A incapacidade de trabalhar: umaproblemática transdisciplinar e de multiperspectiva

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Palestra proferida no CETRANS em Experiências Transdisciplinares pelo Prof. Patrick Loisel em abril de 2011 sobre a incapacidade no trabalho que, na maioria das vêzes, é o resultado de ações e interações inapropriadas dos vários atores implicados nos cuidados da pessoa.

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A incapacidade de trabalhar: uma problemática transdisciplinar e de

multiperspectivamultiperspectiva

Experiências Transdisciplinares - CETRANSDia 30/04/2011

Patrick Patrick Patrick Patrick LoiselLoiselLoiselLoiselDalla Lana School of Public HealthUniversidade de Toronto, Canadá

ESTOU LIQUIDADA!

…E MEU TRABALHO TRABALHO TAMBÉM!

Having an accident or a disease maybe a disrupting event in a person’s life. This may mean stopping work and experiencing work disability.

•VC TEM UMA ENTORSE LOMBAR, TOME ISSO!

•VC TEM UMA HÉRNIA DE DISCO, TOME AQUILO!

•VC TEM UMA DISCOPATIA DEGENERATIVA, •TOME ISSO !

•ELES NÃO TEM A MÍNIMA IDEIA…•MINHA CONDIÇÃO DEVE SER

RARA…•TALVEZ UMA PARALISIA!

Uma longa jornada começa…

A incapacidade no trabalho na maioria das vêzes é o resultado

de ações e interações inapropriadas dos vários atores inapropriadas dos vários atores implicados nos cuidados da

pessoa

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bio� O psico� O social� O sistema� Pistas para a intervenção

Plano

� Fatos que surpreendem!Fatos que surpreendem!Fatos que surpreendem!Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bio� O psico� O psico� O social� O sistema� Pistas para a intervenção

Fatos que surpreendem!

50

60

70

80

CustosCustosCustosCustos relacionadosrelacionadosrelacionadosrelacionados a concessão do benefícioa concessão do benefícioa concessão do benefícioa concessão do benefícioa a a a lombalgialombalgialombalgialombalgia incapacitante versus incapacitante versus incapacitante versus incapacitante versus duraçãoduraçãoduraçãoduração da da da da ausênciaausênciaausênciaausência aoaoaoao trabalhotrabalhotrabalhotrabalho, , , ,

Québec, 1981 (Québec, 1981 (Québec, 1981 (Québec, 1981 (SpitzerSpitzerSpitzerSpitzer et et et et al, al, al, al, 1987)1987)1987)1987)

0

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< 1 1 to 3 3 to 6 > 6

Percentagem

Percentagem

Percentagem

Percentagem

DuraçãoDuraçãoDuraçãoDuração da da da da ausênciaausênciaausênciaausência aoaoaoao trabalhotrabalhotrabalhotrabalho ((((mêsesmêsesmêsesmêses))))

% compensated costs

% compensation cases

Fatos que surpreendem!

� Custos relacionados à perda de produtividade no Canadá:�Dist. musculoesquelética: 7,5 bilhões $/ano� Saude mental: 8 bilhões $/ano� Saude mental: 8 bilhões $/ano

� Custos da lombalgia na Holanda:� 1,7% da renda per capita, 93% voltado para a incapacidade

Fatos que surpreendem!

360 000

370 000

380 000

Lost-time claims 10 000,00

12 000,00

14 000,00

16 000,00

Source: http://www.awcbc.org

320 000

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2001 2002 2003 2004 2005Year

Lost-time claims

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4 000,00

6 000,00

8 000,00

Cost

Total number of Lost-Time Claims

Current Year Average Benefit Cost per Lost-Time Claim

Fatos que surpreendem!

DeficiênciaAVD

15%

Adaptado de Waddell et al, (2002)

Dor

Incapacidade laborativa

23%

5%

Os três não são sinônimos

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocialO porque da perspectiva biopsicosocialO porque da perspectiva biopsicosocialO porque da perspectiva biopsicosocial� O bioO psico� O psico

� O social� O sistema� Pistas para a intervenção

Conceito Clássico

Doença e dor

Incapacidade

Porque?Porque?Porque?Porque?e dor

Incapacidade laborativa

� Problema para os locais de trabalho� Afeta a produção� Desmantela a organização do trabalho� Gera custos diretos e indiretos

Problemas para os trabalhadores� Problemas para os trabalhadores� O benefício nao é o suficiente para manter a qualidade de vida� Dor crônica e sofrimento� Perda do papel social de trabalhador

� PreditoresPreditoresPreditoresPreditores dededede incapacidadeincapacidadeincapacidadeincapacidade nãonãonãonão sãosãosãosão osososos mesmosmesmosmesmosmesmos quequequequeaquelesaquelesaquelesaqueles dadadada doençadoençadoençadoença ouououou quequequeque gerougerougerougerou aaaa incapacidadeincapacidadeincapacidadeincapacidade!!!!

Evidência sobre a incapacidade

� A recuperação completa é muitas vezes impossível (Waddell, 2000)

� A maioria das pessoas trabalham com dor � A maioria das pessoas trabalham com dor (Enquête Santé Québec 1998)

� A maioria dos tratamentos são ineficazes sobre a história natural (Waddell, 2000)

Preditores de incapacidade laborativa

� Fatores relacionados à PESSOA:

� Catastrofização

� Medos e crenças equivocados

� Percepção da incapacidade

� Pouca esperança de recuperação

Burton 1995; Cole 2002; Croook 1998; Feuerstein 1991; Haldorsen 1998; Jensen 1999; Klenerman 1995; Sandström 1986; Sullivan 1998; Tate 1999

Retirado de Schultz, 2004

Preditores de incapacidade laborativa

� Fatores ORGANIZACIONAIS:

� Estresse no trabalho

� Insatisfação no trabalho

� Demandas do trabalho (quantidade, ritmo, monotonia, …)

� Baixo nível de controle das tarefas

� Relações de trabalho difíceis

Bigos 1991; Coste 1994; Hemingway 1997; Infante-Rivard 1996; Krause 2001; Thomas 1999; van der Weide 1999

Extraido de Schultz, 2004

Preditores de incapacidade laborativa

� Fatores ADMINISTRATIVOS:

� Compensação (beneficio) (Abenhaim et al, 1995; Baldwin et al, 1996; Sinclair et al, 1997)al, 1996; Sinclair et al, 1997)

� Contestação (Butterfield et al, 1998; Baril et al, 1994)

Evidência científica

� Incapacidade = multifatorial e multiperspectiva� Interações entre os atores sociais (Loisel et al. 2001)

Empresa

SeguradoraSistema de saúde

Trabalhador

Passagem de um paradigma biomédico para oda incapacidade...

Modelo biomédico

Paradigma da incapacidadeSeguradora Sistema de

saúde

Lugar de trabalho

Família

O modelo biopsicosocial (Waddell, 1998)

Sofrimento psicológico

Comportamentos frente à doença

Meio ambiente

Dor

Atitudes e crenças

psicológico

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bioO bioO bioO bioO psico� O psico

� O social� O sistema� Pistas para a intervenção

A dor persistente musculoesquelética

� É composta: �De uma nocicepção periférica que se atenua (cicatrização)(cicatrização)

�E uma modulação anormal da dor de origemcentral que se intensifica

� A centralização da dor

Modelo de dor persistente (Vlaeyen, 2000)

LesãoLesãoLesãoLesão

RecuperaçãoEvitamento e

hipervigilância

DesusoDepressão

Incapacidade

Dor neurobiologica

Experiência da dor

Catastrofização

Medo relacionado a dor

hipervigilância

Nenhum medo

Confrontação

Afetividade negativaInformação ameaçanteEstresse no trabalho, etc

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bio� O psicoO psicoO psicoO psico� O social� O sistema� Pistas para a intervenção

EXPERIÊNCIA DA DOR

� Diferentes cenários:

� A pessoa tem a impressão que não é capaz de gerenciar, de tolerar, nem de diminuir a dor.tolerar, nem de diminuir a dor.

� A pessoa não compreende o que está acontecendo.�Diferentes opiniões médicas�A dor não passa…

EXPERIÊNCIA DA DOR

� Diferentes consequências emotivas em reação a esses cenários:� Catastrofização da dor (Sullivan et al., 1995).� Medos e crenças (Vlaeyen et al., 2000)

� « Deve ser grave pois os médicos não sabem o que eu tenho… »

� « Só em amarrar os laços do sapato minha dor aumenta, será que eu serei capaz de retornar ao trabalho? »

� « E se a dor voltar quando estiver na minha escala de trabalho. Eu poderia cair e seria meu fim… »

CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS

� Ansiedade:�Cinesiofobia (Vlaeyen et al. 2000)

�Fobia do movimento�Distúrbio generalizado de ansiedade

�Preocupação excessiva e intolerância à incerteza� Depressão

� Incapacidade persistente

As percepções dos pacientes

� Ao compreender os medos e as crenças da pessoa, fica mais fácil tranquilizá-la� Embora nem sempre seja fácilEmbora nem sempre seja fácilEmbora nem sempre seja fácilEmbora nem sempre seja fácil (Coia et Morley, (Coia et Morley, (Coia et Morley, (Coia et Morley, 1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)1998; Fitzpatrick, 1996)

� « Você acredita que será capaz de retornar ao trabalho daqui a algumas semanas? »� Se o paciente responde «Se o paciente responde «Se o paciente responde «Se o paciente responde « nãonãonãonão »: acredite nele!»: acredite nele!»: acredite nele!»: acredite nele!

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bio� O psico� O psico� O socialO socialO socialO social� O sistema� Pistas para a intervenção

O que funciona� INTERVENÇÕES NA EMPRESA:

� « Atividade gradual » no ambiente de trabalho (Lindströmet al, 1992; Staal et al, 2004)

� Modificações do ambiente de trabalho/ergonomia (Loisel et al, 1997; Anema et al, 2004)et al, 1997; Anema et al, 2004)

� Reabilitação após a intervenção no local de trabalhodurante a fase subaguda (Loisel et al, 1997; Yassi et al, 1995; Arnetz et al, 2003)

� Uma posição temporária será ÚTIL PARA A REABILITAÇÃO

PRIORIDADES PARA OS TRABALHADORES

� Respeito

� Um trabalho interessante

� Boa comunicação� Boa comunicação

� Um sentimento de realização

� Equilíbrio trabalho - família

� Capacidade de desenvolver suas habilidades(Lowe & Schellenberg, 2002)

A responsabilidade da empresa

� Considerar os recursos humanos como um capital valioso:� A incapacidade é um problema na relação pessoa-ambiente, portanto a empresa (sua organização do ambiente, portanto a empresa (sua organização do trabalho) compartilha da responsabilidade do trabalhador que apresenta incapacidade

� Evitar o «presenteeismo»: ele precede o absenteeismo

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bio� O bio� O psico� O social� O sistemaO sistemaO sistemaO sistema� Pistas para a intervenção

Trabalhador « perdido » no sistema

Sistema da empresa

Múltiplas perspectivas

Interesses divergentes

Interpretaçõeserrôneas

Da dor à incapacidade

DOR = percepção

AvaliaçãoCompreensão

Decisão

Comportamento = INCAPACIDADE

Os grandes desafios

� Regras do sistema: leis e regulamentos

� Múltiplos atores a serem convencidos

� Cultura e interesses dos atores (médico, da seguradora, da empresa, etc.)seguradora, da empresa, etc.)

� Necessidade de grandes mudanças da abordagem atual para resolver o paradigma da incapacidade

� Diálogo entre os atores

� Compreender e entender um ao outro

� O paciente/assalariado que busca se orientar …

Múltiplas variações

� SociopolíticasSociopolíticasSociopolíticasSociopolíticas� De acordo com o país, estado, município, etc.� De acordo com a causa da incapacidade

� Doença, acidente no trabalho, percurso, lazer, etc.

� CulturaisCulturaisCulturaisCulturais� CulturaisCulturaisCulturaisCulturais� Significado da doença, dor, etc.

� De De De De acordoacordoacordoacordo comcomcomcom as partes as partes as partes as partes interessadasinteressadasinteressadasinteressadas�Médico, empresário, perito, etc.

� De acordo com o paciente/assalariado� Antecedentes, representações, crenças, cormorbidade, etc.

Possíveis soluções

� Convencer os políticos

� Fazer com que os atores colaborem

Redirecionar recursos � Redirecionar recursos � Intervenções na empresa� Tempo para o diálogo� « Intervenant pivot »� Equipe interdisciplinar

� Abordagem win-win

Plano

� Fatos que surpreendem!� O porque da perspectiva biopsicosocial� O bioO bio� O psico� O social� O sistema� Pistas para a intervençãoPistas para a intervençãoPistas para a intervençãoPistas para a intervenção

A intervenção deve se adaptar

� Ao paciente� A seu emprego� Aos atores do sistema� Aos atores do sistema� Ao sistema

A cada contexto e as mudanças que vãoacontecendo ao longo do tempo

Uma abordagem transdisciplinar

� Médico� Fisioterapeuta� Terapeuta ocupacional� Psicólogo

Coordenador de retorno ao � Psicólogo

� Ergonomista� Trabalhador social� Recursos humanos� Seguradora� Família

de retorno ao trabalho

Sistema da empresa

Parcerias Transdisciplinares

perguntas