Post on 18-Apr-2015
A Imagem
Uma das definições mais antigas da imagem vem de Platão:
Chamo de imagens em primeiro lugar as sombras, depois os
reflexos que vemos nas águas ou na superfície de corpos opacos, polidos e brilhantes e todas as
representações do gênero.
Podemos então entender por imagem tudo o que emprega o
mesmo processo de representação, isto é o
espelhamento de um objeto o qual este representa.
A imagem, na verdade, é um processo construído quer pela mente humana, quer pelo aparato tecnológico utilizado para esse fim.
Assim, poderíamos então começar por entender as
utilizações convencionais da imagem, no sentido de nos
apropriar de seu significado.
A utilização mais comum que constatamos em nosso cotidiano é aquela retratada pela mídia.
Mas isso nos traz um certo número de confusões
conceituais, uma vez que o amálgama
imagem=televisão=publicidade, por exemplo,
acaba por traduzir uma sinonimicidade irreal.
Na verdade, a televisão é um meio, a publicidade, um
conteúdo, uma mensagem capaz de se materializar em qualquer
meio.
Considerada como ferramenta de promoção e, antes de mais
nada, de promoção de si mesma, a televisão tende a
estender o estilo publicitário a campos laterais, com a
informação ou a ficção. Decerto existem outras causas para
essa padronização de gêneros televisuais: o contágio do fluxo
televisual pode passar por outros processos como a espetacularização ou a
ficcionalização.
Isso nos leva a uma segunda confusão:
a confusão entre imagem fixa e imagem animada.
De fato, considerar que a imagem da mídia por excelência é a
televisão ou vídeo – é esquecer que coexistem, ainda hoje, nas próprias mídias, a fotografia, a
pintura, o desenho, a gravura, a litografia, etc., todas as espécies de meios de expressão visual que
se consideram imagens.
Buscando, então, entender este texto, ou esta linguagem que está imersa na imagem,
vários teóricos se dedicaram a estudar o que classificam de
sistema de signos.Entre eles, Saussure, Charles Sander Pierce, Umberto Eco.
O trabalho de Pierce é particularmente precioso, pois
criou, a partir de suas pesquisas, aquilo que
conhecemos hoje como a teoria geral dos signos -
semiótica.
Para Pierce, o signo é aquilo que está no lugar de alguma
coisa para alguém, em alguma relação ou alguma qualidade.
Portanto, o signo mantém uma relação solidária com
pelo menos três pólos:
a) a face perceptível do signo (significante);
b) o que ele representa (referente/objeto);
c) e o que significa (significado).
SignificadoInterpretante
RepresentamenSignificante
ObjetoReferente
Mesmo com uma estrutura comum, os signos não são idênticos. Contudo, todos
podem significar algo além deles mesmos e constituir-se
em significados.
Pierce propôs uma classificação dos signos que os distinguem em função da relação que existe entre o
significante e o referente e o não significado:
a) ícone - significante mantém uma relação de analogia com o que representa, isto é, seu
referente;b) índice: relação causal de
contigüidade física com o que representam (signos
naturais). Ex.: fumaça = fogoc) símbolo: relação de
convenção com seu referente
A categoria imagem reúne, então, os ícones que mantém uma
relação de analogia qualitativa entre o significante e seu
referente.
Mesmo se a imagem é apenas visual, ela possui sua própria
linguagem. E sua função é a de representação (é percebida como
signo).