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Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
João Pessoa
2007
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
Monografia apresentada como trabalho final de graduação em Arquitetura e Urbanismo ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba
Orientadora: Profª Drª Nelci Tinem
João Pessoa
2007
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
Banca Examinadora:
__________________________________________________ Profª Drª Nelci Tinem
Orientadora
__________________________________________________ Profª Drª Maria Berthilde Moura Filha
Examinadora
__________________________________________________ Profª Drª Jovanka Baracuhy C. Scocuglia
Examinadora
Dedicatória
A titio (porque era assim que gostaria que o chamasse) e Arthur, para que
jamais sejam esquecidos.
Agradecimentos
A Deus, pela vida.
À minha família, porque por eles essa vida faz mais sentido e é prazerosa. Em especial, à minha mãe (Patrícia), pela dedicação e
apoio incondicional, e pela ajuda nas etapas mais desgastantes dessa pesquisa; aos meus avós (Maurício e Marília), pelo exemplo
de vida digna e de amor, e por dividirem comigo um pouco do prestígio e da história de Campina Grande; a Dani (irmã) e Rodolpho
(cunhado), pela amizade incontestável e pelo reflexo de força e esperança; a Eliane (tia), por acreditar no meu potencial.
A Maria José (Zezé), pelo carinho e cuidado, pela alegria e pelos cafezinhos.
A D. Esmeralda e demais funcionários do Arquivo da PMCG, pela simpatia e atenção dedicadas durante a pesquisa.
A Jussara Bióca, pelos postais valiosos herdados de seu avô, Antônio Francisco Bióca, e aqui utilizados.
Aos proprietários das residências visitadas, pela colaboração e gentileza.
Aos meus amigos, próximos ou distantes, por fazerem parte dessa jornada. Sobretudo aos que, de alguma forma, ajudaram nesse
trabalho e cujos nomes precisam ser relacionados: Renan (logomarca), Cláudio David (ajudas diversas), Sérgio (edição de algumas
fotos), Marcus Vinícius (por dividir a preocupação com o patrimônio arquitetônico de Campina Grande e por fornecer, sempre que
possível, material para o estudo), Juliano (pelo material cedido), companheiros de PIBIC/PIVIC – Alexandre, Carol, Lídia e Thaíse
(pela atenção veiculada a Campina Grande durante as pesquisas com os jornais).
A Nelci, pela orientação, estímulo e, acima de tudo, confiança.
“(...) seria cruel submeter a arquitetura desaparecida à uma segunda morte, aquela do
esquecimento.”
(Lauro Cavalcanti)
Resumo Este trabalho consiste no registro das residências da cidade de Campina
Grande – PB, projetadas durante a década de 1960 e influenciadas pelas
Arquitetura Moderna Brasileira. Justifica-se não somente pelo valor da
produção moderna para a cidade e para o país, mas, principalmente, pela
situação de descaso e de urgência em se preservar tal patrimônio
ameaçado. A falta de estudos sobre o tema induziu a uma pesquisa de
cunho teórico que contextualizasse tanto a arquitetura quanto o acervo
específico, ressaltando sua importância e procurando identificar elementos
importantes para análise e reflexões. O registro abrange 188 projetos
residenciais consultados no Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina
Grande, os quais foram mapeados e tiveram seus dados sistematizados
em fichas-base (o conjunto dessas fichas compõe o volume complementar
deste). Diante da necessidade de medidas de preservação e de trabalhos
que aprofundem o tema, torna-se relevante a continuidade dessa
pesquisa.
Palavras-chaves: Arquitetura Moderna, Campina Grande, residências.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
SUMÁRIO – Volume 1
Introdução ............................................................................................. 01
1. Caracterização do objeto de estudo ................................................ 01
1.1 Localização ................................................................................ 01
1.2 Campina Grande: histórico e desenvolvimento ......................... 02
1.3 Panorama da cidade na década de 1960 .................................. 04
1.4 Delimitação do objeto em estudo .............................................. 07
2. Objetivos .......................................................................................... 08
2.1 Objetivo geral ............................................................................. 08
2.2 Objetivos específicos ................................................................. 08
3. Justificativa ...................................................................................... 08
4. Pressupostos metodológicos ........................................................... 11
4.1 Caminhos a trilhar – etapas e métodos ..................................... 11
4.2 Suportes – referências e trabalhos correlatos ........................... 12
4.2.1 Referências gerais sobre o tema ..................................... 12
4.2.2 Referências específicas ................................................... 13
5. Estrutura do Trabalho ...................................................................... 17
Capítulo 1. Campina Grande no contexto da Arquitetura Moderna Brasileira ............................................................................... 18
Capítulo 2. Levantamento e sistematização dos dados coletados ............................................................................................... 29
1. Os primeiros passos ........................................................................ 29
2. A ficha-base ..................................................................................... 32
3. O número de exemplares selecionados ...........................................35
4. Identificação das casas e preenchimento das fichas-base ..............36
5. Mapeamento e algumas reflexões ...................................................37
Capítulo 3. Análise e reflexões sobre o acervo investigado ............41
1. A implantação da casa no lote e a organização espacial ................42
2. Aspectos construtivos e a cobertura ................................................46
3. Aspectos formais ..............................................................................47
Considerações Finais ...........................................................................58
Referências ............................................................................................62
Anexos
Anexo I – Ficha-padrão Juliano Carvalho (IPAC) ...................................65
Anexo II – Ficha cadastral Izabel Silva ...................................................68
Anexo III – Ficha Josicler Alberton .........................................................74
Anexo IV – Fichas DOCOMOMO ...........................................................76
Anexo V – Quadros sinóticos ..................................................................82
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 1
Introdução
Se a proteção do patrimônio arquitetônico vem se consolidando
como medida necessária à preservação da memória coletiva e cultural, a
produção moderna apenas começa a ser vista como tal e continua sendo
objeto de discussão, sendo desconsiderada, por muitos, como “patrimônio”,
especialmente quando se refere à arquitetura das cidades pequenas e
periféricas, produzida por arquitetos locais ou regionais.
Assim, o objetivo dessa pesquisa é, não somente promover o
interesse pela produção arquitetônica moderna brasileira, mas fazê-lo de
maneira a incluir a arquitetura da cidade de Campina Grande, pólo de
desenvolvimento no interior do Estado da Paraíba.
Dada a amplitude e complexidade do tema, determinou-se para
este estudo um recorte temporal que vai de 1960 a 1969 e um enfoque
temático que abrange as residências de Campina Grande, exemplares alvo
de freqüentes descaracterizações, acréscimos, reformas ou demolições.
Qualquer que seja a forma de intervenção assiste-se, não só nesta como na
maioria das cidades brasileiras, à destruição do patrimônio arquitetônico.
Portanto, na tentativa de amenizar essa problemática, este trabalho
propõe-se a fazer uma reflexão acerca da manifestação da arquitetura
moderna em Campina Grande, tendo como ponto de partida o registro de
uma década de construção de edifícios residenciais. Estes registros
preliminares da pesquisa buscam, por um lado, evitar que esse patrimônio
desapareça de nossa memória sem deixar pistas e, por outro, fornecer
subsídios para ações e estudos posteriores.
1. Caracterização do Objeto de Estudo 1.1. Localização
O município de Campina Grande pertence à região da Borborema
do Estado da Paraíba, no Nordeste do Brasil.
Mapa 01: Localização do Município de Campina Grande e suas distâncias em relação a Natal, João Pessoa, Recife e Caruaru (Fonte: Wikipédia e Google Earth, adaptado pela autora).
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Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 2
Servindo de pólo de convergência das cidades do interior da
Paraíba e contribuindo para seu desenvolvimento, o município fica a uma
distância aproximada de 125 km da capital, João Pessoa, além de estar
próximo de importantes cidades de outros estados, como Recife (203 km),
Natal (270 km) e Caruaru (166 km).
Na sua configuração atual, além da cidade de Campina Grande,
abrange três distritos rurais (Galante, São José da Mata e Catolé de Boa
Vista), com uma área de 620,63 km² e uma população de 376.132
habitantes1.
Campina Grande é uma cidade industrial, comercial e,
principalmente, de serviços, funcionando também, como pólo de
concentração de oferta de educação e saúde para o interior da Paraíba.
Imagem 01: Vista Panorâmica da Cidade de Campina Grande, década de 1980 – Foto: Neiva (Fonte: Atlas Geográfico da Paraíba, 1985, adaptado).
Imagem 02: Vista Parcial do Centro Urbano de Campina Grande, década de 1990 – Foto: Cácio Murilo (Fonte: Atlas
Escolar da Paraíba, 2002, adaptado).
1 Conforme o censo de 2000 do IBGE, essa era a população estimada para 2005.
Imagem 03: Vista Aérea do Centro de Campina Grande: A = Açude Velho; B = Ed. Palomo; C = Ed. Lucas; D = Ed. Rique; E = Edifício Inacabado. Pontos marcados para orientação/comparação com as imagens 01 e 02 (Fonte: Google Earth, 2006).
1.2 Campina Grande: Histórico e Desenvolvimento
A origem de Campina Grande está vinculada ao aldeamento de um
grupo de índios ariús ou ariás, trazidos do arraial Piranhas pelo capitão-mor
Teodósio de Oliveira Ledo. Antes de descer a Borborema, aldeou-os numa
grande campina, nos limites orientais da região dos cariris, fundando o
núcleo que deu origem a Campina Grande (Almeida, 1962: 35).
Ainda segundo Almeida (1962: 37-38), não foi difícil ao capitão-mor
desenvolver o núcleo iniciado dadas as condições favoráveis do sítio: o Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 3
clima ameno, a existência de matas e, principalmente, a localização
geográfica, configurando-se como o ponto de passagem preferido na
comunicação entre o litoral e o sertão, que motivou sua ocupação.
“Situada no alto da serra da Borborema, distando pouco mais de cem quilômetros da Capital do Estado e localizada num ponto central de todas as regiões geo-econômicas da Paraíba, Campina Grande nasceu com condições básicas essenciais para se tornar um pólo de desenvolvimento. (...) Cruzada de estradas em todas as direções passou a ser passagem obrigatória ou preferida para quem penetrava os sertões ou descia à capital...” (Sylvestre, 1982: 21).
Em 1769, foi criada a freguesia de Nossa Senhora da Conceição
com sede no povoado de Campina Grande, acentuando o seu
desenvolvimento, que até então vinha sendo lento e silencioso (Câmara,
1998: 24). Elevada à vila em 1790, sob o nome de Vila Nova da Rainha,
permaneceu nessa condição por 74 anos, apresentando um lento
crescimento, sendo, em 11 de outubro de 1864, elevada à categoria de
cidade (Almeida, 1962: 48).
Até então criticada pela carência nos empreendimentos, a partir de
1907 inicia um processo de renovação urbana, alavancada pelo advento da
estrada de ferro – marco para o alcance da hegemonia comercial no interior
do Estado – e pela chegada do automóvel, em 1918. Campina Grande,
durante esse período, teve um aumento de número de edifícios da ordem
de 300%, revelando o crescimento da cidade, que se torna com a rodovia o
ponto de partida e centro de convergência do interior da Paraíba e estados
vizinhos e propicia um processo contínuo de desenvolvimento visando o
“progresso” em ritmo acelerado (Câmara, 1991: 50 e 82).
A estrada de ferro veio impulsionar o desenvolvimento urbano da
cidade de tal maneira que, entre 1907 e 1940, o crescimento populacional
chegou a ser absurdo para os padrões de crescimento das cidades do
interior do Nordeste: 1.234,12% (Barbosa, 1991: 35). Foram também de
grande relevância para o incremento da cidade, a inauguração da
iluminação pública em 1920 e do abastecimento de água em 1940.
O Anuário da Paraíba publicou, em 1936, números mais
detalhados:
“Campina Grande. Principal cidade do interior do Nordeste brasileiro... sobreleva-se pela grandeza crescente do seu imóvel que é de 14.575 casas, das quais 6.121 urbanas e as restantes, em número de 8.454, povoam os vários distritos do município; pelo seu intenso comércio de algodão, cujo crescente desenvolvimento a coloca naturalmente como sendo hoje a terceira praça algodoeira no mercado mundial” (Câmara, 1991: 123-124).
A vontade de dar novas feições à cidade, condizentes com o
“progresso” descrito anteriormente fez com que, no mesmo ano, o então
prefeito Vergniaud Wanderley iniciasse uma espécie de “Revolução Urbana
de Campina2, incentivando e ordenando a derrubada de todas as antigas
construções da região central para a implantação de um plano urbanístico
que desse novos ares à cidade. Tratava-se de uma brusca transformação,
não só com a alteração dos traçados, mas com a demolição do patrimônio
arquitetônico do município.
O reflexo dessa política de modernização veio em números:
Campina Grande aparece na década de 1940 com a maior renda municipal
da Paraíba, atingindo dois milhões de cruzeiros, e como o município mais
populoso do Estado, tendo 127.397 habitantes, enquanto a capital tinha
95.386 (Câmara, 1991: 132-134).
2 A “Revolução Urbana de Campina” é estudada por Fábio Gutemberg de Sousa (2003) e por Fabrício Lira (1999), mas ainda carece de estudos mais detalhados acerca das transformações urbanas.
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Com a comercialização do algodão, Campina Grande ficou
conhecida internacionalmente, fazendo com que, a partir de 1940,
ocorresse um crescimento considerável no número de estabelecimentos
industriais e de operários, superando em ambos os aspectos a capital do
Estado a partir da década de 1950 (Lima, 1999: 121-122).
A década de 1950 caracteriza-se como um período de
diversificação econômica, salientando-se a produção do sisal em face de
um período de declínio da produção do algodão (Barbosa, 1991: 47). Além
disso, já na década anterior, a cidade via surgir novas indústrias ligadas a
atividades têxteis, couro, alimentos, produção mineral etc.
Imagem 04: Campina Grande - Rua Cardoso Vieira na década de 1930 – Foto: Sóter Carvalho (Fonte: Atlas Geográfico da Paraíba, 1985).
Imagem 05: Campina Grande - Rua Cardoso Vieira na década de 1980 –
Foto: Neiva (Fonte: Atlas Geográfico da Paraíba, 1985).
Imagem 06: Igreja do Rosário – demolida em 1940 (Fonte: Elpídio de Almeida).
Imagem 07: Paço Municipal ao lado da atual catedral – demolido em 1939 (Fonte: Elpídio de Almeida).
1.3 Panorama da Cidade na Década de 1960
A incipiente industrialização e a evolução nas atividades comerciais
durante a década de 1940, não só alavancaram o crescimento e a
concentração urbana, como também impulsionaram o desenvolvimento
econômico da cidade.
Campina Grande experimentou um acelerado desenvolvimento
industrial, a ponto de ser considerada pela SUDENE como uma das cidades
mais industrializadas do Nordeste no período 1960-70 (Silva, 1987: 53).
Esse cenário era complementado pelo fato de a cidade ser sede da
Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), do Serviço Social
da Indústria (SESI), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI), da Bolsa de Mercadorias do Estado da Paraíba e sede de 12 dos
16 sindicatos patronais do Estado, além de ter implantadas duas
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Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 5
Universidades - UFPb e FURNe, atuais UFCG e UEPB, respectivamente
(Ibid: 53).
Outro ponto significativo foi a criação dos Distritos Industriais de
João Pessoa e Campina Grande no final de 1963. Campina começa a se
destacar pelo número de projetos enviados à SUDENE e pelas facilidades
criadas para instalação de indústrias no município, atingindo, entre os 92
municípios nordestinos selecionados pela Superintendência, a quarta
posição em população e produção industrial, a quinta em produção agrícola
e a sexta em número de empresas e arrecadação tributária (Ibid: 52). A
cidade torna-se a Capital do Trabalho.
Era esse o clima nos anos de 1960: um terreno fértil para
investimentos em industrialização, centro polarizador de várias regiões do
estado e população em crescimento, enfim, um espaço em expansão.
Visando atender a essa realidade em transformação são fortes os
investimentos nos setores de educação, assistência social e recreativa
(muitos clubes surgem nesse período), além de projetos de melhoria da
infra-estrutura urbana (construção de galerias, meio-fio, calçamento etc.) e
de urbanização do Açude Novo e das praças José Pinheiro e José Américo
de Almeida (Barbosa, 1991: 160-187).
Dessa forma, pessoas de cidades vizinhas e até de outras regiões
aportavam em Campina Grande na busca de melhores oportunidades de
emprego e serviços de educação. Muitos empresários passaram a se
interessar pela instalação de suas indústrias na cidade. A tendência
urbanizante se confirma com o crescimento do número de estabelecimentos
comercias e industriais e, em conseqüência, o perfil da população
economicamente ativa se altera, crescendo 26,92% no setor comercial e
48,66% no industrial, de acordo com o Censo Industrial do Estado da
Paraíba, 1960-70.
Paradoxalmente, conforme assegura Iranise da Silva (1987: 63), a
urbanização de Campina Grande era social e economicamente
concentrada, como conseqüência da estrutura social e política que
privilegiava os interesses e demandas das camadas de altas rendas.
Ademais, o intenso crescimento populacional coincidia com um processo
concentrador de terrenos destinados à construção de casas de alto padrão,
ampliando as áreas urbanas mais valorizadas.
Assim sendo, emerge uma sociedade de médio e alto poder
aquisitivo que pretende estender o espírito “modernizador” também a suas
habitações, foco central desta pesquisa.
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Imagem 08: Distrito Industrial de Campina Grande, (Fonte: Atlas Escolar da PB, 2002, adaptado).
Imagem 09: Expansão Urbana de Campina Grande (Fonte: Atlas Escolar da Paraíba, 2002, adaptado).
Imagem 10: Vista Aérea de Campina Grande com bairros de expansão na porção sul e o Distrito Industrial (A = Açude Velho; B = Saída para João Pessoa; C = Hospital Psiquiátrico João Ribeiro; D = Indústria). Pontos marcados para orientação/comparação das imagens 08 e 09 (Fonte: Google Earth, 2006).
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1.4 Delimitação do Objeto em Estudo
Muito já se falou e ainda se fala, em Campina Grande, sobre o Art
Déco, que reinou absoluto especialmente na década de 1940 e perdurou
durante a década seguinte. O moderno só vem de fato aparecer na cidade a
partir de 1950 e vai ser a expressão arquitetônica de uma nova fase que se
instaura na cidade: a industrialização.
Entretanto, o curto prazo para realização do Trabalho Final de
Graduação impôs a necessidade de se delimitar um enfoque temporal.
Assim, uma análise prévia a partir dos exemplares encontrados na cidade
induziu a afirmação da década de 1960 como a mais expressiva. Não foi
por coincidência que, após a realização de leituras sobre a evolução do
município, foi exatamente esta a fase que se revelou de significativo
desenvolvimento e progresso, atraindo pessoas de diversas regiões a
construir suas moradias. É, portanto, o período áureo de Campina Grande.
Na verdade, é um momento importante no cenário nacional: é a era
Juscelino Kubtischek, com sua política desenvolvimentista e com o Plano
de Metas, que se reflete diretamente na produção arquitetônica do país,
principalmente com a experiência de Brasília, inaugurada em 1960. Como
mostram Fabiano de Melo e Marcus Vinicius Queiroz (2006), no artigo
“Arquitetura Moderna em Campina Grande: emergência, difusão e a
produção dos anos 1950”, os jornais locais mostravam com entusiasmo as
realizações do governo federal e estampavam fotos dos grandes
monumentos erguidos na nova capital. Assim, a sociedade campinense não
podia ficar de fora desse processo de modernização, já mostrando, na
década de 1950, a necessidade de desapego ao tão marcante Déco.
A consolidação da arquitetura moderna na cidade só se dá de fato
na década seguinte, notadamente com a construção do Teatro Municipal
Severino Cabral (1962-63), projeto de Geraldino Pereira Duda, umas das
obras mais significativas da época, o que não implica dizer ser a primeira3.
Imagem 11: Geraldino Pereira Duda. Teatro Municipal Severino Cabral, 1963 (Fonte: website do Teatro).
Essas razões justificam o interesse pelo estudo dos anos 1960.
Além disso, o descaso com as residências da época, algumas já
desaparecidas por completo da imagem da cidade, outras desfiguradas por
intervenções mutiladoras, aguçaram a necessidade da realização de
registros dessa produção, visando à formação de um banco de dados, que
forneça subsídios para as pesquisas que dêem continuidade a este trabalho
e para as ações que vierem a ser propostas e/ou realizadas. Assim, esta
pesquisa abrangerá o período de 1960-1969 e terá como recorte temático a
produção residencial.
Adriana Leal de Almeida Freire
3 No capítulo 1, buscar-se-á dar um enfoque à produção arquitetônica campinense na década de 1960.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 8
2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral:
• Registrar e sistematizar os exemplares de arquitetura moderna
residencial da década de 1960, em Campina Grande - PB.
2.2 Objetivos Específicos:
• Contextualizar a produção de Campina Grande no panorama da
arquitetura brasileira;
• Fazer o mapeamento das edificações em estudo, a fim de identificar
as áreas da cidade onde as mesmas estão concentradas;
• Investigar, brevemente, o acervo, através de alguns critérios de
análise e reflexões que facilitem o entendimento do nível de
modernidade dessa produção;
• Ressaltar a importância de se preservar e historiar a memória
edificada da cidade.
3. Justificativa
O DOCOMOMO, International Working Party for Documentation
and Conservation of Buildings, Sites and Neighbourhoods of the Modern Moviment, revela que a herança do movimento moderno mostra-se
comprometida nas últimas décadas, tendo, a partir do final de 1980, perdido
muitos de seus significativos exemplares. Na verdade, a Arquitetura
Moderna, de um passado ainda recente, é pouco reconhecida e, muitas
vezes, negada.
Nesse contexto, no Brasil e em todo o mundo, sem exceção para
Campina Grande, assiste-se à destruição parcial ou mesmo completa de
fragmentos desse patrimônio material, testemunho da memória de uma
sociedade e/ou de um importante período.
A valorização do patrimônio cultural já vem sendo discutida com
maior ênfase e sua proteção ganhou aliados, com a criação dos órgãos e
institutos responsáveis, como é o caso do IPHAN, Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, criado em 1936 com a denominação de
SPHAN, e da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura, fundada em 1945. Todavia, figura-se como corrente a
falta de conscientização da importância de se preservar o patrimônio
moderno. Daí, as impensadas demolições, descaracterizações e falta de
compromisso com tal momento de nossa história.
Adriana Leal de Almeida Freire
No caso específico de Campina Grande, observa-se uma
valorização do Art Déco, presente nas regiões centrais da cidade e fruto da
política de reforma urbana que assolou a cidade nas décadas de 1930 e
1940, destruindo exemplares do ecletismo em prol de sua “modernização”.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 9
A cidade começa, hoje, a dar sinais do início da destruição da sua fase
moderna, período de grande prosperidade e progresso, entre os anos 1950
e 1960, como demonstram os dados tratados no item sobre a evolução de
Campina Grande.
Observa-se, pois, o surgimento de edifícios altos, clínicas,
consultórios, estabelecimentos comerciais, entre outros, nos terrenos antes
ocupados por residências da alta sociedade campinense, ora demolidas,
ora remodeladas de tal forma que se torna difícil a identificação das
características originais dessas edificações. É a imagem da cidade sendo
apagada e redesenhada constantemente, o que provoca alguns
questionamentos. Até quando se assistirá às constantes mudanças na
estrutura urbana de Campina Grande sem se perguntar qual a necessidade
dessas mudanças e quais os benefícios para a cidade? O que está sendo
feito e de que forma pode-se salvaguardar a memória coletiva dessa
sociedade?
No momento, pouco ou nada vem sendo feito. A prova está no
processo de destruição ou descaracterização de importantes edificações,
como o caso da Residência Severino da Costa Ribeiro (demolida, hoje
farmácia – imagem 12), da Residência do Dr. Sebastião Pedrosa
(modificada, hoje clínica – imagem 13), da Residência Loureiro Celino
(demolida, também farmácia – imagem 14), do Campinense Clube, do
antigo “GRESSE” - Grêmio dos Subtenentes e Sargentos do Exército -,
depois Sede Social do Treze Futebol Clube (hoje, abandonado – imagem
15), dentre tantos outros exemplares que ficaram somente na memória de
uns e no esquecimento de outros.
Imagem 12: Geraldino Duda. Residência Severino da Costa Ribeiro – antes e depois (demolida, hoje estabelecimento comercial), 1961. Fonte: Prefeitura Municipal de CG e autora.
Imagem 13: Tertuliano Dionísio, José Luiz Menezes e Edy Marreta. Residência Dr. Sebastião Pedrosa – perspectiva e situação atual (reformada), 1961. Fonte: Arquivo Municipal de CG e autora.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 10
Imagem 14: Augusto Reynaldo. Residência Loureiro Celino – antes e depois (demolida, hoje estabelecimento comercial), 1957-60. Fonte: Família Loureiro Celino e autora.
Imagem 15: Isac Soares. Antigo “GRESSE” - Grêmio dos Subtenentes e Sargentos do Exército -, depois Sede Social do Treze Futebol Clube – desenho da fachada e situação atual (reformada e em abandono), 1961. Fonte: Arquivo Municipal de CG e autora.
Adriana Leal de Almeida Freire
Ao analisar a arquitetura moderna e sua manifestação em Campina
Grande, buscar-se-á elencar diversas características e peculiaridades que
denotem a relevância dessa arquitetura para a cidade e mesmo para o país.
A intenção, nesse momento, não é avaliar o grau de importância desta
produção, mas provocar questões relativas à forma como a cidade vem se
transformando. Há ainda muito a ser estudado quanto ao repertório
arquitetônico campinense, entretanto, antes que seja tarde, faz-se
necessário tomar certas medidas em relação à proteção da sua imagem e
memória.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 11
4. Pressupostos Metodológicos 4.1 Caminhos a trilhar – etapas e métodos
Apesar do caráter incipiente do estudo, muito comum em trabalhos
desta natureza, a investigação vem sendo realizada segundo uma
metodologia de pesquisa específica, estruturada com base em quatro
diretrizes, a saber:
a) Pesquisa Teórica: dividida em duas etapas, que são a caracterização do
objeto de estudo e a inserção deste na produção arquitetônica brasileira.
A primeira busca dados e elementos que tracem um panorama
acerca da evolução da cidade de Campina Grande, especificamente no
enfoque cronológico aqui proposto. Está pautada na leitura de livros, teses,
monografias, artigos, entre outros, que tratam da história do município e do
Estado, além das transformações realizadas durante seu crescimento, ora
pela política ali desenvolvida, ora pelo processo de industrialização a que se
submeteu na década de 1960.
A segunda tem como objetivo, fornecer subsídios para o estudo da
Arquitetura Moderna Brasileira, sua difusão e manifestação no município de
Campina Grande. Está intimamente relacionada com a leitura de livros que
tratam do tema, como apontados na bibliografia, e com trabalhos correlatos
já realizados ou em elaboração. Tem como meta orientar de forma direta a
escolha dos exemplares a serem registrados, auxiliando na identificação de
características intrínsecas dessa arquitetura e provocando um olhar
comparativo entre obras campinenses e as já consagradas em diferentes
partes do país. Está amparada também por uma pesquisa de iniciação
científica (Projeto e Memória, UFPB/PIVIC/CNPq) que está sendo realizada
através da busca de registros de arquitetura e urbanismo na Paraíba, no
periódico A União, entre 1950-1970.
b) Pesquisa de Campo: tem como base quatro procedimentos que
possuem vínculos entre si.
O primeiro é a observação direta, o olhar do pesquisador
identificando exemplares modernos na cidade que venham a satisfazer os
requisitos definidos pelos estudos teóricos e pela “vivência” das obras
modernas. É o que se poderia chamar de uma pesquisa de campo prévia,
definidora do objeto de estudo e base para a justificativa apresentada.
O segundo, mais extenso e mais complexo, é a investigação
minuciosa dos projetos existentes no Arquivo Municipal de Campina
Grande. É lá onde se encontram as licenças para construção e reforma com
os respectivos projetos anexados. Trata-se, pois, de uma fonte fidedigna,
permitindo a adoção de datas precisas. Dos projetos encontrados são
anotadas as informações e tiradas fotografias dos desenhos.
O terceiro é a identificação das residências cujos projetos foram
selecionados no arquivo. Algumas residências consideradas significativas
serão escolhidas para visita. As informações dos proprietários e a
observação direta fornecerão dados específicos sobre a situação atual da
edificação, as mudanças realizadas, a organização espacial, a proposta
plástico-formal e quando possível os recursos estruturais. Quando
autorizado será feito o registro fotográfico interno e externo da edificação.
Adriana Leal de Almeida Freire
A última fonte de informações são as entrevistas com os autores,
construtores, antigos proprietários e funcionários municipais que possuam
dados que auxiliem na confirmação das constatações ainda não
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 12
consolidadas e na construção da história da introdução da arquitetura
moderna na cidade.
Para registrar de forma sistemática os dados obtidos na pesquisa
de campo tornou-se indispensável a construção de uma ficha-base. Assim,
cada exemplar a ser cadastrado terá uma ficha com seus dados básicos,
incluindo também fotografias e desenhos do projeto.
c) Preenchimento das fichas-base: será realizado em paralelo à pesquisa
de campo e acompanhado de um quadro sinótico4 referente a cada ano da
década tratada.
d) Análises e reflexões: para assegurar um conhecimento mais específico
sobre o acervo em estudo, serão selecionados alguns critérios de análise
dessa produção campinense, com o intuito de desencadear algumas
reflexões relevantes sobre o tema.
4.2 Suportes – referências e trabalhos correlatos
4.2.1 Referências gerais sobre o tema
Uma leitura sobre as origens e difusão da Arquitetura Moderna no
Brasil, tornou-se imprescindível desde a escolha do tema. Na tentativa de
fornecer os subsídios necessários para a elaboração da pesquisa e análises
posteriores dos exemplares a serem tratados, buscou-se elencar algumas
fontes essenciais e outras complementares.
As fontes essenciais são, sobretudo, os ensaios de Yves Bruand
(1981/2005)5 e Hugo Segawa (1998/2002), que se configuram como
4 Os quadros sinóticos e a ficha-base serão explicitados no capítulo 2.
manuais de história da arquitetura moderna brasileira. Tinem (2002) é um
estudo historiográfico importante na medida em que traduz a forma como foi
construída a história da arquitetura brasileira, analisando os ensaios
monográficos sobre o tema, os manuais de história da arquitetura moderna
e as revistas de arquitetura de difusão internacional. Já Cavalcanti
(2000/2001), com seu “Quando o Brasil era moderno: guia de Arquitetura
1928-1960”, constitui um roteiro de informações sobre os principais
arquitetos e obras dessa produção brasileira.
De caráter auxiliar são as fontes complementares: a) Goodwin
(1943) e Mindlin (1956), ensaios pioneiros sobre a arquitetura moderna
brasileira; b) Benévolo (1960/2004), Argan (1971/1992) e Frampton
(1980/1997), que identificam a produção brasileira na história da arquitetura
moderna; c) teses e dissertações, como a de Guilah Naslavsky (2004),
Izabel do Amaral e Silva (2004), Alexandra Consulin de Melo (2003) e
Josicler Alberton (2006); d) além de artigos e outras publicações sobre o
tema.
A identificação dos marcos cronológicos e da forma como se
constituiu a historiografia da arquitetura moderna brasileira, ajuda a
entender de que maneira essa produção se manifestou em outras partes do
país: a Semana de Arte Moderna de 1922, as primeiras obras do arquiteto
Gregori Warchavchik (final da década de 1920 e início da de 1930), as
visitas de Le Corbusier ao Brasil (1929 e 1936), a atuação de Luís Nunes
em Recife (1934-1937), a construção do edifício do Ministério da Educação
(1936-1943), o Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Nova York
(1939), as obras do Conjunto da Pampulha (1942-1943) de Oscar
5 As datas referem-se aos anos da 1ª edição e da versão utilizada, respectivamente.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 13
Niemeyer, o Conjunto residencial Pedregulho (1947-1952) de Affonso Reidy
e a construção de Brasília (iniciada em 1957 e inaugurada em 1960), são
marcos consolidados dessa fase da arquitetura brasileira.
A repercussão da arquitetura brasileira no cenário internacional e
sua aceitação no território nacional, sustentada pela conjuntura política e
pelo conhecimento das obras modernas que possuíam os arquitetos,
somada aos seus estudos aprofundados sobre o concreto e os elementos
de controle do clima e da luz, fizeram com que essas idéias se
disseminassem por todo o Brasil.
Os arquitetos do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, em
número mais expressivo (e/ou mais conhecidos), e os de Pernambuco e
Bahia foram os pioneiros nessa difusão da arquitetura moderna brasileira,
entre os quais se destacam: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Reidy,
Vilanova Artigas, Oswaldo Arthur Bratke, Rino Levi, Acácio Borsoi, Delfim
Amorim, Sérgio Bernardes, dentre tantos outros que, com suas obras (e em
alguns casos, contribuições teóricas), trataram de expressar as principais
características dessa arquitetura no Brasil.
4.2.2 Referências específicas
4.2.2.1 Pré-inventário dos engenhos da várzea do rio Paraíba (Juliano Loureiro de Carvalho, 2005)
A monografia apresentada por Juliano Carvalho, como Trabalho
Final de Graduação do CAU/UFPB em 2005, orientada pela Profª. Nelci
Tinem, é um extensivo e preliminar inventário do patrimônio arquitetônico
ligado aos engenhos da várzea do rio Paraíba.
Trata-se de um dos poucos trabalhos de conclusão do curso de
arquitetura cujo objeto se caracteriza como pesquisa6. Por isso, apesar de
abordar um tema distinto, contribuirá diretamente na estrutura do trabalho e
na metodologia a ser adotada.
Está dividido em 2 volumes: o primeiro compreende a introdução, 3
capítulos (revisão bibliográfica, elaboração/preenchimento das fichas-
padrão e história da arquitetura dos engenhos) e a conclusão (resultados e
especulações); o segundo volume é o produto principal da monografia: o
pré-inventário propriamente dito, contendo 63 fichas de sítios e 68 fichas de
edificações dos bens pré-inventariados, organizados por municípios.
Dentro dos aspectos metodológicos, o autor listou 11
procedimentos e etapas: 1) revisão bibliográfica; 2) entrevistas com
profissionais; 3) montagem da base cartográfica digital da área de estudo;
4) elaboração das fichas-padrão; 5) análise dos mapas e croquis de campo;
6) pesquisa de campo; 7) levantamento de dados históricos; 8)
preenchimento das fichas-padrão, organizando e sistematizando os dados
levantados; 9) integração das etapas 3 e 8 num Sistema de Informações
Geográficas; 10) diagnóstico preliminar do objeto de estudo, a partir do
banco de dados montado; 11) produção de material para apresentação.
O objetivo principal da pesquisa é desenvolver um pré-inventário de
modo a constituir “o substrato para trabalhos posteriores de análise,
Adriana Leal de Almeida Freire
6 Outros trabalhos de graduação, pioneiros como trabalhos de pesquisa, defendidos no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba merecem destaque: a) MOURA FILHA, Maria Berthilde et al. Patrimônio arquitetônico e urbanístico de João Pessoa: um pré inventário. João Pessoa, 1985. Monografia de graduação. CAU/UFPB; b) ROCHA, Mércia Parente. Manifestação da arquitetura moderna em João Pessoa. João Pessoa, 1987. Monografia de graduação. CAU/UFPB.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 14
preservação e revitalização deste patrimônio ameaçado e esquecido”
(Carvalho, 2005: 8).
Além da estrutura e metodologia adotadas, outro item significativo
para este trabalho são as fichas-padrão e a forma de sistematização dos
dados. Um exemplo da ficha de edificação elaborada e preenchida
encontra-se no anexo I.
4.2.2.2 Um olhar sobre a obra de Acácio Gil Borsoi: obras e projetos residenciais 1953 – 1970 (Izabel Fraga do Amaral e Silva, 2004)
A dissertação apresentada por Izabel do Amaral e Silva no
mestrado realizado no PPGAU/UFRN em 2004, orientada pela Profª. Sônia
Marques Barreto, é um estudo sobre os projetos residenciais (casas e
edifícios de apartamentos), do arquiteto Acácio Gil Borsoi, entre 1953 e
1970, marcando o ano do primeiro projeto do arquiteto em Recife e o
momento de inflexão de sua produção, respectivamente.
As primeiras etapas de sua pesquisa configuram uma catalogação
dos projetos, inclusive apresentando, em apêndices, fichas individuais para
cada projeto identificado, contendo plantas, cortes, fachadas, perspectivas e
fotografias. São basicamente os mesmos elementos apresentados na ficha
elaborada pelo trabalho aqui proposto, entretanto são fichas que não
apresentam uma diagramação específica, ficando os desenhos e imagens
distribuídos de forma seqüencial.
A autora registrou 48 projetos, através de levantamentos feitos nas
Coordenadorias Regionais da Prefeitura Municipal de Recife (onde
encontrou os desenhos originais), através de visitas e de material cedido
pela Profª. Guilah Naslavsky7. Do total, 34 são projetos de residências (23
em Recife, 08 em João Pessoa, 02 em Fortaleza e 01 em Maceió) e 14
projetos de edifícios de apartamentos (todos em Recife).
Catalogados esses projetos, a autora sentiu a necessidade de
classificá-los para poder proceder à análise dos exemplares, por isso
agrupou-os em três categorias, a partir da identificação de semelhanças e
diferenças, facilitando a apreciação de cada uma das obras e configurando
o primeiro passo para uma reflexão mais aprofundada. Após considerações
sobre a analogia entre arquitetura e linguagem, Silva conseguiu elaborar um
quadro analítico para ser aplicado às obras de Borsoi (quadro 01). Os
elementos de análise foram, então, destrinchados em cada um dos três
códigos arquitetônicos por ela classificados, cujos conceitos e
características são explicitados em seu texto: Código Racionalista, Código
Regionalista e Código Estruturalista.
Assim, segundo a classificação adotada, é analisada a tectônica, a
forma/espaço e os aspectos funcionais. Um artifício bastante interessante
utilizado pela autora é a utilização de quadros comparativos (ver quadro 02)
entre as obras de Borsoi e obras consolidadas da arquitetura moderna
nacional e internacional como, por exemplo, os projetos de Niemeyer,
Reidy, Lúcio Costa, Le Corbusier e Louis Kahn.
7 Guilah Naslavsky é autora da tese apresentada na FAU/USP em 2004, Arquitetura moderna em Pernambuco, 1951-1972: as contribuições de Acácio Gil Borsoi e Delfim Fernandes Amorim, também referência significativa para esta pesquisa.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 15
Quadro 01: Elementos de Análise de Arquitetura (Fonte: SILVA, 2004).
Em cada classificação, Silva lista as obras do grupo e faz reflexões
sobre as características encontradas nas obras de Borsoi e suas
semelhanças com outras obras nacionais e internacionais, finalizando com
uma conclusão preliminar.
O principal objetivo de sua dissertação é, portanto, analisar os
projetos selecionados no intuito de estudar o processo de criação do
arquiteto, considerado uma figura importante na consolidação da
Arquitetura Moderna Brasileira e especialmente no Nordeste.
Dessa forma, o trabalho de Silva não só contribui para esta
pesquisa através da metodologia adotada8, mas também pelo seu tema
central, as residências de Borsoi de 1953 a 1970, com exemplos, inclusive,
na capital paraibana, o que aproxima ainda mais os vínculos entre essa
dissertação e o trabalho aqui proposto. O próprio enfoque cronológico é
bastante próximo e as comparações entre as obras de Borsoi com outras
obras nacionais e internacionais podem ser de grande auxílio. 8 No anexo II, encontra-se um exemplo da ficha utilizada por Silva (2004).
Quadro 02: Obras e projetos de Acácio Gil Borsoi e exemplares nacionais (Fonte: SILVA, 2004).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 16
4.2.2.3 Influência Modernista na Arquitetura Residencial de Florianópolis (Josicler Orbem Alberton, 2006)
Trata-se de uma dissertação apresentada na Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), orientada pela Profª. Carolina Palermo Szücs,
cujo objetivo geral, conforme aponta a autora, é:
Identificar em que medida as idéias modernistas estiveram presentes na produção habitacional de Florianópolis, verificando a atualidade dos elementos construtivos e compositivos empregados em exemplares remanescentes identificados e inventariados, localizados no centro da cidade (Alberton, 2006: 35).
O trabalho constitui, portanto, uma análise da influência do
movimento moderno nas casas de Florianópolis, registrando e tecendo
considerações sobre algumas residências construídas na cidade, nas
décadas de 1950 a 1970.
É interessante notar que a pesquisa de Alberton também apresenta
como justificativa para sua realização o intenso ritmo de renovação urbana
na cidade de Florianópolis, submetida à especulação imobiliária, que vem
provocando diversas descaracterizações/demolições das residências da
época em estudo e, consequentemente, a necessidade de registros.
A autora elabora um extenso referencial teórico que engloba desde
o início das discussões do ideário moderno sobre habitação, sobre o
conceito de casa modernista e sobre a arquitetura no Brasil, com ênfase
nos exemplares do Rio de Janeiro e de São Paulo, até o declínio da
arquitetura moderna.
O capítulo 3 da dissertação é uma espécie de inventário de 12
residências, das décadas de 1950 e 1960. Os critérios para seleção dessas
edificações foram a localização, o uso atual, estado de conservação e o
acesso à documentação e ao morador. As consideradas bem conservadas
e que mantém o uso residencial foram o foco da pesquisa.
O estudo apresenta uma metodologia que contempla quatro etapas:
verificação do estado da arte, levantamento de campo, organização dos
dados e digitalização dos projetos, análise de dados e conclusão. As fontes
principais foram a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (SUSP), as
visitas e as entrevistas com moradores e arquitetos.
Para tal, também foi elaborada uma ficha (ver anexo III), dividida
em 5 partes:
• 1ª parte: informações gráficas (desenhos e fotos); • 2ª parte: informações sobre o projeto (localização, uso atual, ano,
áreas etc.); • 3ª parte: leitura arquitetônica da residência, verificando a relação
edificação/terreno, a organização espacial e os materiais utilizados; • 4ª parte: síntese da entrevista com o morador; • 5ª parte: elementos “modernistas” caracterizados no projeto.
Trata-se de uma análise individual de cada residência registrada,
sem uma reflexão macro. Contribui para essa pesquisa principalmente a
metodologia adotada, além da ficha cadastral montada e os modelos de
entrevistas realizadas com os moradores e com o arquiteto Ademar Amaral.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 17
5. Estrutura do Trabalho
O trabalho está dividido em dois volumes, na tentativa de facilitar a
sua consulta, já que o conjunto das fichas preenchidas, o produto final
principal, é o material mais extenso.
O primeiro volume compreende: esta introdução; o capítulo 1, que
busca contextualizar Campina Grande no panorama da Arquitetura
Brasileira, especificamente no recorte temporal proposto; o capítulo 2, que
trata da metodologia utilizada para levantamento dos registros e construção
do conjunto das fichas-base (etapas, métodos, construção da ficha e
amplitude da pesquisa), além do mapeamento das edificações pesquisadas;
o capítulo 3, que busca entender o repertório campinense através de alguns
critérios de análise e reflexões, com ênfase para cinco exemplares
selecionados para amostra e, por fim, as reflexões finais, com algumas
especulações acerca do acervo estudado. Ao final deste volume, estão as
referências bibliográficas e os anexos mencionados no decorrer do texto.
O segundo volume compreende os registros coletados, organizados
e constituindo o conjunto de fichas preenchidas.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 18
Capítulo 1. Campina Grande no Contexto da Arquitetura Moderna Brasileira
Para não correr o risco de elaborar uma análise superficial da
manifestação da arquitetura moderna brasileira em Campina Grande,
adotou-se um recorte temático (residências) e outro cronológico (1960-
1969), específicos para o estudo e focados no registro. Contudo, para que
se entenda a forma como se deu a popularização dos elementos da
arquitetura moderna brasileira na produção campinense, torna-se relevante
fornecer subsídios que explicitem esse contexto em âmbito local e nacional.
Infelizmente, a literatura que trata da história de Campina Grande
tem privilegiado personagens e fatos políticos, além de exaltar a função da
cidade como entreposto comercial, especialmente com a expansão
proporcionada pela chegada do trem (1907), transformando-a na terceira
praça de algodão do mundo. Na esfera acadêmica, surgem alguns estudos
sobre arquitetura e urbanismo campinense, abarcando especialmente o
período de 1935-1945, quando Campina Grande ao fazer parte do “Plano
de Urbanização” das grandes cidades, passou por diversas reformas que
transformaram a sua paisagem urbana.
Pouco se conhece sobre a arquitetura campinense construída até
1935 porque, entre 1930 e 1940, o Art Déco se consolida como símbolo de
um processo de “modernização”, substituindo as edificações ecléticas que,
com raras exceções, permanecem na memória campinense apenas como
registros fotográficos. É com base nesses registros do Museu Histórico de
Campina Grande, que o artigo “Trem veloz, rupturas lentas: arquitetura
como produção do espaço urbano em Campina Grande - 1907-1935”
(Carvalho et al., 2006), tenta reconstituir o que seria a produção
arquitetônica da cidade nesse período. Através da análise do número de
pavimentos, da implantação no lote, da cobertura e das influências formais
identificados nas fotografias são detectadas algumas características, aqui
sintetizadas: a predominância de edificações térreas com implantação sem
recuos e com a presença de elementos formais ecléticos; edifícios
comerciais com referências ecléticas mais elaboradas nas áreas centrais; e
construções de uso institucional com referências neoclássicas, onde se
destaca o Paço Municipal e o Grupo Escolar Sólon de Lucena.
Imagem 16: Paço Municipal (obras iniciadas em 1877) – demolido em 1939 (Fonte: MHCG).
Imagem 17: Grupo Escolar Sólon de Lucena (construído em 1924) – atual
UEPB (Fonte: MHCG).
Nesse período (1907-1935), além da chegada do trem, outro
acontecimento marcante é a inauguração, em 1920, da iluminação pública
das principais artérias da cidade, que já contava com 70.808 habitantes
(IBGE, 1964: 08).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 19
Imagem 18: Chegada da luz elétrica na Rua Maciel Pinheiro, 1920 (Fonte: MHCG).
Imagem 19: Rua João Pessoa, 1929 (Fonte: MHCG).
Imagem 20: Vista parcial, década de 1920 (Fonte: MHCG).
Imagem 21: Vista parcial, década de 1930 (Fonte: MHCG).
Assim, no início da década de 1930, ocorre um processo acelerado
de modificação do espaço urbano campinense, através de reformas
urbanas e arquitetônicas que consolidassem a hegemonia econômica dos
grandes comerciantes, compatível com o capitalismo em expansão no país,
simbolizado, em Campina Grande, pelo art déco (Targino, 2003:102).
No contexto nacional, segundo Segawa (2002)9, o Art Déco foi o
suporte formal para inúmeros tipos arquitetônicos que se afirmavam a partir
da década de 1930, uma linguagem que estaria associada à ‘pele’, ao
envolvente das grandes estruturas. O exemplo mais marcante, segundo o
9 Ver capítulo 4 – Modernidade Pragmática: 1922-1943.
autor, é o Elevador Lacerda, em Salvador, considerando-o uma
manifestação mais decorativa que propriamente construtiva, embora em
certas situações as fronteiras entre a decoração e os aspectos estruturais
sejam tênues. No caso de Campina Grande, que se expandia rapidamente
nesse período, observa-se uma concentração dessa arquitetura até a
década de 1940. A partir daí, verifica-se a existência, também, de
construções de transição, já apresentando alguns pressupostos modernos,
mas ainda com características do Art Déco como, por exemplo, o Grande
Hotel e o prédio dos Correios e Telégrafos da cidade.
Imagem 22: Vista parcial da Av. Floriano Peixoto, década de 1940 (Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Imagem 23: Vista parcial da Av. Floriano Peixoto, década de 1950
(Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Imagem 24: Câmara Municipal (Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Imagem 25: Grande Hotel, iniciado em 1932, atual PMCG (Fonte: Arquivo de
Antonio F. Bióca).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 20
Imagem 26: Correios e Telégrafos, inaugurado em 1951 (Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Imagem 27: Elevador Lacerda (Fonte: Wikipédia, 2007).
Com a inauguração do abastecimento de água, em 18 de Janeiro
de 1940, completam-se os fatores decisivos para o desenvolvimento da
“Rainha da Borborema” nesse período.
Genericamente, se entre as décadas de 1930 e 1940, em algumas
cidades proliferavam as manifestações do Art Déco, como é o caso de
Campina Grande, em outras partes do Brasil eram evidentes as primeiras
manifestações do movimento moderno, cuja difusão no país só se dá, de
fato, a partir do segundo pós-guerra, a partir do apoio oficial e de um
reconhecimento internacional, associados à criação de escolas de
arquitetura e ao deslocamento de profissionais com formação moderna por
diferentes regiões do país.
Warchavchik é reconhecido como um dos pioneiros da arquitetura
moderna no Brasil, com a Casa do Arquiteto e a Casa Modernista, ambas
em São Paulo, já no final da década de 1920.
Imagem 28: Gregori Warchavchik. Casa do Arquiteto, 1927-1928 (Fonte: Bruand, 2005).
Imagem 29: Gregori Warchavchik. Casa “modernista”, 1929-1930 (Fonte:
Bruand, 2005).
Há de se destacar também, na cronologia da arquitetura moderna
brasileira, as visitas de Le Corbusier ao país (1929 e 1936), atraindo
adeptos do movimento moderno, principalmente no Rio de Janeiro e em
São Paulo, bem como a presença de Luís Nunes em Recife (1934-1937),
cidade que teria influência direta sobre Campina Grande através das
relações comerciais que exerciam entre si.
Imagem 30: Luís Nunes. Escola rural Alberto Torres, Recife, 1935 (Fonte: Bruand, 2005).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 21
A partir de 1945, a influência da arquitetura moderna em Campina
Grande intensifica-se com a atuação de arquitetos de outros estados,
principalmente de Pernambuco e com a consolidação da arquitetura
Brasileira no panorama nacional e internacional, com o êxito alcançado por
construções como o Ministério da Educação e Saúde (1936-1943), o
Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Nova York (1939) e o
conjunto da Pampulha (1942-1943).
Imagem 31: Costa, Reidy, Moreira, Leão, Vasconcelos & Niemeyer. Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 1936-1943 (Fonte: Bruand, 2005).
Imagem 32: Lúcio Costa & Oscar Niemeyer. Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Nova York, 1938-1939 (Fonte: Cavalcanti,
2001).
Imagem 33: Oscar Niemeyer. Cassino da Pampulha, 1942 (Fonte: www.vitruvius.com.br)
Imagem 34: Oscar Niemeyer. Iate Clube da Pampulha, 1942 (Fonte: www.vitruvius.com.br)
Assim, como apontam Queiroz e Rocha (2006), a difusão da
arquitetura moderna brasileira na cidade evidencia-se a partir dos anos
1950, quando a produção brasileira, já consolidada em diversas partes do
país torna-se alvo do olhar estrangeiro10. Nesse período, amplia-se o
número de projetos alinhados com a arquitetura moderna brasileira, boa
parte deles concebida por profissionais que não residiam na cidade,
principalmente por pernambucanos formados pelas primeiras turmas de
orientação modernista após a renovação do ensino de arquitetura na Escola
de Belas Artes de Pernambuco.
Como exemplo da produção em Campina Grande, nesse período,
podem ser citados: a) Residência Bezerra de Carvalho, do final dos anos
1940 e início dos anos 1950, projeto do pernambucano Augusto Reynaldo;
b) Sociedade Médica de Campina Grande, inaugurado no dia 1º de março
de 1952; c) Hospital de Pronto Socorro de Campina Grande, concluído em
10 Esse tema é detalhadamente discutido por TINEM (2006).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 22
dezembro de 1954; d) Residência Vieira Silva, de meados da década de
1950, também de Augusto Reynaldo; e) Associação Comercial, entre 1954
e 1955; f) Estação Rodoviária e Mercado, 1958; g) Escola Politécnica da
Paraíba, 1959, de Heitor Maia Neto; h) Residência Loureiro Celino
(demolida), 1957-1960; i) Residência do DER, cujas dependências estavam
em fase de acabamento em fins de 1960.
Imagem 35: Augusto Reynaldo. Res. Bezerra de Carvalho, fim dos anos 1940 e início dos anos 1950 (Fonte: Rocha e Queiroz, 2006).
Imagem 36: Sociedade Médica de Campina Grande (Fonte: Sociedade...,
1952: 05).
Imagem 37: Augusto Reynaldo. Res. Vieira Silva, segunda metade da década de 1950 (Fonte: Rocha e Queiroz, 2006).
Imagem 38: Associação Comercial de Campina Grande, construído entre 1954-1955 e acrescido de dois pavimentos em 1968 (Fonte: Arquivo da autora).
Imagem 39: Maquete do complexo da Estação Rodoviária, 1959 (Fonte: Rocha e Queiroz, 2006).
Imagem 40: Heitor Maia Neto. Escola Politécnica da Paraíba, 1959 (Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Imagem 41: Augusto Reynaldo. Res. Loureiro Celino (demolida), 1957-
1960 (Fonte: Família Loureiro Celino).
Imagem 42: Residência do DER (Fonte: Governador..., 1960: 01).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 23
Pode-se afirmar, também, que a inauguração do fornecimento de
energia elétrica de Paulo Afonso pela Cia. Hidroelétrica de São Francisco
(CHESF), em 10 de Junho de 1956, foi outro marco do progresso da cidade.
De fato, muitas das construções citadas expressam esse processo de
desenvolvimento da cidade: a criação da Escola Politécnica, em 1954, e a
construção de uma rodoviária de grande porte (para os padrões da época)
eram símbolos dessa modernidade, como atesta A União (Estação..., 1958:
03) sobre o segundo episódio:
O empreendimento é dos mais gigantescos, e bem justifica e ilustra o extraordinário índice de desenvolvimento de Campina Grande, nos últimos tempos. Se construída, a estação rodoviária teria capacidade para atender a partida de 15 ônibus em cada cinco minutos, superando mesmo a “Mariano Procópio”, do Rio de Janeiro, que atualmente lidera a lista das maiores de todo o país. (...) Anexo à estação rodoviária, funcionará um super-mercado, com capacidade para 140 acomodações, completando, assim, o conjunto que um serviço deste gênero exige.
Outra edificação que marca o período é a do Banco Industrial de
Campina Grande, projetada no final da década de 1950, pelo arquiteto-
licenciado e pernambucano, Hugo de A. Marques. Pode-se dizer que esse
edifício sinaliza o início da verticalização na cidade, mais uma analogia ao
desenvolvimento que estava estampado nos jornais da cidade, e que será
seguido por outros projetos de edifícios altos: o Palomo (1962) e o Lucas
(1963), ambos do mesmo arquiteto.
Imagem 43: Hugo Marques. Banco Industrial de Campina Grande (Edifício Rique), segunda metade dos anos 1950 (Fonte: Diário da Borborema, 1957: 01).
Imagem 44: Hugo Marques. Edifício Lucas (em construção), vendo-se o
Edifício Rique, ao fundo (Fonte: Revista Tambaú, 1966).
Imagem 45: Vista parcial da cidade (década de 1980), vendo-se o Edifício Rique à direita (Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Imagem 46: Início da Rua Maciel Pinheiro (década de 1980), vendo-se o
Edifício Palomo ao fundo (Fonte: Arquivo de Antonio F. Bióca).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 24
Imagem 47: Vista parcial da cidade (década de 1960), destaque para os três edifícios altos - Rique, Lucas e Palomo (Fonte: MHCG).
A situação se identifica com a política desenvolvimentista
empreendida pelo presidente Juscelino Kubitschek, que com seu slogan de
fazer no Brasil “50 anos em 5” vislumbra a construção de Brasília (iniciada
em 1957 e inaugurada em 1960), que será marco significativo para a
arquitetura moderna brasileira, sendo responsável por sua difusão e
aceitação em grande escala no restante do país.
Imagem 48: Oscar Niemeyer. Palácio do Planalto, Brasília, 1958-1960 (Fonte: Wikipédia).
Imagem 49: Oscar Niemeyer. Catedral de Brasília, 1958-1967 (Fonte:
Wikipédia).
Esse esquema traduz o contexto em que se insere a década de
1960 em Campina Grande, cuja compreensão pode ser facilitada com
algumas informações encontradas no jornal A União (Campina..., 1964: 08):
• A população urbana e rural era estimada (Censo de 1960) em
160.580 habitantes, sendo que a rural era de 39.629 e a urbana
120.951;
• A sede municipal apresentava as características de “cidade-
mercado”, destacando-se o comércio de algodão e de agave,
englobando mais de 50 firmas especializadas nesses ramos;
• Possuía em torno de 636 estabelecimentos industriais que
empregavam, aproximadamente, 15.000 operários. 50% destes
estabelecimentos eram pequenas indústrias que geralmente
empregavam menos de 10 operários. Os outros 50% e a maioria
dos operários se dedicavam aos principais produtos explorados
pelo município: algodão, agave, óleos vegetais, couros e peles,
produtos têxteis;
• Contava com 22 estabelecimentos bancários, entre eles o Banco
Industrial de Campina Grande, o Banco do Comércio de Campina
Grande e alguns bancos cooperativados;
Adriana Leal de Almeida Freire
• Possuía todos os aspectos de cidade moderna, dinâmica e
progressista. Na maioria, suas artérias eram largas, com um
gabarito elaborado por técnicos, em que foram estabelecidas as
áreas funcionais de zoneamento. Um “Pré-Plano Diretor” da cidade
havia sido cuidadosamente elaborado para melhor ‘embelezamento
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 25
da urbe’. No centro, localizava-se o comércio varejista e atacadista,
que se espalhava por inúmeras ruas;
• Estava dividida em 25 bairros com um total de 500 ruas e possuía,
aproximadamente, 25.000 prédios (alguns com até 12 pavimentos).
Existiam na cidade 69 templos religiosos, sendo 55 católicos e 14
protestantes.
Esse cenário descrevia a situação que Campina Grande vivenciava
no ato de comemoração do seu Primeiro Centenário, em 11 de outubro de
1964, aliás, um fato que foi comentado não só pelos jornais locais, mas
também por outros meios de divulgação nacional. O jornal O GLOBO, por
exemplo, a respeito das comemorações que se seguiriam classificou a
Rainha da Borborema como “a mais progressista cidade e um dos mais
importantes centros industriais e comerciais do interior brasileiro”
(Campina... 1963: 03).
Não só por causa das celebrações ocorridas, o centenário merece
uma atenção especial nesse texto porque permitiu que, em 2 de maio de
1963, o então governador Pedro Gondim baixasse decreto, aprovando o
programa prioritário do Primeiro Centenário de Campina Grande e abrindo o
crédito especial de CR$137.960.000,0011 para as despesas de sua
execução (Governador..., 1963: 03). Uma Comissão Executiva seria
responsável pelo programa e essas despesas incluíam ajuda para algumas
obras que estavam sendo construídas na cidade e que deveriam simbolizar
o progresso pelo qual passava a cidade durante os festejos de 1964, como
11 Através de leituras do jornal A União, entre os anos de 1963 e 1966, verificou-se uma variação da cotação do dólar com equivalência de 950 a 1.800 cruzeiros. Adotando um valor de 1.200 cruzeiros, pode-se dizer que o crédito era de aproximadamente 115 mil dólares.
por exemplo, o edifício do Fórum, o Parque de Exposições, o prédio da
Casa do Trabalhador e os serviços de urbanização, entre outros. Assim,
aparecia em A União, além de fotografias dos edifícios em construção,
comentários do tipo:
Rainha pela magnitude e imponência dos novos edifícios que pontificam a cidade, imprimindo-lhe, com essa arrojada verticalidade, uma fisionomia inteiramente compatível com os dias que vivemos, porque este é o sentido exato das conquistas do crescimento moderno (Campina..., 1964: 08).
Imagem 50: Hugo Marques. Fórum de Campina Grande, atual Juizado do Consumidor. (Fonte: Arquivo da autora).
Imagem 51: Austro de França. Ypiranga Futebol Clube, projeto de 1960 (Fonte: Campina..., 1964: 08).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 26
Imagem 52: Propaganda do Centenário de Campina Grande (Fonte: A Paraíba..., 1964: 04).
Nas prestações de contas da comissão podem ser encontradas
informações valiosas quanto às obras mencionadas. Em julho de 1963, por
exemplo, registrava: a) a escritura referente à aquisição (por 8 milhões de
cruzeiros) do terreno destinado ao Fórum de Campina Grande, ficando o
arquiteto Hugo Marques encarregado do projeto arquitetônico do edifício
(contratado por 500.000,00); b) a elaboração do projeto arquitetônico da
Casa do Trabalhador, pelo desenhista Renato Silva, e cuja concorrência
para construção da estrutura de concreto armado foi vencida pela firma
Sociedade Técnica de Engenharia (SOTENGE), contratada por 3.200
cruzeiros; c) o anteprojeto do Parque Permanente de Exposição de
Animais, apresentado pelo arquiteto Tertuliano Dionísio, que também
realizou um estudo para o Parque do Centenário, incluindo um monumento
do escultor Corbiniano Lins, um Museu Histórico e outras obras; d) a
construção dos serviços de aterro da área situada entre o Açude Velho e o
bairro de José Pinheiro, efetuados pelo DNOCS, aliás, consta nos jornais
que os trabalhos de aterro e de urbanização do Açude Velho eram parte de
um plano de embelezamento proposto por Burle Marx, em uma de suas
visitas à Campina Grande; etc.
Imagem 53: Aspecto da passarela do Parque Permanente de Exposição de Animais, projetado por Tertuliano Dionísio (Fonte: A União, 1965: 08).
Outras obras merecem destaque no período: o Clube Campinense,
projetado pelo arquiteto Tertuliano Dionísio, em 1960, e construído pelo
engenheiro Lynaldo Cavalcanti; o projeto do ginásio da AABB (1961), de
Mário Glauco Di Láscio e Carlos Alberto Carneiro da Cunha; o Restaurante
Universitário da Escola Politécnica (inaugurado em 1961); o Clube Médico
Campestre; o Teatro Municipal Severino Cabral (inaugurado em 1963),
projetado pelo desenhista Geraldino Pereira Duda e construído por
Giovanni Gioia; o Ginásio Moderno 11 de Outubro (inaugurado em março
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 27
de 1964); o Hotel Ouro Branco (projeto de 1961 e inaugurado em janeiro de
1965), do arquiteto Hugo Marques e construído pelo engenheiro Lynaldo
Cavalcanti; a sede do Grêmio dos Subtenentes e Sargentos do Exército
(GRESSE), finalizada em 1966 (projeto de 1961) e construída por Isac
Soares e Haroldo Gonçalves Moutinho (engenheiro); o lançamento, em
1965, da pedra fundamental do Centro de Atividades do SESC12 e, em
1966, da pedra fundamental da sede de Faculdade de Medicina, projetada
pelo arquiteto Tertuliano Dionísio e construída por Lynaldo Cavalcanti; o
lançamento da pedra fundamental do edifício do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), depois INSS, cuja concorrência pública para
construção foi vencida pela firma Delphos Construtora Ltda, de Belo
Horizonte; e a inauguração, já no início de 1970, do prédio do Instituto de
Educação de Campina Grande, também conhecido como Escola Normal.13
Imagem 54: Vista parcial da cidade, vendo-se o ginásio da AABB (Fonte: MHCG).
Imagem 55: Geraldino Pereira Duda. Teatro Municipal Severino Cabral, 1962-
1963 (Fonte: Revista Tambaú, 1966).
12 Existe no Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina Grande, um projeto de 1967, pelo arquiteto Elveristo Dantas do Rosário e construtora G. Gioia Ltda. 13 Os dados a respeito dessas obras foram obtidos através de pesquisas realizadas no jornal A União e no Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina Grande.
Imagem 56: Hotel Ouro Branco (nos anos 1980), a partir da Praça Clementino Procópio (Fonte: Arquivo Antonio F. Bióca).
Imagem 57: Isac Soares. Grêmio dos Subtenentes e Sargentos do Exército,
em construção (Fonte: 11º. Aniversário..., 1966: 07).
Imagem 58: Escola Normal, em construção (Fonte: A União, 1970: 01).
Imagem 59: Edifício Sede do INSS, inaugurado em 18/12/1971 e reformado
em 1998 (Fonte: Arquivo da autora),
O ano de 196414, então, simboliza exatamente o auge do
desenvolvimento da cidade, caracterizado por um expressivo número de
construções e pelo alto investimento na educação, associado à criação, em
abril de 1966, de mais uma universidade (a Universidade Regional do
Nordeste – URNE) e a aceleração de um processo (a industrialização) que
Adriana Leal de Almeida Freire
14 Ainda não sofria o entrave econômico conseqüente do Golpe Militar. Os efeitos só serão percebidos, de fato, a partir do final da década.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 28
já vinha sendo experimentado de forma incipiente, através da criação do
Distrito Industrial de Campina Grande:
O governador Pedro Gondim (...) vem de assinar o decreto 3.269, que declara a utilidade pública da área para implantação do Distrito Industrial de Campina Grande (...) para efeito de desapropriação, amigável ou judicial, e imediata imissão provisória de posse, nos termos da Lei das Desapropriações, uma área de aproximadamente 1.943.900 metros quadrados situada na zona rural oeste da cidade, compreendendo um polígono irregular cujo perímetro se limita, ao norte com a linha de transmissão de 220 kv pertencente à CHESF, ao sul, com terras pertencentes ao dr. Aluísio Afonso Campos, ao leste, com terras da propriedade Itararé, pertencente ao senador Argemiro Figueiredo, e a oeste, com terras pertencentes aos srs. Cícero Gomes de Melo e Juarez Barreto. (...) Considerando a importância da industrialização, como fator dinâmico, por excelência, do processo de desenvolvimento, e a conveniência técnica da aglutinação de unidades fabris que reclamam serviços comuns de infra-estrutura, implicando, por isso, na criação de Distritos Industriais... (Notícias..., 1963: 08, grifo da autora).
Já em 1965, estavam em fase de implantação no distrito industrial
de Campina Grande, importantes fábricas, como a CANDE (de tubos
plásticos) e o conjunto industrial da WALLIG Nordeste. Sobre esta segunda,
A União (Da cidade..., 1966: 03), dizia ser uma “obra de proporções
gigantescas, em linhas modernas (...) uma cena que enche a vista”.
O que se pretendeu aqui, portanto, foi, numa abordagem geral,
verificar em que condições se encontrava a cidade durante a década de
1960 e que caminho trilhou para alcançar essa configuração. A cidade,
terreno fértil e em plena expansão, pedia uma arquitetura que expressasse
o seu progresso. O repertório de edificações apresentados neste texto
sugere a necessidade de outros registros e reflexões que ampliem a
delimitação desta pesquisa, estudos que tratem diretamente da influência
da arquitetura moderna brasileira na arquitetura campinense, abarcando
não só suas edificações, mas também os idealizadores das mesmas.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 29
Capítulo 2. Levantamento e Sistematização dos Dados Coletados
1. Os primeiros passos
O interesse em estudar as manifestações da arquitetura moderna
em Campina Grande, aliado à percepção do descaso existente com a
preservação do patrimônio da cidade, deram o pontapé inicial para a
escolha do tema a ser estudado.
No início, a vontade de abarcar toda a produção arquitetônica de
Campina Grande dita “moderna” era um tanto presunçosa, tendo em vista
um trabalho final de graduação, cuja duração não ultrapassa quatro meses.
Para agravar, os trabalhos que envolvem pesquisa em arquivos e/ou jornais
demandam um tempo nem sempre previsível, dependendo de fatores
próprios desse tipo de pesquisa, como acesso, estado de conservação e
legibilidade do documento, regularidade no funcionamento dos arquivos,
etc. Daí a preocupação em delimitar enfoques temporal e temático para não
correr o risco de realizar um estudo superficial ou não concluir o trabalho.
Dessa maneira, definido o objeto, partiu-se para uma primeira
pesquisa de campo, antes mesmo de iniciar a elaboração da proposta de
trabalho, o que nos pressupostos metodológicos chamou-se de “observação
direta” ou “pesquisa de campo prévia”. Nesse momento, algumas
residências se destacaram na paisagem da cidade ou por manterem suas
características originais ou por sofrerem modificações desastrosas ou por
terem sido passivamente demolidas para dar lugar a outras edificações, em
geral de pouquíssimo gosto. Nessa fase, foram realizadas visitas às casas
cujo acesso era facilitado por relações familiares, de amizade ou mesmo
por pura boa vontade.
Imagem 60: Geraldino Duda. Res. Heleno Sabino de Farias – vista geral, 1962.
Imagem 61: Geraldino Duda. Res. Heleno Sabino de Farias – vista parcial,
1962.
Imagem 62: Geraldino Duda. Res. Alaíde Muniz – vista geral, construção iniciada por volta de 1955.
Imagem 63: Geraldino Duda. Res. Alaíde Muniz – vista geral, construção
iniciada por volta de 1955.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 30
Imagem 64: Geraldino Duda. Res. Adalberto e Nanu Guerra – vista geral, construída por volta de 1959.
Imagem 65: Geraldino Duda. Res. Adalberto e Nanu Guerra – vista parcial,
construída por volta de 1959.
Imagem 66: Tertuliano Dionísio. Res. Manoel Damião de Araújo – vista geral, projetada em 1960 e concluída em 1961.
Imagem 67: Tertuliano Dionísio. Res. Manoel Damião de Araújo – vista parcial, projetada em 1960 e concluída em 1961
Imagem 68: Geraldino Duda. Res. Aderson C. Gomes – vista geral, 1964.
Imagem 69: Geraldino Duda. Res. Aderson C. Gomes – vista parcial, 1964.
Imagem 70: Tertuliano Dionísio. Res. José Barbosa Maia, projetada em 1962 e concluída em 1964.
Imagem 71: Augusto Reynaldo. Res. Vieira Silva, segunda metade da década de 1950 (Fonte: Rocha e Queiroz, 2006).
Ao mesmo tempo, foram registradas em fotos outras casas que
chamavam a atenção por serem modernas e manterem suas características
originais, mas sobre as quais não havia muitas informações como: o autor
(engenheiro, arquiteto ou desenhista), o proprietário, o construtor, a data,
etc. Inconscientemente, estava se formando a preferência pelo estudo das
residências, por um lado porque havia um número significativo dessas
construções, por outro, porque muitas delas estavam sendo demolidas ou
descaracterizadas.
Imagem 72: Geraldino Duda. José Augusto de Almeida, 1964.
Imagem 73: Geraldino Duda. Antônio Diniz Magalhães, 1962.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 31
Imagem 74: Hugo Marques. Res. Custódio Miranda, 1964.
Imagem 75: Geraldino Duda. Res. Manuel Figueiredo, reforma de 1965.
De fato, desde o início, existiram duas ‘vontades’, uma que era a de
registrar tudo, e outra que era a de saber que arquitetura era essa e até que
ponto ela era moderna. Estava, assim, delimitado o tema.
Quanto ao enfoque temporal, as décadas de 1950 e 1960 são as
mais expressivas em termos de disseminação da “arquitetura moderna” em
Campina Grande. Como a maioria das casas previamente selecionadas era
da segunda década e o artigo de Rocha e Queiroz (2006) tratava da
arquitetura moderna da cidade na década de 1950, ainda que de modo
geral, optou-se por estudar (para completar esse panorama) os dez anos
seguintes que vão de 1960 a 1969.
A pesquisa teve como propósito inicial o registro do maior número
de exemplares modernos. Mas seria difícil registrá-los sem avaliar o alcance
e a amplitude desses exemplares, sem ter noção da influência da produção
nacional sobre a cidade, sem conhecer pelo menos uma mostra dessa
produção.
Para tal, o passo seguinte foi descobrir onde e se seria possível
encontrar os projetos das casas, já que nas poucas visitas realizadas,
apenas um dos proprietários possuía o projeto da sua residência. Através
da Secretaria de Viação e Obras Públicas (SVOP) constatou-se que os
projetos são enviados para o Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina
Grande, corriqueiramente chamado de “Arquivo Morto”. Lá se encontram
todas as licenças de construção e reforma, a maioria com os projetos
anexados, arquivadas em caixas e separadas por ano e pelo nome das ruas
onde se localizam.
A pesquisa no arquivo foi extensiva, mas essencial. Primeiro
porque, como foi mencionado na introdução, trata-se de uma fonte
fidedigna, que garante, em certa medida, a precisão das datas que estão
sendo registradas: mês e ano em que foi tirada a licença para a
construção15. E segundo porque fornece os projetos originais. Assim, com a
duração de cinco meses, iniciada juntamente com a elaboração do projeto
de pesquisa e concluída antes do início do semestre de elaboração do
trabalho final, consistiu numa investigação minuciosa dos projetos
existentes, dos quais foram anotadas informações necessárias e feitos
registros fotográficos da documentação técnica (plantas, cortes,
perspectivas, detalhes etc.) dos projetos residenciais. Outros projetos
significativos, como os edifícios altos ou institucionais, tiveram as
informações registradas para consultas posteriores e para contextualizar a
produção campinense como um todo.
Adriana Leal de Almeida Freire
15 Era objetivo utilizar a datação do projeto, mas nem todas as pranchas consultadas apresentam data, por isso achou-se por bem padronizar através da liberação da licença de construção que, em geral, difere em apenas alguns meses ou mesmo coincide com os projetos que estão datados.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 32
Imagem 76: Exemplo de fotografia tirada de um dos projetos consultados no Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina Grande. Trata-se do projeto de Geraldino Duda para a residência Antônio Diniz Magalhães, 1962 (ver imagem 73).
O ideal seria poder digitalizar todos os projetos que compõem este
trabalho, quer seja utilizando um software CAD ou por meio de um scanner
de grande formato, este último até mais adequado, pois manteria o traço
original do arquiteto, engenheiro ou desenhista que elaborou os desenhos.
A digitalização dos projetos seria importante até mesmo para a própria
preservação dos registros, já que as pranchas encontram-se dobradas e
anexadas às licenças através de grampos, clips ou alfinetes que enferrujam
facilmente e danificam o papel.
Contudo, dada a falta de recursos, a iniciativa ficou restrita aos
registros fotográficos que, mesmo distorcendo um pouco a imagem e,
conseqüentemente, a escala, fornece uma idéia do projeto original. Além
disso, em termos de tempo, a digitalização pretendida entrava em conflito
com outra intenção do trabalho que era registrar o maior número possível
de exemplares. Assim a decisão tomada foi digitalizar apenas alguns
projetos para serem objeto de uma análise mais específica e detalhada, o
que contou com o apoio de outras iniciativas no curso de Arquitetura e
Urbanismo da UFPB, como será mencionado no capítulo 3.
2. A ficha-base
Para a sistematização dos dados coletados no Arquivo Municipal e
das informações adicionais que porventura viessem a surgir criou-se uma
ficha-base que sintetiza esse material.
Algumas fichas cadastrais existentes foram analisadas e serviram
de base para o modelo aqui adotado, em especial as fichas elaboradas pelo
IPHAN, as do Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC)16 e as do
DOCOMOMO (anexo IV). As duas primeiras são bastante detalhadas, tendo
em vista um cadastro de bens a serem tombados. O DOCOMOMO
apresenta duas fichas, uma completa e outra mínima, porém ambas com as
informações registradas de forma seqüencial sem que haja uma
formatação/compactação do documento.
Observando esses exemplos e considerando o objetivo dessa
pesquisa, algumas decisões tiveram que ser tomadas. A primeira delas era
relativa à dimensão dessa ficha, quão específica e detalhada ela deveria
ser. Como o estudo é preliminar e a pretensão era registrar o maior número
de exemplares, optou-se por um modelo conciso com informações
essenciais, diagramadas com os seguintes campos: identificação, dados do
projeto, desenhos e fotografias, além de espaço para uma avaliação da
situação atual17 e para observações relevantes18. Não é objetivo do
16 A ficha do IPAC foi adotada por Juliano Carvalho, ver anexo I. 17 Esse campo só foi preenchido nos casos em que as residências foram visitadas
Adriana Leal de Almeida Freire
18 Informações específicas sobre peculiaridades do projeto e construção ou das condições da pesquisa.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 33
trabalho, nessa fase, avaliar o grau de importância dessas residências ou
encaminhá-las para um processo de tombamento.
Dessa forma, tentou-se abarcar as informações da ficha mínima
proposta pelo DOCOMOMO, com uma diagramação bastante similar ao
modelo adotado pelo IPAC, na tentativa de, reunindo as qualidades de cada
uma, criar uma formatação em que, numa única folha, os dados essenciais
de registro sejam apresentados, formando uma espécie de catálogo das
residências selecionadas. O conjunto dessas fichas preenchidas encontra-
se no segundo volume do trabalho.
O esquema de diagramação ao lado ilustra a organização da ficha,
que pode ser mais bem visualizada no exemplo da página seguinte. As
cores foram utilizadas para delimitar os grupos de dados/informações
contemplados na ficha
Legenda:
Dados de identificação da residência (proprietário atual, primeiro proprietário, endereço e uso atual);
Dados do projeto (arquiteto/desenhista, construção, data da licença de construção, número de registro junto à Prefeitura Municipal de Campina Grande, área construída e área do terreno);
Desenhos e fotografias (foto de identificação ou perspectiva/fachada no caso da construção não ter sido identificada – no topo à direita; e fotografias dos projetos consultados no arquivo);
Dados sobre a situação atual e observações adicionais (só serão completados quando for realizada uma visita à obra).
Quadro 03: Esquema de diagramação da ficha-base.
Adriana Leal de Almeida Freire
IdentificaçãoProprietário: Uso Atual:Primeiro Proprietário:Endereço:
Arquitetura:Data:
Observações:
Em: Out./06 Fotos: Em: Fev./07Arquivo PMCG Adriana de Almeida e Mariana Porto
Desenhos/Fotografias:
Desenhos:
Os pisos foram quase todos trocados e o jardim (abaixo da pérgula) extinto.O projeto está sendo digitalizado por Mariana Porto (Maio/2007).
Residência
José Cavalcanti de Figueiredo1798/1962580,80m²
Emília Maria, Ruth, Elisa e Eleonora Dantas de AguiarR. Vila Nova da Rainha, 348, Centro
Construção:Registro PMCG:Área Terreno:Área Construída:
Dados do Projeto
Cozinha e Biblioteca.Reforma ( ) Restauro ( ) Acréscimo (x) Demolição ( )
Situação Atual
Geraldino DudaOut./1962
301,13m²
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960-1969)Fotografia de Identificação:
Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )
Josalene Maranhão da Silva
Estado de Conservação:Mudanças Realizadas:
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 35
3. O número de exemplares selecionados
Iniciada a consulta ao arquivo municipal, constatou-se que o
número de exemplares previstos ultrapassaria as expectativas iniciais de
uma mostra de cerca de 50 exemplares. Já nos quatro primeiros anos
pesquisados (1960 a 1963), 61 projetos haviam sido selecionados. Um fato
que incrementou esse número foi considerar para a seleção projetos
realizados tanto por arquitetos, como por desenhistas e engenheiros. Em
compensação foram descartadas as casas “populares”, que apresentavam
projetos padronizados, que deveriam ser analisadas sob outra ótica: a da
habitação popular, um tema específico de investigação na arquitetura
moderna brasileira.
O quadro abaixo fornece os números detalhados de caixas
existentes no arquivo para cada ano pesquisado e da quantidade de
projetos selecionados dentro das mesmas:
Quadro 04: Síntese da Consulta ao Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina Grande.
As colunas em amarelo referem-se aos anos de 1960-1965, período
consultado nos quatro meses em que se elaborou o projeto de pesquisa e,
as colunas em vermelho aos anos restantes (1966-1969) que foram
pesquisados durante o recesso anterior ao semestre de elaboração do
trabalho final, contabilizando, portanto, os cinco meses de consulta no
arquivo.
A primeira linha do quadro refere-se ao número de caixas/ano
existentes no arquivo municipal, totalizando 123 caixas consultadas. Elas
são identificadas por números e separam as licenças de construção e
reforma por nome das ruas onde se localizam os imóveis e pelo ano,
porém, às vezes, não há seqüência lógica. Por exemplo, as caixas sofreram
alteração na numeração quando da troca das etiquetas identificadoras
durante a realização da pesquisa. Portanto, os projetos serão identificados
apenas pelo número do registro da licença junto à SVOP, que é invariável.
Na segunda linha foram colocados os números de projetos
selecionados/ano, num total de 188 projetos (mais que o triplo da previsão
inicial). Através das informações contidas nas pranchas e nas licenças,
procurou-se identificar as casas na cidade, que se constituiu em mais uma
etapa da pesquisa de campo que levou praticamente o mesmo tempo
utilizado para a consulta do arquivo. Com o número de projetos
selecionados aumentado, a identificação passou a ser realizada em paralelo
à consulta.
Adriana Leal de Almeida Freire
Como pode ser observado no quadro, 134 edificações foram
identificadas através dos projetos encontrados. É importante mencionar que
todos os projetos das residências fotografadas na pesquisa de campo
prévia, que são da década de 1960, foram encontrados no arquivo
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 36
municipal, o que atesta a sua fidedignidade como fonte. Essas 134
edificações foram divididas pelo uso (residencial e outro) e pelo estado de
abandono ou demolição, para uma melhor apreciação da situação em que
se encontram.
Os 54 projetos restantes (28,7% dos selecionados) não tiveram as
respectivas construções identificadas. Acredita-se que por três motivos: não
foram executados, foram demolidas ou sofreram tantas modificações que
não mais apresentam semelhanças com o projeto original.
As casas que com certeza foram demolidas estão incluídas no
grupo anterior (edificações identificadas). Entretanto é possível que parte
das não identificadas também possam ter sido derrubadas.
Pensou-se, inicialmente, em preencher apenas as fichas dos
projetos cujas edificações fossem encontradas, acrescentadas de alguns
projetos considerados significativos e cujas edificações não haviam sido
identificadas, o que totalizaria 148 projetos. Contudo, como a intenção era a
de registrar o maior número de exemplares optou-se por preencher fichas
de todos os projetos selecionados, para uma reflexão posterior, perfazendo
um conjunto de 188 fichas.
4. Identificação das casas e preenchimento das fichas-base
A identificação das residências constituiu outra etapa do trabalho e
ocorreu paralelamente à consulta ao arquivo dada a quantidade de projetos
selecionados. Assim, a cada dois ou três anos de construção pesquisados,
eram separados os projetos que pertenciam aos mesmos bairros e
determinado um roteiro para busca.
Algumas dificuldades foram encontradas. Primeiramente, os
endereços não apresentavam a numeração das casas, já que essas
estavam sendo construídas em áreas em processo de ocupação19.
Segundo, algumas ruas ou bairros possuíam outras denominações na
época. Para contornar essa dificuldade, recorreu-se à Secretaria de
Planejamento (SEPLAN) do município que dispõe de mapas anteriores ao
atual. Quando esses mapas não eram suficientes, outro artifício utilizado foi
a consulta à lista telefônica de 1998, a última edição que divulgava os
números de telefones por duas entradas: pelo nome do proprietário e pelo
nome da rua. Assim, alguns proprietários foram identificados e,
conseqüentemente, o número da residência. Porém, como o catálogo é
cerca de trinta anos mais novo que a construção das casas, muitas delas
foram vendidas ou tiveram outro destino.
Assim, as edificações que foram identificadas tiveram seu endereço
completo anotado e foram fotografadas e inseridas como imagens de
identificação nas fichas-base. As informações sobre as que não foram
encontradas durante essa etapa foram conseguidas através de
depoimentos dos proprietários e/ou moradores de residências da mesma
época e dos mesmos bairros. Com isso, descobriu-se que algumas foram
demolidas ou modificadas. O restante continuará, por enquanto, no
anonimato, representadas apenas pelos projetos encontrados no arquivo.
Nesses casos, no local onde deveria constar a fotografia de identificação,
será colocada a perspectiva ou a fachada principal encontrada no projeto
original.
Adriana Leal de Almeida Freire
19 O terreno da construção era situado tendo como parâmetro o número de uma edificação vizinha (ou terreno vago) ou a distância aproximada do mesmo a uma rua transversal mais próxima.
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 37
Ao término da identificação dos exemplares, partiu-se para o
preenchimento das fichas-base, onde os dados coletados até então
puderam ser sistematizados. Essa sistematização foi acompanhada do
preenchimento de quadros sinóticos20 referentes a cada ano da pesquisa,
os quais auxiliaram na medida em que permitem a fácil visualização do
trabalho realizado e do trabalho a realizar (ver esquema abaixo).
Quadro 05: Esquema do Quadro Sinótico21.
O quadro sinótico funciona da seguinte maneira: do lado esquerdo
ficam os nomes das residências22 e do lado direito as atividades a serem
realizadas ou as informações a serem coletadas, divididas em três grupos:
projeto (amarelo), mapeamento/visita ao local (rosa) e preenchimento da
ficha cadastral (azul).
Cada grupo apresenta uma subdivisão (tarefas a serem realizadas
ou informações a serem checadas); por exemplo, no projeto estão os
desenhos que constam nas plantas consultadas; no
20 Os quadros sinóticos encontram-se no anexo V deste volume. 21 Esse esquema apenas ilustra a diagramação e as cores, não tem por fim a leitura. 22 O nome da residência é o nome do proprietário para o qual o projeto foi realizado.
mapeamento/visita
local estão itens como: a identificação local e registro em mapa, e os
registros fotográficos; e no preenchimento das fichas cadastrais estão os
próprios espaços da ficha a serem completados.
Assim, à medida que cada etapa/tarefa é realizada, o espaço
referente no quadro sinótico é pintado em cinza. Como nem todas as etapas
puderam ser cumpridas foram criadas outras colorações: em amarelo
quando se tratar de uma informação incerta ou incompleta e em vermelho
quando a informação não estiver disponível ou quando o exemplar não for
encontrado. O “X” marcado no quadro significa “inexistente” como, por
exemplo, no caso do projeto que não apresenta perspectiva.
Pode-se dizer, portanto, que o levantamento e a sistematização dos
dados terminam justamente com o preenchimento de todos os espaços dos
quadros sinóticos.
5. Mapeamento e algumas reflexões
A última etapa da construção dos registros é o mapeamento das
edificações em estudo. Ainda que o preenchimento das fichas já dê uma
idéia da localização das residências modernas na cidade o mapeamento é
de suma importância porque revela as áreas em que elas são
predominantes e dá visibilidade à ‘mancha’ moderna que pode contribuir
para avaliações posteriores acerca da configuração da estrutura urbana de
Campina Grande durante a década de 1960.
Segundo o Atlas Geográfico da Paraíba (1985), a estrutura urbana
de Campina mantém-se desde 1950, tendo em vista o não surgimento de
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 38
bairros residenciais que pudessem indicar uma expansão urbana após esse
período. Então, o que se pode supor com esse mapeamento, é que as
casas em estudo foram construídas em lotes vazios em um espaço urbano
já previsto ou substituíram outras construções existentes. Durante as
décadas subseqüentes, a cidade praticamente mantém os mesmos bairros
da década de 1960, como a Prata, Liberdade, Quarenta, José Pinheiro, Alto
Branco, Bodocongó etc.
Observando o mapa da PMCG/COPLAN (1985), mais a frente, que
separa os setores da cidade de acordo com os usos e poder aquisitivo,
percebe-se que o acervo pesquisado está nas áreas coloridas em cinza
(que indica o centro de Campina Grande, onde o comércio predomina), em
amarelo (habitações de médio padrão) e em vermelho (habitações de alto
padrão). As áreas com hachura verde indicam habitações de baixo padrão;
o azul, conjuntos habitacionais; o roxo, habitações irregulares (favelas); e o
branco, áreas de lazer ou desocupadas. Dessa maneira, supõe-se que a
influência da arquitetura moderna se deu predominantemente nas
residências de alto e médio poder aquisitivo, com alguns exemplares no
centro da cidade. Indo mais além e levando em consideração os dois
bairros que abrigam o maior número de residências modernas (entre as
pesquisadas), Prata e Lauritzen (este mais conhecido como Alto Branco),
ambos são caracterizados como bairros de alto padrão (vermelho). Mapa 02: Mapa Urbano de Campina Grande, delimitando a área a ser ampliada
(Fonte: SEPLAN, adaptado pela autora).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 39
Mapa 03: Mapa Parcial de Campina Grande indicando a localização das residências selecionadas (Fonte: SEPLAN, adaptado pela autora).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 40
Mapa 04: Mapa de Campina Grande, delimitando a área ampliada (Fonte: PMCG/COPLAN/Atlas Geográfico da Paraíba, 1985, adaptado).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 41
Capítulo 3. Análises e reflexões sobre o acervo investigado
Ao iniciar a pesquisa, o foco era registrar um repertório moderno e
residencial delimitado, tendo como justificativa principal a preservação do
patrimônio ameaçado. Daí a proposta de se coletar o maior número de
projetos e fornecer um material que servisse de base para novos estudos.
Havia também a intenção de ‘olhar mais de perto’ esse universo que,
imaginou-se, seria menos amplo do que a pesquisa mostrou. À medida que
a pesquisa crescia e a pesquisadora amadurecia percebeu-se que seria
inviável e, pouco recomendável, realizar a visita às 148 edificações
identificadas. Primeiro porque ainda era cedo para se afirmar o valor
arquitetônico das construções em estudo, já que não existia uma análise
prévia desse material. Segundo porque não havia nem recursos nem tempo
disponíveis para realização dessa tarefa. E por último, havia um detalhe
técnico: o acesso e a colaboração dos proprietários eram imprevisíveis.
Assim, decidiu-se por um registro que contivesse apenas as
informações básicas23, complementado pela análise de alguns exemplares.
Dessa forma, seria possível uma primeira aproximação sobre o tema:
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande.
A dissertação de Melo (2004), através de uma análise dos cânones
da arquitetura moderna residencial brasileira (incluindo 70 exemplares),
elabora uma síntese conceitual desse repertório que indica algumas
características recorrentes na casa moderna brasileira: o “caráter
23 Primeiro proprietário, uso atual, endereço, dados sobre o projeto e fotografias, tanto dos projetos encontrados no arquivo, quanto do exterior da edificação.
nacionalista” (arquitetura como símbolo e identidade nacional), uma
linguagem diferenciada (plasticidade da forma), um vínculo com o passado
(tradição) e um vínculo com o lugar (adaptação ao clima).
Essa nova arquitetura seria símbolo não somente do movimento
nacionalista da década de 1930, como aponta a autora, mas também da
política desenvolvimentista de JK. No caso de Campina Grande a inclusão
de elementos da arquitetura moderna brasileira simbolizava o progresso da
cidade que, de certo modo, fazia o papel de “vanguarda no interior
nordestino”.
O desenvolvimento de uma linguagem diferenciada, através da
flexibilidade de volumes e de formas livres foi, de fato, bastante explorado
na arquitetura moderna brasileira de forma geral e, por isso mesmo, atraiu
tanto a atenção nacional e internacional, aliado às experiências de controle
de luz e calor no ambiente construído, através da utilização de brises,
combogós, venezianas e similares.
Observando as residências de Campina Grande, podem-se listar
diversos elementos que também são encontrados na produção nacional. A
presença da laje plana, da planta livre, de áreas verdes, incluindo a
utilização de jardins internos, pérgulas, janelas contínuas, combogós, pilotis,
escadas e rampas compondo a volumetria, entre outros, ilustram essa
aproximação.
Adriana Leal de Almeida Freire
O que se questiona é a forma como esses elementos foram
empregados e até que ponto houve a apropriação dos conceitos defendidos
pela arquitetura moderna brasileira. Para tal, será feita uma análise dessa
produção local segundo os seguintes pontos, os quais serão retomados na
análise de cinco exemplares selecionados para representá-la:
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 42
3.1 A implantação da casa no lote e a organização espacial;
3.2 Aspectos construtivos e a cobertura;
3.3 Aspectos formais.
A intenção não é criar uma classificação dentro desses critérios,
mas apenas facilitar uma melhor apreciação do acervo em estudo. Como
ainda é preciso um maior aprofundamento sobre o repertório campinense, o
item (c) será detalhado apenas nos exemplares selecionados.
3.1 A implantação da casa no lote e a organização espacial
Levando em consideração que há uma relação muito forte entre a
implantação no lote e as soluções arquitetônicas, esse ponto é
determinante na organização espacial da edificação.
Lemos (1989) atenta para o fato de que, antes da Primeira Guerra,
as casas de classe média e as populares possuíam somente a fachada
voltada para a rua e que, depois do primeiro pós-guerra, com as leis e
normas sanitárias, começa-se a perceber novas formas de ocupação do
lote com recuos frontais e laterais.
Aliada a essa questão de higiene um dos pressupostos do
movimento moderno era a possibilidade de experimentar a
tridimensionalidade do edifício com a casa solta no lote, que podia atender
a essas novas exigências de salubridade no desenvolvimento da sua
organização espacial. Não existia mais a fachada principal ou a fachada
lateral e sim um objeto que deveria ser experimentado sob diversas
perspectivas.
O período que se inicia por volta de 1940, com a Segunda Guerra Mundial, e que nos traz até 1960, com o plano de Brasília, compreende a fase de mais intensa industrialização e urbanização da história do País. (...) As habitações individuais isoladas aproveitariam de modo especial as inovações arquitetônicas, decorrentes do avanço técnico e econômico. Pela primeira vez seriam exploradas amplamente as possibilidades de acomodação ao terreno, em que se pese à exigüidade dos lotes em geral (Reis Filho, 1976:88).
No caso de Campina Grande, pode-se dizer que as dimensões dos
lotes limitaram, de certa maneira, a liberdade de criação e também o
desenvolvimento do paisagismo. Podem ser encontradas casas soltas no
lote e casas que se limitam a um recuo lateral. Já os exemplares
construídos em lotes de esquina tendem a valorizar a composição espacial.
As edículas, que seriam integradas às edificações principais, na
maior parte das vezes, persistem nos fundos dos terrenos, ignorando o
desaparecimento da orientação frente-fundo preconizado pela arquitetura
moderna.
Percebe-se, por outro lado, uma tendência à criação de jardins,
mesmo de pequena escala, nos recuos frontais das residências, permitindo
um espaço de transição entre o exterior e o interior. Atualmente, quase
todas as casas tiveram seus muros elevados, de modo que a falta de
segurança na cidade substituiu a intenção inicial da casa como continuação
da cidade. Assim alguns desses jardins também foram suprimidos.
Observando os projetos em estudo, os casos mais comuns de
implantação são:
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 43
• A casa solta no lote:
Imagem 77: Situação e perspectiva da Res. Sósthenis Pedro da Silva, 1960 (Fonte: Arquivo da PMCG).
• A casa colada em um dos limites laterais do lote:
Imagem 78: Situação e perspectiva da Res. Maria Bernadete de Lima, 1961 (Fonte: Arquivo da PMCG).
• A casa parcialmente colada nos dois limites laterais:
Imagem 79: Situação e fotografia da Res. Custódio Miranda, 1964 (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
• A casa em lote de esquina (solta ou colada a um dos limites
laterais):
Imagem 80: Situação e perspectiva da Res. Aderson Costa Gomes, 1964 (Fonte: Arquivo da PMCG).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 44
• A casa em lote irregular (de esquina ou não, podendo estar colada
a uns dos limites do lote):
Imagem 81: Situação e fotografia da Res. Severino da Costa Ribeiro, 1961 (Fonte: Arquivo da PMCG e Prefeitura, 2003).
Outro fator que merece destaque relaciona-se com a topografia dos
terrenos. A maioria dos projetos em estudo tirou partido da declividade (ver
imagens a seguir), alguns fazendo uso de subsolos e aterros, geralmente
destinados às garagens e dependências de serviço, e outros através de
plantas escalonadas, provocando níveis intermediários que, muitas vezes,
influenciaram também na composição volumétrica.
Imagem 82: Res. Antônio de Oliveira Dantas, 1965 (Fonte: autora).
Imagem 83: Perspectiva da Res. José Augusto de Almeida, 1964 (Fonte: Arquivo da PMCG).
Imagem 84: Res. Antônio Diniz Magalhães, 1962 (Fonte: autora).
Imagem 85: Res. Antônio Diniz Magalhães – corte esquemático, mostrando os diferentes
níveis (Fonte: Thaís Carvalho e Thaíse Gambarra).
Dessa forma, quando não limitadas pela dimensão do lote, percebe-
se, de modo geral, uma generosidade com os espaços, assim como uma
busca pela movimentação das superfícies exteriores das residências
pesquisadas. Giedion apud Tinem (2006:120) encara como contribuições da
arquitetura brasileira ao movimento contemporâneo, nos anos 1950, a
generosidade do espaço, as soluções simples para problemas complexos e
a animação das grandes superfícies de estruturas vivas e multiformes.
Ainda que não se trate de programas complexos, nesse caso, fica
clara a intenção de movimentar as superfícies externas com a utilização de
diferentes materiais (intercalados) de revestimento para a composição,
mesmo quando são volumes simples como o do projeto abaixo (não
executado):
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 45
Imagem 86: Perspectiva da Res. Valdette Ribeiro, 1961 (Fonte: Arquivo da PMCG).
Outro caráter dessa arquitetura é a de se abrir para o exterior.
Goodwin aponta dois aspectos positivos na arquitetura brasileira. Um deles
é o caráter aberto das habitações, sempre em contato com a natureza (...),
incentivando o vínculo estreito entre interior e exterior (...). Essa seria uma
afirmação da influência wrightiana, que projeta olhando em direção ao
exterior (Tinem, 2006:83-84). No repertório campinense encontra-se a
utilização de espaços intermediários (interno/externo e público/privado),
tanto na ligação existente entre a rua e o lote, por intermédio dos jardins
criados na frente das casas, como na utilização de elementos vazados,
terraços ou jardins internos, que fazem o elo entre o exterior e o interior da
edificação. Em alguns casos, o uso de pilotis permite a liberação do solo,
como queria Le Corbusier, e termina por promover essa integração entre
interior e exterior.
Imagem 87: Tertuliano Dionísio. Res. Manoel Damião de Araújo, 1960 (Fonte: autora).
Nesse exemplo (imagem 87), identificam-se vários desses
elementos mencionados: a liberação do solo com o uso de pilotis, a
intenção plástica no uso da escada compondo a volumetria, a utilização de
combogós, sempre fazendo o vínculo entre exterior/interior. Infelizmente,
um lago artificial que existia debaixo da escada foi eliminado, mas ainda é
possível encontrar um jardim, mesmo que agora, acanhado.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 46
3.2 Os aspectos construtivos e a cobertura
Trata-se de uma tentativa de perceber as soluções estruturais e os
materiais empregados e suas influências na composição espacial, já que
um dos requisitos da arquitetura moderna é justamente o emprego do
avanço tecnológico a favor da racionalidade, economia, eficiência e
qualidade (Guadanhim, 2002:406).
Se o domínio sobre a técnica do concreto armado associado ao uso
de materiais novos, como o vidro e o metal, foi um dos elementos
norteadores da arquitetura moderna brasileira, o que se verifica nas
residências estudadas é certa restrição de soluções estruturais complexas.
Apesar de terem sido utilizadas lajes de concreto armado, balanços
generosos apoiados sobre pilotis com formas, por vezes, não-convencionais
e marquises em concreto, entre outros, verifica-se a persistência da
construção das vedações em alvenaria, denunciadas pela espessura das
paredes. Evidentemente, existem exceções que buscam soluções mais
ousadas como, por exemplo, o uso de uma meia abóbada em balanço
(imagem 89) merecedora de destaque.
Por outro lado, percebe-se o uso da planta livre, verificada nas
janelas corridas e na flexibilidade dos espaços, que permitem supor uma
estrutura independente, mesmo em um partido convencional, sem o apelo
da estrutura aparente defendida pela arquitetura moderna.
Além do uso do concreto, do vidro e do metal, observa-se a
utilização de telhas onduladas de fibrocimento ou amianto, esquadrias de
ferro, madeira e alumínio, paredes revestidas com pedra bruta, pastilhas e
azulejos. Muito comum também é o uso de combogós de louça e cerâmicos
que, aliados ao uso de pergolados, venezianas e jardins internos, mostram
uma preocupação com o conforto ambiental24. Nos pisos, são mais
encontrados o granilite, tacos de madeira e o mármore. Esses elementos
serão ilustrados nas residências que serão destacadas mais a frente.
Quanto às cobertas, percebe-se uma diversidade de composição.
Vale ressaltar que, de maneira geral, a laje plana formando o terraço-jardim,
identificado como um dos cinco pontos básicos defendidos por Le
Corbusier, é pouco usada no Brasil, por razões contundentes:
primeiramente, por ser um país que apresenta muita chuva e muito sol e,
daí, a dificuldade e o alto custo das impermeabilizações; além disso, a
existência de terrenos amplos para suprir a necessidade de gerar áreas
verdes integradas às edificações. Assim, foram realizadas mudanças nos
sistemas de cobertura que:
resolvidos agora com telhas de novos materiais, com pequenas inclinações, apoiadas sobre as lajes de concreto e ocultas sob discretas platibandas, dariam ensejo a uma geometrização geral dos volumes, nos termos dos modelos estrangeiros das casas de teto plano, de gosto cubista. Internamente essa inovação possibilitaria a variação dos níveis de pé-direito em cada compartimento, acompanhando a declividade suave do telhado. Externamente as inovações plásticas corresponderiam à decadência do fachadismo e ao tratamento arquitetônico homogêneo de todas as elevações. (Reis Filho, 1976:92)
Dessa forma, ficam visíveis as lajes planas ou inclinadas ‘falsas’,
que são recobertas por telhados escondidos por uma nova versão de
platibanda. O esquema a seguir busca uma síntese das coberturas
existentes no acervo campinense estudado.
24 Vale a pena ressaltar o pouquíssimo uso dos brises soleil no acervo pesquisado, às vezes até contemplados em projeto, porém não executados. Ainda não se sabe o porquê, mas merece ser objeto de um estudo específico.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 47
Primeiramente, são identificadas as lajes planas (A) e as inclinadas
(B) como as mais comuns. Dentro da composição, podem estar associadas
a casas térreas e a sobrados, com pilotis e em terrenos com desníveis.
Aparece também o telhado em “asa de borboleta” (C) que derivaria, então
da junção de duas lajes inclinadas. Dessas três classificações, surgem
diversas variações, entre as quais a formação de volumes trapezoidais e a
interseção de volumes com alturas diferentes.
Imagem 88: Croquis de estudo das coberturas existentes no acervo (Fonte: autora).
Vale mencionar, também, a existência de algumas coberturas não-
convencionais, sugerindo a formação de abóbadas, arcos e outros apelos
mais estéticos que estruturais.
Imagem 89: Perspectiva da Res. José Pedro Sobrinho, 1963 (Fonte: Arquivo da PMCG).
Imagem 90: Perspectiva da Res. Milton Félix do Nascimento, 1967 (Fonte: Arquivo da PMCG).
3.3 Aspectos formais
Esse ponto deve contemplar os determinantes para composições
volumétricas, as possíveis influências, tendências ou sínteses, além das
preocupações com o conforto e programas adotados, entre outros. Dessa
forma, não podendo generalizar, e para verificar a disposição dos
ambientes, que áreas tende a valorizar (zoneamento), se existe
preocupação com a incidência de ventos e raios solares, continuidade
espacial e outras características marcantes serão utilizados os cinco
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Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 48
exemplares selecionados para análise25. Durante o decorrer da pesquisa,
alguns alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB demonstraram
interesse pelo trabalho e resolveram colaborar com o mesmo através da
digitalização de alguns projetos para serem avaliados em estágios
curriculares que tiveram como ênfase o exercício da representação gráfica.
Com isso, além de subsidiar esse trabalho específico contribuíram para um
registro digital da arquitetura moderna brasileira.
Essas cinco residências foram escolhidas segundo alguns critérios:
mantêm o uso residencial, estão entre as mais bem conservadas e,
notadamente, apresentam a maioria dos elementos da arquitetura moderna
relatados, além de soluções plásticas merecedoras de destaque.
1) Residência Daniel Guimarães (1960)26:
O projeto foi elaborado pelo até então desenhista Geraldino Pereira
Duda (formado em Engenharia Civil na década de 1980) e construído pelo
engenheiro Austro de França Costa (na época, diretor do Departamento de
Planejamento e Urbanismo – DPU), personagens de destaque na produção
arquitetônica de Campina Grande. Foi realizado para o proprietário Daniel
da Costa Guimarães e, atualmente, pertence à Maria das Neves de Souza
Costa27.
25 Esses exemplares serão denominados utilizando o nome do primeiro proprietário. 26 A digitalização do projeto foi realizada por Marcelo de Brito Barros, em março de 2007. 27 A atual proprietária não permitiu que a casa fosse visitada nem fotografada.
Imagem 91: Vista da Residência Daniel Guimarães (Fonte: PMCG, 2003).
Imagem 92: Perspectiva do projeto original da Residência Daniel Guimarães, 1960 (Fonte: Arquivo da PMCG).
Dos elementos já mencionados percebemos: a presença da laje de
concreto inclinada apoiando telhas de fibrocimento, a utilização de
diferentes materiais de revestimento externo e de ferro e vidro nas
esquadrias, um apoio de forma não-convencional que, em busca de um
efeito plástico, exerce uma função estrutural, e o uso de jardins e terraços
como forma de ligação entre espaços externos e internos.
Com uma área coberta de 144,00m², possui um programa simples:
sala de estar, cozinha, copa, sala íntima, suíte, 02 quartos, banheiro social,
02 terraços (chamados de alpendre no projeto original) e jardins.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 49
Imagem 93: Planta Baixa da Res. Daniel Guimarães. (Fonte: Marcelo Barros (2007), a partir do projeto original).
Observando a disposição dos ambientes, nota-se a localização
privilegiada para o setor social, já que a elite burguesa, na década de 1960,
priorizava a sala de estar como o ambiente mais importante da casa.
. Partindo para uma análise da preocupação com o clima e da
utilização de elementos de controle de luz e de calor, percebe-se uma
incoerência. Dois dos três quartos têm faces voltadas para oeste,
recebendo insolação excessiva à tarde, enquanto que os banheiros, jardins
e sala de estar, de pouca permanência, estão voltados para os lados leste e
sul, desperdiçando a ventilação natural que é predominantemente sudeste.
De certa maneira, há de se levar em consideração que Campina
Grande possuía um clima mais ameno que o atual.
2) Residência Antônio Diniz Magalhães (1962)28
Também projetada por Geraldino Duda, foi executada pelo
engenheiro Nilton de Almeida Castro e possui uma área construída de
271,00m².
Imagem 94: Geraldino Duda. Res. Antônio Diniz Magalhães, 1962 (Fonte: autora e Arquivo da PMCG).
Merece destaque: a casa solta no lote, o esquema da cobertura
com lajes inclinadas em direções opostas, a utilização de diferentes
materiais de revestimento nas superfícies externas, uso de janelas corridas,
elementos vazados, a implantação em lote com desnível, fazendo uso de
uma planta escalonada, o jardim, a escada externa e a continuidade
espacial que pode ser percebida nas salas, enfatizando o uso da planta
livre.
28 A digitalização do projeto foi realizada por Thaís Carvalho e Thaíse Gambarra, em abril/maio de 2007.
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Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 50
Imagem 95: Fachada sul e maquete virtual da Res. Antônio Diniz Magalhães, 1962 (Fonte: Thaís Carvalho e Thaíse Gambarra, a partir do projeto original).
Fato curioso nesse projeto é a sala de jantar intermediando os
setores da casa. Além disso, o acesso da cozinha para essa sala tem de
ser realizado pela escada interna, o que dificulta o fluxo.
Imagem 96: Plantas baixas da Res. Antônio Diniz Magalhães, 1962 (Fonte: Thaís Carvalho e Thaíse Gambarra, a partir do projeto original).
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3) Residência Dagberto Gonçalves (1962)29
Projetada pelo engenheiro civil Lynaldo Cavalcanti e com uma área
construída de 235,00m², o corpo principal da residência está implantado no
centro do lote, ligado à edícula existente nos fundos do terreno, através de
uma marquise.
Imagem 97: Lynaldo Cavalcanti. Res. Dagberto Gonçalves, 1962 (Fonte: autora).
Imagem 98: Res. Dagberto Gonçalves – detalhe da marquise que liga o corpo principal da casa à edícula (Fonte: autora).
Comparando uma fotografia da edificação e imagens da maquete
virtual construída segundo o projeto original, percebe-se que algumas
mudanças, como, por exemplo, os brises soleil previstos no projeto não
aparecem na foto. Outra associação pode ser feita à influência de projetos
de arquitetos renomados da arquitetura moderna brasileira: a Casa de
Oscar Niemeyer em Mendes (1949) e o Teatro Popular (1950) em Marechal
Hermes, de Affonso Reidy.
29 A digitalização do projeto foi realizada por Armando Mariano, em abril/maio de 2007.
Imagem 99: Fotografia da edificação e maquete virtual, mostrando as diferenças entre o projeto executado e o original (Fonte: autora e Armando Mariano, respectivamente).
Imagem 100: Maquete virtual (Fonte: Armando Mariano) e projetos de referência (Fonte: Cavalcanti, 2001).
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Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 52
O primeiro caso, sobretudo, pela utilização de elementos de
controle de luz e calor compondo superfícies externas inclinadas; e o
segundo pela cobertura em “asa de borboleta”.
Na planta baixa, percebe-se que o acesso principal é induzido
através da passagem pelo terraço da face norte, intermediado por um
pergolado sobre um jardim. Sala de estar e jantar formam um espaço único
que se comunica com o restante da casa por uma longa circulação. Foi
criado um quarto de hóspedes cujo acesso dá-se tanto por essa circulação
quanto pela face posterior da residência, a qual se comunica com a edícula
nos fundos do lote. Nesse caso, o setor íntimo ficou direcionado para os
ventos dominantes (sudeste).
Imagem 101: Res. Dagbeto Gonçales – planta baixa (Fonte: Armando Mariano, segundo projeto do Arquivo da PMCG).
O vínculo exterior/interior mencionado é notado na ênfase dada à
entrada principal da casa. Diferentemente de outros projetos que apostaram
no uso de rampas e escadas para marcar essa característica, a casa,
térrea, valorizou o jardim na frente do lote e permitiu a abertura de um
espaço de transição dentro do volume principal da edificação. A atenção
dada ao terraço é traduzida pela variedade de materiais construtivos
utilizados: de um lado estão os combogós, de outro os tijolos de vidro e em
um terceiro estão os azulejos pintados, sobre os quais aparecem orifícios
que dão para a circulação interna; um pergolado sobre o espaço definido
por esses três planos permite a passagem de luz para o jardim que valoriza
a entrada.
Imagem 102: Res. Dagbeto Gonçales – o terraço, visto de fora, e o jardim e a rua, vistos do terraço (Fonte: autora).
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Imagem 103: Detalhes construtivos da Res. Dagberto Gonçalves (Fonte: autora).
4) Residência Emília Dantas Aguiar (1962)30
Projetada por Geraldino Duda e construída pelo engenheiro José
Cavalcanti de Figueiredo, com uma área de 301,13m², essa residência
mostra uma maior liberdade no uso do concreto, presente tanto na estrutura
quanto na composição plástica, no caso da marquise existente. A cobertura,
30 A digitalização do projeto foi realizada por Mariana Porto, em abril/maio de 2007.
inclinada, está engastada no volume que saca do corpo principal,
sustentado por pilares delgados de ferro.
Imagem 104: Geraldino Duda. Res. Emília Dantas Aguiar, 1962 (Fonte: autora e Arquivo da PMCG).
Imagem 105: Res. Emília Dantas Aguiar – plantas baixas (Fonte: Mariana Porto, segundo projeto do Arquivo da PMCG).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 54
Mais uma vez é dada ênfase a um jardim coberto por uma pérgula,
que se torna o coração da casa. Nesse exemplo, o espaço fica ainda mais
atrativo pela continuidade espacial promovida pelo volume suspenso por
pilotis na parte frontal da casa e pela existência de um alpendre embaixo
desse balanço.
A utilização de uma planta escalonada, dessa vez, foi uma decisão
projetual, já que o terreno é plano e, portanto, não induz à composição de
diferentes níveis.
Os espaços são bastante generosos, faz-se uso de esquadrias
contínuas, diferentes materiais de revestimento, integração da edificação
com um jardim externo, dentre outros elementos já mencionados em outros
exemplares.
Com frente predominantemente oeste, a marquise funciona não só
como elemento estético, mas também como protetor solar. O setor íntimo
está voltado para a posição sudeste, o setor social para o norte e o setor de
serviços a nordeste.
Imagem 106: Res. Emília Dantas Aguiar, pela ordem: o detalhe do volume em balanço apoiado em pilotis; o espaço debaixo desse balanço; o alpendre, vendo o pergolado; detalhe da marquise, a escada para a sala de estar; a escada para acesso à copa/refeições; e as pastilhas como revestimento (Fonte: autora e Mariana Porto).
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Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 55
5) Residência Heleno Sabino de Farias (1962)31
Talvez a casa mais expressiva para a cidade no período
considerado, sobretudo pela sua volumetria diferenciada das demais. Aqui,
as condições do terreno tiveram influência direta no projeto, que teve que se
adaptar tanto ao perímetro quanto à topografia. Tendo em mãos um
programa amplo, já que a edificação possui 331,70m², e um terreno ‘curvo’
de esquina, Geraldino Duda, autor do projeto, teve que, respeitando o recuo
frontal, acompanhar essa curvatura para definir o partido. A declividade do
lote permitiu que fossem projetados níveis diferenciados e que parte da
casa ficasse solta do chão, apoiada em pilotis, formando o espaço da
garagem.
Imagem 107: Geraldino Duda. Res. Heleno Sabino de Farias, 1962 (Fonte: autora).
31 A digitalização do projeto foi realizada por Anna Alice Manabe e Vladimir Gama e Gusmão, em abril/maio de 2007.
Imagem 108: Res. Heleno Sabino de Farias – os pilotis, a varanda e os revestimentos externos (Fonte: autora).
Outro elemento marcante da obra é a rampa de acesso principal
que também segue a curvatura do terreno. Fazendo a ligação
exterior/interior e integrada ao jardim externo, comunica-se com o terraço,
espaço de transição, que por sua vez, dá acesso à sala de estar. Essa sala
é o centro de todas as atividades, relacionando-se com os demais
ambientes da casa: no lado leste, com os quartos, e no lado oeste, com as
demais salas e cozinha; uma escada leva ao subsolo, com quartos para
hóspedes e acesso à garagem. A partir da cozinha, chega-se a outro
terraço, onde uma escada dá acesso à área de serviço.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 56
Imagem 109: Plantas baixas (térreo e porão) da Res. Heleno Sabino de Farias (Fonte: Anna Alice Manabe e Vladimir Gusmão, a partir do projeto original).
Imagem 110: Res. Heleno Sabino de Farias – a rampa e o jardim externo (Fonte: autora).
Assim como a maioria dos exemplares, apresenta o telhado
escondido por uma platibanda, falseando a laje plana. Faz uso de diferentes
revestimentos compondo as superfícies externas, possui espaços amplos,
esquadrias em ferro e vidro, dentre outros elementos típicos da arquitetura
moderna brasileira.
Sua importância no repertório arquitetônico campinense se deve
não só ao fato de apresentar uma volumetria única se comparada aos
demais exemplares pesquisados, o que dá visibilidade à modernidade da
sua construção, mas também por ser uma das poucas residências
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 57
estudadas que ainda possui praticamente todas as características originais
e em bom estado de conservação.
***
Diante dessas análises e especulações sobre o acervo residencial
moderno de Campina Grande, percebe-se que houve na arquitetura uma
assimilação da linguagem moderna brasileira, mesmo que, por vezes,
alheia às discussões técnicas e acadêmicas. O que deve ser levado em
consideração é em que contexto houve essa apropriação. Não se pode
avaliar a forma como os conceitos da arquitetura moderna foram utilizados
na cidade, e em cada projeto isoladamente, sem entender as necessidades
e especificidades locais. O aprofundamento do tema permitirá avaliações
que ainda não são cabíveis e identificará as nuances que permitam abarcar
todo o acervo registrado.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 58
Considerações Finais
Desde o início da pesquisa buscou-se enfatizar o seu objetivo
principal, que é o de registrar o acervo das residências modernas em
Campina Grande, projetadas na década de 1960. O recorte temático e o
cronológico foram necessários para que se pudesse abarcar essa produção
de forma ‘íntegra’, sem cogitar a exclusão de edificações que, nesse
momento, pudessem parecer menos significativas que outras.
Evidentemente, seria imprudente realizar uma seleção concisa dos
exemplares a serem estudados sem um reconhecimento anterior do valor
dessa arquitetura no contexto da cidade.
No momento em que foi proposto esse registro, duas posturas se
digladiavam: a primeira era selecionar os exemplares considerados mais
importantes e fazer um registro detalhado de cada um deles (aos moldes da
ficha do IPAC); a segunda era contemplar todos aqueles encontrados no
arquivo municipal e registrar somente as informações básicas (aos moldes
da ficha preliminar do Docomomo).
A primeira opção pareceu precipitada face ao estágio de
conhecimento sobre o tema: por um lado a arquitetura moderna em
Campina Grande recém começa a ser estudada, por outro uma pesquisa
desse tipo exige tempo e conhecimento incompatíveis com um trabalho final
de graduação.
Nesse contexto, a segunda opção se mostrava mais viável porque
permitia um primeiro passo em direção à segunda opção e era compatível
com um trabalho final de graduação. A amplitude do objeto a ser
pesquisado também justificava a opção: logo nos primeiros contatos com o
material existente no Arquivo Municipal da Prefeitura de Campina Grande,
verificou-se uma quantidade inesperada de projetos modernos de
arquitetura, mesmo considerando as delimitações feitas em relação ao
objeto específico.
Assim, decidiu-se fazer um breve reconhecimento da arquitetura
moderna residencial de Campina Grande, através de um registro parcial,
que revelasse sua amplitude, tendo como meta divulgar a importância de
sua preservação.
No volume 1 deste trabalho, buscou-se:
• Inicialmente, a familiarização do leitor com a cidade de Campina
Grande, dando destaque à sua condição favorável no contexto
regional, especialmente no período delimitado;
• Em seguida, uma tentativa de constituir a forma como se
manifestou a arquitetura moderna na cidade;
• Daí em diante, procurou-se explanar a maneira como esse registro
foi construído e;
• Refletir sobre o acervo em estudo, com ênfase para cinco
residências selecionadas e que foram exploradas.
No volume 2 está o registro dos exemplares encontrados, uma
espécie de “catálogo” dos 188 projetos consultados na pesquisa
documental, com seus usos atuais (quando as respectivas edificações
foram identificadas), endereços, autores, áreas (construída e terreno),
fotografias e registros gráficos.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 59
Somente agora, com esse material sistematizado e maior
conhecimento do tema é possível refletir sobre a produção moderna na
cidade e enfrentar o objeto desse trabalho com maior profundidade.
Serão, portanto, os novos estudos, que porventura venham a dar
continuidade a este, ora acadêmicos, ora elaborados por instituições e
órgãos competentes, que irão definir quais medidas de preservação
deverão ser adotadas para salvaguardar o patrimônio moderno de Campina
Grande.
Espera-se que esta pesquisa tenha ajudado a apontar os rumos
desastrosos pelos quais vem passando a arquitetura moderna da cidade,
desde a falta de conscientização (diga-se de passagem, não só por parte
dos leigos no assunto), as intervenções infelizes por vezes aplaudidas, o
abandono e até a completa destruição, quando nem mesmo um registro
torna-se possível.
Para provocar o debate, podem ser expostos aqui os casos mais
gritantes dessas intervenções, apenas uma mostra identificada no repertório
pesquisado:
• Algumas casas abandonadas:
Imagem 111: Geraldino Duda. Res. Raul Pereira Monteiro, 1960 – antes e hoje (Fonte: PMCG e autora).
Imagem 112: Waldecy Pinto. Res. Ubirajara Alves Bandeira, 1960 – hoje (Fonte: autora).
Imagem 113: Adalberto Moita. Res. José Gomes de Carvalho, 1963 – hoje
(Fonte: autora).
Imagem 114: Gleryston Lucena. Res. Esaú da Silva Catão, 1962 – perspectiva do projeto e hoje (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 60
Imagem 115: Francisco Celestino Filho. Res. Orlando Vidal de Souza, 1965 – hoje (Fonte: autora).
• Algumas casas que foram modificadas:
Imagem 116: Geraldino Duda. Res. Eutiqui Loureiro, 1962 – antes e hoje (Fonte: PMCG e autora).
Imagem 117: Geraldino Duda. Res. Hermes Ernesto dos Santos, 1963 – perspectiva do projeto e hoje (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
Imagem 118: Geraldino Duda. Res. Raul Cavalcanti Guimarães, 1963 - perspectiva do projeto e hoje (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
Imagem 119: Geraldino Duda. Res. Demétrio Domeval do Vale, 1964 - perspectiva do projeto e hoje (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
Imagem 120: Laelson de Castro. Raimundo Petronilo Pereira, 1966 - fachada do projeto e hoje (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969) 61
• Algumas casas que foram demolidas:
Imagem 121: Tertuliano Dionísio e José Luiz Menezes. Res. Waldecyr Villarim Meira, 1961 - perspectiva do projeto e hoje (Fonte: Arquivo da PMCG e autora).
Imagem 122: Geraldino Duda. Res. Noilton Dantas, 1963 – perspectiva do projeto (Fonte: Arquivo da PMCG).
Imagem 123: Geraldino Duda. Res. Walter Correia de Brito – perspectiva do projeto
(Fonte: Arquivo da PMCG).
Quanto aos profissionais identificados nessa fase da produção
campinense, poderiam ser listados cerca de 60 nomes, porém, alguns deles
se destacam pelo número de projetos: Geraldino Duda (desenhista
campinense), Tertuliano Dionísio (campinense, formado arquiteto em
Recife), Hugo de A. Marques (arquiteto-licenciado de Recife) e alguns
engenheiros como Lynaldo Cavalcanti, Adalberto Moita, Laelson de Castro,
Nilton de Almeida Castro e Max Ham Kay Liebig.
Assim, é importante ressaltar que se trata de uma arquitetura
realizada por profissionais com diferentes formações, vindos de outras
regiões ou campinenses e, daí a importância de se estudar, a posteriori,
essas especificidades e a contribuição de cada um.
Por fim, espera-se que esta pesquisa tenha sido válida não
somente como registro de edificações, mas como registro de uma memória
que não merece ser apagada. Aos interessados, e que sejam em grande
número, faz-se necessário repensar as transformações arquitetônicas e
urbanas a que Campina Grande está sujeita hoje. Se os campinenses ainda
querem ter motivos para se orgulhar da cidade, precisam ter consciência de
que “modernidade e beleza” (banner estampado no Viaduto Elpídio de
Almeida, em construção) não são coisas grandiosas feitas em outra parte
do mundo; é necessário refletir sobre seus próprios feitos e buscar soluções
adequadas aos seus problemas.
“Hoje, para mostrar que se desenvolve em todos os sentidos, acompanhando as exigências do progresso, cresce verticalmente, estando os seus gigantescos edifícios de concreto armado desafiando as leis da gravidade.
Campina Grande, para vingar-se de ser uma cidade do interior, desafia muitas capitais de pequenos Estados, possuindo hotéis de luxo comparados com qualquer hotel de primeira classe nos grandes centros; estação de televisão; três emissoras de rádio; aeropôrto com capacidade para aterrissagem de qualquer tipo de avião; um dos maiores centro comerciais do Nordeste; um parque industrial em franco desenvolvimento, que acompanha de perto o progresso da cidade; é sede de duas importantes emprêsas bancárias: Banco Industrial de Campina Grande S/A e Banco do Comércio de Campina Grande S/A; se lhe falta um bom cinema, possui um dos mais modernos teatros do Norte do Brasil; duas universidades em pleno funcionamento, sendo que uma delas pertence ao próprio Município; e o que é mais importante, o entusiasmo dos seus filhos e habitantes, corroborando para o seu desenvolvimento cada vez maior.”
(Revista Tambaú:1966:39-40).
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
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Referências
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Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
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Dissertação (mestrado) – PPGAU, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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58. TINEM, Nelci. O alvo do olhar estrangeiro: o Brasil na historiografia da arquitetura moderna. João Pessoa: Editora Universitária, 2006.
59. UNIVERSIDADE Federal da Paraíba. Atlas Geográfico da Paraíba. João. Pessoa: Grafset, 1985.
60. WARCHAVCHIK, Gregori. Arquitetura do século XX e outros escritos: Gregori Warchavchik. Org.: Carlos A. Ferreira Martins. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
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Outras Fontes:
• Google Earth, 2006.
• Arquivo Municipal de Campina Grande.
• Museu Histórico de Campina Grande.
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
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Anexo I Ficha-padrão Juliano Carvalho (IPAC)
Adriana Leal de Almeida Freire
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL IPAC MONUMENTO Nº BR
NORDESTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO HISTÓRICA E REGIONAL
Microrregião Litoral Paraibano(93) Distrito
Denominação Capela de Santa Luzia
Município Cruz do Espírito Santo
Localização Engenho Santa Luzia Categoria Capela [E] Cadastro Imobiliário
Situação e ambiência
O engenho Santa Luzia localiza-se na encosta norte do divisor de águas entre o Una e o Paraíba, próximo ao ponto onde as várzeas dos dois rios se confundem. As edificações de interesse se distribuem linearmente ao longo da estrada de C. do Espírito Santo para os engenhos Pau d'Arco e Pacatuba, no sentido sul-norte. A capela, com o cemitério murado ao seu lado esquerdo, fica entre a atual casa do administrador e a antiga senzala. Com espaço livre do lado direito, sua galeria lateral com arcadas e seu grande volume escalonado são bastante visíveis. É o ponto focal do conjunto edificado, até porque edificações mais recentes, sem valor, foram agrupadas à sua frente, criando assim um espaço com caráter de pátio neste trecho.
Utilização atual Culto religioso Área construída ~410m²Época 19M
Descrição
Capela de engenho de relevante interesse arquitetônico, concluída em meados do século XIX. Tem dimensões próximas às de uma igreja matriz, com as duas galerias laterais em arcadas, superpostas por corredores com tribunas (o assoalho do corredor superior esquerdo ruiu). Fachada com porta única e quatro janelas no primeiro pavimento, sendo duas no coro e duas nos corpos laterais. Coroamento de gosto rococó, com entablamento alteado em três segmentos convexos e frontão recortado com coruchéus assimétricos. A nave única, de grandes dimensões, tem seu interior fortemente determinado pela presença das tribunas e portas laterais, com sua decoração. A capela-mor, com sacristia à direita, ainda preserva parte do forro em tabuado, com uma pomba aplicada, em talha, e o altar também em talha, neoclássico.
Grau de proteção 1 Proteção existente I Proteção proposta Estadual
Estado de conservação (A, B, C) em
Estrutura portante B
Elementos secundários B Coberta B Interior B
Instalações e serviços B Salubridade A
Observações
Juliano Carvalho em 11/2004 Juliano Carvalho em 09/2005 RevisãoLevantamento Texto
1999 1.0 I 009
Fotografia de Identificação
Pintura mural/Forros Talha Pintura Imaginária AzulejariaPedra lavrada Carpintaria Serralheria Quadros Mobiliário Alfaias
159
DADOS COMPLEMENTARES
Dados tipológicos
A capela de Santa Luzia segue um modelo de matrizes e igrejas de irmandades desenvolvido no século XVIII, caracterizado pelas galerias laterais superpostas por tribunas. Assim, se afasta do modelo mais comum da várzea (sem galerias nem tribunas) em direção à monumentalidade. Outros exemplos da mesma tipologia são a capela do engenho da Graça e a Igreja do Carmo de João Pessoa. Este exemplar é interessante por ter desenvolvimento das galerias simétrico e completo e principalmente por atestar a persistência de padrões do século XVIII já em meados do século XIX: não só a espacialização com galerias e tribunas, mas também o gosto rococó da fachada, em apropriação popular e tardia, que trai, nas janelas dos corpos laterais, tentativas de maquiagem neoclássica sobre a arquitetura colonial.
Características especiais Galerias com arcadas superpostas por tribunas
Utilização proposta Culto religioso
Utilizações possíveis
Culto religioso
Sistema construtivo e materiaisParedes e cercaduras em alvenaria de tijolos. Decoração e relevos em argamassa. Estrutura da coberta em tesouras canga-de-porco de uma única linha. Piso do térreo em tijoleira hexagonal e do primeiro pavimento em assoalho. Vergas construtivas retas, disfarçadas no exterior por arcos abatidos. Cachorros de madeira em peito-de-pomba.
Classificação da estrutura Parietal Material predominante das paredes 2-alvenaria de tijolo
Ampliação do atual edifícioTérmino do atual edifício 19M
Início do atual edifícioConstrução do primeiro edifício 17I
Bibliografia básica
Tavares, 1909/1911; Tavares, 1910; Paraíba, 185; Moreira, 1997; Ramos, 2005c; Gonçalves, 2003; Azevedo, 1990; Oliveira, 2003b.
Restaurações e intervenções realizadas
Propriedade Privada Proprietário Destilaria Miriri S/A
Contato Tel: 83-3292-2764 Fax: 83-3292-2803
Últimas intervenções Repintura; substituição de parte do telhado e do madeiramento Ano 2004
Restaurações necessária Recomposição dos assoalhos do segundo pavimento; restauração do forro da capela-mor
Perigos potenciais
O assoalho da galeria direita e o forro da capela-mor ameaçam ruir
1. Vista do interior a partir do coro. 2. Forro da capela-mor. 3. Cachorros de madeira na galeria superior direita.
Elementos ameaçados Integridade Artes aplicadas Ambiência
Agentes naturais Ação humana Falta de manutenção
Documentação fotográfica
Dados cronológicos1623/1639 – O proprietário do engenho Sta.Luzia/Sta. Lúcia era João de Souto Maior. As informações quanto à força motriz são controversas: Carpentier e Herckman dizem ser água, mas Van der Dussen diz serem bois 1812 – Registros da existênca da capela de Santa Luzia no engenho 1851 – Com o nome de Tabocas, pertencia aos herdeiros de João de Mello Azedo 1862 – Data na fachada da capela, provavelmente da conclusão 1910 – Proprietário: José Fernandes de Carvalho. O engenho Tabocas moía a vapor e produzia açúcar e algodão 1912 – José vende o engenho a Joaquim Fernandes de Carvalho, seu irmão, que já era dono de quase metade da propriedade 1993 – As terras da "Fazenda Sta. Luzia" pertenciam à Usina Santa Helena. Com sua falência, neste ano, foram arrendadas a um proprietário de Pernambuco e finalmente compradas pela destilaria Miriri em leilão 1993/1996 – Tensões entre 70 famílias de posseiros e proprietários, o que levou os primeiros a pedir ajuda à CPT e ao INCRA.
Causas
160
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
68
Anexo II
Ficha cadastral Izabel Silva
Adriana Leal de Almeida Freire
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
74
Anexo III
Ficha Josicler Alberton
Adriana Leal de Almeida Freire
CASA 07RESIDÊNCIA SALLES
1959
PROJETOarquiteto Domingos Filomeno Netto
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Referências Plásticas
Planta em “U”, setorizada, organizadaentorno de um pátio que integra
ambientes sociais, traz luminosidade evolta a casa para dentro.
Tratamento paisagístico no pátio querecebeu um espelho d’água com linhas
curvas.
Grandes painés de venezianas demadeira na fachada frontal.
Sistema estrutural modulado com vãoestrutural mantido vazio no lado
esquerdo da fachada frontal. Estamesma solução pode ser observada na
casa abaixo, de Artigas.
CASA HEITOR ALMEIDA, 1949, São Paulo.Arquiteto Vilanova Artigas
Fonte: MINDLIN, 2000.
IMPLANTAÇÃO escala 1:500
PLANTA- BAIXA escala 1:200
FOTO FACHADA- DÉCADA DE 70fonte: arquivo da proprietária, 2005.
FOTOS FACHADA - SITUAÇÃO ATUALfonte: arquivo pessoal, 2005
Sobre o projeto
Sobre os moradores
Áreas
Localização: Barão de Batovy, nº587Ano do projeto: 1959Nº do projeto na SUSP: 8090Uso atual: educacional
1º proprietário: João Batista BonassisProfissão: advogadoGrupo familiar: 05 pessoas, sendo ocasal e 03 filhos2º proprietário: Célio G. SallesProfissão: médicoComposição familiar: 05 pessoas, sendoo casal e 03 filhos
Área terreno: 711,61 m²Taxa de ocupação: 40,7%Área construída: 289,70m², sendo66,70m² de edícula
Relação edificação- terreno
Materiais utilizados
Esta casa, também localizada na rua Barão de Batovy, num terreno em aclive, foiimplantada acima do nível da rua e se destaca pela horizontalidade do volume,marcado por painéis de venezianas em madeira. Os acessos, tanto de pedestrecomo de veículo, acontecem no lado esquerdo do lote. A garagem está localizadanos fundos do lote numa edícula. A planta- baixa é em “U” e tem no seu centro umpátio onde foi previsto um laguinho de forma orgânica. Das casas já estudas, é aprimeira que apresenta edícula que por sua vez, destoa arquitetonicamente dacasa.
As paredes externas foram feitas com 30cm de espessura e as internas com 15cm.Aestrutura de concreto armado, as paredes de alvenaria, a cobertura dupla (laje deconcreto e sobre esta, telha de fibrocimento), a platibanda finalizando o beiral, sãosoluções construtivas comuns nas casas inventariadas. Materiais nobres sãoencontrados nesta residência como o alumínio da janela da cozinha, as venezianasde madeira, enroladas verticalmente, e os grande panos de vidros encontrados nasportas. Os armários da casa, feitos durante a obra com madeira nobre, e o grandebalanço frontal, na varanda dos quartos, foram inovações.
Organização EspacialO projeto é inovador, tanto pela setorização, quanto pela estruturação entorno dopátio. No hall há um armário embutido e o lavabo. A parede, anteparo para ovisitante, direciona para a grande sala de estar ou para sala de almoço, ambasabertas para o pátio interno e integradas. Da sala de almoço tem-se acesso àcozinha ou à circulação do setor íntimo. Este último está voltado para o norte e parao leste e tem dois quartos que se abrem para a varanda frontal. Embora abertospara a frente da casa, mantêm sua privacidade devido aos anteparos, venezianasde madeira, que impedem que o olhar do transeunte invada estes ambientes. Hoje,os espaços livres entre estes anteparos foram fechados com vidro. O setor deserviço está concentrado na edícula. Embora seja uma casa com grandesaberturas frontais, é aberta para o interior, para o pátio que articula todo setor social.
Entrevista com o moradorA família Salles adquiriu a casa do primeiro proprietário em 1973 e morou neladurante dezessete anos. A proprietária relatou saudosa que quando conseguiramcomprá-la ficaram muito satisfeitos, pois além de ser boa, vistosa e espaçosa, haviamuitas pessoas interessadas pela compra. Algumas inovações no projeto foramcitadas pela proprietária: balanços na fachada frontal, o lavabo, o hall, o closet dasuíte, as esquadrias com muito vidro e a própria divisão funcional da casa queimplicava na mudança de alguns hábitos dos moradores.
Setores
Setor social:Hall, sala de estar, sala de jantar,lavabo e pátio.
Setor íntimo:Suíte com closet, 02 quartos,banheiro e circulação.
Setor de serviço:Cozinha e copa.
Setor externo:Lavanderia, dependência deempregada, quarto e garagem para01 carro.
PLANTA-BAIXA TÉRREO- EDÍCULAescala 1:200
DEPENDÊNCIADE EMPREGADA
SUÍTE
PLANTA-BAIXA 1ºPVTO- EDÍCULAescala 1:200
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
76
Anexo IV
Fichas DOCOMOMO
Adriana Leal de Almeida Freire
d o _ c o _ m o _ m o _ International working party fordocumentation and conservation
ISC/R members update 2003 of buildings, sites and neighbourhoods of thefor office use only modern movement
Minimum Documentation Fiche 2003
composed by national/regional working party of:
0.1 Picture of building/sitedepicted item: source: date:
1. Identity of building/group of buildings/urban scheme/landscape/garden1.1 current name of building1.2 variant or former name1.3 number & name of street1.4 town1.5 province/state1.6 zip code1.7 country1.8 national grid reference1.9 classification/typology1.10 protection status & date
2 History of building2.1 original brief/purpose2.2 dates: commission/completion2.3 architectural and other designers2.4 others associated with building2.5 significant alterations with dates2.6 current use2.7 current condition
3 Description3.1 general description3.2 construction3.3 context
4 Evaluation4.1 technical4.2 social4.3 cultural & aesthetic4.4 historical4.5 general assessment
d o _ c o _ m o _ m o _ International working party fordocumentation and conservation
ISC/R members update 2003 of buildings, sites and neighbourhoods of thefor office use only modern movement
5 Documentation5.1 principal references5.2 visual material attached5.3 rapporteur/date
6 Fiche report examination by ISC/Rname of examining ISC member: date of examination:approval:working party/ref. n°: NAI ref. n°:comments:
d o _ c o _ m o _ m o _ International working party fordocumentation and conservation
ISC/R members update 2003 of buildings, sites and neighbourhoods of thefor office use only modern movement
Full Documentation Fiche 2003
composed by national/regional working party of:
0. Picture of building/ group of buildings/ urban scheme/ landscape/ gardendepicted item: source: date:
1. Identity of building/ group of buildings/ group of buildings/ landscape/garden1. 1 Data for identificationcurrent name:former/original/variant name:number(s) and name(s) of street(s):town:province/state:post code: block: lot:country:national topographical grid reference:current typology:former/original/variant typology:comments on typology:1. 2 Status of protectionprotected by: state/province/town/record onlygrade:date:valid for: whole area/parts of area/buildingremarks:1. 3 Visually or functionally related building(s)/site(s)name(s) of surrounding area/building(s):visual relationsfunctional relations:other relations:
d o _ c o _ m o _ m o _ International working party fordocumentation and conservation
ISC/R members update 2003 of buildings, sites and neighbourhoods of thefor office use only modern movement
2. History of building(s) etc.2. 1 ChronologyNote if the dates are exactly known (e) or approximately estimated = circa (c) or (±)commission or competition date:design period(s):start of site work:completion/inauguration:2. 2 Summary of developmentcommission brief:design brief:building/construction:completed situation:original situation or character of site:2. 3 Relevant persons/organisationsoriginal owner(s)/patron(s):architect(s):landscape/garden designer(s):other designer(s):consulting engineer(s):building contractor(s):2. 4 Other persons or events associated with the building(s)/sitename(s):association:event(s):period:2. 5 Summary of important changes after completiontype of change: alteration/renovation/restoration/extension/other:date(s):circumstances/reasons for changeeffects of changes:persons/organisations involved:
3. Description of building(s) etc.3. 1 Site/building characterSummarize main character and give notes on surviving site/building(s)/part(s) of area. If a site: principle features and zones of influence; main elements in spatial composition.If a building: main features, construction and materials.3. 2 Current useof whole building/site:of principal components (if applicable):comments:3. 3 Present (physical) conditionof whole building/site:of principal components (if applicable):of other elements (if applicable):of surrounding area (if applicable):comments:3. 4 Note(s) on context, indicating potential developmentsIndicate, if known, potential developments relevant for the conservation/threats of the building/site
d o _ c o _ m o _ m o _ International working party fordocumentation and conservation
ISC/R members update 2003 of buildings, sites and neighbourhoods of thefor office use only modern movement
4. EvaluationGive the scientific reasons for selection for docomomo documentation
Intrinsic value4. 1 technical evaluation:4. 2 social evaluation:4. 3 cultural and aesthetic evaluation:
Comparative significance4. 4 canonical status (local, national, international)4. 5 historic and reference values:
5. Documentation5. 1 archives/written records/correspondence etc. (state location/ address):5. 2 principal publications (in chronological order):5. 3 visual material (state location/ address)original visual records/drawings/photographs/others:recent photographs and survey drawings:film/video/other sources:5. 4 list documents included in supplementary dossier
6. Fiche reportname of reporter:address:telephone: fax: e-mail:date of report:
examination by DOCOMOMO national/regional sectionapproval by working party co-ordinator/registers correspondent (name):sign and date:__________________________________________examination by DOCOMOMO ISC/Rname of ISC member in charge of the evaluation:comment(s):sign and date:ISC/R approval: date:working party/ref. n° :NAi ref. n° :
Arquitetura Moderna Residencial de Campina Grande: registros e especulações (1960 – 1969)
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Anexo V Quadros Sinóticos
Adriana Leal de Almeida Freire
Quadro Sinótico - 1960
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01 Res. Daniel da Costa Guimarães (residência)02 Res. Fernando Ferreira de Mesquita (residência)03 Res. Glauco Benévolo de Benévolo (residência - fechada)04 Res. Helion Paiva (residência)05 Res. Hermínio Soares de Carvalho (creche)06 Res. Manoel Damião de Araújo (residência)07 Res. Manoel Holanda de Oliveira (residência)08 Res. Raul Pereira Monteiro (abandonada)09 Res. Sósthenis Pedro da Silva (residência)10 Res. Tereza Pontual Gioia (residência)11 Res. Ubirajara Alves Bandeira (abandonada)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado/Não Disponível
Quadro Sinótico - 1961
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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12 Res. Cícero Gomes dos Santos (residência)13 Res. Heleno Soares de Albuquerque (residência)14 Res. Maria Bernadete de Lima (residência)15 Res. Osvaldo Monteiro Pordeus (não encontrada)16 Res. Rita Ricardina de Medeiros (não encontrada)17 Res. Rodrigo Nóbrega Araújo (residência)18 Res. Sebastião Pedrosa (clínica)19 Res. Severino da Costa Ribeiro (demolida - farmácia)20 Res. Valdette Ribeiro (projeto não executado)21 Res. Waldecyr Villarim Meira (demolida - laboratório)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1962
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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22 Res. Adelino Barbosa de Melo (residência)23 Res. Alfredo Pereira de Lucena (residência)24 Res. Antônio Diniz Magalhães (residência)25 Res. Antônio Gerbasi (residência)26 Res. Antônio Silveira (residência)27 Res. Dagberto Gonçalves (residência)28 Res. Emília Maria Dantas de Aguiar (residência)29 Res. Esaú da Silva Catão (abandonada)30 Res. Eutiqui Loureiro (clínica)31 Res. Evaldo Gonçalves (residência)32 Res. Heleno Sabino de Farias (residência)33 Res. Hermes Gondim (residência)34 Res. João de Sousa Castro (residência)35 Res. João Felinto de Araújo (residência)36 Res. Jonatas de Lima Mahon (demolida - Instituto do Fígado)37 Res. Josafá Lucena (residência)38 Res. José Barbosa Maia (residência)39 Res. José Nogueira do Monte (não encontrada)40 Res. Josefa Juvenal Pereira (residência)41 Res. Manoel Sérgio de Oliveira (não encontrada)42 Res. Natalício Pedrosa de Almeida (residência)43 Res. Otávio Lima Leite (residência)44 Res. Sebastião Ernesto (não encontrada)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1963
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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45 Res. Francisca Monteiro Siqueira (residência)46 Res. Hermes Ernesto dos Santos (residência)47 Res. José Cassiano Campêlo de Oliveira (residência)48 Res. José de Almeida Torreão (residência)49 Res. José Gomes de Carvalho (abandonada)50 Res. José Maciel Malheiro (consultório + salas)51 Res. José Pedro Sobrinho (policlínica)52 Res. Luiz José de Almeida (residência)53 Res. Manoel Agostinho do Nascimento (não encontrada)54 Res. Manoel Sampaio Cabral (não encontrada)55 Res. Marcos Aurélio Campêlo (abandonada)56 Res. Newton Figueiredo (residência)57 Res. Noilton Dantas (demolida)58 Res. Orlando Villarim (residência)59 Res. Raul Cavalcanti Guimarães (residência)60 Res. Sinval Ferreira da Costa Lima (procuradoria)61 Res. Ulisses Pinto Brandão (residência)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1964
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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62 Res. Aderson Costa Gomes (residência)63 Res. Amilton da Costa Agra (não encontrada)64 Res. Antônio Mesquita de Almeida (residência)65 Res. Arlindo Salviano de Araújo (não encontrada)66 Res. Austro de França (TIM)67 Res. Camilo Paulino da Silva (residência)68 Res. Cícero Patrício de Medeiros (estúdio CD)69 Res. Custódio de Miranda (residência)70 Res. Delsio Donato (residência)71 Res. Demétrio Domeval do Vale (residência)72 Res. Edvaldo Marcelino de Oliveira (residência)73 Res. Firmino Brasileiro (residência)74 Res. Gabriel Menezes de Guimarães (não encontrada)75 Res. Gerci Medeiros Barbosa (residência)76 Res. Gilvandro Barbosa (Kumon)77 Res. Hermes Antônio de Oliveira (residência)78 Res. Ivo Barbosa de Andrade (não encontrada)79 Res. João Amaral (residência)80 Res. João Pires Sobrinho (colégio?)81 Res. João Roberto Leite (demolida - hospital)82 Res. José Augusto de Almeida (residência)83 Res. Josefa Juvenal Pereira (colégio)84 Res. Luiz Vieira da Silva (demolida)85 Res. Mário Sérgio de Farias (clínica)86 Res. Miguel José Bezerra (não encontrada)87 Res. Milton Félix do Nascimento (residência)88 Res. Oscar de Souza Cabral (demolida - edifício residencial)89 Res. Pedro Sabino Filho (residência)90 Res. Ramiro Vidal de Negreiros (residência)
91 Res. Sebastião Amâncio Ferreira (restaurante La Costa)92 Res. Severino Farias da Fonseca (residência)93 Res. Severino Victor Ferreira Guimarães (Smiles)94 Res. Sócrates Pedro de Melo (não encontrada)95 Res. Solon Torres de Moraes (não encontrada)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1965
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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96 Res. Airton Queiroga (Dr. Scholl)97 Res. Antônio de Oliveira Dantas (residência)98 Res. Antônio Vieira Queiroga (demolida)99 Res. Feliciano Alexandre Ferreira (residência)100 Res. Francisco das Chagas Carneiro (residência)101 Res. Gercino Gomes da Silva (não encontrada)102 Res. Jesiel Barbosa de Lima (não encontrada)103 Res. João Batista de Araújo (residência)104 Res. José Carlos Ramalho Clerot (não encontrada)105 Res. José Cavalcanti (residência)106 Res. José Fernandes Filho (residência)107 Res. José Francisco da Silva (residência)108 Res. José Paulino Costa Filho (não encontrada)109 Res. Juvino Batista Leite (não encontrada)110 Res. Lélio Joffily Pereira da Costa (não encontrada)111 Res. Maria da Salete Lopes de Brito (não encontrada)112 Res. Mário Carneiro da Costa (residência)113 Res. Milton Marcelino de Oliveira (não encontrada)114 Res. Nivaldo Cariry (A.G.U.)115 Res. Orlando Vidal de Souza (residência - fechada)116 Res. Rivaldo Simões Pimenta (não encontrada)117 Res. Silas Soares da Silva (não encontrada)118 Res. Sinval Ferreira (não encontrada)119 Res. Walter Correia de Brito (URBEMA)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1966
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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120 Res. Adjânites de Castro 121 Res. Antônio Alberto de Queiroz (residência)122 Res. Antônio Ildefonso de Albuquerque Mélo 123 Res. Antônio Saad Rached 124 Res. Antônio Vilarim (demolida)125 Res. Ariosto Ferreira Sales 126 Res. Chakib Hamad 127 Res. Clovis de Mélo Azevêdo 128 Res. Crysóstomo Lucena de Holanda 129 Res. Edward Fernandes da Silva 130 Res. Geralda Alcântara Gusmão (residência)131 Res. Gleryston Holanda de Lucena 132 Res. Heraldo Travassos de Moura 133 Res. Hercílio Miguel de Moraes (residência)134 Res. Ivan de Castro Alencar (residência)135 Res. Jael Carvalho dos Santos 136 Res. João Ananias da Nóbrega 137 Res. Joaquim Amorim Neto (residência)138 Res. José de Barros Uchôa (residência)139 Res. José Pereira de Oliveira 140 Res. Josemir Vasconcelos de Castro (residência)141 Res. Josué Pereira Nepomuceno 142 Res. Kival de Araújo Gorgônio (residência)143 Res. Luís Motta Filho 144 Res. Luizmar Rezende de Assis 145 Res. Nereu Pereira dos Santos Filho 146 Res. Raimundo Petronilo Pereira (residência - modificada)147 Res. Reinaldo Marcelino Neto (residência)148 Res. Rodemilson Vilarin Teixeira
149 Res. Roosvelt Ibrahim
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1967
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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150 Res. Aderaldo Batista de Morais (residência)151 Res. Antônio Galdino (residência)152 Res. Antônio Ildefonso de Albuquerque Mélo (restaurante)153 Res. Antônio Vital do Rêgo (dúvida)154 Res. Átila Augusto Freitas de Almeida (biblioteca)155 Res. Carlos Martins Leite 156 Res. Dourival de Souza Carvalho (residência)157 Res. Ermano Targino da Silva (não encontrada)158 Res. Francisco de Assis Dantas 159 Res. José Coêlho Pessoa (INSIEL)160 Res. Milton Félix do Nascimento (residência)161 Res. Nazario Lopes Barbosa (residência)162 Res. Omar Hamad (consultório)163 Res. Raul Cavalcante Guimarães (residência)164 Res. Ronaldo José da Cunha Lima
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1968
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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165 Res. Amaro Fiuza Chaves (residência)166 Res. Antônio Ildefonso de Albuquerque Mélo (Comunidade Obra Nova)167 Res. Antônio Vieira de Queiroga (pizzaria)168 Res. Carlos George do Rêgo Costa (residência)169 Res. Carlos George do Rêgo Costa2 (residência)170 Res. Hércules Gomes Pimentel (não encontrada)171 Res. Heronides Dias de Barros (residência)172 Res. INSTEC (Instalações Técnicas Ltda) (residência)173 Res. INSTEC2 (residência)174 Res. Jáder Athayde (residência)175 Res. João Batista Dantas (residência)176 Res. João Batista Dantas2 (não encontrada)177 Res. João de Souza Castro (clínica)178 Res. João Paulino de Morais (residência)179 Res. José Epaminondas Braga (residência)180 Res. Manoel Gonçalves Valença (não encontrada)181 Res. Maria do Carmo Moura Leite (residência)182 Res. Nicomedes Vasconcelos de Menezes (consultório)183 Res. Nicomedes Vasconcelos de Menezes2 (não encontrada)184 Res. Salomão Anselmo Silva (residência)185 Res. Walter Correia de Brito (demolida)186 Res. Wilson Mendonça Furtado (residência)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado
Quadro Sinótico - 1969
Projeto Mapeamento/ Visita Local
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187 Res. Antônio de Oliveira Jatobá (residência)188 Res. Roberto Pinto (residência)
Incompleto/Insuficiente/IncertoInexistenteNão Encontrado