Post on 21-Sep-2020
Ana Magni (anamagni@gmail.com)
Brasília, 5 de agosto de 2017
Reunião ampliada do FONASEFE
O que há de diferenças mais significativas entre esses dois períodos?
1990-2002 2002-2015
Intenção de promover uma contra-reforma do
Estado Brasileiro amplamente documentada,
em particular a partir de 1995
A documentação sobre o projeto para o
Estado é mais esparsa e os argumentos são
contraditórios
Redução do quantitativo de servidores civis do
executivo federal; ampliação muito
significativa do número de aposentados
Ampliação do quantitativo de servidores do
executivo federal; a evolução do quantitativo
de aposentados estabiliza
Baixíssimo número de ingressos por concurso
público
Incremento significativo dos ingressos por
concurso público
Arrocho salarial permanenteHá recomposição parcial dos salários, em
particular para algumas carreiras
Governo Collor: breve e altamente destrutivo
Governos FHC: contrarreforma idealizada por Bresser-Pereira:
Mudanças no sistema de previdência;
alteração de regras referentes à disponibilidade dos servidores;
autorização para demissão de servidores não estáveis;
supressão do direito à isonomia salarial entre os poderes;
segmentação do governo em diferentes “núcleos” e do funcionalismo públicoem diferentes carreiras, de maneira a representar essa divisão (núcleoestratégico, atividades exclusivas de Estado, não exclusivas, dedicadas àprodução mercantil);
exigência de projetos de lei para a revisão de vencimentos do funcionalismo;
mudanças nas formas de remuneração, com a ampliação de parcelas variáveise dependentes de avaliações de desempenho institucional e individual;
arrocho salarial;
exigibilidade de programas de qualificação profissional aos servidores;
possibilidade de haver mais de um regime jurídico regulando as relações detrabalho no Estado;
preservação da estabilidade, tal como constituída, somente ao núcleoresponsável por funções que seriam consideradas exclusivas do Estado,tornando mais flexível a gestão de pessoal (redefinindo motivos e condiçõesde dispensa) no tocante aos demais servidores;
privatização, contratualização (OSs), terceirização; contratação temporária;etc.
Segundo governo FHC: ajuste fiscal foi a tônica (LRF), com consequênciasmuito fortes sobre o modelo de Estado (para todas as esferas)
Período Governo Acumulada Md./Ano1990-1992 Collor -12,9 -4,31993-1994 Itamar -6,1 -3,01995-1998 FHC I -11,9 -3,01999-2002 FHC II -5,4 -1,42003-2006 Lula I 8,7 2,22007-2010 Lula II 7,5 1,92011-2014 Dilma I 8,1 2,02015 Dilma II 0,5 0,5
-13,4 -0,5
Variação % do quantitativo de servidores
civis ativos do Poder Executivo
2015/1989
Atualmente, há 650 mil
servidores civis ativos no
Poder Executivo, com
remunerações que variam
de R$ 1,5 mil a R$ 30 mil
O que há de pontos comuns entre os períodos 1995-2002 e 2003-2015?1990-2002 2002-2015
Em especial a partir de 1995, o governo assume a defesa da
Nova Administração Pública (NAP) gerencial e do desmonte
dos direitos dos servidores.
Mesmo sem reconhecer explicitamente (busca se diferenciar), os
documentos do governo e a prática das contra-reformas indicam a
continuidade da defesa e da implementação da NAP.
Além das privatizações, as mudanças na legislação abrem
caminho para a publicização, para a inserção de uma lógica
privada nos serviços públicos
Amplia-se a diluição das fronteiras entre o público e o privado.
Os poucos ingressos no serviço público federal dão-se por
meio de contratações temporárias, ainda incipientes neste
período.
Ainda que se amplie significativamente o número de servidores
ativos, boa parte destes é composta por não estáveis/precários.
Neste período, amplia-se significativamente as contratações
precárias, em relação a fase anterior.
Não há política salarial para o funcionalismo; simplesmente não
há reajustes. Processa-se o descumprimento dos preceitos da
CF88.
Ainda que haja negociação e reajustes dos salários, não há de fato
uma política salarial. Segue-se descumprindo os preceitos da CF88.
A "responsabilidade fiscal" torna possível desmontar a
capacidade do governo federal executar políticas e serviços
públicos amplos e de qualidade.
A "responsabilidade fiscal" segue sendo argumento para
sistemáticos cortes orçamentários, restrições de pessoal e arrocho
salarial, que precarizam os serviços públicos sob diferentes
aspectos.
Em momentos de contração econômica, processa-se um ataque
mais intenso aos direitos dos trabalhadores, em particular do
funcionalismo.
Ocorre o mesmo, como pode ser visto a partir do momento em que
os efeitos da crise de 2008 passam a se verificar sobre a economia
brasileira.
O governo assume o mito do inchaço, da necessidade de
desmontar privilégios, do ajuste fiscal, da existência de um
déficit na previdência
Ainda que sem assumir o discurso do inchaço, desde 2003 segue
firme a retórica de combater privilégios, da necessidade de ajuste
fiscal, e o reforço do mito do déficit na previdência
Mais da metade da força
de trabalho que
ingressou nos serviços
públicos entre 1995 e
2015 foi selecionada por
meio de processos
seletivos simplificados e
está associada a vínculos
precários de
contratação, sem falar
nas outras formas, como
a terceirização e o
trabalho estágio.
2015-2016: redução do
ingresso por concurso,
aumento da
contratação precária
(62% em 2016)
SIAPEPCC ou
PGPETotal
1995 19.675 13.258 32.933 5.438 38.371 14,2
1996 9.927 3.388 13.315 7.490 20.805 36,0
1997 9.055 1.989 11.044 7.289 18.333 39,8
1998 7.815 1.892 9.707 6.441 16.148 39,9
1999 2.927 117 3.044 8.788 11.832 74,3
2000 1.524 67 1.591 10.438 12.029 86,8
2001 660 2 662 11.696 12.358 94,6
2002 30 0 30 13.160 13.190 99,8
2003 7.220 0 7.220 18.009 25.229 71,4
2004 16.121 544 16.665 15.583 32.248 48,3
2005 12.453 426 12.879 18.304 31.183 58,7
2006 22.112 1.650 23.762 16.515 40.277 41,0
2007 11.939 645 12.584 16.834 29.418 57,2
2008 19.360 332 19.692 21.970 41.662 52,7
2009 29.728 2.436 32.164 21.569 53.733 40,1
2010 36.600 2.949 39.549 31.655 71.204 44,5
2011 20.059 415 20.474 22.611 43.085 52,5
2012 20.171 567 20.738 24.753 45.491 54,4
2013 25.815 185 26.000 27.630 53.630 51,5
2014 33.477 635 34.112 8.754 42.866 20,4
2015 21.663 224 21.887 31.237 53.124 58,8
2016 20.813 531 21.344 34.095 55.439 61,5 62,3
1995-2016 349.144 32.252 381.396 380.259 761.655 49,9 54,5
Ingressos no serviço público federal, segundo a modalidade de ingresso (1995-2016)
Ano
Por Concurso Público Total (Concurso
Público +
Trabalho
Temporário)
Contratação por
tempo determinado
e atividade
temporária
Proporção de
temporários
sobre total
(%)
60,7
50,1
Proporção
média por
período
Ano Educação Saúde IBGE Outros Total
1995 4.724 0 0 714 5.438
1996 6.749 0 0 741 7.490
1997 5.872 0 1.413 4 7.289
1998 4.588 0 1.504 349 6.441
1999 5.061 1.946 1.066 715 8.788
2000 5.541 2.223 2.106 568 10.438
2001 5.006 2.095 2.628 1.967 11.696
2002 7.137 2.250 1.448 2.325 13.160
1995-2002 44.678 8.514 10.165 7.383 70.740
2003 6.923 2.365 1.487 7.234 18.009
2004 7.196 2.296 930 5.161 15.583
2005 7.073 2.475 1.778 6.978 18.304
2006 8.255 2.821 1.370 4.069 16.515
2007 8.647 2.860 1.490 3.837 16.834
2008 8.667 3.155 3.159 6.989 21.970
2009 7.998 3.335 2.683 7.553 21.569
2010 17.648 4.874 1.827 7.306 31.655
2011 8.478 5.368 3.576 5.189 22.611
2012 9.071 6.895 2.914 5.873 24.753
2013 9.611 9.203 3.951 4.865 27.630
2014 3.761 0 4.942 51 8.754
2015 8.589 1 5.767 13 14.370
2003-2015 111.917 45.648 35.874 65.118 258.557
1995-2015 156.595 54.162 46.039 72.501 329.297
Ingressos no serviço público federal - 1995-2015
Contratação por tempo determinado e atividade temporáriaQuadro 6A - Número médio anual de ingressos de contratados por
período, em cada área
Período Educação Saúde IBGE Outros Total
I (1995-2002) 5.585 1.064 1.271 923 8.843
II (2003-2015) 8.609 3.511 2.760 5.009 19.889
Numericamente, o ingresso de trabalho temporário no
serviço público federal se intensificou nos últimos anos.
1995-2002: ingressaram, em média, 8.843 trabalhadores
temporários;
2003-2015: média se ampliou para 19.298, mesmo
rebaixada devido ao contexto restritivo mais recente
(implicações sobre a redução do ritmo de inserção de
força de trabalho no SPF).
Em relação ao período anterior, o SPF brasileiro tem
absorvido um maior nº de trabalhadores submetidos a
formas menos protegidas e mais inseguras de
contratação.
2011 2012 2014
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 236 330 117
Ministério da Cultura 32 25 182
Ministério da Defesa 53 37 6
Ministério da Educação 9.443 11.892 12.357
Ministério da Fazenda 13 9 1
Ministério da Integração Nacional 37 30 10
Ministério da Justiça 118 98 57
Ministério da Previdência Social 44 21 10
Ministério da Saúde 2.740 3.014 3.099
Ministério das Cidades 62 47 19
Ministério das Comunicações 26 14 83
Ministério de Minas e Energia - - 6
Mniistério de Pesca e Aquicultura 109 89 21
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 27 21 9
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 94 107 145
Ministério do Meio Ambiente 3.078 3.218 613
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 3.666 4.222 4.125
Ministério do Turismo 64 52 27
Presidência da República 182 49 35
TOTAL 20.024 23.275 20.922
Elaboração própria
ÓRGÃOQUANTIDADE DE CONTRATADOS
Quantitativo de contratados temporários, por órgão, no âmbito do Poder Executivo Federal - SIAPE
(2011, 2012 e 2014)
Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - Secretaria de Gestão Pública - Portarias nº 1992/2012 e 156/2014
Dez/2015:
23.755 contratados
(expansão de 14% em
relação ao ano
anterior)
Planejamento: o contrato
temporário chega a representar, nos
últimos anos, quase 30% do total de
vínculos, por conta da situação atual
do IBGE;
Educação: pelo menos 5% do total
dos servidores
Construção de relações de forte
dependência deste formato mais
precário de trabalho
Total: 3 a 4%
Despesa anual com pessoal civil do Poder Executivo Federal por grupos de despesas - SIAPE (1997-2014)
(Em R$ milhões correntes)
Ano Total despesa* Desp. Ativos Desp. Temporários % total % ativos
1997 21.584,1 8.959,5 67,5 0,3 0,8
1998 22.708,9 9.584,4 0,0 0,0
1999 25.279,2 10.452,4 0,0 0,0
2000 28.337,1 12.301,4 0,0 0,0
2001 29.895,5 13.220,7 0,0 0,0
2002 34.190,0 15.348,5 173,6 0,5 1,1
2003 36.326,2 16.176,4 173,7 0,5 1,1
2004 42.269,9 19.500,1 222,7 0,5 1,1
2005 46.954,5 22.451,6 248,2 0,5 1,1
2006 52.245,4 26.418,1 293,4 0,6 1,1
2007 58.524,1 30.248,9 309,2 0,5 1,0
2008 66.454,6 30.848,6 336,5 0,5 0,9
2009 78.638,5 38.062,1 443,3 0,6 1,0
2010 89.149,0 43.472,8 470,7 0,5 1,0
2011 96.365,6 47.280,5 412,5 0,4 0,8
2012 100.277,7 48.540,7 532,2 0,5 1,0
2013 109.484,6 53.679,8 650,0 0,6 1,1
2014 118.486,3 58.831,6 687,8 0,6 1,2
Fonte: MP — Boletim Estatístico de Pessoal nº 225, janeiro/2015.
(*) Excluídas as empresas estatais
Elaboração própria.
Forma de contratação barata:
segundo MP, temporários
representam 3 a 4% do total
de servidores; mas as
despesas com essa forma de
contratação correspondem a
apenas 0,8% a 1,2% do total
das despesas com ativos.
-Serviços de Consultoria: 2004-2014: crescimento real de 261,4% (de R$ 152,1
milhões para R$ 549,6 milhões). Nos três anos analisados, os Ministérios que
mais despenderam recursos com consultoria foram o Ministério dos Transportes
(42,1%) e o Ministério da Integração Nacional (12,1%).
-Outros serviços de terceiros – pessoa física: crescimento real de 357,8% (de
R$ 524,7 milhões para R$ 1,9 bilhão). Em média, para os três anos, estes gastos
encontraram suas maiores proporções nos Ministérios da Educação (36,7%) e
da Defesa (32,4%).
Janeiro/2008: 12.349 estagiários; Maio/2015: 36.961 (+200%)
Transposição acrítica da lógica privada ao setor público
Reduzir custos com o trabalho
Facilidade na contratação e na dispensa de trabalhadores
Dimensão orçamentária: a maior parte desses gastos não é contabilizada como despesa com pessoal; sua contribuição para o incremento das informações sob restrição da LRF é ínfima
SPF: Saldo do período 1989-2015: redução do nº de servidores. Entre 1991 e 2016, estima-se que a população brasileira cresceu 40% (IBGE). Se em 1991 havia um servidor público federal para cada 245 habitantes, em 2016 essa proporção é de 1/335. Também houve queda do número de servidores em relação à PEA
Pelo menos a metade da força de trabalho que hoje ingressa na esfera federal é selecionada por meio de processos seletivos simplificados (contrato temporário) e está associada a vínculos precários de contratação, sem falar nas outras formas instáveis como a terceirização, o trabalho estágio e as consultorias
Variação real de 290% nas despesas com
terceirização (somente
locação de mão de obra e
outras despesas
decorrentes de contratos de
terceirização), no conjunto
dos Ministérios (incluindo a
Presidência da República e
suas Secretarias Especiais
vinculadas), que passaram
de R$ 1,7 bilhões para
R$ 6,6 bilhões. 0,00
1.000.000.000,00
2.000.000.000,00
3.000.000.000,00
4.000.000.000,00
5.000.000.000,00
6.000.000.000,00
7.000.000.000,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Total dos gastos diretos do governo federal com
terceirização (Elementos 37 + 34), nos diferentes
ministérios - 2004 a 2015 - em R$ constantes
2004-2015: momento de compromisso com o TCU de
frear as terceirizações (vários TACs).
As maiores proporções médias de despesas com terceirização, somados
dois elementos de despesa, foram encontradas em:
1) Ministério da Educação (26,7%);
2) Ministério da Saúde (17,2%);
3) Ministério da Previdência Social (9,7%);
4) Ministério da Fazenda (8,4%).
As maiores ampliações destas despesas, entre 2004 e 2015, foram
verificadas no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
na Presidência da República; no Ministério da Educação; e no Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP).
Critério mais amplo:
Média:
- Consultorias: 1,4%
- Outros PF: 5,4%
- Locação: 23,6%
- Outros PJ: 69,6%
Maior parcela de despesas em
2014 (Serviços de Terceiros PJ):
- Serviço de Apoio
Administrativo, Técnico e
Operacional (11%)
- Serviços de Proc. de
Dados/Serviços Técnicos
Profissionais de T.I. (9%)
- Serviços Técnicos
Profissionais (8%)
Revela-se, para cada uma dessas formas contratuais e na soma de todas elas,
a construção de uma dependência cada vez maior de vínculos menos
densos, orgânicos ou estáveis para o planejamento e a consecução dos
serviços públicos.
Movimentos contraditórios a partir de 2003. Porém, se o crescimento das
formas de contratação atípicas ou por prazo determinado teve pouca
expressão no mercado de trabalho privado, o mesmo não ocorreu no setor
público.
Saindo da esfera federal e passando a considerar todo o setor público
brasileiro, dados da RAIS permitem verificar uma ampliação de 1.743% nos
contratos “especiais” (passando de 18.529 para 493.830 contratos), com uma
intensificação desta forma de contratação posterior a 2003.
PRECARIZAÇÃO NO SPF: Desde o início dos anos 90, há no Brasil um processo ininterrupto, embora não linear, de desconstrução do que houve de avanços sociais inscritos na Constituição Federal de 1988, mesmo que por vezes se mantenha seu texto intocado. Pensando em uma perspectiva de democratização e aperfeiçoamento do Estado e da proteção social, vê-se que as mudanças foram em sentido contrário.
Ainda que nos anos mais recentes haja movimentos contraditórios em relação aos serviços públicos e aos servidores, esses não são capazes de representar um real avanço do papel do Estado na proteção social e nas relações de trabalho.
Lei de Responsabilidade Fiscal (2000): principal aspecto concreto, no campo legal, impulsionador da expansão da terceirização, bem como de outros formatos atípicos (superávit primário – dívida).
Crise política não paralisa o governo e o congresso = avalanche de contrarreformas.
Justificativa: ajuste fiscal. Objetivos: mais recursos para a dívida pública, enfraquecimento
dos trabalhadores e entidades representativas, abertura de novas fontes de lucro para o
capital pelo desmonte dos direitos, da proteção social e dos serviços públicos.
Medidas de “austeridade”, que foram adotadas já no governo Dilma, se aceleraram e
tomaram dimensão dramática e inédita (na rapidez e dimensão do desmonte):
PONTE PARA O ABISMO = PROGRAMA DA PATRONAL
Fundamentos: textos da CNI (101 Propostas para Modernização Trabalhista, 2012; Agenda
Legislativa da Indústria, 2014; Caminhos da Modernização Trabalhista, 2016) e da CNA
(Proposta da Bancada de Empregadores, 2016; Balanço 2016 e Perspectivas 2017)
PL 4302/1998 = terceirização irrestrita: PL resgatado, mais ousado que o de Cunha.
Terceirização assume sua face de mera intermediação de mão de obra = CRIME SOCIAL
(trabalho sem férias pela rotatividade, salários menores, jornadas maiores, mais
acidentes, etc)
PLC 38/17 = reforma trabalhista: desmonte da CLT (mais de 100 artigos). Formulações
da patronal embasam os argumentos do projeto e das emendas apresentadas e
acolhidas (negociado sobre o legislado, trabalho intermitente, trabalho remoto,
autônomo exclusivo sem vínculo, remuneração abaixo do piso ou do SM, grávidas e
lactantes em locais insalubres, corte no horário de almoço, nos tempos que compõem a
jornada, como alimentação, higiene e troca de uniforme, no pagamento do
deslocamento em difícil acesso, fim da homologação sindical, rescisão “por acordo”,
redução dos benefícios ao não contabilizar auxílios, prêmios e abonos no valor pago ao
INSS, relações contratuais individuais, restrição ao acesso da justiça) = FIM DO DIREITO
DO TRABALHO NO BRASIL
EC 95 (PEC 55 ou 241): congelamento das despesas primárias por 20 anos: consequências
sobre todos os entes federativos = aumento do trabalho precário em detrimento do efetivo,
cortes orçamentários, dispensa de servidores por vários métodos (PDV, redução de jornada
com redução de salário, licenças sem remuneração, etc.) = NA PRÁTICA, A MAIS AMPLA
REFORMA ADMINISTRATIVA JÁ FEITA
EC 93 (PEC 143/2015 e 31/2016): aumento da DRU para 30% (prorroga até 2023) e criação da
DREM = MORTE DO SUS, entre outras políticas públicas
LC 159/2017 (PLP 343/2017): rigoroso ajuste fiscal nos estados em troca de moratória no
pagamento da dívida dos estados à União (suspensão de liminares de 12 Estados admitindo
recálculo, juros simples, Lei 148/2014, Estados credores)
Lei 13341/2016: Reforma Administrativa, enxugamento do Estado
Lei 13334/2016: Privatizações: PPI (programa de parcerias de investimentos), concessões
Partiram das leis 8.212 e 8.213 de 1991
Nas últimas décadas, nos diferentes governos, houve uma série de contrarreformasprevidenciárias de diferentes dimensões, com foco tanto no regime geral quanto do regime próprio dos servidores públicos federais.
Mais importantes: EC 20/98, 41/2003, 47/2005, 70/2012; lei 12.618/12 (Funpresp); lei 13134/15 (trata, entre outras medidas, de alteraco es no seguro defeso, pensões).
Quebra da solidariedade intergeracional
PEC 287/2016 = nova contrarreforma da Previdência: Grande filé para o mercado
financeiro (previdência complementar). Desmonte sem precedentes. Aumenta
idade mínima para aposentadoria e subtrai direitos (estreita aposentadorias
especiais, institui regras mais rígidas nas pensões, reduz valor dos benefícios,
altera o tipo de financiamento). Inviabiliza a aposentadoria para a maior parte dos
brasileiros, o que se agrava com o aumento do desemprego e da informalidade
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
% d
e P
ob
res
Idade (em anos)
Com Transferências Previdenciárias Sem Transferências Previdenciárias
Linha de Pobreza Observada
Linha de Pobreza Estimada (Caso não houvesse transferências previdenciárias)
Fonte: PNAD/IBGE – 2014.
Elaboração: CGEPR/SPPS/MTPS.
Obs.: Foram considerados apenas os habitantes de domicílios onde todos os moradores declararam a integralidade de seus rendimentos.
* Linha de Pobreza = ½ salário mínimo.
Com a ampliação da cobertura e dos benefícios, a Previdência Social tem sido decisiva para a redução da pobreza no Brasil (2014)
Fonte: PNAD/IBGE – Vários anos.
Elaboração: CGEPR/SPPS/MTPS.
Obs.: Foram considerados apenas os habitantes de domicílios onde todos os moradores declararam a integralidade de seus rendimentos.
* Linha de Pobreza = ½ salário mínimo.
67,8% 67,9%
58,8% 57,7% 58,2%58,5%
60,6% 60,4% 60,2%
63,1%
60,3%57,9%
54,2%
52,1%
49,6%48,6%
45,1%
41,9%40,8%
37,6%
61,8% 62,5%
52,4% 51,5%51,8%50,2%
52,9%51,1% 50,6%
52,9%
50,1%
46,9%
42,4%40,4%
37,5%36,0%
32,3%
29,0%
27,8%
24,2%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Sem Transferência Previdenciária Com Transferência Previdenciária
Reforma da
previdência +
reforma trabalhista =
desemprego e
informalidade fará
com que as receitas
previdenciárias
crescer menos
rapidamente. Riscos
ao financiamento,
hoje superavitário, da
seguridade social.
Bom para os bancos,
ruim para os
trabalhadores.
R$ milhões
Resultado Seguridade (Com DRU e RPPS)* -257,005.4(+) DRU da Seguridade 91,737.8
Resultado Seguridade (Sem DRU e Com RPPS) -165,267.6
(-) Resultado RPPS -77,151.6
Resultado Seguridade (Sem DRU e Sem RPPS) -88,116.1(+) Renúncias Seguridade 147,209.2
Resultado Seguridade (Sem DRU, Sem RPPS e Sem Renúncias) 59,093.1
Fonte: *RREO Dez/2016, demais RREO Dez/2016 e DGT PLOA 2016
Em 2015, 60% das aposentadorias por idade concedidas foram para trabalhadores que na ochegaram aos 20 anos de contribuica o;
Em 2015, 79% dos aposentados por idade haviam contribui do por menos que os 25 anos que sera oexigidos pela reforma.
A mudanc a deve atingir principalmente os mais pobres que, em geral, contribuem por menostempo, pois costumam ser mais sujeitos ao trabalho informal.
Valor me dio do benefi cio: R$890,00.
Aposentadoria por idade e predominante nos Estados mais pobres do pais.
Em média, um cidadão brasileiro contribuiu 9,1 meses em um ano em 2014, devido a informalidade e rotatividade. Com essa média, o brasileiro precisaria de no mínimo:
180 contribuições (regra atual): 19,8 anos
300 contribuições (regra Temer): 33 anos
¼ dos segurados não conseguira completar os 25 anos de contribuição, mesmo tendo alcançado 65 anos e trabalhado por 49 anos. (Fonte: DIEESE)
R$ 1,13 TRILHÃO
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
Orçamento Geral da União - Gastos selecionados (R$ milhões)
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - SIAFI. Inclui a rolagem, ou “refinanciamento” da Dívida, pois a CPI
da Dívida constatou que boa parte dos juros são contabilizados como tal.
Juros e amortizações da dívida
Previdência e
Assistência SocialPessoal e
Encargos Sociais
Saúde e Saneamento
Educação e Cultura
Fiscal: romper com o pagamento da dívida a partir de auditoria; combater a sonegação de impostos e acabar com as isenções fiscais; taxar as grandes fortunas e heranças; tributação progressiva (rebaixar impostos para os trabalhadores e pobres, aumentá-los para os que tem ampla capacidade de contribuir mais); ampliar os gastos sociais, impactando positivamente sobre ó emprego, a renda disponível e toda a economia
Monetária: reduzir os juros (mais altos do planeta); baratear a inflação de alimentos com incentivos à agricultura familiar e a formação de mecanismos públicos amplos de estocagem e regulação de preços agrícolas
Cambial: regular a taxa de câmbio
Investimentos: reativar a economia com investimentos públicos que atendam à carência de bens e serviços públicos e infraestrutura social (estímulo ao crescimento do emprego, da renda e da arrecadação)
Comercial: rejeitar as exigências dos órgãos e acordos de comércio internacional, protegendo a economia interna
Direitos: anular todas as contrarreformas e implementar reformas (agrária, urbana, mundo do trabalho, etc) que ampliem direitos e proteção social
Bibliografia de apoio:
MAGNI, Ana Carla (2016). Flexibilização e precarização nos serviços públicos: o
caso do IBGE. Dissertação de Mestrado - Instituto de Economia – UNICAMP.
Sobre o assunto, recomenda-se consultar a elaboração de:
IFCH-UNICAMP (Ricardo Antunes, Paula Marcelino, Savio Cavalcante, etc.)
IE-UNICAMP (CESIT, NEPP, CECON)
DIEESE; DIAP; ANFIP; Auditoria Cidadã da Dívida
Outros pesquisadores (Graça Druck, Jorge Souto Maior, Ricardo Antunes, Ruy Braga, etc)
Canais e vídeos no YouTube:
GRUPO DE PESQUISA TRABALHO, CONSTITUIÇÃO E CIDADANIA
TV TST – Audiência Pública Terceirização
Audiências públicas sobre PEC 95, .....................