Post on 06-Mar-2016
description
Secretária de Educação Fundamental: Iara Glória Areias Prado
Diretora de Política da Educação Fundamental: Ma
Mansutti Coordenador-Geral de Apoio às Escolas Indígenas:
Jean Paraízo Alves
MEC/SEF/DPE Coordenação-Geral de Apoio às Escolas Indígenas
Esplanada dos Ministérios Bloco L sala 721 Cep.: 70047-900 - Brasília/DF
Tel.: (61) 410 8630 e (61) 410 8997 Fax.: (61)410 9274
e-mail: cgaei-sef@mec.gov.br
Os animais / Projeto Tucum-Programa de formação
de professores indígenas para o magistério - Mato
Grosso: Secretaria de Estado de Educação, 2002.
21 p. : il.
1. Fauna. 2. Hábitos. 3. Artesanato. 4. Cultura indi_
gena.
I. Título.
CDU316.72(=81-82)
O Livro "Os Animais" foi organizado pelo professor Bororó Hilário Rondon
Adugonoreu (in memorian) e por dezessete alunos da Escola Indígena Estadual de
1 ° Grau "Sagrado Coração de Jesus" - município de General Carneiro - MT. Os
alunos da quarta série elaboraram os textos e as ilustrações, em 1999, com a assessoria
pedagógica do professor Hilário, para ser usado como material de leitura para os
alunos das séries iniciais. Este livro é, de forma especial e direta, destinado aos alunos
e a comunidade da Aldeia Meruri e indiretamente, a todos os alunos Bororó e também
a outros povos e pessoas que se interessam por culturas diferentes.
O livro aborda o tema 'animais' e descreve dezessete espécies da fauna existentes
na região sudeste do Mato Grosso - mais precisamente na Terra Indígena Meruri.
As informações trazem aspectos gerais da paisagem local, dos hábitos dos animais,
da matéria-prima usada na confecção de artesanatos, dos nomes dados em língua
bororó etc.
Este livro é fruto do Projeto Tucum - Programa de Formação de Professores Indígenas
para o Magistério - desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação de Mato
Grosso em parceria com 1 5 municípios, Funai e Ong's, com recursos do Banco
Mundial, através do PRODEAGRO - Programa de Desenvolvimento Agroambiental.
O Projeto Tucum formou 1 76 professores indígenas das etnias Irantxe, Paresi, Kaiabi,
Apiaká, Munduruku, Nambikwara, Rikbaktsa, Umutina, Bororó, Xavante e Bakairi,
sendo que, a maioria deles -hoje- se encontra nos Cursos de Licenciatura para
Professores Indígenas oferecidos pela UNEMAT - Universidade Estadual de Mato
Grosso.
Os Bororó autodenominam-se Boe, que quer dizer gente. Antes da chegada dos
Brae (aqueles que não são Bororó), eles eram cerca de 10.000 pessoas e hoje estão
reduzidos a 950. Os Bororó atualmente habitam quatro reservas demarcadas: Tereza
Cristina, Perigara, Tadarimana e Meruri, perfazendo um total de 128.520 hectares.
Na aldeia Meruri vivem 400 pessoas, que fazem do artesanato uma das fontes de
renda familiar. "E no funeral que a nação Bororó encontra a força para continuar a
lutar e viver. E a vida quando passa pela morte"- Mário Bordignon.
A demarcação da Área Meruri aconteceu em 1976 e, dois anos depois, foi
aprovado o pedido de criação da Escola Indígena Estadual de 1 ° Grau "Sagrado
Coração de Jesus", que funciona até hoje.
Hilário foi um dedicado professor que atuou na escola do Meruri e poriniciativa
própria, pensou o projeto desta publicação .
Com o imprescindível apoio do MEC, este livro vem agora a público trazendo
visibilidade para a cultura Bororó.
Fevereiro/2002
Apresentação
Copyright©2002 by SEDUC - Secretaria de Educação e Cultura de Mato Grosso
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, transmitida por qualquer forma eletrônica, mecânica, fotocopiada ou gravada, sem autorização expressa do editor
Projeto TUCUM - Programa de Formação de Professores Indígenas para o Magistério.
Direitos Autorais e Organização Hilário Rondon Adugonoreu (in memorian)
Textos e Ilustrações Libério Uiagomeareu; Elvis Presley Parabara Ikare; Flávia dos Santos Kurugaredo;
Orestes Santino Rondon Uwororeu; Müller Mariscot Bento Aroeimejera; Milton Bokodoregaru; Alcides Barreto Kugo Emegera;
Solimar Merire Makuda; Adilio Waepa; Dimas Flores Rondon; Débora de Fátima Meri Mugureudo;
Marizete Joware Wororo; Simone Joware Etogiwudo; Willian Carlos Adugoenau; Maria Natividade Uibo Bororó;
Marcolino Rodrigues Tunoagoro; Valter Carvalho Kugarubo Ekureu
Revisão Terezinha Furtado de Mendonça
Kátia Silene Zorthêa Sueli Tomazzi
Produção Gráfica e Editoração Eletrônica Rogério Malara
Apoio a esta publicação Coordenação Geral de Apoio as Escolas - Indígenas / MEC
Realização Governo do Estado de Mato Grosso Secretaria de Estado de Educação
Superintendência de Currículo e Gestão Escolar
SEDUC - Centro Político Administrativo Secretaria de Estado de Educação - Palácio Paiaguás - Cep: 78055 - 971 - Mato Grosso
Tel: (66) 613 - 6327
Este livro foi elaborado pelos alunos da Escola "Sagrado Coração de Jesus" e por mim, que assessorei todo o trabalho. Os textos e desenhos são de autoria dos próprios alunos e, depois, foram reformulados, sob minha orientação.
O livro é destinado aos próprios alunos e tem como objetivo o incentivo à leitura, respeitando a realidade vivida. Muito obrigado.
I Introdução
Hilário Rondon Adugonoreu
Beija-flor O beija-flor é um pássaro pequeno que gosta
de voar e se chama Piodudo. Ele come o néctar das flores e fica parado no ar se alimentando.
Flavia dos Santos Kurugaredo
A águia O nome da águia em Bororó é Aroe Eceba. Ela se alimenta de cobras, peixes, pássaros e
vive na selva. A águia não é alimento, somente utilizamos
suas penas para fazer enfeites originais. Ela voa sobre rios, matas e cerrados a
procura de alimento.
Cutia-Mea Quando é noite e bem cedinho a cutia
levanta para comer coco. Depois sai por aí caçando minhoca. Se algum a ataca ela, vai embora e faz um
novo buraco. Quando ela entra no buraco coloca folhas
secas, e só sai para comer.
Libério Uiagomeareu
O Matrinchã O matrinchã é um peixe muito grande e
esperto. Serve de alimento muito delicioso para as
pessoas. Vive dentro d'água e come frutinhas que
caem na água. As pessoas colocam minhoca, carne e lambari
como isca para pescar o matrinchã. É uma delícia o peixe frito, cozido ou assado. O nome do matrinchã em Bororó é Oicereu.
O Cão O cachorro é perigoso e traiçoeiro, é bom
para caçar. E inteligente, é bonzinho só para quem ele conhece. Mas ele é perigoso quando está doente e também quando rouba. Ele não tem que deixar roubar.
A doença dele é transmissível. É o melhor amigo do homem. Aonde o Bororó
estiver sempre tem cachorro. O nome dele em Bororó é Arigao.
Muller Mariscot Bento Aroeirmejera
O Porco Doméstico O Porco se alimenta de milho, coco, sobra de
comida e algumas coisinhas mais. Vive no chiqueiro, as vezes ele foge mas, não
vai muito longe. Altas horas da noite ele vem gritando porque alguém bateu nele ou está com fome.
A gente se alimenta dele frito, cozido ou assado. Os Bororó deram nome para ele de Jugoreu.
Milton Bokodoregaru
Jui-caititu Caititu tem nome em Bororó Jui. Ele vive na mata e no cerrado. Se alimenta de
minhocas, milho, mandioca e de pequi. Por isso alguns Bororó vão caçar o caititu para comer, quando não tem mistura em casa, aí eles vão caçar.
As vezes não matam o caititu, matam tamanduá, mixila ou paca. Depois vão embora contente para casa.
Apu-Paca A paca é um animal que vive na mata. O seu nome em Bororó é Apu. Ela se alimenta de mirindiba e outras frutas. A paca é pequena e gorda, serve para o
nosso alimento. Nós matamos a paca de noite. Saímos bem
de tardinha para o mato. Chegando na mata ficamos esperando a paca no trieiro ou em cima do pé de mirindiba. A paca chega para comer. Focamos a lanterna e damos tiro na paca. Aí descemos de cima da árvore, pegamos a paca morta e vamos embora para casa.
Solimar Merire Makuda
O macaco tem o nome Juko em Bororó, vive na mata em beira de córregos, rios e lagoas.
Ficam nos galhos das árvores e se alimentam de frutas como: jatobá, mamão, coco e mais alimentos que encontrar.
O Macaco
Gavião Chimango • O gavião faz seu ninho em altas paineiras. Come calangos, lagartixas e outros insetos. Ele caça seu próprio alimento. Quando é criado pelo homem, mesmo dando
comida, ele não come. O gavião não gosta de comidas como arroz e feijão. Ele não come e
. gosta de carne de vaca. O homem dá arroz mas não come, se dá
carne de vaca ele come.
Dimas Flores Rondon
O Coelho O coelho se alimenta de raízes, folhas e
também vive no mato, nos garranchos. Ele anda de dia e de noite para se alimentar. Também há pessoas que se alimentam de
coelhos. Há desenhos de coelhos na televisão para as crianças assistirem.
Débora de Fátima Meriré Makuda
A Garça Azul A garça azul tem um nome Bace Kawowreu
em Bororó. A garça azul se alimenta de peixes e vive em
beiras de lagos e rios. Algumas pessoas se alimentam dela.
Ela é um pássaro grande, suas cores são muito bonitas e voa de um lugar para outro.
O nome da garça em geral é Bace.
Marizete Joware Wororo
A pombinha A pombinha tem o nome Metugo em Bororó,
ela não faz mal a ninguém. Come formigas e alguns insetos que ela vê. Vive nas matas e também serve de alimento.
Simone Joware Etogiwudo
A Onça Pintada A onça pintada tem o nome Adugo em Bororó A onça vive nas matas, nas árvores e buracos.
De dia a onça sai para caçar o seu alimento para ela sobreviver.
Por isso não devemos andar nas matas dia e noite pois, a onça caça alimento de dia e noite.
Nós Bororó comemos a carne da onça, com o couro fazemos cerimônias.
Há muitas histórias de onças.
Wiliam Carlos Adugorenau
A Mixila A mixila tem o nome em Bororó, Apogo. Vive no mato andando pelo cerrado caçando
alimentos. Ele se alimenta de insetos, cupim, formigas.
Quando sente sede procura logo um córrego ou rio. Toma água e depois volta para o cerrado. Quando a mixila sente sono sobe no pau. As vezes sai de noite procurando alimentos.
Nós nos alimentamos desse animal.
A Anta A anta é um animal grande que vive no mato. Um dia saí para pescar e, enquanto estava
pescando, ouvi um barulho no mato e parei de pescar. Comecei a procurá-la, de repente, ela atravessou na minha frente...
O nome da anta em Bororó é Ki.