Post on 07-Jun-2015
PARENTALIDADE
MATERNIDADE /maternalidade
E
PATERNIDADE/paternalidade
Paula Pinto de Freitas
ICBAS
O desejo de ter um filho o desejo de um bebéAs forças biológicas e ambientais que levam homens
e mulheres a desejar ter filhos e as fantasias nascidas desse desejo podem encarar-se como a - Pré-história da Vinculação
Há que entender o desejo de um bebé no contexto do desenvolvimento psicossexual do homem e da mulher
• Acentua a dimensão psico-afectiva de um estado em “devir”
• Um aspecto da dimensão da personalidade do sujeito• Menos estudado o aspecto da paternalidade• Os aspectos culturais? Clivagem que acentua o afectivo
para o lado da mãe (maternalidade/paternalidade) e delega o poder no pai (paternalismo/maternalismo)
Maternalidade / Paternalidade
Tornar-se uma mãe tornar-se um paiJ. Begoin (2001)
• Criar uma criança é tb e simultaneamente criar um pai e criar uma mãe
• A procriação trata de facto da criação de uma relação totalmente nova de 3 pessoas entre elas
• Situação única e excepcional que comporta uma enorme força poterncial pela intensidade das reacções emocionais que provoca, não só entre os três protagonistas mas tb à sua volta, nomeada/ no meio familiar e social (pessoal médico e para-médico incluido)
O desejo de ter um filho na mulher
• Identificação com a mãe
• O desejo de ser completo e omnipotente (d.narcísico)
• O desejo de fusão e união com o outro
• O desejo de se rever no filho
• Realização de ideais e oportunidades perdidas
• O desejo de renovar velhas relações
• Dupla oportunidade de substituição e separação da própria mãe
Psicologia da Gravidez
• A gravidez como crise de desenvolvimento (H.Deutch; G.Bibring; G.Caplan)
• A gravidez como início da Ligação Mãe-Bebé (T. Brazelton; B.Cramer)
Paula Pinto de FreitasICBAS Universidade do Porto
A Experiência de Ser Mãe é marcada por:
• História pessoal da mulher• Qualidade da relação no casal • Expectativas em torno do bebé• Qualidade da relação com a família e amigos• Posição da mulher na sociedade• Factores sociais económicos e culturais
Paula Pinto de FreitasICBAS Universidade do Porto
A LIGAÇÃO MÃE - BEBÉ NA GRAVIDEZ COMO UM PROCESSO DE AJUSTAMENTO FÍSICO E PSICOLÓGICO AO FETO EM CRESCIMENTO
intimidade psicobiológica que torna indissociáveis aspectos biológicos e psicológicos
Paula Pinto de FreitasICBAS Universidade do Porto
Nasce uma Ligação1ª fase
- adaptação à notícia de gravidez
- ambivalência / Dúvidas
2ª fase
- 1ºs movimentos fetais
- reconhecimento do feto como um Ser separado da mãe
- fantasias mais focadas no bebé
- bebé perfeito / bebé anormal
3ª fase
- progressiva individualização do feto
- medos e fantasias acerca do partoPaula Pinto de FreitasICBAS Universidade do Porto
Movimentos Identificatórios da Grávida
• Identificação à mãe (movimento de aproximação à própria mãe- identificação voltada para o passado)
• Identificação ao bebé (identificação voltada para o futuro)
No desenrolar deste duplo processo identificatório desenvolve-se a capacidade da mulher ser mãe, ou seja, de responder às necessidades do seu bebé
3 BEBÉSno momento do nascimento
- o bebé imaginário
- o feto invisível mas real
- o recém-nascido real
Gravidez / Maternidade Tarefas desenvolvimentais
1. Aceitação da notícia2. Aceitação do feto como um ser separado3. Reavaliação /reestruruação da relação com os pais4. Reavaliação/reestruturação da relação com o
conjuge/companheiro5. Redefinição da sua própria identidade (integrando a
identidade materna)6. Aprofundar o conhecimento do futuro bebé7. Reavaliação /reestruturação da relação com os outros
filhos
PATERNIDADEPré-história da ligação - “paradoxo da masculinidade”(Bell, 1984) como conciliar um primeiro movimento identificatório à mãe com o novo movimento identificatório ao pai e ao comportamento masculino?
O desejo de um bebé: ser completo/omnipotente/rever-se no bebé desejo de continuidade, transpor para o bebé ideais, oportunidades perdidas; renovar velhas relações; oportunidade de igualar o pai
A Gravidez - proximidade/distância em relação à grávida
(amostras transculturais:4% proximidade pai/bebé; 79% pai e mãe dormem separados durante amamentação)
- O Síndroma de Couvade
- A aproximação do pai do bebé ao próprio pai tem função protectora
- Transição da relação dual para relação triangular
- Preocupação com a saúde da grávida e feto
PARENTALIDADE E FAMÍLIA
• Na perspectiva da família Nuclear: O nascimento do primeiro filho marca o nascimento da família nuclear, acarretando mudanças estruturais e funcionais, com diferenciação dos sub-sistemas parental e filial. (com o nascimento de segundos filhos diferencia-se o sub-sistema fraternal)
• Na perspectiva da família alargada (o bebé concretiza a ligação entre as duas famílias de origem e cria novos laços de parentesco (avós, tios primos...)
• Acarreta uma reorganização das relações entre a família nuclear e as famílias de origem
• Introduz novas dimensões na relação família - sociedade
MATERNIDADE E SAÚDE MENTAL
• 15 a 20% das pacientes vistas nos serviços de saúde materna têm problemas de saúde mental
• mais de 10% poderiam ser considerados casos de depressão, mesmo que só uma pequena percentagem seja diagnosticada como tal
• no decurso do 1º ano após o parto, 10 a 20% das mulheres serão casos de depressão e 2% serão enviadas ao psiquiatra
• 2 por 1000 necessitarão de internamento psiquiátrico
• 10% das mulheres enviadas aos serviços de psiquiatria têm um filho com menos de um ano e 25% têm um filho com menos de 5 anos
• nos primeiros 30 dias após o parto, as mulheres têm um rico 16 vezes superior de internamento psiquiátrico. Após parto por cesariana o risco é 35 vezes superior
Perturbações Emocionais Pós-natais
Blues (50 a 70% das mães)
labilidade emocional nos primeiros dias após o parto, duração 24-48h.
Causas: biológicas+++ psicossociais+
Depressão pós-parto (10-20% das mães)
causas:
socio-demográficas(idade,classe social, conjugais, familiares,acontecimentos de vida/suporte social), obstétricas (infertilidade, abortos, planeamento da gravidez/intenção de interromper...), psiquiátricas (história pessoal e familiar), biológicas (aparentemente pouca relevância)
Perturbações Emocionais Pós-natais
Psicose puerperal (2 /1000 mães)
ocorre nas primeiras 2-4 semanas após o parto
causas: doença psiquiátrica anterior (mulheres com PMD terão 30% de risco de psicose puerperal); história familiar( maior incidência de doença psiquiátrica nos familiares em 1º grau); paridade (primiparidade, psicose puerperal em gravidez anterior); factores hormonais e bioquímicos (pouca relevância?)
GRAVIDEZ E SAÚDE MENTAL
aspectos positivos / aspectos negativos
• 1º trimestre
• prazer/realização no papel reprodutivo
• ser valorizada e ter atenção da família
• sentimento de bem estar
• partilhar a experiência com a própria mãe
• 1º trimestre
• regeição/ambivalência face à gravidez
• percepção .do feto como invasivo, mal recebido
• adopt. papel de doente
• medos de anomalia fetal; culpabilidade
• ansiedade morte/feto
• rivalidade c/ p.mãe
GRAVIDEZ E SAÚDE MENTAL
aspectos positivos aspectos negativos
2º trimestre
• > ligação ao feto
• prazer nos mov. fetais
• alhear-se do trabalho
• aceitação pelas outras mães
• preparar-se para o parto
• 2º trimestre
• não gostar do corpo
• dificuldade c/ sexual.
• Sentir-se pouco atraente, < amor próprio
• desinvestir o feto
• sentir-se limitada profissionalmente
• sentir-se isolada do marido /amigos
GRAVIDEZ E SAÚDE MENTAL
aspectos positivos / aspectos negativos
• 3º trimestre
• ansiedade e prazer relativa/ parto
• reforço das ligações c/outras mães
• reforça a ligação à própria mãe
• actividades de preparação do “ninho”
• 3º trimestre
• ansiedade fóbica do parto, dor e hospitais
• medo de perder controlo no parto
• medo de anomalia fetal, morte RN
• preocupação c/ o sexo do bebé
• diminui act. sexual e teme perder companh.
• Preocupação devida a depressão pós-natal em grav. anterior
• ansiedade qt às competências parent.
MATERNIDADE
PATERNIDADE
PREMATURA
Paula Pinto de FreitasICBAS Universidade do Porto
Maternidade PrecoceGravidez na Adolescência
• OMS - gravidez e maternidade abaixo dos 20 anos
• Maior morbilidade materna e fetal (grupo com idade <16 anos)
• Geralmente não planeada e pré-conjugal
• Dificuldades de maturação psicossocial da jovem mãe e do casal parental
• Frequente/ associado a baixa escolaridade, desemprego ou emp. precário e pobreza
• Filhos de mães adolescentes. Grupo de Risco?
• O grupo de grávidas adolescentes é muito heterogéneo
Maternidade PrecoceA nossa Realidade (Saúde das Mulheres em Portugal. L. Ferreira da Silva 2002)
• 1995 - país europeu com > proporção de nados vivos de mães com menos de 20 anos 7,48% do total
• 1981 - 39,6 /10.000 (15-19 anos) 40/10.000 (10-14 anos)
• 1997 -21,3/10.000 (15-19 anos) 35/10.000 (10-14 anos) mas:os médicos sentinela registam um número crescente nesta faixa etária <14 anos
• mães idade < 20 escolaridade: 62% <6anos; 25% 4 anos
• a maternidade precoce (<20 anos) tem vindo a diminuir desde 1980 (educação sexual;contracepção; menor act. sexual por receio de d. infecto-contagiosas)
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIAFactores Influenciadores
Factores Individuais-início precoce da actividade sexual- pobreza- abuso sexual - menor sucesso escolar, menores aspirações académicas- sentimentos de desvalorização, baixa auto-estima- comportamentos problemáticos, abuso de drogas -diferenças étnicas ( etnia cigana, r.negra)
- níveis mais elevados de desempenho escolar- menor probabilidade de ser sexual/ activa- maior probabilidade de uso de contraceptivos- maior probabilidade de abortar no caso de gravidez
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIAFactores Influenciadores
Factores familiares
- famílias disfuncionais
- famílias numerosas, monoparentais, prob. sócio-económicos
- filhas, irmãs de mães adolescentes (transgeracionalidade)Factores Relacionais- escolha de parceiro (mais velho 2-4 anos, baixa escola e profissão)- começam a namorar mais cedo- maior número de parceiros- rel. de longa duração com o pai do bebé- idealizam mais a rel. amorosa - percepção mais negativa sobre os homens- valorizam mais a relação com a família do que com os pares- forma de aceder ao grupo dos adultos
Gravidez na AdolescênciaFactores de risco para repetição de gravidez
30% das mães adolescentes tem 2º filho nos dois anos após o 1º
- menor idade da adolescente no nascimento do 1º
- baixo uso de contraceptivos, elevada frequência de rel. sexuais
- maior duração de rel. com namorado
- relações conflituosas com família de origem
- deficiente comunicação na família
- cuidados ao bebé a cargo da mãe da adolescente
- pouca pressão social para prestação de cuidados parentais
- baixo sucesso escolar, não regresso à escola 6 meses após parto
- uso de drogas
- gravidezes precoces no grupo das amigas
Gravidez na Adolescênciapapel protector do suporte social
- a mãe da grávida como principal fonte de apoio
- melhor ajustamento da mãe e do filho a curto e longo prazo
- facilita prosseguimento dos estudos
- facilita realização profissional
- facilita a estabilidade conjugal
- melhora a qualidade dos cuidados parentais
- o suporte do companheiro está menos estudado e os resultados são menos consensuais