Post on 25-Jan-2019
AS RELAÇÕES LOCAIS
ESTABELECIDAS PELAS EMPRESAS
DO SETOR METAL MECÂNICO DA
REGIÃO DO ABC PAULISTA
JÚLIO CÉSAR MACHADO (USCS)
projulyo@hotmail.com
Marco Antonio Pinheiro da Silveira (USCS)
marco.pinheiro@imes.edu.br
THAIS SANGIACOMO (USCS)
tha.sangiacomo@hotmail.com
ODAIR GOMES SALLES (USCS)
odair.salles@terra.com.br
antonio lobosco (UNINOVE)
antoniolobosco@hotmail.com
O setor metal mecânico é caracterizado por indústrias que utilizam o
componente metal em seu processo produtivo. Entenda como metal,
toda matéria constituída por ferro, alumínio, cobre, aço, latão, bronze
entre outros. A inclusão de empresaas neste setor não segue um
modelo rigoroso, tendo em vista a variação de 694 produtos
aproximadamente. A principal atividade realizada pelas empresas do
setor está relacionada aos serviços de usinagem e soldagem. O setor
constitui-se de empresas de diversos portes (pequeno, micro, médio e
grande porte) que contribuem no processo produtivo através da
compra e venda de insumos e serviços. Esta relação comercial,
caracterizada em muitos casos pela terceirização, realiza-se por
empresas da própria região e em alguns casos, por empresas não
locais. Considera-se relevante identificar razões que levam as
empresas a buscarem fornecedores em locais distantes, uma vez que
seu fornecedor pode estar na mesma região. O fortalecimento de
relações entre empresas em determinada região pode contribuir para a
formação de Arranjo Produtivo Local (APL) ou Cluster. Assim, torna-
se oportuna a pesquisa voltada para a identificação de fatores que
levam as empresas a estabelecerem relações comerciais na própria
região ou fora dela. Dessa forma, o problema de pesquisa consiste em:
Quais fatores contribuem para o fortalecimento de relações comerciais
de empresas do setor metal mecânico da região do Grande ABC
Paulista com empresas da própria região? A presente pesquisa tem
como objetivo verificar o Grau de Relacionamento local entre as
empresas integrantes do Setor Metal Mecânico da região do Grande
ABC, identificar fatores que contribuem para o fortalecimento de
relações comerciais de empresas na produção de bens e serviços
intermediários e complementares com empresas da própria região e
identificar a correlação entre o Grau de Ralação Local na compra e
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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venda de insumos (produtos e serviços), com um conjunto de fatores
determinantes como: Capacidade Tecnológica, Porte da empresa e
Mercado Interno/ Externo.
Palavras-chaves: Relações Locais, Relações Comerciais,
Terceirização, Arranjo Produtivo Local
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1. Introdução
A presente pesquisa tem como propósito identificar fatores que contribuem para o
fortalecimento de relações locais de empresas que produzem bens e serviços intermediários e
complementares no setor metal mecânico da região do Grande ABC Paulista. O ABC Paulista
é uma região tradicionalmente industrial da Região Metropolitana de São Paulo, porém com
identidade própria. Fazem parte da região os municípios de Santo André, São Bernardo do
Campo, São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Diadema. Os sete
municípios somados perfazem uma área de 825 km² e reúnem uma população de mais de 2,5
milhões de habitantes. O ABC é marcado historicamente por ser o primeiro centro da
indústria automobilística brasileira. A região é sede de diversas montadoras, como Mercedes-
Benz, Ford, Volkswagen e General Motors, dentre outras.
O setor Metal Mecânico é constituído por empresas de diversos portes (pequeno, micro,
médio e grande porte), caracterizadas por apresentarem em seu processo produtivo algumas
matérias primas em comum como ferro, alumínio, cobre, aço, latão, bronze entre outros. O
processo produtivo pode ser realizado pela própria empresa ou terceirizado, dependendo do
tipo de matéria prima, maquinário e tecnologia necessária para tal. Sendo assim, algumas
empresas são constituídas em regiões em que predominam este tipo de produção, tornando-se
muitas vezes, fornecedoras de bens e serviços intermediários ou complementares do próprio e
setor denominado Metal Mecânico.
Neste trabalho procurou-se analisar formas de cooperação existentes nas relações comerciais
entre as empresas do setor metal mecânico da região do ABC e empresas locais, ou seja, da
própria região do ABC. A pesquisa está relacionada ao tema Aglomerados Empresariais ou
Cluster, e buscou-se verificar em que medida as empresas do setor metal mecânico da região
do ABC atuam como aglomerados e cooperam, tais como Capacidade Tecnológica,
Capacidade de Inovação, Porte da empresa e Mercado Interno/ Externo.
Existem no mundo, diversos clusters industriais ligados a setores como o Automobilístico,
Turismo, Tecnologias da Informação, dentre outros. Contudo, deve-se verificar o tipo do
aglomerado e a característica de seu país, ou seja, nos países desenvolvidos, a literatura define
aglomerados de forma simples e operacional, como sendo uma concentração setorial e
espacial de empresas com ênfase numa visão de empresas como entidades conectadas nos
fatores locais para a competição nos mercados globais (Schmitz & Nadvi, 1999). A presença
concentrada de empresas em uma mesma região pode prover a um conjunto de produtores,
vantagens competitivas que não seriam verificadas se eles estivessem atuando isoladamente.
Assim, os produtores que mantêm relações locais tendem a apresentar um desempenho
competitivo superior, já que usufruem das vantagens oferecidas pela atuação em cluster.
2- Aglomerados Empresariais
Com base em estudos realizados em empresas do Sul da Espanha, Romero & Santos (2007)
identificaram que o estabelecimento de ligações locais entre empresas está relacionado
diretamente ao seu tamanho, identificado pelo (porte) e capacidade tecnológica. Romero &
Santos (2007) definiram uma tipologia de empreendimento baseada no tamanho da empresa e
suas ligações locais:
- Pequenas e Médias empresas (PME´s), que fornecem e consomem produtos locais;
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- PME´s com alto grau tecnológico que consomem produtos locais e exportam seus produtos
finais;
- Grandes empresas que compram insumos localmente e vendem localmente seus produtos; e
- A grande empresa com alto grau tecnológico que destinam seus produtos à exportação.
Observa-se que há um fator relevante quando as potencialidades das empresas são analisadas,
sendo a capacidade de inovação uma questão a ser considerada.
Figura 1: Tipologia de Romero e Santos
Na tipologia apresentada por Romero e Santos (2007) identifica-se que as PME´s possuem
ligações mais fortes com fornecedores e clientes locais quando comparado as grandes
empresas. O vínculo produtivo entre setores e empresas dentro de um determinado território
tem sido considerado como fonte de externalidades estatísticas e dinâmicas que proporcionam
o crescimento econômico. Esta análise tem por finalidade apresentar possíveis melhorias para
o setor, verificando as relações locais que são realizadas por uso dessa tipologia aplicada na
pesquisa:
A tipologia utilizada para caracterizar padrões de comportamento dentro do sistema produtivo
da empresa regional baseia-se em:
a) Localização dos fornecedores e;
b) Localização das vendas nos mercados.
Segundo trabalho de Romero e Santos (2007), representam-se graficamente os fornecedores
nas abscissas e vendas nas ordenadas, que classifica as empresas em sete categorias, conforme
sua importância estratégica e sua contribuição onde depende de fatores diretamente
relacionados com o tipo de setores que operam.
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As relações de cooperação entre empresas do mesmo ramo de atividade, de acordo com
Lastres e Cassiolato (2003), resultam na melhoria dos índices de qualidade e produtividade,
redução de custos e no tempo de fabricação. Para Amato (2002), a cooperação entre pequenas
e médias empresas pode ser uma solução estratégica para o alcance de mercados globais,
sendo necessária a especialização e capacitação dos agentes e gestores dessas empresas.
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2.1. Arranjo Produtivo Local
Arranjos Produtivos Locais (APL) podem também serem identificados como
aglomerados/clusters. Para formação de um cluster necessita-se: (a) proximidade física, (b)
forte relação com os agentes locais, (c) característica de dinâmica comum, embora esta
dinâmica possa ser estabelecida por diversas razões, por exemplo, atividades semelhantes e/ou
utilização das mesmas matérias-primas. Independente da dinâmica utilizada a característica
mais relevante consiste na concentração local (BEDÊ, 2002).
No Brasil, os Arranjos Produtivos Locais (APL´s) passaram a ser também reconhecidos como
uma oportunidade relevante para o aprimoramento competitivo de determinados segmentos
industriais e fortalecimento das economias locais, com possibilidade de contribuição para o
avanço no processo de desenvolvimento sustentável com uma participação e inserção mais
qualificada no mercado internacional globalizado (CABRAL, 2008).
2.2. Redes de Empresas
De acordo Brito (2002), redes de empresas correspondem a arranjos interorganizacionais
baseados em vínculos sistemáticos, cooperativos, formado por empresas formalmente
independentes que, originam uma forma particular de coordenação das atividades
econômicas.
Para Amato (2000), entre as necessidades da cooperação em redes de empresas destacam-se:
Combinação de competências e conhecimento tecnológico, Divisão do ônus em pesquisas,
Partilha de riscos e custos, Oferta de uma linha de produtos de qualidade superior e mais
diversificada, Execução de maior pressão sobre o mercado e Compartilhamento de recursos.
2.3. Cluster
Uma das definições de Cluster caracteriza-o como um agrupamento geograficamente
concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área,
vinculadas por elementos comuns e complementares (PORTER, 1999). O desenvolvimento da
Teoria dos Clusters permite entender de forma concreta e empírica a capacidade de mapear as
micro-relações entre suas várias pontas, verificar seu estágio de desenvolvimento, identificar
seus pontos de estrangulamento e lançar medidas de incentivo (KIRSCHBAUM, 2004). Após
avanço nas pesquisas, Porter (2004), sugere analisar os clusters sob ponto de vista de
complexos industriais. A estrutura desses complexos industriais constituída por redes de
empresas que permitem a ampliação da divisão do trabalho entre as empresas, possibilitando a
subcontratação e a pesquisa de mercado e a inovação.
Ainda sobre a teoria dos clusters, Kirschbaum (2004) define:
a) Forma-se por necessidades de uma grande empresa ou concentração de empresas
semelhantes.
b) Setores que utilizam serviços ou produtos comuns oferecem serviços e produtos
complementares.
c) Instituições que oferecem qualificações especializadas, tecnologias, informação,
capital ou infra-estrutura e órgãos coletivos envolvendo participantes clusters; e
d) Agências governamentais e outros órgãos reguladores que exerçam influência.
Um cluster pode atrair empresas para sua localização, pois apresenta retornos acima da média
da indústria, provêm ganhos na concentração de mão–de-obra especializada e aumenta o nível
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global de produtividade e também resulta no aumento na qualidade de vida e salários,
aumento de patentes tecnológicas registradas e aumento de número de empresas, além de
outras inúmeras vantagens (KIRSCHBAUM, 2004).
2.4. Identificação de Clusters no Brasil – SEBRAE-SP.
O SEBRAE-SP, busca identificar regiões com potencial para a formação de Clusters,
predominantemente na área industrial, utilizando-se de um indicador de especialização
econômica denominado de QL (Quociente de Localização). O QL indica o grau de
participação relativa superior à verificada na média no país. O cálculo do QL assume a
seguinte fórmula:
Brasil no totaismentos)estabeleci de números (emX"" Atividade da Relativa ãoParticipaç
município no totaismentos)estabelecide número (emX"" Atividadeda relativa ãoParticipaçQL
Dessa forma, através dos dados do relatório do SEBRAE, se um QL for >1, significa que a
participação relativa da atividade “X” no município analisado é mais elevada do que a
participação relativa desta mesma atividade na média do país. Quanto maior o QL, maior será
o grau de especialização da atividade em relação à média do Brasil. Um QL <1 significa que o
grau de especialização da atividade naquela região é baixo. Além da análise do QL, torna
necessário um critério de corte, relacionado ao número mínimo de estabelecimentos para a
atividade considerada.
A pesquisa realizada pelo SEBRAE para planejamento estratégico como apoio à micro e
pequenas empresas do estado de São Paulo, em agosto de 2002 identificou, dentre outros
fatores, o QL das atividades industriais do Brasil, inclusive dos setores que realizam produção
de produtos de metal, conforme apresentado na Tabela 1.
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Tabela 1: Municípios ordenados por grau de Especialização na Atividade.
Fonte: Elaborado pela Asses. Pesquisa e Planejamento Estratégico/Sebrae-SP a partir do Cadastro de
Estabelecimentos e Empregadores / mar-2002 - MTE.
Na Tabela 1, constata-se que existem no Brasil, com base no código CNAE (Código Nacional
de Atividade Econômica), 8977 indústrias que fabricam produtos de metal caracterizado neste
Código. Deste total, 352 empresas estão localizadas na região do Grande ABC, estabelecendo
um QL aproximado na região de 3,92, o que caracteriza uma especialização da região em
relação à média do país.
Depois de utilizados todos os filtros analisam-se como as microrregiões estão classificadas,
segundo os índices, relativamente à importância para o setor (usando o quociente locacional) e à
importância para o local (participação relativa no total do emprego) chegando a uma tipologia que
define quatro tipos de arranjos de acordo com inter-relação entre os parâmetros. O Quadro 1
apresenta essa classificação:
Tipologia dos APL’s Importância para o setor
Reduzida Elevada
Importância
Local
Elevada Vetor de
desenvolvimento local Núcleos de
desenvolvimento setorial-regional
Reduzida Embrião de arranjo
produtivo Vetores avançados
Fonte: Suzigan (2006)
Quadro 1 – Proposta de tipologia segundo a importância para o setor e para o local.
2.5. Aglomerados e Política Industrial
Não se pode confundir aglomerado com política industrial. A Política industrial caracteriza-se
pela concentração de esforços do Governo para desenvolver um determinado setor industrial
ou de serviço, tendo em vista uma competição internacional, por oferecerem perspectivas de
criação de riqueza em relação a outros setores, favorecendo ao país (PORTER, 1990).
3. Capacidade Tecnológica e Inovação
De acordo Nelly e Hii (1998), a capacidade de inovação relaciona-se à propensão de uma
empresa para inovar, influenciada por três conjuntos de fatores que são: Características
Organizacionais, Características Gerenciais e Características Ambientais. Os processos de
rede e de integração de sistemas, com uso intensivo da Tecnologia da Informação para
integração das várias funções dentro da empresa, caracterizam uma forma de inovação
organizacional e Gerencial.
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço)
novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo
método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas
de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas (MANUAL DE OSLO, 3ª. ed., p. 55).
A inovação pode ser compreendida a partir de duas perspectivas: a evolucionária e a do
processo interativo.
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A primeira é proveniente de diferentes visões alternativas à teoria ortodoxa, tais como:
natureza da firma (COASE, 1937), a quebra do fluxo circular e a importância do
empreendedor (SCHUMPETER, 1982; 1985), a teoria comportamental, a economia dos
custos de transação (WILLIAMSON, 1985). Estes autores buscam esclarecer sua abordagem
apresentando o empreendedor, as rotinas, as habilidades e o aprendizado como fatores
impulsionadores da inovação. Para Schumpeter (1985), a inovação é um processo
caracterizado pela descontinuidade com o que está estabelecido, englobando cinco casos:
novas combinações que são concebidas pela introdução de um novo bem, a introdução de um
novo método de produção; a abertura de um novo mercado; a conquista de uma nova fonte de
matéria-prima; o estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a
criação de uma posição de monopólio.
A segunda (processo interativo) tem seu reconhecimento recente, pois investiga a natureza do
processo de inovação, examinando como e por que as inovações emergem, desenvolvem,
crescem e terminam. Essa perspectiva descreve a inovação como um processo complexo (e
não estático), produzido por interações entre influências estruturais e ações de indivíduos, que
ocorrem simultaneamente (EDWARDS, 2000). Alguns trabalhos tratam desta visão interativa
de inovação: sistema nacional de inovação (FREEMAN, 1987), (LUNDVALL, 1988);
sistemas locais de inovação (CASSIOLATO; LASTRES, 1999; 2004); (LASTRES et al.,
2002) e os relativos a cadeias produtivas, clusters, redes de empresas (PORTER, 1998).
4. Metodologia
Visando atender aos objetivos desta pesquisa, que consiste em verificar em que medida as
empresas do setor metal mecânico estabelecem relações comerciais com empresas locais,
foram utilizados os dados de pesquisa do tipo Survey, essencialmente quantitativa, com coleta
de dados, composta por questionário semiestruturado, proveniente do Instituto de Pesquisa da
Universidade de São Caetano do Sul (INPES), originado de estudo realizado pela Agência de
Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, em parceria com o SEBRAE Nacional e
SEBRAE/SP, Banco Interamericano de Desenvolvimento, por Intermédio do Fundo
Multilateral de Investimento (FUMIN) e Governo da Região de Marche (Itália), por meio do
Centro Meccano, com o objetivo de traçar o perfil da demanda por serviços tecnológicos das
indústrias do Setor Metal Mecânico do Grande ABC, a partir da amostra de 500 empresas, a
saber: O questionário aplicado pelo INPES foi dividido em duas partes. A primeira buscou
caracterizar a atividade da empresa, seu histórico e expectativas. A segunda parte fez um
levantamento relacionado ao processo de fabricação, estrutura de recursos humanos, de
atividades de pesquisa e desenvolvimento, características dos mercados fornecedores e
consumidores, necessidade e uso de serviços tecnológicos e tratamento de resíduos
industriais.
A fim de verificar a intensidade de relações locais estabelecidas pelas empresas respondentes,
foram criadas variáveis que se utilizaram de dados de duas questões existentes no
questionário, apresentadas a seguir (questões 54 e 57).
54) Pensando na localização de fornecedores das principais matérias primas utilizadas nessa empresa,
como o(a) sr(a) distribuiria, em pontos percentuais, cada uma das regiões que constam nesse.
CARTÃO 4 - REGIÕES %
Região do Grande ABC 31,5
Grande São Paulo (excluído Região do Grande ABC) 45,5
Interior do Estado de São Paulo (excluído Grande São Paulo) 8,4
10
Região Sudeste (excluído o Estado de São Paulo) 6,0
Região Norte 0,4
Região Nordeste 0,2
Região Centro Oeste 0,6
Região Sul 3,0
Importação 4,4
TOTAL 100%
57) Pensando nas regiões de atuação da sua empresa, para cada uma das regiões que constam nesse,
pediria para o(a) sr(a) informar o quanto elas absorveram, em pontos percentuais, do total
comercializado por essa empresa?
CARTÃO 6 - REGIÕES %
Região do Grande ABC 32,0
Grande São Paulo (excluído Região do Grande ABC) 30,8
Interior do Estado de São Paulo (excluído Grande São Paulo) 14,5
Região Sudeste (excluído o Estado de São Paulo) 8,2
Região Norte 1,8
Região Nordeste 2,7
Região Centro Oeste 1,7
Região Sul 6,3
Mercado externo (exportação direta pela empresa) 2,0
TOTAL 100%
Definiu-se a variável Grau de Relação Local de Compra (GRLC); que foi calculada da
seguinte forma: considerou-se a variável que informa o percentual de fornecedores
localizados na Região do Grande ABC, e;
Definiu-se a variável Grau de Relação Local de Venda (GRLV); para análise com outras
variáveis independentes como: Capacidade tecnológica, Porte da empresa, Capacidade de
Inovação e Mercado interno e externo.
5. Resultados da Pesquisa
De forma geral, nas empresas pesquisadas, a realização de inovação em processos supera o
número de inovações em produto. No total de empresas, 36,0% introduziram alguma inovação
em seus processos, indo de 29,5% nas microempresas, até 58,5% mas médias e grande
empresas.
O anexo V apresenta uma relação detalhada das inovações em processo realizadas pelas
empresas entrevistadas nesse estudo.
Geral Microempresa Pequena empresa Média / Grande empresa
Inovação em processo (%) 36,0 29,5 44,9 58,5
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Fonte: Elaborado pelos autores (Base INPES, 2008)
Tabela 2 – Realização de inovação em processos
Para desenvolvimento da análise dos dados foram criadas as variáveis, Grau de Relação Local
na Compra (GRLC) e Grau de Relação Local na Venda (GRLV) onde possibilitou identificar
o quanto empresas que estão situadas na região do Grande ABC, compram e vendem produtos
e serviços nesta mesma região. Com a criação das variáveis, as empresas foram classificadas
em quartis, seguindo critério de comercialização (compra e venda) de produtos e serviços na
região do Grande ABC, conforme segue:
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6. Grau de Relação local na Compra:
a) As empresas que compram insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC até
1,00% foram classificadas no 1º quartil, considerando um GRLC muito baixo, tendo
participação insignificante no comércio local da região.
b) As empresas que compram insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC de
1,01% até 15,00% foram classificados no 2º quartil, considerando um GRLC baixo.
c) As empresas que compram insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC de
15,01% até 45,00% foram classificadas no 3º quartil, considerando um GRLC médio.
d) As empresas que compram insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC acima
de 45,00% foram classificadas no 4º quartil, considerando um GRL C alto, ou seja, compram
e vendem muito na região.
À partir da criação da variável GRLC, pode-se constatar que das 500 empresas pesquisadas,
25,00% possuem um GRL muito baixo15,80% possuem um GRLC baixo, 24,80% das
empresas possuem um GRLC médio e 30,80% possuem um GRLC alto. À medida que o
GRLC é analisado com outras variáveis independentes, torna muito significativo os resultados
apresentados para análise das compras locais.
Quartis Compra Local GRLC Quant. Empresas % Empresas
1º De 0,0 a 1,00% Muito Baixo 125 25,00%
2º De 1,01 a 15,00% Baixo 79 15,80%
3º De 15,01 a 45,00% Médio 142 28,40%
4º Acima de 45,00% Alto 154 30,80%
Total 500 100%
Fonte: Elaborado pelos autores (Base INPES, 2008)
Tabela 3: Grau de Relação Local Compra
6.1. Grau de Relação local na Venda:
a) As empresas que vendem insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC até
1,5% foram classificadas no 1º quartil, considerando um GRLV muito baixo, tendo
participação insignificante no comércio local da região.
b) As empresas que vendem insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC de
1,51% até 25,00% foram classificados no 2º quartil, considerando um GRLV baixo.
c) As empresas que vendem insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC de
25,01% até 50,00% foram classificadas no 3º quartil, considerando um GRLV médio.
d) As empresas que vendem insumos (produtos e serviços) na região do Grande ABC acima
de 50,00% foram classificadas no 4º quartil, considerando um GRLV alto, ou seja, compram e
vendem muito na região.
A partir da criação da variável GRLC, pode-se constatar que das 500 empresas pesquisadas,
25,80% possuem um GRLV muito baixo, 36,60% possuem um GRLV baixo, 18,60% das
empresas possuem um GRLV médio e 19,00% possuem um GRLV alto. À medida que o
13
GRLV é analisado com outras variáveis independentes, torna muito significativo os resultados
apresentados para análise das vendas locais.
QUARTIS Venda Local GRLV Quant. Empresas % Empresas
1º De 0,0 a 1,5% Muito Baixo 129 25,80%
2º De 1,51 a 25,00% Baixo 183 36,60%
3º De 25,01 a 50,00% Médio 93 18,60%
4º Acima de 50,00% Alto 95 19,00%
Total 500 100%
Fonte: Elaborado pelos autores (Base INPES, 2008)
Tabela 4: Grau de Relação Local Venda
A realização de inovação em produtos representa 29,6% do total das empresas. As
microempresas representam o menor índice correspondente a 24,9%, seguido das pequenas
empresas com 34,3% e das médias e grandes empresas representando 47,6%.
Geral Microempresa Pequena empresa Média / Grande empresa
Inovação em produto (%) 29,6 24,9 34,3 47,6
Fonte: Elaborado pelos autores (Base INPES, 2008)
Tabela 5 – Realização de Inovação em Produtos
De forma geral, nas empresas entrevistadas, a realização de inovação em processos supera o
número de inovações em produto. No total de empresas, 36,0% introduziram alguma inovação
em seus processos, indo de 29,5% nas microempresas, até 58,5% mas médias e grande
empresas.
Geral Microempresa Pequena empresa Média / Grande empresa
Inovação em processo (%) 36,0 29,5 44,9 58,5
Fonte: Elaborado pelos autores (Base INPES, 2008)
Tabela 6 – Realização de Inovação em Processos
De forma geral, 9,7% das empresas que realizaram inovação em produto contrataram algum
auxílio externo para esse desenvolvimento, sugerindo que a prática de inovação dessas
empresas é realizada para atendimento às necessidades mais iminentes e não uma atitude pró-
ativa de pesquisa e de desenvolvimento.
Nas inovações em processo, esse fato apresenta resultados muito parecidos. Somente 9,6%
das empresas que realizaram inovação procuraram auxílio externo.
Tipo de constituição Produto Processo
% %
Não realizou inovação 70,4 64,0
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Foi realizado integralmente com recursos humanos/expertise da empresa 19,9 26,4
A empresa fez parceria ou contratação de empresa ou instituto externo para o
desenvolvimento 9,7 5,5
Foi realizado tanto com recursos humanos internos como com parceria com
empresas/institutos (1) 4,1
Base: 500 empresas
(1) dado não presente na amostra
Fonte: INPES (2008)
Tabela 7 – Responsáveis pelo Desenvolvimento: (Resultado Geral)
6.2. Porte das empresas
Identifica-se que o porte das empresas tem um grau de significância considerável em relação
ao Grau de Relação Local (GRL). Após identificação do GRLC e GRLV, somaram-se as duas
variáveis para identificação do porte das empresas. As pequenas empresas apresentam um
GRL Alto na ordem de 44,35% e as microempresas 45,97%, enquanto as médias empresas
posicionam-se em 9,68% e as grandes empresas não apresentam nenhum índice em relação ao
GRL Alto. Analisando os resultados apresentados, identifica-se que no GRL médio ainda há
uma predominância das microempresas e empresas de pequeno porte na ordem de 33,61% e
55,74%, como se verifica no Gráfico 1:
Gráfico 1: Grau de Relação Local x Porte das Empresas
Fonte: Elaborado pelos Autores (Base INPES, 2008)
6.3. Cidade de Instalação das Empresas
Quando a variável GRL é analisada com a cidade de instalação das empresas, identifica-se
que as cidades de Diadema e São Bernardo do Campo apresentam os maiores índices de GRL
Alto que são de 32,3% e 20,2% respectivamente, enquanto as cidades de São Caetano do Sul
e Ribeirão Pires apresentam enfraquecimento nas relações locais quando se analisa o GRL. As
cidades de Santo André, Mauá e Rio Grande da Serra apresentam comportamentos instáveis
quando se analisa o GRL, ou seja, tanto no GRL muito baixo quanto no GRL Alto há
percentuais muito próximos, fazendo com que um GRL muito baixo inutilize o GRL Alto.
7. Conclusão
O referencial teórico possibilita verificar que existem diferentes denominações e
classificações quanto aos aglomerados, tendo em vista que o princípio foi através das
15
pesquisas realizadas por PORTER e posteriormente continuada por vários pesquisadores.
Vale ressaltar que o estudo de Aglomerados Empresariais tem interesse global e o Mundo tem
posicionamentos diferenciados, tendo em vista principalmente a diferença cultural e
econômica. A partir da tipologia de Romero & Santos (2007) e com os dados apresentados na
pesquisa, conclui-se que as diferenças existentes entre empresas de mesmo porte estão
relacionadas a fatores como capacitação tecnológica, localização dos fornecedores e clientes,
capacidade de inovação e capacidade de administração empresarial. O esquema de
caracterização dos aglomerados industriais, baseado no referencial teórico é apresentado
abaixo:
Figura 2: Esquematização de Aglomerados Empresariais
Fonte: Adaptado de Rosa (2004)
Um Arranjo Produtivo Local (APL), além dos fatores mencionados, por Romero & Santos,
necessita de fortalecimento de alianças, planejamento integrado com objetivo de
desenvolvimento do grupo associado e regional. A pesquisa conclui que no período de 1991 a
2008, obteve-se a maior quantidade de empresas constituídas, na ordem de 35,6%. Há uma
concentração de constituição de empresas na ordem de 42,7% no GRL Alto com
predominância das pequenas e microempresas. Sendo assim, conclui-se também que as
pequenas e microempresas constituídas à partir de 1991 obtêm um maior Grau de Relação
Local, favorecendo a formação de Arranjos Produtivos Locais (APL´s) ou Clusters. A partir
de 1991, o cenário brasileiro foi marcado por mudanças políticas, estabilidade econômica
entre outros, o que pode ter favorecido as pequenas e microempresas em suas constituições.
Dessa maneira, requer aprofundamento da presente pesquisa. Pode-se destacar que as cidades
classificadas num GRL Alto constituíram um maior número de micro e pequenas empresas.
Referências:
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