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Julho, 2019
Arquivos e práticas arquivísticas de famílias de elite
(Portugal, séculos XV-XVII)
Vol. II - Anexos
Alice João Palma Borges Gago
Tese de Doutoramento em História
(área de especialização: Arquivística Histórica)
2
Índice
Anexo 1 - Notas biográficas dos produtores ................................................................. 3
I - SUBSISTEMA VALADARES (flor. 1480-1653) ................................................... 3
II - SUBSISTEMA RIBEIRO (flor. 1411-1596) ........................................................ 45
III - SUBSISTEMA MAGALHÃES (flor. 1363-1605) ............................................. 59
IV - SUBSISTEMA CARVALHO (flor. 1454-1615) ................................................ 86
V - SUBSISTEMA CUNHA (flor. 1402-1638) ....................................................... 103
VI - SUBSISTEMA BARRETO (flor. 1485-1644) .................................................. 123
Anexo 2 - Inventário do Fundo Almada e Lencastre Bastos da Biblioteca Nacional
de Portugal ............................................................................................................... 151
Cota ANTT ............................................................................................................... 151
Cota Encarnação ....................................................................................................... 278
Cota Av. de Roma ..................................................................................................... 731
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Anexo 1 - Notas biográficas dos produtores
I - SUBSISTEMA VALADARES (flor. 1480-1653)
SC 01 - VALADARES – FRANÇA
SSC 01.01 - Fernão de Valadares (flor. 14801-15122); Beatriz Eanes de França
(flor. 14803-15224)
Fernão de Valadares estava casado com Beatriz Eanes de França em 1480 e foram
pais de João de Valadares.
SSC 01.02 - Fernão de Valadares (flor. 1480-1512)
Segundo uma árvore genealógica existente no ALB, Fernão de Valadares era filho
de Afonso Eanes de Valadares, a quem D. João I fez mercês na cidade de Elvas5.
Escudeiro da casa real, escrivão dos contos do Porto em 14866 e companheiro de
D. João II numa campanha militar em África, como se pode ver por uma carta enviada
pelo rei em 14887, onde lhe é pedido que embarque na cruzada que então se preparou. No
ano de 1489, o rei voltou a pedir a sua ajuda na conquista da fortaleza da Graciosa, cercada
pelo rei de Fez8.
Enviado pelo Rei a Lisboa em 1480 para receber o quinto da venda de panos, e
outros dinheiros de João Delgado9.
SSC 01.03 - Beatriz Eanes de França (flor. 1480-1522)
Filha de João Eanes Machucho e Maria de França.
1 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 558. 2 Já falecido nesta data. BNP, ALB, Roma, cx. 75, cota antiga: M 95 N 29. 3 BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 83, cap. 1, doc. 6. 4 Data da doação que fez Beatriz de França, viúva de Fernão de Valadares a seu sobrinho o Dr. António
Machucho, filho de seu irmão o chantre Pedro Eanes Machucho, de um terço de umas casas na Rua das
Congostas. 10 de setembro de 1522. BNP, ALB, Roma, cx. 70, n.º. 48, cota antiga: M 95 N 10. 5 BNP, ALB, Roma, cx. 76, n.º 70, doc. 10. 6 BNP, ALB, Roma, cx. 58, doc. 1; CUP, vol. VIII - 1481-1490, doc. 3216, p. 268 (baseado em ANTT,
Chanc. D. João II, liv. 21, fl. 176). 7 5 de maio de 1488. BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 555; BRITO, Pedro de – Patriciado urbano
quinhentista..., p. 76. 8 12 de agosto de 1489. No entanto, em outubro do mesmo ano ainda não se tinha realizado a expedição,
pelo que o rei emite nova carta dizendo que esta não tardava. BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 556-557. 9 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 558.
4
Pelo casamento com Fernão de Valadares, ocorrido cerca de 1480, recebeu por
dote umas casas (de herança) nas Aldas10 e outras foreiras ao Hospital de Rocamador, as
quais se situavam na Rua das Congostas, onde residia, em 1484, João de França,
soqueiro11. As casas da Rua das Congostas partiam com a rua do hospital, como se recolhe
de uma carta de emprazamento que Fernão de Valadares fez das mesmas em 149012.
Ainda estava viva em 1522.
Ver Subsubsistema I.03 – MACHUCHO I
SC 02 - VALADARES - AZEREDO
SSC 02.01 - João de Valadares (flor. 151113-154214); Ana de Azeredo (flor. 153115-
157516)
João de Valadares já estava casado com Ana de Azeredo em 1531. O casal teve
quatro filhos: o primogénito, Luís de Valadares, o secundogénito, Álvaro de Valadares;
Beatriz de Azeredo e Inês de Azeredo.
SSC 02.02 - João de Valadares (flor. 1511-1542)
Filho de Fernão de Valadares e Brites Eanes de França.
Moço de câmara do rei D. Manuel17 e mais tarde cavaleiro fidalgo da casa real18,
exerceu vários cargos, como o de escrivão19, em 1538, e chanceler da correição de Entre-
Douro-e-Minho20, escrivão de ver o peso21 e recebedor das sisas dos panos da cidade do
10 BNP, ALB, Enc., cx. 9, cap. 4. 11 O documento não diz se este João de França é o tio de Beatriz Eanes. Refere que em 1480 quando João
Eanes Machucho fez o contrato de dote, residia nessa morada Miguel de França, ataqueiro e que em 1484
era João de França que habitava a casa. BNP, ALB, Roma, cx. 83III, cap. 1, doc. 6. 12 E com a viela que ia para o hospital dos soldados. BNP, ALB, Roma, n.º 83, n.º 099, cx. 83III, cap. 1,
doc. n. n.. 13 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 560. 14 Já falecido em setembro desse ano, como consta de uma carta de quitação dada à “mulher que foi de João
de Valadares” pelo foro de uma casa pago ao hospital de Rocamador. BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 286-
287; cx. 69, cap. 2, cota antiga: M 25 A N 1. 15 BNP, ALB, Enc., cx. 42A, cap. 1, cota antiga: D 6 M 5. 16 BNP, ALB, Roma, cx. 83 III, n.º 099, cap. 2, doc. n. n.. 17 ANTT, Chanc. D. João III, liv. 39, fl. 63v. 18 ANTT, Chanc. D. João III, liv. 39, fl. 64; liv. 38, fl. 33-33v. 19 ADP, Convento de S. Francisco, Liv. 1, fl. 63-63v. 20 Com correição nas três repartições - Viana, Ponte de Lima e Guimarães - cargo que exerceu após a morte
de seu sogro, Álvaro de Azeredo, ocorrida cerca de 1515 até pelo menos 1540. Pedro de Brito (Patriciado
urbano quinhentista..., p. 278) questiona-se se será acumulação de cargos ou seria um dos passos para
chegar ao cargo de chanceler. ANTT, Chanc. D. João III, liv. 39, fl. 63-63v, 64v; BNP, ALB, Roma, cx.
70, cap. 3, cota antiga: M 95 N 12; cx. 81A, cap. 5; cx. 108, cap. 2, doc. n. n.. 21 ANTT, Chanc. D. João III, liv. 39, fl. 64.
5
Porto22. Enviado por D. Manuel para fazer o lançamento das armas na comarca de Entre
Douro e Minho e Riba de Ave, em 151123 e em 1512 também pelo monarca a negociar
madeira em Santarém e Abrantes24.
Para além destes cargos públicos, foi ainda testamenteiro do seu primo António
Machucho25.
Sabemos que João de Valadares trazia aforada, entre os anos de 1526-154226, do
Hospital de Rocamador uma casa na Rua de Congostas assim como, desde 1525 até à sua
morte, um casal pertencente ao mosteiro de S. Pedro de Rates27.
Realizou o seu testamento em 154228, ano em que faleceu29.
Ver Subsubsistema I.04 – MACHUCHO II
SSC 02.03 - Ana de Azeredo (flor. 1531-1575)
Filha de Álvaro Rodrigues de Azeredo (flor. 1452-1508-1510)30 e de Constança
Soares I, filha de Paio Rodrigues de Araújo.
Ana de Azeredo residia, entre 154231 e 157532, na Rua das Flores. Após o
falecimento do marido, ocorrido como referimos acima, em 1542, passou a ser a foreira
quer da casa da Rua das Flores, pertencente à Mitra33, e da casa da Rua de Congostas,
22 ANTT, Chanc. D. João III, liv. 39, fl. 63v. 23 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 560. 24 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 559. 25 BNP, ALB, Roma, cx. 108, cap. 4, doc. n. n.. 26 BNP, ALB, Roma, cx. 69, cap. 2, cota antiga: M 25A N 1. 27 BNP, ALB, Roma, cx. 86A, cap. 2, doc. n. n. 28 BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 286-287. 29 Já falecido em setembro de 1542 como consta de uma carta de quitação de um foro pago por uma casa
do hospital de Rocamador situada na Rua de Congostas e da menção no livro censual da Mitra do Porto.
BNP, ALB, Roma, cx. 69, cap. 2, cota antiga: M 25A N 1; SANTOS, Cândido Augusto Dias dos – O
censual da Mitra do Porto. Subsídios para o estudo da Diocese nas vésperas do Concílio de Trento. Porto:
Câmara Municipal, 1973, p. 357-358. 30 Cidadão do Porto, escudeiro, mercador, chanceler e contador dos feitos e custas, inquiridor da correição
da comarca de Entre-Douro-e-Minho. Exerceu vários cargos na câmara do Porto, tendo sido almotacé,
vereador e juiz entre os anos de 1453 e 1495. Foi emissário da cidade a Vila do Conde em 1461 e procurador
da cidade às Cortes de Évora em 1474. Com atividade conhecida entre 1452 e 1501, terá falecido entre
março de 1508 e dezembro de 1510, ano em que foi nomeado o seu genro João de Valadares nos mesmos
cargos. ANTT, Chanc. D. João III, liv. 39, fl. 64v; COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da –
“Vereação” e “Vereadores”…, p. 127-128; Cortes portuguesas. Reinado de D. Manuel I (cortes de 1498).
Org. por João José Alves Dias. Lisboa: Centro de Estudos Históricos, 2002, p. 31. 31 SANTOS, Cândido Augusto Dias dos – O censual da Mitra do Porto, p. 357-358. 32 O documento refere que nela residia com três criados e um cavalo. BNP, ALB, Roma, pac. 83, n.º 099,
cx. 83III, cap. 2, doc. n. n. 33 SANTOS, Cândido Augusto Dias dos – O censual da Mitra do Porto, p. 357-358.
6
pertencente ao hospital de Rocamador34, quer da quinta da Feira, foreira ao mosteiro de
S. Pedro de Rates35.
Instituiu uma capela na Sé do Porto em 157536, e terá falecido em 158537.
SC 03 - VALADARES CARNEIRO
SSC 03.01 - Álvaro de Valadares (flor. 155938-159239); Antónia Carneiro (flor.
156740-159241)
Casou com Antónia Carneira e tiveram por filhos João de Valadares Carneiro, o
primeiro a usar o duplo apelido; Pantaleão Carneiro II, Fernão de Valadares Carneiro,
escudeiro42; e quatro filhas, todas freiras, duas no convento de Santa Clara (Beatriz de
São Jerónimo e Bernarda do Presépio)43 e as outras (Ana e Maria) no de S. Bento de Ave
Maria44.
O casal fez testamento em 159245, e através dele sabemos que possuíam vasto
património urbano - casas na Rua das Flores, Praça da Ribeira, Rua do Buraco da Lada,
Rua dos Mercadores, uma loja na travessa do Colégio Velho e umas casas na Travessa
do Hospital na Rua de Cimo de Vila46.
Foram sepultados numa das quatro sepulturas “que estão dentro das grades entre
os dois altares abaixo da capela de D. Lopo (de Almeida)”, na Misericórdia do Porto47.
SSC 03.02 - Álvaro de Valadares (flor. 1559-1592)
Filho de João de Valadares e Ana de Azeredo.
34 Existem seis cartas de quitação entre 1542 e 1549. BNP, ALB, Roma, cx. 69, cap. 2, cota antiga: M 25A
N 1. 35 A partir de 1543 até 1565. BNP, ALB, Roma, cx. 86A, cap. 2, doc. n. n. 36 BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 099, cap. 2, doc. n. n. 37 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 76. 38 BNP, ALB, Roma, cx. 82III, cap. 7, doc. n. n.. 39 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6. 40 BNP, ALB, Roma, cx. 70, cap. 4, cota antiga: M 114 N 10. 41 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6; Roma, cx. 58A, fl. 288-289. 42 Embarcou para a Índia em 1597 na nau S. João, tinha apenas 18 anos. REGO, Rogério de Figueiroa –
“Soldados da Índia séc. XVI - Notícias genealógicas e biográficas”, cit., p. 161. 43 Vivas em 1587. BNP, ALB, ANTT, cx. 19, doc. 1248. 44 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 77. 45 E inventário em 1597. BNP, ALB, Roma, cx. 59, fl. 473-568. 46 BNP, ALB, Roma, cx. 59, fl. 473-568. 47 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 6, doc. n. n..
7
Fidalgo da casa real48, foi vereador da câmara do Porto em 1577 a 15 de fevereiro
de 157849, 1580 e 158650; juiz da dízima do pescado em 157251, 158452 e 158753,
tesoureiro da Bula de Cruzada em 157854, cavaleiro da Ordem de Cristo55 com tença56 e
serviu nas galés e em África na tomada da praça do Pinhão de Velez, nas Canárias, em
156457. Foi nomeado procurador nas cortes em 158158, ano em que, apesar de muito
doente, foi eleito pela nobreza e povo do Porto para “conservar” a cidade, quando esta foi
tomada pelas tropas de D. António, por não haver capitão nem governo tropas que tinham
sido expulsas da cidade59.
Foi confrade60 e provedor da Misericórdia do Porto nos anos de 157561 e 1585-
158662.
Em 158063 Álvaro de Valadares tomou posse do morgadio de Maria Carneiro,
afirmando que este fora instituído pela sua prima, e que como Gaspar Pamplona (irmão
de Maria) não tenha tido descendentes, o morgadio teria de passar para a linha
descendente de Pantaleão Carneiro, tio da instituidora. Apesar de não haver linha varonil
primogénita (filhos varões, netos e bisnetos), havia, no entanto, linha feminina (Antónia
48 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6; Roma, cx. 58, fl. 568-571. 49 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, n.º 91, cap. 5. 50 MELO, Filomena – “Álvaro de Valadares”. In SOUSA, Fernando de (coord.) – Os provedores da Santa
Casa da Misericórdia do Porto. 1499-2017. Vol. I, Porto: Almedina, 2017, p. 403. 51 Em 1572 e 1584. BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 573; cx. 86A, n.º 105, cap. 3, doc. n. n.. 52 BNP, ALB, Roma, cx. 86A, cap. 3, doc. n. n.. 53 BNP, ALB, Roma, cx. 86A, cap. 3, doc. n. n.. 54 Talvez por essa razão recebeu, em 1587, de Catarina, moça solteira, filha de Gonçalo Anes, tanoeiro,
moradora em Mourilhe, uma carta de quitação do dinheiro que seu irmão Bastião Nogueira havia entregue
a Álvaro de Valadares antes de ir na jornada com D. Sebastião. BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 572; cx. 110,
n.º 174, cap. 3. 55 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 567, 580, 581. 56 Tença de padrão anual de 20.000 reais e hábito da Ordem de Cristo, de 29 de agosto de 1581. AMARAL,
Luís Carlos; SILVA, Maria João Oliveira e (org.) – Pergaminhos de uma colecção particular, p. 49-52;
D’ÁVILA GIJÓN, Juan – “La bibliografia de la Orden Militar de Cristo (Portugal): del manuscrito al
soporte electrónico”. Via Spiritus. 9 (2002), p. 406. 57 Nesta tomada participou também Gonçalo Carneiro, que não conseguimos identificar parentesco com a
família Carneiro que se uniu por matrimónio com os Valadares, como adiante veremos. BNP, ALB, Roma,
cx. 58, fl. 596 e 698. MACHADO, Diogo Barbosa – Memorias para a historia de Portugal que
comprehendem o governo del rey D. Sebastião .... t. II, Lisboa Occidental: na Officina de Joseph Antonio
da Sylva, 1737, p. 381. 58 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 595. 59 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 596. 60 Entre os anos de 1559-1576. BASTO, Artur de Magalhães – História da Santa Casa da Misericórdia do
Porto. vol. I. Porto: Santa Casa da Misericórdia do Porto, 1997, p. 415. 61 BASTO, Artur de Magalhães – História da Santa Casa da Misericórdia do Porto, vol. I, p. 425, 480;
MELO, Filomena – “Álvaro de Valadares”, cit., vol. I, p. 403-405. 62 BNP, ALB, Roma, cx. 74, n.º 61, cap. 5; BASTO, Artur de Magalhães – História da Santa Casa da
Misericórdia do Porto. vol. II, Porto: Santa Casa da Misericórdia do Porto, 1999, p. 111, 118, 123. 63 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 2.
8
Carneiro, filha única de Pantaleão Carneiro e Filipa Moreira), pelo que o morgadio foi
entregue a João de Valadares Carneiro, filho de Álvaro e Antónia.
Foi ainda testamenteiro de Violante Carneiro64.
Em 159265 redigiu o seu testamento, pedindo para ser sepultado onde a sua mulher
desejasse, caso falecesse no Porto. Se falecesse em Lisboa ou noutra parte, pedia para ser
sepultado, se possível, no local mais próximo da sua morada, onde haja o Santíssimo
Sacramento, e que os seus ossos fossem levantados e depositados onde a sua mulher
quisesse.
Para a sua capela que instituiu tomou a terça da Quinta da Póvoa e a restante terça
foi tomada nas propriedades mais próximas da quinta e pelo rendimento delas quis que o
administrador mandasse rezar três missas anuais66 onde o corpo estivesse enterrado ou na
capela ou ermida da Quinta.
Por administrador da capela deixou a sua mulher Antónia Carneiro e, por morte
desta, suceder-lhe-ia o filho João de Valadares e o filho legítimo mais velho deste, e assim
sucessivamente até faltar geração.
SSC 03.03 - Antónia Carneiro (flor. 1567-1592)
Filha de Pantaleão Carneiro e de Filipa Moreira.
No seu testamento de 25 de Abril de 158767, assinado por si e feito de acordo com
o marido, pediu para ser sepultada no Mosteiro de S. Domingos, tendo vinculado a sua
terça de umas casas na Ribeira e nas das restantes propriedades a uma capela ou morgadio,
sem se dividirem e por encargos pios duas missas68.
Nomeou por administrador da capela o seu filho Pantaleão Carneiro e seus
descendentes, primogénito e varão e, na falta deste, poderia herdar uma filha, mas com
precedência para o varão. Impunha ainda como condição que se Pantaleão Carneiro não
tive filho legítimo, ou que fosse religioso ou clérigo beneficiado, sucederia em tal caso o
filho João de Valadares e os seus descendentes legítimos, conforme a ordem acima. Pela
64 BNP, ALB, Enc., cx. 8A, cap. 4, doc. n. n.. 65 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6. 66 Nas intenções de Jesus, Nossa Senhora e das Chagas de Cristo. BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota
antiga: M 5 N 6. 67 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6 e atualizado em 1592, BNP, ALB, Roma, cx. 58A,
fl. 288-289. 68 Uma por invocação das Chagas de Cristo e outra por Nossa Senhora da Conceição. BNP, ALB, Enc., cx.
1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6.
9
mesma maneira, na falta deste e de seus descendentes, sucederia em terceira linha Fernão
de Valadares, irmão dos anteriores, pela mesma maneira e ordem.
Declarou que ela era a segunda vida do casal do Penedo, cuja propriedade era do
cabido, tendo nomeado por terceira vida a Álvaro de Valadares, seu marido.
Ainda estava viva quando o marido mandou redigir o seu testamento em 159269.
Ver Subsubsistema I.01 – CARNEIRO I
SSC 03.04 - Beatriz de Azeredo (flor. 155270-161671)
Filha de João de Valadares e Ana de Azeredo.
Recebeu em dote em 155272, para poder casar, as rendas de cerca de dez anos do
morgadio de António Machucho. Faleceu, no entanto, solteira.
No seu testamento de 2 de setembro de 161673 pediu para ser sepultada junto de
seus pais e avós, no mosteiro de S. Domingos, junto ao púlpito, com o hábito de S.
Domingos de que era irmã. Vinculou74 capela ou morgadio onde nomeou por
administrador o seu sobrinho João de Valadares Carneiro e por seu falecimento a Luís de
Valadares, filho deste e seus descendentes, precedendo a linha varonil e primogénita, e
na falta desta prevê a sucessão feminina.
Instituiu ainda por testamenteiro João de Valadares Carneiro, a quem fez por
herdeiro, visto ela própria não ter herdeiro forçado. Já falecida em 1632.
SSC 03. 05 - Inês de Azeredo (flor. 157575)
Filha de João de Valadares e Ana de Azeredo. Freira no convento de Santa Clara76.
SSC 03.06 - Luís de Valadares
Ver Subsubsistema I.05 - VALADARES CARNEIRO
69 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 5 N 6. 70 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 295-296. 71 BNP, ALB, ANTT, cx. 10, doc. 1019. 72 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 295-296. 73 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 216-218v. 74 BNP, ALB, Enc., cx. 26, n.º 9, cap. 9, doc. n. n.. 75 BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 99, cap. 2, cota antiga: M 5 N 6. 76 BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 99, cap. 2, cota antiga: M 5 N 6; BRITO, Pedro de – Patriciado urbano
quinhentista..., p. 76.
10
SC 04 - VALADARES CARNEIRO SOARES PEREIRA
SSC 04.01 - João de Valadares Carneiro (flor. 158077 - m. 163978); Maria da Costa
Soares (flor. 158879-160080); Catarina Pereira (flor. 164281-165382)
João de Valadares Carneiro casou por duas vezes, primeiro com Maria da Costa
Soares, de quem teve três filhos: Álvaro, Manuel83 e Beatriz de Azeredo, freira em Santa
Clara84 e em segundas núpcias com Catarina Pereira, de quem teve Luís de Valadares
Carneiro.
SSC 04.02 - João de Valadares Carneiro (flor. 1580-1639)
Filho de Álvaro de Valadares e Antónia Carneiro.
Cavaleiro fidalgo, desempenhou vários cargos na cidade do Porto, onde foi juiz
das dízimas do duque de Bragança em 159485, chanceler de Entre Douro e Minho no ano
de 158086, almotacé no ano de 1598 (maio-junho), tendo aceitado a posse na condição de,
daí em diante, o recrutamento para o cargo ser selectivo, de acordo com as provisões87, e
em setembro-outubro de 162588 e janeiro-fevereiro de 163489. Foi guarda mor da saúde
em dezembro de 159890 e em 1634-163691 e por fim vereador92 no ano de 162493, 162794-
162895.
Foi escrivão (1600-1601) e provedor da Misericórdia do Porto em 1614-161596.
77 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6. 78 BNP, ALB, ANTT, cx. 19, doc. 21. 79 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 344-349. 80 BNP, ALB, Roma, cx. 70, cap. 4, cota antiga: M 6 N 39. 81 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 346-356. 82 MELO, Filomena e CARDOSO, Maria Teresa – “Luís de Valadares Carneiro”. In SOUSA, Fernando de
(coord.) – Os provedores da Santa Casa da Misericórdia do Porto. 1499-2017. Vol. I, Porto: Almedina,
2017, p. 714. 83 Foi numa armada do general D. António de Alarcão, contra a vontade do pai, tendo levado 96 mil reais,
uma abotoadura e um trecelim de ouro. BNP, ALB, ANTT, cx. 19, doc. 17. 84 BNP, ALB, ANTT, cx. 19, doc. 17. 85 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 598; cx. 81A, n.º 91, cap. 3. 86 BNP, ALB, Roma, cx. 58, cota antiga: N 5 P 4, apenas referido no índice do códice. 87 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 582, e nota 104, 1108. 88 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 1115. 89 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 1117. 90 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 1120. Sobre a atividade veja-se
MACHADO, Maria de Fátima – O central e o local…, p. 198 91 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 1121. 92 No Porto só podiam ser eleitos vereadores os fidalgos e cidadãos que já tivessem exercido o ofício de
almotacé. SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. I, p. 388. 93 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 1092. 94 Em novembro desse ano foi nomeado em substituição de Gaspar Nunes Barreto, que falecera. SILVA,
Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. I, p. 400 e nota 61. 95 SILVA, Francisco Ribeiro da - O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 1092. 96 MELO, Filomena – “João de Valadares Carneiro”. In SOUSA, Fernando de (coord.) – Os provedores da
Santa Casa da Misericórdia do Porto. 1499-2017. Vol. I, Porto: Almedina, 2017, p. 523-526.
11
Administrador de várias capelas instituídas por familiares como a instituída por
sua avó paterna, Ana de Azeredo, a capela instituída por sua prima Maria Carneiro
Pamplona97, a capela de Beatriz de Azeredo98, de que também foi seu herdeiro, a capela
instituída por Inês Carneiro e Francisco de Figueiroa, seus tios avós, em 158599 e da que
instituiu a filha destes, a sua prima Ana Carneiro, em 1592100, de que quem também foi
testamenteiro.
Fez dois testamentos, sendo o último no Porto, na sua casa da Rua das Flores, a 2
de junho de 1636101. Nomeou por sua testamenteira a sua mulher Catarina Pereira e seu
filho Luís de Valadares Carneiro.
SSC 04.03 - Maria da Costa Soares (flor. 1588-1600)
Filha do licenciado Francisco Soares e de Beatriz Mendes de Vasconcelos102,
moradores em Braga e já falecidos em 1591103. Dos seus parentes sabemos ainda que era
neta de Marta de Castilho e sobrinha de Maria da Costa104 e de Manuel da Costa, mestre
escola, o qual foi seu tutor105, assim como de sua irmã Isabel Soares, freira em S. Bento
do Porto.
Ver Subsubsistema I.02 - COSTA SOARES
SSC 04.04 - Catarina Pereira (flor. 1642-1653)
Segunda mulher de João de Valadares Carneiro. Em 1642, já viúva, foi da sua
autoria o levantamento dos autos do testamento de Maria da Costa, tia da primeira mulher
de João de Valadares Carneiro, da qual este último foi testamenteiro.
SSC 04.05 - Pantaleão Carneiro II (flor. 1593106)
Filho de Álvaro de Valadares e de Antónia Carneiro. Seguiu vida religiosa107.
97 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 2; BRITO, Pedro de - Patriciado urbano
quinhentista..., p. 76. 98 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 216-218v 99 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 118-123. 100 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. 101 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 100v-105v. 102 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 344-349. 103 BNP, ALB, Enc., cx. 52A, cap. 1, doc. n. n.. 104 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 357-359. 105 BNP, ALB, Roma, cx. 74, n.º 61, cap. 5, doc. n. n.. 106 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 7, cota antiga: M 88 N 12. 107 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 77.
12
Foi nomeado administrador da capela fundada por sua mãe Antónia Carneiro em
1587, para si e seus descendentes primogénitos e varões e só na falta destes as filhas108.
Fez testamento em 1593109.
I.01 - Subsistema CARNEIRO I (flor. 1448-1585)
Quanto aos Carneiro, foi a família em torno da qual se gerou ou maior número de
ligações matrimoniais entre as famílias com maior importância social do Porto nos finais
do século XV-XVI, sendo que no último quartel de Quinhentos um dos seus ramos (o de
Vasco Carneiro o velho) pertenceu já à nobreza titular110.
No Porto desempenharam vários cargos de magistratura local, o que lhes
proporcionou grande influência a nível social e económico. Os primogénitos
desempenharam todos, entre os anos de 1475 e 1576, funções de juízes, vereadores,
procuradores da cidade. Os mesmos cargos foram ainda exercidos por filhos segundos ou
genros, como Gaspar Ferraz, João Álvares Pamplona, Álvaro de Valadares, só para citar
alguns exemplos.
No caso do ALB consideramos a família Carneiro a partir de Gil Carneiro,
cavaleiro111, sepultado em S. Francisco junto ao altar dos reis, filho de João Carneiro,
vereador em 1442, casado com Leonor Anes Machucho. O casal teve cerca de seis filhos,
sendo que o primogénito foi Diogo Pires Carneiro, vereador em 1488 o qual casará com
Maria Vieira, filha do mercador Lopo Vieira. Deste casal nascerão cerca de sete filhos,
sendo o primogénito Pantaleão Carneiro, cavaleiro da casa de Bragança, escrivão da
câmara em 1548, tendo sido ainda Guarda mor da saúde em 1551, tendo casado com
Filipa Moreira. Dos restantes irmãos de Pantaleão Carneiro, mais seis, serão as irmãs que
irão estabelecer casamentos com elementos das diversas famílias do Porto: Inês Carneira
com Francisco de Figueiroa, Leonor Carneira com João Álvares de Pamplona, Beatriz
Carneira com Fernão Soares de Albergaria, Maria Carneira, com Diogo Garcez, boticário
na cidade, tendo estes inclusive instituído uma capela em S. Francisco no ano de 1532.
Foi por via do casamento de Antónia Carneiro, filha de Pantaleão Carneiro e Filipa
Moreira, com Álvaro de Valadares que as duas famílias se uniram e, consequentemente,
os seus sistemas informacionais.
108 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, doc. 1. 109 BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 290-293. 110 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 34. 111 FREITAS, Eugénio Andrea da Cunha e – “Diogo Lourenço e Gil Carneiro - a propósito da antiga casa
n.1 da Rua Escura”. O Tripeiro. Ano II, 7 (1946), p. 155.
13
SC 01 - CARNEIRO MACHUCHO
SSC 01.01 - Gil Carneiro (flor. 1448112-1453113); Leonor Eanes Machucho (flor.
1451114-1468115)
O casal teve seis filhos: o primogénito, Diogo Pires Carneiro, Afonso Carneiro,
Martim Carneiro, João Pires Carneiro, Gomes Carneiro e Isabel Carneiro116.
SSC 01.02 - Gil Carneiro (flor. 1448-1453)
Cavaleiro117, filho de João Carneiro, vereador do Porto em 1442118.
Em 1451 vivia na Rua Nova do Porto119.
Ainda era vivo em 1453, aquando da abertura do testamento da sua cunhada
Senhorinha Eanes Machucho120. Sepultado junto ao altar dos Reis em S. Francisco121.
SSC 01.03 - Leonor Eanes Machucho (flor. 1451-1468)
Filha de João Geraldes e de Leonor Vasques.
Irmã de Senhorinha Eanes e João Eanes Machucho.
Ver Subsubsistema I.03 – MACHUCHO I
SC 02 - CARNEIRO VIEIRA
SSC 02.01 - Diogo Pires Carneiro (flor. 1482122-1515123); Maria Vieira (flor. 1488124-
1535125)
112 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Carneiros III. Poderá tratar-se de Gil
Martins Carneiro, escrivão da Câmara, com atividade conhecida entre os anos de 1442 e 1449, sendo nesse
caso a sua primeira data 1442 e não 1448 como assinalámos. “Vereaçoens”. Anos de 1401-1449. Nota
prévia de J. A. Pinto Ferreira, Porto: Câmara Municipal, 1980, p. 223, 321-323, 325, 332, 334, 358-360,
382, 390, 391, 394, 401, 432, 439, 449, 457. 113 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 3, cota antiga: M 99 N 8 e cx. 51B, cap. 1, doc. n. n.. 114 BNP, ALB, Enc., cx. 42B, cap. 3, cota antiga: M 6 N 60. 115 BNP, ALB, Enc., cx. 12A, cap. 1, cota antiga: D 6 M 6 N 4. 116 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., quadro Carneiros III. 117 Encontra-se sepultado em S. Francisco junto ao altar dos reis. FREITAS, Eugénio Andrea da Cunha e –
“Diogo Lourenço e Gil Carneiro - a propósito da antiga casa n.1 da Rua Escura”, cit., p. 155. 118 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 35. 119 BNP, ALB, Enc., cx. 42B, cap. 3, cota antiga: M 6 N 60. 120 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 3, cota antiga: M 99 N 8 e cx. 51B, cap. 1, doc. n. n.. 121 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Carneiros III. 122 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”..., p. 131. 123 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 1, doc. 2 e cx. 60A, fl. 22-37. 124 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Carneiros III. 125 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, fl. 752-754.
14
Diogo Pires Carneiro casou com Maria Vieira cerca de 1488126. O casal teve oito
filhos, sendo o primogénito Martim Carneiro127, seguindo-se Pantaleão Carneiro, Inês
Carneira, Leonor Carneira, Beatriz Carneira, Isabel Carneira casada com João Álvares
Riscado128 e Maria Carneira.
SSC 02.02 - Diogo Pires Carneiro (flor. 1482-1515)
Filho de Gil Carneiro e de Leonor Eanes Machucho.
Diogo Carneiro foi criado da duquesa D. Isabel de Viseu129, serviu o terceiro
duque de Bragança, D. Fernando130, “desde moço”131 até se casar com Maria Vieira, filha
do mercador Lopo Vieira132. Mercador133, ocupou vários cargos na governação da
cidade134 entre 1482 e 1505, estando documentada a sua presença nos anos de 1485 a
1505, onde ocupou os seguintes cargos: como oficial sorteado exerceu o cargo de
almotacé em 1486, 1488, 1495 e 1503; vereador em 1487/1488; de juiz em 1497/1498;
1504/1505. Como oficial substituto foi procurador nos anos de 1488/1489; 1491/1492 e
vereador no ano de 1488/1489.
No ano de 1504/1505 foi eleitor dos oficiais e emissário da cidade à corte em 1482
e 1501, embora esta viagem tenha sido anulada por falta de verba135.
Obteve alvará da Infanta D. Beatriz para poder apresentar clérigo na igreja de
Penha Longa, termo do Porto, em 1494136.
126 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Carneiros III. Já estavam casados em
maio de 1489: BNP, ALB, Enc., cx. 42A, cap. 1, doc. n. n. 127 À data de morte de seu pai tinha 27 anos. BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 1, doc. 2. 128 Procurador na cidade em 1519 (entre 14 de setembro de 8 de outubro), estando também presente na
sessão de câmara em 1512. Em 1515, ano de falecimento de Diogo Carneiro, já era casado com Isabel.
BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 98; BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 1, doc.2. 129 BNP, ALB, Roma, cx. 106A, cap. 7, cota antiga: M 114 N 12 e cap. 4, cota antiga: M 114 N 13. Sobre
o conceito de criado veja-se GOMES, Rita Costa – A corte dos reis de Portugal no final da Idade Média,
p. 180-182, 188. 130 Executado sumariamente em 1483, acusado de traição. PÁSCOA, Marta – D. Jaime de Bragança.
Contributos para uma biografia. S. l., Fundação Casa de Bragança, 2015, p. 16-17. 131 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, n.º 007, doc. 2, fl. 22-37. 132 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”..., p. 159. 133 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”..., p. 131. 134 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”..., p. 131. 135 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”…, p. 131 e bibliografia
citada. 136 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 693.
15
Faleceu cerca de 1515, tendo as partilhas dos seus bens sido realizadas a 19 de
janeiro desse ano. Nessa partilha são referidos vários casais, de herdade e outros
emprazados, alguns do julgado de Gaia, assim como bens móveis137 e ainda escravos138.
SSC 02.03 - Maria Vieira (flor. 1488-1535)
Filha de Lopo Vieira e de Beatriz Álvares.
Após a morte do marido, ocorrida cerca de 1515, passou a administrar os bens da
família, como podemos ver por alguns contratos de emprazamento que fez de
propriedades familiares. Sabemos que no ano de 1528 residia na Rua dos Mercadores139.
Ver Subsubsubsistema I.01.09 - VIEIRA
SSC 02.04 - Afonso Carneiro (flor. 1523140)
Filho de Gil Carneiro e de Leonor Eanes Machucho. Reitor e Abade na igreja de
Monte Córdova, concelho de Santo Tirso.
Foi escrivão da câmara real141 e tesoureiro da Duquesa D. Isabel, irmã de D.
Manuel, a cujo favor deve provavelmente ainda outras paróquias: S. Miguel de
Rebordosa, S. Salvador da Lavra e S. Pedro de Avintes142.
Teve uma filha legitimada, Leonor143, que casou com Luís Álvares Rangel, à qual
instituiu um morgadio144.
Segundo Felgueiras Gaio renunciou os seus múltiplos benefícios no seu sobrinho
Gomes Carneiro, a quem criara, filho de seu irmão Gomes Carneiro145.
Já falecido em 1523, data em que a sua cunhada entrega a terceira vida no prazo
da capela de S. Miguel, anexo ao mosteiro de Monte Córdova, ao filho Pantaleão
Carneiro146.
137 Duas taças de crastas dobradas, uma branca e outra picada com medronhos, no valor de 4.800 reais,
cinco colheres de prata avaliadas em 1500 reais, roupas, cofres e um arcaz, só para referir alguns. BNP,
ALB, Roma, cx. 58, fl. 1-3v. 138 Alforriou dois, Francisco e Isabel Pires, pelos valores de 8.500 reais e 4.000 reais, respetivamente. BNP,
ALB, Roma, cx. 58, fl. 3. 139 BNP, ALB, Enc., cx. 42B, cap. 4, cota antiga: M 101 N 28. 140 BNP, ALB, Roma, cx. 86B, cap. 1, cota antiga: M 6 N 54. 141 ANTT, Chanc. D. Manuel, liv. 42, fl. 108. 142 FREITAS, Eugénio Andrea da Cunha e – “A capela de Nossa Senhora do Pranto no Mosteiro de S.
Francisco do Porto”. Notícias do Velho Porto. Porto: Campo das Letras, 2006, p. 72. 143 ANTT, Chanc. D. Manuel, liv. 29, fl. 114. 144 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Carneiros III. 145 GAIO – Nobiliário, t. IX, p. 13. 146 BNP, ALB, Roma, cx. 86B, cap. 1, cota antiga: M 6 N 54.
16
SSC 02.05 – Gomes Carneiro
Ver Subsubsubsistema I.01.01 – CARNEIRO II
SC 03 - CARNEIRO MOREIRA
SSC 03.01 - Pantaleão Carneiro I (flor. 1495147-1567148); Filipa Moreira (flor.
1526149-1585150)
Pantaleão Carneiro casou, cerca de 1526, com Filipa Moreira151.
SSC 03.02 - Pantaleão Carneiro I (flor. 1495-1567)
Filho de Diogo Carneiro e de Maria Vieira.
Cavaleiro da casa de Bragança152, juiz dos direitos reais e das dízimas do pescado
do Porto em 1532153, escrivão da câmara em 1548154, e guarda mor da saúde em 1551155.
Foi nomeado por sua mãe como terceira vida no prazo da capela de S. Miguel,
anexo ao mosteiro do Monte Córdova em dezembro de 1523156.
No que se refere a património imobiliário na cidade, sabemos que em 1528
habitava uma casa na Rua dos Mercadores157, que nesse mesmo ano emprazou umas casas
com eixido que havia comprado na Rua Chã158 e que tinha umas casas na Ribeira, que
sua mulher trouxera em dote159.
Foi tutor dos seus sobrinhos Fernão Soares, Jorge Soares, Diogo Carneiro e João
Soares, gémeas Margarida (2 anos e 5 meses) e Ana (2 anos e 5 meses), filhos da sua irmã
Beatriz Carneiro, casada com Fernão Soares160.
SSC 03.03 - Filipa Moreira (flor. 1528-1585)
147 Tinha vinte anos em 1515, data do inventário por morte de Diogo Carneiro. BNP, ALB, Roma, cx. 60A,
doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 148 BNP, ALB, Roma, cx. 70, cap. 4, cota antiga: M 114 N 10. 149 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 250-252. 150 BNP, ALB, Enc., cx. 42B, cap. 2, doc. n. n.. 151 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 250-252. 152 BNP, ALB, Enc., pac. 44, mç. 137, cx. 44A, cap. 2. 153 BNP, ALB, Roma, pac. 58, n.º 001, cx. 58, fl. 694. 154 VASCONCELOS, Emília Albertina Sá Pereira de – Vereações na Câmara do Porto no ano de 1548, p.
37. 155 SOARES, Edite Rute dos Santos Bentos – O concelho portuense em 1551, p. 86: sobre o ofício veja-se
SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. II, p. 644-647. 156 BNP, ALB, Roma, cx. 86B, n.º 106, cap. 1, cota antiga: M 6 N 54 e cx. 70, cap. 1, doc. n. n.. 157 Casa foreira à conezia do Abade de Paranhos que a sua mãe, Maria Vieira, lhe havia dotado com reserva
de usufruto. BNP, ALB, Enc., cx. 42B, n.º 95, cap. 4. 158 BNP, ALB, Roma, cx. 70, cap. 3. 159 BNP, ALB, Enc., cx. 42, cap. 2. 160 BNP, ALB, Roma, cx. 82 III, n.º 95, cap. 6, cota antiga: M 54 N 18; cx. 108, n.º 169, cap. 2, doc. n. n..
17
Filha de João Afonso Moreira e de Maria Pires de Neiva, cuja documentação entra
no subsistema Carneiro I por via do casamento com Pantaleão Carneiro I.
Prima de Gaspar Moreira Altero, falecido cerca de 1574161.
Ver Subsubsubsistema I.01.08 - MOREIRA PIRES
SSC 03.04 - Manuel Carneiro (flor. 1535162-1560163)
Filho de Diogo Carneiro e Maria Vieira.
Esteve em Goa em 1560, data em que escreveu ao seu irmão Pantaleão Carneiro
sobre questões financeiras e onde refere que Fernão Soares164 estava doente em Ormuz,
vítima de doença de Bahrein165.
SSC 03.05 - Beatriz Carneiro
Ver Subsubsubsistema I.01.07 - CARNEIRO SOARES
SSC 03.06 - Inês Carneiro
Ver Subsubsubsistema I.01.03 - CARNEIRO FIGUEIROA
SSC 03.07 - Leonor Carneiro
Ver Subsubsubsistema I.01.05 - CARNEIRO PAMPLONA
SSC 03.08 - Maria Carneiro I
Ver Subsubsubsistema I.01.04 - CARNEIRO GARCEZ
SSC 03.09 - Martim Carneiro
Ver Subsubsubsistema I.01.02 - CARNEIRO FAJOA
SSC 03.10 - Isabel Carneiro
Ver Subsubsubsistema I.01.06 - CARNEIRO RISCADO
SC 04 - CARNEIRO VALADARES
SSC 04.01 - Antónia Carneiro
Ver SUBSISTEMA I - VALADARES
I.01.01 - Subsubsubsistema CARNEIRO II (flor. 1519)
SC 01 - CARNEIRO
161 BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fls. 386-401. 162 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, fl. 752-754. 163 BNP, ALB, ANTT, cx. 1, doc. 1251. 164 Provavelmente o seu sobrinho, filho da sua irmã Beatriz Carneiro. 165 BNP, ALB, ANTT, cx. 1, doc. 1251.
18
SSC 01. 01 - Gomes Carneiro I (flor. 1519166)
Filho de Gil Carneiro e de Leonor Eanes Machucho.
Irmão de Diogo Carneiro, Afonso Carneiro, João Pires Carneiro, Martim Carneiro
e Isabel Carneiro167.
Teve quatro filhos: Gomes Carneiro II, que foi criado por seu tio Afonso Carneiro,
de quem receberá os benefícios da Igreja do Monte Córdova168, Álvaro Carneiro, Leonor
Carneiro169, Violante Carneiro.
Foi abade de Burgães170.
Ver Subsubsistema I.01 – CARNEIRO I
I.01.02 - Subsubsistema CARNEIRO FAJOA (flor. 1488-1576)
SC 01 - CARNEIRO FAJOA
SSC 01.01 - Martim Carneiro (flor. 1488171-1538172); Leonor Fajoa (flor. 1515173-
1537174)
Martim Carneiro já estava casado com Leonor Fajoa em 1515, da qual teve três
filhos: António Carneiro, Beatriz Carneiro e Maria Vieira175.
SSC 01.02 - Martim Carneiro (flor. 1488-1538)
Filho de Diogo Carneiro e de Maria Vieira. Cavaleiro da casa do Duque de
Bragança e de Barcelos176.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
166 BNP, ALB, Roma, cx. 83 III, cap. 1, cota antiga: M 10 N 19. 167 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Carneiros III. 168 Teve três filhos bastardos: Maria Carneiro, casada com Gaspar Pais, a quem o pai instituiu morgadio (o
de S. Roque???), que irá deixar a seu irmão António, assim como mais alguns bens, Francisco Carneiro da
Costa, desembargador no Porto, que casou com Isabel Mariz; António Carneiro, que foram legitimados,
instituiu morgadio, o de S. Roque em Vila do Conde, no qual sucedeu o seu filho Francisco. ADP, Convento
de S. Francisco, liv. 3, fl. 81 a 85v; ANTT, Chanc. D. João III, liv. 43, fl. 105; liv. 50, fl. 123v; GAIO –
Nobiliário, t. IX, p. 13; BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 290. 169 Em 1505 surge como despachante de 15.200 reais de mantos na alfândega de Vila do Conde. PEREIRA,
João Cordeiro – Para a história das alfandegas em Portugal no início do século XVI (Vila do Conde -
organização e movimento). Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1983, p. 190, 323-324. 170 BNP, ALB, Roma, cx. 83 III, cap. 1, cota antiga: M 10 N 19. 171 Já tinha 27 para 28 anos em 1515, ano do inventário dos bens por morte de seu pai Diogo Carneiro.
BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 172 BNP, ALB, Enc., cx. 42A, cap. 2, cota antiga: M 112 N 8; cx. 44A, cap. 2, cota antiga: M 101 N 1. 173 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista...., quadro Carneiros III. 174 BNP, ALB, Enc., cx. 42, n.º 1, cap. 2; cx. 44 A, n.º 137, cap. 2, cota antiga: M 101 N 1. 175 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista...., quadro Carneiros III. 176 BNP, ALB, Enc., cx. 42A, cap. 2, cota antiga: M 112 N 8.
19
SSC 01.03 - Leonor Fajoa (flor. 1537)
Mulher de Martim Carneiro. Presente no ato de venda que Pantaleão Carneiro, fez
da fazenda que herdara de seus pais do terço do casal da Oliveira177.
I.01.03 - Subsubsubsistema CARNEIRO FIGUEIROA (flor. 1503-1592)
SC 01 - CARNEIRO FIGUEIROA
SSC 01.01 - Inês Carneiro (flor. 1503178-1585179); Francisco de Figueiroa (flor.
1525180-m. 1556181)
Inês Carneiro já estava casada com Francisco de Figueiroa182 em 1525183. O casal
teve vários filhos, entre os quais: Cristóvão de Figueiroa, Ana Carneiro, instituidora de
morgadio em 1592184, Cecília de Pimentel e Francisca de Figueiroa, freiras no Mosteiro
de S. Domingos de Vila Nova185 e Jácome186.
SSC 01.02 - Inês Carneiro (flor. 1503-1585)
Filha de Diogo Carneiro e de Maria Vieira. Já era viúva quando fez o seu
testamento em 29 de dezembro de 1585187, na Rua da Reboleira, nas casas onde vivia.
Nele pediu para ser sepultada no Mosteiro de S. Francisco do Porto, com o hábito
da ordem, uma vez que era irmã da mesma, local onde jaziam seu marido e o filho,
Cristóvão de Figueiroa. Para além de estipular missas por sua alma e do seu marido, que
também já as havia instituído no mesmo mosteiro, vinculou a sua terça a uma capela que
deixou por administradora à sua filha Ana Carneiro, tendo esta de nomear uma pessoa
177 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, cap. 2, cota antiga: M 101 N 1. 178 Já tinha 12 anos em 1515, ano do inventário dos bens por morte de seu pai Diogo Carneiro. BNP, ALB,
Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 179 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 118-123 e cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 3 N 23. 180 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, cap. 2, cota antiga: M 101 N 16. 181 Já falecido em 1556. BNP, ALB, Roma, cx. 70A, cap. 3, cota antiga: M 12 N 4. 182 BNP, ALB, Enc., cx. 1, n.º 59, cap. 4; Roma, cx. 58A, doc. 44, fl. 293-295; BRITO, Pedro de –
Patriciado urbano quinhentista..., p. 104. 183 BNP, ALB, Enc., cx. 8A, cap. 4, doc. n. n.. 184 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25 185 A última entrou para o mosteiro de S. Domingos, em Vila Nova, no ano de 1539. BNP, ALB, Roma, cx.
60, fl. 217-221. Em 1592 a irmã de ambas, Ana Carneiro, no seu testamento, manda comprar uma herdade
dízima a Deus para seu rendimento, até ao falecimento de ambas, herdade depois que ficará para o Mosteiro
após a morte delas. Receberam ainda pelo mesmo testamento, um “cofrinho de entoucar pequeno”. BNP,
ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. 186 Pelo testamento do pai sabemos que era deficiente, e que por esse facto Francisco de Figueiroa pedia a
sua mulher Inês que o nomeasse por terceira vida no casal do Penedo e que após o falecimento do mesmo
fosse nomeada a irmã Ana Carneiro. BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 105v-113. 187 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 118-123 e cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 3 N 23.
20
que a sucedesse nessa administração, a qual tinha a obrigatoriedade de usar o apelido
Carneiro. Deixou dote a suas filhas Francisca de Figueiroa e Cecília Pimentel, freiras em
Santa Clara do Porto e por fim declarou que tinha alguns bens em Lisboa que eram de seu
filho Cristóvão, já falecido, e que este teria um filho em Borba, embora não o tivesse
reconhecido.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
SSC 01.03 - Francisco de Figueiroa (flor. 1534-m. 1556)
Filho de João de Figueiroa o moço e de Catarina Afonso Aranha e neto de Maria
Aranha.
Irmão de João e Afonso de Figueiroa.
Comerciante de panos, com negócios nos Açores, Madeira, na Flandres e
possivelmente em Cabo Verde, para onde viajou cerca de 1547188, tabelião e procurador
da cidade em 1534189.
Redigiu o seu testamento a propósito da referida viagem a Cabo Verde190, em que
nomeou por testamenteiro a sua mulher e o seu irmão João de Figueiroa, tendo deixado
estipulado a terça para uma capela que instituiu e o restante à sua filha, por dote. Por
administrador da capela nomeou o filho mais velho, Cristóvão de Figueiroa e os
sucessores, primogénitos, deste. Como Cristóvão ainda não fosse maior de idade deixou
provisoriamente a administração da capela à sua mulher Inês Carneiro. Pediu para ser
sepultado no mosteiro de S. Francisco do Porto numa sepultura onde jazia Catarina
Aranha, irmã de sua avó, Maria Aranha.
No mesmo documento declarou ainda que teve um filho bastardo de Branca
Reinoa, o qual foi criado à custa do povo, e que naquele tempo era criado de Gonçalo
Dias, morador em Covelas. Pediu que o tirassem de lá e que lhe dessem “onde medre”,
pelo que deixou 2.500 reais que foram tirados do terço dos bens que deixou à capela. Para
além do vasto património imóvel que possuía, referiu ainda no testamento vários bens
móveis, objetos de prata, estanho, uma taça de diamantes e cargas de panos
desalfandegadas em Vila do Conde nos anos de 1529 e 1530.
188 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 105v-113. 189 MORAIS – Pedatura, t. III, v. I, p. 58; BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 104 e
quadro Figueiroas I. 190 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 105v-113.
21
Em 1549 acrescentou uma cláusula ao referido testamento, onde se menciona que
o filho receberia as rendas da terça se vivesse na cidade do Porto191. Em 1556 já era
falecido192.
SC 02 - CARNEIRO
SSC 02.01 - Ana Carneiro (flor. 1547193-1592194)
Filha de Inês Carneiro e de Francisco de Figueiroa.
Faleceu solteira sem descendentes e pelo testamento que mandou redigir, por não
saber escrever e já estar cega, sabemos que detinha património imobiliário no Porto: uma
casa na Rua da Reboleira, que era dízima a Deus195; umas casas junto ao terreiro, cuja
renda foi entregue ao mosteiro de S. Domingos para pagamento de encargos pios196; umas
casas na Rua da Bainharia, ao pé das Aldas, as quais deixou a Mécia de Figueiroa, sua
prima e por fim o casal do Pinheiro, freguesia de Oliveira de Além do Douro, termo da
cidade, que pagava censo à Gafaria de Alfena, em que nomeou o sobrinho João de
Valadares Carneiro por herdeiro.
Instituiu uma capela no Mosteiro de S. Francisco em 20 de agosto de 1592197,
onde pretendia ser sepultada e amortalhada no hábito de S. Francisco, junto ao púlpito,
onde já se encontravam os seus pais. Para além de encargos pios198, deixou um legado de
1.400 reais à Misericórdia do Porto e 27.000 reais a S. Francisco; legados a sua prima
Catarina Vieira, freira em S. Domingos de Vila Nova, filha de sua tia Isabel Carneiro; a
criadas199 e ainda a um rapaz natural de Borba200 o valor de 22.000 reais de um total de
40.000 que lhe havia deixado em testamento o seu irmão Cristóvão de Figueiroa.
191 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 105v-113. 192 BNP, ALB, Roma, cx. 70A, cap. 3, cota antiga: M 12 N 4. 193 BNP, ALB, Enc., cx. 39, liv. 13, fls. 105v-113. 194 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. 195 A qual deixou a sua sobrinha Susana Carneira, mulher de Bernardo Pereira, para que esta fizesse delas
o que quiser. BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. 196 Do qual apenas lhe sobrava um tostão, que deveria servir para pagar uma missa no dia de Santos e outra
no seguinte, de Fiéis Defuntos, e quando viesse o tempo que o tostão não bastasse, que ficasse só uma
missa. BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. 197 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. Traslado feito em 1 de abril de 1770 a pedido
de D. Tristão de Meneses. 198 No dia de seu enterro devem ser dadas duas obradas a S. Nicolau, duas a S. Francisco, uma a S.
Domingos, uma à Misericórdia, uma aos padres de Santo António de Vale da Piedade, uma às freiras de S.
Domingos de Vila Nova, uma às freiras de Monchique, uma aos Lázaros, uma aos padres da Companhia
no total de onze. BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. 199 Uma delas, Filipa de Aguiar, recebeu um cobertor de papa com que dormia. BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap.
4, cota antiga: M 53A N 25. 200 Possivelmente seu filho, como referiu Inês Carneiro no seu testamento. Ver atrás SSC 01.02 - Inês
Carneiro (flor. 1503-1585).
22
De referir ainda que Ana Carneiro foi administradora de duas capelas: a que a sua
mãe instituiu na freguesia de Santa Ovaia de Oliveira, termo do Porto, com missas anuais
em S. Francisco, sob condição de a passar a uma pessoa da geração e apelido Carneiro e
ainda a capela instituída pelo seu pai no mesmo mosteiro, dotada com parte do rendimento
do casal da Pedreira, no termo de Barcelos, para lhe dizerem quatro aniversários, e da
qual a mãe havia sido a primeira administradora.
Nomeou por administrador das capelas dos pais e da sua o primo João de
Valadares Carneiro, seu testamenteiro201, não referindo obrigatoriedade de nome para a
sua capela202.
SSC 02.02 - Cristóvão de Figueiroa (flor. 1553203-1575204)
Filho de Inês Carneiro e de Francisco de Figueiroa.
Em 1563 era guarda roupa de D. João, duque de Bragança205 e foi feito cavaleiro
da Ordem de Cristo206, recebeu as comendas de S. Gens e de Santo António em Miranda,
por confirmação do rei D. Sebastião em 1564207.
Faleceu solteiro em 1575 e foi sepultado no mosteiro de S. Francisco no Porto208.
I.01.04 - Subsubsubsistema CARNEIRO GARCEZ (flor. 1515-1554)
SC 01 - CARNEIRO GARCEZ
SSC 01.01 - Maria Carneiro I (flor. 1515209-1554210); Diogo Garcez (flor. 1515211-
1532212)
201 Nomeou também por testamenteiro Bernardo Pereira, marido da sua sobrinha Susana Carneira. BNP,
ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 53A N 25. A João de Valadares Carneiro deixou ainda alguns
objectos de prata – um gomil, um saleiro, um copo de prata dourado e dois castiçais – ao que juntou três
escudelas de porcelana. 202 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 4, cota antiga: M 15 N 9. 203 FARIA, António Machado de – “Cavaleiros da Ordem de Cristo no século XVI”. Arqueologia e
História. 8.ª s. 6 (1955), p. 34. 204 BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 293-295. 205 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 685. 206 BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 685; cx. 70, cap. 4, cota antiga: M 110 N 4; surge como cavaleiro em 1553
na listagem de FARIA, António Machado de – “Cavaleiros da Ordem de Cristo no século XVI”, cit., p. 34. 207 BNP, ALB, Roma, cx. 58, consta apenas do índice. 208 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, quadro Figueiroas I aponta o ano de 1574, mas o
testamento é de 1575. BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 293-295. 209 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, n.º 137, cap. 1; Roma, cx. 81A, n.º 91, cap. 1, doc. 2. 210 BNP, ALB, Roma, cx. 69, cap. 3, doc. n. n.. 211 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, n.º 137, cap. 1; Roma, cx. 81A, n.º 91, cap. 1, doc. 2. 212 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., quadro Carneiros III.
23
O casal já se encontrava casado em 1515, ano em que se procedeu ao inventário
dos bens por morte de Diogo Carneiro, pai de Maria Carneiro I. Instituíram uma capela
em S. Francisco no ano de 1532213.
SSC 01.02 - Maria Carneiro I (flor. 1515-1554)
Filha de Diogo Carneiro e Maria Vieira.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
SSC 01.03 - Diogo Garcez (flor. 1515-1542)
Filho de João Garcez. Boticário na cidade do Porto, procurador na cidade do Porto
em 1512-1513214.
I.01.05 - Subsubsubsistema CARNEIRO PAMPLONA (flor. 1515-1576)
Segundo Felgueiras Gaio, os Pamplona tiveram origem em famílias nobres de
Navarra215.
A família Pamplona ligou-se à família Carneiro por via do casamento de João
Álvares Pamplona (filho de João Álvares e de Maria Vaz Pamplona e neto paterno de
Álvaro Afonso Dinis216) com Leonor Carneiro, filha de Diogo Carneiro e Maria Vieira.
Caracteriza-se socialmente por ser uma família de mercadores que se ligou por via
matrimonial com elementos de outras famílias do mesmo extrato social e económico ou
superior, com ligações à vereação da cidade do Porto, onde pontuaram elementos como
João Álvares Pamplona e o seu irmão Gonçalo Álvares Pamplona, procurador da cidade
em 1513217.
SC 01 - CARNEIRO PAMPLONA
213 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., quadro Carneiros III. 214 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., quadro Carneiros III. 215 MORAIS – Pedatura, t. III, v. I, p. 52/55. 216 Veja-se Sistema de informação Ribeiro. SILVA, Manuel de Souza – Nobiliário das Gerações de Entre-
Douro-e-Minho, II vol., Ponte de Lima: Carvalhos de Basto, 2000, p. 245. 217 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 84-85.
24
SSC 01.01 - Leonor Carneiro (flor. 1515218-1553219); João Álvares Pamplona (flor.
1515220-1540221)
Leonor Carneiro já estava casada com João Álvares Pamplona em 1515, do qual
teve cinco filhos: Gaspar Pamplona, Baltazar Carneiro; Beatriz Carneiro Pamplona;
Maria Carneiro e uma outra filha (de identidade desconhecida ou Beatriz Carneiro??)
casada com Jorge Pires de Altero222.
SSC 01.02 - Leonor Carneiro (flor. 1515-1553)
Filha de Diogo Carneiro e Maria Vieira. Já estava casada em 1515, aquando da
realização do inventário por morte de seu pai Diogo Carneiro223.
Em 1553, André Gonçalves de Miragaia refere no seu testamento que António
Gonçalves, seu filho, tinha contraído uma dívida com Leonor Carneiro, já viúva, de
10.000 reais para ir para a Índia, a qual dívida se devia pagar do seu quinhão que lhe
coubesse nos bens do pai224.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
SSC 01.03 - João Álvares Pamplona (flor. 1515-1540)
Cidadão do Porto225, João Álvares Pamplona226 era irmão de Gonçalo Álvares
Pamplona227, filhos de João Álvares228 e de Maria Vaz Pamplona229, instituidores de uma
218 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 219 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 301 e bibliografia citada. 220 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 221 BNP, ALB, Enc., cx. 15A, cap. 2, doc. n. n.. 222 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 84, 242. 223 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 224 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 301 e bibliografia citada. 225 ADB, pergaminhos não identificados, doc. n. n.. – carta de partilhas por morte de João Álvares
Pamplona. 226 BNP, ALB, Enc., cx. 1, n.º 59, cap. 5; GAIO – Nobiliário, t. XXII, p. 76-77; MORAIS – Pedatura, t.
III, v. I, p. 52-55. 227 Procurador da cidade do Porto em 1513, viveu no Porto e na Terceira, casou em primeiras núpcias com
Ana Valadão e em segundas com Leonor Gomes de Miranda. Fez testamento em 1547. BRITO, Pedro de
– Patriciado urbano quinhentista..., p. 84. 228 Filho de Álvaro Afonso Dinis. Ver Subsistema II - Ribeiro. 229 Filha de Pedro Vaz Pamplona (flor. 1489-1508), escudeiro de D. Pedro e advogado, foi ainda procurador
geral da correição de Entre-Douro-e-Minho em 1489 e de Catarina Martins (flor. 1529), instituidora de uma
capela no Mosteiro de S. Domingos do Porto em 1529. O casal detinha propriedade fundiária em
Rebordosa, a qual terá sido herdada pelos seus descendentes, pelo que se explica a presença de vários
documentos no ALB relacionados com casais situados nessa localidade. ANTT, Chanc. D. João II, liv. 24,
fl. 4v; BNP, ALB, Roma, cx. 86B, cap. 1, cota antiga: M 6 N 36 e 37 (Não é explicitamente referido que se
trate de Pedro Vaz Pamplona, apenas Pedro Vaz, no entanto o documento da mesma caixa com a cota
antiga: M 6 N 36 diz tratar-se de Pedro Vaz Pamplona, o casal questão é o mesmo – o do Muro – na
localidade de Rebordosa.); MENDES, António Ornelas e FORJAZ, Jorge Pamplona – Genealogias da Ilha
Terceira. vol. VII, Amadora: Dislivro, s. d., p. 109.
25
capela na igreja de S. Domingos do Porto em 1525230. Vereador em 1537231, viveu na cidade
do Porto, numa casa torre na rua dos Mercadores232 e na ilha Terceira233.
Recebeu carta de quitação de dote de sua mulher em 1517234.
Possuía, para além das casas onde viveu na Rua dos Mercadores, dois casais em
Rebordosa, julgado de Aguiar de Sousa, um outro em Ribadouro, a Quintã de Barros, no
julgado da Maia, uns moinhos e uma quinta em Rio de Feveras, julgado de Gaia e um
casal em Massarelos235.
SC 02 – PAMPLONA SOUSA
SSC 02.01 – Gaspar Pamplona (flor. 1542236-1576237); Ana de Sousa (flor. 1548238)
O casal estava casado em 1548.
SSC 02.02 - Gaspar Pamplona (flor. 1542-1576)
Filho de Leonor Carneiro e de João Álvares Pamplona.
Irmão de Maria Carneiro, foi administrador no morgadio que esta instituiu em
1542239. Após a morte de Gaspar Pamplona, sem descendência240, a administração do
morgadio passou para o tio materno de ambos, Pantaleão Carneiro.
Cursou leis em Coimbra, onde se encontrava entre os anos de 1540241 e 1542242,
surgindo em 1543 já designado por licenciado243.
Cavaleiro fidalgo244, foi mercador com negócios em Ponta Delgada no ano de
1554245, foi ainda vereador nos anos de 1559 (onde aparece designado por fidalgo na
sessão de 21 de janeiro), 1566, 1576246.
230 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista..., p. 84. 231 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 84. 232 ADB, pergaminhos não identificados, doc. n. n.. 233 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 84. 234 BNP, ALB, Roma, cx. 86B, cap. 1, cota antiga: M 6 N 29. 235 ADB, pergaminhos não identificados, doc. n. n..; BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6,
doc. 1. 236 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 237 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 84. 238 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 239 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 240 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 241 AUC, Índice de alunos da Universidade de Coimbra, liv. 3, fl. 33, caderno 3.º. 242 Onde se encontrava quando a sua irmã redigiu o testamento onde o nomeava administrador da capela
por si fundada. BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 243 ADB, pergaminhos não identificados, doc. n. n.. 244 ADB, pergaminhos não identificados, doc. n. n.. 245 BNP, ALB, Roma, cx. 108, cap. 1, doc. n. n.. 246 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 84.
26
Confrade da Misericórdia do Porto em 1559247, seu provedor em 1566-1567248 e
mesário em 1570-1571249.
Falecido antes de sua mulher, a viúva instituiu em 18 de fevereiro de 1593 uma
capela com missas em S. Domingos, para a qual legou os seus casais da Rebordosa, no
julgado de Aguiar de Sousa, que rendiam 54 alqueires de pão meado250.
SSC 02.03 - Ana de Sousa (flor. 1548)
Filha de João de Sousa Homem de Carrazedo e de Isabel Pinheiro251.
SSC 02.04 - Maria Carneiro (flor. 1530252-1542253)
Filha de Leonor Carneiro e de João Álvares Pamplona. Não teve descendentes
diretos (filhos).
Em 1542 instituiu uma capela254 com o que lhe ficara da legítima do pai255, a qual
à data ainda não tinha sido partida por sua mãe e irmãos256.
Deixou por administrador da capela o seu irmão Gaspar Pamplona e os
descendentes deste, de legítimo matrimónio, privilegiando a linha direta, masculina e
primogénita. A capela tinha obrigação de nome Carneiro, o que podia originar a sua perda
para quem não o usasse, podendo acumular outro apelido por obrigação de outro vínculo,
mesmo que fossem três ou quatro apelidos257.
Em 1580258 Álvaro de Valadares tomou posse deste morgadio, afirmando que este
fora instituído pela sua prima, e que como Gaspar Pamplona não teve descendentes, o
morgadio teria de passar para a linha descendente de Pantaleão Carneiro, tio da
247 BASTO, Artur de Magalhães – História da Santa Casa da Misericórdia do Porto, vol. I, p. 415. 248 BASTO, Artur de Magalhães – História da Santa Casa da Misericórdia do Porto, vol. I, p. 419; MELO,
Filomena – “Gaspar Pamplona”. In SOUSA, Fernando de (coord.) – Os provedores da Santa Casa da
Misericórdia do Porto. 1499-2017. Vol. I, Porto: Almedina, 2017, p. 328. 249 MELO, Filomena – “Gaspar Pamplona”, cit., p. 328. 250 ADP, Convento de S. Domingos, liv. 21, fl. 50v. e liv. 35, fl. 355. 251 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 84. 252 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, cap. 1, cota antiga: M 101 N 3. 253 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6. 254 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 255 Uma terça de umas casas que seu pai fizera na Rua dos Mercadores e que deixou em sucessão a seu
irmão Gaspar, e por morte deste foi entregue a João de Valadares Carneiro, seu primo, em 1580. BNP,
ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 1. 256 As partilhas ocorreram a 11 de maio de 1543, na presença de Leonor Carneiro, a mãe, Gaspar Pamplona
e Beatriz Carneiro, casada com o licenciado Duarte Rangel, que abdicou do seu quinhão. ADB,
pergaminhos não identificados, doc. n. n.. 257 Obrigatoriedade que chegou até ao século XVIII, no nome de “família” de Mariana Luísa de Valadares
Carneiro Amaral, casada com Francisco Furtado de Mendonça Meneses. 258 BNP, ALB, Enc., cx. 1, cap. 5, cota antiga: M 5 N 6, doc. 2.
27
instituidora. Apesar de não haver linha varonil primogénita, havia, no entanto, linha
feminina (Antónia Carneiro, filha única de Pantaleão Carneiro e Filipa Moreira), pelo que
o morgadio foi entregue a João de Valadares Carneiro, filho de Álvaro de Valadares e
Antónia Carneiro.
I.01.06 - Subsubsubsistema CARNEIRO RISCADO (flor. 1515-1538)
SC 01 – CARNEIRO RISCADO
SSC 01.01 - Isabel Carneiro (flor. 1515259); João Álvares Riscado (flor. 1515260-
1538261)
O casal já se encontrava casado em 1515, ano em que se procedeu ao inventário
dos bens por morte de Diogo Carneiro, pai de Isabel Carneiro.
SSC 01.02 - Isabel Carneiro (flor. 1515)
Filha de Diogo Carneiro e de Maria Vieira. Em 1538 foi intimada a pagar certa
soma ao irmão Pantaleão Carneiro, tutor das sobrinhas gémeas, Margarida e Ana, de dois
anos e cinco meses de idade, filhas da falecida sua irmã, Beatriz Carneiro, por Diogo
Brandão, juiz dos órfãos do Porto e por Martim Velho, antigo juiz dos órfãos no Porto262.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
SSC 01.03 - João Álvares Riscado (flor. 1515-1538)
Cidadão do Porto263, possivelmente familiar de Pedro Vaz Riscado (flor. 1510264-
1540265).
I.01.07 - Subsubsubsistema CARNEIRO SOARES (flor. 1515-1560)
SC 01 - CARNEIRO SOARES
259 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, n.º 137, cap. 1; Roma, cx. 81A, n.º 91, cap. 1, doc. 2. 260 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, n.º 137, cap. 1; Roma, cx. 81A, n.º 91, cap. 1, doc. 2. 261 BNP, ALB, Roma, cx. 108, cap. 2, doc. n. n.. 262 BNP, ALB, Roma, cx. 108, n.º 169, cap. 2, doc. n. n .. 263 BNP, ALB, Roma, cx. 108, n.º 169, cap. 2, doc. n. n .. 264 BNP, ALB, Roma, cx. 86B, cap. 1, cota antiga: M 6 N 23. 265 Casado com Isabel Afonso Cigarra, ainda viva em 1540. BNP, ALB, Roma, cx. 86B, cap. 1, cota antiga:
M 6 N 27.
28
SSC 01.01 - Beatriz Carneiro (flor. 1515266-1535267); Fernão Soares [de Albergaria]
(flor. 1508268-1535269)
O casal já se encontrava casado em 1515, ano em que se procedeu ao inventário
dos bens por morte de Diogo Carneiro, pai de Beatriz Carneiro270. Foram pais de António
Soares, Manuel Soares de Albergaria, Gaspar Soares, Diogo Carneiro Soares, Fernão
Soares, Maria Carneiro, Catarina Carneiro, Cecília Carneiro271, Jorge Soares, João
Soares272 e ainda Margarida e Ana273, gémeas, das quais foi tutor Pantaleão Carneiro.
SSC 01.02 - Beatriz Carneiro (flor. 1515-1535)
Filha de Diogo Carneiro e de Maria Vieira.
Já era casada em 1515, ano do inventário dos bens por morte de seu pai274.
Faleceu antes de fevereiro de 1535, como consta do prólogo de um livro de contas
que o seu irmão Pantaleão Carneiro fez para apontamento dos pagamentos aos sobrinhos
orfãos275. Pela carta de partilha dos bens do casal entre os seus filhos, em 1536, sabemos
que residiram na Rua dos Mercadores e que possuíam, entre outros bens de casa e joias,
“um pano de armar bem velho com figuras”276.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
SSC 01.03 - Fernão Soares [de Albergaria] (flor. 1508-1535)
Cidadão e vereador no Porto em 1508277. A sua sogra Maria Vieira emprazou-lhe
o moinho de Feveras, prazo esse que foi confirmado por Pantaleão Carneiro seu cunhado,
em data não determinada278, mas posterior a 1515, data do inventário dos bens de Diogo
Carneiro, em que o mesmo assunto foi mencionado.
266 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 267 BNP, ALB, Roma, cx. 82 III, n.º 95, cap. 6, cota antiga: M 54 N 18. 268 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 68. 269 BNP, ALB, Roma, cx. 82 III, n.º 95, cap. 6, cota antiga: M 54 N 18. 270 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 4, fl. 69-80. 271 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 4, doc. n. n.. 272 BNP, ALB, Roma, cx. 82 III, n.º 95, cap. 6, cota antiga: M 54 N 18. 273 BNP, ALB, Roma, cx. 108, n.º 169, cap. 2, doc. n. n.. 274 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, doc. 2; cx. 81A, cap. 1, doc. 1. 275 “emtregas das fazendas de meus sobrynhos fylhos que foram de fernão soarez e de bryatiz carneira
mynha jrmãa que me forom entregues aos 17 dias de feuereiro do anno de 1535 annos que fuj encaregado
por titor delles//”. BNP, ALB, Roma, cx. 82 III, cap. 6, cota antiga: M 54 N 18. 276 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, fl. 70v. 277 BRITO, Pedro de – Patriciado urbano quinhentista…, p. 68. 278 BNP, ALB, Enc., cx. 44A, n.º 137, cap. 2, cota antiga: M 101 N 12.
29
SC 02 - CARNEIRO CORREIA
SSC 02.01 - Catarina Carneiro (flor. 1538279-1560280); Simão Correia (flor. 1538281-
1548282)
O casal já se encontrava casado em 1538.
SSC 02.02 -Catarina Carneiro (flor. 1538-1560)
Filha de Fernão Soares e Beatriz Carneiro.
Cerca de 1538283 recebeu em dote para casamento, em cujo ato estiveram
presentes o seu tio Pantaleão Carneiro e a tia Isabel Carneiro, um prazo no mosteiro de
Lorvão, de que ela era a segunda pessoa, um prazo no cabido da Sé (de que era a última
pessoa), um prazo nos moinhos do Rio de Feveras284, de que era a segunda pessoa, outro
no Lordelo, para além de objetos em prata, ouro, tapeçarias e outros bens de casa285.
SSC 02.03 - Simão Correia (flor. 1538-1548)
Cavaleiro fidalgo, em 1548 deu carta de quitação do dote de sua mulher286.
SSC 02.04 - Gaspar Soares (flor. 1536287)
Filho de Beatriz Carneiro e Fernão Soares, foi ele quem deu início à partilha dos
bens dos pais em 1536.
I.01.08 - Subsubsubsistema MOREIRA PIRES (flor. 1498-1534)
SC 01 - MOREIRA PIRES
SSC 01.01 - João Afonso Moreira (flor. 1498288-1526289); Maria Pires de Neiva (flor.
1498290-1534291)
279 BNP, ALB, Enc., cx. 42A, cap. 2, cota antiga: M 112 N 8; Roma, cx. 60, fl. 239-240. 280 BNP, ALB, ANTT, cx. 1, doc. 1251. 281 BNP, ALB, Enc., cx. 42A, cap. 2, cota antiga: M 112 N 8; Roma, cx. 60, fl. 239-240. 282 BNP, ALB, Enc., cx. 15A, cap. 2, doc. n. n.; cx. 8A, cap. 4, doc. n. n.. 283 Data incerta, uma vez que a escritura de dote não está datada, sabemos que a tia Isabel Carneiro já era
viúva de João Álvares Riscado. BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 239-240. 284 Que já havia sido de seus pais. BNP, ALB, Roma, cx. 58, fl. 4. 285 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 239-240. 286 BNP, ALB, Enc., cx. 8A, cap. 4, doc. n. n.. 287 BNP, ALB, Roma, cx. 60A, fl. 69-80. 288 BNP, ALB, Enc., cx. 42, cap. 2, doc. n. n.. 289 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 250-252. 290 BNP, ALB, Enc., cx. 42, cap. 2, doc. n. n.. 291 BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 385.
30
João Afonso Moreira estava casado com Maria Pires em 1498 e foram pais de
Filipa Moreira.
SSC 01.02 - João Afonso Moreira (flor. 1498-1529)
Cidadão do Porto292. Em 1498 comprou a sua sogra Beatriz Eanes uma metade de
um pardieiro na praça da Ribeira do Porto. Já estava falecido em 1526293.
SSC 01.03 - Maria Pires de Neiva (flor. 1498-1534)
Filha de Pedro Álvares do Souto, mercador, já falecido em 1498, e de Beatriz
Eanes294.
Realizou o seu testamento em 1534295. Em 1585 foi passado um precatório sobre
a sua herança296.
SC 02 - MOREIRA
SSC 02.01 - Filipa Moreira
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
I.01.09 - Subsubsubsistema VIEIRA (flor1455-1503)
SC 01 - VIEIRA ÁLVARES
SSC 01.01 - Lopo Vieira (flor. 1455297-1503298); Beatriz Álvares (flor. 1468299)
O casal estava casado cerca de 1455 e foram pais de Maria Vieira, casada com
Diogo Carneiro.
SSC 01.02 - Lopo Vieira (flor. 1455-1503)
Filho de Afonso Vieira300? Cidadão, escudeiro do rei301.
Ocupou funções camarárias no Porto entre 1455 e 1489, estando documentada a
sua presença nos anos de 1454 a 1489, anos em que exerceu os cargos de: enquanto oficial
292 BNP, ALB, Enc., cx. 42B, cap. 2, doc. n. n.. 293 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 250-252. 294 BNP, ALB, Enc., cx. 42, cap. 2, doc. n. n.. 295 BNP, ALB, Roma, cx. 58A, fl. 385. 296 BNP, ALB, Enc., cx. 42B, cap. 2, doc. n. n.. 297 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”…, p. 159 298 BNP, ALB, Roma, cx. 106A, cap. 4, cota antiga: M 114 N 13. 299 BNP, ALB, Enc., cx. 12A, cap. 1, cota antiga: D 6 M 6 N 4. 300 BNP, ALB, Roma, cx. 70A, n.º 49, cap. 3, cota antiga: M 112 N 1. 301 BNP, ALB, Enc., cx. 12A, cap. 1, cota antiga: D 6 M 6 N 4.
31
sorteado exerceu o cargo de almotacé em 1461, 1465, 1482, 1486, 1487 e 1488;
procurador em 1466/1467; 1473/1474; vereador em 1462/1463; 1479/1480 e 1488/1489.
Como oficial substituto foi procurador em 1478/1479 e juiz no ano de 1479/1480 e
1488/1489.
Foi convocado para uma reunião camarária em 1481 e escolhido para ir ao julgado
de Penafiel contabilizar homens em idade de serem mobilizados em 1475302.
Ver Subsubsistema I.01 - CARNEIRO I
I.02 - Subsubsistema COSTA SOARES (flor. 1585-1596)
SC 01 - COSTA
SSC 01.01 - Maria da Costa (flor. 1595303)
Filha de Afonso da Costa304, irmã do mestre escola da Sé do Porto, Manuel da
Costa. Foi nomeada, em 1589, pela sua sobrinha Isabel Soares nos prazos que esta
detinha305. Estava viva em 1595 quando dotou a sua criada Maria Antónia para casar com
António de Azevedo306.
SSC 01.02 - Manuel da Costa (flor. 1585307-1590308)
Filho de Afonso da Costa309. Mestre escola da Sé do Porto310, tio e tutor de Maria
da Costa Soares e sua irmã Isabel Soares, freira no mosteiro de S. Bento do Porto em
1589311.
302 COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”…, p. 159 e bibliografia
citada; ANTT, Chanc. D. Afonso V, liv. 14, fl. 1; Leitura Nova. Além Douro, liv. 1, fls. 112-114; liv. 4, fl.
55v. 303 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 1, doc. n. n.. 304 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 1, doc. n. n.. 305 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 357-359. 306 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 299-302. 307 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo…, vol. I, p. 240. 308 MELO, Filomena – “Manuel da Costa”. In SOUSA, Fernando de (coord.) – Os provedores da Santa
Casa da Misericórdia do Porto. 1499-2017. Vol. I, Porto: Almedina, 2017, p. 419-423. 309 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 1, doc. n. n.. 310 BNP, ALB, Roma, cx. 81A, cap. 4, doc. n. n.. 311 Licença do juiz dos órfãos para Manuel da Costa mestre escola, tutor de duas sobrinhas, filhas do
licenciado Francisco Soares, poder dotar ao mosteiro de S. Bento do Porto 300.000 reais para Isabel Soares
fazer profissão da sua legítima. Braga, janeiro de 1589. BNP, ALB, Roma, cx. 74, n.º 61, cap. 5, doc. n. n..
e da qual recebeu quitação em 1591. BNP, ALB, Enc., cx. 52A, cap. 1, doc. n. n..
32
Recebeu uma tença em 1585 como compensação das pilhagens a que foi sujeito
por parte das tropas de D. António312. Em 1586 foi escrivão dos bens e fazenda de D.
Lopo de Almeida313 e provedor da Misericórdia do Porto em 1589-1590314.
SC 02 - SOARES
SSC 02.01 - Isabel Soares (flor. 1588315-1596316)
Neta de Marta de Castilho317, filha do licenciado Francisco Soares e Beatriz
Mendes de Vasconcelos318 e irmã Maria da Costa Soares, primeira mulher de João de
Valadares Carneiro319.
Freira em S. Bento do Porto em 1589320, nomeou os prazos que possuía na sua tia,
prima irmã de sua mãe, Maria da Costa321, revogando a doação que havia feito a Maria
da Costa Soares no ano anterior322.
SSC 02.02 - Maria da Costa Soares
Ver SUBSISTEMA I - VALADARES
I.03 - Subsubsistema MACHUCHO I (flor. 1401-1496)
Considerámos a família Machucho a partir do casamento de João Geraldes
Machucho, contador da cidade do Porto durante o reinado de D. João I323, com Leonor
Vasques (m. 1423324).
SC 01 - GERALDES VASQUES
312 SILVA, Francisco Ribeiro da – O Porto e o seu termo..., vol. I, p. 240. 313 MELO, Filomena – “Manuel da Costa”, cit., vol. I, p. 420. 314 MELO, Filomena – “Manuel da Costa”, cit., vol. I, p. 419-423. 315 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 344-349. 316 BNP, ALB, Roma, cx. 108, cap. 2, doc. n. n.. 317 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 357-359. 318 Já falecidos em 1591. BNP, ALB, Enc., cx. 52A, cap. 1, doc. n. n.. 319 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 344-349. 320 BNP, ALB, Roma, cx. 75, cap. 5, doc. n. n.. 321 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 357-359. 322 BNP, ALB, Roma, cx. 60, fl. 344-349. 323 BRITO, Pedro de - Patriciado urbano quinhentista…, p. 80. 324 João Geraldes foi ainda casado com Inês Sanches (fl. 1401) e Isabel Vasques (fl. 1431). BNP, ALB,
Enc., cx. 42, cap. 6; Roma, pac. 83, n.º 099, cx. 83III, cap. 1, doc. 3; Roma, cx. 104, cap. 4, cota antiga:
132; “Vereações”. Anos de 1401-1449, p. 59
33
SSC 01.01 - João Geraldes Machucho (flor. 1390325-1431326); Inês Sanches (flor.
1401327-1423328); Leonor Vasques (flor. 1423329); Isabel Vasques (flor. 1431330)
João Geraldes Machucho foi casado três vezes: entre 1401331 e 1423332 com Inês
Sanches, em 1423 com Leonor Vasques333 e em 1431 com Isabel Vasques334.
Foi do casamento com Leonor Vasques que nasceram335 três filhos336: Leonor
Eanes, Senhorinha Eanes e João Eanes Machucho.
SSC 01.02 - João Geraldes Machucho (flor. 1390-1431)
Contador da cidade do Porto durante o reinado de D. João I337. Esteve presente
nas reuniões da vereação camarária do Porto entre os anos de 1390 e 1391338 e 1401 e
1403339.
325 Data de presença em reunião camarária. Vereaçoens”. Anos de 1390-1395. Comentários de A. de
Magalhães Basto, Porto: Câmara Municipal, s. d., p. 38 326 Data do último documento que produziu. BNP, Roma, cx. 83III, n.º 99, cap. 1, doc. 3. 327 BNP, ALB, Enc., cx. 42, cap. 6, doc. n. n. 328 AHMP, Pergaminhos, perg. 727 (B-216). 329 BNP, ALB, Roma, cx. 104, cap. 4, cota antiga: 132. 330 BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 99, cap. 1, doc. 3. 331 Inês Sanches (fl. 1401) surge como esposa de João Geraldes num escambo de um terreno em 1401. BNP,
ALB, Enc., cx. 42, cap. 6, doc. n. n.; “Vereações”. Anos de 1401-1449, p. 59. 332 AHMP, Pergaminhos, perg. 727 (B-216). 333 BNP, ALB, Roma, cx. 104, cap. 4, cota antiga: 132. 334 BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 99, cap. 1, doc. 3. 335 Uma vez que Leonor Vasques estava casada em 15 de novembro de 1421 com o mercador João Sousa
e em 18 de julho de 1423 já era falecida, ficando João Geraldes por seu viúvo e tendo deixado três filhos,
de que não se indica a idade, leva-nos a pensar que os filhos talvez pudessem ser apenas de Leonor Vasques
e não de João Geraldes. Com efeito, cremos que se trata da mesma Leonor Vasques presente no contrato
da casa da Rua de Congostas aforada em 1421 pelo casal João Sousa e Leonor a Afonso Eanes e no contrato
de 1431, feito por João Geraldes a Diogo Gomes, onde se afirma que o anterior emprazador era esse mesmo
Afonso Eanes. BNP, ALB, Roma, cx. 83III, n.º 99, cap. 1, doc. 2 e 4. 336 Segundo Pedro de Brito o casal João Geraldes e Leonor Vasques teve ainda uma outra filha, Inês Anes,
que casou com João Afonso, o qual herdou o cargo de contador do rei como dote. BRITO, Pedro de –
Patriciado urbano quinhentista..., p. 80. 337 Segundo Pedro de Brito (Patriciado urbano quinhentista…, p. 80 e 272) o cargo terá sido transmitido
não ao seu filho João Eanes Machucho, mas sim a João Afonso, seu genro, casado com Inês Eanes, que
parece ter recebido o cargo por dote. O casal não teve descendentes, pelo que o cargo foi transmitido à
família Brandão. No entanto, pela documentação compulsada no ALB, não temos qualquer registo de uma
Inês Eanes como filha de João Geraldes, pelo que cremos que seja errónea esta afirmação. 338 “Vereaçoens”. Anos de 1390-1395, p. 38 (presente na sessão de 24 de outubro de 1390); 42 (presente
na sessão de 17 de novembro de 1390), 111 e 113 (presente na sessão de 4 de outubro de 1391). 339 “Vereaçoens”. Anos de 1401-1449, p. 46, 49, 59-64 (presente na sessão do dia 10/12/1401- o escambo
do olival), 68-69, 76, 81, 113, 146, 161, 163, 164, 168, 170-172, 185.
34
Em 1423, já viúvo de Leonor Vasques340, fez uma carta de doação dos bens que
lhe haviam ficado por sua morte aos filhos do casal341.
Das propriedades detidas pela família destacamos o terreno escambado junto à
porta do Olival, em 1401, que decisão camarária, conjugada com promoção régia,
destinou à traça de uma nova rua e praça, testemunho do alargamento da cidade pela
urbanização do morro do olival, como refere Arnaldo de Sousa Melo e José Ferrão
Afonso342.
SC 02 - MACHUCHO FRANÇA
SSC 02.01 - João Eanes Machucho (flor. 1442343-1489344); Maria de França (flor.
1447345-1494346)
O casal já se encontrava casado em 6 de julho de 1447, data de uma carta de
quitação que João Eanes recebeu, como procurador da cidade, e onde é referido como
genro do mestre Janim347.
Pais de Beatriz Eanes de França, Isabel de França, João de Barros I348 e Pedro
Eanes Machucho.
SSC 02.02 - João Eanes Machucho (flor. 1442-1489)
Filho de João Geraldes e Leonor Vasques.
340 Antes de casar com João Geraldes, fora casada, entre 1403 e 1421, com o mercador João Sousa, o qual
celebrou um contrato de emprazamento em duas vidas com Afonso Eanes, cambador, de umas casas na rua
das Congostas, que partiam com o hospital de Martim de Barcelos e com o eixido de Vasco de Cubas, com
o foro de 10 maravedis além da pensão que pagavam a Albergaria de Roque Amador. As casas tinham sido
compradas ao Mosteiro de Vairão em 1389. BNP, ALB, Roma, pac. 83, n.º 099, cx. 83III, cap. 1, doc. 2 e
4. 341 BNP, ALB, Roma, cx. 104, n.º 159, cap. 4, doc. n. n.. Veja-se atrás o que foi dito na nota 335. 342 MELO, Arnaldo Sousa; RIBEIRO, Maria do Carmo - “Os construtores das cidades de Braga e Porto
(séculos XIV a XVI)”. História da construção - os construtores. coord. pelos mesmos. Braga: CITCEM,
2011, p. 117-118 e bibliografia citada; AFONSO, José Ferrão – A rua das Flores no século XVI…, p. 27,
44, 47. 343 BNP, ALB, Roma, cx. 58; COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da – “Vereação” e “Vereadores”…,
p. 143-144. 344 Data da última presença em reunião camarária. COSTA, Adelaide Lopes Pereira Millan da –
“Vereação” e “Vereadores”…, p. 143-144. 345 BNP, ALB, Roma, cx. 114 II, cap. 1, doc. n. n. 346 BNP, ALB, Enc., cx. 42, cap. 2, doc. n. n. 347 BNP, ALB, Roma, cx. 114 II, cap. 1, doc. n. n. 348 Pai de Filipa de Barros (casada com Paio Correia, escudeiro fidalgo do Marquês de Vila Real) e de
Briolanja Barros (casada com o bacharel Diogo Gonçalves, por sua vez pais de João de Barros, autor da
obra “Espelho de casados”). BNP, ALB, Roma, cx. 70, doc. 8; BRITO, Pedro de - Patriciado urbano
quinhentista..., p. 80-81; SILVA, Innocencio Francisco da – Diccionario Bibliographico Portuguez. Vol.
X, p. 189.
35
Cidadão do Porto, mercador349 e escudeiro do Infante D. Pedro350, selador dos
panos da Alfândega do Porto351. Ocupou funções camarárias no Porto entre o ano de 1442
e 1488, estando documentada a sua presença entre os anos de 1442 e 1489