Post on 25-Nov-2018
UniSALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Fisioterapia
Lara Leal da Costa
Saulo de Souza Soares
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM
DIFERENTES SETORES DE UM
SUPERMERCADO
LINS – SP
2017
LARA LEAL DA COSTA
SAULO DE SOUZA SOARES
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM DIFERENTES SETORES DE
UM SUPERMERCADO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Fisioterapia sob a orientação do Prof. Me Marco Aurélio Schiavon Gabanela e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2017
Costa, Lara Leal; Soares, Saulo de Souza Análise ergonômica do trabalho em diferentes setores de um supermercado / Lara Leal da Costa; Saulo de Souza Soares. – Lins, 2017.
71 p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Fisioterapia, 2017.
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Marco Aurélio Schiavon Gabanela
1.Saúde do Trabalhador. 2. Ergonomia 3. Ferramentas
Ergonômicas. 4. Postura. I Título.
CDU 615.8
C873a
LARA LEAL DA COSTA
SAULO DE SOUZA SOARES
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM DIFERENTES SETORES DE
UM SUPERMERCADO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.
Aprovada em: _____/______/_______
Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Marco Aurelio Gabanela Schiavon
Titulação: Mestre em Ensino em Saúde – Faculdade de Medicina de Marília.
Assinatura: _____________________________________
Prof. Antonio Henrique Semençato Júnior
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _____________________________________
Profª Bárbara Fiori Brandão
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _____________________________________
Dedico este trabalho a minha família que acreditou em mim e ao meu
parceiro de pesquisa, que estiveram comigo nos momentos mais difíceis me
amparando, apoiando e me passando confiança. Aos meus amigos que sempre
me motivaram e me incentivaram, e que de uma certa forma me ajudaram neste
trabalho. Amo vocês e obrigada!
Lara Leal da Costa
Minha eterna gratidão a Deus, quero dedicar esse trabalho aos meus pais,
e a minha família que sempre estiveram do meu lado em minhas decisões, a
minha parceira Lara Leal e ao Supermercado pela imensa cooperação, e
confiança em nosso trabalho.
Saulo de Souza Soares
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por iluminar meu caminho,
me proteger, dar força para sempre continuar e nunca desistir, serenidade,
confiança, e por me amparar, nunca me abandonar. Pela minha vida, saúde e
sabedoria, e por ter me proporcionado tantas coisas boas.
Aos meus pais por sempre ter escolhido o melhor para mim. Me
incentivado estudar, pelos princípios e valores que carrego até hoje comigo e
pelos puxões de orelhas que foram necessários (as vezes) rs. Se hoje estou
concluído mais uma etapa da minha vida são graças a vocês.
A minha irmã que me auxilio na pesquisa através de opiniões e sugestões.
Por ter comprido seu papel de irmã da melhor maneira possível, fique tranquila
Jesus está vendo rs.
Aos tios e tias, primos e cunhado pela força, amor, afeto e apoio moral no
decorrer da pesquisa.
A universidade e aos professores que forram de grande importância na
minha formação profissional e pessoal.
Ao meu orientador obrigado pela paciência, confiança, competência
profissional, por acreditar no trabalho, dedicação, pelos os conhecimentos
passados e puxões de orelha.
Ao meu parceiro de TCC que acreditou no trabalho e ajudou bastante.
Obrigado pelos momentos compartilhados, paciência e dedicação.
Aos colaboradores do Supermercado pela disposição, comprometimento
dedicação, pela recepção calorosa, compressão e participação ativa do trabalho.
Muito obrigado a todos foi de grande importância para mim a realização do
trabalho uma oportunidade única e satisfatória que agregou muito conhecimento.
Lara Leal da Costa
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer a Deus acima de tudo, que
iluminou meu caminho, me dando coragem, força e fé, e o que me fez crescer
durante essa jornada, aos meus pais por cada suor derramado, a cada
ensinamento, altos e baixos que passamos juntos durante todos os anos da
minha vida, que idealizaram esse sonho junto comigo e nunca desistiram de
mim, eles mudaram a minha história, a cada joelho dobrado em orações
constantes, a cada choro sem motivo que minha mãe suportava em minhas
ligações para ela, quando eu não ia bem em uma prova, quando se desesperava
de medo de reprovar, e eles ali me incentivando, me lembro quando fui fazer a
matricula, não sabíamos nem como íamos pagar, pensei em desistir, minha mãe
trabalhando, eu fui no serviço dela e ela me disse, vai que vai dá certo, pois bem,
sem vocês nada disso seria possível, a minha família que mantiveram me
incentivando em todo momento, tios e primos, a minha vó que sempre me coloca
em suas orações, me protege e a admiro muito, ao meu irmão que durante essa
jornada passou por momentos difíceis de saúde e renasceu outra vez, a minha
cunhada Sandra pelos incentivos, pelas sabias conversas, a minha amiga de
infância Geovana Regassini, que iniciou essa jornada junto comigo, me trouxe
para a fisioterapia na verdade, e sempre foi minha confidente, as pessoas que
conheci durante esses anos que me incentivavam a nunca desistir e me
colocavam para cima, sempre que pensava em desistir ou sentia medo,
agradeço a Deus mais uma vez por tudo o que passei, sim por tudo mesmo, não
foram anos fáceis, foram 6 anos, onde precisei abandonar a faculdade para
seguir outro caminho, e foi a fase mais precisa até hoje, onde tudo foi se
encaixando logo em seguida com a graça de Deus eu pude enfrentar o mundo
de outra forma, e amadurecer .
Meus agradecimentos é resumido em gratidão eterna, a cada vivência
durante o ano acadêmico os funcionários do unisalesiano, aos professores, aos
pacientes incríveis que sempre mantiveram uma paciência, confiança em nós, é
uma formação jamais esquecida, a minha parceira de TCC Lara Leal, pelo
convite feito ainda nas férias, pela responsabilidade e comprometimento com
cada detalhe, as noites mal dormidas por causa do TCC, muito obrigado.
Saulo de Souza Soares
RESUMO
Com os avanços tecnológicos, são exigidos dispositivos mais modernos, sincronizados para multitarefas, de baixo custo e com maior performance, deixando de oferecer condições de conforto ou segurança, resulta em indisposição, desmotivação e postura incorreta do funcionário, interferindo diretamente na queda de seu rendimento, acarretando lesões e afastamentos decorrente do posto de trabalho. A ergonomia trouxe um novo conceito para as empresas, por meio do qual podem buscar um auxílio sem perder a produtividade, melhorando as condições de trabalho já existentes, introduzindo conhecimento ao homem sobre o serviço através de treinamentos, conscientização, entre outros. Acredita-se que as atividades exercidas em um supermercado podem apresentar sobrecarga física e postura incorreta. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar diversos postos de trabalho e apresentar melhorias para a vida do trabalhador. Este estudo trata de uma pesquisa de campo de caráter quantitativa. Para isso foram utilizadas dois tipos de ferramentas ergonômicas: a primeira um questionário de censo de ergonomia e a análise ergonômica do trabalho, por meio da ferramenta RULA (Rapid Upper Limb Assessment). Para a realização do questionário e a análise ergonômica, foram coletados os dados de 31 colaboradores de um supermercado distribuídos em diversos setores. Os resultados mostraram que dos entrevistados 93,5% apresentaram queixas dolorosas. Desses, 89,65% relacionaram as dores com o trabalho, com relação a prevalência de dor, 55% apresentaram dor no ombro, enquanto 52%, dor na coluna, foram os principais locais apresentados. Com relação à análise ergonômica pela ferramenta RULA, pode-se observar que a maioria dos setores apresentou risco com necessidade de intervenção rápida ou imediata, mostrando que existe uma relação de causalidade entre o posto de trabalho e as queixas apresentadas. Alguns setores ainda apresentaram todos os postos de trabalho com máxima pontuação e risco, como foi o caso do açougue, repositores, limpeza e hortifrúti. Após a realização da pesquisa, pode-se concluir que o censo de ergonomia mostrou uma realidade da empresa e que a ferramenta de análise se mostrou muito eficiente para mapear os riscos ergonômicos apresentados. É necessário, agora, que a empresa coloque em prática as propostas de intervenção que foram traçadas, a fim de que os riscos ergonômicos sejam eliminados.
Palavras-chave: Saúde do Trabalhador. Ergonomia. Ferramentas Ergonômicas. Postura.
ABSTRACT
With technological advances, more modern devices are required, synchronized for multitasks, of low cost and with greater performance, being no longer to offer conditions of comfort or security, result in an indisposition, demotivation and incorrect posture of the employee, interfering directly in the fall of his performance, resulting in injuries and withdrawals from the job. Ergonomics has brought a new concept for companies, through which they can seek help without losing productivity, improving existing working conditions, introducing knowledge about service through training, awareness, among others. It is believed that the activities carried out in a supermarket may present physical overload and incorrect posture. Thus, the present study aims to analyze several jobs and present improvements to the worker's life. This study deals with a quantitative field research. For this, two types of ergonomic tools were used: the first an ergonomic census questionnaire and the ergonomic analysis of the work, through the RULA (Rapid Upper Limb Assessment) tool. For the accomplishment of the questionnaire and the ergonomic analysis, the data of 31 employees of a supermarket distributed in several sectors were collected. The results showed that 93.5% of the interviewees had painful complaints. Of these, 89.65% related pain with work, in relation to the prevalence of pain, 55% presented shoulder pain, while 52%, pain in the spine, were the most reported. Regarding the ergonomic analysis by the RULA tool, it can be observed that most of the sectors presented a risk with the need for rapid or immediate intervention, showing that there is a causal relationship between the job and the complaints presented. Some sectors still presented all the jobs with maximum score and risk, as was the case of butchers, repositories, cleaning and fruits and vegetables sector. After conducting the research, it can be concluded that the ergonomics census showed a reality of the company and that the analysis tool was very efficient to map the presented ergonomic risks. It is now necessary for the company to implement the intervention proposals that have been drawn up so that the ergonomic risks are eliminated.
Key words: Worker's Health. Ergonomics. Ergonomic tools. Posture.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: As seis áreas metodológicas da Biomecânica Ocupacional .............. 24
Figura 2: A resposta do organismo as condições de trabalho e estímulos ....... 25
Figura 3: Doenças crônicas não transmissíveis ................................................ 31
Figura 4: As principais doenças com maior número de pessoas referente a__
encargo de trabalho em 2013 ........................................................................... 32
Figura 5: Número de acidentes de trabalho em abril de 2016 comparando com__
o ano de 2015 ................................................................................................... 33
Figura 6: Pontuação do risco do método RULA ................................................ 38
Figura 7: Interior do supermercado ................................................................... 39
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo,__
relacionadas ao trabalho ................................................................................... 27
Quadro 2: As posições e movimentos realizados no trabalho que proporcionam_.
alterações nos tecidos e evolução para distúrbios e lesões ............................. 29
Quadro 3: Os riscos ergonômicos encontrados em diversas áreas de um__
açougue de Supermercado ............................................................................... 35
Quadro 4: Os riscos ergonômicos encontrados em diversas áreas de uma__
padaria de Supermercado ................................................................................ 35
Quadro 5: Os riscos ergonômicos encontrados em diversas áreas de um__
depósito e área externa de Supermercado ....................................................... 37
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Queixas de desconforto e relação com o trabalho .......................... 41
Gráfico 2: Queixas por regiões do corpo ......................................................... 41
Gráfico 3: Tempo que sente desconforto ......................................................... 42
Gráfico 4: Caracterização do desconforto ........................................................ 42
Gráfico 5: Intensidade do desconforto ............................................................. 43
Gráfico 6: Período em que o desconforto aumenta ......................................... 43
Gráfico 7: Período em que o desconforto melhora com repouso ...................... 44
Gráfico 8: Tem usado medicação para trabalhar ............................................. 44
Gráfico 9: Fizeram tratamento médico osteomuscular ...................................... 45
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Pontuação RULA, por setor administrativo ....................................... 46
Tabela 2: Pontuação RULA, por setor check out – (caixa) ............................... 46
Tabela 3: Pontuação RULA, por setor hortifrúti ................................................ 47
Tabela 4: Pontuação RULA, por setor padaria ................................................. 47
Tabela 5: Pontuação RULA, por setor açougue ............................................... 48
Tabela 6: Pontuação RULA, por setor repositores............................................ 48
Tabela 7: Pontuação RULA, por setor limpeza ................................................. 49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BO: Biomecânica Ocupacional
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa
CEREST: Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador
DO: Doenças Ocupacionais
DORT: Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS: Instituto Nacional do Seguro Desemprego
LER: Lesões por Esforço Repetitivo
LMR: Lesão do Manguito Rotador
NR: Norma Regulamentadora
OIT: Organização Internacional do Trabalho
PNS: Pesquisa Nacional em Saúde
RULA: Rapid Upper Limb Assessment (Avaliação Rápida dos Membros
Superiores)
SINAN: Sistema de Informações de Agravos de Notificações
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
CAPÍTULO I – ERGONOMIA ........................................................................... 15
1 HISTÓRICO DA ERGONOMIA ..................................................................... 15
1.1 Conceito ...................................................................................................... 16
1.2 Tipos de ergonomia .................................................................................... 18
1.3 Benefícios ................................................................................................... 18
1.4 Postura no trabalho ..................................................................................... 19
CAPÍTULO II – DOENÇAS OCUPACIONAIS .................................................. 22
1 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL .................................................................. 23
1.1 LER/DORT .................................................................................................. 24
1.2 Formas de aparecimento ............................................................................ 26
1.3 Epidemiologia ............................................................................................ 28
1.4 Estatística ................................................................................................... 30
1.5 Lesões em supermercado........................................................................... 33
CAPÍTULO III – A PESQUISA .......................................................................... 38
1 METODOLOGIA ............................................................................................ 38
1.1 O supermercado ......................................................................................... 39
1.2 Técnicas...................................................................................................... 39
2 RESULTADOS .............................................................................................. 40
2.1 Censo de ergonomia ................................................................................... 40
2.2 Análise ergonômica dos setores (RULA) .................................................... 45
2.2.1 Administração .......................................................................................... 45
2.2.2 Operador de check out - (caixa) .............................................................. 46
2.2.3 Hortifrúti ................................................................................................... 47
2.2.4 Padaria..................................................................................................... 47
2.2.5 Açougue ................................................................................................... 48
2.2.6 Repositores .............................................................................................. 48
2.2.7 Limpeza ................................................................................................... 48
3 DISCUSSÃO .................................................................................................. 49
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 52
CONCLUSÃO ................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 54
APÊNDICES ..................................................................................................... 60
ANEXOS ........................................................................................................... 64
13
INTRODUÇÃO
A ergonomia se caracteriza a partir da adaptação de um objeto para seu
próprio manuseio. Ou seja, a ergonomia tem como objetivo adaptar e estudar os
postos de trabalho para o trabalhador e também a atividade de produção, com a
finalidade de promover saúde nos postos de trabalho, conforto, proteção,
efetividade, prevenção de lesões e doenças no trabalho (IIDA, 2005).
Segundo Abrantes (2004), é muito importante orientar os trabalhadores
sobre as posições adquiridas na realização do trabalho, pois após um tempo
chega-se à acomodação das estruturas trazendo riscos à saúde, prejuízos e
diminuindo sua produção. Quando a postura não enquadra com os padrões
exigidos assegurando segurança e bom desempenho, são necessárias
mudanças, nas ferramentas, na realização e modo de execução das atividades
(COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007).
As posturas, manuseios incorretos e tempo prolongado numa
determinada posição adotada pelos funcionários predispõem a doenças e danos
à saúde, levando a atitudes corporais antálgicas, piorando o quadro do indivíduo.
O organismo, no início do estresse, manda informações através de dor com o
objetivo de proteger o local como um pedido de descanso e repouso. Caso este
sinal não seja respeitado, este estresse evolui para um caso crônico,
posteriormente avançando para incapacidades e perda da função (RANNEY,
2000).
Se tratando das Lesões por Esforço Repetitivo (LER), atual DORT – Distúrbio Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, as mesmas foram reconhecidas como doença ocupacional pela Previdência Social e atualmente são a 2º causa de afastamento do trabalho no Brasil (ABRANTES, 2004, p. 11).
Deste modo, a fisioterapia e a ergonomia têm um papel importante na
preservação da saúde e qualidade de vida do funcionário, sem perder a mão de
obra através da assistência e reabilitação (FERREIRA; SHIMANO; FONSECA,
2009).
Diante disso, surgiu a pergunta: A análise ergonômica do trabalho pode
demonstrar soluções para os problemas averiguados em diversos postos de
trabalho de um supermercado?
14
É muito importante destacar a necessidade da orientação aos trabalhadores, passando para os mesmos o porquê de se fazer o esforço da forma correta, considerando-se então as más práticas como não conformidade e, portanto, sujeita às devidas medidas administrativas de correção de desempenho (COUTO, 2007, p.27).
Acredita-se que, por meio do levantamento dos dados observados através
da análise ergonômica, esclarecimento de dúvidas e informações com relação
aos problemas apresentados, podendo a fisioterapia oferecer métodos e
ferramentas para minimizar e reestabelecer disfunções dos postos de trabalho,
através da análise ergonômica.
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar diversos
postos de trabalho e apresentar melhorias para a vida do trabalhador, baseando-
se em resultados obtidos no questionário de censo de ergonomia e na análise
ergonômica do trabalho por meio da ferramenta RULA.
O primeiro capítulo contém os conceitos, a história e a aplicabilidade da
ergonomia. O segundo, busca expor a formas e meios da doenças ocupacionais
e a estatística no Brasil. O terceiro capítulo expõe os resultados obtidos através
da pesquisa, os métodos e técnica. Após, vêm a discussão comparando os
resultados de outras pesquisas com a do estudo, a proposta de intervenção com
meios para melhorar a saúde do trabalho e as conclusões finais.
15
CAPÍTULO I
ERGONOMIA
1 HISTÓRICO DA ERGONOMIA
Segundo Nascimento e Moraes (2000), acredita-se que a ergonomia vem
desde os tempos pré-históricos, quando os seres humanos daquela época,
independentemente de conhecimentos e com uma crescente capacidade de
raciocínio, realizavam a escolha e uma adaptação de um artifício natural para
seu próprio manuseio, durante suas atividades diárias, como o ato de caçar,
cortar, entre outros.
Em meados do século XIX, surgiu um grande crescimento de
maquinários, trabalhos que exigiam mais do corpo humano, incluindo as
crianças, sendo que, importava-se mais com a produtividade. A jornada de
trabalho chegava 16 horas! Um médico, chamado Backer, recomendou que
fosse feito uma investigação criteriosa, em relação ao impacto do trabalho sobre
a saúde do trabalhador. Essa investigação disseminou-se para outros países
(PEREIRA, 2001).
De maneira histórica, a primeira menção sobre ergonomia foi durante o
ano de 1857, publicado por um professor polonês, chamado W. Jastrzebowski
do Instituto Agronômico de Varsóvia. A matéria chamada “Ensaios de
ergonomia, ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre
a natureza”. A expressão ergonomia vem do grego: ergo significa trabalho, e
nomo regras, significando a expressão, estudo das leis do trabalho (ABRANTES,
2004).
Há 27 séculos, o poeta grego Hesíodo escreveu os versos do Erga (Os Trabalhos e os Dias). Naquela obra, Érgon é enaltecido como o trabalho relacionado a subsistência e dignificação do homem. Pónos, um dos males que sai da jarra de Pandora, é o trabalho árduo, fatigante, que humilha o homem. Foi na raiz grega érgon que se inspirou o engenheiro inglês Murrel para, em 1949, cunhar o termo ergonomia, para significar o estudo sistemático do trabalho tendo como referência o bem estar do homem (OLIVEIRA e COLS., 1998, p. 125).
16
Ao oposto de muitas outras ciências, que perdem suas origens durante o
tempo, a ergonomia se oficializou em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, quando
um grupo de cientistas e pesquisadores reuniram-se, a fim de debater e
oficializar a efetividade dessa nova especialidade interdisciplinar da ciência e,
em uma segunda reunião, realizada em 16 de fevereiro de 1950, foi apresentada
uma modernização da ergonomia (IIDA, 2005).
A ergonomia passou a ter relevância a partir da década de 1950, com a
fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra. Inúmeros
pesquisadores pioneiros, adjuntos a esse grupo, começaram a expandir seus
conhecimentos, tendo em vista sua aplicação industrial, e a ergonomia passou
a ser aplicada nos principais países europeus, suprindo velhas intitulações,
como fisiologia do trabalho e psicologia do trabalho (IIDA, 2005).
No período do século XX, Frederick Winslow Taylor, apresentou uma
técnica administrativa intitulada: administração científica. Paralelamente outros
estudos foram aparecendo, como um denominado engenharia de métodos, e
Henry Ford apresentou três aperfeiçoamentos relacionados à produção: a linha
de produção, o ritmo do trabalho ditado pela máquina e a produção em série, os
quais não apresentaram resultados positivos, e sim desencadearam uma série
de outros problemas, pois o trabalhador em uma posição estática terá sérios
danos em seu corpo (COUTO, 1995).
Nos tempos atuais, vem-se valorizando mais a saúde do trabalhador,
atendendo as características de cada um, em relação ao seu posto de trabalho
exercido, adotando um sistema autônomo, promovendo conhecimento, dando
maior conforto à execução do trabalho exercido, com cargas horárias mais
inferiores, respeitando a individualidade do trabalhador. Em assim sendo, os
resultados serão, seguramente, melhores (IIDA, 2005).
1.1 Conceito
A inspeção criteriosa da movimentação funcional é a chave principal da
ergonomia, para que se possa proporcionar ao trabalhador uma melhor
adequação física preventiva e produtiva, em relação ao seu posto de trabalho,
possibilitando um melhor método para que ele o execute (OLIVEIRA e COLS.,
1998).
17
A ergonomia é uma ciência que visa à habituação e prevenção à saúde,
levando-se em conta as características do homem ao trabalho, com uma
interpretação extensa, não relacionada somente com maquinários ou outras
ferramentas, mas sim ao envolvimento entre o homem e a suas ocupações, que
também devem apresentar resultados positivos como trabalhador, realizando
uma transmissão de conhecimentos antes, durante e após haver a execução do
trabalho. A finalidade é que se alcance o objetivo almejado, com uma equipe
multidisciplinar, no sistema homem-máquina-ambiente (IIDA, 2005).
Usada de forma mais condizente, a ergonomia por meio de
conhecimentos como a fisiologia, psicologia, antropometria e biomecânica,
promove uma melhor adequação para execução de um excelente desempenho
do trabalhador em seu posto de trabalho (PEREIRA, 2001).
A Ergonomia pode ser aplicada em todos os locais; no trabalho, em qualquer posto de trabalho; em todos os cômodos das residências; em todos os ambientes da escola; em vias públicas e transportes e em qualquer outro ambiente em que o homem esteja presente (PEREIRA, 2001, p.45).
A ciência da ergonomia é bastante abundante, antes era voltada somente
as indústrias. Em seguida, na agricultura, mineração e, hoje em dia, expandiu-
se para todos os locais possíveis, reivindicando conhecimentos tecnológicos,
organizacionais, econômicos e sociais (ABRANTES, 2004).
A Associação Brasileira delimita a ergonomia também como ciência,
relacionada ao ser humano com a tecnologia e o ambiente, promovendo saúde
do trabalhador, desempenhando suas funções de forma produtiva e segura.
Concedendo ao praticante ergonomista a responsabilidade e compromisso
desse planejamento, desenvolvendo planos de ergonomia física, cognitiva e
organizacional, tanto preventivo entre o homem e seu ambiente de trabalho,
quanto resultantes de diminuição de fadiga, estresse, acidentes, entre outras
decorrências que podem acontecer, priorizando sempre a saúde, segurança e
satisfação do trabalhador (IIDA, 2005).
A norma regulamentadora NR17, voltada para ergonomia, prioriza as
medidas relacionadas às características psicofisiológicas do trabalhador,
considerando o bem-estar e ótimo desempenho do trabalhador (BRASIL, 1977).
18
1.2 Tipos de ergonomia
De acordo com Abrantes (2004), a ergonomia atua em vários lugares
estuda e analisa, ou seja, onde o trabalhador estiver, ela se fará presente. Divide-
se em 3 tipos, sendo: ergonomia de correção, de concepção e de
conscientização. A ergonomia de correção caracteriza-se pela reparação mínima
nos postos de trabalho, ações moderadas. A ergonomia de concepção procura
implantar informações necessárias para os funcionários sobre todo o ambiente
de trabalho. A ergonomia de conscientização busca a manutenção e capacitação
dos trabalhadores para as atividades a serem realizadas.
Ergonomia de Conscientização informação, treinamento e capacitação. Geralmente através de palestras, cursos e orientações individuais. Ergonomia de Correção é realizada a partir de uma situação de referência já existe, com investimentos em adaptações e pequenas mudanças, com consequente custo menor. É a ergonomia mais pratica, devido a possibilidade de alterações mais rápidas e de facial acesso devido ao custo. Ergonomia de Concepção está etapa é o sonho dos ergonomistas, quando abordando uma empresa com muitas alterações a serem feitas sob vários aspectos, poder sofrer mudanças radicais, criando novos conceitos, desde a localização, lay out, iluminação, cores, som, equipamentos, etc. Procura avaliar para interferir os aspectos: homem, a máquina, ambiente, informação, organização e consequências do trabalho (BAÚ, 2002 p. 127).
Segundo Iida (2005), a ergonomia de concepção é realizada durante o
projeto do produto. A ergonomia de correção empregada em condições efetivas,
para se estabelecer a segurança, em relação à fadiga, doença do trabalhador ou
quantidade e qualidade geração do produto. A ergonomia de conscientização
procura instruir o trabalhador, a discernir e corrigir os problemas durante sua
rotina de trabalho. A ergonomia de participação: inclui o trabalhador na resolução
das atribulações ergonômicas, de forma mais participante.
Conforme Oliveira e Cols. (1998), a ergonomia de concepção está mais
voltada para as exigência e carência do trabalho, focando mais na insuficiência
do indivíduo, bem como seu bem-estar.
1.3 Benefícios
19
A ergonomia só é bem aceita quando consegue apresentar um custo-
benefício a empresa economicamente. Os benefícios com o projeto proposto,
calcula a economia de material, mão-de-obra e energia, reduz os acidentes,
descarta a necessidade de monitorando contínuo, aumenta a qualidade e a
produtividade e resulta em economia. Um exemplo deste benefício pode ser
evidenciado através de uma simples palestra, que gera um aumento de 10% na
produção e traz um rápido retorno financeiro que, geralmente, obtêm-se em 5
anos (IIDA, 2005).
A ergonomia agrega conhecimento ao trabalhador, motiva-o, proporciona-
lhe conforto, integração entre o grupo de trabalhadores, segurança e
desempenho, assegurando o pleno funcionamento humano em seu local de
trabalho (IIDA, 2005).
Segundo Pereira (2001, p.32), pode-se esperar da ergonomia “menos
gastos por absenteísmo, maior produtividade, menos lesões, melhoria da
qualidade de vida no trabalho e comprimento da legislação, evitando multas”,
sendo uma aquisição de resposta através dos resultados, pela queda dos gastos
e aumento do lucro.
De acordo com Vieira (1997), a ergonomia proporciona benefícios à
empresa, adotando soluções para as dificuldades encontradas, bem-estar
humano, proporcionando um bom ambiente e a produtividade do trabalho,
objetivando a saúde e a segurança dos trabalhadores.
Conforme Couto (1995), a ergonomia cria padrões novos para os
problemas encontrados, realizando adequações nos postos de trabalho com a
finalidade de diminuir os riscos ergonômicos e melhorar o trabalho,
apresentando inovações, informação sobre a qualidade do serviço, durante o
processo, gerando pontos positivos e importantes para as empresas.
1.4 Postura no trabalho
Abrantes (2004) considera a postura um fator importante nas empresas,
uma vez que depois de um certo tempo de acômodo em um cargo, o trabalhador
adota uns padrões irregulares, deixando de apresentar produtividade. Quando
se criam os postos de trabalho, não se pensa nas características dos
trabalhadores, fato que deve ser levado em consideração, pois a postura
20
adequada irá conservar a saúde e promover maiores benefícios, inclusive em
relação à produtividade.
Segundo Couto, Nicoletti e Lech (2007), é relevante adotar-se uma
postura correta do trabalhador, para que se execute da melhor forma a sua
função, considerando-se a mudança da ferramenta ou a forma de manusear,
mudar o objeto, adaptar-se evitando posição estática em relação ao maquinário,
trabalhar sempre em posições neutras, preservando sempre a postura.
Uma postura correta irá garantir melhores condições do corpo em relação
a alguma tarefa que exija força, flexibilidade, equilíbrio entre outras, do que uma
má postura, que poderá desencadear cansaços mais rápidos, entre outros
desgastes psicofisiológicas (PEREIRA, 2001).
A postura vem sendo cada vez mais estudada para realização de
movimentos com menor gasto energético. O corpo, por sua vez, pode adotar
várias posturas consideradas confortáveis, exigindo um mínimo esforço e
sobrecarga, levando a falhas no relacionamento entre as várias partes do corpo
como a estrutura corporal, os músculos e ossos, o que pode causar alterações
posturais, levando a disfunções osteomusculares, limitando as atividades de vida
diária, exigindo mais esforços para executar uma tarefa, promovendo más
condições biomecânicas, afetando tanto a força dinâmica quanto a força estática
de um indivíduo (PERES, 2002).
Um dos grandes desafios da ergonomia aplicada ao trabalho é conceber ou adaptar postos de trabalho e ferramentas a grande diversidade morfológica das populações. Esse problema é mais crítico quando uma população é composta por diferentes raças, como no nosso caso. A medição acurada dos diversos segmentos é feita segundo as técnicas da antropometria, que é o estudo das medidas físicas do corpo humano. O prévio conhecimento dessas medidas é fundamental para projetos de postos de trabalho que proporcionem uma boa postura, conforto, segurança e eficiência dos trabalhadores (OLIVEIRA e COLS., 1998, p. 128).
Se as condições ergonômicas forem inadequadas podem levar a graves
acometimentos osteomusculares. Assim, é importante orientar o trabalhador
sobre a postura e movimento adequado para levantamento, manuseio e
transporte de uma carga, considerando a avaliação desta, um espaço livre e
seguro para o seu acesso, pés posicionado corretamente, evitando-se
21
movimentos de torção em torno do eixo vertical do corpo, alterações de posição
durante a atividade entre outras orientações posturais. O trabalhador deve
manter o espaço, os equipamentos ajustáveis de acordo com cada indivíduo,
evitar movimentos repetitivos, entre outras orientações existentes, que
consideram fatores organizacionais e psicossociais participantes da ergonomia
(ALEXANDRE, 2007).
22
CAPÍTULO II
DOENÇAS OCUPACIONAIS
As Doenças Ocupacionais (DO) são enfermidades que podem levar à
incapacidade ou alterações anatômicas, geradas pela má execução do trabalho,
ou por lesões causadas por movimentos feitos de forma contínua e repetitiva. As
DO desencadeiam um grau de sensibilidade ao trabalhador e a determinadas
zonas de trabalho, trazendo danos e reduzindo a qualidade de vida (RANNEY,
2000).
Para Veronezi e Branco (2007, p. 26): “Há um conjunto de doenças
ocupacionais que atinge um grande número de trabalhadores e tem causas
diversas como uma má postura, tensão muscular e emocional”. Para Baú (2002),
as DO equivalem a cargas excessivas e atitudes corporais incorretas que
promovem pequenas lesões no tecido, destruindo o trabalhador aos poucos.
Com muita frequência os laudos periciais nas ações indenizatórias por doenças ocupacionais indicam que o trabalho atuou como concausa, ou seja, o trabalho contribuiu para o adoecimento ou agravou doença já estabelecida. Pode ocorrer também de o trabalho contribuir para a eclosão, antecipação ou agravamento de doença degenerativa ou doença inerente a grupo etário (OLIVEIRA, 2013, p. 34).
Através da associação e conceito de saúde e doença, pode-se trabalhar,
realizando a prevenção e intervir, sabendo que as atividades exercidas de forma
intensa no trabalho causam prejuízos as estruturas e aos órgãos do corpo
humano, evitando a diminuição da produtividade e rendimento (PEREIRA, 2001).
As doenças ocupacionais são aquelas que estão diretamente ligadas a alterações no estado de saúde do trabalhador. Elas são originadas devido às condições de trabalho, atividade desempenhada pelo trabalhador e até mesmo situações pessoais enfrentadas pelo indivíduo que interferem na atividade desempenhada; estas doenças podem acarretar em pagamentos de auxílio, indenizações entre outros direitos que devem ser garantidos ao trabalhador caso ele seja vítima de uma doença ocupacional (GALVÃO, 2012, p.16).
23
O Brasil ocupa a 4ª colocação em acidentes no trabalho, segundo BRASIL
OCUPA (2017). De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
(apud BRASIL OCUPA..., 2017), “estima-se que 2,34 milhões de pessoas
morrem a cada ano no mundo em acidentes de trabalho e doenças relacionadas
a ele”.
Os acidentes de trabalho e DO causam prejuízos para todos os envolvidos
dentro da empresa. Para o empregado traz consequências físicas, psicológicas
e profissional. Já ao empregador, os efeitos negativos são na mão de obra e
financeiramente (PEREIRA, 2001).
As DO têm causas possíveis de se prever, no entanto são difíceis de se
obter o diagnóstico. Incide no trabalho, porém através de posturas e biomecânica
incorretas, proporcionam o aparecimento de LER e DORT, fatores que
contribuem para o processo de adoecimento (VERONEZI; BRANCO, 2007).
1 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL
Segundo Iida (2005), a Biomecânica Ocupacional (BO) é um dos
segmentos da biomecânica. Esta exerce o papel de analisar a influência do
trabalho ao trabalhador. A BO acompanha desde o início as atividades,
aconselhando o aquecimento antes da adaptação do organismo, auxilia as
posturas e posições e orienta a empresa sobre as devidas medidas de trabalho.
Para Pereira (2001), a (BO) examina o trabalhador através atividades
realizadas, com ênfase nas atitudes e posicionamento do indivíduo, por meio de
ferramentas e máquinas e o direcionamento de forças.
Já para Chaffin, Andersson e Martin (2001), a BO abrange várias
faculdades, para entender e acompanhar o processo e as funções trabalhistas,
e danos ao funcionário. Tem por propósito diminuir as lesões e incapacidades
geradas pela falta de preparo e conhecimento do empregado.
Ainda conforme Chaffin, Andersson e Martin (2001), os avanços
científicos e a base metodológica para BO têm sido ampliados rapidamente para
dar apoio à variedade de aplicações práticas solicitadas atualmente.
A atividade remunerada exercida pelo trabalhador pode ser dividida em
duas formas: trabalho estático, (em que o indivíduo fica apenas em uma
determinada posição) e trabalho dinâmico (quando há períodos de contração e
24
relaxamento). O trabalho estático deve ser evitado. Caso isso não seja possível,
devem ser tomadas certas providências, como uma pausa. Já no trabalho
dinâmico, ocorre um favorecimento fisiológico no funcionamento do organismo,
sendo assim é considerado o ideal para o trabalhador, uma vez que não causa
qualquer tipo de desconforto para o mesmo (IIDA, 2005).
A figura a seguir (Figura 1) retrata os principais avanços metodológicos,
seis áreas metodológicas da BO e cinco das principais áreas de aplicação.
Figura 1: As seis áreas metodológicas da biomecânica ocupacional
Fonte: Adaptada de Chaffin; Andersson; Martin, 2001, p. 6.
A BO possui um extenso número de utilidades e recursos voltados para
trabalho e homem, dando ênfase no movimento, na forma, biótipo, mecânica na
análise e aperfeiçoamento, prevenindo esforços e fadigas musculares, sem
prejudicar a estrutura humana ou estiramento (CHAFFIN; ANDERSSON;
MARTIN, 2001).
1.1 LER/DORT
25
As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT) são doenças provocadas pelo pouco tempo
de repouso e recuperação do sistema músculo-esquelético e que levam
inutilidade ao trabalhador provisório ou duradouro (O’NEILL, 2003 e OLIVEIRA
e COLS., 1998).
De acordo com Couto, Nicoletti e Lech (2007), os DORT são
caracterizados por disfunções causadas pelo desequilíbrio e estresse na saúde
física, devido à utilização biomecânica incorreta. Proporcionam uma tensão e
vulnerabilidade a doenças ósseas, musculares, nervos, tendões e ligamentos,
progredindo para casos crônicos.
Para Oliveira e Cols. (1998), as causas de LER ocorrem devido a esforço
e repetitividade, sendo difícil mensurar um significado especifico à fase de
doença. Não são as principais causas, porém são as mais significativas.
Segundo O’Neill (2003, p.100), LER e DORT podem ser definidas “pela
ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, tais como dor, paresia,
sensação de peso, fadiga de aparecimento insidioso, geralmente nos membros
superiores”.
Pode-se afirmar que as atividades trabalhistas feitas de forma incorreta,
causam reações fisiológicas no trabalhador. Estas reações podem causar danos
a longo prazo, caso não sejam recuperadas de forma correta (Figura 2).
Figura 2: A resposta do organismo às condições de trabalho e estímulos
Fonte: Adaptada de Ranney, 2000, p. 23.
26
O corpo físico tem a capacidade de suportar as cargas até um
determinado limite. Passando deste limite, o corpo envia sinais através do
sistema nervoso, avisando que o seguimento está sobrecarregado. Como
resposta, o organismo tenta proteger o membro. Caso não tenha o descanso e
o repouso necessário, aliados às atividades pesadas, estas combinações
ocasionarão o desenvolvimento de DORT (RANNEY, 2000).
As LER e DORT qualificam-se pela sobrecarga dos segmentos corporais,
impedindo a realização de suas atividades normalmente, gerando incapacidades
e padecimento do indivíduo. Através da biomecânica correta, organização do
trabalho e ajuste ambiental podem ser evitadas (RANNEY, 2000).
1.2 Formas de aparecimento
Com aumento do mundo corporativo, houve também um aumento da
competitividade, ou seja, as empresas estão se tornando cada vez mais
competitivas. Decorrente disso, elas aumentaram suas produções, turnos e
estão exigindo mais de seus colaboradores.
Um trabalho rigoroso, atividades excessivas, com movimentos repetitivos,
que necessitam o uso de forças, afetam diretamente o sistema osteomuscular
do empregado, que exerce suas funções, almejando um retorno financeiro, sem
se preocupar com sua saúde e prevenção da mesma.
As práticas gerenciais que mais contribuem para o aparecimento epidêmico dos distúrbios e lesões são: a pressão exagerada pelos resultados (muitas vezes, descoordenada, sem ser acompanhada do respectivo plano de trabalho) e sobrecarga para os trabalhadores, dando-lhes uma carga excessiva de trabalho sem a devida condição de execução. Essa pratica costuma ser seguida de aumento do número de horas extras, dobras de turno, retrabalho e mais pressão e ritmo acentuado, alimentando o ciclo vicioso da pressão excessiva (COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007, p. 65).
Os graus de acessibilidade dos locais de trabalho, materiais e mobiliários
influenciam diretamente a forma de trabalho e ocorrências de lesões/distúrbios,
proporcionando posturas e biomecânica impróprias para a estrutura humana.
Entretanto, para o trabalhador, acredita-se ser mais confortável a realização
daquela tarefa (RIBEIRO et al., 2011).
27
O homem é capaz de adotar várias posturas, formas e métodos que
sejam eficazes para a realização do trabalho, sem pensar na arquitetura e
fisiologia humana, no custo benefício, e se vale a pena a curto/longo prazo
(PERES, 2002). Tudo isso acaba favorecendo o aparecimento de
doenças/distúrbio/lesão relacionadas a ocupação do trabalhador, conforme o
quadro 1.
Quadro 1 – Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo,
relacionadas ao trabalho (continua)
Doenças Agente etiológico ou fatores de risco de natureza ocupacional
Artroses Posições forçadas e gestos repetitivos
Transtornos articulares não classificados em outra parte: Dor Articular
Posições forçadas e gestos repetitivos
Vibrações (afecções dos músculos, tendões, ossos, articulações, vasos sanguíneos periféricos ou dos nervos periféricos)
Síndrome Cervicobraquial Posições forçadas e gestos repetitivos
Vibrações Localizadas
Dorsalgia: Cervicalgia; Ciática; Lumbago com Ciática.
Posições forçadas e gestos repetitivos
Ritmo de trabalho penoso
Condições difíceis de trabalho
Sinovites e Tenossinovites: Dedo em Gatilho; Tenossinovite do Estiloide Radial (De Quervain); Outras Sinovites e Tenossinovites; e, não especificadas
Posições forçadas e gestos repetitivos
Ritmo de trabalho penoso
Condições difíceis de trabalho
Transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão, de origem ocupacional: Sinovite Crepitante Crônica da Mão e Punho; Bursite da Mão Olecrano, Cotovelo, pré rotulianas e Joelhos.
Posições forçadas e gestos repetitivos
Ritmo de trabalho penoso
Condições difíceis de trabalho
Fibromatose da Fascia Palmar: “Contratura ou Molestia de Dupuytren”
Posições forçadas e gestos repetitivos
Vibrações Localizadas
Lesões do Ombro: Capsulite Adesiva do Ombro; Síndrome do Manguito Rotatório ou Síndrome do Supraespinhoso; Tendinite Bicipital; Tendinite Calcificante do Ombro; Bursite do Ombro; outras lesões do ombro e não especificada
Posições forçadas e gestos repetitivos
Ritmo de trabalho penoso
Vibrações Localizadas
28
(conclusão)
Doenças Agente etiológico ou fatores de risco de natureza ocupacional
Outras entesopatias: Epicondilite Medial; Epicondilite Lateral (“Cotovelo de Tenista”); Mialgia
Posições forçadas e gestos repetitivos
Vibrações Localizadas
Transtornos especificados dos tecidos moles
Posições forçadas e gestos repetitivos
Vibrações Localizadas
Doença de Kienböck do Adulto Vibrações Localizadas
Fonte: Adaptado de BRASIL, 2005, p.127 a 130.
As formas de aparecimento caracterizam-se pela observação do modo de
execução, conscientização, estímulo e grau de percepção do funcionário, ou
seja, uma ciência aplicada à função e feedback do homem às exigências e
pressões de trabalho (COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007; PERES, 2002).
1.3 Epidemiologia
Os principais distúrbios e lesões relacionadas ao trabalhador geralmente
acontecem devido à anatomia do segmento, movimentações bruscas e falta de
conhecimento dos trabalhadores na realização do trabalho, sem comprometer a
biomecânica. O número de doentes pertencentes ao trabalho vem aumentando
(BAÚ, 2002; COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007).
As articulações do pescoço, ombro, cotovelos, antebraços, punhos e
mãos apresentam uma estabilidade anatômica suportável até um determinado
limite. Caso passem deste limite, seja por força, vibrações, movimentação,
amplitude, impacto por uso excessivo e repetitivos, compressão e pinçamentos
podem acarretar processos inflamatórios, aumento ou diminuição da
sensibilidade, queimação, choque, dormência, fraqueza, radiações, dormências,
dores e patologias sendo estas: síndrome do desfiladeiro torácico, tensão dos
músculos cervicais, síndrome da raiz cervical, doença degenerativa cervical,
lesão do manguito rotador (LMR), tendinite supra ou ruptura da cabeça longa do
bíceps, síndrome do impacto, tenossinovite bicipital, síndrome dolorosa
irradiada, compressão dos músculos supinadores e extensores de punho,
sobrecarga do tríceps, síndrome do pronador redondo, bursite olecraniana,
síndrome do túnel e canal cubital, tendinite estenosante, compressão do nervo
29
ulnar, tendinite e tenossinovite do punho e antebraço e síndrome do túnel do
carpo (COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007).
Baú (2002) descreve, que oposicionamento dos braços estendidos com
muita força ou movimento contínuo no trabalho pode ser uma forma para o
desenvolvimento da síndrome do desfiladeiro torácico e síndrome do impacto. A
síndrome do túnel do carpo e tenossinovite dos extensores dos dedos são
distúrbios motivados pela biomecânica incorreta de punho e mão, agitações
repetitivas, pouco tempo para recuperação, baixa temperatura, carga pesada.
As cervicalgias, lombalgias e fibromialgias são quadros dolorosas caracterizados
principalmente em trabalhadores que adotam uma postura imóvel ou inadequada
do segmento, permanecendo por muito tempo ou para transporte de peso.
Quadro 2 – As posições e movimentos realizados no trabalho que proporcionam
alterações nos tecidos e evolução para distúrbios e lesões (continua)
Fatores de Risco Presentes no Trabalho
Possíveis Alterações Teciduais
Exemplos de Diagnósticos
Altas forças/momento
Tensão em tendões ou músculos; altas forças de curta duração podem levar à ruptura tecidual; forças moderadas de longa duração podem levar a deslizamento dos tendões ou fadiga muscular
Tendinite Estiramento muscular
Exercício de força em Posturas inadequadas
Aumenta a fadiga Dor muscular, mialgia do antebraço
Posturas extrema Compressão de vasos sanguíneos ou nervos
Síndrome do túnel do carpo
Trabalho com levantamento acima da cabeça
Aumento da pressão intramuscular no supra- espinhoso com redução do fluxo sanguíneo
Mialgia do trapézio e/ou supra-espinhoso e tendinite do supra-espinhoso
Vibração em todo corpo
Aumento de contração dos discos intervertebrais
Lombalgia inferior
30
(conclusão)
Fatores de Risco Presentes no Trabalho
Possíveis Alterações Teciduais
Exemplos de Diagnósticos
Vibração da mão/braço
Aumento da força de preensão para manter o controle do objeto Dano ao tecido nervoso
Aumento da fadiga e dor muscular Síndrome do túnel do Carpo Doença de Raynaud
Postura imóvel Contração estática dos músculos
Mialgia/ síndrome da tensão cervical
Movimentos de alta frequência
Alta velocidade do deslizamento do tendão combinada com contração estática dos músculos mais proximais
Tenossinovite Mialgia/ Síndrome da tensão cervical
Fonte: Adaptado de Ranney, 2000, p. 43.
Aspectos individuais relacionados à constituição física, sexo, perfil comportamental psíquico, condições estressantes no ambiente de trabalho e familiar, reforço da condição de incapacidade e negação da condição de bem-estar, ganhos pessoais, dentre outros, estão envolvidos nos eventos que induzem a ocorrência e agravam a condição dos doentes com LER. (OLIVEIRA E COLS., 1998).
Por mais simples que seja a atividade realizada no trabalho, deve-se
refletir e analisar os riscos naquele determinado local, policiar com relação às
atitudes e comportamento corporal, atenção e concentração. O trabalhador e os
profissionais da equipe multidisciplinar devem almejar, pelos mesmos
propósitos, a saúde em primeiro lugar (RANNEY, 2000).
1.4 Estatística
Por meio de pesquisas e estatística torna-se possível analisar,
compreender a realidade e aprender a entender dados e os surgimentos de
diversos fatores de acometimentos. Cada vez mais as pesquisas de saúde vêm
aumentando, com o objetivo de informar a população e auxiliá-los na busca da
prevenção e promoção da saúde (COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007).
O Ministério da Saúde realiza a Pesquisa Nacional em Saúde (PNS) de
31
cinco em cinco anos, sendo elaborada desde 1998. Em 2013, foram coletadas
amostras de 80 mil domicílios, de ambos os sexos, maiores de 18 anos. De
acordo com a PNS (apud BRASIL, 2014):
No Brasil, 2,4% referiram diagnóstico médico de DORT. Na área urbana a proporção foi de 2,7%, enquanto na área rural o percentual foi de 0,9%. Este indicador só difere do nível nacional na Região Sul, que apresentou o maior nível percentual (3,9%), e nas Regiões Nordeste (1,4%) e Norte (0,7%), com as menores proporções de casos estimados. As mulheres apresentaram a maior proporção (3,3%) em relação aos homens (1,5%). O indicador confirmou a maior proporção de diagnósticos no grupo de idade em que se concentram mais pessoas economicamente ativas: de 30 a 59 anos (3,2%). Por cor ou raça, o maior percentual foi verificado para pessoas de cor branca (2,9%). No que tange ao nível de instrução, a proporção foi maior entre pessoas com o ensino superior completo (3,8%).
Nesta pesquisa da PNS (apud BRASIL, 2013), os próprios participantes
relatavam as doenças crônicas que eram acometidos.
Figura 3: Doenças crônicas não transmissíveis
Fonte: PNS (apud BRASIL, 2013).
Segundo PNS (apud IBGE, 2016), os trabalhadores que sofreram
acidentes de trabalho obtiveram sequelas depois deste evento:
Em 2013, 12,4% das 4,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais que sofreram acidente de trabalho ficaram com alguma sequela ou incapacidade (613 mil) e 32,9% deixaram de realizar atividades habituais (1,6 milhão). Já entre as 4,5 milhões de
32
pessoas nessa faixa etária que sofreram algum acidente de trânsito com lesões corporais, 32,2% foram no deslocamento para o trabalho (1,4 milhão) e 9,9% trabalhando (445 mil). É o que mostra o quarto volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013: Indicadores de Saúde no Mercado de Trabalho. A pesquisa mostra, ainda, que o percentual de pessoas que sofreram acidentes de trabalho era maior entre homens (5,1%) do que entre mulheres (1,9%) (PNS apud IBGE, 2016).
Também foram analisadas, na PNS (apud IBGE, 2016), as três principais
doenças que continham um maior número de pessoas, houve a tentativa de uma
investigação mais profunda com o objetivo de se identificar a causa.
Figura 4: As principais doenças com maior número de pessoas referente a
encargo de trabalho em 2013
Fonte: PNS (apud IBGE, 2016).
Segundo Instituto Nacional do Seguro Desemprego (INSS) (apud
BASTOS, 2016), foram constatados 805 casos de acidente de trabalho nos
primeiros três meses de 2016, em Alagoas.
O Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) (apud Em
RR..., 2015), apurou através de pesquisas que as LER e DORT ocuparam a
quarta colocação de problemas aos trabalhadores de Roraima no período entre
2010 a 2014.
O Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (CEREST)
de Campina Grande (apud TORQUATO, 2016), em abril de 2016, havia
33
constatado 92 casos de acidentes no trabalho (Figura 5).
Figura 5: Número de acidentes de trabalho em abril de 2016, comparando-se
com o ano de 2015
Fonte: Cerest (apud TORQUATO, 2016).
A cada dia que passa, aumenta o número de trabalhadores acometidos
pelo trabalho seja por acidente ou doenças ocupacionais, LER ou DORT. Todas
das pesquisas acima citadas acreditam que esta quantidade é ainda maior do
que as notificadas, porém os trabalhadores sentem-se ameaçados pelos chefes
e encarregados devido à necessidade do trabalho para sustento da família e
moradia (INSS apud BASTOS, 2016; Sinan apud Em RR..., 2015; CEREST apud
TORQUATO, 2016).
1.5 Lesões em supermercado
34
Em meio aos vários eventos de acometimento de doenças/distúrbio/
lesões, encontram-se os colaboradores da rede de supermercados. Com os
avanços e atualizações da tecnologia e aparatos com curto tempo de
adequação, padrão acelerado, aumento das horas de serviços prestados, carga
e descarga irregular para o biótipo do trabalhador, mobiliários desfavoráveis a
biomecânica, o aumento de empresas concorrentes da mesma área de atuação,
influencia diretamente a multiplicação de ocorrências de acidentes, doenças
ocupacionais, distúrbios relacionados ao trabalho e lesão por esforço repetitivo
(SCHAMNE, 2014; PANDOLPHI; VASCONCELOS; ALMEIDA, 2016).
Através da análise de cada setor de um supermercado é possível delimitar
os riscos, prevenir distúrbios e promover a saúde. Nos locais de trabalho,
encontram-se negligência dos funcionários ou da empresa, falta de proteção ou
sinalização e as lesões que, normalmente, acontecem pelo contato físico
(SCHAMNE, 2014).
Devido ao fluxo de giro de um supermercado, os operadores de caixa são
os mais acometidos, devido ao uso excessivo dos membros superiores com
curto tempo de descanso. Eles são designados para registrar a saída de
mercadoria, receber dinheiro e dar troco, o que se torna um trabalho complicado
(MELO JUNIOR; RODRIGUES, 2005).
Os funcionários do administrativo são encarregados normalmente pelas
compras de mercadoria, tanto para venda, quanto para consumo e manutenção
da empresa, pagamento e recebimento de contas, lançamento de notas fiscais,
e prestações de serviço no sistema, e atendimento ao público. Costumam ficar
na posição sentada, utilizando os computadores para realização das atividades.
As pessoas que trabalham com o computador são mais propensas a posições
incorretas, o que resulta em distúrbios na coluna e perigo de DORT (PERES,
2002; FERREIRA; SHIMANO; FONSECA, 2009).
No açougue, os profissionais realizam o atendimento ao cliente, preparam
as mercadorias e condimentos para a venda, com o domínio e contato direto com
o manuseio de máquinas, arma branca e acesso à câmera fria para conservação
dos produtos. De acordo Santana e Rodrigues (2014) e Fernandes et. al. (2016),
os estabelecimentos que trabalham com carnes apresentam uma predisposição
para acidentes de trabalho e DORT.
35
Quadro 3 – Os riscos ergonômicos encontrados em diversas áreas de um
açougue de supermercado
Risco Causa Efeito
Máquina de moer carne
Manuseio incorreto ou desatento da máquina; limpeza da máquina
Esmagamento de membros
Máquina serra fita Manuseio incorreto ou desatento da máquina
Corte, amputações
Falta de EPI Não utilização de avental de aço Cortes
Máquina de embalagem
Manipulação de máquina quente Queimadura
Baixa Luminosidade
Poucas lâmpadas e de baixa potência Acidente com máquinas; muito esforço da visão para adaptação à luminosidade
Bactérias e fungos Câmara fria Doenças de pele, alergias, infecções como Verminoses
Luminárias expostas
Falta de proteção nas luminárias contra queda de lâmpadas.
Queda Corte Contaminação
Exposição ao calor Deficiência na ventilação do local Fadiga, Cansaço Maior o risco de acidentes
Piso escorregadio Falta de fita antiderrapante Queda, Fraturas
Fonte: Adaptado de Schamne, 2014, p. 54.
O setor da padaria atua na produção e confecção de doces e guloseimas,
pães e salgados, atendimento ao cliente, utilização de màquinas e ferramentas.
Operam na posição em ortostática, sendo que a monotonia promove fadigas dos
músculos estabilizadores e a utilização dos membros superiores sem intervalo,
de forma frequente e pesada, o que acarreta como consequência o aparecimento
de DORT e LER (COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007; PERES, 2002).
Quadro 4 – Os riscos ergonômicos encontrados em diversas áreas de uma
padaria de supermercado (continua)
Risco
Causa Efeito
Luminárias expostas Falta de proteção nas luminárias contra queda de lâmpadas.
Queda Corte Contaminação
36
(conclusão)
Risco
Causa Efeito
Óleo de máquinas em excesso e exposto
Práticas de higiene deficientes em relação a equipamentos
Queda Contaminação
Surgimento de agentes biológicos
Acúmulo de lixo, Lixeiras desprovidas de pedal
Desenvolvimento de doenças, infecções, alergias
Uso do forno elétrico ou materiais assados recentemente
Manuseio de materiais com temperatura elevada.
Queimadura
Exercer a atividade em má postura e excesso de esforço muscular
Postura inadequada nas bancadas de trabalho; Levantamento de cargas em excesso
Dores musculares, problemas na coluna, surgimento de varizes
Exposição ao calor por períodos prolongados
Manipulação de materiais e equipamentos em alta temperatura
Fadiga Desatenção
Baixa luminosidade Poucas lâmpadas e com baixa potência
Cansaço Visão Forçada Aumento de acidentes
Poeira da farinha dispersa no ar
Dispersão no processo de fabricação dos produtos
Alergias; Problemas respiratórios
Batedeira Laminadora Máquina de enrolar pães
Utilização inadequada das máquinas
Cortes, Esmagamentos Amputações
Permanecer por muito tempo em pé
Realização da maior parte das atividades por longos períodos em pé
Dores Musculares, Varizes, Dor na coluna
Preparo e modelagem da massa
Repetitividade do processo LER/DORT
Pisos e escadas escorregadias
Falta de fitas antiderrapante ou falta de manutenção das mesmas
Quedas Fraturas Contusões
Fonte: Adaptado de Schamne, 2014, p. 57.
A equipe de repositores e estoquistas realizam recebimento de
mercadoria e reposição da loja, trabalham de forma variada de em pé a sentado
e de parado, oscilando para andando. Carregam e deslocam-se com bastante
peso, exigindo dos grupos musculares fortemente e resistência as cargas. Peres
(2002) afirma “... que os distúrbios posturais em profissionais são decorrentes de
sobrecarga postural”.
37
Quadro 5 – Os riscos ergonômicos encontrados em diversas áreas de um
depósito e área externa de supermercado
Riscos Causa Efeito
Agente biológicos Vetores no depósito
Ambiente mal ventilado e iluminado; umidade
Doenças de pele, alergias, infecções como verminoses
Levantamento e transporte manual de carga
Excesso de levantamento de carga na reposição e transporte de produtos do estoque
Dores musculares, problemas de coluna e cansaço
Baixa luminosidade Uso de lâmpadas incandescentes com baixa potência
Quedas Fraturas Contusões
Queda de materiais Retirada de material das prateleiras mais altas
Quedas Fraturas Contusões
Bloqueio da saída de emergência
Material acumulado de forma inadequada na saída de emergência
Quedas Fraturas Contusões Incêndio
Bloqueio do reservatório de incêndio
Material acumulado de forma inadequada e em excesso na área externa
Quedas Surgimento de vetores Fraturas Incêndio
Excesso de materiais na casa de máquinas
Acúmulo de materiais Queda Explosão Incêndio
Acúmulo de lâmpadas queimadas sem proteção
Lâmpadas queimadas acumuladas em ambiente externo e em local inadequado (encima da câmara fria) no depósito
Corte Contaminação Alergias
Fonte: Adaptado de Schamne, 2014, p. 60.
Para Pandolphi, Vasconcelos e Almeida (2016), “uma maior efetividade
nas ações é necessária participação e engajamento dos gestores da empresa,
bem como conscientização dos colaboradores para realizar as orientações
propostas e cuidar de sua saúde também fora da empresa”.
O conhecimento sobre biomecânica, distúrbios posturais, LER e DORT,
são relevantes para compreensão das lesões em supermercados. Existem
vários estímulos para a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.
38
CAPÍTULO III
A PESQUISA
1 METODOLOGIA
O presente estudo foi submetido para o Comitê de Ética do UniSalesiano,
na plataforma Brasil, do Ministério da Saúde e foi aprovado por meio do Parecer
Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), no dia 18 de maio de
2017 (ANEXO A). O trabalho relata uma pesquisa de campo de caráter
quantitativa. Para isso, foram utilizadas dois tipos de ferramentas ergonômicas:
a primeira, um questionário censo de ergonomia (ANEXO B). A segunda, análise
ergonômica de cada setor, foi elaborada pela ferramenta RULA (ANEXO C).
O Censo de Ergonomia adaptado pelos autores Couto e Cardoso [s.d.],
baseia-se em um questionário com 11 perguntas sobre as queixas
osteomusculares e sua relação com o posto de trabalho. O trabalhador aponta
os desconfortos, regiões, tempo, característica e intensidade, meios para
minimizar e melhorar o setor, para que se possa agregar na coleta de dados e
intervenções, gerando informações relevantes sobre a ergonomia na empresa.
A ferramenta RULA apresenta uma graduação dos ângulos articulares e
dos segmentos, por meio da amplitude dos movimentos durante o período de
trabalho. Ou seja, classifica-se o posicionamento do membro de acordo com as
atividades realizadas nos postos de trabalho. Esta ferramenta divide-se em 2
grupos A e B. O grupo A analisa os membros superiores: o braço, antebraço e
punho. Após, quantificam-se os valores encontrados para a tabela A. O grupo B
analisa pescoço, tronco e pernas, após quantificar os valores encontrado para a
tabela B. Os dois grupos terão um valor, o qual será somado com a contração
muscular, força e carga. Por último, estes valores são inclusos na tabela C. Em
seguida, ter-se-á o resultado final do método RULA e nível de intervenção
(Figura 6) para aquele determinado posto de trabalho (CAPELETTI, 2013).
Figura 6: Pontuação do risco do método RULA
39
Fonte: Adaptada de Mcatmney et al. (apud CAPELETTI, 2013, p. 21).
1.1 O supermercado
A empresa especializada em supermercado, foi inaugurada em 3 de
dezembro de 1995, em uma área de 87 m2, sendo que os familiares formavam o
grupo de funcionários do empreendimento, localizado no Município de Lins,
Estado de São Paulo.
Aos poucos a empresa foi crescendo e se desenvolvendo. Hoje com mais
de 20 anos no ramo, possui 3 redes e totaliza 67 funcionários. Divide-se nos
seguintes setores: administrativo (financeiro e recursos humanos, atendimento
ao público, fiscais de nota e compras), fiscais e operadores de caixa, hortifrúti,
padaria e produção, açougue, entregadores, repositores e estoquistas e auxiliar
da limpeza.
Figura 7: Interior do supermercado
Fonte: arquivo pessoal, 2017.
1.2 Técnicas
5 ou 6 - É necessário mudar logo.
3 ou 4 - É necessário investigar. Podem ser necessárias mudanças.
7 - É necessário investigar e mudar imediatamente.
Pontuação Nível de Ação/Intervenção
1 ou 2 - Postura aceitavel, desde que nao seja mantida por longos periodos
40
As ferramentas utilizadas foram: Questionário Censo de Ergonomia e o
método RULA.
O Censo de Ergonomia baseia-se nas queixas osteomusculares e sua
relação com o posto de trabalho. O profissional (fisioterapeuta, terapeuta
ocupacional ou enfermeiro do trabalho) acompanha o preenchimento do
formulário para possíveis dúvidas. As informações devem ser mantidas em sigilo.
O método RULA baseia-se na análise da postura e exposição tomada
pelos trabalhadores perante seu cargo. Este método é realizado pelo
profissional, no local do trabalho sem a percepção funcionário, para que os
resultados não sejam alterados.
Foi aplicado um questionário, o Censo de Ergonomia aos funcionários que
aceitaram participar da pesquisa, após o esclarecimento, leitura e assinatura do
termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO D), no local e período de
trabalho, em um lugar separado. O critério de exclusão foi utilizado aos
funcionários com histórico de DORT, em período de experiência e que não
aceitaram assinar o termo de consentimento.
Após esse momento, os autores juntaram-se aos trabalhadores e
acompanharam o processo para realização da análise ergonômica do posto de
trabalho e a utilização da ferramenta RULA.
2 RESULTADOS
2.1 Censo de ergonomia
Os resultados do censo de ergonomia foram analisados com a finalidade
de identificar as causas das dores relacionadas com a má postura e outras
condições.
Após a coleta de dados, os resultados foram passados para no Microsoft
Excel 2013, para elaboração de gráficos e tabelas. Foi possível observar que,
dos 31 participantes, a divisão por setor acontece da seguinte maneira: 19%
administrativo, 29% caixa, 6% hortifrúti, 23% padaria, 6% açougue, 13% estoque
e 3% limpeza. A idade girava entre 18 e 55 anos.
Do total de 31 participantes, 93,5% apresentam queixas de desconforto.
Dois funcionários não relataram dor, o que corresponde a 6,5%. Dos 29
41
participantes que relataram queixa, 26 relacionaram as queixas com o trabalho
realizado o que significa 89,65% de queixas relacionadas ao trabalho, como
pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1 – Queixas de desconforto e relação com o trabalho
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
Com relação às regiões de desconforto, 55% relataram o ombro, 52% a
coluna, 45% pernas, 34% punho e 28% pescoço e braço. O ombro e o pescoço
obtiveram maior queixa no setor de caixa, a coluna no setor de reposição, as
pernas e os braços no setor da padaria e os punhos no setor de administrativo,
observado no gráfico 2).
Gráfico 2 – Queixas por regiões do corpo
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
Com relação ao tempo de desconforto 62% relataram que sentem o
desconforto há pelo menos um mês, 31% de 3 a 6 meses, e 7% de 1 a 3 meses,
0
5
10
15
20 16 1513
108 8 7 7 6 5
3 20 0
OMBRO COLUNA PERNAS PUNHO
PESCOÇO BRAÇO JOELHO TORNOZELOS/PÈS
MÃO COXA QUADRIL ANTEBRAÇO
COTOVELO OUTROS
42
mostrando que as queixas estão acometendo os funcionários no início de suas
atividades a um curto espaço de tempo, conforme observado no gráfico 3.
Gráfico 3 – Tempo que sente desconforto
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
Com relação á caracterização do desconforto, listando-se as principais,
pode-se observar que 73,1% relataram dor como principal sintoma, 65,4%
cansaço, que é uma característica especifica pós dor, 42,3% sentiram o membro
acometido pesado, 30,8% relataram dolorimento, que é uma sensação que se
assemelha à dor, 19,2% limitação dos movimentos, porém com características
diferentes, conforme gráfico 4.
Gráfico 4 – Caracterização do desconforto.
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
A intensidade do desconforto mostra que os sintomas ainda não são o
principal item a ser investigado 92,3% relataram a intensidade das dores de
0
5
10
15
20
1917
118
5 4 4 42
DOR CANSAÇO
PESO DOLORIMENTO
LIMITAÇÃO DE MOVIMENTOS ESTALOS
FORMIGAMENTO PERDA DA FORÇA
CHOQUES
43
forma moderada, ou seja, isso indica que o problema não está no seu ápice de
acometimento, o que mostra um bom prognóstico, conforme pode ser observado
no gráfico 5.
Gráfico 5 – Intensidade do desconforto
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
No gráfico 6, foi apurado o período em que o desconforto aumenta, 48%
dos entrevistados apontaram desconforto à noite, o que corresponde a 15
pessoas.
Gráfico 6 – Período em que o desconforto aumenta
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
No gráfico 7, segundo informações colhidas, 57,7% relatam que o
desconforto apresentado pelos funcionários melhora no período noturno em
44
repouso, isso representa ainda mais a condição do nexo com o trabalho, pois,
no momento do repouso, os sintomas claramente diminuem.
Gráfico 7 – Período em que o desconforto melhora com repouso
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
O gráfico 8 mostra uma noção do número de funcionários que necessitam
de tomar medicamento para trabalhar. 59% não necessitam tomar
medicamentos, o que corrobora com a condição do gráfico 5, que se relaciona à
intensidade do desconforto, ou seja, a intensidade de dor baixa não necessita
tanto de medicamentos para diminuir a dor.
Gráfico 8 – Tem usado medicação para trabalhar
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
O útlimo gráfico, o número 9, mostra que a grande maioria dos
funcionários do mercado nunca fizeram tratamento osteomuscular (81%). Esse
dado pode demonstrar que as queixas não estão perturbando os funcionários a
45
ponto de procurar ajuda médica ou que pode haver algum tipo de resistência
com relação a essa assistência.
Gráfico 9 – Fizeram tratamento médico osteomuscular
Fonte: elaborado pelos autores, 2017.
2.2 Análise ergonômica dos setores (RULA)
Os setores de trabalho do supermercado foram avaliados por meio de
uma ferramenta ergonômica especifica, chamada RULA. Por essa avaliação,
observa-se o risco ergonômico ao qual o funcionário possa estar exposto ao
realizar suas atividades. O método RULA é de fácil aplicabilidade e é útil na
avaliação dos riscos de lesões músculo esqueléticas ligadas ao trabalho. Através
de um escore final, detecta-se a identificação dos principais fatores de risco
envolvidos na tarefa (AGUIAR, 2009).
Serão apresentados agora os resultados das avaliações de acordo com
as análises. A intenção da pesquisa era de realizar a avaliação em todos os
funcionários do setor, porém, por motivos específicos que serão apresentados,
isso não foi possível.
2.2.1 Administração
Todos os funcionários do setor administração foram avaliados,
apresentando a seguinte configuração:
46
Tabela 1: Pontuação RULA, por setor administrativo
Administrativo Funcionários RULA
A1 3 A2 3 A3 3 A5 3 A6 3 A7 5
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
Pode-se obervar que a grande maioria teve como resultado 3. Assim, a
interpretação sugere que é preciso investigar e podem ser necessárias
mudanças, porém houve uma condição de risco 5 que significa mudar logo. Esse
posto de trabalho sugere que são imprescindíveis modificações para prevenir o
aparecimento de doenças.
2.2.2 Operador de check out - (caixa)
Nesse setor, todos os funcionários também foram avaliados,
apresentando a seguinte configuração de risco:
Tabela 2: Pontuação RULA por setor check out – (caixa)
Caixa Funcionários RULA
C1 6 C2 7 C3 7 C4 6 C5 7 C6 7 C7 6 C8 7 C9 7
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
Nesse setor, pode-se observar que a grande maioria apresentou risco
ergonômico alto, com necessidade de mudar logo ou até mesmo imediatamente.
Tal pontuação sugere que uma boa parte dos funcionários desse setor pode ter
uma jornada de trabalho com queixas dolorosas.
47
2.2.3 Hortifrúti
Todos os funcionários avaliados (total de 2 pessoas) apresentaram a
seguinte configuração:
Tabela 3: Pontuação RULA, por setor hortifrúti
Hortifrúti Funcionários RULA
H1 7 H2 7
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
Os dois funcionários avaliados apresentaram risco alto e necessidade de
mudança imediatamente. Da mesma forma, podem estar expostos a índices
altos de queixas relacionadas ao trabalho.
2.2.4 Padaria
De um total de 8 funcionários, somente uma não participou da pesquisa,
em virtude de estar em período de experiência, sendo um dos fatores de
exclusão, pois o funcionário em questão poderia subnotificar a pesquisa em
razão de pouco tempo na atividade analisada.
A análise mostrou que a maioria dos funcionários apresenta risco, em que
é necessário mudar logo ou imediatamente. Observa-se:
Tabela 4: Pontuação RULA, por setor padaria
Padaria
Funcionários RULA
P1 4
P2 5
P3 6
P4 6
P5 7
P6 7
P7 7
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
48
2.2.5 Açougue
Dos funcionários do setor açougue, somente um não foi avaliado pela
mesma justificatuiva anterior, estava em período de experiência. De acordo com
o avaliado, foi observado o seguinte:
Tabela 5: Pontuação RULA, por setor açougue
Açougue
Funcionários RULA
AÇ1 7
AÇ2 7
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
A análise mostrou que todos apresentam risco alto, com necessidade de
mudança imediata.
2.2.6 Repositores
Quatro repositores fazem parte do quadro de funcionários do
supermercado avaliado e todos participaram da pesquisa:
Tabela 6: Pontuação RULA, por setor repositores
Repositores
Funcionários RULA
R1 7
R2 7
R3 7
R4 7
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
A iminência de risco também cerca os repositores do supermercado, com
necessidade de mudança imediata.
2.2.7 Limpeza
49
O setor limpeza foi avaliado em sua totalidade, já que somente uma
funcionária é responsável pela limpeza de todos os setores do supermercado.
Tabela 7: Pontuação RULA, por setor limpeza
Limpeza Funcionários RULA
L1 7
Fonte: elaborada pelos autores, 2017.
Mais uma vez, houve a necessidade de mudança imediata das funções
avaliadas, mostrando a urgência em realizar alterações.
De um modo geral, foi observado que as pontuações obtidas no RULA
mostram que existe uma necessidade importante de readequação ergonômica
nos postos de trabalho. Na maioria das avaliações, houve pontuação 7, a pior
que a ferramenta poderia apresentar e que sugere mudanças rápidas, as quais
podem estar associados ao surgimento de doenças ocupacionais.
3 DISCUSSÃO
Baseado nos resultados encontrados, com relação às queixas dolorosas
e em relação as análises ergonômicas, realiza-se a partir desse momento um
confronto com a literatura específica para avaliar as possíveis contradições e
semelhanças.
De acordo com Couto, Nicoletti e Lech (2007), os membros superiores e
a coluna são as principais regiões agredidas por DORT, em todo o mundo. O
ombro, devido à sua ampla utilidade e funcionalidade, desde os movimentos
mais finos até os grosseiros. A coluna, por ser sobrecarregada através do
manuseio incorreto de objetos e movimentos repetitivos. O presente trabalho
corroborou com esta informação, visto que obteve maior índice de queixas nos
ombros com 55%, na coluna com 52% e, nas pernas, com 45% dos funcionários
do supermercado, mostrando queixas nos mesmos locais apresentados pelo
autor.
Nos resultados da pesquisa Silva et al. (2012), observou-se que todos os
funcionários, no total de 300 trabalhadores de 4 redes de supermercado,
50
apresentam sintomatologias nos últimos 12 meses. As dores predominam nos
membros inferiores, coluna torácica e lombar, e que a função exercida tem
relação com as dores referidas pelos trabalhadores. Os resultados da pesquisa
atual mostraram que 62% dos funcionários sentem desconforto há mais de 6
meses, com maiores queixas nos ombros, coluna e nas pernas. Acredita-se,
também, que exista uma relação do trabalho com as regiões dolorosas exibidas
pelos trabalhadores.
Um estudo realizado por Ferreira, Shimano e Fonseca (2009), com 10
funcionários no setor financeiro, obteve maior índice de queixas nos ombros,
pescoço, braço e a coluna, justificando que, mesmo com o ambiente adequado,
os funcionários estão expostos às lesões, devido à má postura, manejo e
organização incorreto dos objetos e das tarefas. O setor administrativo neste
estudo, obteve maior índice de queixas no punho, seguido por coluna, mão e
joelhos, expondo resultados diferentes do que os apresentados pelos autores.
Neste estudo, os setores administrativo e caixa que trabalham sentados,
estaticamente, apontou a região do punho, ombro e coluna. Já os setores
padaria, hortifrúti, açougue e reposição, que trabalham em pé e dinamicamente
retratou as pernas, a coluna e os ombros. Minghini (2017) comparou duas
empresas em diferentes áreas de atuação, dividindo em dois grupos, de acordo
com sua função. O grupo sedentário, em que os funcionários permaneciam
sentados, em posturas estáticas e repetitivas e grupo dinâmico, em que exerciam
atividades dinâmicas em pé, sem repetições. Ambos os grupos apresentaram
queixas osteomusculares, sendo que o grupo dinâmico apresentou mais dores
na região inferior da coluna, mãos e punhos. Já o grupo sedentário apresentou
sintomas no pescoço, parte inferior das costas e ombros. A posição sentada
acarreta sobrecarga nos discos intervertebrais principalmente a coluna lombar,
devido à pouca movimentação, o que pode-se levar à fadiga (BAÚ, 2002).
Segundo Pereira (2001), o trabalho estático apresenta menos resistência contra
a fadiga, devido ao grande período de tempo em um determinado
posicionamento.
Battisti et al. (2004) elaboraram um estudo em quatro filiais de uma rede
de supermercado, com 40 funcionárias operadoras de caixa. Como resultado,
61% apresentaram dores no corpo durante o período de trabalho, sendo o
movimento de erguer o braço com maior sintomatologia. Pereira et al. (2017)
51
realizaram um estudo, com objetivo de conhecer a prevalência de tendinite do
ombro em operadores de caixa, através do exame físico especifico. Foram
avaliados 44 trabalhadores, com idade entre 28 a 47 anos, identificando-se dor
no ombro em 26 funcionárias, no lado direito e 16 funcionárias no lado esquerdo,
com a abdução resistida do ombro preditiva de tendinite manguito rotador. Nesta
pesquisa, 48% dos funcionários, apresentaram desconforto à noite, diferente do
estudo acima. Com base nos resultados obtidos, o ombro foi maior queixa das
operadoras de caixa, comprovando-se os trabalhos acima apresentados.
Os resultados apresentados na pesquisa Lima (2016), com o método
RULA, em profissionais da limpeza de uma universidade, foi nível de ação 3
implicando a necessidade de mudanças urgentes para prevenção de lesões e
doenças futuramente. O presente estudo avaliou a seção de limpeza, que obteve
nível de ação 7 de intervenção, sugerindo mudanças imediatas das funções
avaliadas, apontando a urgência em realizar alterações.
Outra pesquisa realizada no setor de limpeza, em uma instituição de
ensino público, avaliou 19 funcionários. Mais da metade apresenta dores que
sempre voltam, localizadas nos braços, pernas, ombros e costas de intensidade
moderada a alta (NEVES et al., 2015). O setor de limpeza não apresentou
queixas osteomusculares neste estudo contradizendo o estudo acima.
Mazini Filho et al. (2015) elaboraram um estudo, com o objetivo de
analisar os postos de trabalho de 14 funcionários do setor de transportadores de
produtos, para o estoque e repositores de mercadoria de um supermercado, na
cidade de Cataguases, Minas Gerais. Os autores obtiveram, na pesquisa, maior
queixa na coluna: 21,4%, nos braços: 21,4%, nos antebraço: 19,6%, nas
pernas19,6% e nos ombros: 17,9%. Concluíram que há uma carência de
informações e necessidade de orientações, devido às atividades realizadas de
maneira incorreta, posturas antiergonômicas, com o objetivo de preservar a
saúde do trabalhador. O departamento de reposição neste trabalho, com quatro
funcionários indicou a coluna: 75%, ombro: 50%, punho: 50%, pernas: 25% e
coxa: 25% corroborando com as informações acima.
52
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Propõe-se a prática de atividades físicas regularmente, ginástica laboral,
realização de alongamento antes, durante e após o período de trabalho, para
diminuição da retração muscular, melhora da flexibilidade, da postura e
diminuição da dor.
Propõe-se , também, a orientação aos funcionários sobre a importância
das pausas, carregamento de forma correta das cargas e organização do
trabalho. Deve-se, ainda instrui-lo a permanecer na posição neutra e alternar sua
postura de em pé para sentado.
A realização de palestras com o objetivo de passar conhecimento aos
funcionários sobre os riscos de LER e DORT, faz-se necessária.
A manutenção da regulagem e implantação das cadeiras, em alguns
setores, deve ser feita com rapidez.
Por fim a utilização de cinta lombar, para levantamento de pesos, é a
indicação correta para a saúde do trabalhador.
53
CONCLUSÃO
Após a aplicação do questionário, das queixas osteomusculares e análise
ergonômica, a partir dos resultados obtidos conclui-se que as regiões de
desconforto apresentadas pelos funcionários do supermercado são especificas,
de acordo com a função exercida nos postos de trabalho. O alto índice da análise
ergonômica está relacionada com a má postura, tornando-se necessárias as
mudanças. Vale ressaltar que foi possível mapear os riscos e trazer meios para
minimizá-los.
No supermercado em que a pesquisa foi realizada, nunca foi feita análise
ergonômica, nem a realização de palestras. Constatou-se, portanto, uma
carência de informações.
As dificuldades encontradas na realização da pesquisa foram intimidação
e o receio no preenchimento do Censo de ergonomia, em grande parte, na
pergunta em que se sugerem ideias para solucionar problemas nos postos de
trabalho e alguns funcionários, na primeira pergunta, em que se pede para
assinalar as regiões de desconforto do corpo.
Após a execução do presente estudo, pode-se concluir que a análise
ergonômica se mostrou eficiente em relação ao levantamentos dos riscos
ergonômicos aos quais os funcionários estão expostos. Através dessa análise,
as soluções foram apresentadas para a empresa que, em conjunto com os
funcionários, devem encontrar uma melhor condição de trabalho.
54
REFERÊNCIAS
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56
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57
Produção, 25. 2005, Porto Alegre. Disponivel em: <http://www.ergonet.com.br/download/avaliacao-abelardo.pdf> Acesso em: 26 mai. 2017. MINGHINI, B. V. Comparação dos sintomas musculoesqueticos e exposição postural da coluna vertebral entre trabalhadores de atividades sedentárias e dinâmicas. 2017. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia) – Universidade do Sagrado Coração, Bauru. Disponível em: <http://tede2.usc.br:8080/jspui/bitstream/tede/343/2/Comparacao dos sintomas musculoesqueleticos e exposicao postural da coluna vertebral entre trabalhadores de atividades sedentarias... (204245).pdf> Acesso em: 14 de set. 2017. NASCIMENTO, N. M.; MORAES, R. A. S. Fisioterapia nas empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Taba, 2000. NEVES, R. M. et al. Análise postural de funcionários de limpeza de uma instituição de ensino pública. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa, Alegrete, nov. 2015. Disponível em: <seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/download/16944/ 5992> Acesso em: 13 set. 2017. O’NEILL, M. J. LER/ Dort Lesões por esforços repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho: O desafio de vencer. São Paulo: Madras, 2003. OLIVEIRA, C. R. E COLS. Manual Prático de LER: Lesões por esforços repetitivos. Belo Horizonte: Heath, 1998. OLIVEIRA, S. G. Doutrina gradação das concausas nas ações indenizatórias decorrentes das doenças ocupacionais. In: Congresso Internacional de Direito do Trabalho, 3., 2013, São Paulo. Disponivel em: <https://juslaboris.tst.jus .br/bitstream/handle/1939/77838/2013_oliveira_sebastiao_gradacao_concausas.pdf?sequence=1> Acesso em: 26 mai. 2017. PANDOLPHI, A.; VASCONCELOS, E. F. L.; ALMEIDA, I. A. D. L. Gestão de um programa de prevenção das ler/dort em uma rede de supermercados: um relato de experiência. In: Congresso Internacional de Ergonomia Aplicada. 1., 2016, Recife. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/ engineeringproceedings/conaerg2016/7766.pdf> Acesso em: 27 mai. 2017.
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60
APÊNDICES
61
APÊNDICE A – RESULTADO DA COLETA DE DADOS DO CENSO DE ERGONOMIA
TOTAL SIM NÃO QUEIXAS DE DESCONFORTO 31 29 2
RELACIONA O DESCONFORTO AO TRABALHO 29 26 3
LOCAL ONDE O DESCONFORTO É MAIS FREQUENTE -
29
PESCOÇO 8 OMBRO 16 BRAÇO 8 COLUNA 15 COTOVELO 0 ANTEBRAÇO 2 PUNHO 10 MÃO 6 QUADRIL 3 COXA 5 JOELHO 7 PERNAS 13 TORNOZELOS/PÈS 7 OUTROS
TEMPO QUE SENTE DESCONFORTO ATÉ 1 MÊS 0 DE 1 A 3 MESES 2 DE 3 A 6 MESES 9 ACIMA DE 6 MESES 18
CARACTERIZAÇÃO DO DESCONFORTO CANSAÇO 17 CHOQUES 2 ESTALOS 4 DOLORIMENTO 8 DOR 19 FORMIGAMENTO 4 PESO 11 PERDA DA FORÇA 4 LIMITAÇÃO DE MOVIMENTOS 5
INTENSIDADE DO DESCONFORTO MUITO FORTE / FORTE 2 MODERADO 24 LEVE / MUITO LEVE 3
PERÍODO EM QUE O DESCONFORTO AUMENTA DURANTE A JORNADA NORMAL 11 DURANTE AS HORAS EXTRAS 0 À NOITE 15 NÃO AUMENTA 5
PERÍODO EM QUE O DESCONFORTO MELHORA COM O REPOUSO
À NOITE 15 NOS FINAIS DE SEMANA 5 DURANTE O REVEZAMENTO EM OUTRAS TAREFAS 2 FÉRIAS 4 NÃO MELHORA 3
62
SIM NÃO
AS VEZES
TOMA MEDICAÇÃO PARA TRABALHAR 29 7 17 5
JÁ FIZERAM TRATAMENTO MÉDICO OSTEOMUSCULAR
SIM NÃO
31 6 25
APÊNDICE B – LOCAL ONDE O DESCONFORTO É MAIS FREQUENTE POR SETORES
ADM CAIXA LIMP. PAD. HORT. AÇO. REP. TOTAL %
TOTAL DE FUNCIONÁRIOS 6 9 1 7 2 2 4 31
OMBRO 2 7 0 4 0 1 2 16 55%
COLUNA 3 4 0 3 2 0 3 15 52%
PERNAS 2 2 0 6 1 1 1 13 45%
PUNHO 4 2 0 1 0 1 2 10 34%
PESCOÇO 2 4 0 1 0 0 1 8 28%
BRAÇO 2 1 0 5 0 0 0 8 28%
JOELHO 3 3 0 1 0 0 0 7 24%
TORNOZELOS/PÈS 2 2 0 2 0 1 0 7 24%
MÃO 3 2 0 1 0 0 0 6 21%
COXA 1 1 0 2 0 0 1 5 17%
QUADRIL 2 0 0 1 0 0 0 3 10%
ANTEBRAÇO 1 1 0 0 0 0 0 2 7%
COTOVELO 0 0 0 0 0 0 0 0 0%
APÊNDICE C – RESULTADO DO MÉTODO RULA POR SETORES
Administrativo Caixa
Funcionários RULA Funcionários RULA
A1 3 C1 6
A2 3 C4 6
A3 3 C7 6
A5 3 C2 7
A6 3 C3 7
A4 5 C5 7
C6 7
C8 7
C9 7
Hortifruti Açougue
Funcionários RULA Funcionários RULA
H1 7 AÇ1 7
H2 7 AÇ2 7
63
Padaria Repositores
Funcionários RULA Funcionários RULA
P1 4 R1 7
P2 5 R2 7
P3 6 R3 7
P4 6 R4 7
P5 7
P6 7
P7 7
Limpeza
Funcionários RULA
L1 7
64
ANEXOS
65
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM -
UNISALESIANO/SP
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: Análise Ergonômica do trabalho em diferentes setores de um
supermercado
Pesquisador:
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 67075317.0.0000.5379
Instituição Proponente: MISSAO SALESIANA DE MATO GROSSO
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER Número do Parecer: 2.072.028 Apresentação do Projeto:
Clara, objetiva e em conformidade com a resolução.
Objetivo da Pesquisa:
Claros e bem dimensionados.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos e benefícios bem determinados e explicados.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Nada a comentar
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Todos os termos foram apresentados a contento
Recomendações:
Nada a recomendar.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Nada a recomendar.
Considerações Finais a critério do CEP: Continuação do Parecer: 2.072.028
Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:
Tipo Documento
Arquivo Postagem Autor Situação
Informações Básicas do Projeto
PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_890216.pdf
28/03/2017
17:53:57
Aceito
Folha de Rosto FolhadeRosto.pdf 28/03/2017
17:53:40
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Projeto Detalhado / Brochura
Investigador
Projeto.pdf 27/03/2017
18:00:36
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Outros Carta_de_informacao_ao_participante_de_pesquisa.pdf
27/03/2017
18:00:06
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Declaração do Patrocinador
AnexoVTermo_de_Responsabilidade_patrocinador.pdf
27/03/2017
17:59:09
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
66
Outros AnexoVITermo_de_compromisso_i
nstituicao_proponente.pdf 27/03/2017
17:58:58
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Outros AnexoVIITermo_de_compromisso_local da_coleta.pdf
27/03/2017
17:58:10
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Declaração de Instituição e
Infraestrutura
AnexoVIIITermo_de_responsabilidade_da_instituicao.pdf
27/03/2017
17:57:40
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Declaração de Pesquisadores
AnexoIVTermo_de_Compromisso_PA2.pdf
27/03/2017
17:55:44
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Declaração de Pesquisadores
AnexoIVTermo_de_Compromisso_PA1.pdf
27/03/2017
17:55:04
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Declaração de Pesquisadores
AnexoIIITermo_de_Compromisso_PR.pdf
27/03/2017
17:54:55
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Outros Anexo_I.pdf 27/03/2017
17:53:45
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Outros AnexoIIColeta_de_dados.pdf 27/03/2017
17:53:18
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de Ausência
termo_de_consentimento.pdf 27/03/2017
17:50:55
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Aceito
Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não
ARAÇATUBA, 18 de Maio de 2017
_____________________________________ Assinado por: CLAUDIA LOPES FERREIRA
(Coordenador)
Endereço: Rodovia Teotônio Vilela 3821 Bairro: Alvorada CEP: 16.016-500 UF: SP Município: ARACATUBA Telefone: (18)3636-5252 Fax: (18)3636-5252 E-mail: claudialopes@salesiano-ata.br
67
ANEXO B – CENSO DE ERGONOMIA
Censo de Ergonomia
Nome:_______________________________________Matricula: ___________
Setor:________________ Função:________________ Equipamento:________
1- Você sente atualmente algum desconforto nos membros superiores, coluna
ou membros inferiores?
Marque com um “X”, na figura abaixo, o(s) local(is).
( O ) Outros: ( P ) Não sinto – nesse caso, vá direto à questão 9.
2- O que você sente e que referiu na questão anterior está relacionado ao trabalho
no setor atual?
o Sim
o Não
3- Há quanto tempo?
o Até 1 mês
o De 1 a 3 meses
o De 3 a 6 meses
o Acima de 6 meses
4- Qual é o desconforto?
68
o Cansaço
o Choques
o Estalos
o Dolorimento
o Dor
o Formigamento ou adormecimento
o Peso
o Perda da força
o Limitação de movimentos
5- O que você sente, você classifica como
o Muito forte/forte
o Moderado
o Leve/muito leve
6- O que você sente aumenta com o trabalho?
Durante a jornada normal
Durante as horas extras
À noite
Não
7- O que você sente melhora com o repouso?
À noite
Nos finais de semana
Durante o revezamento em outras tarefas
Férias
Não melhora
8- Você tem tomado remédio ou colocado emplastros ou compressas para poder
trabalhar?
Sim
Não
Às vezes
9- Você já fez tratamento médico alguma vez por algum distúrbio ou lesão em
membros superiores, coluna ou membros inferiores?
Sim – Para qual distúrbio? Não
10- Quais são as situações de trabalho ou postos de trabalho, tarefas ou atividades
que, na sua opinião, contém dificuldade importante ou causam desconforto
69
importante; ou causam fadiga ou mesmo dor? (Caso a resposta esteja
relacionada a um e quipamento, incluir o tipo do mesmo e, se possível, o número
deste).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
1- Qual é a sua sugestão para melhorar o problema desse posto de trabalho ou
dessa atividade ou tarefa?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
70
ANEXO C – MÉTODO RULA
71
ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO (T.C.L.E)
Eu ............................................................................................................, portador do RG
n°. .............................................., atualmente com ............. anos, residindo na
................................................................................................................... , após leitura da
CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DA PESQUISA, devidamente explicada
pela equipe de pesquisadores Lara Leal da Costa e Saulo de Sousa Soares, apresento meu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em participar da pesquisa proposta, e concordo
com os procedimentos a serem realizados para alcançar os objetivos da pesquisa.
Concordo também com o uso científico e didático dos dados, preservando a minha
identidade.
Fui informado sobre e tenho acesso a Resolução 466/2012 e, estou ciente de que todo
trabalho realizado torna-se informação confidencial guardada por força do sigilo profissional e
que a qualquer momento, posso solicitar a minha exclusão da pesquisa.
Ciente do conteúdo, assino o presente termo.
Lins, 28 de março de 2017
.............................................................
Assinatura do Participante da Pesquisa
.............................................................
Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Endereço: Botocudos nº320
Telefone: 99767-0165
.............................................................
Lara Leal da Costa
.............................................................
Saulo de Sousa Soares