As Palavras Apontam

Post on 23-Jan-2016

215 views 0 download

description

artigo sobre yoga

Transcript of As Palavras Apontam

As palavras apontam, mas não são...Miguel Homem02-10-2013

yato vācho nivartante aprāpya manasā saha(Brahman é aquele) de onde as palavras regressam com a mente sem o terem alcançado. Taittirīyopaniṣad, Brahmavallī, 9.

As palavras queriam capturar o vastu e voltaram, nivartante. E quando voltaram, convidaram a mente também, manasā saha. Com a mente, as palavras voltam para traz sem conseguir objectificar, capturar, aprāpya. Quando este aprāpya não é entendido as pessoas querem saber o que está além da mente e é assim que a ideia da necessidade da experiência de   brahman   aparece . E quando aparece espera-se pela experiência uma eternidade. Sucede que aquilo de que estamos a falar é aquele por causa de quem todas as experiências acontecem. Em cada experiência, isso é revelado. Existe a presença de chitiḥ, consciência. Sem ser um objecto, tem um significado. E que tem um significado, mas não como um objecto, é o significado deste mantra da Taittirīya. 

Assim, esta chitiḥ, a consciência, não é oposta a nenhum objecto. É a testemunha de todos os objectos. Como vimos e vamos ainda descobrir, até objectos e o próprio sujeito são a mesma consciência. Não existe uma segunda coisa e por isso o significado da palavra consciência, chit, existe mas sem ser um objecto. Vejamos, se digo maçã, o significado brilha na nossa mente e somos testemunhas disso. Para cada palavra isso acontece. Até mesmo para palavras como universo, espaço, distância, tempo, ou coisas abstractas como beleza, altamente subjectivas (apesar do famoso 86-60-86 que atormenta tantas senhoras). Seja abstracto ou subjectivo algum significado existe na nossa mente, significado que vemos. Por isso somos capazes de reconhecer o bonito. Assim também reconhecemos as nossas emoções. Para cada palavra isso acontece, excepto com o significado da palavrachitiḥ e o seu equivalente em

português, consciência.

Não existe significado para a palavra consciência, chitiḥ, no sentido de objecto de consciência. Isso significa que o significado está lá, mas é diferente do significado da palavra maçã. Não é um objecto que brilha na nossa mente, como um objecto do nosso pensamento, cognição. A conclusão errada é pensar, se não está lá, não existe objecto e com isso vem a palavra além. Não é além, és tu. Tu és o significado da palavra consciência. Vejam a diferença: o que está além é trazido para ti mesmo. Tu és o significado. Não podemos colocar uma distância entre ti e ti mesmo. E depois mais um passo é dado e vemos que nada está distante, tudo é um só.

É com este entendimento que se deve ouvir tu és o significado da palavra pūrṇa, completo, tu és o significado da palavra satyam. Não existe outro satyam jñānam anantam, tu és o significado, e por isso a conhecida mahāvākya ayam ātmā brahma, "Este ātmā é brahman." da Māṇḍūkyopaniṣad.