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Campo Grande 2017
JULIANE CANTINI WENGRAT
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM QUALIFICADA AO PACIENTE PORTADOR DE FERIDAS CRÔNICAS NAS
UNIDADES BÁSICAS SAÚDE DA FAMÍLIA
Campo Grande
2017
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM QUALIFICADA AO PACIENTE PORTADOR DE FERIDAS CRÔNICAS NAS
UNIDADES BÁSICAS SAÚDE DA FAMÍLIA
Projeto apresentado ao Curso de Enfermagem da Anhanguera Educacional, Centro Universitário de Campo Grande – Unidade II, para obtenção de certificado de conclusão de curso.
Orientador: Erica Cristina Mendes Dias
JULIANE CANTINI WENGRAT
JULIANE CANTINI WENGRAT
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM QUALIFICADA AO PACIENTE PORTADOR DE FERIDAS CRÔNICAS NAS
UNIDADES BÁSICAS SAÚDE DA FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera Educacional, Centro Universitário de Campo Grande – Unidade II, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado enfermagem.
BANCA EXAMINADORA
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Campo Grande, 07 de Dezembro de 2017
Dedico este trabalho ao meu Deus, Senhor
dos Senhores, Único e suficiente Salvador,
que com sua infinita graça me sustentou e
me deu forças até aqui. Obrigada meu
Deus, por me amar incondicionalmente e
ter colocado em minha vida a minha família
e amigos verdadeiros que me ajudaram até
aqui. Este estudo não seria possível se
não fosse o consolo, a compreensão e o
carinho dos meus pais que me reerguiam
sempre que pensei em fraquejar, com
orações e palavras sabias, estes dois são
meu exemplo de vida e o motivo do meu
viver.
WENGRAT, Juliane Cantini. Assistência de enfermagem qualificada ao paciente portador de feridas crônicas nas unidades básicas saúde da família. 2017. 27 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Anhanguera Educacional, Centro Universitário de Campo Grande – Unidade II, Campo Grande, 2017.
RESUMO
A assistência qualificada realizada pelo enfermeiro na UBSF constitui um processo indispensável para o tratamento eficaz do portador de ferida crônica. Tendo como objetivos apontar referências e informações técnico-científico que colaborem para o melhor desempenho da equipe de assistência de enfermagem no tratamento ao paciente portador de feridas crônicas, apresentar conhecimento básico da fisiologia da pele e classificação adequada das feridas, narrar a abordagem correta para acolhimento humanizado e consequentemente melhor adesão ao tratamento e demonstrar a eficácia da escolha do tratamento adequado disponível na unidade de saúde, quando identificados e aplicados corretamente utilizando a sistematização de enfermagem para a estruturação as ações a serem prestadas à este portador de ferida crônica. O estudo trata-se de uma revisão narrativa de literatura, com caráter descritivo, desenvolvido a partir de publicações indexadas na base de dados SCIELO, livros textos, artigos, tese e livros publicados entre os anos de 2005 a 2015. Verificou-se que o profissional de enfermagem possui um papel de grande importância no que se refere ao cuidado do paciente no tratamento de feridas, uma vez que possui contato direto com o mesmo, acompanhando a evolução da lesão, orientando e executando o curativo de acordo com as técnicas corretas, aplicando a sistematização de enfermagem qualificada com o objetivo de diminuir riscos ao paciente e, evitando internações até a recuperação total deste paciente, oferecendo-lhes a oportunidade de uma vida social normal novamente.
Palavras-chave: Tratamento de feridas; Sistematização de enfermagem; Curativo adequado; Avaliação; Cuidados de enfermagem.
WENGRAT, Juliane Cantini. Qualified nursing care for patients with chronic wounds in basic family health units. 2017. 27 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Anhanguera Educacional, Centro Universitário de Campo Grande – Unidade II, Campo Grande, 2017.
ABSTRACT
The skilled attendance performed by the nurse in the BFHU is an indispensable process for the effective treatment of the chronic wound patient. The objective of this study is to present references and technical-scientific information that contribute to the best performance of the nursing care team in the treatment of patients with chronic wounds, to present basic knowledge of the physiology of the skin and adequate classification of the wounds, to describe the correct approach for the reception humanized and consequently better adherence to treatment and demonstrate the effectiveness of choosing the appropriate treatment available in the health unit, when identified and correctly applied using the nursing systematization to structure the actions to be provided to this chronic wound patient. The study is a narrative review of literature, with a descriptive character, developed from publications indexed in the SCIELO database, textbooks, articles, thesis and books published between the years 2005 to 2015. It was verified that the professional nursing has a role of great importance in regard to the care of the patient in the treatment of wounds, since it has direct contact with the same, accompanying the evolution of the lesion, guiding and executing the dressing according to the correct techniques, applying the systematization of qualified nursing with the objective of reducing risks to the patient and avoiding admissions until the patient's total recovery, offering them the opportunity of a normal social life again. Key-words: Wound care; Systematization of nursing; Proper dressing; Evaluation; Nursing care.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................13
1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE...................................................15
1.1 DEFINIÇÃO DE EPIDERME.................................................................15
1.2 DEFINIÇÃO DE DERME.......................................................................15
1.3 DEFINIÇÃO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBCUTÂNEO....................16
1.4 CONCEITO DE FERIDAS.....................................................................16
1.5 CLASSIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS FERIDAS CRÔNICAS................16
1.5.1 Úlcera de Membros Inferiores ou Úlcera Venosa..................................16
1.5.2 Pé Diabético..........................................................................................17
1.5.3 Úlcera Arterial........................................................................................17
2. PERFIL POPULACIONAL DO PORTADOR DE FERIDA
CRÔNICA..............................................................................................18
2.1 PAPEL DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO DO PORTADOR DE
FERIDA CRÔNICA................................................................................18
3 A ESCOLHA DO TRATAMENTO
ADEQUADO.........................................................................................21
3.1 PRODUTOS DISPONÍVEIS NA UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE..................................................................................................21
3.1.1 Sulfadiazina de Prata............................................................................21
3.1.2 Sulfato de Neomicina (Creme)..............................................................22
3.1.3 Solução Fisiológica 0,9%.......................................................................22
3.2 CURATIVO – TÉCNICA ADEQUADA...................................................22
3.3 ADESÃO AO TRATAMENTO................................................................22
3.4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM QUALIFICADA AO PACIENTE
PORTADOR DE FERIDAS CRÔNICAS................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................25
REFERÊNCIAS.....................................................................................26
13
INTRODUÇÃO
A assistência à saúde aos pacientes portadores de feridas crônicas atualmente
não é uma tarefa fácil para a equipe das Unidades Básicas Saúde da Família,
considerando a rapidez em que uma ferida crônica evolui, aos inúmeros planos de
tratamentos disponíveis no mercado, porém não disponível no sistema de saúde
pública, a identificação precoce e o acolhimento do paciente portador de ferida crônica
associado a escolha de plano de tratamento adequado é o grande diferencial da
equipe de enfermagem para um atendimento de qualidade ao portador.
Este projeto visa contribuir no aperfeiçoamento técnico qualificado e
humanizado realizado pela equipe de enfermagem que compõe a UBSF, aos
pacientes portadores de feridas crônicas. A aplicação do conhecimento em
aprimoramento das práticas no cuidar destes pacientes portadores de feridas que,
chegam à unidade debilitados fisicamente e até psicologicamente pela “falta” de
orientações adequadas. Com a abordagem correta da equipe de saúde estes
pacientes em sua maioria se tornam atuantes no tratamento, ou seja, melhor adesão
e consequentemente chegam a recuperação. A assistência de enfermagem
qualificada na UBSF tem a capacidade de diminuir riscos ao paciente evitando
internações e até mesmo na recuperação total deste paciente, oferecendo-lhes a
oportunidade de uma vida social normal novamente.
A problemática em relação a assistência em que os profissionais de
enfermagem promovem ou aplicam aos pacientes portadores de feridas crônicas está
diretamente relacionada à uma equipe de enfermagem integrada, capacitada
tecnicamente e atuante na UBSF no sentido de captar e acolher os pacientes
portadores de feridas crônicas, não somente aos que procuram a unidade para o
tratamento, mas também saber identificar o paciente de risco na unidade de saúde à
procura de outro tipo de assistência ou até mesmo em sua residência, através das
visitas realizadas.
Tendo como objetivo geral apontar referências e informações técnico-científico
que colaborem para o melhor desempenho da equipe de assistência de enfermagem
no tratamento ao paciente portador de feridas crônicas, como: apresentar
conhecimento básico da fisiologia da pele para uma classificação adequada da ferida
baseado em evidências científicas no tocante à assistência de enfermagem aos
14
pacientes portadores de feridas na Unidade Básica da Saúde da Família (UBSF),
narrar a importância da identificação do perfil populacional e a abordagem correta da
equipe de enfermagem para um acolhimento humanizado dos pacientes portadores
de feridas e consequentemente uma melhor adesão ao tratamento e mostrar através
de levantamento bibliográfico, elementos que comprovem a eficácia da escolha do
tratamento adequado disponível na unidade de saúde utilizando a sistematização de
enfermagem na estruturação das ações aplicadas corretamente pela assistência de
enfermagem na UBSF e
Este projeto de conclusão de curso trata-se de uma revisão narrativa de
lite7ratura, com caráter descritivo, desenvolvida a partir de publicações indexadas na
base de dados SCIELO e do Google Acadêmico, livros textos e resoluções normativas
do Ministério da Saúde de 2012, artigos, tese e livros. A busca dos estudos nas bases
de dados mencionadas se fez com o cruzamento das palavras citadas nos descritores:
“cicatrização de feridas”; “curativos oclusivos”; “cuidados de enfermagem”; “legislação
de Enfermagem”; “unidade básica” e “portadores de feridas crônicas”. Para a amostra
dos estudos selecionados, foram estabelecidos como critérios de inclusão: capítulos
de livros, teses, dissertação, editoriais, revistas, artigos científicos disponibilizados na
íntegra e na forma online disponíveis nas bases de dados citadas, publicados no
idioma português compreendido entre os anos de 2005 a 2015 e que incluíssem os
descritores selecionados no corpo do manuscrito. Como critérios de exclusão: relatos
de casos informais, reportagens, notícias não confiáveis, textos não científicos e
artigos científicos sem disponibilidade do texto na íntegra online e que não
contemplassem os critérios de inclusão. Após a aquisição e leitura do material
pesquisado, foram organizados de forma seletiva 10 textos que mais se enquadram
ao tema deste trabalho para embasamento e sustentação a revisão de literatura.
15
1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE
A pele é o maior órgão do corpo, corresponde aproximadamente a 10% do peso
corporal e uma área total de 2m². Conhecida como tecido tegumentar, cobre a
superfície do corpo, protegendo-o dos fatores de riscos externos. É composta por três
diferentes camadas: epiderme, derme e tecido conjuntivo subcutâneo, encontradas
fixamente unidas (Geovanini; Junior, 2015, p.19). A pele está sujeita a sofrer
agressões decorrentes de fatores intrínsecos e/ou extrínsecos que poderão causar
alterações em sua constituição, como por exemplo, as feridas cutâneas (MORAIS;
OLIVEIRA; SOARES, 2008).
1.1 DEFINIÇÃO DE EPIDERME
É a camada mais externa da pele, sua espessura varia de 0,04mm nas
pálpebras e 1,6mm nas regiões palmares e plantares. É avascular, estratificada,
constituída basicamente de 80% de células denominadas de queratinócitos e
composta de cinco subcamadas, o extrato córneo, mais externa; o estrato lúcido; o
estrato granuloso; o estrato espinhoso e o estrato basal, que é a mais interne e liga a
epiderme à derme. Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, que
são as células que produzem melanina, pigmento que determina a coloração da pele
(Geovanini; Junior, 2015, p.19).
1.2 DEFINIÇÃO DE DERME
É a camada mais profunda e espessa da pele; é composta de fibroblastos,
fibras elásticas e de colágeno, os quais totalizam cerca de 95% deste tecido. Esta
camada contém vasos sanguíneos, folículos pilosos, vasos linfáticos, terminações
nervosas, órgãos sensoriais, glândulas sebáceas e sudoríparas, e está dividida em
subcamadas: a papilar e a reticular (Geovanini; Junior, 2015, p.19).
A derme repousa sobre a hipoderme ou tecido subcutâneo, que é um tecido
conjuntivo frouxo constituído de tecido adiposo, unindo os tecidos vizinhos à
subcamada reticular da derme (Geovanini; Junior, 2015, p.19).
16
1.3 DEFINIÇÃO DE TECIDO CONJUNTIVO SUBCUTÂNEO
O tecido subcutâneo contribui para impedir a perda de calor e constitui reserva
de material nutritivo, além de conferir proteção contra traumas mecânicos (Geovanini;
Junior, 2015, p.20).
1.4 CONCEITO DE FERIDAS
Feridas são lesões produzidas na pele geradas por traumas, processos
inflamatórios, degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por
defeito de formação. É o rompimento e alteração do funcionamento normal da
estrutura anatômica da pele. Com isso as células relacionas a ferida, tendem a se
regenerar e voltar a sua função e estrutura normal (Cunha, 2006).
1.5 CLASSIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS FERIDAS CRÔNICAS
As feridas crônicas denominam-se a partir do processo lento de cicatrização
desde o seu início, relacionado a diversos fatores de risco, tais como: insuficiência
venosa ou vascular, diabetes, isquemia local, necrose e contaminação bacteriana.
Estes fatores tem a capacidade de aumentar a fase inflamatória e constante migração
de macrófagos e neutrófilos para a ferida (CAMPOS; BRANCO; GROTH, 2007).
São caracterizadas como feridas de longa duração ou de frequente recidivas,
pois ocorre desvio a sequência do processo cicatricial fisiológico (Geovanini; Junior,
2015, p.37).
1.5.1 Úlcera de Membros Inferiores ou Úlcera Venosa
Úlcera de membros inferiores também conhecida como úlcera de perna é a
síndrome em que há destruição de estruturas cutâneas, tais como epiderme e derme,
podendo afetar, também, tecidos mais profundos. Geralmente se manifesta no terço
inferior dos membros inferiores (CARMO et al., 2007)
Úlceras crônicas nos membros inferiores frequente em idosos acima de 65
anos, portadores de insuficiência venosa crônica (IVC), que é uma patologia
17
decorrente à insuficiência das veias da perna e da associação do refluxo de sangue
para as veias superficiais; desencadeia hipertensão venosa, afeta a microcirculação,
causando danos às paredes dos vasos e alterações cutâneas. O processo de
cicatrização da ferida é longo gera desconforto físico além psicológico (Geovanini;
Junior, 2015, p.42; SALOMÉ; BLANDES; FERREIRA, 2012).
Sua causa também está associada a diversos fatores, além de doença venosa
crônica, como: doença arterial periférica, neuropatias, hipertensão arterial, trauma
físico, anemia falciforme, infecções cutâneas, doenças inflamatórias, neoplasias e
alterações nutricionais (SALOMÉ; BLANDES; FERREIRA, 2012).
1.5.2 Pé Diabético
Ferida crônica dos pés, resultante de complicações da diabetes, como
neuropatia diabética e doença vascular periférica. Pode ocorrer diminuição da
sensibilidade, deformidades, diminuição de fluxo arterial, que predispõem a ulceração
dos pés. São classificadas em neuropática, quando consequente de doença arterial
periférica e neurovascular, advindas de complicações neuropáticas e isquêmicas
(Geovanini; Junior, 2015, p.43).
1.5.3 Úlcera Arterial
Ferida crônica nas pernas, procedente de lesão das artérias, por doença vascular
periférica (DVP), caracterizada por presença de tecido desvitalizado, amarelo ou
preto, esfacelamento e escarificação com áreas de necrose, pouco exsudativas,
localizadas na região distal dos membros inferiores, região retromaleolar, calcâneo e
dedos dos pés. É necessário tratamento simultâneo da patologia de base, como
doença cardiovascular, hipertensão arterial, diabetes melito, vasculite, doenças
vasoespásticas, além do controle de hábitos, como consumo exagerado de carnes
vermelhas, tabagismo e etilismo (Geovanini; Junior, 2015, p.43).
18
2 PERFIL POPULACIONAL DO PORTADOR DE FERIDA CRÔNICA
O enfermeiro com o passar dos anos tem se tornado peça fundamental para o
desenvolvimento de praticamente todas as ações realizadas na UBSF, sendo
referencial para equipe de saúde como coordenação técnica generalista para o
cuidado e assistencialista no âmbito geral, tendo como principal objetivo a prevenção
e a promoção à saúde.
Cabe a equipe de enfermagem saber identificar o perfil populacional de sua
área, fatores de risco e traçar estratégias para o alcance desta população,
principalmente para que haja sucesso no atendimento qualificado das ações
desenvolvidas de forma integral e contínua. Neste contexto embasou-se a importância
da conduta do enfermeiro assistencialista na atenção primária à saúde do portador de
ferida crônica, pois o cuidado e o tratamento de feridas tornou-se especialização e
atividade exercida pelo enfermeiro.
As feridas crônicas denominam-se a partir do processo lento de cicatrização
desde o seu início, relacionado a diversos fatores de risco, tais como: insuficiência
venosa ou vascular, diabetes, isquemia local, necrose e contaminação bacteriana.
Estes fatores tem a capacidade de aumentar a fase inflamatória e constante migração
de macrófagos e neutrófilos para a ferida (CAMPOS; BRANCO; GROTH, 2007).
A população idosa é a mais acometida por esta patologia, sendo entre 65 a 70
anos a maior faixa etária, que além da ferida se tem uma redução das atividades
diárias somatizada as condições da doença crônica, desestruturando emocionalmente
o indivíduo, o que requer métodos de confronto psicológico desta situação (OHNISHI
et al., 2001; SALOMÉ; BLANDES; FERREIRA, 2012).
Não obstante a causa, quando lesionado a pele e tecidos subjacentes tem-se
como consequência a dor frequente, sofrimento, perda de autoestima, isolamento
social e familiar, gastos extras e até afastamento de suas atividades profissionais,
necessitando de atendimento especializado da equipe multidisciplinar em conjunto
com a equipe de enfermagem, traçando estratégias e ações individualizadas de
acordo com o perfil do portador.
2.1 PAPEL DO ENFERMEIRO NO ACOLHIMENTO DO PORTADOR DE FERIDA
CRÔNICA
19
A equipe de enfermagem possui um papel essencial de grande relevância no
que tange o cuidado do paciente em um todo, da identificação do paciente, do plano
de tratamento adequado da ferida levando em consideração o quadro clínico geral do
cliente, suas atividades diárias, situação econômica para que possa adequar seu
tratamento à sua rotina para melhor adesão, oferendo lhe auto estima para melhor
convívio familiar e social, ou seja, dando a oportunidade para uma vida normal
associada a adesão do tratamento até sua alta.
No Brasil, de forma generalizada, independente de idade, sexo ou raça, um alto
número de indivíduos são acometidos por alterações na integridade da pele,
caracterizando um problema de saúde pública, porém, por falta de registros de
atendimento não há como mensurar um número real de pessoas portadoras de feridas
(Morais; Oliveira; Soares, 2008).
O enfermeiro deve ter uma visão ampla no que se refere ao atendimento do
paciente portador de ferida crônica. De acordo com Morais, Oliveira e Soares (2008),
o profissional de enfermagem possui um papel de grande importância no que se refere
ao cuidado do paciente, executando um trabalho relevante quanto ao tratamento de
feridas, uma vez que possui contato direto com o mesmo, acompanhando a evolução
da lesão, orientando e executando o curativo de acordo com as técnicas corretas.
Dentro ainda desse quadro, o enfermeiro deve realizar a sistematização da
assistência de enfermagem a pacientes com feridas crônicas, cooperando e
auxiliando para uma assistência qualificada, proporcionando a recuperação do
paciente (Cunha, 2006).
O tratamento de feridas tem evoluído com técnicas adequadas e medicamentos
específicos a fim de obtenção de obter melhores resultados nas Unidades de Atenção
Primária à Saúde. A eficácia do tratamento depende principalmente orientação do
cliente quanto a adesão ao tratamento, fazendo com que ele se torne um participante
ativo neste processo (Cunha, 2016).
O enfermeiro deve ter o conhecimento do paciente de aspecto geral, como
patologias clínicas existentes e aparecimento de outras complicações, como infecção,
condições psicológicas e socioeconômica, relacionamento familiar e cultural, para que
então planeje ações cabíveis para eficácia na cicatrização e recuperação do paciente
(Carneiro; Souza; Gama, 2010, p.496).
20
No ato do atendimento à pessoa portadora de ferida, a equipe de enfermagem
deve avaliar as condições da lesão, a escolha do material adequado a ser utilizado,
tendo como objetivo estimular que o organismo realize suas funções de cicatrização,
pois atualmente existem inúmeros produtos para tratamento de feridas, exigindo do
profissional de enfermagem capacidade técnica para melhor escolha do plano de
tratamento.
Segundo Pereira e Bachion (2005):
[...] Fatores relacionados com a ferida e a pele adjacente – etiologia, tamanho, profundidade, localização anatômica, volume de exsudato, risco ou presença de infecção, condições da pele adjacente. Fatores relacionados com o paciente – condições nutricionais, doenças de base, necessidade de controle da dor, preferências. Fatores relacionados com o curativo – indicação, contraindicação, vantagens e desvantagens, disponibilidade, durabilidade, adaptabilidade, e facilidade de uso.
Após anamnese do paciente e considerações dos fatores relacionados a ferida
crônica, o enfermeiro deve desenvolver um plano de cuidados, com prescrição e
metas programadas, resultados esperados e justificativa, o que se requer o
gerenciamento da evolução da ferida. O enfermeiro realiza todo o planejamento de
tratamento de acordo com a classificação da ferida e metas para alta do paciente após
cicatrização (Cunha, 2006).
21
3 A ESCOLHA DO TRATAMENTO ADEQUADO
Para a escolha de um curativo adequado é essencial que a equipe de
enfermagem realize uma avaliação criteriosa da ferida e classifica-la corretamente,
pela origem ou pelo tipo de agente causal. Nessa analise deve ser realizado
anamnese com histórico completo do cliente, observando suas condições físicas,
idade e estado geral, existência de doenças de base, uso de medicamentos,
localização anatômica da ferida, sua forma, tamanho, profundidade, bordas e
condições da pele ao redor da ferida, presença de tecidos de granulação, presença e
quantidade de tecido necrótico, grau de contaminação, presença de exsudato,
drenagem na ferida (Carneiro; Souza; Gama, 2010, p.495).
O cliente deve ser abordado de forma coerente pela equipe, fazendo-o
entender após a avaliação da lesão o tratamento indicado para reconstituição da
lesão, a escolha correta do material e plano de tratamento, com isso a possibilidade
de apresentar resultados estágio de evolução durante o processo de cicatrização
(Franco; Gonçalves, 2007).
3.1 PRODUTOS DISPONÍVEIS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Existem inúmeros produtos e novas tecnologias no mercado disponíveis para
tratamento de feridas crônicas, como: carvão ativado, hidrogel, hidrocolóide,
polihexametileno biguanida (PHMB), bota de unna, dentre outras, porém, não é
realidade de produtos disponibilizados nas unidades de atenção básica (Franco;
Gonçalves, 2007).
As alternativas de tratamento na Unidade Básica de saúde são baseadas no
uso de Sulfadiazina de prata, Neomicina e Solução fisiológica 0,9%. Cabe ao
profissional de enfermagem ter conhecimento técnico sobre o produto e sua eficácia
para determinado tipo de ferida (Carneiro; Souza; Gama, 2010, p.501).
3.1.1 Sulfadiazina de Prata
22
Antibacteriano tópico que atua na parede e na membrana celular produzindo
efeito bactericida. A prata é liberada lentamente em concentrações tóxicas para as
bactérias. Atua também, contra leveduras e Candida albicans (DAME,2017).
Indicada para prevenção e tratamento de feridas com grande potencial de
sepse (queimaduras, úlceras varicosas, escaras de decúbito e feridas cirúrgicas
infectadas) e tratamento de queimaduras. É contraindicada para pessoas
hipersensíveis a substância (DAME, 2017; Geovanini; Junior, 2015, p.51).
3.1.2 Sulfato de Neomicina (Creme)
Antibiótico de amplo espectro que altera a síntese proteica das bactérias Gram-
negativas, causando sua morte. Bactericida. Indicada para o tratamento e profilaxia
das infecções da pele de qualquer natureza, inclusive traumática ou ferida cirúrgicas
(DAME, 2017; Carneiro; Souza; Gama, 2010, p.501).
3.1.3 Solução Fisiológica 0,9%
Soro fisiológico indicado para limpeza e hidratação do tecido lesionado
(Carneiro; Souza; Gama, 2010, p.501).
3.2 CURATIVO - TÉCNICA ADEQUADA
O profissional de enfermagem deve coerência na escolha da técnica de
limpeza, após a avaliação da ferida e abordagem individualizada do cliente, é
importante o uso de proteção individual e do cliente afim de evitar contaminação
durante a técnica de limpeza da ferida (Geovanini; Junior, 2015, p.64).
Após a limpeza da ferida com técnica adequada de acordo com a avaliação do
profissional de enfermagem, tem que se proporcionar ao leito da ferida um ambiente
adequado à cicatrização, absorver a drenagem para proteger a pele adjacente,
proteger a ferida contra contaminação e traumatismo mecânico, promovendo conforto
físico e mental ao paciente (Cunha, 2006).
3.3 ADESÃO AO TRATAMENTO
23
A efetividade do tratamento da ferida dependerá da conscientização do cliente
e orientação correta e didática, fazendo com que ele se torne um participante ativo no
processo da cicatrização da ferida, e eminente, que ele atue diretamente no que tange
o cuidado e prevenção de infecção de sua ferida, além de sua frequência conforme
estabelecido no plano de tratamento para a realização dos curativos na UBS
(MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008).
A convicção de que a participação do profissional de enfermagem é
fundamental na busca de novas maneiras de cuidar e, deve ter conhecimento técnico
para propiciar um tratamento adequado ao cliente na sua recuperação, reabilitação,
na promoção de saúde e prevenção de agravos (Carneiro; Souza; Gama, 2010,
p.500).
3.4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM QUALIFICADA AO PACIENTE PORTADOR
DE FERIDAS CRÔNICAS
O enfermeiro deve buscar primeiramente o conhecimento do histórico clínico
do paciente, existência de doenças de base, idade e estado geral, uso de
medicamentos, realizando a inspeção da ferida para uma avaliação qualificada para
definição do plano de tratamento do seu cliente, promovendo resultados na promoção,
proteção e recuperação do mesmo. Deve avaliar as características definidoras da
alteração na integridade da pele (localização anatômica da ferida, sua forma, tamanho,
profundidade, bordas e condições da pele ao redor da ferida, presença de tecidos de
granulação, presença e quantidade de tecido necrótico, grau de contaminação,
presença de exsudato) e posteriormente diagnosticar a ferida, analisando: A alteração
da integridade da pele relacionado aos fatores internos, como: alteração na
sensibilidade (em consequência de diabetes melito), alteração no metabolismo e
circulação prejudicada. Risco de infecção, relacionado a enfermidade crônica e
alteração na integridade da pele; mobilidade física prejudicada, relacionado à dor,
caracterizado pelo desconforto; conforto prejudicado, caracterizado por ansiedade,
medo, desconforto com a situação, sintomas de sofrimento relacionado ao regime de
tratamento e privacidade insuficiente (NANDA, 2017).
24
Subsequentemente o profissional enfermeiro deve desenvolver um plano de
cuidados individualizado a cada paciente, prescrição baseada no conhecimento
técnico da alternativa escolhida e metas, resultados esperados e justificativa da
terapêutica determinada para base no seu gerenciamento da ferida. Com as metas e
resultados esperados convencionado, o enfermeiro deve programar as terapias de
acordo com a gravidade, tipo de ferida e a presença de algum fator que cause
complicação, como exemplo: risco de infecção, contaminação, má nutrição,
imunossupressão e diabetes, circulação arterial e/ou venosa prejudicada capaz de
afetar a cicatrização da ferida. Deve-se avaliar os fatores psicossociais do mesmo,
para uma abordagem correta da equipe de saúde, fazendo com que este paciente se
torne atuante no tratamento, ou seja, entenda que com a melhor adesão
consequentemente chegará a recuperação (Cunha, 2006).
Com o gerenciamento eficaz no tratamento dos pacientes portadores de doenças
crônicas é possível estabelecer novos planos de tratamento durante a programação
pré-estabelecida ou até mesmo alta precoce com a adesão do cliente, porém, a equipe
de enfermagem deve trabalhar preventivamente junto ao paciente e seus familiares
para manter a boa qualidade da cicatrização da ferida (Cunha, 2006; Carneiro; Souza;
Gama, 2010, p.503).
Com a assistência de enfermagem qualificada na UBSF a capacidade de
diminuir riscos ao paciente é de grande relevância, evitando internações e até
proporcionando a recuperação total deste paciente, oferecendo-lhes a oportunidade
de uma vida social normal novamente.
25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prestar uma assistência de enfermagem qualificada ao paciente portador de
feridas crônicas nas unidades básicas saúde da família é um desafio a ser enfrentado
por toda a equipe, em especial pelo enfermeiro, proporcionando o cuidado
humanizado, buscando compreender a patologia sem deixar de se preocupar com os
fatores psicossociais e humanos que o profissional alcançará a excelência no
atendimento. As feridas crônicas tem acometido cada vez mais a população brasileira,
em especial aos idosos e denominam-se a partir do processo lento de cicatrização
desde o seu início, relacionado a diversos fatores de risco, tais como: insuficiência
venosa ou vascular, diabetes, isquemia local, necrose e contaminação bacteriana,
onde a equipe de enfermagem deve estar capacitada para identificar estes fatores e
estruturar um plano de ação coerente.
A equipe de enfermagem possui um papel fundamental no que tange o
acolhimento do paciente de modo geral, na identificação do paciente, do plano de
tratamento individualizado, levando em consideração o quadro clínico geral do cliente,
suas atividades diárias, situação econômica para que possa adequar seu tratamento
à sua rotina para melhor adesão, oferendo lhe auto estima para melhor convívio
familiar e social e eficácia de seu tratamento.
Evidenciou-se a importância da sistematização de enfermagem qualificada,
onde o profissional de enfermagem mesmo com a limitação de produtos acessíveis
na unidade básica de saúde, quando embasados por conhecimento técnico-cientifico
para avaliação das feridas e conhecimento dos produtos disponíveis é possível
diminuir riscos ao paciente, evitando internações, proporcionando a recuperação,
reabilitação, na promoção de saúde e prevenção de agravos.
O compêndio deste assunto não se encerra com este estudo, levando em
consideração a insuficiência de debates sobre o tema na literatura. Estudos mais
frequentes que reflitam sobre a autonomia e qualificação do enfermeiro em seu efetivo
papel no tratamento de feridas. No entanto, acredita-se que este estudo contribua de
forma facilitadora na idealização de uma sistematização de enfermagem qualificada,
levando a equipe agir de forma diferenciada em meio as dificuldades atualmente
enfrentadas na atenção básica.
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