Post on 11-Mar-2016
description
As flores do meu caminhoVale do Jequitinhonha - MG - Brasil ][
As Flores do Meu Caminho
Permita-se ver o Vale do Jequitinhonha de uma forma diferente.
Bruna Casitas
é um relatório fotográfico com leiturapoética. Que visa acima de tudo mostrar um pouco da beleza do Valedo Jequitinhonha, região pobre e seca, porém bela, do norte deMinas Gerais.
O ensaio é feito com flores simples e comuns, nativas daquela região,que podem facilmente ser observadas nas estradas de terra batidaque ligam muitas cidadezinhas e povoados pobres do Vale.
As fotos são acompanhadas cada uma por uma poesia, que tentaigualmente mostrar com versos e flores simples, que apesar de pobreo Vale tem muitas riquezas a ofertar.
Minha eterna gratidão a tudo etodos que compõem minhas origens.Origens que a meu modo retrato nestaspróximas e breves páginas.
Soneto a Esperança a Beira do Caminho
Exuberância simplesQue não há preço que pague
Luminosidade leveQue simples sendo só a pureza desperte
Bela esperançosaCom um olhar se faz vitoriosa
Ganhadora do olhar atentoGlamorosa se torna ao seu entendimento
Mas há de existirLeveza e poesia a guerrear
Com a solidez insensível cravada no olhar
E a simples vitoriosa irá despertarOs todos sentidos prazerosos que pode ofertar
A tímida e singela florzinha a desabrochar
Bela da Estrada
Oh Bela gentilQue enfeita e perfuma o caminho
Mesmo sem ser notadaSó tendo o passante e a poeira da estrada
Oh Bela florzinha da estradaTens formas insinuantes
Que com o orvalho a molha-laFazem doer e mais lembrar da bela amada a esperar
Desejada e singela da estradaPorque teimas em me lembrar
O belo corpo da bela que em meus braços já não está
Posto que tais lembranças mais pressa me dáAos braços de minha querida encontrar
Deixando-a só novamente com a poeira que restará
Dolorosa Alvura
Alva de simples almaVejo em sua brancura refletir
Minha pura imagem claraTendo o peito vazio sem nunca sentir o fogo do amor invadir
Mas vejo também refletirManchas rubras de sangue do meu peito agonizante
Manchando sua brancura angelicalCom a dor de um amante
Candura sua que se revelaPura neve branca
Que congela e com isso conservaA dor cravada em suas pétalas
Dor fria, sem cor, sem vidaQue também carrego no fundo oculto de minha vida
Quando eu morrer
Me seja nesta horaComo os belos insetos lhe são agoraAos ventos espalhando sua vivezaE toda vida semeando sua beleza
Nasça e espalha ti sobre o solo sagradoQue agora guarda o corpo cansado
Fazendo chegar aos meus queridos encarnadosMinha viva mensagem do caminho iluminado
Fecunde lucidez aos revoltadosDe olhos cerrados aos grandes mistérios desvendados
Semeie alegria no peito inerte inconformado
Represente as flores puras de minha alma máculaMaterializando minha pele em suas pétalas pálidas
Faz-me ser tocada e por todos acariciada
A Dor Transformada em Flor
Talvez nem saiba que lhe quis um diaQuis e quero ainda tanto, que de tudo fiz
Mas o querer que tenho por tiNunca me fez e nunca me fará sorrir
Um querer que tanto causou sofrerTanto, tanto que num ensolarado dia decidi:
Não quero ver no mundo ninguém por amor padecerE neste dia, o céu se fez chover
A partir daí, eternizada fuiEm pétalas cor de sangue
Cor do meu querer ardente e agonizanteTransformando a dor em um vermelho alegre e vibrante
E hoje vivo enfeitando e inspirandoAmores ardentes que por aqui vivem passando
Miudezas
Quando a observoNão é algo consciente
Nem planejadoNem ao menos sonhado
Apenas a achoQuando em pensamentos pedida acabo
Encontrando miudezas belas neste matoQue por convicção em minha alma resolvo dar espaço
Mas sim, sou felizPor não ser sozinha e saber apreciar sua companhia
Por não ser triste e tê-la a alegrar minha vida
E a vocês miudezas inspiradoras desta hora boaSou grata pela certeza libertadora
Que sempre farão transbordar de emoção os caminhos desta sonhadora
Espinhos Afiados
De todos os tipos de amores que há no mundoEm todos eles o mesmo infinito querer de estar junto
Com um poder sempre absolutoDe enlouquecer mentes e corpos, fazendo de emoções um dilúvio
E num arroubo encantado, quase a arranquei até o taloQuis leva-la e para sempre tê-la ao meu lado
Mas como num estalo, dei-me conta do estragoMataria sua beleza ao quere-la só para meu agrado
Se assim o fizesse como seria o fardoDos inocentes meninos com os ombros de lenha abarrotados
Das mulheres que lavam suas imensas trouxas neste rio lendário ?
Nenhum deles teriam mais seu cansaço amenizadoE nem seriam mais identificados
Com sua beleza coroada por espinhos afiados
Por este longo caminhoA esta terra distanteVocês se tornam calmantes vinhosNesta viagem longa e inquietante
As saudades quase sufocandoDaquele olhar belo e distanteE o cenário da estrada passandoMe mostra estas belezas inebriantes
Consigo então acalmar a pressaE suas cores diversas por um longo tempo apreciarParecem querer preparar meu olhar para que mereçaVer a mais bela flor que vai encontrar
A Flor que não está no caminhoE nem brotou como um presente
Deste chão rico e sequinhoMas foi plantada num jardim reluzente
Tem raízes profundas e sua beleza é grandiosaE as pétalas contam históriasDas minhas raízes honrosasDe onde vim e para onde vou agora
Por isso, minha querida ROSAEscute-me agoraPois falei baixinhoPara não entristecer quem animou meu caminho
És a mais formosaE de todas a mais cheirosaPois exala em seu perfumeA nossa bela história
Minha Querida RosaDedicada a minha querida Avó: Dona Rosa