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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A BRINCADEIRA SOB O OLHAR PSICOMOTOR
LUIZA DA SILVA DINIZ
ORIENTADORA
Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A BRINCADEIRA SOB O OLHAR PSICOMOTOR
Rio de Janeiro
2010
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por:Luiza da Silva Diniz.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Walmyr e Maisa e ao meu
namorado Felipe, por acreditarem nos meus sonhos e não medirem esforços para que estes se tornem reais.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus pacientes,
os grandes responsáveis pela busca do meu saber.
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RESUMO
Este trabalho apresenta como principal enfoque levantar como questão a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil, levando em consideração o despertar e a abordagem psicomotora, uma vez que durante as atividades lúdicas, as crianças encontram-se disponíveis para a troca de experiências, para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades fundamentais para os demais anos de suas vidas. Dentro deste contexto, mostram-se os malefícios da privação e do desprezo da brincadeira para vida do ser humano, o qual terá menos possibilidades de experiênciar seu corpo e de realizar trocas sociais. Assim, são apresentadas como idéias centrais a valorização do brincar e do trabalho psicomotor na vida do indivíduo, fornecendo também a opinião de que para brincar não é necessário dinheiro e espaço, mas sim incentivo e disponibilidade.
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METODOLOGIA
Este trabalho trata de um levantamento bibliográfico, tendo como
enfoque o apoio nas obras dos seguintes autores: Le Bouche, André LaPierre e
Vitor da Fonseca, dentre outros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE ......................................................................................10
CAPÍTULO II
O BRINCAR ......................................................................................................18
CAPÍTULO III
BRINCAREIRA E PSICOMOTRICIDADE ........................................................ 25
CAPÍTULO IV
BRINCADEIRA – PSICOMOTRIDADE – DESENVOLVIMENTO INFANTIL ... 34
CONCLUSÃO .................................................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 41
ÍNDICE ............................................................................................................. 45
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INTRODUÇÃO
A partir das reflexões sobre o brincar, o presente trabalho estabelece
um diálogo sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento psicomotor e
lingüístico de crianças.
Este ato é tão importante para as crianças quanto falar e comer. Ao
observar um bebê em seu desenvolvimento não é incomum vê-lo brincar com
as mãos ou ainda, se divertir com a voz ao balbuciar.
Pensando nisto é feita a indagação: será que a brincadeira dá conta
de assumir um papel tão importante no processo de construção do sujeito, uma
vez que crianças passam a maior parte de seu tempo brincando?
Os capítulos a serem expostos durante esta obra terão como
objetivo responder a essa pergunta.
No primeiro capítulo será explicado o que é Psicomotricidade, já que
se relaciona com o processo de maturação, onde o corpo é origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, também são abordadas a
Psicomotricidade Relacional e Funcional.
No segundo capítulo aponta-se a necessidade do brincar, os tipos
de brincadeiras e a importância do brinquedo.
Já o terceiro capítulo foca o ato do brincar e a relação psicomotora
tendo como interesse afirmar como este é importante para a psicomotricidade e
como esta é mister para a brincadeira.
Por fim, no quarto capítulo poderá ser feita a relação entre
brincadeira, psicomotricidade e desenvolvimento infantil, trazendo à tona
reflexões das possíveis conseqüências da privação do brincar durante a
infância.
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Em “A Brincadeira Sob Olhar Psicomotor” há a intenção de
confirmar que brincando a criança descobre e explora os meios para o
aprendizado e desenvolvimento. O sujeito usa seu corpo, o espaço, o tempo,
ou seja, ao brincar utiliza-se e desenvolve-se a psicomotricidade.
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CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE
1.1 O Que é Psicomotricidade? O termo surgiu no discurso médico, na área da neurologia, devido à
necessidade de identificar e nomear áreas do córtex cerebral segundo as
funções desempenhadas por cada uma delas. E foi no século XX que passou a
desenvolver-se como uma prática independente (LEMOS, 2007).
Começou a ser praticada no momento em que o corpo deixou de
ser visto apenas como uma associação de músculos e ossos, para ser algo
indissociável do sujeito (LEMOS, 2007).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, ela
consiste em uma ciência que possui importância cada vez maior no
desenvolvimento do indivíduo, já que apresenta como objeto de estudo o
homem e suas relações com o corpo.
Segundo Le Bouche (1969), a Psicomotricidade se dá através de
ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais,
contribuindo para a formação da personalidade, sendo assim, se pode concluir
que o corpo humano apresenta características próprias, construídas a partir
das experiências vividas pelo sujeito.
Portanto, a Psicomotricidade permite a compreensão da forma como
o sujeito toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar
por meio desse corpo, pois o movimento humano é construído em função de
um objetivo.
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1.1.1 Psicomotricidade Relacional
Fátima Torres a pud Construir Notícias, diz que a Psicomotricidade
Relacional é advinda dos conceitos do francês André Lapierre, difundidos na
década de 70, e que possui fundamentos na teoria de Henry Wallon, sendo
uma importante ferramenta para a compreensão do ser humano em sua
globalidade. (ISPE–GAE-OIPR:.
http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=766).
Esta ciência procura oferecer espaço de liberdade, onde o indivíduo
possa ser inteiro com seu corpo e suas emoções. Com esse fim, a base da
Psicomotricidade Relacional é oferecer um ambiente propício aos jogos e
brincadeiras, possibilitando à criança a manifestação de seus sentimentos
através do simbolismo.
A Psicomotricidade Relacional é difundida em diferentes âmbitos,
como familiares, escolares e clínicas, a fim de desenvolver potencialidades
individuais e em grupo.
Atualmente é muita praticada em escolas como medida profilática e
apresenta como intuito enfatizar as competências e habilidades de
comunicação, aprendizagem e socialização da criança (Site: Construir Notícias,
2010).
(Guerra, a pud Moro, 2008 p.1040) aponta como enfoque da
Psicomotricidade Relacional:
(...) promover a ação espontânea da criança através do jogo simbólico; estimular a criação de vínculos afetivos entre as crianças; enriquecer as experiências psicomotoras; prevenir dificuldades de expressão motora, verbal e gráfica; desenvolver a espontaneidade e a criatividade; colaborar no processo de construção dos limites; desenvolver as potencialidades individuais e do grupo; despertar a criança para o desejo de aprender contribuindo para o desenvolvimento dos processos de aprendizagem; propiciar à criança o prazer no brincar espontaneamente; estimular a percepção corporal; promover a afirmação do eu; descobrir o corpo, através dos movimentos, como unidade de prazer; promover a autonomia; estimular o
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ajuste positivo da agressividade; elevar a qualidade das relações interpessoais entre as crianças promovendo a socialização. (GUERRA, a pud MORO, 2008, p. 1040).
Na prática da Psicomotricidade Relacional, não é somente o trabalho
na coletividade que interessa, mas também a individualidade de cada sujeito
que forma esse grupo em que está inserido. Assim, interpreta-se que as ações
coletivas traduzem-se nas trocas de experiências, pois levam ou “eu” para o
coletivo. Estas ações são fundamentais para a vivência e descoberta de
situações e mundos distintos, sendo determinantes para uma adequada
interação social e para o aprendizado.
1.1.2 Psicomotricidade Funcional
A Psicomotricidade Funcional relaciona-se ao desenvolvimento
psicomotor do sujeito, tendo como embasamento a neuroanatomia.
Apóia-se no uso de exercícios psicomotores para sanar
descompassos do desenvolvimento, ou seja, baseia-se na repetição de
técnicas psicomotoras funcionais que permitem a organização e reorganização
psicomotora do sujeito através do desenvolvolvimento dos conceitos
psicomotores.
A Psicomotricidade Funcional apresenta por objetivo integrar os atos
motores de forma sistêmica, através de ações articuladas às informações
advindas do meio externo.
Tendo ciência que para a escolha das técnicas utilizadas é
fundamental conhecer o indivíduo, é conveniente que se utilize mão, não
apenas de testes padronizados, mas também sejam consideradas
características da criança, como a personalidade e as condições afetivas,
sociais e culturais.
O conhecimento do indivíduo, e isto inclui, o perfil psicomotor traz à
tona as necessidades a serem focadas durante a aplicação da
Psicomotricidade Funcional, por exemplo, uma criança que apresenta
dificuldade na coordenação motora consequentemente terá dificuldade na
exploração do ambiente e na manipulação de brinquedos, o que poderá
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acarretar em dificuldades escolares como na escrita e na leitura, tendo
identificado estes desvios, cabe ao psicomotricista modificar as ações
psicomotoras, através de ações educativas, oferecendo meios para a
superação.
Cabe ressaltar que a Psicomotricidade Funcional apresenta como
característica uma programação, ou seja, tem um enredo a ser cumprido
enquanto que a Psicomotricidade Relacional é livre. Esta assertiva pode ser
evidenciada com a afirmação de Negrine 2002 p.117, a pud CIEPRE:
A relação que o psicomotricista funcional tem com a criança é uma relação de comando, é uma intervenção no corpo de forma mecânica, e o contato corporal entre eles ou com outras crianças só ocorre se estiver determinado no exercício proposto (ISPE–GAE-OIPR: CIEPRE - Centro Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Psicomotricidade Relacional).
1.2 Áreas de Atuação da Psicomotricidade
A Psicomotricidade divide-se nas áreas da educação, da reeducação
e da terapia. Ela frisa o intercâmbio existente entre as ações motoras, os
sentimentos e o intelecto (mente).
As áreas de atuação da Psicomotricidade são: estimulação,
educação, reeducação e terapia. A seguir será abordado um pouco de cada
uma destas áreas.
1.2.1 Estimulação Psicomotora
Durante a infância, o desenvolvimento cerebral é acentuado, e é
neste período em que ocorre o momento mais intenso da plasticidade cerebral,
a qual é conceituada como capacidade adaptativa do sistema nervoso central,
que se dá de acordo com a quantidade e qualidade de estímulos recebidos do
ambiente em que se está inserido. Devido a isto, é de suma importância
oferecer às crianças desde cedo estímulos que favoreçam as conexões
neurológicas.
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Ao procurar o significado da palavra estimulação verifica-se como
sinônimas as palavras despertar, encorajar e incitar, logo se conclui que ao
estimular são oferecidas ao sujeito formas de aperfeiçoar as funções em
desenvolvimento e assim diminuir as possíveis intercorrências que podem
ocorrer durante o desenvolvimento infantil.
Para alcance deste efeito nada mais apropriado do que utilizar como
ferramenta a brincadeira, pois ao brincar é proporcionada a exploração de
habilidades e a aprendizagem, sem a cobrança de acertos. Brincando a criança
busca experiências em seu corpo formando conceitos e organizando-se.
A Psicomotricidade irá possibilitar o conhecimento e entendimento
do corpo/ser consolidando bases para o desenvolvimento e premitindo assim, a
expressão através do corpo, por isso é mister que toda criança passe por todas
as etapas do desenvolvimento.
A Estimulação Psicomotora com crianças deve prever a formação da
base indispensável para o desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando
oportunidade para que por meio de atividades lúdicas, possa desenvolver a
conscientização do eu no espaço e tempo, ou seja, para que assim o indivíduo
se reconheça como um ser e que possa dar conta de suas necessidades.
A Estimulação Psicomotora respeita a capacidade de maturação do
indivíduo e ocorre no início de sua vida. Procura auxiliar no desenvolvimento
por meio do despertar do movimento beneficiando o ser com uma harmonia de
movimentos, garantindo a ele o autoconhecimento de seu corpo e seus
sentimentos.
Pode ser realizada em escolas, clínicas ou quaisquer outros
ambientes em se tenha um ambiente adequado e profissional capacitado,
entretanto, a importância de tais experiências, é ainda considerada uma utopia
em muitos estabelecimentos que trabalham com crianças novas. Sabe-se que
muitos estudiosos apóiam esse tipo de ação, como sinônimos de otimização do
desenvolvimento, diminuindo e prevenindo impactos de uma história negativa.
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É importante deixar claro que não cabe à Estimulação
Psicomotora o tratamento de disfunções.
1.2.2 Educação Psicomotora
Entende-se por Educação Psicomotora como um processo de
desenvolvimento integrado do pensamento, da emoção e do movimento,
possibilitando que a criança progrida em cada etapa de seu desenvolvimento.
Engloba todas as apremdizagens, e é dirigida a crianças sem
comprometimentos, favorecendo o desenvolvimento psicomotor. Consiste em
uma atividade preventiva, a qual propicia o desenvolvimento de capacidades
sensoriais, motoras e perceptivas possibilitando a base para a aprendizagem.
O principal objetivo é permitir que a criança ao interagir com o
ambiente aprenda. Assim ao cair e ao se levantar, ao se sujar e ao se limpar e
ao errar e ao acertar ela adquire conhecimento através de suas experiências,
por exemplo: uma criança que coloca o dedo na tomada e leva um choque
entenderá que toda vez que fizer essa ação terá o choque como reação.
Ao possibilitar que a criança aprenda sozinha, o adulto não exime
seu papel de educador, deve a este o despertar da curiosidade, o incentivo a
fala, a demonstração de interesse nas atitudes da criança e a oferta de um
ambiente facilitador e acolhedor para o desenvolvimento.
A criança deve ser observada e considerada de maneira global,
dessa forma tem-se um ser constituído de corpo, de carga genética, de
escolhas, de sentimentos e que não é imutável, ou seja, está disponível para
aprender, se aperfeiçoar e se modificar.
No decorrer do desenvolvimento gradativamente, a criança vai se
apropriando de seu corpo, controlando seus movimentos e direcionando seu
gesto de acordo com suas intenções. Antes, porém, é preciso que ela “pense”
com o corpo em movimento. É na ação que a criança começa a elaborar o seu
pensamento, criando estratégias, resolvendo problemas, descobrindo soluções
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e percebendo seus limites assim, o movimento, a princípio, desencadeia e
conduz o pensamento.
Os objetos têm papel fundamental nesse processo, já que oferecem
desafios e convidam à exploração. Se as crianças estiverem inseridas em um
contexto educativo aberto à criatividade e à curiosidade, elas naturalmente vão
se apropriando do mundo à sua volta, experimentando-o e vivenciando-o de
dentro para fora, ou seja, apreendendo o seu ambiente a partir de seu desejo e
interesses e não do desejo do adulto.
1.2.3 Reeducação Psicomotora
Utiliza a ação corporal a fim de facilitar os meios para o aprendizado,
permitindo ao sujeito a busca da compreensão do seu “eu” e o aprimoramento
das funções a serem exercidas, assim, como as eventuais correções.
É importante que se tenha um olhar diferenciado para poder
identificar os problemas já instalados, pois consiste na correção de alterações.
A Reeducação Psicomotora tem por objetivo interferir nos distúrbios
psicomotores, favorecendo e promovendo o conhecimento, criando condições
de que o sujeito possa ter domínio de seu corpo e que possa ter novos meios
de expressão e de relação com o seu interior e exterior.
A ausência de reeducação é negligenciar as dificuldades de uma
pessoa, é ajudar a omitir a sua imagem.
O brincar consiste na forma mais fácil de aprender e por que não na
de reeducar? Através do lúdico pode ser oferecido todo o aparato para o
desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo e assim focar a base da reeducação
psicomotora.
1.2.4 Terapia Psicomotora
A terapia psicomotora considera o desenvolvimento infantil como
uma combinação das experiências vividas, pois independentemente da idade
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do sujeito, este já possui experiências, as quais iniciam desde a barriga da
mãe.
Na terapia psicomotora, a criança aprende a ser determinada e
motivada, para isso nada mais justo do que utilizar os ensinamentos da vida, as
experiências resultam em memórias que refletem em ações de sucesso e
insucesso, resultando no suporte necessário para o desenvolvimento da auto -
confiança e do aprender.
Numa grande variedade de oferta de materiais para brincar e
aprender, a criança descobre uma atividade emocionante. As experiências
ativas e passivas do movimento constituem elementos fundamentais do seu
desenvolvimento. Através do seu corpo, da mímica e dos gestos, a criança
reforça os seus sentimentos.
Brincar é a base para o desenvolvimento, pois brincando não há
noção de obrigação e compromisso, por isso consiste no elemento central da
aplicação da Terapia Psicomotora.
Vale ressaltar que alguns autores apontam a diferença entre
Reeducação e Terapia Psicomotora, sobre a Reeducação Psicomotora Negrine
(2002) comenta que consiste em ensinar a criança a reaprender como se
executam ou se desenvolvem determinadas funções, já a Terapia Psicomotora
segundo o mesmo é destinada a crianças normais ou portadoras de
deficiências físicas que apresentam dificuldades de comunicação, de
expressão corporal e do uso do simbologismo.
A terapia psicomotora oferece às crianças evolução no domínio dos
movimentos e a inserção social, pois permite a expressão emocional-afetiva. A
partir da terapia psicomotora a criança conquista e desenvolve estratégias para
a resolução de seus problemas.
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CAPÍTULO II
O BRINCAR
2.1 O Porquê do Brincar O ato de brincar é visto como uma das principais atividades da
infância. As brincadeiras são influenciadas pelo meio em que a criança vive e
se relaciona, ou seja, os adultos, as crianças, os objetos e os locais.
A palavra brincar apresenta sua raiz etimológica do latim e significa
laço, logo, conclui-se que brincadeira consiste em um ato social que contribui
para a efetivação de vínculos e laços.
Consiste em um meio de comunicação, pois nela é permitido a
criança a construção de sua própria atitude, sendo livre para fazer suas
vontades.
A manipulação do objeto é a primeira forma de brincadeira do bebê,
sendo determinada pelos recursos oferecidos em seu plano visual, assim a
percepção visual dos objetos determina a ação, que por sua vez não é
planejada. O objetivo da brincadeira da criança pequena é o próprio processo
de brincar.
No início do desenvolvimento das brincadeiras, o gesto é
imprescindível, a criança pode fingir que uma trouxa de roupa é um bebê, mas
é essencial o gesto de ninar. A brincadeira só faz sentido nesta fase se o gesto
corresponder ao real.
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A brincadeira da criança sacia seu desejo de lidar com o mundo
adulto. É um contexto propício para o uso da linguagem, já que nela a criança
organiza conceitos através da criação de situações imaginárias, a criança
brinca devido a discrepância entre o seu desejo de agir no mundo adulto e a
realidade que se impõe.
O brincar é considerado em si só uma fonte de desenvolvimento,
pois permite que a criança supere diariamente sua condição real,
desenvolvendo e aprimorando suas funções.
Brincando a criança desenvolve as funções psicomotoras e
cognitivas. O brincar também possibilita a interação social sendo importante
para a troca de experiências e a construção de laços.
O lúdico é o cenário ideal para que a criança experimente os
diferentes tipos de sentimentos e para que esta saiba lidar com suas
conseqüências. A brincadeira permite a exploração dos objetos/ambientes e o
aprendizado porque desperta curiosidade.
2.2 Tipos de Brincadeiras
A brincadeira é um fenômeno universal e está presente em todas as
culturas, perpassa toda e qualquer história da infância, sendo um elemento de
construção cultural, lingüística e social.
Segundo Kishimoto apud Goldfeld (2006) cada cultura apresenta
distintas maneiras de fabricar o brinquedo e não se deve esquecer que quem é
o responsável por fabricá-lo é o adulto.
A forma como as crianças se organizam e se dividem nas
brincadeiras demonstra como se relacionam com o ambiente em que estão
inseridas, a criança pode escolher entre brincar com outras do mesmo sexo,
sozinha ou em grupo, cada forma de organização demanda uma maneira de
interação diferenciada (CRUZ, 2008).
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Em relação à temática das brincadeiras, pode-se afirmar que
relaciona-se a realidade diária dos menores. Os meninos tendem a brincar de
aventuras de super-heróis, lutas entre polícia e ladrão e vídeo-game. Já as
meninas preferem temas voltados para a alimentação, ambiente doméstico e
animais (MORAES e CARVALHO, 1994). O fato de atualmente a rotina, sob
tudo o desenvolvimento urbano, dificultar as brincadeiras na rua e cada vez
mais as pessoas optarem pelas moradias do tipo apartamento, por acreditarem
em ser mais seguro, corrobora para a procura do entretenimento televisivo o
que influencia principalmente a brincadeira dos meninos substituindo o
brinquedo imaginativo. Quanto às meninas a maior influencia é das mães,
avós, tias e irmãs que servem como modelo de inspiração nas brincadeiras.
O jogo é evolutivo, assim de acordo com a fase em que a criança se
encontra vai se modificando, se inicia com a simples exploração dos
brinquedos que tem por finalidade atender os desejos sensoriais, como a
descoberta da textura, do barulho e do gosto, por isso que crianças pequenas
os levam a boca e movimentam sem finalidade os instrumentos a sua volta,
essa evolução da brincadeira continua no desenvolvimento dos jogos
simbólicos, evolui no sentido dos jogos de construção para se aproximar,
gradativamente, dos jogos de regras, que dão origem à lógica operatória.
Segundo Piaget (1975), nos jogos de regras existe algo mais que a simples
diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional.
As brincadeiras mediadas por regras, as quais ocorrem em âmbito
coletivo geralmente apresentam-se guiadas pelo líder. As regras podem ser
explícitas ou implícitas e o mediador (geralmente o mais velho) apresenta um
papel mais ativo em relação ao principiante que tende mais a observar que
atuar.
A seguir serão abordados os tipos de brincadeiras, tendo como
base o desenvolvimento infantil e os conceitos de Goldfeld (2002):
1) Brincadeiras psicomotras: iniciam no nascimento e consiste no
desenvolvimento da parte motora, emocional e cognitiva, perdura por toda a
vida. Até um ano e meio é a principal brincadeira a ser realizada.
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2) Brincadeiras Construtivas: surge por volta de 1,5 anos e está
muito presente até por volta dos 2,5 anos. Esse tipo de brincadeira é
caracterizada pela construção e destruição, primeiramente a criança destrói
para depois construir.
3) Brincadeiras Plásticas: não há idade para iniciar, geralmente
ocorre quando o material é oferecido, inicialmente é a pura manipulação da
massinha, da tinta e do giz de cera, evolui para os desenhos e é a base para a
escrita.
4) Brincadeiras Simbólicas: pode ocorrer através da imitação de
cenas vivenciadas ou da situação de faz-de-conta. A situação de faz-de-conta
apresenta uma situação imaginária e é a experiência a base para seu
desenvolvimento.
Cabe aqui diferenciar a brincadeira de imitação de cenas
vivenciadas e o faz-de-conta. A primeira apresenta cenas isoladas como dar
comidinha para a boneca e a brincadeira ocorre com mediação, é neste tipo de
brincadeira que começa a separação entre objeto e significado, como por
exemplo utilizar o giz como uma colher.
Já a segunda, apresenta uma história, a criança pode brincar
sozinha ou em grupo e não necessita da presença do objeto (pode imaginá-lo
na ausência de outro para substituí-lo).
5) Brincadeira de Devaneio: por volta dos nove anos é quando
começa a identificar este tipo de brincadeira. Caracteriza-se por brincar no
pensamento, são os sonhos e a imaginação.
6) Jogos com Regra: é a evolução do faz-de- conta. Apresenta como
características a identificação de papéis desempenhados por cada
componente, a situação imaginária e as regras, as quais podem ser explícitas
ou implícitas.
No faz-de-conta as regras são implícitas e os papéis e a situação
imaginária explícitas, já nos jogos com regra os papéis e a situação imaginária
são implícitos e as regras costumam ser explícitas.
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Segundo Vygotsky, as brincadeiras são a ZDP (zona de
desenvolvimento proximal) para o desenvolvimento infantil, ou seja,
possibilitam desenvolvimento potencial para que possa efetivamente ocorrer o
desenvolvimento real.
2.2.1 A Importância do Brinquedo
Como já dito anteriormente brincar é formar laços, despertar
curiosidade, aprender e desenvolver-se. Também já foram mencionados alguns
tipos de brincadeiras, mas ainda está faltando entender o papel do brinquedo
(diferentemente da brincadeira) para o desenvolvimento infantil.
Quando se pensa em brinquedo geralmente são remetidos à
memória os jogos e os instrumentos vendidos nas lojas, mas esses não
costumam ser realidade de todos que habitam este país.
Deve-se pensar nestes, mas também se deve levantar a questão de
quais brinquedos fazem parte da vida de crianças que infelizmente não podem
ir às lojas para escolher e comprar o sonhado material lúdico.
Será que as pessoas param para imaginar se o desenvolvimento de
uma criança inserida em um ambiente rico em brinquedos é equivalente ao de
outra sem as mesmas ofertas, ou melhor, sem nenhuma oferta? É claro que
devem ser anuladas as variações fisiológicas/genéticas, mas certamente há
diferença, é como comparar alguém que aprende a utilizar um computador
apenas por meio de uma apostila a outra pessoa que além de ter a oferta da
teoria apresenta a possibilidade de praticar em um computador.
O brinquedo possibilita os meios para a exploração tátil, visual,
auditiva, e algumas vezes até olfativa e/ou gustativa, pois muitos atualmente
apresentam estas características, mas este não existe sem a brincadeira,
experimente colocar um brinquedo ao alcance de uma criança e este não
despertar desejo, de nada valerá, pois certamente ficará no canto da sala ou do
quarto não permitindo a descoberta, a curiosidade, o desejo e o aprendizado.
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Assim não é difícil concluir qual é o papel do brinquedo: fornecer
meios para que a brincadeira possa ocorrer.
Retornando às crianças que não possuem possibilidades de ter
brinquedo: não é por este motivo que estas não devem brincar, até porque
como dito no início há uma fase da brincadeira em que o material já não é tão
essencial, mas também existe a fase em que esse serve como meio para
efetivação das experiências.
É aí que surge o papel do adulto na brincadeira, a transmissão da
cultura, das idéias, a organização e o preparo do ambiente para brincar são
também seus atributos, o adulto deve mostrar que para brincar de futebol, nem
sempre é necessário ter uma bola, uma meia muitas vezes faz esse papel.
Com esse ato, o adulto oferece a liberdade para a imaginação, para a
produção de fantasias e para criatividade. Surgem novas brincadeiras com uma
meia, como um fantoche ou até mesmo possibilita fingir que é uma flanela para
limpar os móveis da casa numa brincadeira de imitação de cenas vivenciadas
ou de faz-de-conta.
O brinquedo é o subsídio para que ocorra a brincadeira, mas a sua
ausência não quer dizer que a brincadeira não vá ocorrer. Algumas escolas
ainda nos dias atuais apresentam como propostas em sala de aula a execução
de brinquedos por parte dos próprios alunos, utilizando como ferramentas
sucatas como caixas de fósforo, palitos de dente, arames, meias, dentre
outros. Esta é uma atividade riquíssima, pois além de permitir a criação de seu
brinquedo produz a sensação de produtividade, de competência e aguça a
imaginação, não se pode esquecer que brincar é criar.
Mais uma vez recorrendo ao dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa, obtém-se o conceito de brinquedo o qual é definido como objeto
para as crianças brincarem.
Sendo assim, cabe ao brinquedo oferecer o desenvolvimento da
brincadeira.
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Por isso, que os materiais utilizados são tão importantes, agora
também é compreensível o porquê das caixas de brinquedos terem
estampadas à faixa etária a que se destinam, pois oferecer o brinquedo não é
tarefa árdua, penoso é saber o que, como e quando oferecer.
O brinquedo, portanto, é muito mais que objeto e muito mais que
comércio, o brinquedo traz consigo a brincadeira, o desenvolvimento, a relação
social, afetiva, os desejos e as criações.
Antes de terminar este capítulo não se pode deixar de ressaltar que
a brincadeira existe sem o brinquedo, mas o brinquedo não existe sem a
brincadeira.
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CAPÍTULO III
BRINCADEIRA E PSICOMOTRICIDADE
3.1 A Brincadeira e a Abordagem Psicomotora
No capítulo anterior foram apontados os motivos do brincar e a
importância do brinquedo para a efetivação da brincadeira. Agora o objetivo é
outro, o intuito aqui é demonstrar de que forma a brincadeira relaciona-se com
a psicomotricidade.
Ao relembrar os tipos de brincadeiras conclui-se que estas evoluem
e se transformam com o passar do tempo, isto graças a maturação biológica e
emocional.
Uma criança pequena tende a montar e desmontar brinquedos, e
não é incomum ouvir como queixa de seus responsáveis os gastos financeiros
em compras de materiais lúdicos, devido ao fato da destruição desses. Se bem
que não se pode chamar de destruição a ação da exploração, crianças não
destroem brinquedos com intenção, mas sim pela necessidade da descoberta,
pela curiosidade e para desvendar os mistérios do brinquedo, e principalmente
os mistérios do corpo humano.
Talvez fosse exagero afirmar que toda brincadeira envolve
psicomotricidade, mas ao refletir melhor, verifica-se que a afirmação é
conveniente. Para entender é necessário pensar nas brincadeiras populares: a
amarelinha, por exemplo, relaciona-se com o equilíbrio, o boliche envolve a
noção de espaço, as cantigas envolvem o ritmo e os desenhos a coordenação.
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É claro que essas brincadeiras, envolvem inúmeros outros fatores
psicomotores.
Diante da brincadeira como se pode abordar a psicomotricidade?
A abordagem psicomotora consiste em um paradoxo: é simples e ao
mesmo tempo complexa, isto porque como citado no parágrafo anterior as
brincadeiras envolvem aspectos psicomotores, portanto qualquer pessoa ao
brincar realiza uma atividade psicomotora, por isto ela é tão simples, mas ao
mesmo tempo quando há a intenção de abordar a psicomotricidade com intuito
de um trabalho focado para as necessidades e estimulção das crianças torna-
se necessário o conhecimento psicomotor, e isto implica na presença de uma
pessoa capacitada, ou seja, um psicomotricista, o qual é definido pela SBP -
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, como:
(...) profissional da área de saúde e educação que pesquisa, avalia, previne e trata do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos transtornos da integração somato-psíquica e da retrôgenese (Site: SBP).
Ao avaliar o sujeito, o psicomotricista obtém informações a respeito da
personalidade psicomotora do indivíduo, assim consegue traçar as
delimitações e deficiências para ajudar este ser na aquisição da plenitude
psicomotora. Alves (2007) relata que é através da avaliação que se obtém
acesso ao histórico do indivíduo e que é possível o começo de um trabalho, diz
ainda, que a avaliação se constitui de um processo contínuo.
Feita a avaliação é hora de traçar um plano de tratamento (isto quando
necessário), cabe ressaltar que a abordagem psicomotora não é realizada
apenas diante de alterações, mas também na estimulação psicomotora, e
como já dito nas brincadeiras do dia-a-dia, mas nestas últimas, geralmente
ocorre de forma implícita e sem a orientação de um profissional.
Avaliando para poder trabalhar e brincando para poder alcançar os
enfoques traçados na avaliação, assim a abordagem psicomotora se constitui.
27
O cenário deve ser aconchegante e acolhedor, se possível com
espaço, deve-se oferecer a criança uma situação espontânea para que dessa
forma a brincadeira flua permitindo o alcance do mérito do trabalho.
Sempre que possível o trabalho deve envolver a exploração sensorial
como os pés descalços em diferentes texturas, assim como as mãos, a
utilização de lixas diferentes é um grande aliado neste tipo de tarefa.
O uso de materiais e brincadeiras que despertem o interesse da criança
e a envolva deve ser o objetivo a cada encontro, por isso, esse é um dos
motivos do envolvimento da família, outro motivo é o fato da família fazer parte
da criança (rotina, hábitos, envolvimento emocional, herança genética,
doenças, etc), portanto de nada adianta o trabalho focado apenas na criança
os familiares devem ser envolvidos e motivados a participar quando possível e
necessário dos encontros, e principalmente a brincarem em casa, nos
parquinhos e em outros locais.
O profissional deve chamar atenção para os diferentes tipos de
brincadeiras, e orientar os responsáveis quanto as diferentes possibilidades de
interação. Há dias em que as brincadeiras acontecerão em casa, seja através
da narrativa de histórias, pinturas, uso de massinha, ou até mesmo de uma
sessão de DVD, e haverá dias em que essas brincadeiras ocorrerão fora da
casa, como dentro de um carro, utilizando para isto cantigas, no parquinho de
uma praça ou de shopping, na rua, na escola, na psicina.
O importante é deixar claro que para brincar basta estar disposto, dessa
forma qualquer hora e local poderá ser envolvido por aspectos lúdicos, isto não
quer dizer que a brincadeira deve ocorrer vinte quatro horas ao dia, ela não
deve ser banalizada e sim incentivada e principalmente valorizada.
A conscientização de que a brincadeira fornece a formação de laços e o
desenvolvimento lingüístico, afetivo e psicomotor deve ser passada para os
responsáveis e todos aqueles que pertencem e fazem parte do mundo do
menor.
28
Para a compreensão da abordagem psicomotora em brincadeiras
é fundamental estar ciente dos fatores psicomotores envolvidos no sistema
psicomotor humano, pois são eles que permitem o desenvolvimento e a
aprendizagem, estando o sujeito aberto para as experiências. Os fatores
Psicomotores são sete e serão abordados a seguir, levando em consideração
as idéias de Vitor da Fonseca (1995):
1) Tonicidade: permite todas as atividades motoras humanas, tendo
como funções primordiais a manutenção do estado de alerta e de vigília.
Abrange os músculos responsáveis pelas funções biológicas e psicológicas,
estando envolvida em todas as funções de motricidade.
2) Equilibração: reflete a resposta motora vigilante e integrada. É
adquirida com o apoio da tonicidade, que junto desta forma a base para as
demais funções psicomotoras.
3) Lateralização: consiste no resultado da integração bilateral
postural do corpo, sendo influenciada pelo tônus e pela equilibração. A
integração bilateral é essencial para o controle da postura, e esta por sua vez é
essencial para a noção espacial. É de valia lembrar que engloba a
lateraliozação ocular, lateralização auditiva, lateralização manual e pedal, as
quais resultam, quando em harmonia a base para a interação com o meio
externo.
4) Noção do Corpo: é a imagem do corpo humano, sendo esta
imagem adquirida. Compreende a recepção, análise e armazenamento das
informações do corpço. É reconhecida como fruto do meio externo, onde as
sensações possibilitam uma imagem interna.
5) Estruturação Espacio -Temporal: é proveniente de outroa fatores
psicomotores, como por exemplo a noção do corpo, pois como bem diz Vitor da
Fonseca a criança localiza-se antes de localizar o meio externo.
6) Praxia global: consiste em tarefas motoras globais, nela estão
inseridas a coordenação oculomanual (coordenação entre movimentos
29
manuais e as referencias visuais), a coordenação oculopedal (coordenação
dos movimentos pedais e as informações visuais).
7) Praxia Fina: relaciona-se a tarefas motoras finas e relaciona-se
aos movimentos dos olhos durante tarefas que exigem atenção e coordenação
visual.
Os fatores psicomotores acima foram abordados separadamente,
entretanto um corpo em harmonia necessita que estes fatores estejam
integrados e coordenados, uma vez que se um deles encontra-se em
desequilíbrio os demais estarão afetados, resultando em conseqüências para o
desenvolvimento e a aprendizagem.
Para que se possa entender melhor esta situação deve-se pensar
em um indivíduo que tenha alteração do tônus. Como sabido, o tônus garante a
vigília e o estado de alerta, sendo indispensável para as funções que
necessitam de atenção e base para o movimento. Um tônus alterado implicará
em alterações em todos os outros fatores psicomotores, pois a tonicidade
garante as posturas, as mímicas e as emoções. Assim, havendo alteração
tonal haverá dificuldade na exploração ambiental, na recepção e na
organização das informações ambientais, estando o indivíduo menos
preparado para a maturação corporal e a aprendizagem.
Não será infrequente ao se relacionar a esta criança ouvir que é
“estabanada” e “que cai a toa”, sendo observados problemas quanto a
instabilidade corporal. Não é possível a separação entre movimento e postura,
esses atuam em conjunto.
Existindo dificuldade de equilibração deve-se pensar nas
dificuldades referentes à lateralização, a qual resulta da integração postural do
corpo, uma lateralização não definida corrobora para uma noção de corpo
desorganizada.
Se o indivíduo apresenta instabilidade corporal tenderá a ter
limitações nas explorações ambientais e no desenvolvimento da lateralidade e
sendo a noção de corpo a organização e a compreensão do eu, esta
30
evidentemente estará prejudicada, assim como as noções de espaço e
tempo e as praxias global e fina.
O corpo necessita que os circuitos cerebrais estejam coordenados,
para que a efetivação dos movimentos ocorra sem prejuízos, se há falha em
alguma das funções outras áreas tentarão solucionar tal problema
assoberbando as demais áreas e levando a conseqüências no decorrer do
desenvolvimento.
Os fatores psicomotores permitem observar como ocorre o
processamento e a organizações das informações e será através deles que se
entenderá o perfil psicomotor da criança, auxiliando no enfoque de atividades
que possam resultar no melhor aproveitamento das informações recebidas e da
exploração do ambiente e na efetivação do adequado desenvolvimento
psicomotor.
Pensando na desorganização dos aspectos psicomotores, é
devidamente necessário pensar em como auxiliar as crianças nas dificuldades
encontradas, claro que para isto utilizando as brincadeiras, as quais são a
essência deste trabalho. Para isto, a seguir serão dadas sugestões de
brincadeiras que possibilitem o desenvolvimento dos fatores psicomotores.
1) Tônus: muitos devem se perguntar como trabalhar o tônus, uma
vez que envolve a musculatura, não será difícil este tipo de abordagem se a
brincadeira estiver contextualizada, para isto pode-se brincar de circo, basta ter
um local que ofereça a oportunidade da criança “brincar” sem se machucar, o
uso de tapetes emborrachados é de grande valia.
Nesta brincadeira, deve-se deixar claro que todos são os artistas do
circo e que as atividades devem ser realizadas por todos os componentes.
Aspectos com enfoque da extensão de membros devem ser envolvidos na
brincadeira, usando para isto o afastamento de pernas e braços durante as
atividades, é claro que o psicomotricista deve ser sensato e evitar frustrações e
atividades que possam levar a contusões.
31
O relaxamento corporal é outra atividade que auxilia no trabalho
do tônus, porém é aconselhável para pessoas que sejam agitadas e ansiosas.
O uso de músicas com massagens também são ótimos recursos.
2) Equilibração: trabalhar o equilíbrio sempre desperta interesse nas
crianças, pois estas sentem-se desafiadas a alcançar o objetivo de se
manterem eretas tendendo a evitar desajustes corporais e quedas.
Brincadeiras como “a ponte do rio que cai”, em que a criança deve
andar em uma trave e tentar se manter firme nesta, não tendo quedas. Outra
brincadeira é a do “Saci Pererê” em que elas devem ficar apoiadas apenas com
uma das pernas.
3) Lateralização: jogar bola com as mão, os pés, brincar de
telefonista e até mesmo de pirata permite a exploração da lateralidade, assim
como a realização de trabalhos manuais através de recorte, cola e pintura.
4) Noção de corpo: como já mencionado a noção de corpo consiste
na identificação e reconhecimento das partes do corpo, ela também envolve a
imagem corporal que é o auto-reconhecimento, ou seja, a identificação de si
como sujeito.
Uma atividade muito utilizada para esse fim é o desenho no papel
pardo, onde se realiza o contorno da criança e esta deve adicionar ao desenho
as partes do como através do desenho dos olhos, boca, nariz, membros
superiores e inferiores, cabelo e as demais partes do corpo. O uso de quebra -
- cabeça da figura do corpo humano e músicas que trabalhem as partes do
corpo também permitem a realização do trabalho da noção de corpo.
5) Noção Espacio - temporal: brincadeiras que tenham envolvidos
aspectos relacionados a distância, a localização no ambiente e tempo são
essenciais para o desenvolvimento desta função. Por exemplo, quando se
pergunta a criança se onde mora é longe ou perto da sua escola se está
trabalhando esta noção, alguma dizem que é longe enquanto que é sabido que
se encontram perto.
32
Outra brincadeira que possibilita este tipo de trabalho é a famosa
“mamãe posso ir” onde uma criança deve determinar quantos passos às outras
devem dar e se esses passos são largos (passo de elefante), curtos (passo de
formiguinha) ou se ainda é para o lado (passo de caranguejo).
6) Praxia Global: a dança é uma riquíssima brincadeira, pois
possibilita o trabalho de todo o corpo, todos os seguimentos corporais são
envolvidos enquanto se dança, sendo que esses movimentos devem ser
coordenados.
O correr e o saltitar são atividades que desenvolvem movimentos
amplos, na praxia global não é necessário precisão nos movimentos, embora
seja importante a coordenação perfeita dos mesmos.
7) Praxia Fina: movimentos precisos são necessários quando se
trabalha a praxia fina, o pega-vareta, as colagens e os recortes, a ação de
cobrir pontilhados, a costura e a bola de gude necessitam de movimentos finos
e são ótimas tarefas quando se deseja trabalhar a praxia fina.
Mais uma vez ressalta-se que o prazer em brincar é fundamental,
por isso as atividades devem ser planejadas levando-se em consideração a
segurança da criança e suas necessidades e preferências.
As brincadeiras, não devem se limitar a relação adulto e criança,
elas podem e devem ser feitas em grupos, os quais devem ser constituídos por
pessoas que possam se acrescentar, não se deve por exemplo acreditar que
uma criança sem limitações motoras não possa por exemplo interagir e brincar
com outra que apresente dificuldade de locomoção ou ainda que não consiga
realizar movimentos com os membros, deve-se ficar sempre atento que são
nas diferenças que as pessoas se aprimoram e se modificam, as trocas de
experiências são fundamentais para a construção da personalidade e para o
desenvolvimento de um ser humano.
Diante das sugestões de algumas atividades conclui-se que não é
difícil abordar a psicomotricidade em atividades lúdicas e do dia-dia, mas é
essencial que sempre se tenha em mente que brincar é estimular e que a
33
brincadeira é uma função pela qual, todos deveriam passar tanto crianças
quanto adultos, pois a privação do brincar acarreta em conseqüências para o
desenvolvimento, tais conseqüências serão comentadas no próximo capítulo,
assim com a relação da brincadeira, do desenvolvimento infantil e da
psicomotricidade e suas atribuições para a aprendizagem e a formação do
sujeito.
A abordagem psicomotora é universal, pois brincando se tem a
psicomotricidade, pois ao pensar, ao trabalhar, ao sonhar, ao estudar, ao dirigir
e em todas as demais ações há o envolvimento psicomotor. Neste capítulo
desejou-se passar a idéia de que mesmo que não se trate de um profissional
qualificado para o trabalho da psicomotricidade, esta sempre está inserida nas
situações cotidianas, contudo cabe ao psicomotricista a orientação e a
execução de um trabalho focado.
34
CAPÍTULO IV
BRINCADEIRA - PSICOMOTRICIDADE
E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
4.1 O Brincar no Processo de Aprendizagem
Ao levantar a questão de quando o desenvolvimento motor humano se inicia,
muitos devem afirmar sem soma de dúvidas que ao nascer é que se verifica o início
deste. Entretanto, encontra-se equivocado aquele que acha que o movimento só inicia
a partir da primeira expiração.
Desde a décima segunda semana de gestação há movimentos do feto, e a
partir do quarto mês isto é facilmente visível, pois é nesta época que as mães relatam
sentir os pontapés.
Após o nascimento o bebê se vê frente a novas situações, e através do
desenvolvimento da percepção, a qual cada vez mais tende a se aperfeiçoar começa a
conhecer o mundo.
Inicialmente o choro é quem dá conta da relação bebê-mundo. Com o passar
dos meses utiliza outros artifícios para se comunicar, como os olhos que começam a
acompanhar as pessoas a sua volta e os movimentos das mãos, que mesmo imaturos
permitem a apreensão de estímulos ao seu redor. Por este motivo, é mister que se
ofereça estímulos que despertem o bebê. Contudo, tais estímulos devem ser
adequados para sua faixa etária e não devem ser em excesso, conforme afirmam
Laurie & Jodeph Braga, a pud Dalila, 2002:
35
As crianças devem receber um ou dois brinquedos por vez; não devem ser bombardeadas por estímulos. Aprenderão mais se puderem explorar uma coisa de cada vez; se estiverem coisas interessantes em excessiva quantidade ao seu redor não se interessarão por nenhuma, limitando-se a olhá-las.
Desde cedo a criança deve ser aguçada a explorar os objetos a seu
alcance, não é de grande valia que ao se oferecer o brinquedo o adulto lhe mostre
como utilizar e qual a função inerente ao objeto. Cabe ao mediador possibilitar que a
criança explore o objeto e descubra seus segredos, para que posteriormente possa
auxiliá-la no uso do mesmo.
Conforme as percepções desenvolvem-se como dito anteriormente, o
sistema motor também adquire maturação. Aos três meses a criança geralmente já
sustenta a cabeça e aos seis consegue ficar sentada, estas aquisições permitirão uma
exploração diferente, agora em outro plano.
Ao engatinhar, o mundo oferecido fica ainda maior e ao assumir a postura
bípede seus movimentos vão ficando refinados, o que facilita a exploração. Cabe
ressaltar que segundo Dalila 2002, mesmo ao atingir a maturidade neurológica é
necessário treino para que os movimentos se tornem precisos e harmônicos.
De acordo com Leite, Eliane (2002) os primeiros anos de vida são
fundamentais para o desenvolvimento da inteligência, havendo necessidade da
atuação conjunta do corpo (movimento/habilidades cognitivas), pois conforme a
mesma, a criança que apresenta dificuldade motora pode sofrer atraso no
desenvolvimento linguístico-cognitivo.
Piaget (1982) aponta quatro fases inerentes ao desenvolvimento humano,
sendo as seguintes:
Período Sensório-motor: onde ocorre a formação de esquemas sensório-
motores, os quais permitem a organização inicial dos estímulos ambientais. A
inteligência sensório-motora leva a construção do mundo externo objetivo.
Período Pré-operacional: formação de esquemas simbólicos.
Representação de um objeto por outro. O pensamento ainda é egocêntrico devido a
ausência de esquemas conceituais e da lógica.
Período das Operações-concretas: declínio do egocentrismo intelectual e
aumento do pensamento lógico. A formação de esquemas conceituais permite a
36
estruturção da realidade pela razão. Nesta época a linguagem encontra-se
socializada, havendo diminuição do egocentrismo.
Período das Operações-formais: formação de esquemas conceituais
abstratos, que permitem a realização de operações mentais que seguem os princípios
da lógica formal.
Vigotsky (1997) deixa claro em suas obras que a interação social é
determinante para o desenvolvimento do homem.
É notória a afirmação de que a relação mãe e bebê são determinantes
para o processo de aquisição da linguagem. Para ele o choro só terá função
comunicativa se a mãe permitir esta significação. O choro e o balbucio permitem o
desenvolvimento da fala social (primeiras palavras) e a evolução para a fala
egocêntrica.
Ainda afirma que os brinquedos são determinantes para o desenvolvimento
infantil, pois possibilita a criança uma situação imaginária, sendo determinantes para a
construção das funções mentais superiores. Na afirmação a seguir pode-se entender
melhor a sua compreensão sobre o brincar:
É enorme a influencia do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externo (VIGOTSKY 1989, p. 109 a pud SALOMÃO, H. 2007).
Diante de problemas psicomotores ao longo do desenvolvimento não é
difícil observar crianças que terão outras habilidades prejudicadas, como a escrita e a
fala. De acordo com o que foi dito anteriormente as crianças desenvolvem-se
respeitando etapas, não se pode ter primeiramente a sustentação da cintura pélvica
para posteriormente ocorrer a sustentação da cintura escapular. O fato de arrastar e
engatinhar também são importantes que ocorram anteriormente a ação de andar.
Pode-se afirmar que atrasos no desenvolvimento motor (sentar,
engatinhar, andar, falar) poderão levar a problemas na coordenação motora e no
equilíbrio, assim como no aprendizado e desenvolvimento da leitura e da escrita, na
dificuldade com cálculos e no raciocínio rápido.
As dificuldades escolares relacionadas ao sentido da escrita (direita para
esquerda), ou ainda ao espelhamento de letras ou a inversão da ordem das letras em
37
uma palavra demonstra o quanto a psicomotricidade e o aprendizado escolar
encontram-se interligados, pois a noção espacial é um dos fatores predominantes para
o aprendizado da escrita, assim como o desenvolvimento das praxias. Isto pode ser
evidenciado de acordo com as afirmações de Ajuriaguerra (1988):
(...) a escrita é uma atividade que obedece a exigências precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais orientados e reunidos de acordo com normas, a sucessão faz destes sinais palavras e frases, tornando a escrita uma atividade espaço-temporal. Para Fonseca (1995), um objeto situado a determinada distância e direção é percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto. É dessas percepções que resultam as noções de distância e orientação de um objeto com relação a outro, a partir das quais as crianças começam a transpor as noções gerais a um plano mais reduzido, que será de extrema importância quando na fase do grafismo. Fonseca (1983) destaca que na aprendizagem da leitura e da escrita a criança deverá obedecer ao tempo de sucessão das letras, dos sons e das palavras, fato este que destaca a influência da estruturação temporal para a adaptação escolar e para a aprendizagem. (AJURIAGUERRA, a pud ISPE-GAE-OIPR (SITE): http://www.profala.com/arteducesp150.htm).
Com o exposto, conclui-se que o desenvolvimento psicomotor é
determinante para a aquisição e desenvolvimento do homem.
4.2 A Privação da Brincadeira e Seus Efeitos
Na atual sociedade talvez a brincadeira não seja levada como algo que
faça parte do desenvolvimento, e ainda mais, como uma ação necessária para
que o desenvolvimento ocorra.
É claro que não se pode dizer que uma criança que não brinca não se
desenvolve, mas será que é possível afirmar que uma criança que não brinca
não sentirá falta desta tarefa no decorrer de sua vida?
Comumente adultos ao relembrarem os tempos de criança remetem
sentimentos de saudades e costumam afirmar: “como era bom ser criança, eu
apenas brincava!” Alguns realizam esta afirmação fazendo a comparação de
que ao crescer as responsabilidades vêm. Já outros sentem falta das
brincadeiras e dos sentimentos acompanhados por estas.
38
O tempo de criança deve ser sim lembrado pela a ausência de
responsabilidades adultas (crianças também possuem suas responsabilidades,
ou pelo menos deveriam ter), mas as lembranças dos passeios à casa da avó,
das viagens ao sítio, do pique-pega na rua de casa, da brincadeira de
escolinha e das histórias contadas pelos pais devem ser remetidas, e isto
porque resgata bons sentimentos, faz lembrar de pessoas, de lugares e de
prazeres e de desgostos, pois faz parte da construção do sujeito.
Essas lembranças devem servir como inspiração para as futuras
crianças, pois as de ontem, agora adultas devem incentivar, estimular e
participar das brincadeiras das próximas crianças.
A privação da brincadeira traz consigo a privação da espontaneidade, da
troca de experiências, do despertar dos sentimentos, da aquisição da cultura,
do desenvolvimento das linguagens receptivas e expressivas e do
desenvolvimento motor.
Se a brincadeira possibilita a inserção social e o favorecimento do
desenvolvimento por que nem sempre possui sua valorização? Exemplo disto
são as próprias crianças que atualmente preferem ganhar roupas ou jogos
eletrônicos.
Com este exemplo corriqueiro tem-se a intenção de despertar a
curiosidade de como será a vida e o desenvolvimento de crianças que não
possuem a oportunidade de brincar. E como serão os adultos que não
brincaram?
Algumas vezes são transmitidas na TV reportagens de crianças que
trabalham e que já possuem a responsabilidade de ajudar com o sustento em
casa. Ao olhar para estas crianças muitas das vezes (se não a maioria) é
observado o olhar triste, a fisionomia de quem não teve a oportunidade da
troca, a oportunidade do brincar.
O não brincar não leva a conseqüências apenas para o aprendizado,
mas para a vida deste ser, pois o exclui de um dos maiores presentes da
infância: a brincadeira livre e inocente.
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Este capítulo também objetiva com que os adultas reflitam sobre suas
ações, tem-se o intuito de relembrar que brincadeira não tem idade e que ela
permite um ser mais feliz.
4.2.1 Meu filho só brinca?!
Diariamente, é comum ouvir comentários sobre o brincar, com um tom
queixoso: os pais afirmam: “Hoje meu filho não foi a escola, mas também não perdeu
nada, só vai para brincar!”
Os pais tendem a valorizar as atividades como a natação, a dança eo
teatro, pois acreditam que preenchendo o tempo dos filhos com atividades extra-
escolares, possibilitará menos tempo para que estes fiquem “à toa”. Estas atividades
são importantes e essenciais, mas com seu excesso sobra pouco tempo para que as
crianças possam brincar..
Caiu no esquecimento que o brincar é a forma mais elementar e
importante para a formação do ser humano, a través do despertar da curiosidade.
Brincar não consiste em um mero passatempo. Brincar apresenta ação
direta sobre a formação de conexões neurônicas no cérebro, sendo este processo
natural e sadio, fazendo parte do desenvolvimento, e sendo decisivo para a para o
avanço social.
Pode-se interpretar a maneira que uma criança, adolescente ou adulto,
brinca como algo revelador de suas estruturas mentais, pensamentos, sentimentos,
interações, ou seja, seus níveis de maturidade cognitiva, afetiva – emocional e social.
40
CONCLUSÃO
Diante do exposto não se pode duvidar do papel da brincadeira na
vida das pessoas, independentemente do fato desta ser adulto, adolescente ou
criança, mas é claro que em se tratando desta última a brincadeira torna-se um
subsídio para seu desenvolvimento e inserção no mundo.
A atuação do adulto no mundo das brincadeiras infantis é
fundamental, pois ele muitas das vezes, é o exemplo, e a inspiração das
crianças. Cabe ao adulto estigar, incentivar e brincar com os menores, mostrar
que ao se divertir não se deve ter vergonha, aliás, quando a brincadeira ocorre
em seu sentido verdadeiro não há tempo para demonstrações, pois estas fluem
de forma natural e espontânea.
Fica aqui também o registro do componente psicomotor embutido
em cada ação e não porque nas brincadeiras? Conforme o enfoque desta
monografia em cada atividade lúdica deve-se ter o olhar psicomotor, pois a
psicomotricidade encontra-se em funções como o andar, o correr, o se
alimentar e o brincar e é fundamental para o desenvolvimento pleno do
homem.
A brincadeira, portanto é uma grande ferramenta para o
desenvolvimento, cabe saber como utilizá-la e respeitá-la.
41
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44
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45
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ...................................................................................... 03
DEDICATÓRIA ................................................................................................ 04
RESUMO ......................................................................................................... 05
METODOLOGIA .............................................................................................. 06
SUMÁRIO ........................................................................................................ 07
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 08
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 10
PSICOMOTRICIDADE .....................................................................................10
1.1 O que é Psicomotricidade? ........................................................................ 10
1.1.1 Psicomotricidade Relacional ............................................................. 11
1.1.2 Psicomotricidade Funcional ............................................................. 12
1.2 Áreas de Atuação da Psicomotricidade .....................................................13
1.2.1 Estimulação Psicomotora ..................................................................13 1.2.2 Educação Psicomotora ..................................................................... 15 1.2.3 Reeducação Psicomotora ................................................................. 16 1.2.4 Terapia Psicomotora ......................................................................... 16
CAPÍTULO II .................................................................................................... 18
O BRINCAR ..................................................................................................... 18
2.1 O Porquê do Brincar .................................................................................. 18
2.2 Tipos de Brincadeiras ................................................................................ 19
46
2.2.1 A Importância do Brinquedo .......................................................... 22
CAPÍTULO III ................................................................................................... 25
BRINCADEIRA E PSICOMOTRICIDADE ....................................................... 25
3.1 A brincadeira e a Abordagem Psicomotora ............................................... 25
CAPÍTULO IV .................................................................................................. 34
BRINCADEIRA – PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL .......................................................................................................................... 34
4.1 O Brincar no Processo de Aprendizagem ................................................. 34
4.2 A Privação da Brincadeira e Seus Efeitos ................................................ 37
4.2.1 Meu filho só brinca?! .................................................................... 39
CONCLUSÃO .................................................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 41
ÍNDICE ............................................................................................................. 45