Apareceu-lhe a Virgem, cercada de anjos, segundo a tradição, no dia 16 de julho de 1251 e...

Post on 18-Apr-2015

114 views 3 download

Transcript of Apareceu-lhe a Virgem, cercada de anjos, segundo a tradição, no dia 16 de julho de 1251 e...

Apareceu-lhe a Virgem, cercada de anjos, segundo a tradição, no dia 16 de julho de 1251 e mostrou-lhe o Santo Escapulário da Ordem, dizendo-lhe: "Este será o privilégio para ti e todos os carmelitas; quem morrer com ele não padecerá com o fogo eterno, quer dizer,

quem com ele morrer, se salvará".

Simão nasceu em 1165, no castelo de Harford, condado de Kent, na Inglaterra, do qual seu pai era governador. Os pais do Santo uniam a virtude à mais alta nobreza. Alguns escritores

julgam mesmo que tinham eles parentesco com a família real inglesa. Sua mãe consagrou-o, antes de nascer, à Santíssima Virgem. Em reconhecimento a Ela pelo feliz parto, e para pedir sua especial proteção em relação ao filhinho, a jovem mãe, antes de

o amamentar, oferecia-o à Mãe de Deus, rezando de joelhos uma Ave-Maria.

Se, por distração, esquecia-se disso, encontrava uma resistência da parte do pequenino Simão, que recusava alimentar-se até que ela rezasse essa oração. Quando o bebê, devido a algum mal-estar próprio à idade, começava a chorar, bastava que a mãe lhe mostrasse uma

estampa da Virgem para que ele se acalmasse. O menino aprendeu a ler com pouquíssima idade. A exemplo de seus pais, começou a rezar

o Pequeno Ofício da Santíssima Virgem, e logo também o Saltério em latim. Embora não conhecesse ainda a língua latina, encontrava tanto prazer nisso, que ficava extasiado.

Essa precoce criança iniciou aos sete anos o estudo das Belas Artes no colégio de Oxford,

com tanto sucesso que surpreendeu os

professores. Isso fez com que fosse admitido

à Mesa Eucarística, num tempo em que o

costume era  receber a Sagrada Hóstia muito mais tarde. Foi então que consagrou sua

virgindade à Santíssima Virgem.

Eremita aos 12 anos de idade

Perseguido pela inveja do irmão mais velho, e atendendo a uma voz

interior que lhe inspirava o desejo de abandonar o mundo,

deixou o lar paterno na idade de 12 anos,

encontrando refúgio numa floresta isolada.

Preferiu seguir o chamado de Deus a

permanecer no aconchego do lar.

Um enorme carvalho, cujo tronco apodrecido formara uma cavidade suficiente para nela colocar uma cruz, uma imagem de Nossa Senhora e recostar-se, serviu-lhe de oratório e

habitação. Empregava o tempo na contemplação das coisas divinas, oração e austeridades. Bebia água de uma fonte nas proximidades e alimentava-se de ervas,  raízes e frutos

silvestres. De vez em quando, porém, um misterioso cão levava-lhe um pedaço de pão. Evidentemente, como outrora aos solitários do deserto, o demônio não o deixava em paz.

“Simão é entregue pelo inimigo da salvação a penas de espírito, a violentos escrúpulos, a cruéis remorsos sobre os perigos dessa via extraordinária que ele percorre, privado como estava da graça dos sacramentos, desprovido de todos

os meios que a Igreja concede sem cessar aos fiéis, todos os dias exposto a morrer nessa terrível solidão, sem socorro nem consolações.

O exemplo de tantos solitários que Deus conduziu na mesma via reanimava sua confiança; a lembrança das graças com as quais o Céu o tinha favorecido, para o

confirmar em sua resolução, o ressegurava”.

Ordem para que se juntasse aos carmelitas

Nossa Senhora revelou-lhe seu desejo de que ele se juntasse a certos monges que viriam à Inglaterra, provenientes do Monte Carmelo, na Palestina, “sobretudo porque aqueles religiosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de

Deus”. Apesar do grande atrativo que tinha pela solidão, Simão voltou para a casa de seus pais e retomou o curso de seus estudos. Formou-se em teologia e

recebeu as sagradas ordens. Enquanto aguardava a chegada dos monges preditos, o Pe. Simão Stock dedicou-se à pregação.

Finalmente chegaram dois frades carmelitas no ano de 1213, e ele pôde receber o hábito da Ordem em Aylesford.

Em 1215, tendo chegado aos ouvidos de São Brocardo, segundo Geral latino do Carmo, a fama das virtudes de Simão, quis tê-lo como coadjutor na direção da Ordem; em 1226, nomeou-o Vigário-Geral de todas as províncias européias.

São Simão teve que fazer frente, nessa ocasião, a uma verdadeira tormenta contra os carmelitas, na Europa, suscitada pelo demônio através de homens ditos

zelosos pelas leis da Igreja. Estes queriam, a todo custo, suprimir a Ordem, sob pretexto de ser ela nova, instituída sem aprovação da Igreja, contrariamente ao

que dispunha o IV Concílio de Latrão.

Simão enviou delegados ao Papa Honório III, para

informá-lo da perseguição de que

estavam sendo vítimas os carmelitas e pedir sua

proteção. O Soberano Pontífice delegou dois

comissários para examinarem a questão.

Estes, ganhos pelos adversários, opinaram pela supressão dos carmelitas. Mas a Santíssima Virgem apareceu a  Honório III,

ordenando-lhe que aprovasse as Regras do Carmo, confirmasse a Ordem e a protegesse

contra seus adversários.

O Sumo Pontífice o fez mediante uma bula, na qual declarou legítima e conforme aos decretos de Latrão a existência legal da Ordem dos Carmelitas, e autorizou-a

a continuar suas fundações na Europa.

Num novo Capítulo, em 1245, foi eleito 6° Prior Geral da Ordem  carmelita. Se a bula papal aplacara momentaneamente o furor dos inimigos do Carmelo, não

o fizera cessar de todo. Depois de um período de calmaria, as perseguições recomeçaram com mais intensidade. Abandonado de auxílio humano, São Simão recorria à Virgem, com toda a amargura de seu coração, pedindo-Lhe que fosse

propícia à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela.

Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta, Flos Carmeli. Segundo ele próprio relatou ao Pe. Pedro Swayngton, seu secretário e confessor, de repente “a Virgem me

apareceu em grande cortejo, e, tendo na mão o hábito da Ordem, disse-me:

“Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer

revestido com ele será preservado do fogo eterno”.

Essa graça especialíssima foi imediatamente difundida pelos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte,

fizeram calar os adversários dos Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo. “A Ordem do Carmo multiplicou-se tão prodigiosamente, sob a direção do nosso Santo, que

poucos anos depois de sua morte, cerca do fim do século XIII, segundo a observação de Guilherme, Arcebispo de Tiro, essa Ordem contava já com mais de 500 mosteiros ou

eremitérios, povoados por um grande número de religiosos, que o mesmo autor eleva ao número de 120 mil”.

São Simão atingiu extrema velhice e altíssima santidade, operando inúmeros milagres, tendo também obtido o dom das línguas. Apesar da idade, viajou pela Europa erigindo inúmeros mosteiros, e atribui-se-lhe também a fundação das

Confrarias do Santo Escapulário. Enfim, já centenário, chegando a Bordeaux, na França, quando se dirigia a Toulouse para o Capítulo Geral da Ordem,  entregou

sua alma a Deus, a 16 de maio de 1265.

De sua tumba saíram raios de luz durante 15 dias depois de sepultado, o que levou os religiosos a comunicarem o portento ao Bispo. Este chegou ao túmulo, acompanhado do clero e de muito povo. Tendo constatado o fenômeno, mandou que se abrisse o sepulcro,

aparecendo o corpo do santo emitindo raios de luz e exalando delicada fragrância. Por volta do ano 1276, o culto a Simão Stock foi confirmado para o convento de Bordeaux,

pela autoridade da Santa Sé, e mais tarde para os de toda a Ordem Carmelitana.

19/11/2009