A ROMÂNIA · PDF file · 2017-10-18Período do Império - em 212...

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A ROMÂNIA: FORMAÇÃO, DIVISÃO E DECADÊNCIA DO

IMPÉRIO ROMANOP R O F A . D R A . L IL IA NE B A R R E IR O S

(P P G E L - M E L / U E F S )

TEXTOS:

BASSETTO, Bruno F. Origem das Línguas Românicas. In: _______.Elementos de Filologia Românica: história externa das línguas. v. 1. SãoPaulo: Editora da USP, 2005, p. 87-109.

România, romano e romanceO Estado romano teve origem em 753 a.C. (fundação de Roma)

Engrandeceu-se progressivamente até constituir em sua fase demaior esplendor um dos mais vastos impérios de todos ostempos.

A História de Roma Divide-se em três fases:

Realeza (das origens a 509 a.C.);

República (de 509 a.C. a 27 a.C.); e

Império (de 27 a.C. a 476 d.C.)

Aspecto da história do Estado Romano Democratização progressiva do poder:

patrícios (classe fechada e conservadora, governava a Urbe) e

classes adventícia ou plebeia (instituições representativas).

Capacidade de absorver outros povos e sua espantosa expansãoterritorial (séculos V a.C. a II d.C.).

Principais pontos da expansão: Conquista da Itália peninsular

Conquista da Europa mediterrânea

Três guerras púnicas

Gália e Europa Central, Ásia Menor e África

Conquistas tardias

Caledônia (atual Escócia), Dácia (atual Romênia) e Arábia Pétrea.

O que foram as guerras púnicas?As Guerras Púnicas foram três conflitos entre Roma e Cartago, agrande cidade africana fundada pelos Fenícios.

O seu nome tem origem em Punus, nome latino para oscartagineses.

Estas guerras foram provocadas por rivalidades comerciais noMediterrâneo.

Primeira Guerra PúnicaA Primeira (264-241 a.C.) deveu-se a uma questão relacionadacom o controle da Sicília.

Os Romanos venceram e transformaram a Sicília na sua primeiraprovíncia.

Segunda Guerra PúnicaA Segunda (218-201 a.C.) surgiu pelo ressentimento Romano naexpansão de Cartago na Espanha e com a destruição de Sagunto(aliada de Roma), pelo general cartaginês Aníbal. Este, respondeuao desafio romano invadindo Itália, onde permaneceu até 204 a. C.

Enquanto aí estava, o general romano Públio Cornélio Cipião,invadiu a Espanha e expulsou os cartagineses.

A guerra teve o seu término depois da destruição do exércitocartaginês na Batalha de Zama no Norte de África.

Terceira Guerra PúnicaA Terceira (149-146 a.C.) deu-se quando Cartago atacou umaliado de Roma, o rei Masinissa da Numídia Oriental.

Um exército romano cercou Cartago durante dois anos. Osromanos acabaram por tomar a cidade e destruí-la.

LATINIZAÇÃO OU ROMANIZAÇÃO

Latinização ou RomanizaçãoÉ a assimilação cultural e linguística da civilização latina por

parte dos povos conquistados. É considerado um fenômenoúnico na história da humanidade.

As conquistas romanas tinham caráter político e econômicoe o uso da língua era uma questão de honra.

Fatores de latinizaçãoExército romano – a base do Império e de sua expansão, pois era o 1ºa entrar em contato com os outros povos, tanto na conquista como naocupação.

Colônias militares (veteranos) – os soldados eram recompensadoscom terras produtivas, após a aposentadoria, e recebiam a cidadaniaromana.

Colônias civis – instaladas após a retirado do povo vencido pararesolver às demandas de terras por parte dos plebeus, garantir aordem, impedir rebeliões e produzir alimentos e outros bens.

Fatores de latinizaçãoAdministração romana – aristocracia romana (uso do latimclássico, sermo urbanus)

“[...] o latim usado pela administração das províncias foi umponderável fator de latinização, já que era veículo de comunicação noscontatos com a população, latina e não-latina, e a língua oficial de todos osdocumentos” (BASSETTO, 2005, p. 107).

Fatores de latinizaçãoObras públicas – estradas, abastecimento de água, teatros,edifícios públicos (fórum, templos, basílicas, monumentos ebibliotecas).

Comércio – a localização geográfica de Roma transformou-a emgrande centro comercial.

A latinização não foi uniforme em todas as partes do Império Romano.

Com o exército, com as colônias civis e militares e aadministração, os romanos espalhavam pelas províncias suacultura, sua língua e seu estilo de vida.

A fragmentação do ImpérioCAUSAS INTERNAS

Despovoamento do Império – guerras civis, invasões bárbaras ea peste

Empobrecimento e Impostos – população descontente ecorrupção generalizada

Decadência militar – privilégios exagerados, morte, soldadosbárbaros (“invasões pacíficas”).

A fragmentação do ImpérioCAUSAS EXTERNAS: AS INVASÕES

“Invasões pacíficas” – presença, sobretudo de germanos, noexército e nas colônias

Final do séc. IV – início das grandes invasões (Vândalos, Godos,Francos, Lombardos, Alamanos, Eslavos, Árabes etc.)

Decadência do Império RomanoA partir do século II d.C., com Trajano.

Descentralização progressiva provocada pela própria extensãodo Império e agravada por uma política inconsequente.

Habitantes de regiões mais afastadas predominaram noexército e na administração.

Decadência do Império Romano Século V, a presença de populações bárbaras no Império eramais maciça.

Durante uma incursão dos visigodos pela Itália, foi deposto oimperador Rômulo Augústulo (476), fato que os historiadoresutilizam como marco cronológico do fim do Império Romano.

Decadência do Império RomanoRazões para a perda:

Romanização superficial – Caledônia, Germânia, parte dos paísesdanubianos e regiões montanhosas da Europa continental emediterrânea.

Superioridade cultural dos vencidos – Grécia e Mediterrâneooriental

Superposição maciça de populações não-romanas – Áfricamediterrânea.

Decadência do Império RomanoRazões para ganho:

Movimentos colonialistas iniciados com as grandes navegações;

Movimentos de propagação do catolicismo.

As Línguas Românicas surgem e se desenvolvem nasprovíncias em que a latinização lançou raízes mais profundas eresistentes a mudanças políticas e sociais, bem como aintermináveis guerras e invasões (BASSETTO, 2005, p. 152).

A difusão do latim e a romanizaçãoDireito romano:

Exploravam economicamente a região, mas respeitavam religiãoe permitiam o uso da língua materna em contatos entre si.

A difusão do latim e a romanizaçãoO Direito romano foi um dos maiores agentes da romanização ao conceder acidadania romana, por etapas, a todos os habitantes do Império. O Título de“cidadão romano” conferia, juridicamente, vários direitos distintos:

- Possuir e transmitir propriedade;

- Proceder a uma ação judicial;

- Contrair matrimônio legítimo;

- Participar do sacerdócio;

- Direito de voto nas assembleias;

- Ser elegível para as magistraturas (e para o Senado).

Fontes do Direito Romano Lei das XII Tábuas (cerca de 450 a.C.), a primeira compilação deleis romanas.

Éditos dos magistrados : decisões dos magistrados encarregadosda jurisdição, que se transformaram em regras do direito.

Édito Perpétuo de Adriano (125-138 d.C.), uma codificação doséditos dos antigos magistrados.

A obra dos Jurisconsultos : consultas jurídicas dosjurisconsultos romanos, consideradas fonte do direito a partir deAdriano (117-138).

Fontes do Direito Romano Senatus consulta - legislação que ganha importância durante osdois primeiros séculos do Império, após o reconhecimento dacapacidade legislativa do Senado pelo Imperador Adriano (117-138).

Constituições imperiais - éditos deliberados em Conselhoimperial, aos quais o Senado reconhece força de lei e a partir doano 13 d.C.

BAIXO IMPÉRIO (séc. IV-VI d.C.)

Surge o Corpus Iuris Civilis - no contexto do ImpérioRomano do Oriente, o Imperador Justiniano ordena a compilaçãode todas as fontes antigas de direito romano e a suaharmonização com o direito do seu tempo.

Este código constituiu a base do direito no ImpérioBizantino e um dos principais fundamentos do Direito Comum noOcidente medieval.

BAIXO IMPÉRIO (séc. IV-VI d.C.)

Etapas da progressiva extensão da cidadania (direito de cidade) a todo o Império:

Durante a Monarquia (sécs VIII-VI a.C.) - a cidadania apenas erareconhecida aos homens livres, mas excluía muitos deles; era umprivilégio dos Patrícios, excluindo os plebeus.

As reformas de Sérvio Túlio (séc VI a.C.) reconheceu algunsdireitos políticos aos plebeus.

Etapas da progressiva extensão da cidadania (direito de cidade) a todo o Império:

Durante a República (509 a.C - 27 a.C.) - a Lei das Doze Tábuas(450 a.C) reconheceu uma maior participação política aosplebeus.

Em 90 a.C. a Lex Iulia concedeu a cidadania aos habitantes doLácio; no ano seguinte, a Lex Plautia Papiria alargou a cidadania atodos os habitantes da Itália; em 49 a.C., a Lex Roscia concedeu acidadania aos habitantes da Gália.

Etapas da progressiva extensão da cidadania (direito de cidade) a todo o Império:

Período do Império - em 212 d.C., foi promulgado o Édito deCaracala, que concedeu a cidadania a todos os habitantes doImpério (homens livres, que não sendo romanos, vivessem noterritório imperial).

Ao contrário do conceito restrito dos gregos, os romanos tinhamum conceito de cidadania mais aberto, liberal e dinâmico: acidadania podia ser obtida não apenas pelo nascimento, mastambém por concessão individual ou coletiva.

O critério determinante da obtenção da cidadania era a adesãoaos valores da romanidade. Foi, por isso, um dos fatores maisimportantes da integração dos povos no Império.

Contato com línguas de famílias linguísticas diferentes:

Península Itálica - encontrou o umbro e o osco (indo-europeiasdo ramo itálico); línguas indo-europeias do ramo ilírico, grego ecelta; e línguas não indo-europeias, como o etrusco e o lígure.

Ilhas italianas - encontraram um antigo substrato mediterrâneo,além do grego (indo-europeu) e do fenício (semita).

Povos da Ibéria maioria não indo-europeias.

Indo-europeu predominava na França e na Panônia, na Ilíria,também na Trácia e na Macedônia.

Grécia, Anatólia e no Mediterrâneo oriental era falado Grego.

Síria e Egito, línguas semíticas e camíticas.

Contato com línguas de famílias linguísticas diferentes:

O Latim não suplantou as línguas indígenas em todo território.

Divisão política sob o comando do imperador Constantino:separação de um Estado de fala e cultura latinas de um grego.

No ocidente, a fala dos vencedores conviveu por décadas e atéséculos com os locais, sendo o bilinguismo típico.

O latim presente nas regiões submetidas numa variedade populare numa variedade erudita ia se impondo como língua queexprimia uma cultura mais avançada e que abria melhoresperspectivas de negócios e ascensão política e social.

Século III, absorção pelo latim das línguas indígenas da porçãoocidental do IR era fato consumado, e essa unidade linguísticarepresentava para os povos latinizados o traço mais evidente deuma forte unidade espiritual, precisamente quando o Império,como instituição política, dava mostras cada vez mais fortes deinstabilidade.