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MARTA JOS ROCHA DE SOUZA NASCIMENTO
A DANA E A MUDANA DO
COMPORTAMENTO
Orientador: Prof. Doutor scar Conceio de Sousa
UNIVERSIDADE LUSFONA DE HUMANIDADES E
TECNOLOGIAS
INSTITUTO DE EDUCAO
Lisboa
2012
MARTA JOS ROCHA DE SOUZA NASCIMENTO
A DANA E A MUDANA DO COMPORTAMENTO
Dissertao apresentada para a obteno do grau de
Mestre em Cincias da Educao no Curso de Mestrado
em Cincias da Educao, conferido pela Universidade
Lusfona de Humanidades e Tecnologias.
Orientador: Prof. Doutor scar Conceio de Sousa
UNIVERSIDADE LUSFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS
INSTITUTO DE EDUCAO
Lisboa
2012
Marta Jos Rocha de Souza Nascimento / A dana e a Mudana do Comportamento
Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologia / Instituto de Educao 1
Dedicatria
Dedico este trabalho aos meus entes queridos por sempre estarem ao meu lado me
apoiando em todas as etapas dessa empreitada, contribuindo de todas as formas para sua
realizao, em especial a minha me.
A Vov Caula, Tia Ins e minha Irm Melquira, in memoriam, na certeza de que
estejam onde estiverem esto sempre comigo, torcendo, apoiando e ajudando.
Marta Jos Rocha de Souza Nascimento / A dana e a Mudana do Comportamento
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, tenho e devo agradecer a Deus.
minha me, que o meu exemplo de vida em muitos setores, ao meu pai
Cristovo mostrando sempre o quanto quer o meu bem e a toda minha querida famlia
incluindo cunhados, cunhadas e as coisas lindas da tia.
Ao meu marido pelo incentivo e fora, fazendo parte da minha grande torcida e a
Davi meu filho que com seu sorriso sempre me deixa mais calma.
A todos os professores do Curso de Mestrado, em especial ao Doutor scar
Conceio de Sousa, pela orientao e compreenso diante das dificuldades e a Coordenadora
Laura Tereza que acreditou no meu sucesso.
s alunas e professoras entrevistadas, agradeo pela receptividade e
disponibilidade em contribuir para esta pesquisa.
famlia Santa Terezinha, agradeo a pacincia, aos meus queridos alunos tanto
os que foram no passado quanto os atuais, meus eternos agradecimentos.
A Professora e amiga Ftima Nascimento pela amizade e apoio nos momentos
angustiantes desta construo. A amiga Regina por ajudar-me a administrar o tempo
deixando-me mais tranquila.
A todos os meus amigos pela torcida e oraes.
Enfim, dedico a todos que estiveram comigo, me apoiaram e tiveram pacincia
com a certeza de que eu conseguiria realizar meu sonho. Minha eterna gratido.
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Resumo
Este estudo procurou verificar se existe alguma relao entre a dana e a mudana de
comportamento em dois grupos de alunos que participaram nas aulas de dana em duas
escolas estaduais da cidade de Aracaju, capital do Estado de Sergipe. Atravs de uma
pesquisa descritiva com recurso entrevista bem como observao direta, verificamos que a
maioria das alunas foi convidada pela professora para participar nas aulas de dana e outras
pelas colegas. Geralmente, nas duas escolas pesquisadas, a dana trabalhada de acordo com
o calendrio escolar, so ensinados diversos tipos de dana, desde o bal clssico, danas
orientais, danas folclricas como o frevo e o hip hop, etc., convidadas a seguir uma
coreografia preparada pela professora, podendo as alunas improvisar alguns passos. Sobre a
relao entre dana e mudana de comportamento nas escolas pesquisadas positiva, porque
alm de gostarem de danar e serem incentivadas a estudar, atravs da dana as alunas
demonstraram extravasar sentimentos, melhoraram a auto-estima, ficaram mais responsveis e
estreitaram os relacionamentos com os colegas e professores.
Palavras-chave: Dana, Educao, Comportamento.
Marta Jos Rocha de Souza Nascimento / A dana e a Mudana do Comportamento
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Abstract
The study tries to check if there is some relationship between dance and change of behavior in
two groups of students who took part in dance classes in two public schools in Aracaju,
capital of Sergipe. Through a descriptive research using the interview resource as well direct
observation we can see that most of the students was invited by the teacher to participate in
the dance classes and the others by colleagues. In both schools, the dance has usually
practiced according to the school calendar, and they learn different kinds of dances, from
classical ballet, oriental dances, folk dances like frevo and hip hop, etc., the students were
oriented to follow a choreography prepared by the teacher, but allowing the students to
improvise some steps. About the relationship between the dance and behavior changes in the
schools surveyed, it is positive, because besides they like to dance and being pushed over
studies, thought the dance, the students have shown uncovered feelings, self-esteem, in
addition they were more responsible and the relationship with colleagues-teachers get more
closer.
Key words: Dance, Education, Behavior
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NDICE
Introduo..............................................................................................
1 Enquadramento Terico....................................................................
1.1 Histria da Dana.......................................................................
1.1.1Abordagem Conceitual da Dana na Histria...............
1.2 Dana no Brasil..........................................................................
1.2.1 O Trabalho com Dana no Brasil...................................
1.3 Dana e Educao.......................................................................
1.3.1 Legislao e PCN.............................................................
1.3.2 A Importncia da Dana na Escola................................
1.4 Dana: motivao para aprendizagem e mudana de
Comportamento........................................................................
2 Problemtica.......................................................................................
2.1 Objetivos......................................................................................
2.1.1 Objetivo Geral................................................................
2.1.2 Objetivos Especficos.....................................................
3 Metodologia........................................................................................
3.1 Tipo de Pesquisa........................................................................
3.2 Sujeitos........................................................................................
3.3 Instrumentos...............................................................................
3.4 Procedimentos............................................................................
4 Apresentao dos Dados/ Anlise dos Dados .................................
4.1 Alunos Entrevistados.................................................................
4.1.1 Identificao dos alunos.................................................
4.1.2 Prtica de dana..............................................................
4.1.3 Condies para a prtica de dana...............................
4.1.4 Relao da dana com o corpo......................................
4.1.5 Influncias da dana no comportamento e no
interesse pela aprendizagem..........................................
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4.2 Professores Entrevistados..........................................................
4.2.1 Caractersticas.................................................................
4.2.2 Anlise da relao entre dana e comportamento do
aluno.............................................................................
4.2.3 Caracterizao das barreiras que dificultam o
trabalho da dana na escola.........................................
4.2.4 Caracterizao dos estilos de dana que influenciam
o comportamento e a aprendizagem...........................
4.2.5 Relao entre dana e comportamento.........................
4.3 Registros da Observao...........................................................
Concluses..........................................................................................
Referncias Bibliogrficas....................................................................
Anexo I Guio de entrevista semi-estruturada com alunos...........
Anexo II Guio de Entrevista semi-estruturada com professores..
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I
VII
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NDICE DE FIGURAS
1. Dana no Egito....................................................................................................................11
2. Esculturas gravadas em cavernas......................................................................................12
3. Escultura de dana na Antiguidade..................................................................................13
4. Dana Grega na Antiguidade............................................................................................15
5. Dana no sculo XVI. Desenho a tinta da Escola Holandesa. Metropolitan
Museum, Nova Iorque.......................................................................................................17
6. Dana de camponeses no sculo XV..................................................................................18
7. Dana de roda, Frana, sculo XV....................................................................................19
8. Dana na Antiguidade........................................................................................................19
9. Ballet....................................................................................................................................20
10. Ballet moderno..................................................................................................................22
11. Dana do ventre................................................................................................................23
12. Flamenco...........................................................................................................................24
13. Tarantela...........................................................................................................................24
14. Diferentes aplicaes da dana........................................................................................27
15. Desembarque de africanos...............................................................................................33
16. Capoeira............................................................................................................................35
17. Hierarquia de necessidade de Maslow............................................................................57
18. Regio Nordeste do Brasil................................................................................................72
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NDICE DE SMBOLOS
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao
MEC Ministrio da Educao e Cultura
PCNs Parmetros Curriculares Nacionais
SMEC Secretaria Municipal de Educao e Cultura
TICs Tecnologias da Informao e Comunicao
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INTRODUO
A dana um fenmeno que sempre se mostrou como expresso humana, seja em
rituais, como forma de lazer ou como linguagem artstica. Neste sentido, ela uma
possibilidade de expresso e tambm de comunicao humana que, atravs de dilogos
corporais e verbais, viabiliza o autoconhecimento, os conhecimentos sobre os outros, a
expresso individual e coletiva e a comunicao entre as pessoas.
A escolha pela presente temtica deu-se a partir de uma experincia em escola
pblica, a qual possibilitou a percepo de que os alunos que participavam da dana nas aulas
de educao fsica mudavam seu comportamento, ficando mais comportados, interessados e
participativos, bem como ficavam motivados para os estudos. Ser que a dana pode
melhorar o nvel de percepo do corpo, o nvel de vida das pessoas e das sociedades ou at
apresentar-se como um caminho para uma maior integrao humana, e, na Educao ter um
papel preponderante no fortalecimento de uma pedagogia crtica, onde a relao
prazer/criatividade levem o indivduo a envolver-se como um todo na construo de
conhecimentos desenvolvendo-se de forma equilibrada?
Este trabalho se justifica por procurar contribuir para que a dana na escola possa ter
uma importncia enquanto atividade pedaggica, despertando no aluno uma relao real
sujeito-mundo, inserindo assim atividades que estimulem para uma relao diante de uma
ao.
Tambm relevante por acreditar-se na necessidade de a escola desenvolver uma
prtica educativa pautada no movimento, a fim de que, conforme esclarecem os autores
citados, as crianas desenvolvam as habilidades e conhecimentos necessrios para criar,
modelar e estruturar movimentos em forma de dana expressiva.
O problema que apesar da dana estar presente em diferentes instncias da sociedade,
apresentando uma variedade de modalidades e de produes, quando se fala de
dana/cultura/educao pode-se perceber que ainda persistem concepes obsoletas sobre o
corpo que dana e onde possvel danar. Qual a relao entre dana e mudana de
comportamento nas escolas estaduais de Aracaju?
O objetivo geral deste estudo ser analisar a relao entre dana e mudana de
percepo e comportamento, em dois grupos de alunos que participam das aulas de dana em
duas escolas estaduais da cidade de Aracaju. Para que esse objetivo seja atingido, os objetivos
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especficos sero: registrar o que pensam sobre o corpo, o grupo, a interao entre os alunos
que frequentam as aulas de dana em duas escolas estaduais da cidade de Aracaju; registrar
por observaes as eventuais mudanas de comportamento com base numa ficha previamente
construda; registrar no fim de trs meses as alteraes sobre o que pensam do corpo, do
grupo e das interaes entre os sujeitos que frequentam as aulas de dana.
Quanto ao procedimento metodolgico utilizado trata-se de uma pesquisa descritiva,
centrada nas observaes direta e no recurso s observaes indiretas. Depois da pesquisa
bibliogrfica realizada e da autorizao para a pesquisa de campo junto direo das escolas,
o prximo passo foi a observao emprica em duas escolas da rede de ensino pblico em
Sergipe, localizadas em Aracaju, capital sergipana.
Sero sujeitos desta pesquisa os alunos de duas turmas que frequentam duas escolas
estaduais da cidade de Aracaju. Os sujeitos da pesquisa sero 10 alunos escolhidos
aleatoriamente entre cada uma das turmas. O critrio com respeito a este nmero tem a ver
com a necessidade da observao. Tambm ser entrevistado um professor de cada escola que
trabalha com dana.
Sero utilizados nesta pesquisa dois instrumentos: um direto, a observao e outro
indireto, o questionrio. A observao durar o tempo da pesquisa (trs meses) e o
questionrio ser aplicado em dois momentos: incio e trmino dos trs meses. As questes
que sero colocadas no questionrio sero fundamentadas no quadro terico.
O estudo est estruturado em cinco partes principais. A primeira parte traz a
introduo do presente estudo. A segunda, o marco terico que sustenta a pesquisa, abordando
as temticas: histria da dana; a dana no Brasil; o trabalho com dana; dana e educao,
legislao e Parmetros Curriculares Nacionais, importncia da dana na escola, motivao
para aprendizagem e mudana de comportamento.
A terceira parte do trabalho descreve os objetivos e a metodologia destacando os
aspectos metodolgicos da pesquisa, a caracterizao do campo de estudo, a populao, a
amostra, os instrumentos utilizados na coleta de dados, todo procedimento metodolgico e o
tipo de anlise desenvolvida.
A quarta parte do trabalho traz os resultados da pesquisa com os alunos e professores
das escolas pesquisadas, sendo apresentados os dados colhidos na pesquisa de campo,
confrontando-os com a pesquisa bibliogrfica, com o intuito de analisar a importncia da
dana na motivao para aprendizagem e mudana de comportamento. E, por fim, as
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consideraes finais, que retomam alguns pontos cruciais da pesquisa, mostrando tambm a
sua relevncia.
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1 ENQUADRAMENTO TERICO
1.1 Histria da Dana
A dana tem sua origem em todas as manifestaes sociais e pessoais do ser humano
desde os tempos mais remotos. Os estudos de Gomes (2000) apontam que antes mesmo da
descoberta do fogo, o homem j se comunicava atravs de gestos e ritmos. Por essa razo, a
dana esteve ligada msica, que conforme Brscia (2003), da China ao Egito os povos
atribuam poderes mgicos msica e dana, todavia, a linguagem corporal antecede a fala,
sendo um elemento sempre presente na cultura humana.
Figura 1: dana no Egito Fonte: www.google.com.br
Ao longo da histria humana, filsofos, psiclogos, enfim, pensadores de todas as
vertentes do conhecimento teorizaram, escreveram ou falaram da importncia da dana para a
humanidade. A exemplo, os povos primitivos, em que a dana constitua uma linguagem
fundamental (Valle, 1995).
Deheinzelin e Lima (1992), em sua obra O dia a dia do professor, revelam que a
origem da dana se perde na histria antiga da vida dos homens, tendo seu incio no canto e
nos ritmos tamborilados em rituais para aumentar as colheitas ou assegurar boas caadas.
Corroborando com essa afirmao Bregolato (2006, p.73), escreve que [...] a dana nasceu
http://www.google.com/
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na expresso das emoes primitivas, nas manifestaes, na comunho mstica do homem
com a natureza.
As pesquisas de Fahlbusch (1990), por sua vez, indicam que os primeiros
documentos sobre a origem pr-histrica dos passos da dana, so decorrentes de descobertas
das pinturas e esculturas gravadas nas paredes lascadas e polidas das cavernas (Figura 2):
Figura 2: Esculturas gravadas em caverna Fonte: (BREGOLATO, 2006).
Bregolato (2006) informa que nesse perodo histrico, o homem que ainda no
falava, recorreu ao gesto rudimentar para expressar suas emoes e essa expresso ganhou
significados diferentes na vida do homem primitivo, pois as expresses corporais passaram a
fazer parte de todos os acontecimentos da vida primitiva, tais como: nascimento, casamento,
mortes, caa, guerras, iniciao adolescncia, fertilidade e acasalamento, doenas,
cerimnias tribais, vitrias, paz, sementeira, colheita, festas do sol e da lua.
Para Verderi (2000), os registros feitos pelo homem atravs de desenhos de figuras
humanas encontradas nas paredes e tetos das cavernas no paleoltico revelam que o homem j
danava. O homem primitivo danava por inmeros significados e por tudo que tinha
significado para ele, fosse por alegria, tristeza, exorcismo de um demnio, casamento ou
homenagem aos deuses e natureza, sempre em forma de ritual. Por isso, possvel dizer que
a dana a arte mais antiga que o homem experimentou e a primeira arte a vivenciar o
nascimento.
Portanto, desde as inscries rupestres, o homem procurou traduzir o significado dos
elementos existentes por meio do simbolismo. Ou seja, o homem procurou viver, consciente
ou no, em uma eterna busca de equilbrio no meio em que vivia, em interao com diferentes
atividades e materiais, com a natureza, animais e pessoas. Seus gestos constituam um
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enriquecimento da comunicao entre os indivduos, tocando, afagando, descobrindo,
gesticulando, sentindo, dando, recebendo ou trocando (Bellini, 2007).
Os estudos de Deheinzelin e Lima (1992) demonstram que a dana originou-se de
tentativas do homem de domar aspectos da natureza que consideravam perigosos. Assim, os
rudos caticos do trovo, das tempestades e dos rugidos de animais eram organizados em
rituais onde se produziam sons com instrumentos feitos de materiais obtidos de animais
mortos. Agindo dessa forma, os homens sentiam-se um pouco mais seguros diante das foras
indomveis da natureza.
Em todas as circunstncias importantes da existncia a dana representava aquilo que
j tinha acontecido, do que estava acontecendo ou do que se queria fazer acontecer: as
relaes sexuais, a caa, a guerra, o ciclo das estaes, a vida e a morte. Em todas essas
danas, o aspecto e o comportamento dos danarinos seguiam normas de uma linguagem
ritual feita de gestos, ritmos e de sons, de mscaras, roupas e acessrios variados. Constitua-
se, assim, uma linguagem sagrada que consistia em evocar imagens e situaes mitolgicas
nas quais se reconhecia tudo o que de essencial podia acontecer na coletividade (Deheinzelin
e Lima, 1992).
Figura 3: Escultura de dana na Antiguidade. Fonte: http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php
Verifica-se, portanto, que em todas as esferas da vida do homem na Antiguidade, a
dana estava presente como forma de manifestao das vivncias humanas e das influncias
que o mundo lhe apresentava (Verderi, 2000).
http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php
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Os trabalhos de Ossana (1988, p.74) descrevem sobre os significados e os
movimentos das danas primitivas:
A dana da chuva - Para chamar a chuva necessria para saciar a sede e a prpria
Plantao imitava o trovo mediante o girar no solo acompanhado do rufor de
tambores e dando golpes na terra. Mas, se necessrio fosse a parada da chuva,
procurava distanci-la por meio de ventos criados por balanceio rtmico de leques de
folhas de palmeiras. A dana do sol - Se o que desejava era que o sol brilhasse por
mais tempo, a fim de dar-lhe maior margem para a colheita, realizava danas ao
redor de uma fogueira e saltava ou caminhava sobre ela.A dana da lua. Imitava a
fase da lua para que esta influenciasse sobre as mulheres grvidas.Na Puberdade,
danava para que essa fora e poder lhe acompanhasse durante sua juventude e
maturidade como guerreiro,caador,agricultor e progenitor.A dana imitava os
passos dos Animais com o fim de atra-los miragem do tiro e imitava tambm seu
acasalamento, para que se multiplicassem as espcies.
Na dana fazia-se mmica do Combate e a Vitria.Nos sacrifcios danava-se para
satisfazer os deuses ou ao redor dos ancies para que transmitissem sua sabedoria ou
ainda ao redor dos enfermos para afugentar seu mal e ao redor dos mortos para que
seus espritos se afastassem satisfeitos (Com grifo no original).
Constata-se que a dana era considerada uma linguagem sagrada que consistia em
evocar imagens e situaes mitolgicas nas quais se reconhecia tudo o que de essencial podia
acontecer na coletividade (Portinari, 1995).
Um dado importante que a dana e a msica so atividades existentes desde tempos
primitivos e, em sua histria, elas aparecem frequentemente associadas. A esse respeito
Soares (1992) esclarece que:
[...] a dana uma expresso representativa de diversos aspectos da vida do homem.
Pode ser considerada como linguagem social que permite a transmisso de
sentimentos, emoes da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho,
dos costumes, hbitos, da sade, da guerra, entre outros aspectos (Coletivo de
Autores, 1992, p. 84).
Por sua vez, msica , conforme Brscia (2003, p. 25):
[...] uma combinao harmoniosa e de expressividade sons e de arte de se exprimir
por meio de sons, seguindo regras variveis conforme a poca e a civilizao.
Atravs dessa combinao harmoniosa de sons, a msica funciona como elementos
de comunicao e identificao dos povos. Decorre da sua funo de transmisso
cultural entre as diversas geraes desses povos. A msica tem um papel social
fundamental, pois serve como um elo na transmisso de conhecimentos acumulados
pelas geraes passadas.
Os filsofos gregos atribuam um valor muito importante msica, considerando-a
como um elemento que dava ordem ao Universo, harmonizando o caos inicial do qual o
mundo foi organizado. A partir dessa concepo, os filsofos relacionavam a msica com a
matemtica (Vaz, Brito, Vianna, 1998).
Nilce Helena Gomes (2000) comenta que a msica, no entanto, antecede
Antiguidade Clssica, estando presentes em rituais, como nascimento, casamentos, morte,
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recuperao de doenas e fertilidade; mais tarde a partir do desenvolvimento das sociedades,
ambas passaram a ser utilizadas em adorao aos lderes religiosos.
A esse respeito, Caminada (1999) enfatiza que o provo grego realizava algumas
celebraes em honra aos seus lideres religiosos, a exemplo, o deus Dionsio, que era louvado
com muitas danas nas celebraes de: as Antesterias, festas da colheita; as Grandes
Dionisacas, festas realizadas no vero; as Dionsias Urbanas, as Dionsias Campestres; e, as
Linias, festas celebradas durante a primavera e o inverno:
Figura 4: Dana Grega na Antiguidade.
Fonte: http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php
Na Grcia os tributos ao corpo estavam impressos nas telas, nos estdios, nos cultos
e nos monumentos representativos dos deuses. Eram cantados em prosa e verso pelos poetas
helnicos, no escapando aos espetculos clssicos, como alusivas ao corpo esboavam um
ensaio para transform-lo em rgo do esprito (Campelo, 1990).
Portanto, a dana, entendida como uma interpretao de movimentos e ritmos
inerentes ao ser humano tem uma origem to antiga quanto histria da humanidade. Por
conta disso, representa uma produo cultural universal e faz parte da histria do homem.
Assim, possvel inferir que a humanidade e a dana evoluram juntas, em seus
movimentos, emoes e formas de expresso, transformado e sendo transformados (Verderi,
2000). Quando o homem se fixou na terra, ou seja, tornando-se sedentrio, as danas sofreram
algumas modificaes. O homem passou a danar impulsionado por qualquer tema e em
qualquer ocasio (Caminada, 1999), especialmente, com cunho de uma representao mstica,
ldica e religiosa (Portinari, 1995).
http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php
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Corroborando com esse entendimento acrescenta Verderi (2000), que os conceitos de
dana tambm evoluram advindos das transformaes sociais e culturais, revelando-se
atravs da histria, de diferentes modos e situaes onde a dana pode ser utilizada.
Afirma Fahlbusch (1990, p. 15) "[...] a dana servia para manifestar suas emoes e
expandi-las exteriormente, o homem recorria naturalmente ao movimento, ao gesto [...]". Para
este autor, a dana era utilizada como forma de comunicao, pois atravs dela
disseminavam-se as atitudes humanas em relao s conquistas das caas, das guerras, dos
relacionamentos amorosos e as celebraes das passagens meteorolgicas da Terra.
Portanto, a dana nasceu da necessidade de expressar, de uma plenitude particular
do ser, de uma exuberncia instintiva, de um apelo misterioso que atinge at o prprio mundo
animal (Caminada, 1999).
Sinteticamente possvel dizer que a dana, em sua origem, se manifestava por meio
de movimentos que imitam as foras da natureza, por isso ela foi considerada uma
manifestao naturalista, depois foi evoluindo para expresses mais complexas e
sincronizadas, sendo acompanhada de uma gradativa estilizao, a sequncia de movimentos
foi se constituindo numa dana (Caminada, 1999).
Quando se analisa a histria da dana preciso ter sempre presente duas realidades:
1. A linguagem gestual mimtica a antiga forma de comunicao do ser humano, podendo remontar a milhares de anos em suas primeiras manifestaes.
2. As diversas manifestaes de dana que todos os povos guardam, ainda nos dias atuais (Caminada, 1999, p.27).
Assim, desde os primrdios a dana tem uma representatividade muito grande no
meio social. Na pr-histria, ela tinha um carter religioso e mstico. Na Antiguidade, os
povos a utilizaram como forma de comunicao e expresso (Cavasin, 2006).
No evoluir das formas de danar, a dana foi se misturando no cenrio das antigas
civilizaes e se diversificando em muitas formas de expresso e interpretao, como bem
descreve Verderi (2000, p.02):
A Dana Csmica (Eurpedes 485-406 A.C., se refere etrea dana das estrelas),
Ilada e Odissia com as danas funerrias, blicas, matrimoniais e agrcolas, a
Dana de Shiva, as danas para Calgula, Nero e Cmodo, as danas do Imprio
Chins, e tantas outras presentes na evoluo histrica da humanidade, foram
deixando atravs dos tempos suas razes e a possibilidade de outras civilizaes
poderem estud-las ou at mesmo apreci-las.
Na Idade Mdia se manifestava, na Europa, nas danas populares, nas classes
aristocrticas, e na corte por meio de espetculos (Bregolato, 2006). J Cavasin (2006)
entende que, nesse perodo, a dana ainda manteve um certo carter mstico, executada por
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meio de movimentos acompanhados por cantos, por ocasio das colheitas e para louvar os
deuses. Somente, mais tarde, incluram acrobacias e mgicas representando as crenas e
costumes.
Os estudos sobre a dana na Idade Mdia revelam que durante esse perodo,
aproximadamente do sculo V at o sculo XIV, o cristianismo tornou-se a fora mais
influente na Europa. Foram proibidas as danas teatrais, por representantes da Igreja, pois
algumas delas apresentavam movimentos muito sensuais. Mas os danarinos ambulantes
continuaram a se apresentar nas feiras e aldeias mantendo a dana teatral viva (Dana na
idade mdia, 2008).
Cavasin (2006) comenta que as danas teatrais tinham como objetivo educar o povo
por intermdio da religio, depois elas assumiram uma finalidade diferente dessa, ou seja,
passaram a ser utilizados elementos macabros que representavam os demnios. Por essa
razo, a Igreja censurou de forma austera, reprimindo todas essas manifestaes de dana,
pois se acreditava que elas homenageavam os demnios utilizando elementos macabros.
Figura 5: Dana no sculo XVI. Desenho a tinta da Escola Holandesa. Metropolitan Museum,
Nova Iorque.
Fonte: http://idademedia.wetpaint.com/page/Dan%C3%A7a
Mais especificamente no sculo XIV, as associaes de artesos promoviam a
representao de elaboradas peas religiosas, nas quais a dana era uma das partes mais
populares. Quando ocorreu a peste negra, o povo cantava e danava freneticamente nos
cemitrios; eles acreditavam que essas encenaes afastavam os demnios e impediam que os
mortos sassem dos tmulos e espalhassem a doena. Isto ocorreu no sculo XIV (Dana na
idade mdia, 2008).
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Mesmo com proibies, os povos continuaram a danar em casamentos, celebraes,
feriados e outras ocasies festivas com danas folclricas, como bem expressa Cavasin
(2006), a dana chegou a educao da nobreza, tomou novas formas e surgiu diversos estilos,
gerando uma distino entre nobres e camponeses pelas vestimentas e pelos sapatos. Os
nobres passavam por um ensino mais especfico de aperfeioamento, chamado de bal
atualmente.
Figura 6: Dana de camponeses no sculo XV. Manuscrito da Bibliotheque Nationale de Paris
Fonte: http://idademedia.wetpaint.com/page/Dan%C3%A7a
No final da Idade Mdia a dana tornou-se parte de todos os acontecimentos
comemorativos.
De acordo com Nanni (2001, p.15), com o virtuosssimo italiano e a finesse
francesa, a dana que j acadmica, transforma-se em dana teatral, para espetculos,
estabelecendo, assim, um hiato entre a dana/educao e a dana/arte.
Figura 7: Dana de roda, Frana, sculo XV. Manuscrito da Bibliothque
Nationale de Paris.
Fonte: http://idademedia.wetpaint.com/page/Dan%C3%A7a
http://idademedia.wetpaint.com/page/Dan%C3%A7ahttp://idademedia.wetpaint.com/page/Dan%C3%A7a
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Portanto, tanto a Igreja Ortodoxa como a Catlica tentaram combater
sistematicamente a dana, porm, sem nenhuma possibilidade de sucesso. Ao contrrio, a
dana foi adaptada aos preceitos religiosos em crculos onde homens e mulheres, sempre
separados, executavam movimentos solenemente castos e "no temor de Deus" (Cultura Grega,
2007).
Figura 8: Dana na Antiguidade. Fonte: http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php
Com o Renascimento, a dana assumiu um carter mais social, com sua introduo
em festas da nobreza e como forma de entretenimento. Estudos revelam que nesta poca, a
dana representou importante papel como elemento de formao social, teve o minueto como
precursor.
A respeito da importncia do Renascimento na constituio da dana moderna,
Ossana (1988) esclarece que, nesse perodo, os artistas passaram a ser valorizados, e aparece
um novo personagem, o mestre da dana. Os mestres montam sequncia de movimentos e
aparecem os primeiros tratados de coreografias. Surge ento o termo balleto, referindo-se a
uma composio. Suas composies foram levadas para a Frana e transformadas no ballet
(Figura 9), gnero que alternava recitativos, canto, msica e dana.
http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php
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Figura 9: Ballet Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_ /s1600-h/lago.jpg
Cavasin (2006) explica que o estilo modernista exigiu maior aperfeioamento, alm
de suas competncias educacionais. Essa nova concepo de dana foi fundamentada nos
princpios filosficos de Rousseau, Marx e Darem, que acreditam que o movimento
expressivo do homem era capaz de possibilitar a incorporao de outros valores e de atitudes
e de permitir uma expresso global de seu corpo com todas as suas emoes.
Os estudos de Fahlbusch (1990) revelam que foi a partir desse momento, que se
formaram duas correntes de danas que representavam os grupos sociais existentes: uma
dana para as camadas subalternas da cidade, que perduram como danas folclricas, a outra,
a dana aristocrtica para as classes mais abastadas, a dana da corte, mais tarde o ballet.
Bregolato (2006) explica que apesar da separao entre os dois tipos de danas citado
nos estudos de Fahlbusch (1990), houve muita relao entre elas, uma vez que a dana da
corte se utilizou de elementos folclricos que ela refez de forma mais graciosa, j a dana
popular assumiu a elegncia nos movimentos, o que produziu um processo de intercmbio
entre as danas. Bregolato (2006) cita como danas populares provenientes das aristocrticas,
as mazurcas, as valsas e as quadrilhas.
Sendo assim, durante muito tempo os bals foram diverso dos prncipes e cortesos
e por eles mesmos realizados. Pouco a pouco os bailarinos profissionais substituram a
nobreza, e os bals passam dos sales aos teatros com espetculo (Bregolato, 2006, p.130).
Assim, atravs dos sculos, de forma sistemtica, a dana passou a ser submetida a
regras disciplinares e a assumir o aspecto de uma cerimnia formal, aspecto que gerou uma
preocupao com a coordenao dos movimentos, anteriormente considerada movimentos
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naturais e instintivos, e passou a ser chamadas de danas espetaculares (Caminada, 1999).
Logo, a dana, como atividade humana, sofre:
[...] o destino das formas e das instituies da existncia social dos homens. Ela
representou um valor de alta importncia no decorrer do desenvolvimento
progressivo da humanidade. Passando pela Grcia, por Roma, pelas civilizaes
orientais, como, China, ndia e Japo e estava diretamente ligada ao teatro e
religiosidade. Difunde-se para a Europa e na Frana a partir de 1661, onde se
forma os bals nas cortes e, na Frana de Luis XVI, fundando-se a Academia
Royale, que assume uma nova postura para a dana, como expresso corporal
vinculada ao momento histrico vivenciado pela sociedade (PORTINARI, 1995,
p.17).
Ossana (1988) analisa as formaes nas danas da corte, originrias dos sculos
XVII, XVIII e XIX, demonstrando que durante esses sculos, foram as formaes dos
danarinos primitivos, o circuito, as linhas processionais (colunas) e posteriormente as linhas
frente a frente de homens e mulheres.
Mesmo diante de todo processo de transformao que a dana passou, suas
caractersticas acadmica e clssica, continuam sendo, ainda hoje, as mesmas de sua origem:
harmonia, simetria, elegncia, graciosidade, amplitude dos movimentos e grande domnio
fsico (Bregolato, 2006).
Dannemann (2008, p.02) comenta que:
Todas essas manifestaes modernas dos sentimentos das diversas regies do mundo
definiram os campos da arte de danas, englobando as antigas sob o ttulo de danas
clssicas, caractersticas dos bals, e as modernas sob o ttulo de danas de salo.
importante destacar que, durante o sculo XIX novos ritmos musicais foram
surgindo, e com eles, houve o surgimento de novas danas, tais como, a valsa, a polca nos
sales, e, pouco a pouco a dana social, que foram sendo incorporadas s camadas menos
privilegiadas, que s tinham acesso apenas s danas populares.
Ainda no sculo XIX, a danarina Izadora Duncan conseguiu elevar a dana a uma
nova categoria, proporcionando o nascimento de uma era da dana. Ela se despojou das
roupagens usadas na dana clssica, e com os ps descalos e o corpo coberto por tnica
soltas, fez a dana alcanar plenamente a expresso corporal e improvisaes totais, atravs
de uma concepo de que danar expressar sua vida interior (Bregolato, 2006).
Mais tarde, com as alteraes sociais, polticas e econmicas advindas das
transformaes que sofreu o sculo XX, grandes mudanas de comportamento foram se
agregando s danas sociais que passaram a ser executadas por casais em sales, dando
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origem a vrios tipos de ritmos, como o tango, o foxtrote, a rumba, o mambo, o bolero,
samba, salsa, forr, entre outros (Oliveira, 2005).
Para Bispo (1972), no sculo XX, os franceses e italianos eram considerados os
mestres do ballet, sendo representado por Marius Petipa (filho do bal romntico). A Bela
Adormecida foi uma produo musical dessa poca, e em 1905, Michel Fokine (aluno de
Petipa), influenciado pelas obras de Tolstoi, desenvolveu formas de movimento mais vivas e
espontneas. Sua concepo foi comprovada por Isadora Duncan que abandonou as
sapatilhas (Figura 10) e se inspirou em movimentos das antigas civilizaes.
Figura 10: Ballet moderno
Fonte: http:/fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?dt=9624
A dana moderna surgiu em 1926 para qualificar os trabalhos da americana Martha
Grahan. Conforme Bregolato (2006), essa danarina descreve aspectos de grande relevncia,
tais como: importncia do tronco na dana; a respirao com base na tcnica de dana;
contrao e relaxamento; incluiu muitos saltos e tcnicas de quedas; manifesto poltico-social
na dana.
A partir do sculo XX, a dana ganhou novas conotaes, invadiu novos espaos e
novos horizontes e, segundo Lia Robatto (1994), passou a ser tratada como uma manifestao
efmera, podendo ser fixada numa forma permanente como as demais artes. A cada
apresentao pblica, a dana, foi sofrendo sutis modificaes, e por isso vem contribuindo
de forma preponderante na formao, manuteno e recriao de elementos da tradio
cultural de diversas sociedades.
Barreto (2004) explica que a dana passou a ser considerada um fenmeno que
sempre se mostrou como expresso humana, seja em rituais, em forma de lazer ou linguagem
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artstica. Nesse sentido, ela representa uma possibilidade de expresso e tambm de
comunicao humana que, atravs de dilogos corporais e verbais, viabiliza o
autoconhecimento, o conhecimento sobre os outros, a expresso individual e coletiva e a
comunicao entre as pessoas.
Bellini (2007) traa uma diferena entre a anatomia das danas tradicionais do
Oriente e do Ocidente. Segundo essa autora, o Oriente especializou-se em danas um tanto
lnguidas, nas quais a movimentao dos ps est subordinada a intrincados movimentos da
parte superior do corpo, especialmente a cabea, o pescoo e as mos (Figura 11).
Figura 11: dana do ventre
Fonte: www.google.com.br
J as danas tradicionais do Ocidente so o oposto das orientais em quase todos os
aspectos. So energticas, musculares e, como frequncia, rpidas, exigindo um intrincado
trabalho de ps, como no flamenco (Figura 12), nas danas africanas de todos os tipos, nas
tarantellas (figura 13) e outros tipos de dana da Europa Meridional e da Amrica Latina.
Nestas regies destaca-se a parte inferir do corpo, a parte superior no tem tanta importncia
(Bellini, 2007)
http://www.google.com/
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Figura 12: Flamenco Figura 13: Tarantela
Fonte: www.google.com.br Fonte: www.google.com.br
Atualmente, a dana existe como uma expresso prpria do ser humano, e uma
manifestao cultural que se transformou ao longo dos tempos em seus diversos aspectos,
estabelecendo uma comunicao dinmica, significativa entre corpo e movimento (Tolocka e
Verlergia, 2006, p. 18).
As danas na contemporaneidade so consideradas aquelas que os jovens,
principalmente, mais gostam de danar, como exemplo Discoteque Music Dance
caracterizada pelo som mecanizado, tendo como uma de suas influncias de origem, a msica
dos Beatles. O ritmo mecanizado se desenvolveu em duas correntes: Rock pesado do tipo
Heavy Metal outra mais popular com ritmos mais suaves (Bregolato, 2006).
Outras danas contemporneas citadas por Bregolato (2006, p. 45) so:
O Reggae (de origem jamaicana, o passo caracterstico desta dana o saltito
executado de forma solta. Bob Marley o grande precursor deste estilo de msica e
dana); o Rap (Dana de Rua se compe de seqncia de passos realizados com
muita rapidez, giros, malabarismos no cho e saltos. No h instrumento musical, e
o ritmo marcado por sons realizados por vocalistas), tango argentino; o maxixe, o
samba e o baio do Brasil; o fox-trote, o swing e o rock norte-americanos; a rumba,
do Mxico e de Cuba; o bolero, dana regional da Andaluzia, Espanha; a conga, o
mambo, entre outras.
Portanto, a dana denota a capacidade de expressar-se atravs dos movimentos,
provocando uma interao do homem com ele mesmo e com a sociedade. Assim, infere-se
que ela uma das mais antigas manifestaes de atividades rtmicas expressivas corporais.
Com base nos aspectos descritos, verifica-se que a dana esteve presente em diversas
civilizaes desde as mais antigas at as contemporneas, em cada poca e pas, recebeu uma
significao e valor e com o tempo foram sendo modificados. Entre os primitivos, as danas
http://www.google.com.br/
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eram simblicas e executadas a partir de necessidades diversificadas, como atrair a favor da
divindade em benefcio de determinada atividade humana, por isso, tantos tipos de dana
quantos objetivos diferentes foram surgindo. Na atualidade, com vrias alteraes, a dana
evolui gradativamente, pela descoberta de seus valores e benefcios para o corpo.
Por isso, a dana deve ser valorizada na forma individual e corporal de cada pessoa,
respeitando a maneira prpria de se expressar, rompendo os preconceitos e as discriminaes.
1.1.1 Abordagem conceitual da dana na Histria
Apesar de vrios estudos, uma conceituao sobre dana ainda comporta uma
diversidade de aspectos que muitos estudiosos no conseguiram investigar, explorar e
entender seu significado e sentido em contexto social.
Para Dannemann (2008), a dana uma das expresses dos sentimentos humanos e
figura ao lado da msica e da poesia desde o incio da humanidade. , essencialmente, um
conjunto de movimentos rtmicos de todo o corpo, ou de parte dele, para exprimir as prprias
emoes para divertimento, ou para desenvolvimento de alguma atividade.
Portanto, considera-se dana uma expresso representativa de diversos aspectos da
vida do homem. Na concepo de Gis (2004), compreendida como atividade humana,
veculo de comunicao do mistrio, do conhecido ao desconhecido, em que os corpos se
apresentam carregados de sentidos e intenes. Expresses livres, naturais de tatos, arte de
to pura cultura, de riquezas, tradies e valores que se transformam no tempo e no espao
(Gis, 2004, p. 10).
Completa o autor citado que a dana arte quando transmite:
[...] o sensvel e o inteligvel pela esttica do movimento; quando leva corpos a
viajar nas idias que emanam dos movimentos, ao mesmo tempo em que induz
outros corpos a apreciar, refletir e sentir essas idias para alm do simples
movimento, como fatos e realidades que devem e podem ser transformados (Gis
2004, p. 12).
Dessa maneira, entende-se a dana como a "capacidade de transformar qualquer
movimento em arte" (Fahlbusch, 1990, p.01). A dana traduz toda a essncia humana
mostrando atravs dos movimentos, os sentimentos humanos e a vivncia do momento
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histrico. com ela que o homem perpetua sua histria, seus costumes e lendas. Por conta
disso, representa a arte do movimento e a partir dela pode-se demonstrar papis sociais e
tambm desempenhar relaes dentro de uma sociedade, como afirma Nanni (1995), a dana
" emoo, e a emoo a essncia do homem".
No documento do SMEC (Brasil, 1997), considera-se a dana como uma forma
artstica e esttica de construo de conhecimento. Ela vista com modo especfico de
manifestao da atividade criativa do ser humano pelo e com o movimento corporal em
interao com o meio scio-cultural num dado momento histrico.
A dana uma das raras atividades humanas em que o homem encontra-se
totalmente engajado: corpo, alma, movimento e emoo. Essa atividade artstica tem o
poderoso dom de transformar o homem, elevar sua auto-estima e favorecer a integrao
consigo e com o outro. Dessa forma, a dana pode se constituir instrumento para a quebra de
preconceitos, atravs da constatao de que todos so capazes de se expressar usando o corpo
e o movimento como referencial permanente, como eixo de sua percepo existencial no
mundo (Brasil, 1997).
Pela sua importncia, a dana no pode ser encarada como privilgio daqueles que
considerados como "capazes", precisa ser vista como mais uma forma de captar a prpria
vida, traduzindo-a em movimento, pois a "presena do corpo" a primeira instncia para
passar condio de cidados completos e diferenciados. A prtica do movimento
instrumento capaz de possibilitar que as potencialidades humanas ganhem forma, que o
isolamento e as diferenas culturais e sociais sejam quebrados e superados (Idem).
Assim, a sociedade como um todo, quando as entidades e as organizaes
constitudas compreenderem, efetivamente, o alcance e a importncia da confluncia entre
arte e educao.
Para Marques (2003), a dana no um amontoado de emoes que permite que as
pessoas se "auto-expressem", "desanuviem as tenses", "sintam o ntimo da alma", mas sim
uma forma de arte, engajada com o sentimento cognitivo e no somente com o sentimento
afetivo ou o liberar de emoes (Reid, 1981). por meio dos corpos, danando, que os
sentimentos cognitivos se integram aos processos mentais e que se pode compreender o
mundo de forma diferenciada, ou seja, artstica e esttica.
Jacqueline Robinson (1978 apud Strazzacappa, 2001), elaborou um diagrama onde
indica de forma clara a gnese e as diferentes aplicaes da dana no mundo contemporneo.
Marta Jos Rocha de Souza Nascimento / A dana e a Mudana do Comportamento
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Na rvore de Robinson como na parte mais alta e central se situam a magia, a dana
contempornea, a educao, o lazer e o teatro. Ao redor do tronco principal, com uma diviso
para a recreao e outra para o espetculo, esto as danas populares. Robinson fez esta
diviso, a fim de descrever as manifestaes das danas que podem ser a expresso de uma
comunidade, como rito ou jogo, e ainda serem exploradas atravs de espetculos. H ainda as
manifestaes populares consideradas "puras", ou seja, que no perderam seu carter original
de rito, que Robinson localizou num tronco parte, entre a recreao e a expresso,
chamando-o de danas primitivas (Strazzacappa, 2001)
Figura 14: Diferentes aplicaes da Dana
Fonte: (Strazzacappa, 2001).
Numa tentativa de atualizar esta rvore, Strazzacappa (2001), acrescenta muitas
outras danas: danas populares, que tambm conquistaram os espaos dos cursos de dana de
salo ao lado das imortais, valsa, tango e bolero. As danas provenientes de regies e pases
especficos, como a dana do ventre, a dana flamenca, o sapateado americano e irlands (to
em voga atualmente) e as danas de rua (ou street dance), poderiam ser introduzidas como um
galho que se inicia nas expresses culturais (folclricas) e se ramifica tanto para o campo
profissional do espetculo, quanto para a rea de recreao (amadora). A exemplo das danas
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de rua. Elas tiveram origem nos guetos negros norte-americanos, como forma de protesto, e
ganharam adeptos no mundo todo. Como o rap, o funk e o break, muitas dessas danas j
saram das ruas e invadiram as academias e palcos teatrais.
Portanto, considera-se dana uma expresso representativa de diversos aspectos da
vida do homem, sendo uma das possveis formas de expresso mais autntica do ser humano,
capaz de demonstrar concepes sociais, culturais, polticas, econmicas e intelectuais.
Todavia, apesar da dana estar presente em diferentes instncias da sociedade,
apresentando uma variedade de conceitos e de produes, quando se fala de
dana/cultura/educao, pode-se perceber que ainda persistem concepes obsoletas sobre o
corpo, dana e movimento.
Para Freitas (2004), o corpo humano ocidental concebido como um corpo
anatomista, esfacelado, desintegrado, com diferentes regies que se articulam e cada uma
delas sob o domnio de uma especialidade do conhecimento. No entanto,
O homem seu corpo e, quando age no mundo, age como uma unidade. Nessa ao
no se separam o movimento do brao do piscar dos olhos, dos batimentos
cardacos, dos desejos, das angstias, Igualmente, nela no se v apenas a atuao
determinante e massificadora ideologias, da mesma forma como o homem no pode
ser reduzido s determinaes ideolgicas [...] (Freitas, 2004, p. 111).
Na concepo do autor citado, o corpo remete possibilidade do ser engajar-se em
uma existncia. No se pode apropriar-se dele como se apropria de um objeto ou de uma
ideia; ao contrrio, o corpo que, no movimento intencional de dirigir-se ao mundo traz para si
os objetos e incorpora-os.
Sendo assim, o que caracteriza o homem no a existncia exclusiva do esprito nem
tampouco a presena de um corpo material, mas sim so as relaes dialticas entre o corpo, a
alma e o mundo no qual se manifestam relaes que transformam o corpo humano numa
corporeidade, ou seja, numa unidade expressiva da existncia (Freitas, 2004).
Portanto, o corpo no termina nos limites que a anatomia e a fisiologia lhe impem
(Freitas, 2004), mas sim se estende por meio da cultura, dos costumes, das roupas e dos
instrumentos criados pelo homem, conferindo um significado e sua utilizao passa por um
processo de aprendizagem construtor de hbitos. Por conta disso, o corpo supera a concepo
tradicional de corpo biolgico e atinge a dimenso da cultura. Alm disso, aprende, cria
significados, que no pode estar rigidamente fixado a concepes educacionais, como bem
enfatiza Merleau-Ponty (1971 apud Freitas, 2004), na dialtica do concreto e do abstrato, do
real e do virtual, do necessrio e dos possveis, que o movimento se manifesta.
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Nesse sentido a corporeidade torna-se elemento essencial para a dana, j que atravs
dela, desenvolve-se a capacidade de compreender e usar o corpo expressivamente, os
sentimentos e a razo. Assim, o treinamento corporal voltava-se muito mais s questes
estruturais do movimento, procurando fazer que o sujeito se tornasse consciente das relaes
entre o seu corpo e o espao, das diferenas rtmicas, da fluncia, experimentando essas
descobertas no apenas no mbito das ideias, mas tambm segundo a prpria experincia
prtica. Para tanto, se faz preciso construir um modo de danar capaz de conter todas as
possibilidades do corpo (Mommensohn e Petrella, 2006).
De acordo com Calazans (2003) fica explcito que movimentar e danar representa
uma parte fundamental, estrutural e processual da possibilidade de desenvolvimento do ser
humano. Cada um deles aponta para uma direo que, em princpio, parece se distanciar do
outro, mas, ao serem percebidos dentro de um espectro mais abrangente, formam um leque,
uma teia que envolve o organismo como um todo. Em cada um deles est o dinamismo e a
concretude da vida, o crescimento.
Para Strazzacappa e Morandi (2006), a dana pode exercer um importante papel, no
que se refere a ampliar as possibilidades e as formas de compreender e do sujeito se relacionar
com seu prprio imaginrio, com o de outras pessoas e com este mundo, construdo por
imagens.
Segundo Mommensohn e Petrella (2006), o corpo o instrumento de comunicao
do homem no mundo, e por intermdio dele que, se recebem e emitem-se informaes, de
fora e de dentro de cada pessoa. De modo geral, o corpo foi compreendido como elemento
acessrio no processo educativo, e essa compreenso ainda predominante no contexto atual.
Como enfatiza Arajo (2003), na dana como em qualquer atividade fsica no
necessrio um corpo perfeito, seguindo os padres sociais como classe social, idade e etnia, o
importante podermos expressar e se comunicar danando, enfatizando a aceitao, a
valorizao e a crena de que diferentes corpos criam diferentes danas.
A dana deve ser trabalhada como um processo de enriquecimento cultural
formando valores sociais, morais, ticos e estticos. Havendo um dilogo entre os sujeitos,
provocando um ambiente de reflexo e de troca de ideias.
De acordo com os autores ora citados no referido texto ficam ntidas as diversas
conceituaes/definies referentes dana e suas consequncias para um campo de
aprendizagem privilegiada. uma forma de arte composta pelo corpo e seus movimentos,
possibilitando a capacidade de expressar a corporeidade dos movimentos, sua expresso e
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plasticidade, a ideia de que o corpo alm de ocupar espao, desejos e interagir com as coisas
da natureza, necessrio assimilar experincias, informaes, incorporando atividades e
adquirindo valores.
Portanto, a dana um sistema com propriedades prprias, que quando relacionada
entre si gera propriedades da prpria relao, emergindo e propiciando formao necessria
para aperfeioar os processos cognitivos, motor e scio-afetivo, despertando interesse para
adquirir conhecimentos com reflexes.
1.2 Dana no Brasil
Historicamente, o Brasil foi colonizado e explorado pela nao Portuguesa. Ao
chegarem ao Brasil, os portugueses legitimaram-se como donos desta terra, definindo os
rumos aos povos nativos que aqui habitavam.
Segundo Rodrigues (2003) os portugueses encontraram uma populao dispersa em
vrias tribos, e atribuiu a esse povo a denominao de ndios. Nesse contexto, em face do
estgio evolutivo de povo, somado ausncia de instituies polticas e jurdicas para
represent-los, os portugueses impuseram sua cultura, religio e leis nova colnia.
Uma estratgia para catequizar os novos povos foi ao dos padres jesutas, que
utilizaram recursos pedaggicos e para alcanar tamanho objetivo, recorreram msica e
dana.
O que h de mais antigo, com referncia a utilizao da dana no Brasil encontra-se
em escritos sobre Jos de Anchieta, que descreve o trabalho com a msica para catequizar os
ndios. Conforme Tinhoro (2001, apud Rodrigues, 2003), o padre Jos de Anchieta em umas
das casas de ensino na Bahia, ouvia os meninos ndios fazerem suas danas portuguesa,
com tambores e violas, como muita graa como se fossem meninos portugueses. Conclua
Anchieta por ser relaxada, remissa e melanclica, a terra, tudo se leva em festas, cantar e
folgar.
Jos de Anchieta ensinava aos pequeninos ndios a cantar, danar e a tocar
instrumentos de corda e sopro, com tanto aproveitamento, que era de grande
admirao aos portugueses, o que punha em brios os alunos da escola superiores
que, no querendo ficar em plano inferior, resolveram dedicar-se a este assunto
(Jeandot, 2005, p.12).
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Todos os jesutas ensinavam msicas s crianas e jovens, no s na catequese, como
tambm para ensinar a ler e a contar, em folguedos, os jogos e ainda os instrumentos de corda
e de sopro. Essa msica era na base do gregoriano e, entre as formas preferidas de ensino
estavam os Autos (Jeandot, 2005).
Os brancos e indgenas tinham oportunidade de cantar e danar em estilo diferente
dos modelos religiosos criados pelos jesutas para promover a catequese ou tradicionalmente
presos ao calendrio das festas da Igreja importada de Portugal (Muller, 2004).
Muller (2004) explica que mesmo com a atuao dos missionrios jesutas, alguns
povos indgenas, como o caso do Tupi-guarani, nunca deixaram de realizar seus rituais
xamansticos1. Na verdade, os ndios incrementaram na luta pela sobrevivncia. Oforahai o
nome genrico dado s prticas rituais realizadas para promover a experincia do encontro
csmico entre o mundo dos humanos e o dos espritos. O objetivo garantir a vida, seja
atravs da transmisso da substncia vital que cura os pacientes do ritual Marak, seja atravs
da ao propiciatria que garante a caa e a boa colheita.
Ao lado dos rituais xamansticos, um longo ciclo de cerimnias e rituais
cosmognicos, isto , performances cnicas dos mitos de origem instauradores da
ordem do cosmo, completam o repertrio da vida ritual dos Asurin. A dana, linguagem do corpo em movimento, organizado esteticamente pela coreografia e pelo canto vocal, ocupa lugar fundamental no desempenho ritual. Homens e mulheres danam. No ritual xamanstico Marak, o xam dana acompanhada das
mulheres uiratsimb e do wanapy, espcie de produtor e coadjuvante do xam. Ele
responsvel pela instalao do espao onde ser desenvolvido o ritual, delimitado
pelos objetos sagrados (Muller, 2004, p. 128).
Os rituais xamansticos tm sua origem e razes histricas nos ensinamentos
milenares que, atravs da tradio de tribos indgenas foram sendo passadas at os dias de
hoje. Os xams esto abertos para o aprendizado daquilo que realmente so e os tornam
capazes de elevar a conscincia e nos relacionarmos com outras realidades e dimenses, assim
como manter plena e perfeita harmonia com a natureza, possibilitando a total integrao de
seus corpos fsico, mental, emocional e espiritual (Souza, 2001).
Sendo assim, segundo Barros (2005), a msica e a dana, inerentes cultura
indgena, foram muito exploradas pelos jesutas, como estratgias pedaggicas e de
comunicao.
1 Para Giddens (2000), smbolos e rituais religiosos esto freqentemente integrados cultura material e artstica
da sociedade. Em culturas pequenas, no existe um sacerdcio profissional, mas h sempre certos indivduos que se especializam no conhecimento de prticas religiosas. Dentre esses indivduos, merece destaque, o xam. O
Xam um indivduo que se acredita seja capaz de controlar espritos ou foras sobrenaturais por meio de
rituais. Geralmente, os xams so basicamente feiticeiros, ento lderes religiosos, sendo geralmente consultados
por indivduos que estejam descontentes com o que os rituais religiosos da comunidade oferecem.
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Os religiosos perceberam que vrios recursos eram utilizados nas festas e rituais,
sobretudo para destacar a fala dos pajs, como o marac, adornado com penas e
pintado de vermelho. A fim de impressionar mais os crdulos irmos da tribo, os
pajs pintavam nos maracs olhos, narizes e, por vezes mesmo, abriram-lhe um
orifcio no lugar da boca, por onde profetizavam. Era uma forma de combinar signos
e mensagens: a fala, a msica, os gestos e a encenao (Beltro, 2001, p. 93).
Foram esses recursos que, de forma criativa e adaptativa, os missionrios comearam
a utilizar para catequizar os ndios, desde o ensino dos rudimentos lingusticos,
aperfeioando-as at atingir o teatro. Na dana, a msica era imprescindvel. No teatro,
Anchieta usou-a intensamente, pois muito agradava os nativos, acostumados a us-la at
mesmo nos rituais religiosos (Barros, 2005).
No entender de Camiu (1977, p.73), nesse cenrio, a msica religiosa passou a fazer
parte do ensino deliberadamente, j que tudo obedecia finalidade de preparar executantes
para as cerimnias da Igreja. Com isso, os jesutas implantaram uma poltica musical visando
unificao de uma sociedade, nos moldes europeus.
Sendo assim, a msica tornou-se mensageira da doutrina crist, conforme Fernandes
(1995), ela tornou-se uma frmula de exorcizar o desconhecido: a morte, o mal, a influncia
dos astros e das foras da natureza. A partir dos ensinamentos dos padres jesutas, os ndios
abandonavam as palavras cabalsticas de suas canes e aprenderam o canto gregoriano.
Nesse contexto,
Manuel da Nbrega via nas msicas e danas indgenas, alm de um meio de
comunicao e aculturao, apenas maneiras e costumes diferentes, mas no opostos
religio crist e com isso contemporizando com eles, tornou-se um instrumento,
um meio. Para facilitar o acesso aos nativos, quer para a comunicao do Evangelho,
quer para atra-los escola de ler e escrever (Barros, 2005, p. 02).
Complementando, Almeida (1995) enfatiza que a msica, no perodo colonial, era
utilizada para ensinar aos ndios o catecismo catlico. Os jesutas dispunham de tcnicas
efetivas de musicalizao para aculturar ndios e negros, formalizando assim o ensino de
msica para os escravos.
Portanto, os ndios vivendo com os padres jesutas tornaram-se meio e mensagem na
comunicao de uma civilizao crist, que marcaria indelevelmente a cultura brasileira, entre
os meios de comunicao usados pelos jesutas, seguindo uma ordem prtica, podem-se
destacar os estudos lingusticos, musical, coregrafo e teatral. A aquisio do conhecimento
lingustico foi o ponto de partida para o exerccio catequtico-pedaggico a que se
destinavam. Com isso, abria-se um leque de alternativas, como a msica, a dana e o teatro,
que se inter-complementavam, assegurando o alcance dos objetivos pretendidos (Souza,
2001).
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importante destacar a habilidade dos jesutas quanto compreenso que possuam
da afinidade da psicologia com a pedagogia e as artes. Anchieta revelou essa compreenso no
transcorrer do desenvolvimento de suas atividades apostlico-educativas, sempre subsidiadas
pelos recursos artsticos e ldicos (Barros, 2005).
Outro povo que teve grande influncia na formao cultural do Brasil foram os
negros africanos, uma vez que aqui se instalaram como escravos, no exercendo influncia
alguma nas instituies polticas e jurdicas do pas (Rodrigues, 2003).
No cenrio da produo colonial em proveito das metrpoles, o escravo africano era
uma mercadoria cuja compra e venda, tornaram-se to lucrativas que seu trfico,
principalmente para a Amrica, foi por cerca de trs sculos uma das principais fontes de
acumulao de capital em Portugal, na Inglaterra e na Holanda (Campos e Dolhnikoff, 1997).
De acordo com Assis (2004), h uma estimativa de que, somente no Brasil foram
desembarcados cerca de 3 milhes e 500 mil africanos do sculo XVI ao XIX. Esse
extraordinrio nmero veio de vrias regies da frica, em especial da Guin, de
Moambique, do Congo e, principalmente, de Angola, (Figura 15) pas onde estavam
localizados dois dos principais portos de embarque de escravos: Luanda e Benguela.
Figura 15 Desembarque de africanos
Fonte: (Campos e Dolhnikoff, 1997).
Para Mamigonian (2003), as rotas do trfico de escravos para o Brasil tiveram
abordagem pioneira no trabalho de Pierre Verger, onde demonstrou a estreita ligao
comercial entre os portos de Salvador e os do Golfo do Benin, na Costa Ocidental Africana
entre os sculos XVII e XIX, relao que se traduziu em intenso trfico de escravos e
mercadorias, em intercmbio cultural, relaes familiares dos dois lados do Atlntico e at a
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adoo de hbitos e prticas brasileiros naquela regio da frica, graas ao que Verger
batizou de refluxo, a volta de africanos alforriados com suas famlias e dependentes. Tal
relao comercial privilegiada foi favorecida pela proximidade geogrfica das duas regies e
alimentada pelo estabelecimento de sociedades entre comerciantes e traficantes dos dois lados
do Atlntico. A peculiaridade deste ramo do trfico de escravos determinou a superioridade
numrica dos africanos da Costa Ocidental iorubs, tapas, hausss, jejes na composio
tnica da populao africana da Bahia.
Estudos revelam que os escravos trazidos da frica, em sua maioria, se converteram
ao catolicismo, mesmo assim algumas religies de origem africana conseguiram sobreviver,
atravs de prtica secreta (Jensen, 2001; Pierucci, 1996; Prandi, 2006; Dias, 2005; Gevegir,
2006; Maia, 2005). Nas senzalas, longe dos senhores de escravos, eles realizavam os rituais
para cultuar seus orixs.
Conforme Jensen (2001), os padres catlicos passaram a batizar os escravos e
ordenavam que eles deveriam participar da missa e dos sacramentos. Todavia, apesar das
instituies escravagistas e da Igreja Catlica Romana, foi possvel aos escravos comunicar,
transmitir e desenvolver sua cultura e tradies religiosas.
Igualmente aos ndios, os negros escravos trazidos da frica tambm foram
catequizados por meio da msica, da dana, da pedagogia e das artes. E de igual modo,
encontraram formas de cultivar suas razes, fossem na religio, na dana, na msica ou na
culinria.
Os estudos de Prandi (2006); Dias (2005); Gevegir (2006) e Maia (2005) revelam que
durante a escravido toda cultura negra foi reprimida, principalmente se tivesse uma conotao de
luta, por isso os negros foram adicionando instrumentos musicais e msicas que falavam de
deuses africanos, reis das tribos, fatos acontecidos na roda no dia a dia, como os sofrimentos dos
escravos e entre outros.
Nas senzalas havia tradies culturais, religiosas e artsticas diversas, e segundo
Santana (2004) essas tradies se misturaram s danas cerimoniais, guerreiras e competitivas
e, danas litrgicas ao som de instrumentos de percusso que desempenhavam um papel de
grande relevncia nas terras de origem dos escravos, ou seja, na frica.
Sendo assim, a permanncia da africanidade atravs do habitus da cultura negra se
revelou em manifestaes afro-brasileiras, como a capoeira (Figura 16), o afox, o samba, o
frevo, o maracatu, o tambor de crioula que, embora praticadas em Estados diferentes
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possuam caractersticas diferentes nas formas e nos ritmos, apresentam a hibridao dos trs
elementos que formavam a civilizao subsahariana no Brasil (Souza, 2001).
A dana afro-brasileira se revelou atravs da permanncia de elementos simblicos
que ao longo da histria da cultura africana e de sua difuso no Brasil vm ritualizando
crenas; ressignificando saberes; expressando, mantendo e recriando costumes ancestrais.
Assim, notria em muitas danas afro-brasileiras a permanncia de instrumentos, de
movimentos, de rituais que vm sendo transmitidos desde pocas dos antigos batuques
africanos (Alves, 2003).
Figura 16: Capoeira
Fonte: http://dancas-africanas.blogspot.com
Mais tarde, houve uma fuso entre os ritmos tradicionais com a forma de danar
importada da sociedade europia, em que este tipo de dana era praticada nas cortes, nos
sales nobres e da burguesia dando origem a outros ritmos danantes (Danas Africanas,
2008).
Portanto, a dana africana foi recriada no Brasil, nas diferentes pocas e regies,
visto que esse legado ganhou novos significados e expresses. As danas afro-brasileiras
presentes na cultura popular se expressam em vrios ritos: na rua, na sala, no terreiro, no
mbito do sagrado ou profano, como: sambas nas suas inmeras modalidades (de roda, rural,
enredo, cano, reggae, partido alto, rock, entre outros), maculel, afox, ax baiano, danas
do Reinado de Nossa Senhora do Rosrio, (congos, Moambique, catops, marujos,
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manguaras, pastorinhas, candombls), folia de Reis, Umbanda, Candombl (dana dos
orixs), jongo, batuque, capoeira e muitos outros (Santana, 2004).
Santana (2004) descreve sucintamente algumas danas brasileiras de origem
africana:
SAMBA - O samba uma dana popular originada de ritmos, danas sociais e
religiosas dos negros africanos que se fundiu s danas e cantos sagrados dos
indgenas brasileiros e que foi levado para a Bahia pelos escravos enviados para
trabalhar nas plantaes de acar. Esses batuques eram executados na zona rural.
Aos poucos a batida sutil e as diferenas de interpretao levaram o samba a ser
danando nos cafs e eventualmente at nos sales, dessa forma e o samba urbano
nasceu e se desenvolveu no Rio de Janeiro, no incio do sculo XX incorporando
outros gneros da poca como Polca, Maxixe, Lundu e o Xote etc.
SAMBA DE RODA - uma dana que os negros do Congo e de Angola trouxeram
para o Brasil e consiste em geral de se fazer uma grande roda em cujo centro um s
danarino ou par, faz evolues e depois de muitos requebros da uma umbigada em
outro danarino de sexo diferente, que vai por sua vez para o centro, e assim
sucessivamente.
LUNDU - Dana de origem africana que teve seu esplendor no Brasil em fins do
sc. XVIII e comeo do sc. XIX. Dos meados do sc. XIX em diante, cano
solista, influenciada pelo lirismo da modinha e freqentemente de carter cmico.
MOAMBIQUE - Bailado guerreiro de origem negra, sem enredo, ao som de
instrumentos de percusso, semelhante s danas de combate das congadas, e no
qual o ritmo marcado com entrechoques de bastes. Comum nos estados
brasileiros de Minas Gerais, So Paulo e Gois.
MARACATU - Dana de origem africana, evoca os cortejos reais dos soberanos
negros, com rei, rainha, damas do pao e baianas, protegidos por um grande "Plio"
(semelhante a um gurda-sol), ricamente enfeitado. Os participantes movem o corpo
imitando o movimento do mar, ao som de bombos, chamados alfaias, taris,
gongus e ganzs.
CAPOEIRA - Os historiadores falam sobre o bero da capoeira, que pode ser rural
ou urbano. Uns enxergam seu nascimento no campo, entre grandes plantaes de
cana e engenhos de acar onde as clareiras abertas no mato serviriam de canal para
fuga dos escravos e espaos para o lazer.
Durante muito tempo, as manifestaes culturais afro-brasileiras produzidas por
negros escravizados e seus descendentes foram desprezadas e perseguidas, j que j no
faziam parte da cultura europia. Somente mais tarde, no final sculo XIX, essas
manifestaes foram ganhando mais visibilidade.
Sobre essa questo cometa Prandi (2006) que as manifestaes culturais afro-
brasileiras passaram a ter grande visibilidade e muitos smbolos da
identidade do Brasil. Alm disso, essas manifestaes so produtos de exportao e
povoam o imaginrio, como os argentinos e uruguaios, e se expandem mais alm, buscando
terras europias, estabelecendo-se em vrios pases europeus. De igual modo, Pierucci (1996)
enfatiza que as manifestaes religiosas afro-brasileira viraram cultura: samba, carnaval,
feijoada, acaraj, despacho, jogo de bzios, entre outros. Portanto, deixaram de se misturar na
cultura profana, fazendo parte, hoje, da alma brasileira.
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Marco Aurlio Luz (1992) enfatiza que a cultura negra em tempos ps-modernos
apresenta reflexes sobre as diferenas tnicas e as trajetrias dos diferentes grupos culturais e
sociais que fazem parte da nossa cidade, do Brasil e de outros povos, e que devem ser
valorizados nos seus modos especficos de produo e expresso.
1.2.1 O trabalho com dana no Brasil
Historicamente, a rea de dana tem sido marcada pela falta de profissionais
qualificados para ensin-la no Brasil. Frequentemente deixada a cargo de professores com
formao em Pedagogia, Educao Fsica ou Educao Artstica que, na maioria dos casos,
no tem experincia e/ou reflexo pedaggica com a dana, ela constantemente vem sendo
escolarizada e descaracterizada enquanto arte. Outro problema srio, decorrente e ao mesmo
tempo fator deste primeiro, a insipincia e o atraso da bibliografia especfica da rea de
dana em portugus em relao s discusses internacionais (Kunz, 1998).
Recentemente muito tem se discutido sobre a dana e sua introspeco no espao
escolar, a melhor forma desta disciplina ser ensinada e desenvolvida, bem como os benefcios
e as qualidades que a mesma proporciona no ambiente da escola. Contudo, apesar da evoluo
deste debate ainda possvel observar o grande descaso que a dana vem sofrendo na rede de
ensino brasileira.
A dana um fenmeno que sempre se mostrou como expresso humana, seja em
rituais, como forma de lazer ou como linguagem artstica. Neste sentido, ela uma
possibilidade de expresso e tambm de comunicao humana que, atravs de dilogos
corporais e verbais, viabiliza o autoconhecimento, os conhecimentos sobre os outros, a
expresso individual e coletiva e a comunicao entre as pessoas (Brasil, 1997, p.58).
Pensando na dana como uma manifestao humana no mundo, possvel dizer que
ela uma maneira de vivenciar a corporeidade, integrando o sensvel e o racional, o
pensamento e a ao, no corpo que o ser que dana expressa e comunica.
O ensino de dana renasceu em forma de mundo, criado e danado pelo grupo como
um todo, simbolizando a integrao, um vir-a-ser histrico harmnico dentro da diferena.
Mundo que se transformou no decorrer da composio, transformao inerente a toda
proposta pedaggica. A elaborao da coreografia do mundo pressupe uma anlise profunda
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de seu significado semntico em diversas abordagens pedaggicas para o ensino de dana
dentro do contexto escolar (Marques, 2006).
A maioria dos estudos referentes ao ensino da dana tambm se concentra,
basicamente, em questes relativas ao campo das artes visuais. Como nesse campo o ensino j
vem se dando h mais tempo, os problemas referentes ao seu processo educacional possuem
ampla discusso e reflexo, o que no acontece com as outras linguagens e especificamente
com a dana. Desta forma, essas linguagens ainda tm um grande caminho a percorrer,
lutando para se impor e deparando com os problemas que somente surgiro quando
efetivamente elas estiverem inseridas no contexto escolar.
Neste contexto, a dana, segundo Marques (2006), tem uma "necessidade pedaggica"
de determinar objetivos, contedos, procedimentos e avaliao, formando assim tcnicas e
procedimentos que so aplicadas em qualquer escola, elas tentam garantir a unidade de
pensamento, de corpos, de ao, facilitando assim o trabalho do professor, pois essas tcnicas
no exigem conhecimento especfico, elaborado e articulado na rea de arte e tampouco
experincia artstica criativa.
Diversos autores j afirmaram que a dana muito mais que um exerccio,
divertimento ou passatempo social. O processo de ensino/aprendizagem deve considerar o
aluno como um corpo que no foi programado no s para imitar, e que ele s estar satisfeito
e plenamente realizado em sua corporeidade, a partir do momento em que estiver participando
ativamente das atividades e podendo explorar sua criatividade espontaneamente, rompendo as
limitaes do seu corpo, descobrindo as coisas maravilhosas, que podem ser realizadas
atravs dos seus movimentos.
Nesta perspectiva, cabe tambm ao professor a tarefa de atingir os objetivos
propostos para a Educao Fsica estando sempre interferindo e favorecendo na evoluo de
fatos, conceitos, procedimentos, valores e atitudes para, a partir da, promover a formao de
pessoas sensveis, aptas a atuarem nas inmeras situaes que a vida lhes oferece. Este deve
sempre estar atualizado no que rege ao ensino atual. Deve atuar de forma dinmica em que
seus agentes (professor e aluno) possam estar numa mutualidade, aprendendo e ensinando.
Para alcanar a perspectiva descrita, existem contedos que geralmente so includos
nos programas e objetivos das aulas de dana, mas que, embora possam ser trabalhados e
atingidos por essas prt