Análise e criação: flo menezes do métier à invenção.

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Análise e criação:

flo menezes

do métier à invenção

Criar bem em composição, ou simplesmente compor bem, implica

basicamente ser possuidor de três coisas, mensuráveis científicamente:

talento musical:saber entoar umtrítono em menos

de 1”

capacidade de invenção:

saber evocar a sensação do

Novo

neurose compulsiva

(Zwangsneurose, na terminologia

freudiana):lavar as mãos

mais de 10 vezes ao dia e

trabalhar obstinadamente

métier= responsabilidade

=responder pelo Velho e pelo

Novo:disciplina

=saber reler o Velho pelo Novo,

respeitar o Novo no Velho,desconfiar do Velho no Novo

retrabalhar o já trabalhado,desconfiar do já atingido,

desafiar o próprio cansaço

domínio técnico-musical,destreza de escritura

talento musical:saber entoar umtrítono em menos

de 1”

capacidade de invenção:

saber evocar a sensação do

Novo

neurose compulsiva

(Zwangsneurose, na terminologia

freudiana):lavar as mãos

mais de 10 vezes ao dia e

trabalhar obstinadamente

métier= responsabilidade

=responder pelo Velho e pelo

Novo:disciplina

=saber reler o Velho pelo Novo,

respeitar o Novo no Velho,desconfiar do Velho no Novo

retrabalhar o já trabalhado,desconfiar do já atingido,

desafiar o próprio cansaço

domínio técnico-musical,destreza de escritura

É possível, então, ensinar composição?????

Se sim, em que medida???

talento, ou se tem, ou não se

tem!neurótico, ou se é, ou não se é!

???

A capacidade de invenção também não se ensina,

mas a responsabilidade diante da História com H maiúsculo, diretamente implicada pelo

intuito que norteia a invenção, esta, pode-se ensinar através da...

ANÁLISE

“Analyse was das Fundament von Weberns Unterricht: Formanalyse und Kompositionsunterricht gingen bei ihm

Hand in Hand”Neil Boynton in: Anton WEBERN, Über musikalische Formen, Schott /

Paul Sacher Stiftung, Mainz, 2002, p. 23

“Ich denke an ‚Formanalysen‘ (als Kompositionsunterricht) und möchte auch Werke von Dir analysieren...”

Anton Webern em carta a A. Schönberg do outuno europeu de 1928, in: A. WEBERN, idem, p. 43” (itálicos de Webern; grifos de Menezes)

“Mon auditeur aura la possibilité d’entendre la musique différemment:

d’une façon s’il arrive à repérer les références, d’une autre façon s’il ne les

connaît pas”Luciano Berio apud Ivanka STOÏANOVA, Luciano Berio – Chemins en Musique,

La Revue Musicale 375-7, Éditions Richard-Masse, Paris, 1985, p. 17

“Primeiro eu acho, depois eu procuro”

Pablo Picasso apud Amnesia Flo Menezensis annum 47,despágina ∞π, ca. -10 anos-luz/sombra

duas linhas-de-força da análise musical:

detecção especulação=

constatatória

=ela mesmainventiva

passivaativa

ouve-se lá o quelá há para se

ouvir

ouve-se lá o quea partir de lápode-se ouvir

processo direcional alargamento do registro

talento musical capacidade de invenção

neurose compulsiva

Conclusões: a atividade analítica (não a análise propriamente dita) assume as seguintes funções quanto

àstrês condições sine quae non da composição:

função de teste(exercício auditivo)

função de cura(psicanálise)

função reflexiva(ampliação do conhecimento)

= função a ser assumida pelo professor de

percepção, não de composição!

= função a ser assumida pelo

psicanalista, que provavelmente

acabará com um potencial

compositor!

= esta sim a função a ser

assumida, com gozo pleno, pelo

professor de composição!!!

... pois como dizia Freud ...

“Nur die Neuheit kann die Bedingung des Genusses sein”

(ainda que se reportando às especulações sexuais infantis)

“Apenas a Novidade pode constituir a condição do prazer”

Exemplos sonoros:

• Beethoven: Transfigurações Diabelli

• Stravinsky: Le Sacre du Printemps

• Beethoven: Sonata op. 31, n. 3

Arrivederci, amici neurotici!