Apresentação moda e estética do corpo

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Trabalho apresentado na V Semana Ciências Sociais na UFRPE, Campus Recife, 03, dezembro, 2014.

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V Encontro Ciências Sociais

Universidade Federal Rural de Pernambuco

Dezembro, 2014

Mestranda PGCDS: Sabrina Pereira dos Santos

Mestranda PGCDS: Lucinea Lima Lacerda

Docente PGCDS: Prof. Dra. Mª Alice V. Rocha

Introdução

Para este estudo exploratório bibliográfico, secompreendeu o corpo, enquanto objeto.

Objeto de um sujeito, que se sujeita.

Sujeita o corpo, que embora seja seu, as manipulaçõesdo quê a sociedade de consumo ocidental do séculoXXI, apresenta como padrão de beleza

(CORBIN, 2011).

Corpo: objeto que se sujeita

Manipulado pela sociedade

Justa Medida para o corpo

Objetivo

Discutir o novo paradigma cultural dacontemporaneidade, no dever de ser belo (a) a partirde uma revisão de literatura da história do corpo,aliados aos estudos da estética do corpo, da moda e damídia.

Revisão de Literatura

Platão: Simetria

Da Vinci : desbravador docorpo humano

“[...] o racionalismo nascentes dos séculos XVI e XVIIrenova completamente os critérios de conhecimento.O verdadeiro não mais está fundado na herançaancestral do fundo cultural.

Ao saber, em parte consensual repousante sobre astradições e partilhado potencialmente pelo conjuntoda comunidade, substitui-se, pouco a pouco, um saberde especialistas, os únicos aptos a apreciar os critériosdo verdadeiro a partir de um conjunto de regraspretendendo a uma vaidade independente das culturase da história”

(LE BETRON, 2012, p. 127).

Cada sociedade tem seu corpo, assim como tem sualíngua. O corpo é polissêmico (SANT’ANNA, 2006).

E este se constrói por várias relações. Na família e emdiferentes grupos sociais (BORDIEU, 2007).

Se constituindo como objeto na sociedadecontemporânea de consumo, pela relação de belo efeio, pois o corpo é vitrine (SILVA, 2001, p.79) tal comoum cartão de visitas que se apresenta a outrem.

A estética do corpo sucumbe ao “dualismocontemporâneo [que] distingue o homem de seucorpo. Sobre os dois pratos da balança: o corpodesprezado e destituído, da tecnociência, e o corpomimado, da sociedade de consumo”

(LE BETRON, 2012, p. 241).

A imagem do corpo é a representação que o sujeito sefaz de seu corpo; a maneira pela qual ele aparece maisou menos conscientemente a partir de um contextosocial e cultural particularizado por sua históriapessoal.

(LE BETRON, 2012, p. 231).

Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/juntaramse-visitantes-nus-aos-homens-nus-no-leopold-museum-1585150. Novembro, 2014.

Para Brandini (2007, p.2-3):

A “fabricação do corpo” na contemporaneidade é tãoforte quando na era primitiva: a sociedade pós-moderna infringe sobre o corpo humano a marca deseu momento sócio-histórico atual, utilizando na“fabricação do corpo pós-moderno”, todas astecnologias disponíveis no mais alto grau deconhecimento humano [...]

Sobre o corpo no século XX O planeta assistiu, após a Segunda Guerra, a uma

expansão da influência de gostos e produtos norte-americanos na esteira desses processos, uma vez queboa parte das indústrias do espetáculo tem os EstadosUnidos como base e substrato, inclusive a indústria dapublicidade. Distanciando-se cada vez mais de umaética puritana, essa cultura institucionaliza a busca desensações e a vivência de emoções no âmbito doconsumo, convertido, antes de tudo, em consumo deimagens.

(ROCHA, 2011, p.166)

Sobre o copo no século XXI

Imagens que no século XXI “vendem” uma belezaestética plastificada pelos recursos tecnológicos, cujasintervenções “técnicas” destoam da imagem real daspersonalidades que estampam as capas de “revistas decapas cintilantes”.

(ECO, 2004, p.418)

A roupa modeladora

A roupa e a moda encontram-se entre os principaisrecursos de remodelagem do corpo.

Qualquer transformação possível sobre o corpo égeradora de significações. Parte da necessidade própriados indivíduos em constituir sua identidade e mesmode gerar significação para si e para o outro [...]

(LEITE, LIMA, s.d.).

Por vezes, as atribuições de beleza eram devidas não acritérios estéticos, mas a políticos e sociais.

(ECO, 2007).

Hoje só é feio [a] quem quer

(SANT’ANNA, 2005, p.128).

Neste sentido, o corpo é um produto explorado pelocapital.

De acordo com Marx (2014): o indivíduo não precisaser belo se tiver dinheiro.

Contraditoriamente, a sociedade de consumo impõeseus padrões estéticos de beleza. De tal maneira, quemesmo sendo o sujeito desprovido de recursosfinanceiros para acesso as técnicas de “manipulação”do próprio corpo, é “coagido” pelo convívio social atornar-se belo (a). Sob o discurso, de sentir-se feliz esaudável

(SILVA, 2001, p.69).

Metodologia 1/3 A pesquisa bibliográfica teve como aporte teórico:

a história do corpo (CORBIN et. al., 2009; CORBIN et.al., 2011),

da antropologia do corpo (LE BETRON, 2012) e

os estudos do comportamento do consumidor para aindústria do vestuário (ROCHA, 1999)

Aliados aos estudos de moda, beleza e mídia.

Metodologia 2/3 De acordo com Glaser e Strauss (1967, p. 45) apud Flick

(2009, p. 46) trata-se de uma estratégia, na qual:

A amostragem teórica é o processo de coleta de dadospara gerar teoria em que o analista, coleta codifica eanalisa seus dados simultaneamente e decide quaisdeles coletar a seguir e onde encontra-los, paradesenvolver sua teoria à medida que ela surge. Esseprocesso de coleta de dados é controlado pela teoriaque emerge.

Metodologia 3/3

Pois, é a partir de conceitos preexistentes e teoriasgerais relacionadas com o fenômeno a ser estudadoque se podem estabelecer conceitos e se observarlacunas no conhecimento a ser estudado.

(GIBBS, 2009)

Considerações finais 1/2

Todo pensamento tem origem no corpo, no modo comoeste se estabelece no mundo, ou a partir da forma como omundo se impõe e o corpo apenas se defende, reagindo àsameaças.

O corpo se faz pensamentos, dá a si mesmo novos sentidosque transcendem a sua organicidade. Suas possibilidadesde expressão desafiam limites da sociedade, uma vez que asingularidade de cada um não pode ser captada a partir deum corpo social.

(LYRA, 2003, p. 243)

O Corpo. Este mecanismo que nos movimenta, quenos representa socialmente. Cujo corpo cheio emoutras épocas era sinal de fartura e o corpo magro deflagelação (LE GOFF, 2006, p.57).

Vê-se a inversão dos valores, não por questões de saúdeou de acesso ao alimento. Mas pela busca de um corpoideal. De um corpo social. De um corpo formatadopelo capital.

Considerações finais 2/2

Referencias 1/4 D. Alves, M. Pinto, S. Alves, A. Mota, V. Leirós. Cultura e imagem corporal.

Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S1646-107X2009000100002&script=sci_arttext Acesso em: 24, outubro, 2014 às16h14min.

BRANDINI, V. Bela de morrer, chic de doer, do corpo fabricado pelamoda: O corpo como comunicação, cultura e consumo na moderna ure.Revista Contemporânea, Vol. 5, n.1 e 2. Dez. 2007.

BORDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento / PierreBordieu; tradução Daniela Kern; Guilherme J. F. Teixeira. São Paulo: Edusp;Porto Alegre, RS: Zouk, 2007.

CORBIN et. al. História do corpo : Asmutações do olhar : o século XX / soba direção de Alain Corbin, Jean-Jaques Courtine e George Vigarello ; tradução erevisão Ephraim Ferreira Alves. 4. ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2011.

Referencias 2/4 ECO, Humberto. História da Beleza. Editora Record. Rio de Janeiro. São

Paulo. 2004.

FLICK, Uwe. Qualidade na pesquisa qualitativa / Uwe Flick ; traduçãoRoberto Cataldo Costa ; consultoria, supervisão e revisão técnica desta ediçãoDirceu da Silva. – Porto Alegre : Artmed, 2009.

GIBBS, Graham. Análise de dados qualitativos. São Paulo: Bookman, 2009.

LE BETRON, David. Antropologia do corpo e modernidade / David LeBetron ; tradução de Fábio dos Santos Creder Lopes. – 2. Ed. – Petropólis, RJ :Vozes, 2012.

LE GOFF. Jacques; TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na IdadeMédia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

Referencias 3/4 LEITE. Iracema Tatiana Ribeiro; LIMA. Marcondes. Recriando o Corpo

Feminino: Sedução, Fantasia e Ideal de Beleza.

LYRA, Bernadete. SANTANA, Gelson. Corpo & Mídia / Bernadete Lyra –Gelson Santana (organizadores) São Paulo: Arte & Ciência, 2003.

MARX, KARL. Manuscristos Econômicos Filosóficos Disponível em: <http://www.marxists.org/portugues/marx/1844/manuscritos/index.htm>.Acesso em: 28, novembro, 2014.

PLATÃO. Diálogos / Platão : seleção de textos de José Américo MottaPessenha : tradução e notas de José Cavalcante de Souza. Jorge Paleikat e JoãoCruz Costa. – 5. ed. – São Paulo : Nova Cultural, 1991. – (Os pensadores)

Referencias 4/4 ROCHA, M. A.V. Contribuição ao desenvolvimento de uma metodologia

para a caracterização do comportamento do consumo da indústria dovestuário: uma abordagem segundo Maslow. UFRPE, Recife, 1999.Dissertação.

RODRIGUES, José Carlos. Tabu do Corpo. 7 ed. Ver. Rio de Janeiro: Fiocruz,2006.

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. É possível realizar uma história docorpo? In: SOARES, Carmen Lúcia (Org.). Corpo e história. 3. ed. Campinas,SP: Autores Associados, 2006.

SILVA, Ana Márcia. Corpo, ciência e mercado : reflexões acerca dagestação e um novo arquétipo da felicidade. Campinas: AutoresAssociados; Florianópolis: UFSC, 2001.

VELLOSO, Monica Pimenta, ROUCHOU Joëlle, OLIVEIRA, Cláudia de. Corpo:uma obra inconclusa. In: _____Corpo: identidades, memórias e subjetividades.Rio de Janeiro: Mauad X, 2009.

Obrigada!