Post on 08-Nov-2018
AS NASCENTES DO RIO DA VARZEA
Autora: Professora PDE: Maria das Dores Alves de Sousa
Professor Orientador UTFPR: José Carlos Bianchi
Resumo
Apesar de dois terços da superfície do planeta estar coberta por água, a
sua escassez tem sido apontada como um dos problemas mais preocupantes
para a humanidade, o mundo está ficando sem água doce. A humanidade está
poluindo, desviando e esgotando as fontes finitas de água na Terra. A cada
dia, mais pessoas estão vivendo sem acesso à água limpa. O número de
crianças mortas devido a água suja supera o de mortes por guerra, malária,
AIDS e acidentes de trânsito. O suprimento de água potável está rapidamente
se esgotando, devido a fatores como: má uso dos recursos hídricos, aumento
da população, desperdício de água em irrigação, uso inadequado das terras e
desmatamento. O Objetivo do trabalho foi trazer para a discussão em sala de
aula além dos temas citados acima o estado de conservação das nascentes
que desembocam no Rio da Várzea no município de Tijucas do Sul. A
metodologia utilizada foi a pesquisa literária, seminários, elaboração de textos,
questionários e pesquisa de campo, articulando as atividades com os
conteúdos da disciplina de Biologia. Os alunos tiveram a oportunidade de
conhecer algumas nascentes e verificar a mata ciliar destas nascentes.
Participaram também de visitas na Unidade de Saúde do município de Tijucas
do Sul, onde foi possível pesquisar doenças causadas pelo consumo de água
poluída. A metodologia utilizada permitiu que os objetivos propostos fossem
atingidos despertando a curiosidade e participação dos alunos no
desenvolvimento do projeto.
Palavras Chaves: Água; Poluição: Escassez; Água Contaminada; Lixo.
1. INTRODUÇÃO
O Projeto desenvolvido no Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima
Camargo, pela professora Maria das Dores, teve o objetivo de criar condições
para que os alunos do 2º ano do Ensino Médio, desenvolvessem uma atitude
crítica em relação aos cuidados com as nascentes do Rio da Várzea,
preservando a água consumida pelos habitantes do município de Tijucas do
Sul.
O Projeto teve caráter interdisciplinar com atividades envolvendo as
diversas disciplinas da Matriz Curricular do Ensino Médio, trazendo para a sala
de aula, um universo de significações, que permitiram uma reflexão sobre os
problemas encontrados nas nascentes do Rio da Várzea e a influência sobre a
população do município Tijucas do Sul a curto e longo prazo.
Teve a pretensão de transformar a sala de aula em local de trabalho
criativo, onde as aulas reprodutoras deram espaço a um trabalho desafiador,
não privilegiando o professor como detentor do conhecimento, mas o
orientador da aprendizagem e o aluno ator principal do processo investigativo.
Atualmente este modelo está modificado, os bens naturais para o
consumo de todos, como a água doce e potável, está escassa e em alguns
locais do planeta, inacessível para muitos seres humanos, anunciando que se
novas atitudes não forem tomadas, estaremos rumando para situações
insustentáveis de sobrevivência.
Barlow, alerta para três cenários que conspiram em direção à
calamidade:
1º o mundo está ficando sem água doce. A humanidade está poluindo,
desviando e esgotando as fontes finitas de água na Terra.
2º A cada dia, mais pessoas estão vivendo sem acesso à água limpa. O
número de crianças mortas devido á água suja supera o de mortes por guerra,
malária, AIDS e acidentes de trânsito.
Mediante esta análise, desenvolveu-se o trabalho com os alunos do 2º ano
do Ensino Médio do Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima Camargo
objetivando trazer para a discussão os problemas ambientais, principalmente
os relacionados com a poluição da água, não só no mundo mais principalmente
nas nascentes do Rio da Várzea.
As atividades desenvolvidas e apresentadas pelos alunos tiveram o
objetivo de demonstrar a desvinculação do entendimento simplista, de que a
Educação Ambiental, é tão somente campanhas de reciclagem de lixo ou de
trabalhos executados durante a Semana do Meio Ambiente, ou ainda de
atividades desenvolvidas em dias festivos, como por exemplo, ao plantar uma
árvore, resolvemos os problemas ambientais.
2. O TRABALHO DO PROFESSOR
O homem é o centro das discussões ambientais, tanto como
protagonista como vítima da degradação ambiental.
Para Pimenta (1994), na sociedade civilizada, fruto e obra do trabalho
humano, cujo elevado progresso evidencia as riquezas que a condição humana
pode desfrutar, revela-se também uma sociedade contraditória, desigual, em
que grande parte dos seres humanos está à margem dessas conquistas, dos
benefícios do processo civilizatório.
Nesta perspectiva, o trabalho pedagógico coletivo e interdisciplinar do
professor, precisa caminhar numa perspectiva de inserção social crítica e
transformadora. Assim, foi trazido pelo professor para discussão na escola,
além dos temas relacionados com a poluição das nascentes, outros de suma
importância como: a falta de políticas agrícolas que fixem o homem à terra, o
inchaço dos anéis de miséria dos grandes centros urbanos, a ocupação ilegal
de terreno vulneráveis a desmoronamentos, emprego formal, o acesso á saúde
pública e ao lazer. Informando que a atuação da Educação Ambiental deve
buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à indiferença
através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e
dialógicas, quando houver o entendimento que o meio ambiente é comum a
todos é que será preservado.
O professor de Biologia além do embasamento teórico deverá estar
comprometido com a construção de um modelo de sociedade que prioriza o
desenvolvimento harmônico entre o homem e a natureza. E estar atento as
mudanças e as transformações que causam impacto ao ambiente causando
prejuízos ao bem estar social dos seres humanos.
É sua responsabilidade enquanto educador evidenciar as desigualdades
sociais diante do ambiente. Sabe-se que certos grupos sociais estão mais
expostos que outros a danos, como os sonoros, decorrentes da localização das
habitações, próximos de eixos de grande circulação ou de zonas industriais, e
os decorrentes da qualidade dos elementos vitais como: água, ar, alimentos ou
do lazer.
3. A INTERDISCIPLINARIDADE
O caráter interdisciplinar na elaboração de atividades nas diversas áreas
foi o tônico do projeto, trazendo para a escola um universo de significações,
que envolveram questões presentes no cotidiano, na vida, nas relações entre a
sociedade e a natureza.
Smelser (2003) distingue diferentes significados da interdisciplinaridade:
o de estrutura institucionalizada, em que diferentes disciplinas são
reunidas num centro de pesquisa;
o de uma cooperação , em que diferentes teorias e conceitos pinçados
de diferentes disciplinas, buscam esforços para encontrar analogias conceituais
para um mesmo assunto.
Diante deste conceito a sala de aula tornou-se um local de trabalho
criativo, onde as aulas reprodutoras dão espaço a um trabalho desafiador, não
privilegiando determinados conteúdos, o professor deixa de ser o detentor do
conhecimento, mas o orientador da aprendizagem e o aluno ator principal do
processo investigativo.
4. O GTR
O grupo de trabalho em rede – GTR faz parte do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, e contribui também para a formação
continuada dos professores da Rede Estadual do Paraná, é uma atividade que
acontece em ambiente virtual, tem o objetivo de socializar o Projeto de
Intervenção Pedagógica dos professores pedeanos.
O Projeto de Intervenção Pedagógica implantado no Colégio Estadual
Francisco Manoel de Lima Camargo, pode ser divulgado através do GTR e ter
a participação de professores da disciplina de Biologia da Rede Estadual do
Paraná, possibilitando a troca de experiências, a discussão sobre a
metodologia utilizada, e incentivando o desenvolvimento de projetos
semelhantes nas escolas públicas do Paraná.
A contribuição dos professores participantes do GTR foi muito rica,
experiências relatadas pelos participantes possibilitaram à professora pedeana
repensar sua proposta de Intervenção Pedagógica, revendo a metodologia de
algumas atividades, possibilitando enriquecimento do projeto e propiando
atingir os objetivos propostos. Os professores participantes do GTR foram
unânimes em afirmar que acharam o tema do Projeto de Intervenção
Pedagógica interessante, alguns informaram que desenvolvem em suas
escolas, projetos que abordam temas de Educação Ambiental e, outros
desenvolveram atividades semelhantes a do Projeto de Intervenção com suas
turmas. A troca de experiências durante o GTR foi bastante enriquecedora,
possibilitando uma maior reflexão sobre como abordar em sala de aula os
problemas relacionados com a poluição da água e os cuidados com as
nascentes de seus municípios, temas que não podem mais ficar fora das
discussões das aulas de Biologia.
5. HISTÓRICO DA ÁGUA
As populações humanas pré-históricas adaptaram-se às condições
naturais de suas regiões e, nas zonas áridas elas se concentraram nos vales
dos grandes rios, Nilo, Tigre, Eufrates, Indo.
Mas o homem procurou libertar-se desta sujeição; primeiro tirou proveito
das águas subterrâneas, e numerosos exemplos de poços chegaram até nós.
“Construídos pelos persas, eles eram feitos de pedra e cal para segurar
a camada de areia que atravessavam por 50 metros antes de atingir a água. O
vento a partir daí erodiu a areia por muitos metros, e os poços levantavam-se
em direção ao céu como um alinhamento de colunas. Tirava-se a água dos
poços antigos por meio de odres e jarras suspensos por cordas puxadas à mão
ou por animais de tração. (VILELA, p.85)”.
O homem procurou transportar a água até sua moradia, para dispor de
mais conforto.
A bacia do Indo, cerca de 3.400 anos a.C., era o local de uma civilização
muito desenvolvida, através de escavações, comprovou que dispunham nas
cidades de poços privados e públicos, numerosas casas possuíam sala de
abluções rituais, que servia também de lavatório, que escoava para um esgoto,
existiam piscinas públicas e latrinas.
Os gregos e romanos dominavam a técnica de distribuição de água. Os
romanos no ano de 312 a.C construíram os aquedutos, que traziam água das
montanhas para abastecer Roma, aproximadamente um milhão de metros
cúbicos de água era distribuído cotidianamente, sobretudo nas fontes públicas,
nos banhos e também nos jardins, local de lazer dos romanos.
No tempo da República Romana, a concessão para o uso privado só era
feita aos notáveis ou aqueles que tinham, prestado serviços relevantes, com a
concordância dos outros cidadãos. No Império, só o imperador podia conceder
este privilégio.
Na Idade Média, a água incentiva o aparecimento de novas atividades
econômicas como moinhos, tecelagem, trabalho em couro e tecidos.
O aumento da média de temperaturas permitiu o crescimento de áreas
cultivadas, o que influenciou no crescimento populacional em seu redor.
As indústrias implantaram-se ao longo dos canais, o que trouxe uma
segregação da população, os artesões vivendo nos pântanos e os outros
habitantes em terras mais altas e menos úmidas.
Na França, o banho de limpeza, isto é, o banho não terapêutico, é raro,
excepcional mesmo até o início do século XX. A maioria dos hospitais
parisienses, em torno de 1880, não dispunha de água corrente.
Após a Revolução Francesa, foram as municipalidades as quais eram
responsáveis pelos serviços de água e esgotos.
O direito da água se estruturou na história da seguinte forma:
O direito romano da água dá ao Estado central o privilégio de usar a
água de forma coletiva (aquedutos) acima da apropriação individual.
Entre os anglo-saxões a água é essencialmente objeto de uma partilha
entre os usuários locais cujos comportamentos se adaptam às regras de uso.
“Se o volume de água que virá das fontes está em condição de fornecer
para fontes públicas além do necessário, poder-se-á conceder água a muitos
cidadãos, a uns a título de honra ou de reconhecimento, por ter servido à
pátria, a outros que quererão adquiri-la a título de finanças’. (VILELA, p.93)”.
A generalização da alimentação de água a domicílio de todos os
cidadãos, como sobra de todos pelas redes de esgotos, está nos países
ocidentais e de fato somente no século XX.
6. UM RECURSO FINITO
O abastecimento de água no mundo está em crise, um bilhão de
pessoas não têm acesso à água potável; dois bilhões e meio não têm qualquer
forma de saneamento. Apesar dos diversos planos feitos pelas Nações Unidas
e por organismos internacionais desde a década de 70, não está havendo
melhora.
Segundo BARLOW (2009) O volume de água doce na Terra é fixo, o
planeta dispõe sempre de 1,386 bilhão de Km³ de água. Quase toda essa água
(97,5%) é salgada, espalhada por oceanos, mares e lagos salgados e
aqüíferos salinos. Dos 2,5% de água doce, mais de dois terços estão
indisponíveis ao ser humano, pois ficam contidas em geleiras, neves, gelos e
subsolos congelados. Da água doce, tecnicamente disponível para as pessoas
usarem, apenas uma porção muito pequena é encontrada na superfície da
terra, o restante está armazenado em aqüíferos. Embora essa água
subterrânea seja um recurso para muitos países, ela está sendo usada mais
depressa do que consegue se recompor.
Desse modo, à medida que a população cresce, e as aspirações dos
indivíduos aumentam, há cada vez menos água disponível por pessoa.
Por volta de 2050, estima-se que mais de 4 bilhões de pessoas, quase a
metade da população mundial, estarão vivendo em países com carência
crônica de água. (Salate, 2011).
A maior parte da água é utilizada na agricultura, principalmente nas
regiões mais secas do mundo. Na Europa e na América do Norte, a indústria
predomina, e a geração de energia consome a maior parte.
O uso doméstico da água é uma das formas mais evidentes de
consumo. Quando as pessoas ganham mais dinheiro e elevam o padrão de
vida, seu uso doméstico de água aumenta.
O volume de água utilizado para abastecer as áreas residenciais varia
de mais de 800 litros diários, no Canadá, a apenas 01 litro, na Etiópia. Em
alguns países em desenvolvimento, 20 litros de água por pessoa, diariamente,
são considerados um luxo.
O cultivo de alimentos utiliza muita água. São necessários mais 1.900
litros para cultivar apenas 01 quilo de arroz, as carnes de boi e de carneiro
consomem um volume muito maior de água.
Resolver esse problema da falta de água no mundo consiste em cultivar
mais alimentos com o uso de menos água. A irrigação é fundamental para
alimentar o mundo, mas para isso é interessante que seja utilizada a água de
forma eficiente.
A agricultura em escala industrial e o uso de produtos químicos para
aumentar a produção estão aumentando os problemas para suprimentos
mundiais de água.
A indústria utiliza cerca de 20% de toda água doce consumida no
planeta. Isso representa uma média de quase 130 metros cúbicos por pessoa,
anualmente. Nos países em desenvolvimento, 70% do lixo industrial é
despejado sem tratamento nas águas, poluindo tanto o suprimento subterrâneo
como o de superfície.( BARLOW, 2009)
A zona costeira é região de grande produtividade biológica, sustentando
vida marinha que engloba desde plâncton a peixes, tartarugas e baleias. A
maior parte dos peixes de água salgada consumidos é pescada ao longo de
uma região de 320 km a partir da praia. A cada ano, toneladas de sujeira são
depositadas nessas zonas costeiras e nas cabeceiras de rios. Uma parte
crescente desse depósito acumulado pode ser atribuída à erosão e à
desflorestação causadas pela intervenção humana. Além das descargas de
rios, outras causas contribuem para que a poluição chegue ao oceano:
escoamento de águas superficiais, transporte atmosférico, despejo de lixo,
acidentes de navios, entre outras.
Garrafas plásticas não-degradáveis e outros restos de consumo jogados
nas praias são carregados pelas correntes marítimas, causando a morte de
milhares de pássaros, peixes e mamíferos marinhos que os confundem com
alimento ou neles ficam aprisionados.
7. ÁGUA E SAÚDE
A maioria da população mundial não possui uma torneira de água em
casa e tem que caminhar para buscar água em baldes ou latas. As mulheres,
que residem em localidades que enfrentam essa situação, carregam cerca de
20 litros de cada vez. Embora o número de pessoas servidas por algum tipo de
suprimento de água pura tenha aumentado de mais de 4 bilhões, em 1990,
para quase 5 bilhões em 2000, isso significa que, com o aumento populacional,
o número de pessoas sem acesso ao suprimento de água pura permaneceu
em mais de 01 bilhão. A maior parte dessas pessoas vive na Ásia e África.
(Salati, 2011)
Mais de um terço da população mundial ainda vive com serviços de
saneamento inadequados. O descarte seguro das fezes humanas é um fator
básico na luta contra doenças infecciosas, e o esgoto sem tratamento constitui
um problema de saúde permanente.
Principais doenças disseminadas pelas águas: Cólera, Tifo, Filaria,
Diarréia, Poliomielite, tracoma. O Total de morte por água suja seja a 1,714
milhão.
Atualmente mais de 1 milhão de pessoas morre de malária, a Dengue
hoje afeta aproximadamente, 50 milhões de pessoas.
BARLOW indica que será necessário que sejam tomadas medidas
radicais para modificar o modo como as águas são manipuladas, as
perspectivas são desanimadoras. Por volta de 2025, o mundo pode enfrentar
uma grave falta de água. A consequência disso será a queda na produção de
alimentos, o que levará à desnutrição, às doenças e a um desastre ecológico.
8. METODOLOGIA
O Projeto foi pensado para ser desenvolvido no período de agosto a
dezembro de 2011, com as duas turmas de segunda série do Ensino Médio,
mas por motivos outros só pode ser concluído no primeiro semestre de 2012,
com essas turmas transformadas em um único terceiro ano.
O inicio do projeto se deu pela leitura de textos que trataram sobre a
poluição, a escassez, o consumo, os cuidados e a preservação da água no
planeta.
As atividades consistiram em vídeos sobre lixões, poluição de rios,
consumo desenfreado, o inchaço dos grandes centros urbanos, a escassez da
água em determinados países, gerando discussões em sala, visando despertar
o interesse para a verificação se há poluição das nascentes que desembocam
Rio da Várzea no município de Tijucas do Sul.
Para as atividades de campo os alunos foram divididos em 04 grupos de
10 a 12 alunos cada que percorreram algumas nascentes do Rio da Várzea,
identificando os focos de poluição e o desmatamento das margens.
Para identificar as mudanças ocorridas nas nascentes e a poluição do
Rio da Várzea, foi aplicado um questionário aberto para 50 moradores da
região, foi perguntado como a água era captada para o uso, se houve o
desaparecimento de olhos da água, minas de pedra, nascentes.
Oitenta por cento responderam que os poços atualmente precisam ser
mais profundos para atingir o lençol freático. Dos entrevistados 90% apontaram
o lixo urbano, embalagem de agrotóxicos, e o desmatamento como os
principais agentes poluentes, 10% não souberam identificar as causas, 100%
dos entrevistados apontaram que não há preocupação por parte dos
agricultores em preservar as nascentes, 80% desconhecem projetos
desenvolvidos pela Prefeitura do município de Tijucas do Sul para prevenir a
poluição das nascentes e finalmente 95% informaram que o município não
possui sistema de saneamento básico e todo o esgoto não é tratado.
Os alunos em visita ao Posto de Saúde do município, receberam dos
funcionários, que tem acesso ao fichário de atendimento dos pacientes, que as
doenças mais comum na população de Tijucas do Sul, principalmente as
crianças são: diarréias e verminoses originadas pela água não tratada.
Durantes as pesquisas em loco verificou-se grande quantidade de lixo e
desmatamento da mata ciliar em torno das nascentes e no rio da Várzea do
município de Tijucas do Sul.
Informações prestadas por funcionários da prefeitura aos alunos, não
indicam projetos a curto prazo para modificar esta situação, a preservação das
nascentes.
Os alunos visitaram o escritório da SANEPAR no município, obtiveram
informações que há um número reduzido de casas ligadas a rede de esgoto e o
sistema saneamento básico é bastante restrito no município. Os alunos
também ficaram sabendo durante as pesquisas de campo que não há coleta
seletiva de lixo.
Todas as atividades de pesquisas teóricas como de campo foram
amplamente divulgadas no Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima
Camargo, através da confecção de cartazes, folhetos informativos, seminários
de discussões, exposição de fotografias.
O projeto foi desenvolvido em contraturno e só foi possível graças ao
apoio recebido pela direção e equipe pedagógica do Colégio Estadual
Francisco Manoel de Lima Camargo, através do recebimento de alimentação,
material didático, transporte e disponibilização de espaço físico.
Figura 01 - Apresentação do Projeto. Colégio Estadual Francisco Manoel de
Lima Camargo, 2012
Fonte: SOUSA, 2012
Figura 02 - Mural. Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima Camargo,
2012.
Fonte: SOUSA, 2012
Figura 03 - Trabalho em equipe. Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima
Camargo, 2012.
Fonte: SOUSA, 2012
Figura 04 - Nascentes
Fonte: SOUSA, 2012
Figura 05 – Rio da Várzea
Fonte: SOUZA, 2012
Figura 06 – deslocamento de alunos até as nascentes do Rio da Várzea,
Tijucas do Sul.
Fonte: SOUSA, 2012
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise, pesquisa e reflexão feita com os alunos sobre o uso
da água pela população mundial constatou-se que, de modo geral, a água é
tratada como se fosse um recurso abundante e infinito. Pouco ainda é a
preocupação que poderá faltar em pouco espaço de tempo. Pesquisas feita
pelos alunos em livros e sites especializados, informaram que por volta de
2025 o mundo pode enfrentar uma grave falta de água. A consequência disso
será a queda na produção de alimentos, o que levará à desnutrição, a doenças
e a um desastre ecológico.
A metodologia utilizada permitiu que os objetivos propostos
fossem atingidos, partiu das experiências vividas no dia a dia dos alunos, e as
atividades propostas despertaram a curiosidade dos alunos levando-os a
pesquisar sobre o tema, que possibilitou despertar nos alunos uma atitude
investigativa. Após várias leituras e debates percebeu-se uma mudança de
postura nas turmas de alunos, demonstraram atitudes de cidadãos
conscientes, responsáveis para decidirem e atuarem diante da realidade do
seu município.
A avaliação ocorreu durante todo o desenvolvimento do Projeto, através
de todas as atividades desenvolvidas pelos alunos, como o interesse pela
pesquisa bibliográfica, o auxílio na elaboração dos questionários, as
intervenções feitas durantes as visitas nas nascentes do Rio da Várzea, ao
Posto de Saúde, a Prefeitura Municipal, a SANEPAR, a participação na
divulgação do trabalho no Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima
Camargo.
O projeto iniciou uma discussão com toda a comunidade escolar sobre o
meio ambiente e os cuidados com as nascentes do Rio da Várzea que não
pode terminar juntamente com o projeto, uma vez que a preservação do meio
ambiente e da água é um processo permanente e inesgotável.
Através das discussões feitas nos fóruns do GTR houve a divulgação
das atividades desenvolvidas no Colégio Estadual Francisco Manoel de Lima
Camargo, bem como incentivar os participantes para que venham desenvolver
trabalhos semelhantes em sua instituição de ensino, propiciando a formação
de cidadãos conscientes da necessidade de preservar as nascentes para que
não venha faltar água potável em suas localidades.
Sugerimos que o Colégio incentive seus professores a desenvolverem
projetos que venham tornar a aprendizagem mais significativa, melhorando a
qualidade do ensino, transformando seus alunos em cidadãos responsável pela
sua comunidade e, como consequência estarão preservando o ambiente em
que vivem, tornando-se ecologicamente alfabetizado. “A Educação Ambiental
deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos,
valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas”.
(GODOTTI, 2000).
Uma vez que a Educação Ambiental e os cuidados com a água,
atualmente vem adquirindo força como questão de cidadania local e planetária,
além de fazer parte das preocupações cotidianas de cidadãos comuns, cada
vez mais, a questão ambiental tem sido pauta de governos, empresas,
movimentos sociais, ONGs, enfim, de uma infinidade de atores sociais que
interferem no ambiente, como vimos por ocasião da Rio + 20,portanto, não
pode estar distante das atividades escolares.
10. BIBLIOGRAFIA
AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e De-senvolvimento. 2ª ed. Brasília. Senado Federal, 1997.
BARLOW, Maude. Água, Pacto Azul. A Crise Global da Água e a Batalha
pelo Controle da Água Potável no Mundo. M. Books do Brasil Editora. São
Paulo; 2009
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais – Introdução. 5ª a 8ª Séries – Temas Transversais,
v.9. Meio Ambiente e Saúde, 1998.
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Editora CULTRIX, 1999.
DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. 8ª ed. Autores Associados,
Campinas, São Paulo, 2007.
PLANETA. Água Essencial. São Paulo. Ano 39, Edição 467. Agosto
2011.
SALATI, Enéas, A Guerra Mundial pela água pode ser pacífica,
revista plurale, 05/05/2010 disponível em hptt:// www.plurale.com.br acesso em
11/09/2011.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes
Curricula-res da Educação Básica. Biologia/ vários autores – Curitiba: SEED
– PR, 2010.
SOUSA, Maria das Dores Alves. Alunos. Tijucas do SUL, Paraná. 2012.
05 fotografias. Coleção Particular.
SOUZA, Adilson de. Rio da Várzea. Tijucas do SUL, Paraná. 2012. 02
fotografias. Coleção Particular.
ANEXO
QUESTIONÁRIO UNIDADE DE SAÚDE
1) Questão: Você conhece alguma doença que pode ser transmitida pala água? Sim ou Não. Qual?
2) Questão: Quais as doenças mais frequentes que aparecem?
3) Questão: Há casos de dengue no município?
4) Questão: Há uma grande incidencia de casos de hepatite?
5) Questão: O que você entende por saneamento básico.
6)Questão: O que você acha do saneamento básico do município?
7) Questão: Você concorda que existe uma relação entre meio ambiente e saúde? Sim ou Não.
8) Questão: Qual a taxa de mortalidade infantil no município?
9) Questão: Quem está mais sujeito as doenças transmitidas pela água
10)Questão Quais as principais orientações que os atendentes informam à população em relação as doenças transmitidas pela água?
QUESTIONÁRIO SANEPAR
1) Questão: De onde vem a água captada para abaster o município?
2) Questão: Como é feita essa captação?
3) Questão: Qual a porcentagem de residências com saniamento básico no município?
4) Questão: Coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos no município?
5) Questão: A estação de capatação tem proximidade com algum lixão?
6) Questão: Há adição de flúor na água do município?
7) Questão: A população pode tomar água da torneira sem preocupação?
8) Questão: Qual o destino do esgoto do município?
9) Questão: Todo o município é servido com o serviço de esgoto?
10) Questão: Qual é o consumo percapta de água no município?
QUESTIONÁRIO SOBRE AS NASCENTES
1) Questão: As nascentes que desembocam no rio da Várzea apresentam poluíção?
2) Questão: Quais os poluentes mais comum encontrados nestas nascentes?
3) Questão: Os agricultores da região tem a preocupação de preservar as nascentes do Rio da Várzea?
4) Questão: Você conhece algum projeto desenvolvido pela Prefeitura Municipal para prevenir as nescentes?
5) Questão: Há algum trecho do Rio da Várzea que você considera poluído? Por que?
6) Questão: Há presença de lixo orgânico ou inorgânico no rio da Várzea?
7) Questão: Você sabe se há lançamento de esgoto direto no rio da Várzea?