Post on 26-Dec-2018
A MÚSICA: um gênero a ser explorado no ensino de língua inglesa
Célia Regina Simionato (Profª PDE- UEL)1
Lilian Kemmer Chimentão (Profª Orientadora- UEL)2
Resumo: Neste artigo apresentaremos os resultados da implementação de uma
proposta de intervenção na qual a música é utilizada como ferramenta
enriquecedora para tornar as aulas de língua inglesa um espaço que proporcione ao
aluno possibilidades de desenvolver, além de competências linguísticas, o senso
crítico-reflexivo. Para alcançarmos os objetivos desta proposta elaboramos um
material com atividades estruturadas a partir do gênero textual música. Estas
atividades foram desenvolvidas numa sequência didática, conforme propõem Dolz &
Schneuwly (1996), e oportunizando aos alunos momentos de pesquisa e discussão.
Utilizamos a observação como metodologia de investigação e coletamos os dados
analisados por meio das nossas anotações feitas durante a implementação do
material e também, dos trabalhos realizados pelos alunos. A análise dos dados nos
evidenciou que a música pode ser usada tanto no ensino de pontos linguísticos
como na discussão de aspectos culturais e político-sociais. E que este gênero, se
explorado de maneira contextualizada, possibilita ao aluno o desenvolvimento do
seu senso crítico, ampliando sua visão sobre a realidade que o cerca.
Palavras-chave: ensino de língua inglesa, música, senso crítico-reflexivo.
Abstract: In this paper we present the results of the implementation of a proposed
intervention in which music is used as a tool to make of the English classes a space
1 Professora graduada em Letras pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, pós-graduada em
Orientação e Supervisão, leciona no Colégio Estadual Marechal Castelo Branco – Ensino Fundamental, Médio e Normal de Primeiro de Maio- PR. 2 Professora do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Estadual de
Londrina – UEL. Especialista em Língua Inglesa, Mestre em Educação e Doutoranda em Estudos da Linguagem.
that gives to the students opportunities to develop, not only language skills, but
mainly critical and reflective thinking. To achieve the objectives of this proposal we
elaborated a material with activities based on music genre. These activities were
organized in a didactic sequence, as proposed by Dolz & Schneuwly (1996), which
offer to the student moments of research and discussion. We use the observation as
a research method and the analyzed data was collected through our notes taken
during the implementation of the material and also through the assignments done by
the students. Data analysis showed us that music can be used in the teaching of
language points and also for the discussion of cultural and socio-political aspects.
And this genre, when explored in its context, gives to the student opportunity to
develop their critical sense, expanding their vision of reality that surrounds him.
INTRODUÇÃO
Aprender uma língua estrangeira é muito importante para o desenvolvimento
e crescimento do indivíduo. Essa aprendizagem aumenta a possibilidade de
entendimento do mundo que o cerca e sua capacidade de transformá-lo. Paiva
(2000, p. 27) afirma que “no mundo globalizado, ser cidadão do mundo implica,
necessariamente, o conhecimento de pelo menos um idioma em todas as suas
dimensões”.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná
(doravante DCEs), as sociedades modernas relacionam-se, comunicam-se e
buscam manter um bom entendimento entre elas. Assim, dar ao indivíduo
possibilidades para que consiga utilizar uma língua estrangeira para se comunicar e
interagir em uma situação significativa e também compreender melhor outras
culturas é inseri-lo na sociedade. Pois, quanto mais capaz de se relacionar e
entender melhor outras comunidades, visões e valores, melhor será a participação
deste indivíduo na sociedade, de forma mais ativa, e, consequentemente, sendo
capaz também, de transformar a si mesmo e a realidade em que vive.
Porém, observando a realidade da maioria das escolas públicas,
percebemos em vários alunos baixo nível de motivação e interesse na
aprendizagem da língua inglesa. Muitos alunos veem a disciplina como difícil e/ou
desnecessária, sem importância para seu futuro. Isso pode ser consequência de
vários fatores, dentre eles podemos citar: a) o desempenho do próprio professor
que, muitas vezes, por falta de recursos didáticos e da pouca preparação para lidar
com as novas tecnologias, se apresenta de forma limitada, seguindo métodos
tradicionais; b) salas de aula com grande número de alunos, que torna o trabalho
diferenciado e individualizado inviável; c) carga horária reduzida; d) falta de material
de apoio (em quantidade suficiente e em condições de uso); entre outros.
Diante desta atual realidade das salas de aula e da dificuldade de
desenvolver um trabalho que estimule o gosto do aluno pela compreensão da língua
inglesa, entendemos que há necessidade de mudanças e transformações. Este
processo de mudança pode se iniciar a partir do professor que, refletindo sobre a
sua prática pedagógica, reage, ressignifica e busca o uso de novas estratégias de
ensino que visem tornar o processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa mais
interessante e criativo.
Buscando, então, uma mudança em nossas ações, surgiu a ideia de iniciar
um estudo sobre a contribuição da música, um gênero textual que geralmente
desperta muito interesse dos alunos, para o ensino da língua inglesa.
De acordo com Ferreira (2001), a música sempre foi um recurso muito
utilizado para auxiliar no aprendizado de várias disciplinas, porém a sua aplicação
tem sido esquecida e, às vezes, quando isso acontece, muitos a fazem de maneira
inadequada. Isso é observado entre os professores de língua inglesa que,
frequentemente, se utilizam da música em sala de aula, porém, muitas vezes, de
maneira alheia à construção do conhecimento, apenas como um passatempo ou um
momento de lazer e descanso das aulas de gramática. Desta forma, perdemos o
enorme potencial de construção do conhecimento que a música pode oferecer.
Diante destas colocações e conscientes da necessidade de buscarmos
desenvolver novas estratégias para o ensino da língua inglesa, surgiu o objetivo
principal deste estudo: o uso da música de maneira crítica, proporcionando ao aluno
um momento para a pesquisa e discussão, e não apenas como passatempo,
seguindo, assim, os pressupostos sugeridos pelas DCEs, nos quais “[...] o docente
precisa se preocupar com a qualidade do conteúdo dos textos escolhidos no que se
refere às informações, e verificar se estes instigam o aluno à pesquisa e à
discussão” (PARANÁ, 2008, p. 62).
Em linhas gerais, o presente trabalho está dividido em quatro partes. A
princípio, apresentamos um breve resumo teórico sobre o papel da escola e das
aulas de língua inglesa e sobre o uso dos gêneros, em especial, o uso do gênero
música como recurso didático nas aulas da língua inglesa, servindo como
instrumento mediador para desenvolver a competência linguística e a consciência
social e cultural dos alunos. Na segunda parte, discorremos sobre a elaboração do
material didático, produzido pelo próprio professor-pesquisador, que resultou de uma
proposta de trabalho fundamentada no uso da música para ser aplicada em uma
sala de 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública. Em seguida, relatamos os
resultados obtidos a partir da aplicação desse material em sala de aula e, para
encerrarmos, deixamos nossas considerações finais.
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 A escola e as aulas de língua estrangeira
Documentos oficiais que norteiam o ensino fundamental e médio no Estado
do Paraná, como as DCEs e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(doravante OCEMs), defendem que o ambiente escolar deve propiciar a formação
crítica e reflexiva do aluno.
Segundo as DCEs (PARANÁ, 2008, p. 52), que estão fundamentadas sob os
pressupostos da pedagogia crítica, “a escola é um espaço social democrático,
responsável pela apropriação crítica e histórica do conhecimento como instrumento
de compreensão das relações sociais e para a transformação da realidade”.
Podemos dizer então, que se espera que a escola leve o aluno à construção de
conhecimento, proporcione possibilidades para que este compreenda a realidade em
que vive e seja capaz de transformá-la. “A escola tem o papel de informar, mostrar,
desnudar, ensinar regras não apenas para que sejam seguidas, mas, principalmente,
para que possam ser modificadas” (PARANÁ, 2008, p. 52).
Diante deste contexto, as aulas de Língua Estrangeira Moderna (LEM)
assumem um papel muito importante no ambiente escolar. E, como sustenta as
DCEs (PARANÁ, 2008, p. 52):
Isso implica superar uma visão de ensino de Língua Estrangeira Moderna apenas como meio para se atingir fins comunicativos que restringem as possibilidades de sua aprendizagem como experiência de identificação social e cultural, ao postular os significados como externos aos sujeitos.
Elas devem se tornar um espaço legítimo, no qual o aluno perceba,
compreenda e respeite as diferenças linguísticas e culturais, e também, torne-se
consciente da sua capacidade de interagir discursivamente, através de uma Língua
Estrangeira com o mundo que está ao seu redor.
É necessário, então, que durante as aulas de Língua Estrangeira (LE) o
aluno tenha uma aproximação com várias outras culturas e diversidades linguísticas,
promovendo uma reflexão e uma comparação entre a sua cultura e a do outro, entre
a sua língua e a do outro. E, assim, reconhecendo e compreendendo a diversidade
linguística e cultural, ele “se envolva discursivamente e perceba possibilidades de
construção de significados em relação ao mundo que vive” (PARANÁ, 2008, p. 53).
Desta forma, o aluno se sentirá integrante e capaz de interagir ativamente pelo
discurso e estará participando dos “processos sociais de construção de linguagem”
(PARANÁ, 2008, p. 58).
1. 2 A língua como discurso social
As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEMs) também
salientam que é necessário que a aprendizagem de uma língua estrangeira
possibilite:
Estender o horizonte de comunicação do aprendiz para além de sua comunidade linguística restrita própria, ou seja, fazer com que ele entenda que há uma heterogeneidade no uso de qualquer linguagem, heterogeneidade esta contextual, social, cultural e histórica. Com isso, é importante fazer com que o aluno entenda que, em determinados contextos (formais, informais, oficiais, religiosos, orais, escritos, etc.), em determinados momentos históricos (no passado longínquo, poucos anos atrás, no presente), em outras comunidades (em seu próprio bairro, em sua própria cidade, em seu país, como em outros países), pessoas pertencentes a grupos diferentes em contextos diferentes comunicam-se de formas variadas
e diferentes; [...] (BRASIL, 2006, p. 92).
Frente a esses objetivos designados ao ensino de LEM, concordamos com
Coelho (2006, p. 127) quando, citando Warschauer (2000) e Freire (1974), diz que:
Aprender uma LE é mais do que aprender a ler, escrever, compreender e falar; significa poder utilizar a língua para “impor sua voz no mundo” (WARSCHAUER, 2000, p. 530) e, assim, cumprir os propósitos da educação de tornar o cidadão capaz de transformar o mundo de acordo com os seus interesses (FREIRE, 1974).
Isso quer dizer que o objeto de estudo da LEM não deve ficar restrito ao
plano linguístico, mas deve ser ampliado para o plano da língua como prática social,
a fim de despertar a reflexão e a criticidade dos alunos.
O discurso como prática social é considerado como conteúdo estruturante
de LEM, ou seja, aquele conteúdo que será o ponto de partida para a seleção dos
conteúdos específicos no desenvolvimento do trabalho pedagógico. As DCEs
(PARANÁ, 2008, p. 61) colocam que o conteúdo estruturante é fruto do momento
histórico-social vivido, então, ao escolher a língua “como interação verbal, como
espaço de produção de sentidos, buscou-se um conteúdo que atendesse a essa
perspectiva”.
Sendo assim, as Diretrizes Curriculares do Paraná adotam uma proposta
para o ensino de língua estrangeira baseada na visão bakhtiniana, que reconhece a
língua como discurso. Para Bakhtin (1988 apud PARANÁ, 2008, p. 53), “toda
enunciação envolve a presença de duas vozes, a voz do eu e do outro [...] não há
discurso individual [...] todo discurso se constrói no processo de interação e em
função de outro”.
1.3 O ensino através dos gêneros
Ainda sob a perspectiva das DCEs (PARANÁ, 2008, p. 57), “o ensino de
Língua Estrangeira deve contemplar os discursos sociais que a compõem, ou seja,
aqueles manifestados em forma de textos diversos efetivados nas práticas
discursivas”. Sendo assim, fica clara a importância de se apresentar aos alunos
textos de diferentes gêneros, os quais possam contribuir para a formação crítica dos
educandos enquanto cidadãos mais conscientes de seu papel na sociedade.
Tal proposta de ensino se concretiza no trabalho com textos, não para extrair deles significados que supostamente estariam latentes em sua estrutura, mas para comunicar-se com eles, para lhes
conferir sentidos e travar batalhas pela significação (PARANÁ, 2008, p. 57).
De acordo com Lazaroti e Cristovão (2007, p. 29) “o material didático precisa
ter conexão com a vida dos cidadãos”, o aluno deve perceber que o que está sendo
ensinado faz parte de sua vida real. As autoras ainda afirmam que:
O ensino com variados gêneros de textos pode ser uma opção para se aprender o uso adequado da linguagem na expressão oral e escrita, as diferentes operações de linguagem para emissão de opiniões e sentimentos, para a narração, para a argumentação em favor de suas próprias ideias, para a expressão crítica e, acima de tudo para a ação de um cidadão que reconhece seu papel na sociedade (LAZAROTI; CRISTOVÃO, 2007, p. 33).
1.4 O gênero música
Diante desta proposta de se trabalhar com textos de diferentes gêneros, a
opção pela música é feita por ser este um gênero textual que desperta o interesse
de todos, independentemente da faixa etária. De acordo com Murphey (1992, p.5,
tradução nossa), “a música está em todo lugar. Todos têm algum gosto musical,
aprecia algum tipo de música, e está em contato com ela”.
Complementando esta ideia, Ferreira (2001) diz que a comunicação verbal,
tão necessária à vida em sociedade, pode ter a música como aliada, fortalecendo,
através dela, a transmissão da mensagem original. Ferreira (2001, p. 9) também
salienta que,
Muitas vezes é mais eficaz perpetuar um pensamento transmitindo-o verbalmente pelo canto que pela escrita no papel, no papiro, no pergaminho ou na pedra – a história da humanidade prova isso. Todo papel, papiro etc., ou até mesmo toda pedra tocada e trabalhada pelo homem, um dia se acaba. A música, o som ordenado, assim como é uma linguagem universal também é uma linguagem por meio da qual uma ideia é mais bem difundida ao longo dos tempos: mesmo sem escrever quaisquer sinais gráficos que representassem os sons que cantavam, há gerações de monge orientais, por exemplo, que continuaram pelos séculos entoando palavras que aprenderam cantando desde a mais tenra infância com seus mestres. Essa é a transmissão verbal-oral-cantada do conhecimento [...] Neste aspecto poderíamos dizer que na ordenação que o homem impõe às coisas do mundo, uma pedra é mais história e uma música é mais tradição.
É fácil compreendermos melhor essa questão observando o grande número
de marcas de produtos que se utilizam da música nos chamados jingles comerciais,
no intuito de fazer com que, através da música, os consumidores lembrem do
produto. Os rituais de nossa sociedade também utilizam a música em larga escala,
podemos observar isso na marcha nupcial, na marcha fúnebre, nos parabéns a
você, nos hinos, nas canções de ninar, entre tantos outros.
A música está sempre presente no dia a dia das pessoas, como podemos
observar nos meios de comunicação, como o rádio e a televisão, e também no
âmbito escolar, podemos comprovar isso através da observação da presença
constante de aparelhos de som portáteis como: MP3, celulares, pendrives, entre
outros, de posse dos alunos nas salas de aula.
Podemos dizer então, que a música é um material autêntico, ou seja, um
material que não foi elaborado apenas para fins didáticos, mas que faz parte do
cotidiano do aluno.
Quando trabalhamos com textos autênticos estamos utilizando materiais que compõem o mundo dos alunos e são os textos autênticos que eles irão encontrar fora da sala de aula. Por isso, precisarão ter conhecimentos de como lidar com os mesmos. O que não ocorre com os alunos que durante a vida escolar tiveram oportunidade de trabalharem somente com textos didáticos, que em sua maioria foram criados com ênfase na estrutura da língua e não para a comunicação (MARGIOTO; CRISTOVÃO, 2007, p. 244).
Aproveitando então, o gosto que os educandos apresentam pela música e
pelas atividades a ela envolvidas por se tratar de uma linguagem acessível, fácil e
universal, que está presente nas mais diversas manifestações e nas variadas
culturas, faremos a utilização deste gênero textual, aliado a outros que se fizerem
necessários para melhor aproveitamento do material a ser desenvolvido, em uma
tentativa de seguir as diretrizes e buscar novas estratégias que sejam capazes de
tornar a aprendizagem da língua inglesa mais agradável e produtiva.
Murphey (1992) defende o uso da música e afirma que se pode fazer com a
música o mesmo que se faz com outros textos durante as aulas. Ele cita também
vantagens de utilizar material musical nas aulas de língua estrangeira. Uma das
vantagens é que o professor tem fácil acesso a este tipo de material e, outra
vantagem, é que a música é motivadora para a maioria dos alunos. Esta motivação
imediata deve-se ao fato de que a música está associada ao lazer e espera-se que
desta forma possa despertar no aluno um novo tipo de relação com o processo de
aprendizagem.
É preciso observar, no entanto, que não se pode conferir apenas à música, a
responsabilidade de fazer com nossos alunos aprendam a língua estrangeira.
Nestes termos, também concordamos com Murphey (1992) quando diz que apenas
ouvir e cantar músicas não fará com que o aluno seja capaz de se comunicar em
uma outra língua. Dessa forma, trabalhar com música exige muito mais do que
simplesmente escolher uma música que agrade aos alunos, pois não se quer
apenas usar a música como recurso para seduzir o aluno acostumado com um
mundo cheio de sons e imagens, mas sim fazer com que este instrumento possa
motivar a busca da compreensão e construção do conhecimento.
Muitas vezes, o uso indevido e não fundamentado da música em sala de
aula acaba banalizando esta privilegiada estratégia de ensino. É necessário utilizá-la
como um recurso para diferenciar o tradicional método de ensino e contribuir para a
melhoria da aprendizagem. Inúmeros exemplos do trabalho com a música podem
ser encontrados, desde que o professor quebre seus preconceitos musicais e seja
um bom ouvinte. É também possível pesquisar, com os próprios alunos, as músicas
que podem ser utilizadas e contextualizadas ao cotidiano e aprendizagem da língua
e cultura inglesa.
A música pode ser usada na sala de aula como recurso facilitador tanto no
ensino de pontos linguísticos como na introdução de aspectos culturais e sociais que
possibilitem ao aluno um desenvolvimento do seu senso crítico, ampliando sua visão
sobre a realidade social que o cerca e isto vem ao encontro do que é proposto pelas
DCEs.
2 PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
2.1 Os participantes e o contexto
Este trabalho é requisito para a conclusão da participação no Programa de
Desenvolvimento Educacional, doravante PDE, oferecido pelo Governo do Estado
do Paraná, que possibilita ao professor formação continuada, oferecendo ao mesmo,
oportunidade de aprimoramento do seu conhecimento, busca por mudanças e
melhorias em sua prática pedagógica. O programa oferece subsídios teóricos e
orientação conduzida por professores das Instituições de Ensino Superior (IES)
participantes para a elaboração de projetos que devem, posteriormente, ser
implementados nas escolas públicas do estado, visando o desenvolvimento de
ações educacionais que busquem sanar dificuldades encontradas no dia a dia
escolar.
O projeto desenvolvido como proposta de trabalho do PDE foi intitulado “A
música: um gênero a ser explorado no ensino da língua Inglesa”. A implementação
da proposta de intervenção foi desenvolvida no Colégio Estadual Marechal Castelo
Branco-Ensino Fundamental, Médio e Normal da cidade de Primeiro de Maio. Os
participantes envolvidos eram alunos do 3º ano do ensino médio, na faixa etária
entre 16 e 17 anos e frequentavam o período vespertino. A turma era pequena,
composta por apenas 16 alunos e vários oriundos da zona rural.
Além da implementação do projeto na escola, o professor participante do
PDE teve a oportunidade de compartilhar o projeto e o material elaborado com um
grupo de professores da escola pública do Paraná chamado Grupo de Trabalho em
Rede (GTR) por meio da Internet. Nesta oportunidade, o projeto foi avaliado e
colocado à disposição para ser aplicado pelos professores que participaram do
grupo. Eles trocam informações e opiniões postando seus pareceres na plataforma
Moodle.
2.2 Elaboração do material didático-pedagógico
Nossa proposta surgiu da constatação do gosto que a maioria das pessoas
tem pela música e por desenvolver atividades que envolvam música. Para
complementar a sequência e melhor contextualizar as letras, a proposta aliou o
gênero música a outros gêneros textuais, como: biografia, artigo, fórum de
discussão, além de recurso audiovisual (clip), procurando assim, através dos
diversos discursos, fazer uso da linguagem como prática social.
Portanto, desenvolvemos um material didático com atividades estruturadas a
partir de letras de músicas e do seu contexto histórico-social, oferecendo aos alunos
uma oportunidade de pesquisa, discussão e reflexão sobre questões políticas,
sociais e culturais. O objetivo era desenvolver, além da competência linguística dos
alunos, uma consciência crítica a respeito do mundo que o cerca, levando-os,
através das aulas de língua inglesa, a ampliar seus horizontes, conhecer mais sobre
o mundo, sobre outras culturas, para que assim possam respeitar o que é diferente.
Para desenvolvermos tal material, procurando então, alcançar os objetivos
supracitados, selecionamos duas músicas: “Heal the World” de Michael Jackson e
“Dear Mr. President” da Pink. As músicas foram selecionadas observando o
conteúdo da letra e seu contexto, procurando temas polêmicos, adequados à faixa
etária e que contemplassem o interesse dos alunos.
Para cada música selecionada foi elaborada uma sequência didática, isto é,
um conjunto de atividades organizadas em torno do gênero escolhido. Esta
sequência propunha atividades diversificadas a fim de desenvolver as habilidades
linguísticas de compreensão oral e escrita (listening e reading) e produção oral e
escrita (writing e speaking).
Além dessas atividades que exploravam o aspecto linguístico, também foram
propostas atividades de uso da linguagem como, momentos de discussão em grupo,
tarefas em duplas, ou pequenos grupos, que visavam desenvolver competências
que tornem os alunos aptos a compreender melhor e participar mais criticamente do
mundo em que vivem.
Para melhor organização, as sequências foram divididas nas seguintes
seções: Think about it; Reading 1; Genre Analysis; Text Comprehension; Vocabulary
Study; Listening Activity; Language Study; Let´s Practice; Focus on the Context;
Reading 2; e Let´s Write.
Tendo sempre como ponto de partida o conhecimento prévio do aluno, as
sequências tinham como abertura uma atividade que convidava o aluno a refletir
sobre uma temática. Nessa seção intitulada THINK ABOUT IT..., questionamentos
foram elaborados visando explorar o posicionamento dos alunos em relação ao
assunto em questão, procurando levá-los à reflexão sobre a prática social.
Depois, a letra da música era apresentada na seção READING, onde os
alunos deveriam fazer apenas uma leitura rápida, e na seção GENRE ANALYSIS, os
alunos analisavam as características estruturais do gênero.
Em seguida, os alunos eram levados a uma compreensão mais detalhada e
aprofundada da letra da música, através da seção nominada TEXT
COMPREHENSION. Para desenvolvimento das habilidades linguísticas foram
criadas as seções VOCABULARY STUDY, LISTENING ACTIVITY, LANGUAGE
STUDY e LET’S PRACTICE que possibilitavam aos alunos aprofundamento e
ampliação do vocabulário, prática da compreensão oral e, de maneira
contextualizada, aproveitando a linguagem em uso, eram apresentadas as estruturas
gramaticais necessárias para a compreensão do texto.
A seção FOCUS ON THE CONTEXT apresentava aos alunos o contexto
sócio-histórico no qual a música foi criada. Usando o recurso audiovisual, mostrava
imagens que lhes davam melhor compreensão sobre o tema abordado na letra da
música e complementando esta seção de contextualização, a sequência trazia uma
nova leitura READING 2.
Para concluir a sequência, a seção LET’S WRITE convidava os alunos a
desenvolver sua capacidade de escrita, procurando, assim, consolidar tudo o que foi
estudado.
3 ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Após a organização e conclusão do material didático, iniciamos a
intervenção na escola, por meio de sua implementação. Porém, antes de iniciarmos
a aplicação do material propriamente dita, realizamos uma discussão em sala de
aula com os alunos alvo do projeto sobre música e suas utilizações no dia a dia das
pessoas. Tal discussão foi norteada pela leitura de textos que apresentavam a
importância da aplicação da música na recuperação de pessoas doentes, no lazer e
na educação. Esta atividade tinha como finalidade sondar qual a visão do grupo
sobre o assunto e confirmar a tese de que a maioria das pessoas gosta de música e
de realizar atividades a elas relacionadas. A discussão deixou evidente que os
alunos concordam com a eficácia do uso da música, inclusive na educação, como
material de apoio para o ensino-aprendizagem de várias disciplinas.
Depois disso, iniciamos a aplicação do material. Para a implementação do
mesmo utilizamos 22 aulas. Quantidade esta um pouco superior ao que havia sido
estimado inicialmente, que era de 16 aulas.
Iniciamos com a música “Heal the World” do Michael Jackson que intitulava
a nossa unidade. A princípio, propusemos aos alunos algumas questões sobre o
mundo em que vivem. Eles foram questionados sobre o que acham do mundo em
vivem, o que gostariam que mudasse e o que poderiam fazer para tornar o mundo
em que vivem um lugar melhor.
Esse foi um espaço para a discussão de uma temática considerada
relevante e atual no dia a dia dos nossos alunos. A discussão foi feita em língua
materna, deixando-os mais à vontade para se expressarem. Foi muito satisfatório
observar a participação e o entusiasmo com que desenvolveram esta atividade.
Outro aspecto observado e que vale a pena ser apontado, foi que eles ampliaram a
discussão, começaram falando dos problemas locais e, com o nosso
direcionamento, chegaram à discussão de problemas globais.
Em seguida, apresentamos o texto, ou seja, a letra da música. Porém, nosso
objetivo neste momento era trabalhar a análise do gênero, desta forma, fizemos
apenas uma leitura rápida. E, partimos então, para as atividades nas quais a
capacidade dos alunos em reconhecer o gênero em questão e suas características
seria verificada. Essa análise foi realizada sem maiores dificuldades. Eles
reconheceram rapidamente o tipo de texto, quem escreveu, onde foi publicado e
suas características.
Depois da análise do gênero, ouvimos a música que apesar de ser antiga e
não muito agitada, foi aprovada pelos alunos, pois demonstraram atenção e
envolvimento. Fizemos a tradução oral juntos. Os alunos apresentaram muita
dificuldade neste momento devido ao vocabulário limitado que a maioria possui. A
nossa mediação foi fundamental, já que não queríamos fazer uso do dicionário para
realização da tradução, pois acreditávamos que essa seria uma tarefa complicada e
muito cansativa.
Pudemos perceber que a compreensão do texto também foi prejudicada pela
falta de vocabulário dos alunos. Acreditamos que se tivéssemos feito a atividade de
estudo do vocabulário, que seria o nosso próximo passo, antes, poderíamos ter
facilitado a leitura do texto. Pois, desta forma, os novos vocábulos, necessários para
melhor entendimento, do texto seriam previamente apresentados aos alunos.
Após a realização do estudo do vocabulário, retornamos à letra da música,
ouvindo-a novamente, procurando, assim, realizar uma leitura mais completa e
proporcionar melhor entendimento.
A atividade de listening foi realizada com interesse pelos alunos. Eles
superaram nossas expectativas e demonstraram um bom desempenho, conseguindo
realizar sozinhos e corretamente aproximadamente 50% da atividade proposta. No
entanto, é prudente salientar que nosso desempenho ao lidar com a tecnologia é
que não foi tão satisfatório. Acostumados ao tradicional cd, tivemos que manusear o
pen drive, um aparelho diferente do que estávamos acostumados, e isso gerou certa
dificuldade. Porém, com as questões operacionais tem sempre aquele aluno que se
destaca e se torna nosso auxiliar, restando-nos, assim, um pouco de vergonha e a
gozação dos alunos.
Mesmo com as tentativas de contextualização, ao trabalharmos a análise
linguística, as dificuldades apareceram. Foi necessária a utilização de material extra,
mais explicação, mais exemplos e mais exercícios para facilitar a compreensão do
ponto gramatical, entretanto, observamos que, mesmo assim, algumas dificuldades
persistiram em alguns alunos.
Utilizamos um vídeo para realizarmos a contextualização da música, ou seja,
este recurso foi utilizado para facilitarmos o entendimento acerca do contexto em
que a música foi criada. Assistimos ao vídeo e, na sequência, seguindo um roteiro
com perguntas, os alunos puderam discutir sobre as imagens assistidas e relacioná-
las à letra da música. Isso ajudou muito a compreensão da mensagem da música.
Eles puderam perceber que, muitas vezes, a mensagem não vem escrita de maneira
direta.
Para completar essa contextualização, propusemos a leitura da biografia do
autor da música, Michael Jackson. Essa leitura trouxe informações importantes que
acreditamos ter trazido ainda mais entendimento sobre a criação da letra da música
e a intenção de seu autor ao criá-la. Porém, ao fazermos tal leitura, novamente nos
esbarramos no vocabulário limitado de nossos alunos e também em uma grande
falta de interesse dos mesmos em ampliá-lo. A alternativa encontrada para
potencializar a leitura e a compreensão do texto foi desenvolvê-la em pequenos
grupos. Dessa maneira, possibilitamos aos alunos a troca de experiência e
conhecimento com os demais colegas, levando em consideração a importância da
aprendizagem por meio da socialização e do par mais experiente neste processo,
aspectos esses salientados por Vigotsky (1978) como relevantes ao processo de
aprendizagem.
Para desenvolvermos a sequência da segunda unidade do nosso material
escolhemos a música “Dear Mr. President”, da cantora norte-americana Pink, e
trabalhamos com o tema “Who can help the world?”.
Os alunos ficaram empolgados em participar da discussão, todos queriam
fazer comentários sobre a nossa política. Foi um momento importante, no qual
conduzimos a discussão procurando levá-los a refletir sobre o valor das nossas
atitudes enquanto cidadãos. Pois, o que observamos é que eles se abstêm das
responsabilidades sobre o que acontece no nosso país, ou seja, criticam o que
acontece, mas adotam a postura cômoda de dizer que não gostam de política, que
se pudessem não votariam nunca.
Na análise do gênero, pudemos observar que há diferentes tipos de músicas
e que cada uma delas traz uma mensagem, tem um propósito e que algumas trazem
mensagens de protesto, como a que está sendo estudada. Na letra da música “Dear
Mr. President” a cantora mostra a indignação e questiona atos praticados pelo ex-
presidente dos E.U.A, George W. Bush.
Foi interessante observar a surpresa dos alunos em relação ao ritmo da
música. A maioria deles, ao ouvir a música, observando apenas seu ritmo,
considerou-a como romântica. Isso os fez refletir sobre a atitude de gostarmos das
músicas internacionais sem nos preocuparmos com o que está escrito em suas
letras e quais mensagens transmitem.
Para entendermos melhor o contexto em que a música foi criada, fizemos
também a leitura de um texto retirado da Internet (“Analyzing a political Anthem:
Pink’s “Dear Mr. President”) que trazia a explicação de cada questionamento feito
pela cantora na música. O texto foi muito importante para nossa melhor
compreensão, porém houve muita dificuldade na realização de sua leitura. Apesar de
interessante o texto era longo e apresentava um vocabulário um pouco complexo,
diante desse fato, para agilizarmos sua leitura, adotamos a leitura oral e coletiva.
Para a compreensão do texto organizamos um questionário (APÊNDICE A)
e podemos dizer que esta foi uma atividade desenvolvida com um alto grau de
dificuldade e que poderia ter sido facilitada se organizada de outra maneira, como,
por exemplo, fazendo as perguntas em português, ou organizando-as com múltiplas
escolhas.
Aproveitamos também um trecho da resposta de um participante de um
fórum na Internet que respondia à pergunta “Who is Pink to diss President Bush?”
para ampliarmos nossa discussão. O texto nos levava a questionar sobre a
responsabilidade de cada um de nós para mudarmos a sociedade e ajudarmos o
governo a resolver os problemas.
Para conclusão desta discussão, propusemos a participação dos alunos no
fórum, porém encontramos dificuldade em localizar o site e também tivemos
problema devido à lentidão do computador que ficava travando e não completava o
acesso. Sendo assim, acabamos desistindo de realizar a atividade proposta.
Concluímos a unidade com uma atividade de writing, na qual os alunos
deveriam escrever algo que gostariam de pedir ao presidente do nosso país. O que
percebemos é que os alunos não tiveram muita coragem em arriscar, isto é, se
limitaram a escrever apenas palavras e não frases mais longas.
4 CONCLUSÃO
Com a aplicação do projeto, confirmamos a teoria que diz que a utilização da
música durante as aulas é eficaz e agrada aos alunos. Constatamos que a música,
trabalhada em uma sequência que propõe atividades contextualizadas, desperta o
interesse, facilita a compreensão do conteúdo e possibilita oportunidades para
discussões sobre temas atuais e relevantes para os alunos.
Apesar de algumas dificuldades apresentadas, consideramos que a
implementação do material trouxe contribuições e o resultado obtido foi satisfatório,
visto que os alunos demonstraram bastante interesse em desenvolver as atividades
de listening, gostaram de assistir ao clip da música e participaram com entusiasmo
das discussões dos temas.
Um ponto considerado relevante e que vale ressaltar foi a participação dos
alunos nas discussões, uma vez que nosso principal objetivo era levá-los a
reconhecer e compreender a diversidade linguística e cultural e também, oportunizar
momentos de reflexão sobre questões políticos e sociais, procurando torná-los
críticos em relação às coisas que acontecem no mundo em que estão inseridos.
No entanto, acreditamos que há muito a ser desenvolvido para que haja um
amadurecimento na maneira de pensar dos nossos alunos em relação a certos
temas que os cercam. Para que haja esse amadurecimento é importante utilizarmos
materiais que despertem a atenção, estejam próximos da realidade e façam sentido
aos alunos. Acreditamos que o trabalho com textos de diferentes gêneros contribui
para a formação crítica dos nossos alunos, tornando-os mais conscientes do seu
papel na sociedade em que vivem. E, acreditamos também, que o gênero textual
música é uma ferramenta muito importante neste desafio e que vale a pena ser
explorado em sala de aula.
Embora apresentando algumas limitações e dificuldades durante a execução
do projeto, esperamos que este estudo possa contribuir, mesmo que de maneira
modesta, para o aprimoramento do ensino-aprendizagem da língua inglesa e como
base para novas pesquisas sobre o assunto.
REFERÊNCIAS
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professor, no aluno e na formação de professores. Campinas, SP: Pontes, 2006. p.
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eléments de réflexions a propos d’une expérience romande. Enjeux, p. 31-49. 1996.
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In: LEFFA, Vilson J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras: construindo a
profissão. Pelotas, 2001. v. 1, p. 333-355. Disponível em:
<http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/formacao.pdf> Acesso em: 10 mar. 2011.
JORDÃO, C. M. O professor de Língua Estrangeira e o compromisso social. In:
CRISTOVÃO, V. L. L.; GIMENEZ, T. ENFOPLI: construindo uma comunidade de
professores de inglês. Londrina, 2005. p. 1-4.
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de educação. In: CRISTOVÃO, V. L. L. Modelos didáticos de gênero: uma
abordagem para o ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007. p. 233-264.
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jul./dez. 2000. p. 24-29. Disponível em: < http://www.veramenezes.com/leitura.htm>
Acesso em: 1 abr. 2011.
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Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna para a Educação
Básica. Curitiba, 2008.
VYGOTSKY, L. S. Mind in society- The Development of Higher Psychological
Process. Cambridge MA: Harvard University Press, 1978.
APÊNDICE A
1- Now, after reading, answer the questions according to the text. You can do it in
pairs.
a) Who wrote the text? When was it written?
____________________________________________________________________________
b) What was considered Pink’s “Dear Mr. President”?
____________________________________________________________________________
c) Who criticized the lyrics of Pink’s song?
____________________________________________________________________________
d) According to the text, what were the lyrics lines based on?
____________________________________________________________________________
e) Who was Pink referring to when she mentioned the homeless?
____________________________________________________________________________
f) Why did she say that ‘mother has no chance to say goodbye’?
____________________________________________________________________________
g) What is “No child is left behind”?
____________________________________________________________________________
h) When the singer said “daughter’s rights” what was she referring to?
____________________________________________________________________________
i) Was the president opposite or in favor of homosexual unions? Why did the singer
ask him ‘what kind of father might hate his own daughter if she were gay’?
____________________________________________________________________________
j) Why did she mention whiskey and cocaine?
____________________________________________________________________________
k) How did she finish the song?
____________________________________________________________________________