Post on 05-Jun-2015
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIAToni Chagas de Carvalho
APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL
Conceição do Coité2010
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Toni Chagas de Carvalho
APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em comunicação, sob a orientação da professora Hanayana Brandão Guimarães Fontes Lima.
Conceição do Coité2010
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Toni Chagas de Carvalho
APLICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO DO SISAL
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social – Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia sob a orientação da professora Hanayana Brandão Guimarães Fontes Lima
Data:
Resultado:
BANCA EXAMINADORAProf. (a) orientador: __________________________
Assinatura:
Prof.:
Assinatura:
Prof.:
Assinatura:
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DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado em especial à minha mãe Rilza, meu pai Antônio e minha irmã Adriana. Dedico também a todos os meus familiares que depositam tanta confiança no rumo de minha caminhada.
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AGRADECIMENTOS
Muitos foram aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para minha formação
como cidadão, não apenas na academia, como na vida. Nós somos tudo aquilo que tiramos da
vida, e a vida vem em grande parte das trocas que fazemos, das vivências com pessoas e
coisas. Todos constroem a si próprios sozinhos, mas toda a matéria prima surge a partir da
interação, de conselhos que se dá e recebe, de informações compartilhadas e da confiança
mútua.
O resultado desta caminhada ao longo do curso, muito se deve ao fato de tantas
pessoas terem acreditado em mim. A família vem em primeiro lugar, por ter acreditado desde
o princípio, e pelo fato de que essa confiança e todo o carinho que sempre recebi nunca
cessarão. Este trabalho também é fruto das discussões, aprendizado e a convivência com
minha orientadora Hanayana Brandão, com quem felizmente compartilho o gosto pela
temática que escolhi. Aproveito também para agradecer às instituições que fizeram parte dessa
pesquisa, sobretudo as pessoas com as quais interagi durante os últimos meses, não medindo
esforços para me munir de informações e vivências. Por fim agradeço aos colegas e
professores do curso de comunicação social do campus XIV da UNEB, sem deixar de incluir
o corpo de funcionários com quem também troquei muitas experiências e, aprendi que a vida
acadêmica não está apenas na sala de aula.
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RESUMO
Aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação como Ferramentas para o Desenvolvimento do Território do Sisal
Na primeira década do século XXI estamos acompanhando e fazendo parte da reafirmação da condição das tecnologias da informação e comunicação (TIC), como ferramentas essenciais para as mais diversas atividades humanas, tais como a comunicação e o acesso à informação. O desenvolvimento passa a depender cada vez mais de ações localizadas, muitas delas sem o apoio do Estado, nesse panorama é necessário entender qual opapel dessas tecnologias junto a iniciativas de promoção do desenvolvimento, não só por parte de governos e empresas, como também das instituições sociais. Muitas destas instituições, como acontece no Território Sisaleiro da Bahia, se tornaram o carro chefe das iniciativas de promoção do desenvolvimento em suas regiões, a exemplo da Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia (FATRES), A Cooperativa Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere) e a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB), ambas sediadas no município de Valente. O objetivo deste trabalho é verificar como essas três instituições estão aplicando as tecnologias da informação e comunicação para a promoção dodesenvolvimento no território.
Palavras Chaves: TIC, tecnologia, informação, comunicação, desenvolvimento,
território.
Abstract
Application of Information Technology and Communication as Tools for Development of Territory of Sisal
In the first decade of this century we are witnessing and being part of the reaffirmation of the status of information and communication technologies (TIC) as essential tools for a variety of human activities, such as communication and access to information. At a time when the development comes to depend more and more localized actions, many without the supportgovernments, it is necessary to understand what role these technologies together to initiatives promoting development not only by governments and businesses, but also by social institutions. Many of these institutions, such as sisal in the Territory of Bahia became the flagship initiatives to promote development in their regions, such as the Foundation for the Support of Rural Workers and Family Farmers in the region of Sisal and semi-arid of Bahia (FATRES), Cooperative Rural Credit Valentense (SICOOB-Cooperate) and the Sustainable Development Fund of the Sisal Region (APAEB), both based in the municipality of Valente. The objective of this study is to see how these three institutions are applying information technology and communication development perspective of the territory.
Key words: ICTs, technology, information, communication, development, territory.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Mapa do Território do Sisal ............................................................................ 50
Figura 2 – Mapa dos Territórios de identidade .............................................................. 51
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SUMÁRIO
Capítulo 1: Tecnologias da Informação e da Comunicação e seus
impactos na sociedade ................................................................................. 13
1.1 O papel das TIC na formação da sociedade da
informação................................................................................................ 15
1.2 Características de uma nova sociedade............................................... 15
1.3 O Contexto Brasileiro............................................................................ 18
Capítulo 2: As TIC e a questão regional.................................................... 22
2.1 O papel das TIC e o desenvolvimento regional .................................
2.2 O território do Sisal ..............................................................................
2.2.1 Infra-estrutura tecnológica do território sisaleiro da Bahia ................
2.2.2 O avanço das TIC e seus impactos no território sisaleiro ...............
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Capítulo 3: As TIC e as instituições sociais do território sisaleiro ........ 32
3.1 O papel dos movimentos sociais e a existência de políticas públicas
para a promoção do desenvolvimento................................................... 33
3.2 Três iniciativas de destaque na promoção do desenvolvimento
regional.................................................................................................. 34
3.2.1 A APAEB............................................................................................
3.2.2 FATRES ...........................................................................................
3.2.3 Sicoob-coopere ...............................................................................
Metodologia aplicada na pesquisa .............................................................
Considerações finais ...................................................................................
Referências ...................................................................................................
Anexos ...........................................................................................................
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INTRODUÇÃO
Os avanços da eletrônica vêm sendo responsáveis por enormes mudanças na forma
como as pessoas têm acesso e lidam com a informação. O rádio e o cinema, dentre tantas
outras tecnologias surgidas a partir do final do século XIX foram extremamente importantes
para os fenômenos que vislumbramos a partir da década de 1970. A partir daí vieram o
computador pessoal e a internet, que provocaram uma aceleração jamais vista na circulação da
informação, criando as bases fundamentais para o que se tornaria a “sociedade da informação”.
Como toda revolução tecnológica, esta, impulsionada pelas tecnologias da informação e
comunicação também suscitou dilemas a partir de questionamentos sobre benefícios e
malefícios trazidos junto com elas.
A revolução que temos em curso se difere bastante do que vimos na primeira e na
segunda revolução industrial. A primeira revolução industrial apoiou-se no amplo uso de
informações, aplicando conhecimentos que já estavam disponíveis décadas antes. Já na
segunda revolução industrial, ocorrida depois de 1850, a ciência teve um papel fundamental na
promoção das inovações tecnológicas, participação que pode ser exemplificada no importante
papel dos primeiros laboratórios de pesquisa e desenvolvimento (P&D), na indústria química
alemã no final do século XIX. A centralidade dos conhecimentos e informação foi uma
característica marcante em ambas as ocasiões. Vivemos um momento histórico onde
novamente nossa cultura material sofre grandes transformações, mas o potencial de
participação de empresas, governos e pessoas em esfera global é o seu grande diferencial. Tal
nível de participação se deve principalmente à livre fluência da informação em meio às
possibilidades de interação entre as pessoas de forma jamais vista, além da impossibilidade de
centralização do controle desse infindável fluxo de informação e comunicação. O potencial
desse fluxo hoje é medido para ser base para várias constatações, inclusive em relação ao nível
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de desenvolvimento de um povo. Para muitos o próprio grau de desenvolvimento pode ser
medido de acordo com a produção e acessibilidade às tecnologias da informação e
comunicação.
No Brasil e mais especificamente no estado da Bahia a política dos territórios nos dá a
oportunidade de pensar o desenvolvimento a partir de necessidades localizadas, e promovido
por quem conhece as demandas e desafios de sua realidade. Uma região que não inova os seus
meios de produção e comunicação e que não busca uma infra-estrutura institucional e até
mesmo material, pode se distanciar muito da direção que hoje aponta para o desenvolvimento,
um caminho que perpassa cada vez mais pelo uso das TIC, já que sem elas é impossível
inserir-se no globalizado mundo das redes telemáticas. Para começar, comunicação é um
elemento fundamental para quem busca o desenvolvimento, e esta vem sendo cada vez mais
atrelada às novas tecnologias, sobretudo as que utilizam a Internet. Quando se trata de um
território, com toda sua diversidade política e cultural, percebemos que o desenvolvimento
necessita de uma infra-estrutura de comunicação informatizada, que explore o potencial das
tecnologias implantadas de uma maneira que vá além da comunicação, mas também da
circulação e processamento da informação. A partir dessas premissas, veremos ao longo do
presente trabalho, um panorama do uso das tecnologias da informação e comunicação na
perspectiva do desenvolvimento no Território Sisaleiro.
No primeiro capítulo veremos como se deu a partir da década de 1970, o
desenvolvimento e disseminação das novas tecnologias da informação e comunicação,
inicialmente a partir do uso crescente dos computadores pessoais e logo depois da Internet,
importantes ferramentas que nos possibilitam hoje vivenciar a chamada “sociedade da
informação”. Veremos também como essa nova sociedade se caracteriza e, como as
tecnologias da informação e comunicação que tanto colaboraram para sua instalação estão
inseridas em seus diferentes contextos.
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No segundo capítulo chegamos ao recorte que nos interessa nessa pesquisa:
compreender as TIC no contexto do desenvolvimento. Neste ponto traremos um panorama do
uso das TIC no Território Sisaleiro da Bahia, com um levantamento sobre a infra-estrutura
voltada para essas novas tecnologias e os impactos da crescente adesão a estas, principalmente
nesta primeira década do século XXI.
No nosso terceiro e último capítulo, faremos uma análise do papel das TIC para a
promoção do desenvolvimento no território a partir da adesão de instituições sociais à essas
tecnologias, aplicando-as em suas atividades, abordaremos aqui o trabalho de três instituições
que se destacam na promoção de desenvolvimento no território: a Fundação de Apoio aos
Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia
(FATRES), da Cooperativa de Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere) e da Associação
de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira (APAEB). Por fim serão
apresentadas as considerações finais, como resultado das análises das informações coletadas.
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CAPÍTULO I
Tecnologias da Informação e da Comunicação e
Seus Impactos na Sociedade
Desde o início do século XX pesquisadores agrupados em escolas, movimentos ou
simplesmente linhas de pensamento vem tentando entender a importância da comunicação e
suas implicações na sociedade. Do telefone aos primeiros computadores foram décadas de
pesquisas científicas e evoluções tecnológicas que para os padrões de hoje não promoveram
mudanças tão rápidas na sociedade, mas o impacto e possibilidades surgidas desde então -
principalmente no campo da comunicação – são inquestionáveis. Para Wolton (2000) o que
difere a revolução causada por tecnologias como o rádio, o telefone, a televisão e mais tarde o
computador é a violenta ruptura causada por elas, a introdução e a assimilação dessas
tecnologias se deu de forma tão rápida que nos parece que estão aí desde sempre. O que vemos
desde a década 1970 é uma aceleração ainda maior desse processo. O autor chega a afirmar
que “para muitos, a quantidade de computadores conectados à internet parece o índice mais
preciso sobre o grau de desenvolvimento de um país, até mesmo de inteligência...” (2000). As
tecnologias da informação e comunicação segundo o conceito de Castells (1999) são “o
conjunto convergente de tecnologias de microeletrônicas, computação (software e hardware),
telecomunicações/radiodifusão e optoeletrônica”.
Na América latina o contexto apontado por Wolton ganha uma dimensão cultural cheia
de questionamentos, principalmente ao relacionarmos a disseminação das TIC e o
desenvolvimento. Já Barbero (2002), também se preocupa com o tema, e afirma que na
América Latina, a imposição acelerada dessas tecnologias aprofunda o processo de
mascaramento da modernização, que talvez não esteja se dando de maneira realmente eficaz,
já que é preciso antes de tudo avaliar o potencial de apropriação e identificação cultural das
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populações, antes de promover mudanças de hábitos e posturas tão radicais.
1.1 O Papel das TIC na Formação da Sociedade da Informação
Se na década de 1950 computadores pesando toneladas deram início a uma incrível
revolução tecnológica, fazendo com que governos e empresas promovessem mudanças
radicais no modo de vida das pessoas, foi a partir da década de 1970 que iniciou-se um
processo em que pessoas comuns em suas casas ou no trabalho, passariam a participar de
forma direta e extremamente ativa nas transformações sociais promovidas pelo uso crescente
das novas tecnologias.
A situação do capitalismo mundial nesse período foi decisiva para o impulso e
desenvolvimento das tecnologias advindas do computador. Mattelart (2008) traz um
interessante panorama dessa época quando surge um alarmante diagnóstico da situação do
sistema capitalista vigente, com ênfase no que ocorria nas Europa Ocidental, América do Norte
e Japão. Esse fenômeno possibilitou uma aproximação entre países mais ricos, principalmente
o que compunham o G81, o que trouxe grandes avanços no que diz respeito a intercâmbios,
movimento de capitais e uma “flexibilização” das empresas na fluidez das redes planetárias. A
sociedade da informação pareceu o ambiente mais propício para o capitalismo, que em crise se
apegou à uma industrialização focada no surgimento de novas tecnologias. O que ocorreu após
esse período, segundo este autor, foi uma apropriação quase sem fronteiras dos muitos
benefícios dessa nova ordem econômica.
Na década de 1980, principalmente nos Estados Unidos os computadores deixaram de
ser usados exclusivamente pelas grandes empresas, para estarem presentes nas casas das
1 O grupo G8 reúne os líderes (presidentes e primeiros ministros) do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos.
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pessoas, que por sua vez, utilizaram-no também para produzir conhecimentos, com o advento
na Internet, esse conhecimento ganhou um importante de espaço de disseminação e troca.
Vemos cada vez mais a influência da iniciativa privada, muitas vezes em sinergia com essa
nova configuração de produção e consumo de bens não apenas materiais. Nas décadas 1970 e
1980 o capitalismo vislumbrou e, portanto, ajudou a criar uma sociedade na qual a partir da
década 1990 as tecnologias da informação e da comunicação passaram a ditar as regras da
produção do mercado de bens e, até mesmo constituir este mercado. Para Castells (1999), dois
aspectos desse período que valem até os dias de hoje merecem destaque: o primeiro deles é o
fato de que as descobertas e as aplicações – e foram muitas – interagiam entre si e eram
testadas continuamente, assim, aprendia-se fazendo. Os usuários passaram a utilizar
tecnologias recentemente desenvolvidas, decorrendo novas potencialidade de uso e, até mesmo
aprimorando-as, a exemplo do uso cada vez mais freqüente das linguagens de programação.
O segundo aspecto diz respeito à multiplicidade de atores nesses processos, como
centros de pesquisa, universidades, empresas de tecnologia avançada, e para citar algumas
estavam lá a IBM, a Xerox e as recém nascidas e não menos importantes nesse processo,
Apple e Microsoft. E apesar da já estabelecida rede on-line a concentração espacial também
foi fundamental, o maior exemplo deles é o famoso Vale do Silício nos Estados Unidos, que
abrange várias cidades do estado da Califórnia, ao sul de São Francisco, como Palo Alto e
Santa Clara, estendendo-se até os subúrbios de San José. Pode-se dizer este lugar, com
atuações destas e outras empresas de tecnologia, foi o grande celeiro que possibilitou o atual
estágio de informatização que o mundo vive. Enquanto a Inglaterra sediou boa parte dos
grandes acontecimentos ocorridos na primeira e na segunda Revolução Industrial, os Estados
Unidos foram palco do nascimento da sociedade da informação.
Atualmente as inovações proporcionadas pelas tecnologias da informação e
comunicação vão desde a telefonia via internet, oferecendo possibilidades de conversas em
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áudio sem custos adicionais, à criação de verdadeiras comunidades virtuais visando desde o
entretenimento às ações educacionais e colaborativas. As TIC estão atreladas à boa parte das
atividades de rotina dos indivíduos, possibilitando interação de pessoas e grupos, reunião de
informações, compartilhamento e distribuição destas, cristalizando a formação de uma nova
sociedade. Para tanto, uma gigantesca infra-estrutura tecnológica foi erguida em escala
mundial, através de ações sinérgicas de governos e empresas, estão inclusas redes de telefonia,
interconexões de cabos de fibra ótica, satélites, sistemas energéticos e centros empresariais. A
sociedade da informação só foi possível mediante uma logística técnica e operacional,
impulsionadas principalmente por grandes conglomerados econômicos, envolvendo empresas
de telecomunicações, entretenimento e governos. Sem a venda desenfreada de computadores,
máquinas associadas ao desenvolvimento e ao acesso ao mundo de possibilidades que a
conectividade oferecida pelo sistema de redes gerou, sem a telefonia celular, cada vez mais
presente no cotidiano de praticamente todos os países, e sem Internet, maior fluxo de
informação e comunicação já criado, a sociedade da informação estaria apenas em histórias de
ficção científica, aguardando um futuro propício acontecer, mas, essa grande revolução já
configura nossa realidade.
1.2 Características de Uma Nova Sociedade.
Antes de abordamos sobre as características dessa nova sociedade que vivenciamos, é
importante ressaltar que mesmo o termo para denominar essa sociedade é alvo de muitos
debates. Os termos “Sociedade da informação” e “Sociedade do Conhecimento” são os mais
difundidos. Em 1973, o sociólogo estadunidense Daniel Bell usou a noção da sociedade de
informação. Ele o utilizou ao falar que essa nova sociedade - a partir daquela década - seria
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sustentada pela informação. O termo sociedade do conhecimento, muito usado em publicações
da UNESCO, por exemplo, se popularizou bem depois, principalmente em publicações na
década de 1990. Alguns teóricos preferem ainda outras terminologias. Castells (1999), por
exemplo, prefere adotar o termo: Sociedade em rede.
A exemplo da maioria das publicações, a Organização das Nações Unidas (ONU)
também parece ter adotado o termo “informação” ao realizar a Cimeira Mundial da Sociedade
da Informação (CMSI), o termo cimeira é comumente substituído por cúpula. Nos encontros
promovidos pela cimeira, o debate entre adeptos dos termos “conhecimento” e “informação”
também ocorreu. O fato é que o termo sociedade da informação é tão difundido, que nas
formulações de outras propostas, ele tende a ser tomado como referência, apesar de ser alvo de
críticas de quem o vê como alusão exclusiva às tecnologias, preferindo assim, o termo
conhecimento por sua maior amplitude.
Como mostrado no início deste capitulo, Barbero (2002) analisou a sociedade da
informação na América Latina tomando a cultura como um elemento importante em sua
análise, ainda que esta seja muitas vezes desconsiderada nos planos de globalização com um
largo alcance das TIC como parte de interesses “transnacionais”. O fato é que a revolução
promovida a partir do uso massivo das TIC pode ser vista como fruto de uma mudança radical
em nossa cultura material, mas com consequências inevitáveis em nossa cultura imaterial,
perpassando assim pelos vários âmbitos da sociedade. Para Wolton (2000) essas tecnologias
“encorajam a capacidade de criação”.
É importante, claro, ressaltar outra afirmação onde Wolton (2000) diz que é normal ver
uma simetria entre o sonho de uma sociedade “mundialista” e a própria globalização da
economia, esta ultima pode até ser o objetivo principal, sendo a integração cultural e
comunicacional de forma global, apenas uma forma de manutenção dessa globalização
econômica. Mas, ainda assim, o que se verifica nas relações entre empresas, entre estas e seus
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funcionários, entre governos, e até mesmo entre pessoas comuns é um processo de
apropriação, uso e criação que não parece cessar, ou até mesmo desacelerar tão cedo, sem falar
da diversificação de seus usos, oferecendo possibilidades que vão além dos interesses de
multinacionais e governos. Como afirma Mattleart (2008), “uma nova configuração de atores
sociais e profissionais começou a distanciar-se das dinâmicas dominantes e a reapropriar-se da
questão das tecnologias da informação e da comunicação”. Um fenômeno interessante
apontado por ele, mostra que a informação e o saber são cada vez mais considerados como
bens imateriais passivos de apropriação. De fato, ao analisarmos o contexto das patentes nos
últimos 100 antes, veremos que enquanto no início do século XX as invenções ocuparam com
soberania as discussões acerca das patentes, hoje, cada vez mais idéias são patenteadas,
produtos intelectuais não palpáveis, como codificações de softwares são motivos de
verdadeiras guerras jurídicas e, constituem o maior patrimônio de muitas dessas empresas.
Não por coincidência, existe atualmente um amplo debate em torno do direito intelectual.
Ainda resgatando análises comparativas entre o que ocorre hoje e o que aconteceu nas
primeira e segunda revolução industrial, vale resgatar uma importante caracterização desses
dois períodos trazida por Castells:
... um aumento repentino e inesperado de aplicações tecnológicas que transformou os processos de produção e distribuição, criou uma enxurrada de novos produtos e mudou de maneira decisiva a localização das riquezas e do poder no mundo, que, de repente, ficaram ao alcance dos países e elites capazes de comandar o novo sistema tecnológico. (Castells, 1999, p 71).
Verificamos hoje o que Wolton (2000) chama de “oferta e demanda de informação”,
onde a constatação das necessidades de informação e comunicação, sobretudo nas
“sociedades desenvolvidas” acaba por legitimar mercados como o da Web e, atender a tais
necessidades acaba sendo para muitos um caminho fundamental para o progresso, e como
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questiona Wolton, “quem se colocaria contra o progresso?”. Esse mercado comum promovido
pela Internet está reforçando cada vez mais o fenômeno das convergências.
Nosso consumo há muito tempo já não está mais restrito à feira livre de nossa
comunidade, às lojas no centro ou a negociar com pessoas próximas, com as quais precisamos
sentar juntos e negociar. A “rede e o ser” citados por Casttels (1999) se confundem. A
identidade do ser está cada vez mais constituída de fragmentos que permeiam a imensa rede
mundial, traçada por uma integração que não é meramente virtual, essa integração virtual
parece ser apenas o primeiro passo, o terreno no qual rapidamente uma integração concreta se
constitui. Culturas diversas nos chegam através do cinema, televisão, rádio e Internet, e logo
abrem caminho para equipamentos eletrônicos, roupas e até alimentos.
1.3 O Contexto Brasileiro
No Brasil, o que ocorreu nas últimas quatro décadas não é muito diferente do que
aconteceu em muitos países da América Latina. Depois do populismo de Vargas com o projeto
de modernização do país, veio a troca da modernização pela idéia do progresso, o que foi
levado a cabo pela ditadura militar. Na busca pelo desenvolvimento foi necessário instituir
uma verdadeira integração nacional, começava a nascer a grande e complexa infra-estrutura
de telecomunicações no país, o que antes serviu prioritariamente as redes de televisão
principalmente, com a ação do para promover a importante integração e consolidação de uma
nação, hoje se converte numa infra-estrutura tecnológica que vai além das telecomunicações,
o que só foi possível com intervenção da iniciativa privada, principalmente a partir da década
de 1990 e as privatizações no Governo Fernando Henrique Cardoso. A infra-estrutura trazida
pelas empresas de telefonia também impulsionou a disseminação do acesso à internet, hoje
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em sua maioria operacionada por elas.
A Política Nacional de Informática do País foi estabelecida da Lei nº 7.232, de 1984, e
tem como objetivo “a capacitação nacional nas atividades de informática, em proveito do
desenvolvimento social, cultural, político, tecnológico e econômico da sociedade brasileira”.
Muitos dos dispositivos foram substituídos posteriormente pelas Leis nº 10.176, de 2001, e nº
11.077, de 2004, visando a adequação a uma realidade em que estavam se fortalecendo a
produção e à comercialização de bens de informática e a abertura do mercado. Conforme
Barbosa (2009) país pode mostrar agora em dados estatísticos o quanto as TIC estão se
difundindo em boa parte de seu extenso território. Os resultados da pesquisa para o ano de
2008 mostraram que houve a intensificação no uso e na posse das Tecnologias de Informação
e Comunicação no Brasil: 18% dos domicílios brasileiros possuem computador com acesso à
Internet e 34% da população nacional é usuária efetiva, ou seja, acessou a Web nos últimos
três meses daquele ano.
Os números ainda estão longe do ideal, com a informatização da sociedade cada vez
maior, acessar produtos e serviços dependerá cada vez do acesso às tecnologias a quais eles
estão condicionados, sem falar da própria acessibilidade oferecida pelo governo, que cada dia
que passa se informatiza, o governo eletrônico está cada vez mais presente, mas acessá-lo
ainda é um problema para a parcela da população desfavorecida nas estatísticas mostradas
pelo relatório 2009 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI).
Até a TV e o rádio digital no país passarão a oferecer e estimular o mercado de
produtos e serviços computacionais dentro de seus universos como produtoras de demandas
mercadológicas, principalmente no que se refere à televisão.
Após o governo Fernando Henrique, marcado pelas privatizações e pela iniciativa
privada, assumindo em boa parte e informatização do país e uma consequente popularização
de TIC, os dois mandados do Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva estão sendo
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marcados por iniciativas de inclusão digital, uso sistemático de softwares livres e a
implantação gradativa de práticas de governo eletrônico, a partir da informatização de
serviços e bancos de dados, por exemplo, algo que teve início no Governo Fernando Henrique
Cardoso. As Nações Unidas realiza um estudo anual, onde os países são classificados de
acordo com a sua infra-estrutura tecnológica. São utilizados os seguintes indicadores:
percentual da população conectada à Internet; número de telefones fixos e móveis; quantidade
estimada de computadores; e número relativo de aparelhos de televisão. O Brasil se tornou em
2009 o quinto maior do mundo, em termos absolutos, em acesso à Internet, por exemplo.
A questão mais preocupante no Brasil segundo Nazareno (2006), é o cenário brasileiro
da “infoexclusão”. No relatório chega-se a usar o termo “apartheid digital” entre as regiões
geográficas brasileiras, e camadas sociais da população. Outros dados obtidos a partir da
pesquisa realizada pela CGI, mostram alguns avanços importantes, e dizem respeito ao acesso
individual à contas de e-mail. O número de usuários da Internet que possuem conta de e-mail
gratuita passou de 55% em 2005 para 80% em 2008, um dado que também nos remete ao
surgimento de novas demandas trazidas até mesmo pelo grande aumento na vendas de
computadores.
Outras tecnologias da informação e comunicação também foram alvos do estudo da
CGI. O acesso ao telefone celular continuou com um crescimento significativo em 2008,
comparado com 2006 e 2007, sendo um dos “principais vetores de inclusão da população
brasileira ao uso de Tecnologias de Informação e Comunicação”. O ranking traçado pelo
Comitê Gestor da Internet no país confirma que a televisão continua sendo um equipamento
“praticamente universal” na área urbana (98%), seguida pelo rádio (87%) e pelo telefone
celular (76%). Sobre o uso de computadores, a proporção de domicílios com é maior nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nos domicílios com renda familiar elevada e de classes
sociais mais altas. Mesmo com o avanço desses índices, fica claro que tudo isso deve vir
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acompanhado de políticas públicas voltadas não apenas para a acessibilidade, como também
para a educação e capacitação do cidadão.
CAPÍTULO II
22
As TIC e a Questão Regional
É importante considerar que a própria informação é cada vez mais considerada como
um instrumento básico para quem quer pensar em desenvolvimento. As modernas redes
telemáticas e toda a sua ramificação estrutural que a cada dia chega mais longe, tem servido
de suporte indispensável para isso. O uso das tecnologias da informação e comunicação que
cada vez mais convergem entre si, tem sido uma verdadeira arma na busca pelo crescimento
econômico e, isso vai desde a acessibilidade a produtos e serviços essenciais como o próprio
governo eletrônico, cada vez mais presente em cidades interioranas. Outro fator determinante
na relação entre TIC e desenvolvimento é a própria oferta de serviços básicos que necessitam
de uma boa infra-estrutura de comunicação, como por exemplo, possibilitar maneiras mais
eficazes e rápidas de comunicação entre pessoas e grupos.
Para Castells (1999) a sociedade se organiza hoje a partir de vários fluxos, como os de
capital, de informação e de tecnologias, todos sem dúvida intimamente ligados, em boa parte
pelo sistema capitalista vigente. A informação, segundo o autor, passa a ser um fator crítico
nesse processo e, neste caso, uma boa infra-estrutura tecnológica torna-se essencial.
Tecnologias como a internet via rádio e via wirelles1, possibilitam o acesso a Internet
e, consequentemente permite ao acesso a serviços que em sua maioria só podem ser acessados
através dela, um benefício com resultados positivos principalmente em localidades mais
isoladas. Porém, devemos considerar que algo básico como até mesmo o transporte de pessoas
e a rede elétrica chegam a ser precários em alguns lugares e, no caso da energia elétrica pode
simplesmente não existir. Essas limitações destoam o território, assim como vários outros,
das regiões metropolitanas do país. O acesso aos produtos e serviços advindos da
1 Uma rede sem fio que conecta computadores sem a necessidade do uso de cabos – sejam eles telefônicos, coaxiais ou ópticos – por meio de equipamentos que usam radiofrequência (comunicação via ondas de rádio) ou comunicação via infravermelho.
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informatização ainda é escasso no território em comparação com outras partes do Brasil,
sobretudo quando comparado o que se vê na região sudeste.
2.1 O papel das TIC e o desenvolvimento territorial.
Um dos primeiros autores de destaque que abordaram o conceito de território foi
Claude Raffestin (1993). Merece destaque na sua obra o caráter político do território, bem
como a sua compreensão sobre o conceito de espaço, geográfico, pois o entende como
substrato, um palco, pré-existente ao território.
É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente […] o ator “territorializa” o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143).
Dentro dessa concepção o território é tratado, principalmente, com ênfase político-
administrativa, como o território nacional, espaço físico onde se delimita uma ordem jurídica
e política; um espaço medido e definido pela ação humana. Santos (1996) adverte que não
devemos confundir território e espaço, para ele “a mesma paisagem, a mesma configuração
territorial, nos oferecem, no transcurso histórico, espaços diferentes” (SANTOS, 1996, p. 77).
Já Rogério Haesbaert (1997) analisa o território com diferentes enfoques. No jurídico-político,
segundo ele, “O território é visto como um espaço delimitado e controlado sobre o qual se
exerce um determinado poder, especialmente o de caráter estatal”. Há também a abordagem
culturalista, prioriza dimensões simbólicas e mais subjetivas, o território é visto como
“produto da apropriação feita através do imaginário e/ou identidade social sobre o espaço”. E
por fim a visão econômica, que destaca a desterritorialização sob a perspectiva material, como
24
“produto espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho”.
Segundo Brunet (1990), o território é um espaço "construído como um espaço de
relações sociais, onde há o sentimento de pertencimento dos atores locais à identidade
construída”. O autor ainda se refere a possíveis laços de solidariedade que são criados entre os
atores desse processo. Já Scheren-Warren (1998) fala de uma perspectiva multiculturalista. De
fato, no caso participar do território do sisal, muitas são as discussões por parte da população
em relação a sua demarcação, principalmente por parte de municípios cuja atividade
econômica não gira em torno da cadeia produtiva do sisal, uma postura errônea, se levarmos
em conta as acepções aqui levantadas.
Com base na política dos territórios instituída pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), em 2004 a Coordenação Estadual de Desenvolvimento (CET) homologou
oficialmente o Território do Sisal. A planta Agave, popularmente conhecida como sisal deu
origem ao nome do território. O cultivo do sisal não deve ser considerado o único e
determinante elo entre os municípios para que eles sejam considerados integrantes de um
mesmo território. Devem-se considerar também, os diversos fatores históricos comuns a esses
municípios, fatores culturais e geográficos, fatores estes que os tornam próximos.
A própria maneira como os diversos poderes dominantes se estruturam e atuam
também devem ser levados em conta. A construção social de um território, portanto, pode ou
não ser associada a estratégias de valorização de produtos locais, de forma diferenciada,
conforme afirma Flores (2006). Ao discutirmos sobre desenvolvimento em um território é
necessário também abordar sobre o próprio conceito de desenvolvimento. Vejamos o que diz
Sachs (2005):
O potencial de desenvolvimento de um país depende em primeira instância da sua capacidade de se pensar, em segundo da sua habilidade a por em obra o projetopolítico e só em última instância, do grau de desenvolvimento do seu aparelho produtivo. (Sachs, 2005. p. 15)
25
O autor menciona projeto, neste caso um projeto nacional. Mas, em se tratando de um
território, pensar num projeto que abranja um único território, como no caso particular do
território sisaleiro, é necessário pensar em desenvolvimento local. Num território onde além
das instituições privadas e governos sociedade civil também exerce intensa influência nos
processos sociais e econômico, essa rede de grupos e pessoas se torna ainda mais complexa,
muitas vezes com choque de interesses, ações paralelas sem a mesma eficácia de possíveis
ações convergentes. Streek (1997) destaca a importância dessas redes sociais para a
estratégia a inovação, influenciando até mesmo no nível de competitividade. Nesse sistema de
organização social entram cena as tecnologias da informação não apenas como meras
coadjuvantes, já que um capital social, bem estruturado, que conta com uma infra-estrutura
que dê conta de suas demandas de acesso, troca, processamento e distribuição da informação,
terá mais possibilidade de êxito em suas atividades.
A visão dicotômica do Estado e mercado como reguladores do desenvolvimento
necessitam de agente intermediários, segundo Muls (2008), neste caso são as instituições com
ações de cunho produtivo e/ou de regulação social, o que corrobora com a visão de Santos
(1996) em que o processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da
natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza. Sobre o desenvolvimento local nos
trás um interessante enfoque:
É a partir do espaço geográfico que se dá a solidariedade orgânica; tais atividades, não importa o nível, devem sua criação e alimentação às ofertas do meio geográfico local […] na verdade, mudadas as condições políticas, é nesse espaço banal que o poder público encontraria as melhores condições para sua intervenção. Trata-se, aqui, da produção local de uma integração solidária, obtida mediante solidariedades horizontais internas, cuja natureza é tanto econômica, social e cultural como propriamente geográfica. A sobrevivência do conjunto, não importa que os diversos agentes tenham interesses diferentes, depende desse exercício da solidariedade, indispensável ao trabalho, e que gera a visibilidade do interesse comum (Santos, 2000, p. 110).
A essa ideia de desenvolvimento citada por Milton também pode ser somada a noção
26
de sustentabilidade, o que necessita da descoberta das potencialidades locais, nasce então a
ideia do desenvolvimento sustentável, o que abandona a visão de desenvolvimento apenas sob
o aspecto econômico. Este conceito de desenvolvimento preza pelo reprocessamento dos
recursos naturais e valorização do capital humano, bem como a melhoria das condições de
vida das populações. Sachs (1993) aponta algumas dimensões da sustentabilidade:
1) Sustentabilidade social: consiste na criação de um processo de desenvolvimento
civilizatório baseado no ser e que seja sustentado por uma maior eqüidade no ter, nos direitos
e nas condições das amplas massas da população, diminuindo a distância entre os padrões de
vida dos mais ricos e dos mais pobres;
2) Sustentabilidade econômica: possibilita uma eficiência macro-social, reduzindo os
custos sociais e ambientais;
3) Sustentabilidade ambiental: aumenta a capacidade de uso dos recursos naturais
através da utilização de recursos renováveis e da limitação do uso de recursos não-renováveis
ou ambientalmente prejudiciais;
4) Sustentabilidade espacial: está voltada a uma configuração rural-urbana mais
equilibrada;
5) Sustentabilidade cultural: respeita a continuidade das tradições culturais e até
mesmo a pluralidade das soluções particulares.
O desenvolvimento sustentável se refere principalmente às conseqüências dessa
relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente como futura. Por
isto, atividade econômica, meio ambiente e bem –estar social formam o tripé básico do seu
conceito. Ele tem várias dimensões: cultural, política, econômica, ambiental, espacial e social
(BRASIL, 2002)
O papel das tecnologias da informação e comunicação desempenhando uma função de
27
elemento dinamizador, que automatiza tarefas, que proporciona economia, fortalecendo ações
coletivas e colaborativas é essencial na busca pelo desenvolvimento sustentável.
2.2.1 O Território do Sisal
O Território do Sisal está localizado no semi-árido do nordeste do estado (a cerca de
240 km de Salvador). Segundo dados do IBGE (2007) o território possui 552.713l habitantes,
dos quais 63% ocupam a área rural, sendo formado por 25 municípios: Serrinha, Conceição
do Coité, Araci, Monte Santo, Tucano, Itiúba, Santaluz, Cansanção, Riachão do Jacuípe •
Queimadas, Quijingue, Valente, Teofilândia, Pé de Serra, Biritinga, Barrocas, Capela do Alto
Alegre, Lamarão, Nordestina, Retirolândia, Candeal, São Domingos, Nova Fátima, Ichu e
Gavião.
A economia do território é baseada na agricultura familiar, com destaque para o sisal,
que historicamente tem em sua fibra um dos principais sustentáculos do desenvolvimento
sustentável da região. Há ainda a forte contribuição de estabelecimentos comerciais e das
feiras-livres. A agricultura familiar é também uma importante fonte de renda no Território, e
constitui um dos critérios para dividir o território. Não há muitas indústrias, mas algumas
empregam um número satisfatório de pessoas nos municípios onde estão instaladas, já as
prefeituras são os maiores empregadores.
O veículo de comunicação mais popular e de maior impacto presente no território é a
rádio comunitária, presente em praticamente todos os municípios. Muitas dessas rádios ainda
enfrentam dificuldade para manter-se no ar (além da falta de financiamento) por ainda não
estarem homologadas, o que gera problemas junto à ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações). O órgão recebe inúmeras críticas pelos seus métodos em visitas de
fiscalização junto com a polícia federal. A região também conta com jornais impressos e
28
informativos institucionais de entidades da sociedade civil e prefeituras, além de blogs e sites
de notícias.
A cultura é bastante diversificada, os municípios têm fortes traços culturais que vão
desde as artes como a música, artesanato às festas tradicionais (religiosas ou não). Para as
manifestações coletivas o destaque fica por conta das festas juninas, o São Pedro, festas de
padroeiros e padroeiras, e diversas outras manifestações religiosas como o candomblé. Na
culinária algumas “iguarias” da região como a farinha de mandioca está sempre presente,
além do licor, que é muito apreciado, principalmente nos festejos juninos. A literatura é outro
traço cultural – apesar do apoio escasso – importante. A região aos poucos vem sendo
naturalmente influenciada por fenômenos como a cultura digital e sua sociedade da
informação, provocando uma convivência entre traços culturais advindos da globalização com
aspectos culturais nativos do território, como a música e a culinária
O Território é amplamente conhecido pela atuação do terceiro setor nos seus diversos
municípios, destacam-se iniciativas que funcionam sob as bases do associativismo e do
cooperativismo, é o que ocorre no município de Valente a cerca 240 KM de Salvador. O
município, que segundo o IBGE conta com 21 mil habitantes ganhou muito destaque na
região quando passou a sediar três das instituições sociais com maior abrangência em suas
atividades no território: a Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores
Familiares da Região do Sisal e Semi-Árido da Bahia (FATRES), a Cooperativa Valentense de
Crédito Rural Sicoob-Coopere e a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da
Região Sisaleira (APAEB). A APAEB se dá por meio de projetos sociais como assistência
técnica a agricultores familiares ligados à cadeia produtiva do sisal e a ovinocaprinocultura.
Infra-estrutura Tecnológica do Território Sisaleiro da Bahia
29
Assim como ocorre em muitas regiões distantes dos grandes centros urbanos do país, o
território sisaleiro, ainda carece de um mapeamento que realmente leve em conta toda a sua
infra-estrutura tecnológica, sobre tudo as que possibilitam acesso às TIC. Com a implantação
do Centros de Difusão Digital (CDCs), salas com computadores conectados a Internet e
disponibilizados gratuitamente para a população, isso através da iniciativa da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, exemplo das demais cidades do estado, todo os
municípios do território do sisal contam com pelo menos um CDC, funcionando através do
suporte de instituições como no casa da câmara municipal de Vereadores do Município de
Valente. A infra-estrutura que possibilita a conexão à internet são em sua maioria segundo os
próprios provedores de acesso, links contratados juntos a empresa Telemar. A imensa maioria
dos usuários domésticos e comerciais dos territórios tem acesso à internet graça a pequenos
provedores que a partir de um link contratado, que normalmente não supera os 20 Megabytes
por segundo. Geralmente são oferecidos planos de acesso que vão de 64 Kbps (60 kbytes por
segundo) à 300 Kbps. Algo muito longe da média dos grandes centros urbanos.
Poucas cidades oferecem serviços com link de Internet com uma velocidade aceitável
para os padrões atuais de banda Larga que devem ser de no mínimo 300 kbps, a exemplo de
Serrinha e Conceição do Coité, que já possuem acesso através de empresas coma a Velox,
oferecendo links de até 500 Kbps. A conexão oferecida pelos provedores locais se dá via rádio
com uso de antenas, o que tem possibilitado, por exemplo, o acesso de pessoas que moram em
comunidades rurais. O sistema via cabo ainda é pouco utilizado, tendo como maior exemplo o
município de Valente, onde dois provedores oferecem o serviço através do cabeamento de
rede em boa parte da sede do município. Os maiores parques tecnológicos são de posse das
prefeituras, e suas estruturas ramificadas através de departamentos e secretarias. Com a
instalação de torres de telefonia celular em boa parte dos municípios, acelerada a partir de
30
2004, aos poucos o uso de modens que permitem acesso através da banda de telefonia celular
vem se disseminando, o mesmo acontece com redes wireless que ainda são raras.
2.2.3 O Avanço das TIC e seus Impactos no Território Sisaleiro
No território sisaleiro, até fins da década de 1990 só era possível contar em larga
escala com acesso a rádio e televisão, este último, sem produção local. Nos primeiros anos
dessa primeira década do século XXI, acompanhando diversas outras regiões do país, o
território vivenciou uma verdadeira proliferação de estabelecimentos onde se cobra o acesso a
computadores conectados à Internet, popularmente chamado de Lan House, que são ainda os
principais meios de acesso a Internet para a população em geral1, e provedores locais de
acesso à grande rede, que a cada dia tem mais clientes domésticos.
A informatização já é visível em vários setores da produção de bens e serviços, que vai
desde o uso de computadores em pequenas mercearias, a redes que interligam dezenas de
computadores em instituições da sociedade civil, instituições governamentais e empresas.
Essa realidade aos poucos vem instalando na maioria dos municípios do território, ainda que
as mudanças mais visíveis estão restrita às sedes dos municípios, estas normalmente
concentram apenas a metade da população local. Esses impactos não podem ainda serem
vistos com clareza entre a população rural, mas já é possível ver aparelhos celulares em
comunidades onde não há sinal de telefonia móvel, além de computadores instalados em
associações de moradores que os recebem ou compram através de doações. Um dos maiores
entraves ainda é a falta de estrutura básica, como a acesso à energia elétrica, um problema que
vem sendo amenizado, principalmente nos últimos dez anos, mas ainda não foi sanado em
1 Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, o CGI.br, em 2007, as lan houses detém hoje cerca de 49% dos acessos à internet no país
31
muitas localidades.
CAPÍTULO III
32
As TIC e as Instituições
Sociais do Território Sisaleiro
Oliveira (1987) relata que vários fatores evitaram inicialmente o surgimento de
organizações e movimentos sociais no território sisaleiro, dentre os quais destacam-se a
atuação das oligarquias que souberam ao longo da história, controlar a população através da
insegurança, do medo, e da dependência econômica, o segundo fator não menos importante
foi o relativo isolamento da região. Foi só a partir da década de 1970 - período em que não só
no Vale do silício iniciou-se uma revolução – que algumas oligarquias locais, juntamente com
seguimentos da Igreja Católica, partiram para a criação dos primeiros sindicatos de
trabalhadores rurais, com atuação meramente assistencialista e, num primeiro momento
oferecendo serviços como assistência odontológica, ainda que precária.
Em meados daquela década, outros segmentos da Igreja Católica – da ala progressista –
lideraram o surgimento de iniciativas de organização social através das chamadas
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), promovendo a integração de pautas comuns entre
várias comunidades, voltadas pra temáticas como acesso à terra e trabalho. Após alguns anos
lá estavam os camponeses disputando eleições nos sindicatos até então dominados pelas
oligarquias. Logo sindicatos passaram a surgir a partir da iniciativa de lideranças sociais. Aos
poucos se estabelecia no território do sisal um ambiente propício fervilhar práticas de
cooperativismo e associativismo. O mapeamento dos empreendimentos sociais e solidários do
território, por parte do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira
do Estado da Bahia (CODES) ainda está em curso, sem prazo para seu término, mas até 2007,
contava com 117 iniciativas catalogadas.
3.1 O Papel dos Movimentos Sociais e a Existência de Políticas Públicas para a
33
Promoção do Desenvolvimento.
Na visão de Touraine (1977) movimentos sociais podem ser definidos como ações
coletivas associadas à luta por interesses, associados à organização social, a mudanças na
esfera social e cultural. GOHN (1995) afirma que os novos movimentos sociais se
contrapõem aos “velhos” e historicamente tradicionais movimentos sociais em suas
práticas e objetivos:
São ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo. Para GOHN (1995, p. 44).
Num território marcado pelo clima seco, e que muito depende da agricultura,
problemas como falta de empregos e infra-estrutura básica como energia elétrica, saneamento
básico e desemprego, a atuação dos poderes públicos municipais, que estão mais próximos da
população, ainda que com a ajuda dos governos estadual e federal, estão longe de serem
suficientes para garantir um mínimo de qualidade de vida para a população permitindo o
acesso a direitos básicos como saúde, educação e alimentação. Entre os municípios do
território sisaleiro, poucos se destacam por ações isoladas que podem ser caracterizadas como
políticas eficazes para a promoção do desenvolvimento, entram em cena as instituições
sociais, que tomam para si, a tarefa contribuir com a sustentabilidade das localidades por meio
de projetos financiados por editais de ministérios como o do desenvolvimento agrário, um dos
que mais atuam junto às instituições locais.
Em paralelo à atuação das instituições, sejam elas de pequeno porte atuando em
34
comunidades rurais, ou aquelas que chegam a ter uma atuação em boa parte do território, está
o trabalho CODES, surgido a partir das mobilizações da sociedade civil que culminaram com
a efetivação do território, instituição que gerencia boa parte dos investimentos captados junto
ao governo federal para serem aplicados ao desenvolvimento do território, a exemplo dos
Arranjos Produtivos Locais (APLs), que destinam recursos para determinadas áreas como
agricultura a partir de uma série de ações pré-estabelecidas. A diretoria do CODES é
composta por representantes de instituições sociais do território.
3.2 Três Iniciativas de Destaque na Promoção do Desenvolvimento Regional
Apesar do grande número de instituições sociais sediadas no território sisaleiro,
poucas têm foco em uma atuação que atinja mais de um município, seja pelos próprios
objetivos que elas têm, seja por limitações financeiras e/ou operacionais para dar maior
abrangência às suas atividades. Dificuldades como contratação e manutenção de um quatro de
funcionários que atenda as demandas geradas por uma atuação em um território tão vasto, a
fonte de investimentos que garantam a continuidade do trabalho são alguns dos principais
entraves. Apesar de tais desafios, algumas iniciativas vêm realizando um trabalho voltado
para populações de vários municípios, e não apenas das que possuem sede, é o caso da
APAEB (Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira),
FATRES (Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Semi-
árido da Bahia), e Sicoob-Coopere (Cooperativa Valentense de Crédito Rural). As três
instituições, sediadas no município de Valente possuem pontos em comum - apesar da
natureza jurídica e atuação - que merecem ser destacados, como o fato de terem surgido a
partir do fortalecimento do movimento sindical no território, em especial no município de
35
Valente, que concentra boa parte dos investimentos voltados para o movimento social. Além
de declararem-se parceiras, ambas as instituições têm como foco principal de atuação a
promoção do desenvolvimento no território a partir de suas práticas de cooperativismo,
associativismo e atuação sindicalista.
Vale aqui destacar que em sua natureza jurídica, apesar de terem objetivos com um
alto grau de convergências, estas entidades têm suas distinções, sendo elas uma cooperativa,
uma fundação e uma associação. Conforme consta na conceituação de associação no código
civil brasileiro, a APAEB se organiza a partir da união de pessoas que se organizam para fins
não econômicos. O Sicoob-coopere se enquadra no artigo 3º da Lei nº5.764/71, que define
uma cooperativa como uma instituição que tem por finalidade a prestação de serviços aos
associados para o exercício de uma atividade comum, econômica, sem que tenham objetivo de
lucro.
No caso da FATRES o código civil define fundação como sendo uma pessoa jurídica
de direito privado sem fins lucrativos. Uma fundação é constituída pela destinação de um
patrimônio para a execução de determinados fins, no caso dela, a execução de projetos que
beneficiam os sindicatos e consequentemente as pessoas filiadas. A APAEB, a FATRES e o
Sicoob-Coopere adotam para si o conceito de desenvolvimento sustentável, o que parece ser
mais apropriado, sobretudo para um território sitado no semi-árido baiano, onde problema
como desemprego e seca são históricos. Para entendermos melhor como se dá a atuação delas,
bem como se organizam, foi traçado um perfil destas entidades, conforme pode ser visto na
tabela a seguir:
Tabela – Caracterização das instituições estudadas
36
Caracterização APAEB FATRES Sicoob-coopereCaráter Jurídico Associação Fundação Cooperativa de
CréditoÁreas de atuação Assistência técnica
Rural, produção de tapetes e carpetes, apoio político e pedagógico à cadeia produtiva do sisal e caprinovinocultura, educação do campo, inclusão digital, atividades de preservação ambiental.
Educação do campo, crédito rural, política agrícola e agrária, preservação do meio ambiente, sindicalismo e segurança alimentar.
Crédito rural
Cidades onde atua Valente, São domingos, Retirolândia, Santa Luz, Queimadas
São Domingos, Valente, Santa Luz, Queimadas, Itiúba, Nordestinha, Cansanção, Monte Santo, Tucano, Araci, Serrinha, Ichú, Candeal, Coité, Retirolândia, Barrocas, Biritinga e Quijingue.
Valente, Retirolândia, Coité, Quixabeira, Nova Fátima, Gavião, Capim grosso.
Quantidade de funcionários
500 Aproximadamente 50
45
Pessoas associadas - 12 milPessoas Beneficiadas 3.000 famílias 3.000 famílias -
3.2.1 A APAEB
37
A Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário Da Região Sisaleira
(APAEB), segundo consta no site da instituição1 é uma associação sem fins lucrativos,
fundada em 1980, que tem como missão promover o desenvolvimento social e econômico
sustentável e solidário, visando a melhoria da qualidade de vida da população da Região
Sisaleira. A associação surgiu a partir da municipalização da APAEB que até o início da
década de 1990 era uma entidade estadual com filiais em Feira de Santana, Serrinha, Araci e
Valente. Com a separação cada filial se tornou independente, a situada em Valente logo
ganhou grande projeção, sendo a mais conhecida, o principal motivo que a levou a ter tanto
destaque foi o fato de ter adotado atividades produtivas, não se limitando à ações de cunho
social. A APAEB Valente manteve a sigla antiga e, vem atuando com um conjunto de ações
voltadas para o desenvolvimento sustentável, não apenas em seu município sede, sendo
reconhecida como a maior entidade da sociedade civil do Território Sisaleiro.
Todas ações visam a melhoria da qualidade de vida de agricultores e indiretamente de
toda a população, tendo como princípio norteador “promover o desenvolvimento econômico e
social sustentável, visando a melhoria da qualidade de vida do pequeno produtor rural da
Região Sisaleira”. Dentre suas ações destacam-se o programa de convivência com o semi-
árido dando ênfase a seca, o trabalho de fomento às cadeias produtivas do sisal e da
caprinovinocultura.
A associação possui sua sede no município de Valente, bem como as sedes de seus
vários projetos, a exemplo de um clube sócio-recreativo, uma escola agrícola, uma indústria
de tapetes e carpetes de sisal, uma batedeira comunitária2, uma loja de produtos do artesanato
de sisal e um laticínio com produção voltada para o leite de cabra.
1 www.apaeb.com.br2 A batedeira comunitária o local onde a fibra do sisal é selecionada conforme sua qualidade, processada e pesada, sendo a partir daí destinada para a comercialização da fibra como matéria prima para diversos fins.
38
O escritório central coordena a gerência de todos os setores, estes por sua vez possuem
coordenação própria. Tudo é interligado por uma rede de quase cem computadores
interligados via rede. No escritório central também funciona um setor de informática com
profissionais que buscam atender as necessidades – principalmente emergenciais – da
instituição que também mantém seu próprio servidor de internet. A APAEB faz um uso
sistemático de diversas TIC, conforme pode ser verificado na tabela abaixo, o parque
tecnológico da instituição conta com uma significativa estrutura, se levarmos em consideração
o fato de se tratar de uma associação de pequenos agricultores.
Infra-estrutura tecnológica da APAEB
Computadores 92
Rede interna Interliga todos os computadores
Acesso à Internet Em todos os computadores
Ramais 72
“Plano Empresa” de telefonia Celular
30 linhas móveis com comunicação gratuita entre diretores, gerentes e outros funcionários.
Site Hospedado em servidor próprio
Servidor próprio 3 servidores
Comunicação via VOIP Não possui
Setor de informática Emprega 3 funcionários
Dentre as três instituições pesquisadas, a APAEB é sem dúvida a que mais investe em
tecnologia e a que possui um parque tecnológico mais complexo, é também a que mais tem
pessoas em seu quadro de funcionários. A aplicação de tecnologias da informação e
comunicação está presente em todos os seus setores e departamentos. Com exceção à
indústria de tapetes que a associação mantém, todos os outros setores exigem um
conhecimento específico da área de informática, sobretudo na utilização do sistema
operacional e aplicações para tarefas específicas. As TIC só não estão presentes em tarefas de
campo, como a assistência técnica feita por agrônomos da associação.
39
A tarefa de promoção da melhoria da qualidade de vida da população, conforme consta
na missão institucional da entidade, é a visão de desenvolvimento empregada por sua
diretoria. Para atingir um nível de desenvolvimento satisfatório, a associação acredita que é
necessário oferecer conhecimento e apoio técnico aos agricultores para se tornarem cada vez
mais autônomos em suas atividades, o que inclui também a adesão aos mais modernos
métodos de trabalho. Outra preocupação apontada pela direção da entidade está nas atividades
de formação, que visam mudanças de postura e ações mais eficazes entre os agricultores
familiares, principalmente nas cadeiras produtivas do sisal e da caprinovinocultura.
A utilização de tecnologias para gerir as atividades em seus departamentos tem sido
umas das prioridades da APAEB nos últimos anos, segundo a diretoria da associação. Apesar
disso, quando se trata do trabalho junto às famílias assistidas por ela, agricultores e
comunidade em geral, faltam referências metodológicas para implantar o uso das TIC com
esse direcionamento. A alegação da entidade é a falta de um modelo de utilização destas
tecnologias que vá além do simples processo de troca de e-mails entre gerentes, e o uso de
planos de telefonia móvel para a redução de custos.
Não há dúvida de que o resultado do uso das TIC nesses processos de gerenciamento
de atividades influencia nos resultados percebidos entre a população, mas ter consciência do
real potencial das tecnologias para a sua atuação é indispensável para que a associação
encontre a melhor maneira de canalizar o uso de sua estrutura que vem a cada ano sendo
modernizada, para seus esforços de promoção de desenvolvimento.
3.22 FATRES
40
A FATRES, que a exemplo da APAEB também possui um website1 é uma instituição
que articula 18 sindicatos de trabalhadores rurais em vários municípios do território2, tendo
sua sede no município de Valente. É uma entidade civil, sem fins lucrativos, de natureza
beneficente, considerada de utilidade pública municipal e estadual. Desde sua fundação em
1996, a FATRES direciona sua atuação aos trabalhadores rurais, tendo como foco de
estratégia de atuação o trabalho junto a diferente e lideranças sindicais rurais. A FATRES
prioriza ações de cunho formativo com temas como as políticas públicas para o fortalecimento
da agricultura familiar, cooperativismo, associativismo e formação sindical. Suas ações são
realizadas através de projetos voltados para a captação de recursos para a implementação de
projetos que beneficiam agricultores tendo os sindicatos como seus principais parceiros.
Devido a sua composição, que se estabelece como uma verdadeira rede de instituições,
o uso de tecnologias para a gerência de atividades e, principalmente a comunicação, torna-se
indispensável. A sua missão institucional visa contribuir para a construção do
desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, voltado para a melhoria das condições
sociais de vida dos agricultores as familiares do território, visando a sua permanência na
unidade produtiva familiar, numa perspectiva de fortalecimento da agricultura familiar. O
parque tecnológico da instituição, conforme pode ser visto na tabela abaixo, não possui um
número significativo de instrumentos, mas segundo sua diretoria é o suficiente para suas
demandas.
Infra-estrutura Tecnológica da FATRES
1 www.fatres.org2 Sindicatos Filiados à FATRES: São Domingos, Valente, Santa. Luz, Queimadas, Itiúba, Nordestina, Cansanção, Monte Santo, Tucano, Araci, Serrinha, Ichú, Candeal, Conceição do Coité, Retirolândia, Barrocas, Biritinga, Quijingue.
41
Computadores 14
Rede interna Interligando 7 computadores
Acesso à Internet Em todos os computadores
Ramais 7
“Plano Empresa” de telefonia Celular
20 linhas móveis com comunicação gratuita entre os sindicatos além outros funcionários.
Site Hospedado em servidor de terceiro
Servidor próprio Não possui
Comunicação via VOIP Não possui
Setor de informática Todo o suporte é terceirizado
A FATRES, apesar de sua demanda de comunicação abranger tantas instituições em
sua rede de articulação, é a instituição - entre as estudadas – que menos emprega pessoas, e
que menos investe em tecnologia, porém pela própria natureza de sua constituição e atuação,
que se dá à partir de uma rede, o seu trabalho é descentralizado. Cabe à fundação apenas a
tarefa de gerenciar processos que por sua vez são operacionados nas comunidades através dos
sindicatos filiados, sua grande demanda acaba sendo a de comunicação. Ao contrário das
outras instituições abordadas neste trabalho, ela não possui um setor de informática, tampouco
dispõe de funcionários para esta área. O uso de TIC se restringe à troca de e-mails e o uso de
comunicadores instantâneos.
Conforme consta em sua missão institucional, a FATRES tem como principal objetivo
em seu trabalho pelo desenvolvimento das comunidades por ela assistidas, não é, muito
diferente do que é proposto pela APAEB e Sicoob-Coopere, a idéia central é contribui para o
desenvolvimento social do território, por meio do fortalecimento da economia, sobretudo em
relação à agricultura familiar. O seu trabalho é realizado por meio de projetos, em sua maioria
financiados pelo governo federal.
As linhas de ação da FATRES são postas em prática através do assessoramento
42
político-pedagógico aos sindicatos filiados. Todo esse trabalho é gerido a partir da sede,
localizada em Valente. O trabalho em campo é realizado por técnicos e agentes, contratados
através dos projetos desenvolvidos nas áreas de assistência técnica rural, e ações de formação,
através de oficinas, cursos e palestras voltados para políticas publicas rurais, que abrangem
temas como política agrária, segurança alimentar. O uso das TIC é voltado principalmente
para a comunicação entre a sede os sindicatos filiados, o site da FATRES (www.fatres.org) é
utilizado para a divulgação da instituição, publicação de editais e outras informações de
interesse de seu público, mas não constitui um canal direto com as comunidades, já que estas
em sua maioria não possuem acesso à internet.
A exemplo da APAEB, para a diretoria da FATRES, falta-lhes um modelo de gestão
das TIC, para que elas não sejam sub-aproveitadas apenas como meros instrumentos de
automação e aceleração de processos diários, como envio de documentos e comunicação
interna e externa.
3.2.3 Sicoob-Coopere
A economia solidária supõe ações através da organização de trabalhadores que se
contrapõem ao formato vigente de relações econômicas excludentes, principalmente na gestão
de meio de produção, comercialização e cŕedito. No quesito crédito solidário, no território o
destaque fica por conta da Cooperativa Valentense de Crédito Rural (Sicoob-Coopere).
Conforme consta em seu site website1, a cooperativa surgiu em meio ao movimento social que
desde os anos 70 vinha lutando para criar melhores condições de vida na região, por meio da
união e organização dos trabalhadores rurais. Sua missão institucional é “promover a
1 www.sicoob-coopere.coop.br
43
economia solidária, através da prestação de serviços financeiros e assistência técnica, visando
o desenvolvimento sustentável da região sisaleira do estado da Bahia”.
A cooperativa tem sua sede localizada no município de Valente e outros seis postos de
atendimento cooperativo (PACs) em diferentes municípios do Território Sisaleiro1. Além das
atividades financeiras, como movimentação bancária, a cooperativa que é composta por um
quadro de cooperados também promove cursos de capacitação em cooperativismo e gestão
financeira para grupos e pessoas filiadas a ela, através de seu departamento de educação
cooperativista (DEC).
Por se tratar de uma instituição financeira, o uso das tecnologias da informação e
comunicação é crucial em sua rotina de trabalho. A sede da instituição – a exemplo da APAEB
– também possui um setor de informática. Sua diretoria afirma que a cooperativa é a maior do
Nordeste do país em número de associados contabilizando em 2009 doze mil. Sua missão
institucional é “promover o desenvolvimento econômico e social sustentável, visando a
melhoria da qualidade de vida do pequeno produtor rural da região sisaleira”. A exemplo das
demais instituições, sua missão foi definida quando o termo território do sisal ainda não tinha
sido adotado pelo governo federal. A exemplo da APAEB, a cooperativa tem um parque
tecnológico significativo, conforme pode ser visto na tabela a seguir.
1 PACs do Sicoob-coopere: Retirolândia, Conceição do Coité, Nova Fátima, Gavião, Capim Grosso e Quixabeira.
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Infra-estrutura tecnológica do Sicoob-Coopere
Computadores 50
Rede interna Interliga todos os computadores
Ramais 30 distribuídos nas 3 principais agências (Valente, Coité e Capim Grosso)
“Plano Empresa” de telefonia Celular
30 linhas móveis com comunicação gratuita entre diretores, gerentes e outros funcionários.
Site Hospedado em servidor de terceiros
Servidor próprio 2 servidores
Comunicação via VOIP Comunicando todas as agências
Setor de informática Emprega 1 funcionário
Entre as três instituições aqui estudadas o Sicoob-Coopere é a que demonstra maior
dependência em relação o uso da TIC. Praticamente todo o seu sistema de gerenciamento de
dados e comunicação se dá por meio de sua rede interna e sue conexão à Internet. Diretores,
funcionários e a própria gerência de informática da cooperativa afirmam que sem o pleno
funcionamento da rede, boa parte dos serviços prestados a população são inviabilizados,
principalmente pelo fato que uma instituição financeira tem como um dos principais
requisitos técnicos para o seu funcionamento, a sua conectividade com o sistema que integra
as demais instituições, e isso inclui o próprio Banco Central do Brasil, com o qual eles
possuem uma conexão direta que não necessita de seu link de Internet.
Das instituições pesquisadas, a cooperativa é que a mais emprega tecnologias que
visam a economia de gastos, para isso ela utiliza a comunicação via VOIP1, comunicadores
1 Voz sobre IP, também chamado VoIP, telefonia IP, telefonia Internet, telefonia em banda larga e voz sobre
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instantâneos e softwares livres, ainda que o sistema operacional instalado nos computadores
será pago.
É através do seu departamento de educação cooperativista que a cooperativa exerce
suas principais atividades que a aproxima da comunidade, através de visitas a localidades
rurais, cursos, palestras, oficinas, e assessoramento a pequenas iniciativas que também se
utilizam do sistema de organização por cooperativa. Os responsáveis pelo setor afirmam que
muitas das atividades realizadas só são viabilizadas graças ao investimento que a instituição
emprega em seu parque tecnológico, mas também afirmam que devido às carências de muitas
localidades do território, como a falta de energia, inviabilizam o uso dessas tecnologias em
diversas ocasiões.
A partir dos relatos de funcionários do setor, e de seus programas de trabalho, verifica-
se uma preocupação em aplicar com eficácia as TIC disponíveis, ainda que elas sejam vistas
na maioria dos casos, como meras ferramentas que facilitam o dia-a-dia, diferentes das demais
instituições aqui estudadas, a cooperativa viabiliza muito de sua interação direta com as
comunidades assistidas a partir do uso de TIC,seja nas oficinas e atividades similares, seja em
sua intensa rotina de comunicação com grupos organizados em pequenas cooperativas que
também são encorajadas a se utilizar de tecnologias da informação e comunicação em suas
atividades.
banda larga é o roteamento de conversação humana usando a Internet ou qualquer outra rede de computadores baseada no Protocolo de Internet, tornando a transmissão de voz mais um dos serviços suportados pela rede de dados.
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METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA
A metodologia aplicada na coleta e análise dos dados utilizados nesta pesquisa está descrita
no quadro a seguir:
Etapas Técnicas Procedimentos
Fase IPesquisa Bibliográfica
Análise documentale documentação indireta
Leituras de livros, revistas, pesquisas na Internet, sistematização de anotações e relatórios de palestras e seminários.
Fase IIPesquisa Exploratória
Documentação direta Leitura de relatórios institucionais, estatutos das instituições e sistematizações de anotações em reuniões
Fase IIIPesquisa Descritiva Quantitativa/ Pesquisa Bibliográfica
Entrevistase análise de documentação indireta
- Observações in loco e entrevistas com funcionáriosdas instituições;
- Leitura de livros e pesquisas na Internet.
Fase IVPesquisa DescritivaQualitativa
Entrevistas Observações in loco e entrevistas com dirigentesdas instituições.
Entrevistas
No caso específico das entrevistas, os dados colaboraram tanto para a análise
quantitativa quanto a análise qualitativa. As entrevistas foram feitas em duas etapas (conforme
visto na tabela acima). Na primeira etapa foram realizadas entrevistas com dois grupos de
funcionários, no primeiro os ligados à área de informática. Com essas entrevistas coletados
dados sobre a infra-estrutura tecnológica das instituições, e a verificada a importância dada
47
pelas entidades aos setores responsáveis pela área de informática, com exceção á FATRES
que não possui um setor dedicado. O segundo grupo de funcionários entrevistados
compreendeu aqueles que lidam diretamente com a população assistida pelas entidades, a
exemplo de técnicos agrícola e educadores. O principal enfoque nestas entrevistas foi maneira
como esses profissionais que utilizam os recursos tecnológicos em suas atividades, a exemplo
da realização de palestras, oficinas, e a até mesmo a comunicação rotineira com pessoas e
grupos.
A segunda etapa de entrevistas foi realizada com dirigentes das instituições, com o
objetivando a compreensão do papel das TIC nas tomadas de decisão das entidades.
Coleta de dados em campo
A coleta de dados em campo foi extremamente necessária para a obtenção de
informações relacionadas ao território em áreas como infra-estrutura e indicadores sociais.
Foram coletadas informações a partir de pesquisas realizadas pelos CODES, APAEB e pela
SECTI, além de dados disponíveis em websites a exemplo da página do Ministério do
Desenvolvimento Agrário, uma importante fonte de informações sobre os território de
identidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Numa visão global está sociedade está se tornando um padrão civilizatório, o abismo
digital entre nações ainda é evidente, por sua vez, dentro dos países também existem esses
abismos. O grande desafio para um território como o sisaleiro é vencer suas limitações de
infra-estrutura. Enquanto essas limitações não forem drasticamente sanadas, o território estará
longe de vivenciar plenamente o que se pode chamar de sociedade da informação, destoando
do novo padrão civilizatório supracitado. Por entender a importância do investimento na área
de tecnologias as próprias entidades aqui abordadas destoam do território do sisal, que lhe
oferece inúmeros obstáculos até mesmo para a utilização dos recursos tecnológicos que elas
possuem.
No que se refere ao uso das tecnologias da informação e comunicação, ambas as
entidades enxergam a importância do uso qualificado e sistemático destas para o bom
desempenho das atividades cotidianas, mas não parecem perceber essas ferramentas além de
suas funções operacionais. O uso de computadores, internet, telefonia além de outros aparatos
tecnológicos são enxergados na maioria das vezes apenas como ferramentas que facilitam o
trabalho do dia-a-dia, não é evidenciada nenhum correlação com o objetivo das atividades. A
compreensão do potencial de integração, automação, comunicação e inclusão das TIC é
extremamente necessária para que se tenha o devido proveito de todo o seu potencial.
Baseado no que foi coletado e discutido com as instituições pesquisadas, podemos
indicar aqui algumas linhas de ação que visam um melhor proveito do uso das TIC com a
finalidade de usá-las como ferramentas que possam contribuir ainda mais na caminhadas
dessas instituições que buscam melhorar a qualidade de vida do público que elas assistem:
- Elaborar e executar programas de educação com base nas TIC´s pra um melhor
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aproveitamento destas tecnologias;
- Explorar o potencial das TIC em momentos de planejamento de atividades;
- Visualizar o campo de trabalho onde serão usadas determinadas tecnologias antes de
aplicar investimentos no parque tecnológico;
- Não restringir o uso das TIC como meras ferramentas para comunicação, aceleração e
automação de tarefas, compreendo que novas alternativas de uso podem surgir a partir das
demandas locais.
- Fazer do uso de tecnologias uma política e não apenas uma instrumentação operacional
para as atividades cotidianas;
Vale salientar que essas ações precisam ser acompanhas de políticas e iniciativas mais
gerais, para tanto, é necessário o diálogo com os poderes públicos, sobre tudo municipais e
estadual, com a perspectiva voltada para políticas públicas que garantam estruturação e acesso
à tecnologias hoje tão fundamentais para desenvolvimento social de um território. Algo mais
além da implantação de centros comunitários de acesso a internet precisa ser feito por parte
do, como políticas nascidas a partir de discussões que levem em conta demandas locais. Além
de equipar-se tecnologicamente, é preciso adotar novas posturas, já que mudanças de ações
devem ser acompanhadas de mudanças de posturas. É preciso compreender que TIC não
requerem apenas investimentos, mas, sobretudo processos que envolvem tomadas de decisões
não raro ousadas, e que permitam canalizá-las juntamente com os esforços históricos que eles
já empreendem em sua luta pelo bem estar social do seu povo.
50
REFERÊNCIAS
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BRASIL, Antônio C.P Júnior. Fundamentos para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília: CDS/UnB, 2002
BRUNET, R.. Le territoire dans les turbulences. Paris, Reclus, 1990.
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FLORES, M. A identidade cultural do território como base de estratégias de desenvolvimento – uma visão do da arte. RIMISP, 2006.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos e lutas sociais na história do Brasil. São Paulo: Loyola, 1995
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MULS, Leonardo Marco. Desenvolvimento Local, Espaço e Território: O Conceito de Capital Social e a Importância da Formação de Redes entre Organismos e Instituições locais. Niterói, UFF, 2008.
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WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma Teoria Crítica das Novas Mídias. Porto Alegre : Sulina, 2007.
OLIVERA, Ildes Ferreira de. A Luta pela Autonomia e a Participação Política dos Camponeses; um estudo nas micro-regiões de Feira de Santana e Serrinha, no Estado da Bahia. Dissertação de Mestrado. Campina Grande. UFPB, 1987.
51
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SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos emetodológicos da Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996.
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SACHS, Ignacy. Desenvolvimento e cultura. Desenvolvimento da cultura. Cultura do desenvolvimento. Organizações & Sociedade, Salvador, v.12, n.33, p.151-165, abr./jun. 2005.
SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: Crescer sem Destruir.1993.
SCHERER-WARREN, I. Ações coletivas na sociedade contemporânea e o paradigma das redes. In: Sociedade e Estado. EDUNB. 1998.
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TOURAINE, Alan. Movimentos sociais e idelogias nas sociedades dependentes. In:
Albuquerque, J. A. G. (org.). Classes médias e política o Brasil. Rio de Janeiro:
Terra e Paz, 1977.
52
ANEXOS
Figura I – Mapa do Território do Sisal
Fonte: Instituto Tecnológico do Sisal (IDR)
53
ANEXO 2
Figura 2 – Os territórios de identidade na Bahia
Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia
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ANEXO 3
Questionário para entrevistas semi-estruturadas com funcionários dedicados à área de
informática nas instituições pesquisadas.
01 – Você considera que a instituição investe o suficiente em tecnologias da
informação e comunicação?
02 – Quais as principais dificuldades do cotidiano da instituição em relação ao uso das
TIC?
03 – Qual o número de computadores?
04 – Existe uma política de redução de custos a partir do uso das TIC?
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ANEXO 4
Questionário para entrevistas semi-estruturadas com membros das diretorias das
instituições pesquisadas.
01 – A investimento em tecnologias da informação e comunicação é considerado uma
das prioridades para a infra-estrutura da instituição?
02 – O que você entende como desenvolvimento local?
03 – Por que a missão da instituição visa especialmente o desenvolvimento?
04 – Quais os principais desafios e perspectivas da instituição a médio e longo prazo
neste trabalho em prol do desenvolvimento do território?
05 – Que relação você acredita que existe entre o uso das TIC e a busca pelo sucesso
no trabalham que realizam junto à comunidade?
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ANEXO 5
Dados populacionais dos municípios do Território do Sisal
Município População Rural População Urbana Total
Araci 31,395 16,189 47,584
Barrocas - - -
Biritinga 12,294 2,347 14,641
Candeal 6,704 3,417 10,121
Cansanção 22,726 9,221 31,947
Conceição do Coité 28,291 28,026 56,317
Ichu 2,930 2,663 5,593
Itiuba 26,679 8,864 35,543
Lamarão 7,595 1,928 9,523
Monte Santo 47,326 7,226 54,552
Nordestina 8,925 2,875 11,800
Queimadas 14,830 9,783 24,613
Quijingue 21,484 4,892 26,376
Retirolândia 5,417 5,474 10,891
Santa Luz 12,989 17,966 30,955
São Domingos 4,815 3,711 8,526
Serrinha 37,263 45,943 83,206
Teofilândia 14,574 5,858 20,432
Tucano 32,351 18,597 50,948
Valente 9,634 9,511 19,145Fonte: IBGE 2007
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ANEXO 6
Índice de Desenvolvimento Humano nos Municípios do Território do Sisal
Município IDHMIDHM
Educação
IDHM
Longevidade
IDHM
RENDA
Araci 0,56 61 0,6 0,45
Barrocas 0 0 0 -
Biritinga 0,6 0,68 0,6 0,5
Candeal 0,61 0,71 0,63 0,49
Cansanção 0,54 0,65 0,52 0,45
Conceição do
Coité0,61 0,75 0,55 0,53
Ichú 0,68 0,83 0,66 0,54
Itiúba 0,57 0,73 0,52 0,48
Lamarão 0,61 0,67 0,66 0,5
Monte Santo 0,53 0,6 0,59 0,42
Nordestina 0,55 0,68 0,52 0,45
Queimadas 0,61 0,75 0,59 0,51
Quijingue 0,53 0,61 0,52 0,44
Retirolândia 0,63 0,68 0,56 0,55
Santa Luz 0,65 0,73 0,64 0,57
São Domingos 0,62 0,75 0,6 0,52
Serrinha 0,66 0,76 0,66 0,55
Teofilândia 0,61 0,68 0,63 0,52
Tucano 0,58 0,67 0,59 0,49
Valente 0,66 0,76 0,66 0,56Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário 2007
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