Post on 02-Jan-2016
UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PÓLO: PAU DOS FERROS/RN
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E TEÓRICO-METODOLÓGICOS
DO SERVIÇO SOCIAL I
PROFESSORA EAD: ELAINE CRISTINA VAZ VAEZ GOMES
ADRIANA LUCENA MENDES DE LIMA - RA: 431007
FRANCISCO IUREMBERG MARTINS DE OLIVEIRA - RA: 430309
MARIA DILMA GOMES PINTO E SILVA - RA: 430420
VANUSA BEZERRA DE LIMA BRASIL – RA: 446971
O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
PAU DOS FERROS
2013
ADRIANA LUCENA MENDES DE LIMA - RA: 431007
FRANCISCO IUREMBERG MARTINS DE OLIVEIRA - RA: 430309
MARIA DILMA GOMES PINTO E SILVA - RA: 430420
VANUSA BEZERRA DE LIMA BRASIL – RA: 446971
O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
Trabalho da Atividade Prática Supervisionada, apresentado a Tutora Elaine Cristina Vaz Vaez Gomes da Universidade Anhanguera UNIDERP, como requisito avaliativo da disciplina de Fundamentos Históricos e Teórico-Medotológicos do Serviço Social I.
PAU DOS FERROS
2013
INTRODUÇÃO
O trabalho em questão tem por finalidade apresentar o desenvolvimento do Serviço
Social, desde os primeiros atos de assistência social, na década de 30, período em que se
afirmou o Sistema Capitalista, berço dos primeiros conflitos e as lutas de classe.
Para desenvolver a temática, utilizamos como suporte o filme Tempos Modernos de
Charlie Chaplin, haja vista as mudanças decorrentes da industrialização e concomitantemente
a introdução das novas tecnologias.
Mediante contexto vislumbramos ressaltar as mudanças sofridas no campo de trabalho
do Assistente Social, a nova estruturação deste profissional, bem como à busca de novas
formas de atuação e a ruptura com o modelo capitalista.
Por fim, serão evidenciadas as questões sociais decorrentes da atualidade, vinculando
as atribuições do Assistente Social neste contexto distinto. Isto posto, o Serviço Social tem
como foco a promoção de ações sociais, desmistificando o caráter assistencialista
historicamente atribuído.
AS QUESTÕES SOCIAIS QUE SURGIRAM EM DECORRÊNCIA DAS MUDANÇAS
NA SOCIEDADE
Na época da revolução industrial, os trabalhadores eram vistos como meros ''objetos''
pois a única coisa que realmente importava era o lucro. O filme “tempos modernos” é
evidente esta realidade em diversos momentos como, por exemplo, no tempo disponibilizado
para horário de almoço dos trabalhadores que era visto como prejuízos, as empresas, por sua
vez, buscavam uma forma de seus empregados almoçarem e trabalharem ao mesmo tempo,
sempre visando ao lucro acima de tudo; os trabalhadores enfrentavam uma carga horária de
trabalho absurda, praticamente o dobro dos dias de hoje e não tinham os seus direitos
garantidos por lei.
O filme em evidencia faz uma crítica com relação à exploração do trabalhador, que,
numa visão socialista, se traduziria numa dicotomia entre capital x trabalho,quando um
operário,por vezes, trabalha muito para fabricar um automóvel ou um eletrodoméstico e o
salário que ele recebe mensalmente pelo serviço prestado, é incompatível com o poder
aquisitivo para comprar o mesmo. Assim, vê-se a crítica ao modo capitalista que nesse fato se
justifica. Essa realidade e evidente na sociedade contemporânea.
Podemos perceber também no filme, um grande investimento em tecnologia. O
investimento em tecnologia de ponta tem o intuito de promover inovações na linha de
produção para que os trabalhadores produzissem mais, com menor perda de tempo. No filme
de Chaplin essa crítica se materializa com o aparecimento de uma engenhoca que se fosse
usada pelos operários para suas refeições economizaria muito tempo. Com aquela espécie de
inovação, que ocasionou mais problemas do que soluções- diga-se de passagem, é evidente a
preocupação dos senhores proprietários das empresas e fábricas em diminuir o tempo do
almoço e utilizar o tempo economizado para que os trabalhadores imediatamente voltassem
ao trabalho, com a responsabilidade de aumentarem a produtividade.
É importante destacar que a grande preocupação dos empresários na época era buscar
um aperfeiçoamento da máquina. Daí, a busca incessante por novas tecnologias,
vislumbrando aperfeiçoar a máquina a tal ponto que poderia substituir o homem; por outro
lado, os trabalhadores não qualificados para operarem as máquinas seriam descartados;
atualmente vivemos algo muito parecido, haja vista o mercado está cada vez mais exigente e
quem não se qualificar vai ficar fora do mercado de trabalho. Um bom exemplo disso nos dias
atuais é o computador. Logo,quem não souber utilizar essa ferramenta tecnológica,na
sociedade contemporânea é considerado praticamente um analfabeto.
Produzir sempre mais, também pode trazer problemas e foi o que aconteceu; a
sociedade ficou saturada de produtos provocando uma grande crise. O filme faz também uma
critica aos modos de produção capitalistas, a ambição dos burgueses e, principalmente, as
condições de trabalho em que se encontravam esses trabalhadores.
Ao confrontarmos as cenas evidenciadas no filme “Tempos Modernos”, com a
situação atual, percebe-se que, apesar dos investimentos sem tecnologias ponta na produção
industrial, a condição socioeconômica do homem na sociedade contemporânea, continua
relegada a segundo plano. Podemos constatar ainda no filme, supracitado, a implantação do
sistema de esteiras móveis nas fábricas, que tinha como finalidade aumentar a produtividade
das indústrias. Contudo, o novo processo produtivo trouxe benefícios apenas para uma das
classes dos meios de produção, no caso, a classe empresarial, que a partir daquele momento
tinha como principal triunfo a institucionalização do processo de mais valia.
Enquanto que os operários eram cada vez mais explorados, visto que não tinham os
seus direitos trabalhistas respeitados e eram obrigados a produzirem sempre mais, fato esse
que os deixava muitas vezes estafados e/ou neuróticos (robotizados) em função das condições
de trabalho e do precário salário estabelecido pelos empresários.
Em virtude da insatisfação da classe operária surgiram os movimentos grevistas, que
tinham como foco as reivindicações por melhorias das condições salariais e de trabalho. Esses
movimentos foram, por vezes, reprimidos pelos patrões, que acionaram as autoridades
policiais, com o intuito de promover o esvaziamento do movimento e assim garantir o retorno
das atividades fabris.
Contudo, apesar dessa situação adversa, o operariado sonha em ter sua casa própria,
constituir família e participar da vida social. Só que na maioria das vezes esses sonhos não se
tornam realidade porque a precária condição econômica e social imposta ao trabalhador não
lhe permite superar suas necessidades pessoais e primordiais, tais como: as de caráter sociais,
financeiras, habitacionais, nutricionais etc.
Apesar da existência de algumas instituições que luta pelos direitos trabalhistas,
percebe-se que o desemprego e as insatisfações fazem parte da vida da grande parte dos
trabalhadores brasileiros, vítimas de empresários que visam, sobretudo, o lucro fruto do
capitalismo selvagem, onde prevalecem os dados numéricos, estatísticos e financeiros a fim
de satisfazer os interesses da burguesia elitista que predomina no país.
Visto nesta ótica, a classe trabalhadora que luta por dias melhores, fica cada vez
excluída da sociedade (segregação social), sem emprego e sem perspectiva de realizar ou
conquistar sua pretensão pessoal, que em muitos casos são até mesmo indisponíveis para a
subsistência desses operários.
Neste período de conflitos, surge o Serviço Social sendo o mediador entre ambas as
classes, assim o Serviço social nasce neste com o objetivo pacificador por parte do Estado.
A sociedade contemporânea exige do profissional da área da Assistência social o
delineamento de uma nova postura, mediante a realidade vivenciada, ou seja, a necessidade de
colocarmos em prática as idéias, as quais sugerem o filme Tempos Modernos, "mais do que
máquinas, precisamos de humanidade". Devemos retomar valores perdidos pela humanidade
como: amor, afeto, amizade, bondade, paciência, honestidade, únicos bens realmente
importantes para nós e que, infelizmente, parecem estar esquecidos e/ou banalizado em meio
à violência dos tempos modernos.
Tendo em vista o histórico do Serviço Social e a forma ambígua o qual ele se constitui
na sociedade, os Assistentes Sociais, devem assumir a responsabilidade pela disseminação do
capitalismo e das desigualdades sociais, pois se não fosse o sujeito apaziguador dos conflitos
sociais, as classes menos favorecidas teriam revolucionado o cenário histórico. De certa
forma, foram os Assistentes Sociais que ajudaram a burguesia a ludibriar o proletariado,
fazendo com que as grandes massas se desarticulassem e perdessem força. Por isso entende-se
que é hora de romper com a herança do assistencialismo e propagar a emancipação social, e
assim devolver aos sujeitos a força que lhes tirada no passado.
A NECESSIDADE DE MUDANÇA
Se pararmos para pensar no significado da palavra mudar, logo pensamos em deslocar,
dispor de outro modo, remover para outro lugar, alterar. O Serviço Social, tem se esforçado na
busca de fundamentação teórico-metodológica, ético-político e técnico-operativo que dê
novas estratégias de ação, que por muitas vezes eram desenvolvidas de forma crítica.
Neste contexto, a consolidação do capitalismo como um modo de organização da
sociedade, trouxe muitas alterações na política, na economia e, conseqüentemente, nas
questões sociais. Estas mudanças reconfiguraram a forma como o sistema se organizava em
diferentes momentos da nossa história. O fim do feudalismo onde um senhor detinha o poder
de decisão, o inicio do trabalho remunerado pago em dinheiro e não mais em forma de trocas.
É importante destacar que o crescimento das cidades também contribui de forma
significativa na nova organização econômica. As necessidades de produzir e consumir vão
criando comércios que demandam de trabalhadores de pessoas, que antes não desenvolviam
uma atividade onde tivessem uma organização do trabalho.
Esta organização não acontece sozinha ela se dá, a partir do desenvolvimento
financeiro de alguns sujeitos – burguesia – e das alianças formadas entre burguesia, Estado e
Igreja, com a grande proliferação da indústria e do comércio, houve a necessidade de mais
sujeitos na zona urbana.
Na Europa, movimentos de trabalhadores foram criados, partidos políticos surgiram,
grupos de mulheres se organizavam, pessoas que estavam à margem desta nova sociedade se
organizavam para uma luta de classes. A demanda por bens de consumo e de
desenvolvimento das cidades não trouxe somente crescimento econômico do ponto de vista de
dinheiro, surgiram problemas como, exploração da mão de obra infantil e péssimas condições
de trabalho, contribuindo para o empobrecimento nas cidades e de novas necessidades.
Assim, a expansão capitalista favorece a aliança da classe dominante e o Estado,
fortalecendo a burguesia e, ao mesmo tempo, enfraquecendo a organização da classe
trabalhadora, especialmente no que se refere às suas lutas e reivindicações, deste conflito
nasceu à figura do Assistente Social, como mediador, sempre ao lado da burguesia.
É neste contexto, em que se afirma a hegemonia do capital industrial e financeiro, que
emerge sobre novas formas, a chamada ‘questão social’, a qual se torna base de justificação
desse tipo de profissional especializado [...] É a manifestação, no cotidiano da vida social, da
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de
intervenção. Esta influência pode ser identificada na medida em que o Serviço Social, por
meio da maioria de seus agentes vai ao longo de sua história assumindo o projeto ideológico
da burguesia como viável para a manutenção da vida em sociedade mais além da caridade e
repressão. (IAMAMOTO e CARVALHO, 1983, p.77).
Desta forma, fica evidenciado que o desemprego é um problema social historicamente
solidificado, em todos os tempos a falta de trabalho, traz consigo questões de desigualdade, de
exploração de mão de obra e de baixa remuneração. Mas, observando todo o histórico da
empregabilidade, vemos que houve uma conquista neste sentido, no que se refere aos “direitos
sociais”, que buscam minimizar os efeitos do desemprego.
Mediante estudo percebe-se que está longe do ideal de sociedade, que muitas leis
precisam ser colocadas em prática. O nosso sistema econômico desde o período da Revolução
Francesa (1889) tem se deparado com muitas dificuldades, conseqüências de uma sociedade
dividida em classes. O desemprego traz consigo muitos problemas sociais, ele ultrapassa a
questão econômica na sociedade, atingindo toda a família, mexe na organização da mesma,
modificando suas relações sociais e comerciais, que afetam diretamente ao plano de Capital e
de organização social. Se as relações são afetadas necessariamente precisam ser
reorganizadas, pensadas para que sejam superadas.
Conforme mencionado anteriormente, as fábricas empregavam mulheres e crianças,
trabalhando em regime de exploração, a carga horária era muito extensa, sem a menor
dignidade humana. O crescimento econômico fez com que toda pessoa, independente da
idade, fosse vista apenas como mão de obra. Hoje, ainda é evidente a exploração do homem
pelo homem, provavelmente em menor escala, mas também se percebe que o
desenvolvimento nos remete a consciência de coletivo e uma mudança de pensamento por
parte do trabalhador.
Percebe-se também que as lutas lideradas pelos movimentos sociais, suas
reivindicações, ainda lutam por uma jornada de trabalho condizente com as condições de
salário. Contudo, o trabalhador está mais consciente dos seus direitos perante a lei. A
sociedade globalizada exige do trabalhador cada vez mais uma mão de obra qualificada para
competir no mercado de trabalho que por vezes é competitivo, exigente e desigual. Daí a
necessidade de sistematizar as informações mais recentes para fazer a diferença ao ingressar
no mercado de trabalho.
O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
O Serviço Social foi introduzido no Brasil nos anos 30 devido a acontecimentos na
sociedade Brasileira nos setores políticos, econômico, social e religioso e com o agravamento
da questão social gerada com a transição do sistema agro exportador para o capitalismo
industrial, gerando um grande número de operários e conseqüentes às reivindicações de
melhores condições de vida e trabalho.
Na tentativa de superar esses problemas surgem os primeiros grupos de mulheres
designadas a serem assistentes sociais, com o objetivo de fazer o intercâmbio entre as
necessidades da população e o governo. É importante ressaltar que a igreja católica teve
grande influência nesse acontecimento.
Por meio de visitas domiciliares, realizadas por mulheres voluntárias, na qual se
faziam a doação de alimentos, roupas, calçados e outros bens materiais minimizando o
sofrimento dos mais necessitados. Essas visitas tinham também o interesse do Estado e das
classes dominantes de vigiar e dificultar a organização da classe trabalhadora.
O Serviço Social a princípio possuía um caráter puramente filantrópico e nesse
período era visto como atividade auxiliar no exercício do controle social, sem apresentar um
perfil profissional e assim se manteve por muito tempo.
Em 1936 foi criada a primeira Escola de Serviço Social em São Paulo e em 1937 a
segunda no Rio de Janeiro, sendo as pioneiras no Serviço Social no Brasil. As primeiras
instituições surgiram no período da ditadura do Estado Novo (1937/1945) sendo elas: Em
1938 o CNSS (Conselho Nacional do Serviço Social);em 1942 a LBA (Legião Brasileira de
Assistência).
A expansão do Serviço Social aconteceu a partir de 1945 visando atender as
exigências e necessidades do capitalismo do país geradas pelas mudanças na pós-segunda
guerra mundial e em 1946 foram criadas as instituições: FUNDAÇÃO LEÃO XIII - primeira
e grande instituição governamental direcionada à assistência atingindo toda a população pobre
de diferentes espaços tendo como principal objetivo atuar na educação dos favelados e o SESI
(Serviço Social da Indústria).
Na Constituição Federal de 1988 há o reconhecimento da Assistência Social como
política de Seguridade Social passando a ser direito do cidadão e não um favor do estado ou
entidades filantrópicas.
Embora atualmente não se use a expressão “ajudar” no trabalho do Serviço Social, se
fizerem uma comparação da década de 30 e os dias de hoje. Percebe-se que anteriormente o
ajudar era doar às pessoas aquilo que elas necessitavam. Hoje o Serviço Social cria através de
pesquisas e análise da realidade social, programas e políticas públicas que buscam a defesa e
ampliação dos direitos humanos atendendo às necessidades das pessoas.
Porque ajudar? No passado, para diminuir a carência e o sofrimento das pessoas.
Hoje, dentro do Serviço Social: garantir direitos e assistências à população desamparada,
diminuir a injustiça social, promover a inclusão das pessoas na sociedade e melhorar a
qualidade de vida das pessoas.
Como ajudar? Na década de 30 o termo significava fornecer e doar às pessoas o que
elas precisavam como comida, roupas, alimentos, entre outros. Atualmente, orientando as
pessoas a buscar seus direitos e oportunidades nos órgãos competentes seja na área da
educação, saúde, habitação, mercado de trabalho, cultura, entretenimento, e até mesmo no
monitoramento e acompanhamento dessas pessoas.
Dentre diversos projetos, citamos o CRAS – Centro de Referência de Assistência
Social com a participação efetiva do Serviço Social através da inclusão e acompanhamento
das famílias inscritas com o intuito de promover a cidadania e inclusão dessas pessoas na
sociedade de forma a orientá-las quanto aos seus direitos e deveres.
O PROCESSO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
O processo de reconceituação do Serviço Social surgiu paulatinamente em toda a
América Latina em 1930 até a segunda metade de 1960, nos países com desigualdades
sociais. Foi criado para dar resposta aos questionamentos da sociedade ao serviço social
tradicional, e para atendimento das reais necessidades da América latina, em confronto com
governos imperialistas e capitalistas.
Nesse sentido, observa-se que a ruptura não ocorre de imediato, mas tenta efetivar-se
por um processo de construção, a partir de questionamentos e reflexões críticas acerca do
conteúdo teórico-metodológico da prática profissional, ante as especificidades do contexto
social no qual se inscreve.
Ao fazerem questionamentos sobre a dominação, os profissionais começaram a
questionar também sua prática profissional. O movimento na América Latina influenciou o
Brasil, mas este movimento em nosso país foi diferente, considerando a organização da
categoria que buscou a fundamentação para a sua metodologia, teoria, técnica e
operacionalização, também em função da realidade social com produção mais alargada e mais
crítica das desigualdades sociais:
“O movimento de reconceituação contribuiu fundamentalmente para deslocar o eixo de preocupação do Serviço Social da situação particular para uma relação geral [...] e de uma visão psicologizante e puramente interpessoal para uma visão política da interação e intervenção.” (SILVA, 2009, pág. 132).
A partir dos anos 1960 o conservadorismo e o tradicionalismo do Serviço Social
passaram a ser questionados considerando a ocorrência das mudanças políticas, econômicas e
culturais configuradas no Brasil. Foi nos anos de 70 e 80 que este movimento realmente
emergiu. Um dos fatores da eclosão desse movimento de Reconceituação foi perda de níveis
salariais das camadas médias da qual pertencia o Assistente Social, tendo como reação a sua
inserção nos sindicatos.
Ao fazer a articulação com uma das classes iniciou um debate coletivo o que explica a
materialização e iniciação política da categoria com viés histórico. O movimento de
reconceituação germinou no interior da categoria, tendo como causa o acirramento das
contradições ou aumento das desigualdades sociais, e também a inadequação do Serviço
Social para atendimento destas demandas brasileiras, pois toda a sua fundamentação teórica
vinha de outros países e não atendiam a situação brasileira.
Os assistentes sociais além de lutar por melhores salários lutavam também contra a
carestia e defendiam os moradores das favelas que requisitavam saneamento básico dentre
outros. Com a reflexão do movimento também perceberam que não eram considerados
profissionais liberais, mas pertencentes à classe trabalhadora:
Desta forma percebe-se que o Serviço Social foi uma das profissões mais impactadas
pelos fatos históricos a partir da ditadura, pois sua ação sempre foi colocada sob a tensão da
relação capital versus trabalho. De um lado os dominantes, Estado e Instituições, querendo
mais poder e lucro e de outro os trabalhadores, lutando contra a exploração a alienação e a
mais valia. Deste antagonismo surgiu a questão social, resultantes das lutas no combate as
desigualdades e exploração social.
É neste contexto que é impossível o profissional se manter dentro da neutralidade tão
difundida no início da profissão, e assim a categoria pode identificar a ideologia política dos
dominantes e dominados. Outro grande impacto foi que os profissionais se tornaram mais
progressistas, vendendo a sua força de trabalho, se reconheceram como trabalhadores, e com
compromisso de defender os direitos dos trabalhadores:
“Esse processo desvela o caráter contraditório da prática profissional, uma vez que remete, sobretudo o espaço institucional, à necessidade de questionamento das normas institucionais que, via de regra, orienta a clientela para um processo de adaptação social, numa perspectiva de controle e dominação, preconizando a ruptura com esta prática, tendo em vista os interesses dos setores populares.” (SILVA, 2009, pág.87).
É importante também destacar o III Congresso a Reinserção da Classe Operária na
Política, ou seja, a importância deste movimento para a construção do Projeto Ético Político
do Serviço Social.
Vale ressaltar que este foi também um fator para criação de uma nova identidade
profissional baseada em uma dinâmica profissional crítica, com análise da realidade, da
totalidade, reconhecendo todo cidadão como sujeito de direitos, e não de favores, promovendo
ações para o favorecimento de toda a sociedade, principalmente quando passou a trabalhar
com comunidades.
O movimento de reconceituação representou um marco decisivo no desencadeamento
do processo de revisão crítica do Serviço Social, foi também um saldo qualitativo que
estruturou uma profissão interventiva no combate das desigualdades sociais e também um
marco no processo de politização e mobilização de profissionais e estudantes com
participação nos sindicatos em todo o país.
De 1960 até os dias atuais se caracteriza movimento de reconceituação. O seu
significado foi e é principalmente a ruptura com o conservadorismo e o tradicionalismo do
serviço social. Seu impacto hoje na profissão representa um marco histórico dividindo o
serviço social em “antes e após” a reconceituação.
Concordamos com Netto quando afirma que “a reconceituação só pode ser
adequadamente situada se considerar que se inscreve num processo muito mais amplo de
caráter mundial”(p. 6, revista).
A construção do Projeto ético Político que é uma proposta ideológica construída
diariamente, é constituído de três documentos: Diretrizes Curriculares, Código de Ética de
1986 e Lei 8.662/92, que só foi possível a partir da reconceituação, pois teve sua gênese na
segunda metade da década de 1970. Atrelado com a teoria social de Marx possibilitou nova
visão da categoria, para Netto:
“A existência deste Serviço Social crítico que hoje implementa o chamado Projeto Ético Político é a prova conclusiva da permanente atualidade da Reconceituação como ponto de partida crítica ao tradicionalismo; é a prova de que, 40 anos depois a Reconceituação continua viva”. ( NETTO, 2010, pág. 18).
Neste contexto a reconceituação tornou possível à formação de profissionais com
novos perfis, criticando as vertentes individualistas, procurando embasamento científico e
ético para sua intervenção, além de uma formação continuada, para respaldar o caráter
moderno e atuante da profissão, formando uma nova identidade profissional. Representou
para o Serviço Social o início de uma nova práxis um novo modo de refletir pensar e agir de
maneira a criar vínculos com ações transformadoras que vai muito além do capital, como a
defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo.
PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA POPULAÇÃO
Mossoró é uma cidade brasileira no interior do estado do Rio Grande do Norte.
Pertence à mesorregião do Oeste Potiguar e à microrregião homônima, localizando-se a uma
distância de 285 km a noroeste da capital do estado, Natal.
Ele ocupa uma área de 2.110,207 km² (o maior município do estado em área), sendo
que 11,5834 km² estão em perímetro urbano. Em 2012 sua população foi estimada
pelo IBGE em 266 758 habitantes, sendo o segundo mais populoso do Rio Grande do
Norte (ficando atrás somente da capital) e o 94º de todo o país.
A sede tem uma temperatura média anual de 27,4°C e na vegetação original do
município pode-se observar a presença da caatinga hiperxerófila, carnaubal e a vegetação
halófica. Com uma taxa de urbanização 91,31 %, o município contava em 2009 com 115
estabelecimentos de saúde. O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,735,
considerado médio pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e
o sexto maior do estado.
Localizada entre Natal e Fortaleza, às quais é ligada pela BR-304, Mossoró é uma das
principais cidades do interior nordestino, e atualmente vive um intenso crescimento
econômico e de infraestrutura, considerada uma das cidades de médio porte brasileiras mais
atraentes para investimentos no país. O município é o maior produtor em terra, de petróleo no
país, como também de sal marinho. A fruticultura irrigada, voltada em grande parte para a
exportação, também possui relevância na economia do estado, tendo um dos maiores PIB per
capita da região. As festividades realizadas na cidade anualmente atraem uma enorme
quantidade de turistas, como o Mossoró Cidade Junina, um dos maiores arraias do Brasil, e
o Auto da Liberdade, o maior espetáculo brasileiro em palco ao ar livre.
Reduto cultural, o município marca pelo Motim das Mulheres, pelo primeiro voto
feminino do país, por ter libertado seus escravos cinco anos antes da Lei Áurea, sem falar da
resistência histórica ao bando de Lampião. O município foi desmembrado de Assu em 1852 e
tinha o nome de Vila de Santa Luzia de Mossoró. Hoje, conhecida como a "Capital do Oeste"
por ter se destacado das demais na região Oeste Potiguar, destaca-se também pelo turismo de
negócios.
EmboraMossoró tenha avançado na área social nos últimos anos, ainda persistem
muitos problemas que afetam a vida da população. Abaixo listaremos uma relação dos
principais problemas na atualidade, a saber: o desemprego, a violencia e criminalidade,
poluição, saude, educação, falta de moradia digina, entre outros.
As pesquizas nos últimos anos apontam que houve um aumento na geração de
empregos, o fato se deve graças ao crescimento da economia, porém ainda existem milhões de
pessoas desempregados. A economia tem crescido, mas não o suficiente para gerar os
empregos necessários para atender as demandas existentes. A falta de uma boa formação
educacional e qualificação profissional de qualidade também atrapalham a vida dos
desempregados. Muitos tem optado pelo emprego informal (sem carteira registrada), fator que
não é positivo, pois estes trabalhadores ficam sem a garantia dos direitos trabalhistas.
Com relação à violência, esta tem aumentado a cada dia, principalmente nas grandes
cidades brasileiras. Os crimes estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. Nos
jornais, rádios, blogs e tvs presenciamos cenas de assaltos, crimes e agressões físicas. A falta
de um rigor maior no cumprimento das leis, aliada as injustiças sociais podem, em parte,
explicar a intensificação destes problemas em nosso país.
Mossoró apesar de ser uma cidade de médio porte apresenta um contraste social
bastante diversificado. A distribuição de renda é desigual, sendo que uma parcela da
sociedade é de classe média, enquanto grande parte da população vive na pobreza e miséria.
Embora a distribuição de renda tenha melhorado nos últimos anos, em função dos programas
sociais, ainda vivemos num país muito injusto.
O déficit habitacional é grande,vemos centenas de famílias que não possuem
condições habitacionais adequadas. Em Mossoró ainda encontramos pessoas morando em
casa de taipa, sem nenhuma segurança. Nestes locais, as pessoas possuem uma condição
inadequada de vida, passando por muitas dificuldades.
Neste sentido entende-se que para superar essa problemática o Serviço Social deve
utiliza-se de instrumental científico multidisciplinar das ciências humanas e sociais para
análise e intervenção nas diversas refrações da questão social (desemprego/saúde, falta de
moradia), isto é no conjunto de desigualdade que se originam do antagonismo entre a
socialização da produção e a apropriação provada dos frutos do trabalho.
Mediante o exposto o Assistente Social apresenta-se como sendo um profissional
qualificado que, privilegiando uma intervenção investigativa, através da pesquisa e análise da
realidade social, atua na formulação execução e avaliação dos serviços, programas e políticas
sociais que visão a preservação, defesa e ampliação dos direitos humanos e a justiça social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho em evidencia foi relevante, quando tivemos a oportunidade de (re)
conhecer o momento histórico em que se deu o nascimento do Serviço Social enquanto
profissão, bem como as lutas enfrentadas pelos primeiros Assistentes Sociais. Por ocasião dos
estudos de autores que evidenciam essa temática pudemos sistematizar conhecimentos
inerentes às questões sociais que surgiram ao longo do tempo e/ou foram agravadas em
decorrência das mudanças ocorridas na sociedade a partir da Revolução Industrial.
Vale destacar que foi condescendente o estudo inerente a essa temática, quando
tivemos a oportunidade de ver como o Serviço Social nasceu no Brasil , como se deu o
processo de reconceituação do Serviço Social e quais foram às mudanças ocorridas na
sociedade.
Por fim, acreditamos ter atingido os objetivos a que se propôs, quando na
oportunidade refletimos sobre a finalidade do Serviço Social, bem como sobre seu
objeto/sujeito de atuação, que é a questão social, ou seja, as desigualdades sociais
apresentadas pela sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: a ilusão de servir. In: Serviço Social:
identidade e alienação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1989. p. 17-44. Disponível em:
<http://servicosocialuniesp.blogspot.com.br/2011/08/servico-social-ilusao-de-servir-of.html>.
Acesso em: 23/08/2013.
MARTINELLI, Maria Lucia. Serviço Social: Identidade e Alienação. 16. ed. São Paulo:
Cortez, 2011. PLT 427.
Serviço Social e Assistência Social no Brasil. Disponível em: <http://www2.dbd.puc-
rio.br/pergamum/tesesabertas/0510670_07_cap_03.pdf>. Acesso em: 23/08/2013.
TEMPOS Modernos (Modern Times), EUA, 1936. Direção: Charles Chaplin.
SILVA, Maria Ozanira da Silva e. O Serviço Social e o Popular: resgate teórico-
metodológico do projeto profissional de ruptura – Editora Cortez, 6ª ed São Paulo 2009.
NETTO, José Paulo.Ditadura e Serviço Social: uma análise do serviço social no Brasil pós/64
Editora Cortez, 15 ed São Paulo – 2010.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mossor%C3%B3 Acesso em: 23/09/2013