etc.
As ATIVIDADES QUE ENVOLVEM PROJETOS têm
as características de serem transformadoras, por isto o
desempenho é crescente no gráfico, pois ela passa de
uma posição mais baixa para a mais alta. Exemplo: a
Considerações iniciais 178 Contexto 182 Situação dos docentes 185 Pressupostos teóricos 187 Bases da pedagogia de projetos 188 Que condições um projeto de trabalho deve atender? 190 Planejamento e Organização de um Projeto de Trabalho 191 Exemplo de Projeto de Trabalho 197
informatização de uma secretaria. Veja ao informatizar
uma secretaria, a escola terá um considerável aumento
de produtividade nos serviços.
Moura e Barbosa (op.cit, p.26) ainda
apresentam um quadro altamente elucidativo para a
questão:
DIFERENÇAS ENTRE ATIVIDADES DE ROTINA
(FUNCIONAIS) E PROJETOS
Executa e mantém padrões Altera e cria novos padrões
Duração indeterminada Duração definida
Produtos previsíveis Incerteza sobre resultados
Atividade repetitiva Atividade inovadora
Baixo risco Alto risco
Domínio ao executar tarefas Tarefas complexas
Elevado nível de automação Baixo nível de automação
Planejamento fixo Planejamento dinâmico
Problemas previsíveis Problemas imprevisíveis
Aprende antes de executar Aprende durante a execução
Visão completa do processo Visão incompleta do processo
Desempenho conhecido Desempenho variável
Processos estáveis Criação de novos processos
Conhecimento específico Conhecimento multidisciplinar
Tarefas muito detalhadas Atividades com poucos
detalhes
Fraca reação às mudanças Forte reações à mudanças
Técnicas de controle simples Técnicas de controle complexas
Equipe permanente Várias equipes
Temos que lembrar que os PROJETOS DE
ENSINO são aqueles que visam melhorar o processo de
ensino-aprendizagem de uma determinada disciplina,
enquanto os PROJETOS DE TRABALHO têm como
objetivo de trabalhar com os alunos no contexto escolar
(aplicação da Pedagogia de Projetos na formação de
competências).
JOHN DEWEY, filósofo americano da corrente do
pragmatismo, defendeu a idéia de que a Filosofia, a
Política e a Educação sempre estarão juntas na
construção da democracia. Assim, ele destacava que a
EDUCAÇÃO É INTENCIONAL, afirmando que: “A
educação é uma constante reorganização ou
reconstrução da experiência”.
A experiência é fundamental para a consolidação
da democracia, pois a partir dela, continuamente é que
será organizado e reconstruído o próprio conhecimento.
Assim, para uma educação significativa são
importantes: a continuidade e a interação entre as
condições objetivas, subjetivas e sociais.
A obra PEDAGOGIAS DO SÉCULO XX (p.51)
afirma que Dewey estabelecia três etapas para base da
educação intencional:
- As matérias de ensino manifestam-se
na familiaridade e no trato com aquilo
que as crianças trazem consigo.
- Essa base material será ampliada e
aprofundada mediante o saber
transmitido.
- Integrar o que se ampliou em um
conjunto ordenado de forma lógica e
racional
O próprio livro diz que tais etapas só atendem as
necessidades individuais, enquanto o plano de estudo
deve contemplar as necessidades sociais. Ou seja, as
experiências escolhidas devem vir de grupos sociais
mais amplos.
O ponto de partida será sempre a experiência,
tendo em vista que nenhuma criança, jovem ou adulto
chega à escola em branco. Um dos erros mais sério
quando se pensa na aprendizagem, é que muitos só
acreditam na educação formal como processo dessa
natureza, ignorando que a vida humana é rica e o
aprender ocorre a todo o momento.
A etapa seguinte é a utilização de um método de
ensino que leve o aluno a buscar o conhecimento sem
dar diretamente as soluções prontas. Ele irá pesquisar,
refletir e criticar, ou seja, construirá por si mesmo o
seu conhecimento.
Aqui, é importante deixar claro que o processo
educacional NÃO ESTÁ CENTRALIZADO NO
PROFESSOR, cuja relação com a administração da
escola pode levá-lo a ser um repetidor de ordens e
idéias. A centralização está no próprio aluno e na
iniciativa intelectual, na discussão com os colegas, e na
síntese da pesquisa incentivada pelo professor.
Da obra ”Pedagogias do Século XX” tiramos um
trecho que representa o valor do trabalho de Dewey:
Suas críticas ao sistema educacional e
à formação docente nunca foram
suficientemente levadas em conta.
Apesar de tanta incompreensão (ou
negligências?) expressões como salas
de aulas abertas ou escolas sem
muros, aprendizagem cooperativa,
grupos não-graduados, currículo social
e centrado em problemas, linguagem
total, educação experimental e tantas
outras que continuam sendo
patrimônio das vanguardas educativas
devem-se ao rigoroso trabalho desse
intelectual comprometido, a quem,
atualmente, filósofos e sociólogos
como Habernas, Rorty e Bourdieu
parecem mais empenhados em
resgatar do que os próprios
educadores.
(p.59)
O baiano Anísio Teixeira, educador e um dos
signatários do “Manifesto dos Pioneiros” da Educação
Nova (1932), estudou nos Estados Unidos com John
Dewey, e foi responsável por experiências do
pragmatismo no Brasil. Exerceu o cargo de Diretor-
geral da Instrução Pública do Distrito Federal onde
tentou implantar uma nova filosofia da educação.
Segundo Ghiraldelli Junior (2003):
Nos anos de 1930, essa ‘nova filosofia
de educação de Anísio assentava-se
sobre dois pilares básicos: a escola
deveria preparar técnicos, a saber:
homens capazes de se integrar
rapidamente na civilização baseada na ci
Dica de leitura
FERNANDES HERNANDEZ As sugestões abaixo
são obrigatórias para quem deseja entender e ampliar os conhecimentos sobre os Projetos de Trabalho: 1.Transgressão e Mudança na Educação: os Projetos de Educação; e 2. A Organização do Currículo por Projeto de Trabalho: O conhecimento é um Caleidoscópio. Estas obras foram publicadas pela Artmed.
ência e tecnologia (uma escola desse
tipo só poderia ser construída pelo
Estado); a escola deveria educar para
a democracia, para a formação do
cidadão, colocar as pessoas das mais
diversas origens em igualdade de
condições para ascenderem
socialmente.
(Junior, 2003: p.45)
Atualmente, a obra de Fernando Hernandez,
professor titular da Universidade de Barcelona, é
fundamental e básica para se trabalhar a construção da
identidade docente e a formação cultural e pedagógica.
Assim, os Projetos de Trabalho estão revigorados e são
propostas para uma educação alternativa.
Contexto
O NOVO DICIONÁRIO FOLHA AURÉLIO define a
palavra contexto como:
1. Encadeamento das idéias dum
escrito. 2.V. contextura. 3. Aquilo que
constitui o texto no seu todo;
composição. 4. Conjunto, todo,
totalidade. 5. Argumento, assunto.
CONTEXTURA: ligação entre as partes
de um todo, encadeamento, contexto.
(Ferreira, 1995: 173)
Esta definição nos permite inserir que o mundo
globalizado em que vivemos tem novos contextos, pois
a sociedade está sob o fenômeno da MUNDIALIZAÇÃO
e da pós-modernidade, e vem sofrendo grandes
mudanças com isso. E quais seriam estes novos
contextos?
O primeiro deles se refere às MUDANÇAS DA
PRÓPRIA SOCIEDADE.
O segundo contexto é a VELOCIDADE em que
ocorrem tais mudanças, pois muitas vezes não há
tempo para assimilação de sua ocorrência, e com isto
Para navegar
Para se aprofundar na temática da MUNDIALIZAÇÃO recomendamos que você acesse o artigo do site abaixo: http://www.dominus3000.hpg.ig.com.br/Apoio/apo-001.htm
existe a dificuldade de soluções e adequações imediata
aos problemas provenientes. Um exemplo simples
acontece quando uma fábrica se transfere de um país
para outro, deixando um rastro de desemprego, ou
quando um processo de fabricação é “robotizado”
gerando dispensa de funcionários, sem que este
pessoal despedido tenha condições de prontamente ser
requalificado profissionalmente por falta da
escolaridade mínima. Sérios problemas sociais advêm
dessas situações.
O terceiro contexto implica no AVANÇO
CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO, tendo em vista que as
inovações tecnológicas e os avanços da ciência, poucos
terão condições de usufruir ou de continuar trabalhando
com eles. Um exemplo simples é o automóvel. Se nós
pertencemos a uma classe social média, iremos afirmar
que o carro é uma exigência do mundo moderno e que
sem ele, o homem não vive. Por outro lado, a grande
maioria da população do mundo não tem automóvel, e,
obviamente não sente falta do mesmo.
O quarto contexto vivido pelo homem pós-
moderno corresponde ao PROBLEMA AMBIENTAL. A
humanidade sabe da necessidade de preservar a
natureza, a água e outros meios naturais sob pena do
seu próprio DESAPARECIMENTO. A Educação ambiental
toma uma importância que jamais teve na história do
homem.
As mudanças de paradigmas e as crises de
valores, princípios e crenças se constituem em
elementos essenciais para entender o mundo
globalizado devido às mudanças citadas anteriormente.
Logicamente, a educação não pode continuar
estruturalmente tradicional e conservadora, bem como
a formação do homem para o trabalho não deve
Dica de leitura
A MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL de François Chesnais editado pela Xamã.
permanecer um adestramento com uma escolaridade
mínima, conforme ocorreu em todo o século XX. Os
estudos de Taylor e os de Ford marcaram
essencialmente todo o processo produtivo e de
educação do século anterior, mas agora tem que ser
repensados.
O trabalho estava sistematizado para um
pequeno grupo pensar, planejar, programar e
coordenar a execução, enquanto a grande maioria
apenas realizava rotineiramente e mecanicamente as
tarefas. Assim, a necessidade das empresas e
organizações era de homens para o trabalho
adestrados, sem iniciativa, sem criatividade, passivos e
cumpridores “cegamente” das ordens. Os homens
ALIENADOS, com consciência ingênua, eram os tipos
característicos para o processo próprio.
A partir do momento que os processos
produtivos passam a exigir uma escolaridade mais
elevada e uma postura para o trabalhador diferente, é
fundamental que o processo educacional sofra
mudanças. E, a metodologia a ser aplicada não pode
mais permanecer conservadora, tradicional, apenas
preocupada em reproduzir um tipo de trabalhador
alienado. Assim, na época da produção flexível, sob a
égide do TOYOTISMO, a formação humana e
profissional não pode continuar a mesma, pois excluirá
um enorme contingente de pessoas do mundo do
trabalho.
O TRABALHADOR PARA O SÉCULO XXI, segundo
vários autores e de acordo com o exposto, deve ter o
seguinte perfil:
Dominar a linguagem técnica;
Ser criativo;
Ter iniciativa;
Organizar seu trabalho;
Utilizar equipamentos e materiais
sofisticados;
Trabalhar em equipes;
Comunicar-se bem de forma oral e escrita;
Ser versátil funcionalmente;
Adquirir e processar novas informações;
Observar, interpretar e tomar decisões;
Pensar sempre antes de agir.
Este trabalhador do futuro definido por Peter
Drucker em “Administrando para o Futuro” e por
Davidow e Malone em “A Corporação Virtual” não será
formado pela tradicional educação profissional, e é
nesse momento que a utilização da Pedagogia de
Projeto se torna mais adequado.
Situação dos docentes
Tendo em vista que o docente tem papel
primordial no processo de ensino-aprendizagem (ele é
que lidera) é fundamental apresentar o cenário atual.
Perrenoud (1999) destaca as seguintes
implicações como do ofício do docente:
- Considerar os conhecimentos como
recursos a serem mobilizados;
- Trabalhar regularmente com
problemas;
- Criar ou utilizar outros meios de
ensino;
- Negociar e conduzir projetos com
seus alunos;
- Adotar um planejamento flexível e
indicativo, e improvisar;
- Implementar e explicitar um novo
contrato didático;
- Praticar uma avaliação formadora em
situação de trabalho;
- Dirigir-se para uma menor
compartimentação disciplinar.
(Perrenoud, 1999, p.53)
Analisando friamente a proposta de Perrenoud
para o trabalho do docente, vamos encontrar uma série
de conceitos primordiais para um processo efetivo de
ensino-aprendizagem. Assim, temos:
1º CONCEITO - O uso de uma aprendizagem
significativa, caracterizada pela mudança da postura do
professor, pelo sentimento de utilidade no que aprende
pelo aluno e pela inserção da escola na vida do aluno;
2º CONCEITO - A aplicação da
contextualização;
3º CONCEITO - O uso da
interdisciplinaridade;
4º CONCEITO - A aplicação de uma avaliação
em função de problemas e situações reais; e,
5º CONCEITO - A aquisição de conhecimento e
competência por parte do aluno com motivação.
::Contextualização:
Processo de relacionar a teoria com a prática, mostrando aos alunos o que os
conteúdos das disciplinas tem a ver com a vida deles, porque são importantes e como aplicá-los na vida real. Para se alcançar tal propósito é preciso vincular os conhecimentos aos locais onde foram criados e aplicados. (Revista Nova Escola-dez/2000)
::Interdisciplinaridade:
Interação entre duas ou mais disciplinas, buscando a composição de um objeto comum entre elas. É necessária porque, na maioria das vezes, os fenômenos científicos e tecnológicos não podem ser estudados apenas em um campo do saber.
::Multidisciplinaridade:
Justaposição de disciplinas diferentes com a intenção de esclarecer alguns pontos comuns., sem que haja uma real integração entre elas.
IMPORTANTE
A construção de um currículo utilizando a Pedagogia
de Projetos é complicada, tendo em vista que o
nosso sistema de ensino é constituído por disciplinas
compartimentalizadas, o que dificulta o uso da
interdisciplinaridade ou da multidisciplinaridade.
A reunião de professores para se planejar e avaliar o
processo é um tormento, pois cada um trabalha em
várias escolas e não tem o tempo devido para esta
análise.
Em resumo, a complexidade para o gestor da escola
promover uma mudança nesse nível é muito grande,
o que leva a acomodação com sérias perdas para o
aluno.
Atualmente em Cuba, existem experiências com
professores do ensino Médio, buscando a formação
por área do conhecimento. Desse modo, haverá uma
diminuição na fragmentação de disciplinas. Ou seja,
um professor poderá atender a duas ou mais
disciplinas, facilitando a implantação de cursos
integrados ou por áreas de conhecimentos. Pense, o
que você acha de idéia? Ela é viável ?
Pressupostos teóricos
A UNESCO propõe que o processo de ensino-
aprendizagem seja fundamentado em quatro pilares:
Aprender a aprender:
Aprender a fazer;
Aprender a ser; e
Aprender a conviver.
Como pode ser visto, estes pilares determinam
que o processo de educação seja retomado em toda a
sua essência, inclusive as noções de
“EMPREENDEDORISMO” são baseadas no perfil do
trabalhador do século XXI e nos pilares citados acima.
O Manual do Multiplicador da Formação
Empreendedora na Educação Profissional (2003,p.21),
utilizado em cursos para professores de escolas
técnicas, apresenta a seguinte justificativa, para o
empreendedorismo:
O horizonte está se abrindo para que o
trabalhador deixe de ser um mero
‘empregado’ e passe a desempenhar
novos papéis, seja a frente do seu
pequeno negócio, seja como co-gestor
de uma empresa. De uma forma ou de
outra, o jovem agrega à sua atuação
profissional uma nova visão, que
extrapola a simples atuação como
técnico e incorpora a visão global do
negócio como um todo.
É nessa ótica que se insere este
projeto, refletindo a necessidade de se
inventarem os pequenos negócios,
bem como a consciência da autogestão
e da autonomia de desempenho,
agregando ao futuro um novo e
imprescindível papel para qualquer
empreendedor.
A mudança dos processos de produção por
causa das inovações tecnológicas promovidas pela
computação, pela microeletrônica e automação
passaram a exigir uma nova educação para preparar o
novo profissional. A qualificação profissional com a
escolaridade mínima deve ter seus dias contados e
substituída por uma EDUCAÇÃO INTEGRADA onde
todos tenham o ensino médio.
A Pedagogia de Projetos pode atender as
necessidades enumeradas.
Bases da Pedagogia de Projetos
Do exposto, o trabalho educativo deve procurar
atender os seguintes pressupostos básicos:
1º PRESSUPOSTO - Ser uma proposta
integradora que leve ao aprender a aprender, ao
aprender a fazer, o aprender a ser e o aprender a
conviver;
2º PRESSUPOSTO - Superar a fragmentação do
contexto escolar;
3º PRESSUPOSTO - Considerar que a
aprendizagem também ocorre fora dos muros da
escola;
4º PRESSUPOSTO - Adotar a pesquisa como
princípio fundamental e metodológico do processo de
aprendizagem;
5º PRESSUPOSTO - Favorecer o
desenvolvimento de competências e habilidades;
6º PRESSUPOSTO - Desenvolver o pensar
crítico, por meio do significado da informação e de
maior envolvimento na tarefa da aprendizagem, não só
do docente como também;
7º PRESSUPOSTO - Utilizar a problematização e
as questões instigantes para se motivar para e motivar
o processo e facilitar o crescimento dos educandos; e
8º PRESSUPOSTO - Contribuir para mudar a
escola através do conhecimento e do currículo.
A QUESTÃO PROJETO X CONTEÚDO
A grande questão no momento de se optar pela
escolha de um Projeto de Trabalho refere-se ao embate
Projeto x Conteúdo. Como o ensino tradicional trabalha
em cima de conteúdo nas diversas disciplinas, os pais e
responsáveis pela educação têm a visão que os
projetos não contem o mínimo necessário para uma
boa educação, pois eles não vêem os conteúdos
aparecendo claramente.
Em função dessa imagem, os pais e
responsáveis acham que seus filhos não estão
recebendo uma educação de qualidade.
O trabalhar com Projetos de Trabalho já implica
em vencer a barreira descrita, e obriga ao corpo
docente desenvolver um currículo criterioso e adequado
à aprendizagem. O Planejamento é mais complicado e
difícil de ser construído, principalmente por causa da
interdisciplinaridade. O trabalho em grupo do corpo
docente é fundamental para se eliminar repetições e
corrigir os ”buracos” provenientes da nova
estruturação.
O cotidiano exige um acompanhamento
criterioso do professor para verificar se os alunos estão
alcançando os objetivos traçados, e se não estão
ficando na “superfície”.
Que condições um Projeto de Trabalho
deve atender?
Um Projeto de Trabalho deve atender a
possibilidade de favorecer a pesquisa, a coleta de
dados, a análise, a interpretação, a síntese e a crítica
(contraste de pontos de vista) sobre um tema-
problema por parte dos alunos. Ele tem que possuir a
característica de ser instigante e motivador.
O professor deve ser um mediador no processo,
sabendo que aprenderá com os alunos, bem como
possuir a capacidade de planejar e determinar um
Projeto de Trabalho que tenha a predominância na
atitude de cooperação. É importante lembrar que o
trabalho em equipe é fundamental nos dias atuais, e é
exatamente por isto que o projeto tem que permitir um
desenvolvimento coletivo.
O Projeto de Trabalho deve ser estruturado para
buscar propostas sobre situações colocadas como
versão única da realidade. Assim, o projeto deve
permitir percursos que estabeleçam conexões e
questionamentos sobre o tema, ou seja, o
conhecimento será alcançado após discussão e a crítica
profunda sobre o assunto. Em resumo, o propósito é de
não se aceitar (sem estudar profundamente) as
soluções unificadas e simplificadas.
Os conteúdos configurados e apresentados por
diversos meios de linguagem como: a verbal, a escrita,
a musical etc...
O Projeto de Trabalho deve levar em conta a
possibilidade da participação de todos os alunos, bem
como possuir uma forma de aprendizagem que
contemplem a todos.
O Projeto de Trabalho tem que estar vinculado
ao “fazer”, à atividade manual e à intuição.
Finalmente, cabe esclarecer que ao final de cada
etapa do projeto de Trabalho deve existir o
reconhecimento por parte do professor do trabalho
desenvolvido, inclusive tal procedimento deve ocorrer
após o processo de avaliação.
Planejamento e Organização de um
Projeto de Trabalho
A 1ª fase de um Projeto de Trabalho
corresponde à definição da PROBLEMATIZAÇÃO, e para
isto os seus passos fundamentais.
O PRIMEIRO PASSO implica na escolha do TEMA,
ou seja, a definição do problema a ser investigado é a
tarefa-chave. É importante deixar claro que o projeto
visa à resolução de uma questão relevante, motivadora
e contextual.
O SEGUNDO PASSO, tomando por base o
esquema definido na página seguinte, é a utilização de
um recurso capaz de motivar o grupo, que
denominaremos de DETONADOR. Este poderá ser um
filme, uma notícia de revista ou jornal, um fato
importante (político, social ou esportivo) ou uma
imagem que esteja na mídia.
Este detonador é fundamental para instigar os
alunos a se envolverem com o tema. Neste passo deve
ser levantado “O QUE SE SABE” e “O QUE SE DESEJA
SABER” sobre o assunto.
Na realidade, o segundo passo leva a um
inventário ou mapeamento conceitual sobre as
questões junto aos alunos acerca do tema. Além dos
Importante
Você não pode esquecer que existem diferentes formas de aprender aquilo que
desejamos ensinar. Por isto, não sabemos o que aprenderão, mas é importante deixar claro que os projetos de Trabalho enriquecerão a obtenção do conhecimento, além de servir para a valorização do trabalho feito pelo aluno.
Muitas vezes, os conhecimentos alcançados vão muito além dos objetivos traçados.
conhecimentos prévios obtidos no inventário, é
fundamental se estabelecer os OBJETIVOS e as
EXPECTATIVAS do grupo com relação ao problema.
O TERCEIRO PASSO é a própria organização do
Projeto de Trabalho. O professor tem de buscar a
construção de um ÍNDICE junto com os alunos.
A construção do ÍNDICE inicia com o próprio
professor ao PLANEJAR O PROJETO. Ele deve
estabelecer um ÍNDICE imaginando como deve ser
trabalhado o assunto.
Em sala de aula, o professor deverá buscar a
construção em duas partes, sem intervir com o modelo
de ÍNDICE planejado para o trabalho: a PRIMEIRA,
estabelecendo a construção individual, de modo que
leve a todos a pensarem no assunto, e
POSTERIORMENTE, o desenvolvimento do Índice
coletivamente.
ESQUEMA I SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
PROBLEMAS
ALTERNATIVAS DE SOLUÇÕES
SÍNTESE DAS
ALTERNATIVAS
DE SOLUÇÕES DO PROBLEMA
SOLUÇÃO
ANÁLISE DO
PROBLEMA
Nesta construção coletiva, pode ser até que
venha dividir a turma em vários grupos para a visão de
etapas ou características diferentes do projeto.
O ÍNDICE adquire suma importância em virtude
de ser a caminhada para se alcançar os objetivos
traçados. Eles devem ser atualizados (mantidos ou
alterados) sempre em reunião com os grupos da turma
(avaliação e consenso) a cada etapa realizada.
A 2ª fase de um Projeto de Trabalho é a do
DESENVOLVIMENTO, (ver o esquema I: A Idéia de
Projeto de Trabalho). Esta fase compreende: a
PESQUISA (bibliográfica ou de campo), as
ENTREVISTAS e os DEBATES.
A PESQUISA é um importante princípio
metodológico para se buscar as respostas às questões
postas na primeira fase. Ela desenvolverá no aluno as
competências e habilidades suficientes para obter os
dados e informações de:
Livros;
Revistas;
Jornais;
Vídeos;
Filmes;
Softwares;
Estatísticas;
Experiências de laboratórios;
Mapas;
Palestrantes;
Gráficos; e outros.
Temos a comentar que o aluno tem a
oportunidade, nesta fase, de desenvolver o “como”
preparar, elaborar e implementar entrevistas, bem
como adquirir a postura para a preparação e
Importante
Queremos lembrar que o Professor deve procurar alinhar com os alunos: O que é uma pesquisa? Definir procedimentos metodológicos, bem como esclarecer como se faz apontamentos e registros para
utilizar no futuro as informações e dados de terceiros. Métodos e técnicas para a preparação e execução de entrevistas, debates e questionários a serem trabalhados. Evite ser prolixo e procure despertar no aluno a motivação pela investigação.
Importante
Lembre-se ao planejar qualquer atividade ou tarefa, atribuímos passos e durações que são previsões que podem não ocorrer na realidade.
Se de antemão, tivéssemos certeza de como os fatos irão acontecer na prática, seríamos ganhadores de loteria. Você não acha?
O PLANEJAMENTO é o caminho a ser seguido.
participação em debates. Entretanto, para o sucesso
desta empreitada, o PAPEL MEDIADOR DO PROFESSOR
é imprescindível. Para este último, cabe propor
situações didáticas e pedagógicas que permitirão ao
aluno estabelecer as relações entre as informações
originais e os seus conhecimentos prévios comparando-
os com os do grupo.
O professor deve definir ESTRATÉGIAS a serem
usadas, preferencialmente construídas em parcerias
com o grupo.
O professor ao planejar as aulas deve definir
como acompanhará as etapas de execução do projeto,
a sábado;
1ª. ETAPA - Se os alunos (individualmente)
estão produzindo o que foi planejado;
2ª. ETAPA - Se esta produção individual está
sendo registrada e interpretada;
3ª. ETAPA - Se esta produção tem
aprofundamento teórico e prático;
4ª. ETAPA - Se o próprio aluno está construindo
o seu PORTFÓLIO;
5ª. ETAPA - Se a capacidade de selecionar e
organizar as informações e dados, para a construção da
SÍNTESE de seu projeto está coerente, e de acordo com
o esperado (planejado);
6ª. ETAPA - Se o aluno consegue se integrar e
defender em grupo suas idéias na construção de
projetos coletivos. Aqui, se busca desenvolver a
capacidade de trabalho em grupo;
Importante
O professor deve incentivar a realização de: a) Fichamento de leituras: b) Esquemas e gráficos das estatísticas elaboradas, escritas e construídas; c) Resumos de acordo com o Índice.
A interpretação do aluno a tudo que faz e a comparação com a sua realidade é imprescindível para a obtenção dos objetivos de aprendizagem. NÃO SE PODE NEGLIGENCIAR NESTE PONTO.
7ª. ETAPA - Se a APRESENTAÇÃO foi elaborada
com lógica e de acordo com a problematização
estabelecida quando da escolha do tema.
Na realidade, a SÍNTESE é a 3ª fase do Projeto.
E a partir dela e da APRESENTAÇÃO dos alunos, é que o
professor desenvolverá toda a AVALIAÇÃO FINAL.
O leitor pode estar intrigado com a expressão
Avaliação Final, mas cabe esclarecer que durante todo
o processo, aula após aula, o professor tem a
OBRIGAÇÃO de avaliar continuamente o processo
(alunos e projeto) sob pena de resultados catastróficos.
A avaliação deve estar voltada para verificar:
O que o aluno aprendeu em relação ao que se
pretendia ensinar;
Quais competências e habilidades foram
aprendidas;
Que conceitos foram utilizados;
Que atitudes vivenciadas;
O que não foi visto com relação ao ÍNDICE e
ao pretendido; e,
Que questões novas surgiram com relação ao
ÍNDICE construído coletivamente no início do
trabalho.
A ETAPA FINAL do Projeto de Trabalho implica
em se ouvir as experiências dos alunos, as suas
dificuldades e, principalmente valorizar o projeto
elaborado. Não é usar elogios ou referências que
possam vir a criar uma competitividade negativa ou
exclusões em grupos, mas valorizar a todos pelo
esforço, destacando as virtudes apresentadas por cada
um.
Importante
TESTES E PROVAS
As provas e testes não precisam ser desconsiderados, mas é importante destacar que a sua utilização tem que atender ao princípio que a compreensão de cada um é que leva ao conhecimento.
Jamais comente pontos negativos individuais em
grupo, mas o faça diretamente ao aluno.
Na folha seguinte apresentamos um esquema
que sintetiza todo o trabalho de projeto (adaptado de
Hernández -1998 a e 1998b).
Exemplo de Projeto de Trabalho
A aplicação dos Projetos de Trabalho não
corresponde apenas a esfera escolar (educacional),
mas, também, a esfera da pedagogia empresarial. No
âmbito da engenharia, administração, informática,
logística etc..o seu uso é altamente motivador nos
diversos tipos de cursos.
Um exemplo pode se tirar da Mecânica, onde o
planejamento de um Projeto de Trabalho envolvendo a
fabricação de parafusos será muito motivador para
desenvolver a aprendizagem, do que tentar o aluno
observar o ensino fragmentado, atualmente existente
para este tipo de estudo. No Projeto de Trabalho, a
aprendizagem atravessará disciplinas estanques como:
DESENHO TÉCNICO: onde se estuda como
desenhar e projetar o parafuso;
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS: onde se
estudam as características técnicas e
mecânicas do material a ser escolhido para o
parafuso;
MATERIAIS: onde se estudam os diversos
tipos de materiais, bem como se escolhe e
especifica o material a ser usado na
fabricação; do parafuso;
FABRICAÇÃO MECÂNICA: onde se estudam as
folgas e tolerâncias para a fabricação do
parafuso;
PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA:
onde se estudam as diversas formas de
fabricar o parafuso;
MÁQUINAS FERRAMENTAS: onde se estudam
as possíveis máquinas capazes de fabricar a
peça. Veja bem, aqui se poderia até
desenvolver o aprendizado da habilidade com
a máquina.
Observando bem, poderíamos ampliar nosso
Projeto para o estudo de Matemática, Português,
Ciências e outras disciplinas utilizando o caso real da
fabricação do parafuso. As propostas de Ensino Médio
integrado com a Educação Profissional passam por um
viés deste tipo.
Em resumo, o leitor pode verificar que uma
simples fabricação de parafusos implica numa enorme
possibilidade de aprendizagem de diversos
conhecimentos.
Vamos imaginar um Projeto de Trabalho
referente a: PREPARAÇÃO DE UM JANTAR PARA
QUATRO PESSOAS.
PROBLEMATIZAÇÃO: preparação de um jantar
para quatro pessoas.
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: o que fazer para
um jantar de quatro pessoas. A escolha
poderia ser: UM ARROZ VERDE COM
ESPINAFRE.
DETONADOR: poderia ser um filme que
mostrasse a necessidade de um jantar
preparado rapidamente em casa e servido à
noite para as visitas. A importância da
rapidez da elaboração do jantar é
fundamental.
Nesta fase não pode ser esquecido que serão
estabelecidos os OBJETIVOS do trabalho (preparar
rapidamente um jantar / escolher os componentes e
Importante
A análise dados deve ser construída utilizando a contextualização, e a importância do
professor é enorme neste momento.
ingredientes em função da receita e calcular
necessidades de componentes e ingredientes para
preparar o jantar de quatro pessoas), e definidas as
EXPECTATIVAS dos participantes.
Na COLETA DE DADOS é fundamental colocar a
questão: será que alguém já cozinhou?
Os COMPONENTES e INGREDIENTES do jantar
seriam: arroz, espinafre, sal, azeite, pimenta, presunto,
cebola e caldo.
Na ANÁLISE DE DADOS as questões poderiam
ser: Como fez? O que posso copiar? Como juntar tudo
de maneira correta e adequada?
Quais materiais e tecnologias poderiam ser
usadas: que tipo de arroz? Que tipo de panela? Qual o
forno a usar? Qual a temperatura?
A elaboração do ÍNDICE ocorre dentro dessa
fase do projeto. Assim como a definição das
ESTRATÉGIAS para o trabalho.
De posse desses dados e informações, os alunos
serão incentivados pelo professor a pesquisar. Eles é
que determinarão o que fazer.
Após o estudo bibliográfico ou das experiências
de campo, entrevistas e debates o projeto em si é
realizado. Os alunos fazem as suas sínteses. Primeiro,
individualmente e, posteriormente, coletivamente. No
exemplo, seria o próprio jantar.
Ao professor que mediou todo o trabalho cabe
avaliar o apresentado. No exemplo, ele provaria (está
bom?), e faria toda uma resenha procurando comparar
Importante
O professor deve incentivar os alunos a desenvolverem a auto-avaliação.
o estágio inicial com o atual (Como foi a aprendizagem?
Os objetivos foram atingidos?).
Como visto, temas como reciclagem de lixo, uso
de água, a necessidade de energia elétrica, a
capacidade de produção de uma oficina de pintura, a
racionalização dos trabalhos de uma secretaria e tantos
outros temas podem servir de Projetos de Trabalho.
EXERCÍCIO 1
Dewey diz que a frase abaixo merece uma análise bem
profunda a respeito do modelo educacional:
“Cabe ao professor não simplesmente o adestramento
dos indivíduos, mas sim a formação da vida social
justa”.
Caro aluno, nesta frase Dewey coloca uma questão
ideológica que chega aos nossos dias. Qual a educação
que devemos adotar:
a) uma educação geral, humanista e com bases sólidas
no ensino fundamental e médio (demorada), integrada
a educação profissional; ou,
b) uma educação utilitária, agilizada, voltada para o
mercado de trabalho?
A educação “funcional” caracterizada pela visão para o
mercado de trabalho é justificada como a como de
necessidade absoluta para evitar os desperdícios de
recursos educacionais e de anos de escolas por parte
dos alunos para aprenderem conhecimentos que não
serão úteis para a sua vida profissional.
Por outro lado, a “educação intencional” é vista como
necessidade em função do aluno ter o direito do aluno
de refletir e criticar até a sociedade em que está
inserido. Alegam os defensores deste modelo que a
educação funcional leva a perpetuação e reprodução
dos interesses das classes existentes.
Do exposto, convidamos o aluno a pensar e refletir
sobre:
1. As diferenças entre educação e adestramento;
2. Em que momento deve ser trabalhada a educação
profissional, pois a nosso ver ela só poderia ocorrer
após a formação básica do indivíduo.
Faça as suas conclusões.
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EXERCÍCIO 2
Identifique e relacione temas que você acredita poder
utilizar em sala de aula. Escolha um, e desenvolva um
Projeto de Trabalho.
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EXERCÍCIO 3
A UNESCO propõe que o processo de ensino-
aprendizagem seja fundamentado em quatro pilares:
( A ) Aprender a reproduzir, Aprender a fazer,
Aprender a respeitar o próximo, e Aprender a
conviver.
( B ) Aprender a aprender, Aprender a fazer, Aprender
a ser, e Aprender a conviver.
( C ) Aprender a falar, Aprender a discutir, Aprender a
questionar, e Aprender a ser.
( D ) Aprender a fazer, Aprender a ser crítico, Aprender
a falar, e Aprender a conviver.
( E ) Aprender a aprender, Aprender a falar, Aprender
a ser, e Aprender a repetir.
EXERCÍCIO 4
Quais são as quatro fases de um projeto de trabalho?
( A ) Análise; levantamento; avaliação e resumo.
( B ) Síntese; tese; hipótese e resumo.
( C ) Análise; síntese; desenvolvimento e
implementação.
( D ) Problematização; desenvolvimento; síntese e
avaliação.
( E ) Análise; problematização; diagnóstico e sumário.
RESUMO
Vimos até agora:
A questão do contexto;
A situação dos docentes e o papel esperado
para os dias atuais;
Os pressupostos teóricos do processo ensino-
aprendizagem;
As bases da Pedagogia de Projetos;
A discussão se é importante o projeto ou os
conteúdos;
As condições a serem atendidas pelo projeto
de trabalho;
O planejar e organizar de um projeto;
Um exemplo de projeto de trabalho.
Dica do professor
Chegamos ao fim, desta disciplina e temos que parabenizá-lo pelo esforço, mas queremos destacar que o seu trabalho como educador só promoverá intervenção na educação se for planejado e organizado com este objetivo. Assim, convidamos a você para manter sempre a chama de planejar as suas ações. Não precisa ser exatamente este plano de aula ou projeto, mas faça um. Ele é o seu caminho. Felicidades.
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS: AULA 1 – 4E; 5B. AULA 2 – 3C; 5A. AULA 3 – 3A; 4D. AULA 4 – 3D; 4E. AULA 5 – 3A; 4A. AULA 6 – 3B; 4D.
AV1 – Estudo Dirigido da Disciplina
CURSO: Gestão Participativa
DISCIPLINA: Planejamento Educacional
ALUNO(A): MATRÍCULA:
NÚCLEO REGIONAL: DATA: _____/_____/___________
QUESTÃO 1: Agora, você vai imaginar uma atividade que conhece e faça um
planejamento para a sua execução. Assim sendo, procure responder as perguntas
abaixo da atividade que conhece, compondo o esboço de um Plano.
ATIVIDADE:
O QUE?
POR QUÊ?
PARA QUÊ?
QUEM? (responsável)
ONDE? (local)
COMO?
QUANDO? (data ou período)
QUANTO CUSTA? (valor da atividade)
QUESTÃO 2: Identifique 3 aspectos que justifiquem a importância da elaboração
do Plano de Ensino de uma disciplina.
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
QUESTÃO 3: Explique, com suas palavras, os três momentos relativos a uma aula,
indicando a importância de cada um deles e suas dificuldades: PLANEJAMENTO,
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO.
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
QUESTÃO 4: Dewey diz que a frase abaixo merece uma análise bem profunda a
respeito do modelo educacional:
“Cabe ao professor não simplesmente o adestramento dos indivíduos, mas sim a
formação da vida social justa”.
Caro aluno, nesta frase Dewey coloca uma questão ideológica que chega aos
nossos dias. Qual a educação que devemos adotar:
a) uma educação geral, humanista e com bases sólidas no ensino fundamental e
médio (demorada), integrada a educação profissional; ou,
b) uma educação utilitária, agilizada, voltada para o mercado de trabalho?
A educação “funcional” caracterizada pela visão para o mercado de trabalho é
justificada como a como de necessidade absoluta para evitar os desperdícios de
recursos educacionais e de anos de escolas por parte dos alunos para aprenderem
conhecimentos que não serão úteis para a sua vida profissional.
Por outro lado, a “educação intencional” é vista como necessidade em função do
aluno ter o direito do aluno de refletir e criticar até a sociedade em que está
inserido. Alegam os defensores deste modelo que a educação funcional leva a
perpetuação e reprodução dos interesses das classes existentes.
Do exposto, convidamos o aluno a pensar e refletir sobre:
1. As diferenças entre educação e adestramento;
2. Em que momento deve ser trabalhada a educação profissional, pois a
nosso ver ela só poderia ocorrer após a formação básica do indivíduo.
Faça as suas conclusões.
Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:
Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:
endereço eletrônico) – OPCIONAL:
Resposta (com as suas palavras):
ATENÇÃO:
Na realização das avaliações (AV1 e AV2), procure desenvolver uma
argumentação com suas próprias palavras.
Observe que é importante você realizar uma pesquisa aprofundada para atender
aos objetivos propostos consultando diferentes autores. No entanto, é
fundamental diferenciar o que é texto próprio de textos que possuem
outras autorias, inserindo corretamente as referências bibliográficas
(citações), quando este for o caso.
Vale lembrar que essa regra serve inclusive para os nossos módulos, utilizados
com freqüência para as respostas das avaliações.
Em caso de dúvidas, consulte o material sobre como realizar as citações diretas
e indiretas ou entre em contato com o tutor de sua disciplina.
AS AVALIAÇÕES QUE DESCONSIDERAREM ESTE PROCEDIMENTO ESTARÃO
SEVERAMENTE COMPROMETIDAS.
AV2 – Trabalho Acadêmico de Aprofundamento
CURSO: Gestão Participativa
DISCIPLINA: Planejamento Educacional
ALUNO(A): MATRÍCULA:
NÚCLEO REGIONAL: DATA:
_____/_____/___________
Atividade Sugerida: Projeto de Trabalho
Instruções:
Tendo como base os conhecimentos antropológicos e legais para prática
pedagógica, elabore um projeto de trabalho educacional que favoreça a dinâmica
interdisciplinar e a viabilização da prática de idéias no contexto escolar. Lembre-se
que o Projeto de Trabalho deve levar em conta a possibilidade da participação de
todos os alunos, bem como possuir uma forma de aprendizagem que contemple a
todos. A explicação dos itens do projeto encontra-se na AULA 6 - Planejamento
de Projetos de trabalho.
TEMA
DETONADOR
PROBLEMATIZAÇÃO
JUSTIFICATIVA
ÍNDICE INICIAL
ESTRATÉGIAS
AVALIAÇÃO
PARTICIPANTES
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ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado. 8ª ed., Rio de
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BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade: Para uma Teoria
Geral da Política. 11ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia: em defesa das regras
do jogo. 9ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco.
Dicionário de Política. 5ª ed., Brasília: Editora Universidade de
Brasília e São Paulo: Imprensa Oficial do estado de São Paulo,
2004. 2 volumes.
BRAGA, Ryon & MONTEIRO, Carlos. Planejamento estratégico:
Sistêmico para Instituições de Ensino. São Paulo: Hoper, 2005.
BRANDÃO, Carlos da Fonseca. LDB passo a passo. São Paulo:
AVERCAMP, 2003.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil,
promulgada em 05 de outubro de 1988.
BRASIL. Decreto Federal nº 2.208, de 17 de abril de 1997.
Regulamenta § 2º do art. 36 e os artigos 39 a 42 da Lei Federal nº
9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.
BRASIL. Decreto Federal nº 3860, de 9 de julho de 2001. Dispõe
sobre a organização do ensino superior, a avaliação de cursos e
instituições, e dá outras providências.
BRASIL. Decreto Federal nº 5.154, de 23 de julho de 2004.
Regulamenta § 2º do art. 36 e os artigos 39 a 42 da Lei Federal nº
9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, e dá outras providências.
BRASIL. Lei Federal nº 11.114, de 16 de maio de 2005. Altera os
artigos 6º, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, com objetivo de tornar obrigatório o início do ensino
fundamental aos seis anos de idade.
BRASIL. Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação.
BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Lei que fixou
as diretrizes e bases da Educação Nacional.
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Lei que fixou as
diretrizes e bases para o ensino de primeiro e segundo graus.
Refe
rên
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cas
BRASIL. Lei nº 7.044, de 18 de outubro de 1982. Altera
dispositivos da Lei nº 5692, de 11 de agosto de 1971, referentes à
profissionalização do ensino de 2º grau.
BRASIL. Portaria MEC nº 646, de 14 de maio de 1997.
Regulamenta a implantação do disposto nos artigos 39 a 42 da Lei
Federal nº 9.394/96 e no Decreto Federal nº 2208/97 e dá outras
providências (trata da rede federal de educação tecnológica).
BRASIL. Referenciais Curriculares Nacionais da Educação
Profissional de Nível Técnico. Brasília: MEC, 2000. 21 volumes.
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o novo milênio. São Paulo:
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CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva
artigo a artigo. 11ª edição revista e atualizada. Petrópolis: Vozes,
2004.
CATTANI, Antonio David. Dicionário Crítico sobre Trabalho e
Tecnologia. 4ª ed., Petrópolis: Vozes; Porto Alegre: UFRGS, 2002.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/ CÂMARA DE EDUCAÇÃO
SUPERIOR. Resolução CNE/CES nº 10, de 11 de março de 2002.
Dispõe sobre o credenciamento, transferência de mantença,
estatutos e regimentos de instituições de ensino superior,
autorização de cursos de graduação, reconhecimento e renovação
de reconhecimento de cursos superiores, normas e critérios para
supervisão do ensino superior do Sistema Federal de Educação
Superior.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/ CÂMARA DE EDUCAÇÃO
SUPERIOR. Resolução CNE/CES nº 1, de 3 de abril de 2001.
Estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-
graduação.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 15, de 01 de junho de 1998. Dispõe
sobre as Diretrizes Curriculares nacionais para o Ensino Médio.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 17, de 03 de dezembro de 1997.
Estabelece as diretrizes operacionais para a educação profissional
em nível nacional.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 16, de 05 de outubro de 1999. Trata
das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
de Nível Técnico.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA. Parecer CNE/CEB nº 39/2004. Aplicação do Decreto nº
5.154/2004 na Educação Profissional Técnica de nível médio.
Refe
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CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA. Resolução CNE/CEB nº 04, de 26 de novembro de 1999.
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CÂMARA DE EDUCAÇÃO
BÁSICA. Resolução CNE/CEB nº 01, de 03 de fevereiro de 2005.
Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo
Conselho Nacional de Educação para o Ensino Médio e para a
Educação Profissional Técnica de nível médio às disposições do
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