A menina que detestava livros manjusha pawagi

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Era uma vez uma menina chamada Mina.

Se procurassem o significado do seu nome,

descobririam que significa “peixe” em antigo sânscrito.

Mas Mina não sabia, porque nunca procurava o

significado de nada em lado nenhum.

MINA DETESTAVA LER E DETESTAVA LIVROS

Mas os livros estavam espalhados por toda a casa.Não apenas nas prateleiras

e nas mesinhas - de - cabeceira, onde

normalmente há livros, mas em todos os lugares onde geralmente não há livros.

E o pior de tudo era que os pais da Mina estavam

sempre a trazer MAIS livros.

Eles compravam, traziam livros da Biblioteca e

encomendavam por catálogo.

Liam livros ao pequeno-almoço, ao almoço e ao

jantar.

E quando os pais lhe tentavam ler um livro, ela

tapava os ouvidos e gritava:

- EU DETESTO LIVROS!

Havia provavelmente um só ser no Mundo que mais do

que a Mina, detestava livros. Era o seu gato Max, isto

porque quando era gatinho caiu-lhe um atlas em cima

da cauda.

Desde então o gato procurava ficar em cima dos

livros em vez de ficar debaixo deles.

Uma manhã, depois de ter tirado todos os livros do lavatório para lavar os

dentes, Mina foi à cozinha para preparar o pequeno -

almoço para si e para o Max.

- Max, o pequeno - almoço está pronto!

O Max não aparecia.

<

Ela procurou, mas só encontrou livros…

Subitamente ouviu…

- MIIIIIAAAAUUUUU!!!!!!!!

Ela correu para a sala de jantar e lá estava ele, no

cimo da pilha de livros mais alta da casa, sem conseguir

descer.

Esta pilha de livros era formada por todos os livros que os pais estavam sempre

a comprar-lhe e que ela sempre se recusava a ler.

No fundo da pilha estavam grandes contos ilustrados, do

tempo em que a Mina era bebé. No meio havia livros com o

alfabeto. Em cima, ao mesmo nível do tecto, havia contos de fadas e histórias de aventuras.Estavam todos cobertos de pó.

De início, foi fácil subir porque os livros tinham capa dura.

Mas quando a Mina chegou aos livros de capa mole, faltou-lhe

o equilíbrio e começou a escorregar.

CATRAPUM! Os livros foram pelos ares.

À medida que os livros iam caindo iam acontecendo

coisas estranhas. Pessoas e animais começaram a cair

das páginas e a rebolar pelo chão.

Havia príncipes e princesas, fadas, rãs, lobos, os três

porquinhos, os trolls…O Humpty Dumpty foi pelos ares e partiu-se ao meio…

Havia elefantes, imperadores, avestruzes e uma variedade de macacos emaranhados uns nos

outros.

E ainda havia coelhos por todo o lado! Eram selvagens,

brancos, de chapéu…

Mina sentou-se no meio daquilo tudo e ficou surpreendida.

- Eu pensava que os livros estavam cheios de palavras,

não de coelhos!

Era enorme a confusão!

- Parem! – gritava a Mina.- Voltem para os vossos

livros!

Mas ninguém parecia ouvir…

Mina pegou no coelho que estava mais próximo dela e tentou metê-lo dentro de um livro de cozinha. Ele

assustou-se e fugiu.

- Já sei. Vou perguntar a todos onde pertencem.

Ela encontrou um lobo a chorar debaixo da mesa de jantar e perguntou-lhe onde

pertencia.

- Não me recordo, se sou do Capuchinho Vermelho ou dos Três Porquinhos. – disse o

lobo a chorar.

Então teve outra ideia. Agarrou no livro que estava

mais próximo de si e começou a ler em voz alta.

- Era uma vez…

Devagar os animais pararam de saltar, uivar, de falar, de

conversar e aproximaram-se dela. Sentaram-se em círculo à

sua volta, a ouvi-la ler.

Quando Mina chegou ao cimo da segunda página os porcos que

estavam no círculo e deram um pulo.

- Somos nós! É a nossa página!

- Somos nós! É a nossa página!

Pegou noutro livro. Um a um, os animais encontraram o livro a que pertenciam.

Por fim, ficou apenas um coelhinho vestido com um

casaquinho azul. Era A História do Pedro Coelho

(The Tale of Peter Rabbit, em inglês).

- Talvez possa ficar com este coelho para mim.

Estava a começar a sentir-se sozinha, uma vez que já

todos se tinham ido embora.

Então a Mina abriu o último livro e o coelho saltou lá para dentro,

abanando a sua cauda.

A casa ficou em silêncio.O Max estava sentado em cima

de um livro, a lavar a cara.A Mina estava com pena de não

voltar a ver os seus amigos coelhos.

Em seguida, reparou que os livros ainda lá estavam e começou a

sorrir.

Quando os pais chegaram a casa nessa tarde, nem queriam

acreditar. Não era pelas cortinas terem desaparecido, pelas pernas da mesa estarem roídas e por os pratos estarem

partidos, mas sim porque no meio da sala estava a Mina a

ler um Livro.