Arbitrariedade e Iconicidade

Post on 30-Nov-2015

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A noção de arbitrariedade está baseada no princípio da convenção, ou seja, não há nada no som da palavra que se relacione à coisa que ela designa. Por exemplo, não há uma relação natural entre a construção que utilizamos para um objeto como a palavra “cadeira”, porque em outras línguas temos palavras com estrutura sonora diferente.

Português: cadeira

Espanhol: silla

Inglês: chair

Por outro lado, a Iconicidade do signo linguístico fundamenta-se na ideia de uma motivação que se reflete na estrutura da palavra, indicando uma espécie de relação natural entre os elementos linguísticos e os sentidos por eles expressos.

Uma maneira fácil de entendermos essa relação icônica é pensarmos nas onomatopeias, palavras cuja estrutura sonora imita o som das coisas que designam: “tique-taque” (ruído de um relógio funcionando)

Um pouco sobre Charles Peirce.

Contemporâneo de Saussure, Peirce, filósofo norte-americano, inaugurava na mesma época os estudos semióticos, ou semiótica, também conhecida como ciência dos signos.

Para ele toda ideia é um signo, o homem é um signo e o mundo está permeado de signos.

Peirce estabelece uma classificação dos signos em três tricotomias: primeira, segunda e terceira. Vamos estudar apenas a segunda tricotomia que agrupa os principais elementos para o âmbito da linguagem: o símbolo, o índice e o ícone.

O símbolo refere-se a determinado objeto, representando-o, com base em uma lei, hábito ou convenção, estabelecendo uma relação entre dois elementos.

Exemplo: Esta imagem é o símbolo do nazismo.

No caso do índice, ocorre uma relação de contiguidade com a realidade exterior: a fumaça, por exemplo, é o índice de fogo, e a presença de nuvens negras, o índice de chuva.

O ícone, por sua vez, tem uma natureza imagística, apresentando propriedades que se assemelham ao objeto a que se refere, como por exemplo o ícone do Windows Live Messenger, conhecido por todos da atualidade tecnológica.

Casos de motivação

Motivação fonética: está relacionada aos casos de onomatopéia, ou seja, a palavra cuja estrutura sonora apresenta uma semelhança em relação ao sentido que ela expressa. Por exemplo: cocorocó (som do canto do galo).

Motivação morfológica: está relacionada aos processos de formação de palavras. Assim, “leiteiro”, por exemplo, constitui uma palavra morfologicamente, já que ela pode ser analisada a partir de seus elementos componentes: leit- (radical de “leite”) e –eiro (sufixo designado de profissão).

Motivação semântica: está relacionada a processos analógicos associados aos sentidos das palavras. É o que ocorre quando utilizamos o termo “pé da mesa”, onde “pé” faz parte do nosso corpo. Há então uma analogia que reflete a relação de semelhança entre o nosso pé e a parte da mesa designada por essa palavra.

Segundo a visão estruturalista, até mesmo as onomatopéias são arbitrárias. Comparar onomatopéias em línguas diferentes fornece um bom argumento a favor dessa oposição. Por exemplo, o canto do galo é representado em português pelo vocábulo “cocorocó”, e em inglês por cock-a-dodle-doo.

Podemos concluir então que a noção de arbitrariedade observa exclusivamente a relação existente entre o som e o sentido da palavra, enquanto a noção de iconicidade leva em conta o fato de o falante, de algum modo, fazer corresponder a forma da palavra com o significado que ela expressa.