Aula revolução chinesa

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Revolução Chinesa (1949)

-O grande crescimento demográfico

-As potências imperialistas-A Guerra do Ópio-A Guerra dos Boxers

O grande crescimento demográfico chinês, em meados do século 19, representava um expressivo mercado consumidor, que atraiu as potências imperialistas.

As potências imperialistas subjugaram a China, país com uma cultura milenar e uma economia essencialmente agrícola subordinada a um governo imperial envolvido em sucessivas revoltas camponesas e disputas políticas, mergulhada constantemente em crise.

A Guerra do Ópio (1841)

A penetração dominadora da Europa, dos Estados Unidos e do Japão realizou-se por meio de várias guerras, dentre as quais a Guerra do Ópio.

O Ópio era utilizado pelos chineses, até o século 18, como medicamento. Produzindo grandes quantidades em seus domínios na Índia, os ingleses forçaram mercado para a exportação desse produto, disseminando o vício entre os chineses.

Rebelando-se contra os malefícios causados à população, em 1839, em Cantão, as autoridades chinesas obrigaram o representante britânico a entregar perto de 20 mil caixas de ópio, em seguida jogadas ao mar.

A Inglaterra, que dominava 80% do comércio e tinha no ópio o mais importante produto desse comércio, exigiu dos chineses indenização pelas perdas, acusando-os de desacatar sua autoridade e bloquear o livre comércio na região. Como a indenização não foi paga, iniciou-se um conflito que ficou conhecido como Guerra do Ópio.

Tratado de Nanquim (1842)

Tratado de Pequim (1860)

Em 1842, derrotada, a China foi obrigada a assinar o tratado de Nanquim, pelo qual abria cinco de seus portos ao livre comércio, abolia o sistema fiscalizador e entregava Hong Kong à Inglaterra.

Anos depois, sob o pretexto de vingar o assassinato de um missionário francês, um exército franco-inglês, apoiado por americanos e russos, ocupou a capital chinesa, Pequim.

Nessas condições, foi assinado o tratado de Pequim, em 1860, que estabeleceu a abertura de mais 7 portos ao comércio internacional, além da instalação de embaixadas europeias e o direito de atuação de missões cristãs em território chinês.

Ainda no século 19

No final do século 19, a China entrou em guerra contra o Japão, quando este tentou conquistar seu território na península da Coréia. Diante das vantagens conseguidas pelo Japão com a derrota chinesa e contando com o respaldo de outras potências, a Rússia interveio.

Conseguiu reformular os termos do tratado assinado, estabelecendo que o Japão ficaria apenas com a ilha de Formosa e receberia uma indenização de guerra.

A Guerra dos Boxers (1900)

A Guerra dos Boxers foi outro dos grandes conflitos imperialistas que atingiram a China. Os “punhos fechados” ou boxers, como eram chamados pelos ingleses, eram chineses nacionalistas radicais que objetivavam libertar o país.

Em 1900, organizaram uma grande rebelião em que morreram cerca de 200 estrangeiros, inclusive o embaixador alemão. Em represália, uma força expedicionária internacional, composta por ingleses, franceses, alemães, russos, japoneses e americanos, invadiu a China.

Subjugando a China e obrigando suas autoridades a reconhecer todas as concessões às potências imperialistas. Em 1911, Kuomintang, sob a liderança de Sun Yat-sen, prometeu o fim da monarquia milenar, proclamando a República autônoma chinês, principalmente pela presença imperialista no país.

A República Popular da China

Após sua vitória, em 1949, PCC aproximou-se da União Soviética, com a assinatura, no ano seguinte, do Tratado de Amizade, Aliança e Ajuda. O novo governo adotou medidas drásticas, como a nacionalização das indústrias e a reforma agrária, para enfrentar as dificuldades econômicas, que, porém, ressurgiram com a Guerra da Coréia, em 1950.

Plano quinquenal (1953)

O primeiro plano quinquenal, anunciado em 1953 por Chou En-lai, propunha uma nova linha geral de transição para o socialismo, com prioridade para a indústria pesada. Em 1955, a coletividade da agricultura acelerou-se com a organização de um milhão de cooperativas. O aumento dos salários porém não acompanhou o imenso aumento da produtividade industrial.

A liberalização interna, buscando maior envolvimento popular.

Ao perceber que o desenvolvimento socialista estava aquém das exigências sociais e ameaçava o governo do Partido Comunista, Mao Tse-tung proclamou a liberalização interna, buscando maior envolvimento popular. Essa iniciativa permitiu o aparecimento de críticas aos abusos dos funcionários do partido e a atuação de oposicionistas contrários ao centralismo planificado.

Movimento das Cem Flores (1956)

Decorrente do lema “Que cem flores desabrochem, que cem escolas de pensamento rivalizem entre si”, a abertura foi chamada de Movimento das Cem Flores. A iniciativa foi encerrada quando se transformou em ameaça e fugiu do controle do PCC. Seguiram-se diversas prisões e programas de “reeducação” de vários ativistas.

Mao justificou-se dizendo que a Campanha das Cem Flores tinha por objetivo “fazer serpentes saírem de suas tocas”.

Grande Salto para a Frente (1957)

Novamente fortalecido, em agosto de 1957, o governo central decidiu-se pelo programa de reformas chamado Grande Salto para a Frente, que deslocaria os subsídios econômicos da indústria para a agricultura, confirmando o predomínio da base camponesa do socialismo chinês.

Porém mesmo com a mobilização geral da população, inclusive de intelectuais e estudantes conclamados a trabalhar no campo, e com o crescimento da produção rural em 65%, as dificuldades continuaram obrigando a correções de rumo. Na verdade, o projeto Grande Salto teve limitados resultados positivos, uma vez que, nesse mesmo período, as relações sino-soviéticos tornaram-se mais difíceis, intensificando as dissidências e a oposição interna ao PCC.

Anos 60

Revolução Cultural

Com o objetivo de fortalecer-se pessoalmente, Mao Tse-tung deu início, em meados da década de 60, a um movimento de expurgos a opositores políticos dentro do governo que envolveu toda a população chinesa.

Esse movimento, que começou tentando integrar o trabalho manual ao intelectual, ativou o fervor revolucionário, a participação popular, a produtividade e atacou a burocratização partidária e governamental. Logo desdobrou-se em críticas ao PCC, aos opositores de Mao, apelidados de “pró-burguesia”, “kruschevistas”, atraindo a participação de toda a sociedade contra o inimigo capitalista.

Os dazibaos, os jornais murais públicos feitos por populares, espalharam-se pelo país, generalizando o movimento.

Em pouco tempo transformou-se numa luta pelo poder, empreendida pelo grupo maoísta, sustentado pelo Exército Popular de Libertação, liderado por Lin Piao, contra o grupo de Liu Shaochi e Deng Xiaoping, fortes opositores de Mao dentro do PCC. Estes e seus seguidores acabaram sendo perseguidos e forçados a fazer autocrítica pública, acentuando a campanha em favor da liderança de Mao.

Multiplicaram-se as organizações revolucionárias, inspiradas na obra Pensamento de Mao Tse-tung, que ficou conhecido como Livro Vermelho. Nele firmaram-se as ideias de reeducação socialistas, de críticas ao burocratismo, de fidelidade a Mao e permanente alerta contra o inimigo.

Chiang Ching, esposa do líder chinês, comandava o Grupo Central da Revolução Cultural, que reprimiu não só os acusados de direitistas como também os ultra-esquerdistas, que pretendiam aprofundar ainda mais as críticas e o andamento da própria revolução.

No final de 1967 e início de 1968, consolidou-se a autoridade de Mao, que expurgou do partido seus opositores, entre os quais Deng Xiaoping.

Mao sobrepõe-se até mesmo PCC, transformando-se no líder máximo nacional, a quem chamavam de “o grande timoneiro”.

Anos 70

A partir de 1970, entrou em choque com Lin Piao, seu sucessor nomeado e chefe do Exército Popular, organização mais forte que o próprio partido.

Derrubado do comando militar, Lin Piao morreu em 1971, segundo versão oficial, vítima de um acidente aéreo quando tentava fugir para a União Soviética.

Em janeiro de 1976, morreu o primeiro-ministro Chou En-lai, habilidoso diplomata e conciliador das tendências do PCC.

Em setembro, Mao Tse-tung, com 83 anos de idade, abrindo um novo período de disputa pelo poder na China.

Ao morrer, Mao deixou aos seus sucessores uma China bastante diversa da que herdara no início da revolução de 1949: tanto a população, graças à redução da mortalidade infantil, quanto a expectativa de vida média havia praticamente dobrado. Mesmo sem conseguir eliminar o analfabetismo, com mais de um quarto da população marginalizada da formação básica, tinha, porém, multiplicado por 6 as matrículas nas escolas primárias chinesas.

A China pós Mao

Em fins de 1976, Hua Kuofeng assumiu o governo chinês, imprimindo uma linha política de centro.

Em 1977, ocorreu a reabilitação de Deng e, à medida que deu sua ascensão no PCC, o grupo de Chiang Ching foi marginalizado, culminando com sua prisão e julgamento em 1981, condenado como responsável pelos excessos da Revolução Cultural (perseguições, imposição de autocríticas sobre atuações

e erros quanto a concepções socialistas, impostos, culto à personalidade).

Deng Xiaoping, agora líder do governo chinês, iniciava o período de “desmaoização” do país, afastando seus adeptos do governo.

No final dos anos 1980, a imagem de Mao perdeu a força que possuiu durante mais de 30 anos.

Deng Xiaoping, tinha como meta modernizar a agricultura, a indústria, a defesa e a ciência e tecnologia.

Essas medidas atraíram para a China uma imensa onda de investimentos externos, fazendo com que o país intensificasse o início da reversão do predomínio agrário da época de Mao, passado na década de 1980 a ter uma população rural abaixo de 80%.

No final dos anos 1990, após a morte de Deng Xiaoping (fevereiro de 1997) e a liderança política seguinte de Jiang Zemin, ficaram patentes duas incógnitas para a continuidade do desenvolvimento chinês.

Em primeiro lugar, a questão da maior integração ao capitalismo globalizado e seu enfrentamento à burocracia herdada da ordem socialista, à corrupção e à ineficiência produtiva.

Em segundo lugar, a não simetria entre a abertura econômica e liberdades políticas, além dos efeitos da ampliação das desigualdades sociais com a economia de mercado.

Confirmando tal tendência, as pressões pela liberalização política na China foram bastante expressivas na década de 1990, atingindo seu ápice em abril de 1989, com ocupação popular da praça da Paz Celestial, no centro de Pequim.

Como um novo “assalto ao céu” (busca do paraíso socialista), exigia-se liberdade de manifestação e de imprensa, num movimento liderado por estudantes em busca da democratização do país. Porém o governo adotou uma linha repressiva sufocando o movimento à força.

Considerações finais

A revolução popular liderada por Mao sepultou a velha condição de “quintal do mundo” que caracterizava a China desde o século 19.

A força do sentimento nacional e a atuação do PCC criaram uma via socialista, independente, que se desgarrou do bloco monolítico soviético e até rivalizou com ele.

Diferentemente do que indicavam os fundamentos da ideologia marxista, a revolução chinesa não se fez baseada no operariado urbano mas sob a liderança da população rural, camponesa, o que firmou sua singularidade política, em plena Guerra Fria.

Em cuba, o socialismo foi estabelecido em meio à derrubada de uma ditadura apoiada pelos EUA, originando um Estado que ativou diversas políticas alinhadas com os soviéticos e o Leste europeu e que mergulhou em profundas dificuldades após o fim da Guerra Fria.

Assim, no final do século 20, a China sob o governo de Jiang Zemin, ampliava mais e mais a abertura ao sistema capitalista, combinada com a ordem comunista herdada da revolução de 1949.

Uma certa liberdade econômica demonstrada em fatos como os chineses terem seus próprios negócios, a abertura para investimentos estrangeiros.

Maiores vínculos com o circuito de negócios internacionais, consumismo, liberdade para viajar ao exterior, etc., cruzava-se com a manutenção de uma férrea estrutura política baseada no regime de partido único, no controle estatal das comunicações, censura, repressão contra manifestações contrárias ao partido, etc.

Muitos analistas definiram essa situação chinesa como “uma perestroika sem glasnost”.

Apêndice

O conflito sino-soviético

O compromisso soviético de fornecer armas nucleares aos chineses, assumido em 1957, foi ampla em 1959 nos preparativos para um encontro de representantes soviéticos com o presidente Dwight Eisenhower, dentro da política da coexistência pacífica.

A atitude soviética recebeu severas críticas dos chineses, para os quais o imperialismo americano continuava ameaçador.

Em represália, a União Soviética retirou, em 1960, seus conselheiros técnicos da China.

A política de priorização da produção de bens de consumo e de desestalinização adotada por Kruschev distanciava ainda mais o PCUS do PCC.

Naquele momento, os chineses buscavam desenvolver a indústria de base e Mao era venerado como o grande guia chinês, tornando-se alvo da crítica ao culto da personalidade feita pelo líder soviético.

O agravamento das relações sino-soviéticas, em 1962, ao ponto de ruptura, quando o PCC acusou Kruschev e o PCUS de “revisionistas”, ou seja, os soviéticos estariam modificando as teses marxistas originais, fugindo do socialismo puro.

Já nos anos 70, enquanto o monolitismo socialista se desestrutura, a China tratava pouco a pouco de aproximar-se diplomaticamente dos EUA.

Essa política possibilitou-lhe o ingresso na ONU (1971) e a visita do presidente Richard Nixon (1972).

Com uma política autônoma, os chineses tornaram-se militarmente auto-suficientes, adquirindo também poderio nuclear: explodiram sua primeira bomba atômica em 1964 e de hidrogênio em 1967.

Em 1969, as relações entre China e União Soviética havia se deteriorado de tal forma que, entre os dois países socialistas, existiam somente algumas modestas transações econômicas e questões diplomáticas de rotina.

Somente a partir de 1986 registraram-se progressos na reaproximação entre eles.

Obrigado!!