A geração de 70

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Contextualização antes de Os Maias de Eça de Queirós

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A QUESTÃO COIMBRÃ OU BOM SENSO E BOM GOSTO

Começou em novembro de 1865 e durou cerca de um ano.

Castilho escreveu um prefácio para a edição de um poema do seu jovem

protegido, Pinheiro Chagas.

O protesto de Antero de Quental traduziu-se no texto «Bom Senso e Bom

Gosto», uma carta dirigida a Castilho.

Em janeiro de 1866, Camilo Castelo Branco também participou nesta polémica

com o texto «Vaidades irritadas e irritantes».

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Manifestou-se em cartas, crónicas e artigos de imprensa, folhetins, poesias, etc.

Houve insultos de parte a parte, paródias e até um duelo à espada, entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão, no Porto.

Esta questão envolveu 13 jornais, mais de 20 personalidades e chegou ao Brasil.

Luta entre 2 Romantismos

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2ª GERAÇÃO ROMÂNTICA DA REGENERAÇÃO (1851), NA VERDADE, ULTRA-ROMÂNTICA

O líder era António Feliciano de Castilho

(Lisboa, 28 de Janeiro de 1800 — Lisboa, 18 de Junho de 1875)

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CARACTERÍSTICAS DA GERAÇÃO ULTRA-ROMÂNTICA

• Romantismo oficial

• Conservadorismo

• Respeito pela tradição versificatória

• Formação neoclássica e temática melancólica: morte,

saudade, amor, infelicidade…

• Apadrinhamento de jovens pelo Patriarca das letras

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A GERAÇÃO DE 70 – 1865E A CONTESTAÇÃO À 2ª GERAÇÃO

O líder era Antero de Quental

(Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — Ponta Delgada, 11 de

setembro de 1891 )

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CARACTERÍSTICAS DA GERAÇÃO CONTESTATÁRIA

Romantismo complexo, idealista, utópico

O núcleo era ideológico-político (Antero de Quental, socialista

utópico e Teófilo Braga republicano) e aliava o programa

literário a um programa revolucionário.

Os jovens intelectuais defendiam a intervenção da literatura na

vida da colectividade (marcada pela corrupção, ignorância e

pobreza).

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Os então conservadores

entendiam a poesia como

literatura do coração, o romance

como distração e a escrita como

educativa manifestação de bom

gosto e de bons sentimentos.

Os contestatários entendiam

a literatura como algo de grave,

como pensamento capaz de

alterar a consciência e a ação

humanas.

AMBAS AS ESCOLAS SE CONSIDERAVAM ROMÂNTICAS, MODERNAS, INSTRUTIVAS, CÍVICAS, MAS DIVERGIAM

QUANTO À FUNÇÃO DA LITERATURA NA SOCIEDADE…

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Aos antigos estudantes

de Coimbra juntam-se

Ramalho Ortigão,

Oliveira Martins,

José Fontana,

Guerra Junqueiro,

Augusto Soromenho…

«Conferências

Democráticas

do

Casino

Lisbonense» (1871):

vasto programa

de reformas da

sociedade

portuguesa

CENÁCULO – LISBOA – A PARTIR DE 1867

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O PROGRAMA DAS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE I

ANTERO DE QUENTAL – «O espírito das Conferências»

ANTERO DE QUENTAL – «Causas da Decadência dos Povos

Peninsulares» (maio de 1871)

AUGUSTO SOROMENHO «A literatura portuguesa»

EÇA DE QUEIRÓS - «A literatura nova – o Realismo como nova expressão

de arte»

ADOLFO COELHO - «A questão do ensino»

( a última a ser proferida)

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O PROGRAMA DAS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE II

SALOMÃO SÁRAGA - «Os historiadores críticos de Jesus»

JAIME BATALHA REIS - «O Socialismo»

ANTERO DE QUENTAL - «A República»

ADOLFO COELHO - «A instrução primária»

AUGUSTO FUSCHINI - «A dedução positiva da ideia democrática»

O título da maioria das conferências cria expectativas relativamente a temas e problemas polémicos, num Portugal monárquico, conservador e

romântico.

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EÇA E O REALISMO

Na sua conferência, Eça de Queirós defende que o Realismo é:

a base filosófica para todas as concepções do espírito

a negação da arte pela arte

a proscrição do convencional, enfático e piegas

a abolição da retórica

a análise com o intuito da verdade

a reacção contra o Romantismo

a anatomia do carácter

a crítica do homem

a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para nos conhecermos, para condenar o que houver de mau na sociedade

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OS TEMAS PREFERIDOS

A educação romântica e o enfraquecimento de caracteres e de

ideais, a vida política e o parlamentarismo, a perda do carácter

nacional e o francesismo, serão os principais tópicos dos

textos de Eça e Antero.

Ambos acreditavam que a revolução combateria a decadência e

que era necessário reaportuguesar Portugal.

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TEMÁTICA REALISTA

Temas da vida familiar (a educação, o adultério);

Temas da vida económica (a ambição, a usura, a opressão);

Temas da vida cultural e social (o jornalismo, a política, o

arrivismo, o parlamentarismo).

Cf. Clara Rocha, «Realismo» in Dicionário de Literatura (coord. De Álvaro Manuel Machado)

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TEMÁTICA NATURALISTA I

Privilegia, como o realismo, questões de ordem social e cultural: educação, adultério, opressão, etc.

Mas também temas que denotam uma preocupação científica (fenómenos como o alcoolismo, a histeria, o roubo, a homossexualidade ou a alienação mental).

Para os naturalistas, o Homem é um animal cujo destino é determinado pela hereditariedade, a educação recebida, o meio ambiente e as pressões do momento, conceção que espartilha o Homem e lhe rouba a vontade e a responsabilidade pelos seus atos.

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TEMÁTICA NATURALISTA II

Deste modo, segundo Clara Rocha, op. cit.,

«o naturalismo acabou, não raro, por deslocar a sua atenção do que era

típico (como acontecia com o realismo), para o que aparecia como

excecional, flagrantemente patológico e mesmo, em certos casos, chocante».

Paul Alexis definiu o Naturalismo assim: «Um método de pensar, de ver, de

reflectir, de estudar, de experimentar, uma necessidade de analisar para

saber, mas não uma forma especial de escrever».

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OS VENCIDOS DA VIDA

Imprecisa quanto aos nomes e por vezes contraditória quanto a ideias, a Geração de 70 terá a marca da ambiguidade, o que acabará por levá-la à decadência.

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BIBLIOGRAFIA

VERÍSSIMO, Artur, Ser em Português 11, Areal Editores, 2004, pp. 126-133

Carla Lourenço

Prof. Première

Lycée International de Saint Germain-en-Laye

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