Ascenção da China e Crise internacional: novas tendências ... · Ascenção da China e Crise...

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Ascenção da China e Crise

internacional: novas tendências

estruturais do capitalismo

contemporâneo

Eduardo Costa Pinto

Professor de Economia Política do Instituto

de Economia da UFRJ

Salvador/BA

Estrutura da Apresentação

•Parte I – A dinâmica internacional da década de 2000 (antes da crise): elementos gerais

•Parte II - A ascensão da China e Crise internacional

•Parte II - Mudanças estruturais para a economia mundial

Parte IA dinâmica internacional da

década de 2000 (antes e depois da crise de 2008): elementos

gerais

Região/país 1990-99* 2000 2001 2002 2003 2003-07* 2008 2009

Mundo 2,9 4,8 2,3 2,9 3,6 4,7 3,0 -0,6

Países desenvolvidos 2,7 4,1 1,4 1,7 1,9 2,7 0,6 -3,2

- EUA 3,1 4,1 1,1 1,8 2,5 2,8 0,4 -2,4

- Área do Euro 1,9 3,9 1,9 0,9 0,8 2,1 0,6 -4,1

Países em desenvolvimento3,3 6,0 3,8 4,8 6,2 7,4 6,1 2,4

África 2,3 3,4 4,9 6,5 5,4 6,0 5,1 2,4

América Latina e Caribe 2,9 4,2 0,7 0,6 2,2 4,8 4,3 -1,8

- Brasil 1,7 4,3 1,3 2,7 1,1 3,9 5,1 -0,2

Ásia 7,2 - 5,8 6,9 8,1 9 7,9 6,6

- China 10,0 8,4 8,3 9,1 10,0 11,0 9,6 8,7

- Índia 5,6 5,7 3,9 4,6 6,9 8,6 7,3 5,7

Fonte: FMI/ Estatística Financeira Internacional (EFI)

Taxas de crescimento real do PIB: 2000-2009 (%)

Expansão da economia mundial no início

do sec. XXI: o eixo sino-americano

Forte expansão da economia mundial entre 2003 e 2007

O que teria mudando nos eixos da dinâmica capitalista no início do século XXI em relação à década de 1990 que teria gerado esses resultados?

Quais teriam sidos os elementos indutores deste crescimento? EUA como consumidor de “última instância” e China como “duplo polo”

Parte II

A ascensão da China, padrão de crescimento chinês e seus

determinantes

Participação no PIB global (dólar corrente) – regiões

e China (em %)

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Monetary

Fund: World Economic Outlook Database, abril 2012

(**) Estimativa

Região/país 1990 2000 2008 2009 2010 2011 2012* 2013*

Países desenvolvidos 79,9 79,7 68,8 68,6 65,7 63,8 62,3 61,3

Países em desenvolvimento 20,1 20,3 31,2 31,4 34,3 36,2 37,7 38,7

Ásia 5,0 7,2 12,2 13,7 15,2 16,2 17,1 17,9

- China 1,8 3,7 7,4 8,6 9,4 10,5 11,1 11,6

Contribuição ao crescimento do PIB global (em

dólar corrente) (Em %) – regiões e China

Fonte: Direção de Estatísticas Comerciais/FMI. Elaboração própria

Região/país 1981-90 1991-00 2001-10 2002-07 2008 2009 2010 2011* 2012*

Países desenvolvidos 82,8 80,3 52,0 61,3 40,7 -70,0 33,6 49,3 41,8

- EUA 26,3 41,5 15,7 15,9 5,5 -7,5 10,8 9,9 17,0

Países em desenvolvimento 17,2 19,7 48,0 38,7 59,3 -30,0 66,4 50,7 58,2

Ásia 4,0 12,1 22,8 15,2 24,7 14,3 30,3 18,1 27,4

- China 1,6 8,1 15,2 9,2 18,4 14,1 17,8 11,1 18,1

Evolução das exportações, importações e corrente de comércio da China - valor (em bilhões US$ corrente) e

participação mundial (%)

(*) Acumulado dos três primeiros semestres do ano

Fonte: Direção de Estatísticas Comerciais/FMI. Elaboração IPEA

US$ milhões

Valor % Valor % Valor %

1980-89 31 1,4 35 1,6 66 1,5

1990-99 129 2,9 114 2,6 243 2,6

2000 249 3,9 225 3,4 474 3,7

2001 266 4,3 244 3,8 510 4,1

2002 326 5,1 295 4,5 621 4,8

2003 438 5,9 413 5,3 851 5,6

2004 593 6,5 561 5,9 1.155 6,2

2005 762 7,3 660 6,1 1.422 6,7

2006 969 8,0 792 6,4 1.761 7,2

2007 1.218 8,8 956 6,7 2.174 7,7

2008 1.429 8,9 1.132 6,9 2.560 7,9

2009 1.202 9,7 1.004 7,9 2.206 8,8

2010* 990 10,4 886 9,0 1.876 9,7

ImportaçõesExportaçõesCorrente de

Comércio

Taxas de crescimento real do PIB: 1980-

2010 (em %)

Fonte:CEICDATA

2

4

6

8

10

12

14

16

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Participação do consumo privado e governamental e da formação bruta de capital fixo em % do PIB

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

Consumo Privado Consumo do Governo Formação Bruta de Capital Fixo

Fonte:CEICDATA

• Aumento significativo dos salários

• Aumento da classe média

• Forte redução da pobreza, mas com aumento da desigualdade, funcional, pessoal e regional

Como a China conseguiu em apenas três décadas mudar de forma significativa a sua importância no sistema mundial? O quê explica o “milagre econômico chinês”? A resposta a esta questão só pode ser compreendida a partir dos condicionantes externos e internos

Condicionantes internos: Reformas e Políticas por crescimento

Reformas iniciadas em 1978 por Deng eaceleradas no “grande compromisso’ de1992:

• Descentralização do Planejamento

• Concentração dos mercados

• Abertura ao mundo exterior (Zonas Especiais)

• Evolução pacífica

Condicionantes internos: Reformas e Políticas por crescimento

Políticas governamentais em prol do crescimento:

• Políticas macroeconômicas (monetária, fiscal e cambial) que articulam o controle inflacionário e o crescimento;

• Processo de reformas e privatização das estatais em 1991;

• Crédito subsidiado para as estatais por meio dos bancos públicos que são o núcleo do sistema financeiro chinês;

Condicionantes internos: Reformas e Políticas por crescimento

Políticas governamentais em prol do crescimento:

• Barreiras tarifárias mais baixas (após ascensão à China), mas a manutenção de significativas barreiras não tarifárias;

• Políticas de estímulos ao IDE, especialmente em áreas de alta tecnologia;

• Múltiplos instrumentos de política industrial que tem como objetivo criar empresas nacionais (privadas ou públicas) de classe mundial.

Condições estruturais internas

• Elevado funding com um sistema bancário amplamente regulamentado;

• Elevados superávits no balanço de pagamentos que possibilitaram ao mesmo tempo o acúmulo de reservas em moeda estrangeira e a gestão da política cambial que busca promover as exportações e controlar as importações;

• Elevação da produtividade do trabalho e dos fatores de produção – economias de escala e de escopo ao mesmo tempo.

Condicionantes externos do “milagre econômico chinês”

Aproximação entre os Estados Unidos e a China no final da década de 1970;

Ofensiva comercial americana contra o Japão por meio do Acordo de Plaza em 1985;

Acesso da China na OMC em 2001;

Configuração do eixo sino-americano (globalização financeira americana e milagre econômico chinês).

Aumento da desigualdade

Armadilha da renda média e inovação tecnologia

O início do catching up tecnológico chinês

Mudanças no padrão de crescimento chinês

Crescimento intensivo em tecnologia

Criação de uma Estado do Bem-estar com características chinesas.

Há três variáveis que podem dificultar esse processo e que não estão sob controle do Estado chinês: alimentos, matérias-primas e recursos energéticos.

Crise internacional de 2008:

depressão americana e alguns elementos da crise europeia

Dinâmica da Economia Internacional

pós-crise•As economias centrais (EUA e Europa) não conseguiram restabelecer as taxas de crescimento anterior a crise (com a exceção da Alemanha)

•Economias em desenvolvimento já obtiveram crescimento próximo ao observado antes da crise

•Países em desenvolvimento (notadamente o grupo BRICS) passaram a contribuir para o crescimento numa proporção maior do que os desenvolvidos

Dilema dos EUA

O problema não é o endividamento público, mas

sim:

• A depressão econômica (baixo crescimento

dos investimentos e do PIB, elevado

endividamento das famílias, alto nível de

desemprego);

• Crise política que dificulta a adoção de

medidas (notadamente a fiscal) que

estimulem o crescimento.

Famílias: fluxo e estoque de riqueza

• O estoque de riqueza das famílias

(patrimônio líquido) caiu 9,3% entre 2007 e

2011 e 1,9% entre 2005 e 2011

• Baixo crescimento dos fluxos de renda das

famílias (aumento da taxa de desemprego

desemprego)

Fonte: Bureau of Economic Analysis dos Estados Unidos

A economia americana

• A economia norte-americano está numa

“armadilha da liquidez”

• O atual contexto de depressão gerou uma

redução na propensão a gastar das famílias

e das empresas

• A política fiscal deveria assumir uma

centralidade na recuperação da economia

norte-americana

Europa: estagnação e elevação do risco

soberano

• As taxas de crescimento econômico previstas

para os próximos anos não passaram de 1% ao

ano;

• A taxa de desemprego da região prevista para

2013 ainda será (cerca de 30%) maior do que a

verificada antes da crise;

Europa: estagnação e elevação do risco soberano

• O custo fiscal da crise (aumento do

endividamento público)

• O comércio internacional tem sido uma

importante (e rara) fonte de dinamismo

econômico para a região, especialmente para a

Alemanha

O risco soberano dos PIGS (Portugal, Irlanda,

Grécia e Espanha)

• O desemprego atinge, em 2011, cerca de 17,3% da

população economicamente ativa na Grécia; 14,4% na

Irlanda, 12,7% em Portugal e 21,6% na Espanha

• O PIB destas economias em 2011 ainda será

significativamente inferior ao verificado em 2008;

• O aumento do endividamento público

Dívida pública bruta (% PIB)

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Monetary Fund:

World Economic Outlook Database, abril 2012

105,4

24,9

68,3

36,1

165,6

109,3 106

67,4

Grécia Irlanda Portugal Espanha

2007 2011

Parte III

Tendências estruturais do capitalismo

Tendências estruturais da economia mundial

• Elevação (e manutenção em níveis altos em

termos históricos recentes) dos preços

internacionais das commodities decorrente do

efeito direto e indireto da demanda chinesa e

também da elevação dos custos de produção

desses produtos;

Índice de Preços das Commodities (2005=100)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

Fonte: FMI

Commodity Price Index: Petroleum,spot: Average crude price: Spot (2005=100) – jan.1990-jan.2012

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

jan/90

jan/92

jan/94

jan/96

jan/98

jan/00

jan/02

jan/04

jan/06

jan/08

jan/10

jan/12

Fonte: FMI

Índice de Preços das Commodities: metais (2005=100)

Fonte: FMI

-30,00

20,00

70,00

120,00

170,00

220,00

270,00

China: Balanço de commodities agrícolas –milhões de toneladas

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Produção 15,4 15,4 16,5 15,4 17,4 16,4 15,1 13,4 15,5 15,0 15,1 13,5

Consumo 26,7 28,3 35,3 34,4 40,2 44,4 46,1 49,8 51,4 59,4 66,0 70,1

Balanço -11,3 -12,9 -18,8 -19,0 -22,8 -28,1 -31,0 -36,4 -35,9 -44,5 -50,9 -56,6

% Mundo 15,6 15,4 18,5 18,2 19,7 20,6 20,5 21,7 23,3 25,0 26,3 27,7

Produção 106,0 114,1 121,3 115,8 130,3 139,4 151,6 152,3 165,9 164,0 177,2 191,8

Consumo 120,2 123,1 125,9 128,4 131,0 137,0 145,0 150,0 153,0 165,0 180,0 188,0

Balanço -14 -9 -5 -13 -1 2 7 2 13 -1 -3 4

% Mundo 19,8 19,8 20,1 19,8 19,1 19,4 20,0 19,4 19,6 20,2 21,2 21,8

Soja

Milho

Fonte: USDA

Tendências estruturais da economia mundial

• Redução e/ou estabilização dos preços mundiais dos

produtos industriais fruto da pressão competitiva da

produção industrial da China (que combina salários

baixos, economias de escala e de escopo, novas formas

de organização e gestão da produção - tecnologia

frugal, produção modular, etc. );

Tendências estruturais da economia mundial e China

• Manutenção dos termos de troca favorável aos países

em desenvolvimento (relaxando a restrição externa),

especialmente os africanos e latino-americanos que

exportam commodities. Esta condição é uma

decorrência da primeira e da segunda tendências;

Variações (%) dos preços e termo de troca (Mundo)

– 1994-2013

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Monetary

Fund: World Economic Outlook Database, abril de 2012

1994-03 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Preços(US$) (bens)

Manufaturas 0,2 5,1 2,7 2,5 6,0 6,7 -6,6 2,4 7,2 0,2 0,2

Petróleo 5,6 30,7 41,3 20,5 10,7 36,4 -36,3 27,9 31,6 10,3 -4,1

Commodities não combustível -0,3 15,2 6,1 23,2 14,1 7,5 -15,7 26,3 17,8 -10,3 -2,1

Alimentos -0,8 14,0 -0,9 10,5 15,2 23,4 -14,7 11,5 19,7 -7,5 -3,1

Metal 1,4 34,6 22,4 56,2 17,4 -7,8 -19,2 48,2 13,5 -10,5 -0,7

Preços(Euro) (bens)

Manufaturas 0,6 -4,4 2,5 1,7 -2,9 -0,7 -1,4 7,5 2,2 6,0 0,1

Petróleo 6,0 18,9 41,0 19,5 1,4 27,1 -32,7 34,3 25,5 16,7 -4,2

Commodities não combustível 0,0 4,8 5,9 22,3 4,5 0,1 -10,9 32,6 12,3 -5,1 -2,2

Alimentos -0,5 3,7 -1,1 9,6 5,6 14,9 -9,8 17,0 14,1 -2,1 -3,2

Metal 1,8 22,4 22,2 55,0 7,5 -14,1 -14,6 55,5 8,3 -5,3 -0,7

Termos de Troca

Países desenvolvidos 0,1 -0,7 -1,6 -1,3 0,4 -2,5 3,6 -1,1 -1,5 -1,0 -0,1

Países em desenvolvimento 0,6 3,9 5,7 2,9 1,1 2,8 -4,8 1,8 4,3 0,4 -1,4

África sub-saariana - 5,0 10,6 7,7 4,1 10,6 -13,9 11,0 7,9 1,5 -2,4

América Latina e Caribe 1,1 5,9 4,8 6,6 1,6 3,0 -7,8 10,5 8,0 -3,0 -1,0

Ásia -0,8 1,1 -0,9 -0,8 0,0 -3,2 5,5 -6,3 -1,1 -1,1 -0,2

Projeção

(abr/2012)Região/país

Períodos

Tendências estruturais da economia mundial e China

• Ampliação mundial do consumo de massa em virtude

da mudança de preço relativo entre manufaturas e

salários que vem permitindo o acesso produtos

indústrias a segmentos da população mundial que até

então viviam na condição de subsistência. Esta

condição é uma decorrência das três tendências acima,

especialmente da segunda

Variáveis Países 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil 29,0 - 30,9 27,7 27,5 24,2 22,3 23,1 21,6 20,6 20,6 -

Rússia 7,1 - 7,5 6,2 6,7 6,7 6,8 8,5 8,8 8,1 7,3 -

Índia - - - - - - 4,9 - - - - -

China 7,2 - - 8,9 - - 9,6 - - - - -

Brasil 21,3 - 21,7 20,2 20,6 18,6 16,6 14,4 13,2 11,3 10,8 -

Rússia - - - - - - - - - - - -

Índia - - - - - - 75,6 - - - - 68,7

China 61,4 - 51,2 - - 36,9 - - 29,8 - -

Renda dos 20% mais ricos

em relação aos 20% mais

pobres

Participação da população

que ganha menos do que

US$ 2 por dia (PPP) (% da

população)

Classe média global: despesas (milhões de US$ em PPP 2005 ) – 2009;2020;2030.

Fonte: Kharas (2010)

Elementos para pensar a questão do desenvolvimento

Obrigado

eduardo.pinto@ie.ufrj.br