Post on 14-Aug-2015
A MULHER SUNAMITA E ELISEU, O SANTO
HOMEM DE DEUS
"E ela disse ao seu marido: Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus". (2 Reis 4:9)
Eliseu era realmente um homem de Deus. Seu nome significa "Deus é
Salvação". O sucessor de Elias foi um profeta exemplar. Seu trabalho
profético, nos reinados de Jeroão, Jeú e Jeoacaz, que estão
registrados no livro de II Reis, mostrou a corte idólatra e ao
sacerdócio o mesmo espírito de oposição que inspirara Elias.
No texto de II Reis 4:9 notamos que esta mulher não teve um amor
ágape a primeira vista. "Eis que tenho observado". A sunamita se
revela uma mulher observadora, atenta a detalhes, vigilante, e não
emocionalmente levada por uma simples "aparência" de "santo
homem".
"...que passa sempre por nós..."
Não era a primeira vez que Eliseu passara próximo a esta mulher e seu
marido. Ele já estava na observação apurada da sunamita que viu em
seu viver, seu caráter, seu comportamento, que ele excedia em muito a
outros que talvez já tivessem passado por ela se intitulando homens
de Deus. Eliseu passou pelo crivo crítico de uma mulher rica, que não
atentava para outros interesses, senão o de avaliar a santidade, a
diferença na estrutura de homem de Deus, muito além das aparências
religiosas.
"...passa sempre por nós..."
Outro detalhe a observar é que Eliseu não adiantou nenhum tipo de
bajulação a esta mulher pelo fato dela ser rica. Eliseu não estava nem
aí se ela fosse pobre, milionária, mas "passava" por ela e seu esposo,
sem nada pedir, sem aproveitar da posição e poder aquisitivo dela. E
isso despertou a observância da mulher sunamita na vida santa sem
interesses da parte de Eliseu.
Mas nos dias de hoje qual homem poderíamos hospedar em nossa casa,
com a garantia de ser realmente um "santo homem de Deus", sem
sofrermos decepções?! Pelas aparências vemos todos os dias
inúmeros pregadores pulando, sapateando, falando em línguas
estranhas, tentando a todo custo passar a imagem de um "santo
homem". As desilusões não são poucas de quem cai nas lábias de muitos
destes que aparentam santidade. Cheques sem fundos, dinheiro
emprestado nunca pago, e outras tristezas já decepcionaram lares,
irmãos e igrejas em ciladas de quem pensava estar ajudando "Eliseus"
do presente século. Homens que são um verdadeiro furacão de
"poder" no púlpito, e entregam revelações e visões que nos deixam
boquiabertos, e depois novamente ficamos boquiabertos, com estes
mesmos homens, com o rastro que eles deixam de golpes aplicados,
comércios, etc. É triste, mas é verdade! Muitos já viveram esta amarga
experiência.
Nos dias de hoje parece não haver mais tantos Eliseus assim. Mas há
muitos "Geazis"! Após a cura da lepra de Naamã, nos conhecidos "Sete
Mergulhos" em II Reis 5, Geazi, o moço de Eliseu, homem de Deus, achou
injusto um siro Naamã ser curado da lepra e ele não levar vantagem
nisso. E resmunga:
"Eis que meu senhor impediu a este siro Naamã que da sua mão se
desse alguma coisa do que trazia; porém, tão certo como vive o
Senhor, que hei de correr atrás dele e tomar dele alguma
coisa". (II Reis 5:20)
O delírio de Geazi o leva a perder a lucidez e o discernimento da
vontade de Deus com sua ambição desmedida, seus interesses
mercenários, seu interesse nos bens de Naamã: "...tão certo como
vive o Senhor..." O homem malicioso é tão enganado por ele mesmo,
que chega a ter uma falsa fé!
E a astúcia dele em tomar alguma coisa de Naamã o leva a elaborar uma
mentira para arrecadar os bens que não eram de seu direito. Observe:
"Meu senhor me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim
dois jovens dos filhos dos profetas da montanha de Efraim; dá-
lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de vestes. E disse
Naamã: Sê servido tomar dois talentos". (vs. 22) Quando Eliseu o
interroga, outra vez ele mente:
"E disse-lhe Eliseu: De onde vens, Geazi? E disse:
Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte". (vs. 25)
A conseqüência de Geazi foi pegar a lepra de Naamã. "Era isso
ocasião para tomares prata e para tomares vestes, e olivais, e
vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas? Portanto, a lepra de
Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então, saiu de
diante dele leproso, branco como a neve". (vs. 26,27)
A lepra de Geazi é mais manifesta nos dias de hoje do que o caráter de
Eliseu, como santo homem de Deus. Basta se converter alguém de
poder aquisitivo na igreja que as bajulações são infinitas. Mais que
rapidamente o membro rico da igreja sobe de cargo e senta no púlpito
como se tivesse pago por anos a fio o mesmo preço dos irmãos mais
pobres da igreja. Pregadores, evangelistas e pastores traçam elogios
e pouco fiscalizam a vida do membro que tem dinheiro. Não importa se
ele vai a praia, usa bermuda e não segue à risca a sã doutrina da igreja.
O dízimo dele o redime destes outros "pecados".
Não são todas as igrejas que agem assim. Graças a Deus muitas tem se
mantido longe da "lepra geaziana". Mas o fato acima descrito não é
novidade para muitos de nós. Em algum lugar, em alguma igreja, já
presenciamos algo semelhante. Muito semelhante, diga-se de passagem.
Que a nossa vida cristã, como membros, obreiros e líderes, venha a se
espelhar no carater de Eliseu, o santo homem de Deus.
"Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo
por isso condenados pela lei como transgressores". (Tiago 2:9)