Post on 18-Dec-2018
Victor Manuel Brizida Garcia Neto
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DOS PLAYGROUNDS DAS ESCOLAS
DE UMA CIDADE DE MÉDIO PORTE NO SUL DO BRASIL
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina para obtenção do Título de
Mestre em Ciências
São Paulo, Brasil
2016
Victor Manuel Brizida Garcia Neto
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DOS PLAYGROUNDS DAS ESCOLAS
DE UMA CIDADE DE MÉDIO PORTE NO SUL DO BRASIL
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de Medicina
para obtenção do Título de Mestre em
Ciências
Orientador:
Profa. Dra. Simone de Campos Vieira Abib
São Paulo
2016
Garcia Neto, Victor Manuel Brizida Avaliação da segurança dos Playgrounds das escolas de uma
cidade de médio porte no sul do Brasil. /Victor Manuel Brizida Garcia Neto.-- São Paulo, 2016.
xii, 57f.
Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciência Cirúrgica Interdisciplinar.
Título em inglês: Playgrounds safety assessment in schools of a
medium-sized city on Southern Brazil.
1. Trauma. 2. Playground. 3. Acidentes. 4. Crianças. 5. Quedas.
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA CIRÚRGICA
INTERDISCIPLINAR
Chefe do Departamento: Prof. Dr. José Luiz Martins
Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. Gaspar de Jesus Lopes Filho
iv
Victor Manuel Brizida Garcia Neto
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DOS PLAYGROUNDS DAS ESCOLAS
DE UMA CIDADE DE MÉDIO PORTE NO SUL DO BRASIL
BANCA EXAMINADORA:
Presidente: Profa. Dra. Simone de Campos Vieira Abib
MEMBROS EFETIVOS:
Profa. Dra. Renata Waksman
Profa. Dra. Maria Coralia Pauleto
Prof. Dr. José Luiz Martins
MEMBRO SUPLENTE:
Prof. Dr. Ivan Hong Jun Koh
v
Dedicatória
Aos meus pais, Maria Cristina e Paulo, e ao meu irmão Vinícius, que
personificam os meus sentimentos mais sinceros de amor.
vi
Agradecimentos
À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Simone de Campos Vieira Abib, pela ideia
inicial do projeto, por transmitir o entusiasmo com a realização de pesquisas que
objetivam aumentar a segurança das crianças e pela disponibilidade e paciência
durante a elaboração do estudo;
À Prof.ª Gianni Santos por sua ajuda essencial;
Aos Docentes do Programa de Ciência Cirúrgica Interdisciplinar por acreditar
e incentivar a pesquisa na área de cirurgia;
À equipe administrativa, especialmente à Mônica Noleto, pelo apoio e
profissionalismo;
Aos colegas entrevistadores, fundamentais na execução da coleta de dados,
agradeço pelo empenho;
Aos meus queridos amigos Cassius Martins e Camila Naif por me receberem
em sua casa em São Paulo com todo carinho durante esses dois anos;
Ao Dr. Ênio Paulo Araújo por garantir minha tranquilidade nas minhas viagens
a São Paulo, cuidando dos meus pacientes. Mais do que isso, por representar para
mim um exemplo de competência, ética e responsabilidade, tanto na carreira de
cirurgião pediátrico, quanto como cidadão.
vii
Sumário
Dedicatória ......................................................................................................... v
Agradecimentos ................................................................................................. vi
Lista de Tabelas ................................................................................................. ix
Lista de Abreviaturas e Símbolos ....................................................................... x
Resumo .............................................................................................................. xi
Abstract .............................................................................................................. xii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1 Objetivos ................................................................................................ 4
2. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 5
2.1 Histórico ................................................................................................. 5
2.2 Panorama mundial ................................................................................. 5
2.3 Superfície e altura de queda .................................................................. 7
2.4 Lesões mais comuns: faturas de extremidade e TCE ............................ 9
2.5 Cultos envolvidos ................................................................................... 12
2.6 Panorama brasileiro ............................................................................... 13
3. MÉTODOS .................................................................................................. 16
4. RESULTADOS ............................................................................................ 20
4.1 Dados sobre as atividades nas escolas ................................................. 20
4.2 Dados gerais sobre o playground ........................................................... 23
4.3 Avaliação das condições físicas dos playgrounds ................................. 24
4.4 Diferenças na altura de queda e nas superfícies entre as escolas
públicas e privadas ...............................................................................
26
5. DISCUSSÃO ............................................................................................... 28
5.1 Balanços ................................................................................................ 35
5.2 Escorregadores ...................................................................................... 36
viii
5.3 Carrosel, roda ou gira-gira ...................................................................... 36
5.4 Gangorras .............................................................................................. 37
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................... 38
7. CONCLUSÕES ............................................................................................ 39
8. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 40
Anexos
Apêndice
Bibliografia Consultada
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1 Principais mecanismos de queda na infância ................................ 13
Tabela 2 Distribuição das escolas de acordo com a administração .............. 20
Tabela 3 Presença de supervisão das atividades ........................................ 21
Tabela 4 Existência de estratégias de prevenção de acidentes ................... 22
Tabela 5 Existência de estratégias de ação após acidentes ........................ 22
Tabela 6 Programa de manutenção dos brinquedos .................................... 23
Tabela 7 Número de brinquedos do playground .......................................... 23
Tabela 8 Composição da superfície do playground ..................................... 24
Tabela 9 Condições gerais dos brinquedos ................................................. 25
Tabela 10 Comparação dos índices de adequação da superfície e altura de
queda entre escola públicas e privadas .........................................
26
Tabela 11 Comparação dos resultados da nossa amostra com o S.A.F.E
Model (2008) .................................................................................
27
x
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABNT Associação Brasileira de Normas e Técnicas
CDC Center For Disease Control and Prevention
CPSC Consumer Product Safe Comission
CSA Canadian Standards Association
DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
HIC Head Injury Criterion
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia
MPF Ministério Público Federal
NEISS National Electronic Surveillence System
NPPS National Program for Playground Safety
ONG Organização Não Governamental
OR Odds Ratio
Pnad Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
PROTESTE Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
SIH Sistema de Informações Hospitalares
SUS Sistema Único de Saúde
TCE Traumatismo Crânio Encefálico
xi
Resumo
Introdução: Lesões decorrentes de acidentes em playgrounds são comuns na
infância e, de acordo com estudos prévios, sua gravidade tem sido subestimada.
Grande parte dos acidentes ocorre no período escolar. No Brasil, a principal causa de
morte em crianças com mais de um ano está relacionada a causas externas. Entre
1998 e 2012, estima-se que lesões ocorridas durante atividades em playgrounds
resultaram em 6.218 internações e em 45 mortes. Objetivo: Avaliar a segurança dos
playgrounds das escolas da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Métodos:
Estudo transversal, observacional e descritivo. 64 escolas da cidade de Pelotas foram
visitadas. Durante as visitas foram realizadas entrevista com professor responsável e
avaliação das condições físicas dos playgrounds, de acordo com questionário
previamente formulado. Variáveis analisadas: caracterização da escola, presença de
instrumentos de coleta de dados e registro de acidentes, fluxo de atendimento nos
acidentes, treinamento de supervisores e estratégias de prevenção, cronograma de
manutenção das áreas de lazer e dos brinquedos, avaliação da superfície e dos
brinquedos segundo as regras da ABNT. Resultados: Das 64 escolas selecionadas,
1 desistiu de participar da pesquisa e 4 fecharam. Das 59 escolas que completaram a
avaliação, 42,4% eram particulares, 37,3 municipais, 13,6% estaduais e
6,8%filantrópicas. 50% responderam possuir registro dos acidentes, 92,7% relataram
que todas as atividades eram supervisionadas. 65,6% responderam ter estratégias de
prevenção de acidentes. Dos 92,7% que relataram possuir estratégia de ação após
acidentes, 78% relataram ligar para os pais e 7% ligar para o SAMU. 44% não
apresentava nenhum programa de manutenção dos equipamentos. 24,5%
apresentavam areia como superfície do parquinho, 14,3% grama, 18,4% concreto
10,2 pedra brita, 4,1% grama sintética, 2% borracha e 26,5% terra batida. 94% das
escolas apresentaram inadequações na constituição ou profundidade da superfície.
39,6% dos parquinhos apresentavam brinquedos com partes danificadas; 50%
apresentavam partes enferrujadas e 14,6% apresentavam lascas de madeira. 93,5%
apresentavam altura máxima de queda inferior a 2 m. Conclusões: A avaliação das
condições de segurança dos playgrounds das escolas da cidade de Pelotas mostrou
alto índice de inadequação nos principais critérios avaliados.
Palavras-chave: trauma, playground, acidentes, crianças, quedas
xii
Abstract
Introduction: Injuries caused by accidents in playgrounds are common in childhood
and according to previous studies have their severity underestimated. A large amount
of these accidents occurs during school time. In Brazil, the leading cause of death
among children over one year is due with external causes. Between 1998 and 2012, it
is estimated that playground related injuries resulted in 6218 hospitalizations and 45
deaths. Objectives: To assess the safety of playgrounds in schools located in the city
of Pelotas, Rio Grande do Sul. Methods: Cross-sectional observational descriptive
study. Sixty-four schools in the city of Pelotas were visited. During these visits an
interview with the teacher in charge and an evaluation of the maintenance conditions
of the playgrounds were performed, following a previously designed questionnaire.
Variables analyzed: school characterization, presence of data collection instruments
and accident record, accident response flow, supervisor training and prevention
strategies, schedule of maintenance of play areas and toys, evaluation of surface and
toys according to ABNT rules. Results: Of the 64 selected schools, one withdrew from
the study and 4 closed. Of the 59 schools assessed, 42.4% were private, 37.3%
municipal public, 13.6% state public and 6.8% philanthropic. Fifty percent affirmed
registering the accidents, 92.7% reported that all activities were supervised and 65.6%
informed having accident prevention strategies. Of the 92.7% that affirmed having
prevention strategies, 78% stated calling the parents and 7% calling the emergency
ambulance service (SAMU). 44% did not have a maintenance program for playground
equipment. Regarding playground surfaces, 24.5% used sand, 14.3% grass, 18.4%
concrete, 10.2% stone gravel, 4.1% synthetic grass, 2% rubber and 26.5% packed dirt.
94% of the schools showed inadequacies in composition or depth of the surface. 39.6%
of the playgrounds had equipment with damaged parts, 50% with rust and 14.6% had
wood fibers. 93.5% had maximal fall height less than 2 meters. Conclusions: The
assessment of safety conditions of the school’s playgrounds in the city of Pelotas
revealed a high number of inadequacies in the main criteria evaluated.
KEY WORDS: child, accidents, wound and injuries, accidental falls
1
1. INTRODUÇÃO
O brincar e o jogar são indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual
da criança. Sempre estiveram presentes em qualquer povo, desde os mais remotos
tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz
de enfrentar desafios e participar da construção de um mundo melhor (CAMPOS,
2012).
A idade pré-escolar é considerada um período crítico para estabelecer um estilo
de vida saudável, como por exemplo a prática de atividades físicas através das
brincadeiras. A atividade física é importante no desenvolvimento de habilidades
motoras e sociais, assim como no ganho de massa óssea e muscular (BARBER,
2013). Crianças não são adultos pequenos; assim, suas habilidades físicas e
cognitivas, graus de dependência, atividade e comportamento mudam gradativamente
conforme elas crescem. Nesse sentido, a curiosidade e o desejo de experimentar nem
sempre correspondem à capacidade de entender ou de se precaver de perigos
(BARTLETT, 2002).
Lesões não intencionais, atualmente, constituem a principal causa de
morbidade e mortalidade entre crianças nos Estados Unidos. O Center For Disease
Control and Prevention (CDC), considera os acidentes com crianças um dos
problemas mais subestimados pela saúde pública (LEUNG, 2011). Quedas causaram
2,3 milhões de atendimentos em emergências americanas no ano de 2002
(BRANSON, 2012). Acidentes causam mais mortes em crianças de 1 a 14 anos do
que as próximas cinco causas de morte somadas.
No Brasil, a principal causa de morte em crianças com idade a partir de um ano
também está relacionada à causas externas. A avaliação do número de internações
hospitalares e mortes de crianças com idade até 9 anos no Brasil no período de 1998
a 2012 mostra que foram registradas 6.218 internações e 45 mortes devido a
acidentes com equipamentos de playground em todo o país. Os dados são do Sistema
de Informações Hospitalares (SIH), obtidos via Departamento de Informática do SUS
(DATASUS).
2
Em 2013, a Organização não governamental (ONG) Criança Segura – Safe
Kids Brasil juntamente com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Associação
Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE) se associaram para realizar uma
pesquisa com o objetivo de elaborar um banco de dados permanente sobre lesões
não intencionais pediátricas. Foi realizado um estudo prospectivo em cinco hospitais
da cidade de São Paulo no período de 4 meses. Estudou-se 916 casos, dentre os
quais, 8,5% foram considerados graves (ABIB, 2013).
O desenvolvimento de produtos destinados ao público infantil deve
necessariamente considerar aspectos físicos e cognitivos próprios de cada faixa
etária. Dentre os mais diversificados produtos disponibilizados exclusivamente às
crianças, destacam-se os equipamentos para playgrounds, os quais nem sempre são
planejados, desenvolvidos e produzidos dentro desses princípios. Considerando que
as atividades desenvolvidas nos playgrounds ocorrem a partir da interface dos
usuários com os brinquedos, é natural observar o quanto esses produtos podem ser
perigosos, uma vez que possibilitam a ocorrência de acidentes, com diferentes graus
de intensidade (DAHROUJ, 2006).
Em 1995, o CDC formulou o National Program for Playground Safety (NPPS),
na Universidade de Iowa, Estados Unidos, que consistiu num programa para promover
segurança e prevenir acidentes. No ano seguinte, o NPPS publicou o Plano de Ação
Nacional para Prevenção de Acidentes em Playgrounds, baseado em quatro pilares:
supervisão das atividades, equipamentos adequados para cada faixa etária, superfície
de queda adequada e plano de manutenção dos equipamentos. Esse modelo de
avaliação ficou conhecido como S.A.F.E Model® (OLSEN, 2008).
Acabar com a ocorrência de quedas e acidentes na infância é improvável,
independente da intensidade das estratégias de prevenção. Entretanto, acidentes são
eventos compreensíveis, previsíveis e passíveis de prevenção. Não são eventos
aleatórios que simplesmente acontecem. Podemos buscar os fatores de risco
modificáveis no sentido de minimizar o número de acidentes e a gravidade desses
(BRITTON, 2005). O fato de aceitarmos com naturalidade e de, inclusive,
subestimarmos a gravidade dos acidentes que ocorrem durante atividades
recreacionais representa um desafio adicional àqueles que trabalham na prevenção
de acidentes (MACKAY, 2003).
3
Diante da magnitude das lesões decorrentes de acidentes e quedas nos
playgrounds e sabendo que grande parte desses acidentes ocorre no ambiente
escolar, justifica-se a realização de um estudo para avaliar as condições físicas dos
parquinhos das escolas, assim como a maneira como as instituições de ensino
trabalham a questão dos acidentes que ocorrem no período escolar.
Conforme já mencionado, acidentes em parquinhos resultam em um grande
número de atendimentos de urgência e emergência em todo o mundo. Com efeito, os
resultados dos estudos acerca desses atendimentos revelam que a gravidade das
lesões decorrentes de acidentes em playgrounds tem sido muito subestimada. Essas,
parecem ser mais severas quando comparadas com as lesões decorrentes de outros
mecanismos de trauma. Intervenções em escolas podem reduzir os riscos de
acidentes, aumentando assim os benefícios associados às atividades recreacionais
(PHELAN, 2001).
O conhecimento desses dados possibilitará a avaliação do panorama atual da
segurança dos nossos playgrounds, fornecerá dados importantes para o
desenvolvimento de políticas públicas no sentido de fiscalizar a adequação dos
equipamentos, assim como o desenvolvimento de estratégias de prevenção
específicas para a população brasileira.
4
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Principal
a) Avaliar as condições de segurança dos playgrounds das escolas da cidade de
Pelotas.
1.1.2 Objetivos Secundários
a) Avaliar a qualidade do registro dos acidentes ocorridos na escola;
b) Identificar a existência de estratégias tanto de prevenção quanto de ação após a
ocorrência de acidentes nas escolas;
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Histórico
Estudos sobre a preocupação com a segurança dos playgrounds iniciaram na
cidade de Sheffield, no Reino Unido, nos anos 1970, quando a pesquisadora Cynthia
Illingworth publicou um artigo sobre lesões ocorridas em parquinhos. Identificaram-se
medidas para aumentar a segurança, motivando a introdução de padrões de
segurança em vários países (NORTON, 2004).
Com o aumento da população urbana, os playgrounds transformaram-se nos
locais mais comumente utilizados para brincadeiras. Eles se originaram no final do
século XIX para oferecer às crianças oportunidades de brincar em meio a uma
sociedade industrializada (MAHADEV, 2004).
2.2 Panorama mundial
Anualmente, 211.000 atendimentos de emergência são realizados nos Estados
Unidos decorrentes de acidentes em playgrounds. O conhecimento detalhado desses
acidentes, ou seja, como e onde a criança se acidentou, possibilita o desenvolvimento
de estratégias de prevenção mais eficazes. De acordo com a National Electronic
Surveillence System (NEISS), organização que coleta dados de lesões ocorridas em
playgrounds, 70% dos acidentes ocorrem em espaços públicos, 35% levaram a lesões
consideradas severas e 17 acidentes resultaram em óbitos. Entre as crianças com até
4 anos de idade a lesão mais comum foi traumatismo crânio-encefálico (TCE), já dos
5 aos 14 anos as fraturas de extremidades foram mais comuns (MACK, 1997).
No Canadá, ocorrem em torno de 30 mil atendimentos por ano pelo mesmo tipo
de evento. Estima-se que do total de crianças atendidas por acidentes em
playgrounds, 2500 sejam admitidas com lesões graves (BRANSON, 2012). Na cidade
6
de Ontário, quedas em playgrounds representam a segunda maior causa de
hospitalização por trauma em atividades de recreação (FIISEL, 2005).
Com o objetivo de acessar a segurança dos playgrounds de Chicago, nos
Estados Unidos, 500 parquinhos foram avaliados em 4 categorias: adequação por
faixa etária, superfície de queda, manutenção dos equipamentos e ambiente físico.
Destes, 55% foram considerados inseguros. A principal falha encontrada foi na
avaliação da superfície, a qual era composta por material inadequado, ou com material
adequado, porém, em profundidade insuficiente (ALLEN, 2013).
Hudson e Thompson, em 2004, identificaram 4 fatores relacionados com
acidentes em playgrounds: supervisão das atividades, equipamentos adequados para
as diferentes faixas etárias, superfície de queda e manutenção dos equipamentos e
da superfície. Esses quatro elementos interagem entre si para criar um ambiente de
maior segurança e consistem nos pilares do S.A.F.E Model® (Supervision, Age-
appropriate design of equipment, Fall surfacing e Equipment and surfacing
maintenance). Supervisão qualificada é um elemento considerado crucial pelas
autoras para garantir a segurança do ambiente de recreação. Os supervisores devem
se movimentar ativamente pelo ambiente, ter acesso visual permanente às atividades
e identificar comportamentos arriscados. As crianças precisam brincar em
equipamentos desenvolvidos para suas necessidades e habilidades de acordo com
sua faixa etária. Conforme o guia publicado pela Consumer Product Safety Comission
(CPSC) em 1997, os equipamentos devem ser fabricados separadamente para
atender às necessidades de crianças entre 2 a 5 anos e entre 6 a 12 anos. Apenas
9% dos playgrounds americanos obedecem à essa instrução. O terceiro ponto
avaliado pelo S.A.F.E Model® é a superfície de queda, a qual deveria obedecer a
quatro pontos, para ser considerada adequada: material apropriado, altura de queda
adequada, profundidade adequada e posição adequada. Os materiais adequados
incluem: areia, pedra brita, lascas de madeira e borracha. Já os inadequados
consistem em concreto, asfalto, terra batida, barro e grama. Dos parquinhos
americanos estudados pelas autoras, 97% utilizavam materiais adequados na
superfície; entretanto, apenas 34% deles possuíam a profundidade estabelecida pelas
normas. Finalmente, o último item avaliado foi a manutenção dos equipamentos, pois
sem inspeção rotineira e manutenção adequada haverá deterioração dos materiais,
acarretando no aumento do risco de acidentes.
7
No ano de 2008, as mesmas autoras publicaram um artigo com sugestões para
formular e implementar um plano efetivo de prevenção de acidentes em playgrounds.
O plano deveria incluir: treinamento dos supervisores e orientação das crianças;
sistema de relato de acidentes; documentação das lesões e avaliações anuais.
Em abril de 2002 foi publicado um conjunto de estratégias de prevenção de
acidentes em playgrounds. As ações incluíam: redução da altura máxima de queda
para 1,5m, equipamentos adequados para cada faixa etária, atividades
permanentemente supervisionadas por adultos, utilização de materiais na superfície
de queda que sejam capazes de absorver impactos, tais como areia, lascas de
madeira e borracha (Canadian Pediatric Society, 2002).
Para avaliar o efeito da utilização de equipamentos de playgrounds
considerados seguros pelos padrões da Canadian Standards Association (CSA) na
diminuição dos índices de acidentes, foi realizado um estudo. De um total de 136
escolas cujos parquinhos foram considerados inseguros, 86 tiveram seus
equipamentos substituídos por outros, considerados seguros. Essas escolas
formaram o grupo de intervenção. As 225 escolas cujos playgrounds foram
considerados seguros e não necessitaram troca de equipamentos, constituíram o
grupo de controle. O índice de acidentes no grupo de intervenção diminuiu de 2,61
acidentes por 1000 estudantes por mês para 1,68 acidentes por 1000 estudantes por
mês após a troca de equipamentos, concluindo que os padrões sugeridos pela CSA
representam uma ferramenta efetiva para identificar equipamentos inseguros e que a
substituição por equipamentos adequados é capaz de diminuir o número de acidentes
(HOWARD, 2005).
2.3 Superfície e altura de queda
A segurança das crianças nos playgrounds resulta de uma complexa interação
entre diversos fatores. Acredita-se que o tipo de superfície e a altura dos
equipamentos estejam entre os principais. Possivelmente, sempre ocorrerão quedas
nesses ambientes, pois a exploração faz parte do instinto da criança; dessa forma, os
playgrounds têm o desafio de manterem-se ao mesmo tempo atrativos e seguros
(MOTT, 1997).
8
No ano de 1996, Chalmers publicou um estudo de caso-controle, que avaliou a
altura de queda e o tipo de superfície como fatores de risco para lesões em quedas
ocorridas em playgrounds. Das 300 crianças com menos de 14 anos que sofreram
quedas em parquinhos, 110 precisaram de atendimento médico e foram considerados
os casos e 190, não apresentaram lesões com necessidade de atendimento de
urgência e formaram o grupo controle. A lesão mais frequente nos casos ocorreu nos
membros superiores, em 76%. Dessas, 59% eram fraturas. Em contraste, 28% dos
controles não apresentaram lesões. Nos controles, o local mais comum de lesão foram
os membros inferiores, que apresentaram, na maioria dos casos, apenas pequenas
contusões. As quedas de alturas superiores a 1,5m representaram aumento de 4
vezes no risco de lesões. As superfícies consideradas mais seguras foram as
compostas por areia ou borracha. O estudo salienta a importância da profundidade
adequada das superfícies.
Outro estudo também investigou a segurança de diferentes superfícies
utilizadas em parquinhos e a altura dos equipamentos. Neste, foram avaliadas 330
crianças entre 0 e 14 anos, todas elas vítimas de alguma lesão decorrente de
atividades em playgrounds e levadas à unidades de emergência. Os dados do
prontuário hospitalar permitiram a identificação do tipo de lesão. Esses foram
correlacionados com os dados obtidos através de avaliação das condições físicas dos
parquinhos. Houve mais lesões em ambientes com superfície de concreto em
comparação com ambientes com superfície composta por lascas de madeira ou
borracha. A diferença foi estatisticamente significativa. Borracha foi o material
associado a menor índice de lesões, representando risco duas vezes menor do que
superfícies com lascas de madeira e cinco vezes menor do que as feitas de concreto.
O estudo também confirmou a relação diretamente proporcional entre altura dos
equipamentos e ocorrência de fraturas (MOTT, 1997). Há relatos de ocorrência de
seis vezes mais acidentes em superfícies constituídas por asfalto quando comparados
com superfícies de areia ou de borracha (SOSIN, 1993).
Embora 85% das escolas australianas nas quais ocorreram fraturas de
extremidades possuíssem materiais adequados na superfície, em apenas 4,5% o
material estava disposto na profundidade adequada (SHERKER, 2005). A
profundidade considerada segura varia na literatura entre 15 e 30 cm. A Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) preconiza profundidade mínima de 30 cm para
9
materiais soltos e unitários. A NPPS também sugere profundidade mínima de 30 cm
para materiais soltos e de 20 cm para materiais unitários (PARK, 2010).
As condições do local, a superfície de queda e cada brinquedo do playground
devem obedecer a rigorosos padrões de segurança. Para isso, foi desenvolvida uma
tabela com uma lista de verificação de acordo com as normas da CSA. A avaliação
objetiva responder à duas perguntas: qual a severidade da lesão que pode ocorrer
nesse parquinho e qual a melhor estratégia para tornar esse espaço adequado e
seguro (HOWARD, 2005).
2.4 Lesões mais comuns: fraturas de extremidades e TCE
As fraturas distais dos membros superiores constituem a principal lesão
traumatológica na criança que se acidenta em parquinhos. Quando a criança cai do
brinquedo com o braço estendido, o impacto e as propriedades mecânicas da
superfície de queda e da mão da criança contribuirão para a ocorrência da fratura. Os
diferentes materiais que compões as superfícies dos playgrounds têm sua capacidade
de absorção de impacto testadas e classificadas de acordo com o Head Injury Criterion
(HIC). O HIC foi desenvolvido pela indústria automobilística utilizando dados de
indivíduos na idade adulta e poderia não representar a melhor maneira de avaliar a
relação das superfícies e a ocorrência de fraturas de extremidades em crianças.
Entretanto, na ausência de critérios específicos para a faixa etária pediátrica e para
equipamentos de playground, o HIC permanece como medida padrão.
O HIC consiste em uma medida de probabilidade de TCE resultante de um
determinado impacto. A variável é calculada a partir do histórico aceleração/tempo
registrado por um acelerômetro posicionado no centro de um dispositivo com o
formato da cabeça de um homem adulto.
10
𝐻𝐼𝐶 = (𝑡2 − 𝑡1) [1
(𝑡2 − 𝑡1) ∫ 𝑎(𝑡)𝑑𝑡
𝑡2
𝑡1
]
2,5
t1 tempo inicial
t1 tempo inicial
t2 tempo final
a(t) aceleração
Os guias de segurança atuais são baseados principalmente na prevenção de
TCE. Estudos epidemiológicos fornecem informações conflitantes sobre a
possibilidade de prevenção de fraturas com a utilização de diferentes materiais nas
superfícies dos parquinhos (NORTON, 2004). Um estudo mediu o efeito de diferentes
materiais sobre os membros superiores durante impacto das mãos durante a queda.
Dos materiais avaliados, o melhor desempenho foi obtido pela areia, com redução de
24% do impacto quando comparado com uma superfície de concreto, por exemplo.
Concluiu-se que embora as superfícies que absorvam impacto diminuam a ocorrência
de traumas cranianos, as fraturas parecem estar mais relacionadas à altura de queda
(CHOI, 2014). Existem razões biomecânicas que explicam a baixa proteção das
superfícies de queda para ocorrência de fraturas de extremidades. Os modelos
experimentais sugerem que as superfícies utilizadas absorvem adequadamente
impacto de quedas da própria altura, mas falham em absorver impactos de quedas de
alturas superiores, resultando em fraturas (CHOI, 1998).
Durante cinco anos, na cidade de Cardiff, no Canadá, foram registrados 473
acidentes em playgrounds. A idade média das crianças envolvidas foi de 6,9 anos e
não ocorreu nenhum caso de TCE grave. Todavia ocorreram 146 fraturas, a maior
parte delas nos membros superiores. O estudo concluiu que a utilização de superfícies
capazes de absorver impacto diminuiu a ocorrência de traumas cranianos graves,
entretanto a quantidade de fraturas não diminuiu (NORTON, 2004).
As características das fraturas causadas por acidentes envolvendo crianças
foram estudadas e publicadas em 2005. Das 2001 fraturas avaliadas, 390 (19,5%)
ocorreram em parquinhos. A razão entre sexos masculino feminino foi de
11
aproximadamente 2:1. As fraturas que acometeram os membros superiores
representaram 92,8% dos casos analisados. Destas, 43,8% foram supracondilares
(MAHADEV, 2004).
Com o objetivo de correlacionar a gravidade das fraturas de extremidades com
determinados fatores de risco foi publicada uma série de 267 pacientes com fraturas
decorrentes de quedas em parquinhos, avaliados prospectivamente. O estudo
concluiu que a altura limítrofe para os brinquedos deveria ser de 1,5 m para
equipamentos destinados a crianças de 2 a 5 anos e de 2m para crianças de 5 a 12
anos. Além disso, mostrou que a supervisão das atividades por adultos diminui a
ocorrência de fraturas. Por último, estabeleceu que a ocorrência de fraturas é
inversamente proporcional ao índice de massa corporal da criança, sendo assim mais
frequente a ocorrência de fraturas em crianças obesas (LAM, 2013).
Uma avaliação dos playgrounds de uma determinada região de Filadélfia, nos
Estados Unidos, correlacionou a ocorrência de quedas com ocorrência de fraturas
supracondilares de úmero. Entre 1998 e 2006 houve 695 fraturas supracondilares de
úmero, 74 delas após quedas em playgrounds. O resultado do estudo mostrou que as
crianças residentes em áreas consideradas menos seguras apresentaram 4,7 vezes
mais risco de sofrer fraturas de úmero (PARK, 2010).
Estudos de laboratório mostraram que um TCE potencialmente fatal tem menos
chance de ocorrer quando o pico de aceleração sobre a calota craniana durante o
impacto não excede em 200 vezes a aceleração da gravidade. O teste mais utilizado
para avaliar as propriedades de absorção de impacto de cada material consiste no
estudo da queda de um dispositivo de metal com formato semelhante ao crânio de um
adulto e na medida da aceleração máxima durante o impacto. Esse método, adotado
pela American Society for Testing and Material e pela Consumer Product Safety
Comission, tem sido usado para classificar as superfícies em seguras ou não seguras
(BALL,1991).
Quedas nas quais o primeiro impacto ocorre sobre a cabeça são raras em
parquinhos. Publicou-se em 2001 um estudo que questionou a aplicabilidade da
aceleração máxima na prevenção de lesões graves em parquinhos. Avaliou-se
também, a altura dos equipamentos e a superfície de queda. Dois hospitais infantis
colaboraram com o estudo. Durante as consultas, os pais preenchiam um formulário
12
descrevendo as circunstâncias dos acidentes. Os formulários foram revisados para
identificar crianças entre 1 e 14 anos que sofreram acidentes em playgrounds. As
famílias dessas crianças foram contatadas por telefone e convidadas a responder um
questionário. Além disso, a estrutura física do parquinho foi avaliada conforme os
padrões da CSA. Os dados foram cruzados e concluiu-se que as superfícies
consideradas inadequadas aumentaram em 2,3 vezes a chance de alguma lesão
grave (p<0,04). Os acidentes que envolveram alturas de queda superior a 2m,
comparado com a altura de 1,5m, apresentaram risco de 2,56 vezes maior de chance
de lesão grave (p<0,001). O estudo não conseguiu comprovar a relação entre o valor
de aceleração máxima com a gravidade das lesões (LAFOREST, 2001).
2.5 Custos envolvidos
No estado de Vitoria, localizado no sudoeste da Austrália, 6% de todos os
atendimentos de trauma infantil são relacionados com acidentes em playgrounds. As
despesas médicas anuais com o tratamento dessas lesões chegam a 7,9 milhões de
dólares australianos (SHERKER, 2003).
No ano de 2000, o tratamento de quedas na população infantil acarretou gasto
de 10 bilhões de dólares, nos Estados Unidos (FINKLESTEIN, 2007).
Um estudo prospectivo avaliou fraturas ocorridas durante atividades em
playgrounds entre os anos de 2005 e 2006, em Singapura. As fraturas de antebraço
foram as mais comuns. De acordo com os resultados, o custo médio por paciente
tratado ambulatorialmente foi de 485,71 dólares americanos. Para os pacientes que
necessitaram internação hospitalar, a média de custo por paciente foi de 2357,14
dólares americanos. O estudo ressalta a potencial economia que estratégias de
prevenção poderiam proporcionar, se aplicadas corretamente (LEUNG, 2011).
13
2.6 Panorama brasileiro
Nos últimos dez anos, ocorreu um aumento de 17 pontos percentuais do
número de crianças de 4 a 5 anos matriculadas na educação básica no Brasil.
Segundo levantamento da ONG Todos Pela Educação, divulgado no dia 19 de abril
de 2016, o número subiu de 72,5% em 2005, para 89,1% em 2014. Também houve
avanço constante nos últimos dez anos no acesso à educação básica para as crianças
e jovens entre 4 e 17 anos, passando de 89,5% para 93.6%, entre 2005 e 2014.
Um estudo inédito no Brasil, desenvolvido por Abib e colaboradores (2013),
observou associação de quedas com a idade da criança, idade do responsável entre
18 e 25 anos, escolaridade da criança e local de moradia em região periférica. Todas
essas associações apresentaram significância estatística. Abaixo apresenta-se tabela
com descrição dos principais tipos de quedas identificados (Tabela 1).
Tabela 1 – Principais mecanismos de queda na infância
n %
Da própria altura
Escada
Berço
Playground
Trocador
Sofá
Janela, terraço, sacada
Muro
Cama de adulto
Laje
Outros
Total
176
72
45
32
32
18
10
7
6
6
38
443
39,7
16,3
10,2
7,2
7,2
4,1
2,3
1,6
1,4
1,4
8,8
100
A ONG Criança Segura – Safe Kids Brasil está presente no Brasil desde 2001.
Sua missão maior é promover a prevenção de acidentes em crianças e adolescentes
de 0 a 14 anos. Até 2013, já contabilizava a redução de 35% de acidentes, o que
14
significa mais de 6000 vidas salvas. A Criança Segura faz parte da Safe Kids
Worldwide, presente em 24 países, nos cinco continentes. Foi fundada em 1987, pelo
cirurgião pediátrico Martin Eichelberger, e nos Estados Unidos já conseguiu redução
de 54% de mortalidade por acidentes nessa faixa etária (ABIB, 2013).
Desde 2008, segundo o Ministério da Saúde, quase 4 mil crianças menores de
14 anos foram internadas no Sistema Único de Saúde (SUS) devido a quedas
ocorridas em parquinhos. No período de 2008 a 2013 foram registrados 18 casos
fatais.
Em 18 de julho de 2014, o presidente do Instituto Nacional de Metrologia
(INMETRO) disponibilizou a análise do impacto regulatório para equipamentos de
playground em consulta pública. O INMETRO propôs articulação com entidades que
demonstrassem interesse no tema. A demanda pelo parecer do INMETRO foi
solicitada pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São
Paulo, no ano de 2012. Na análise do problema, foram avaliadas diversas fontes de
dados, entre as quais os dados de internações hospitalares do DATASUS e de uma
pesquisa realizada junto a creches e pré-escolas sobre acidentes em playgrounds. Foi
estimado um nível de risco médio para o uso desses brinquedos, demonstrando que
há de fato um problema a ser tratado. Porém, a maior parte dos acidentes, segundo a
percepção dos usuários, seria consequência da manutenção e do uso inadequados.
Tendo em vista que o problema identificado estaria no uso e na manutenção
dos equipamentos, e como o INMETRO não possui competência legal para
regulamentar esses aspectos, foram consideradas como opções apenas medidas não
regulatórias, tais como: campanha educativa, realizada, a princípio, por meio de
distribuição de cartilhas orientando o uso seguro do produto e a manutenção em
playgrounds, e a Recomendação Técnica, contendo orientações quanto à fabricação
e instalação dos equipamentos, fundamentada nas normas técnicas da ABNT para
playgrounds. As duas medidas seriam adotadas conjuntamente, considerando o fato
de não serem mutuamente excludentes e terem baixo custo de implantação.
A pesquisa que originou esses dados foi realizada entre dezembro de 2013 e
janeiro de 2014. O universo amostral foi composto por 23.861 unidades de ensino
infantil, identificadas por meio do cadastro da Relação Anual de Informações Sociais.
Foram entrevistadas 212 unidades. Destas, 32 informaram a ocorrência de algum
15
acidente em playground. A soma total da quantidade de acidentes foi de 114. As
unidades de ensino foram questionadas sobre as causas mais frequentes desses
acidentes. A maioria, 62%, relatou que o motivo mais frequente seria o mau uso do
equipamento. O defeito do produto não foi apontado como a causa por nenhum dos
entrevistados.
Com base nesses dados, o INMETRO, surpreendentemente, concluiu que
embora existam problemas com os equipamentos de playground, a causa principal
dos acidentes seria o uso inadequado por parte das crianças. Concluiu ainda, que um
programa de avaliação da conformidade para os equipamentos não seria capaz de
reduzir o risco de acidentes. Todos esses dados estão disponíveis no Anexo da
Portaria INMETRO nº338/2014.
Recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil
pública para que o INMETRO regulamentasse, com base na norma da ABNT, de
forma obrigatória, a fabricação de equipamentos e brinquedos voltados a espaços de
recreação infantil, como parques e playgrounds. Essa ação foi motivada por um ofício
encaminhado pela ONG Criança Segura ao MPF, no qual solicita a adoção de
medidas que determinem aos órgãos competentes a obrigatoriedade de realizar a
certificação compulsória dos parquinhos infantis. Esse documento faz parte da
campanha “Quero meu parquinho seguro”, com início no ano de 2016.
16
3. METODOS
Trata-se de um estudo transversal observacional e descritivo. Este, foi
desenvolvido no município de Pelotas, localizado na região sul do estado do Rio
Grande do Sul, há 250 Km da capital, Porto Alegre (Figura 1). Pelotas possui uma
área de 1610 km2, população de 327.000 habitantes no ano de 2010, sendo a terceira
mais populosa do estado.
Figura 1 – Localização da cidade de Pelotas.
17
A população é formada por 173.880 mulheres e 153.898 homens. Estima-se
que 95,7% dos habitantes sejam alfabetizados. A população de indivíduos com idade
entre 1 e 14 anos é de 40.748 habitantes (12%). A população urbana representa
93,3% dos habitantes (IBGE, 2010).
A amostra foi selecionada entre as escolas localizadas na cidade de Pelotas,
que ofereciam educação infantil.
O cálculo amostral foi realizado com o intuito de estimar a porcentagem de
escolas cujos playgrounds estivessem em desacordo com as normas de segurança
preconizadas pela ABNT. Supondo que a porcentagem de escolas em desacordo
fosse de 65% e considerando erro amostral (margem de erro) de 10%, nível de
confiança de 95% e tamanho populacional de 225 escolas (Secretaria Municipal do
Ensino e do Desporto de Pelotas-RS), seria necessário investigar no total cerca de 64
escolas (ALLEN, 2013; GUANATILAKA, 2004; EHRLICH, 2013; CHALMERS, 2001).
As escolas foram sorteadas e visitadas durante o mês de dezembro de 2015.
Durante a visita ocorreu entrevista com o diretor ou professor responsável pela escola,
assim como avaliação do espaço físico dos playgrounds. A entrevista e a avaliação
foram feitas através do preenchimento de questionário previamente elaborado, em
anexo. Os entrevistadores eram 3 estudantes do quarto ano da faculdade de
medicina, os quais foram treinados durante a realização de um estudo piloto que
avaliou 5 escolas. Os dados do estudo piloto não foram incluídos neste trabalho.
O estudo foi aprovado pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto de
Pelotas e pela 5ª Coordenadoria Regional de Educação do Estado do Rio Grande do
Sul (ANEXOS). Também foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CEP-
UNIFESP pelo parecer de número 49602715.8.0000.5505 do dia 05/11/2015
(ANEXO).
Foi aplicado Termo de consentimento livre e esclarecido em todas as escolas
visitadas (ANEXO).
O questionário aplicado (ANEXO), apresenta-se dividido em três partes, quais
sejam:
O questionário aplicado (ANEXO), apresenta-se dividido em três partes, quais
sejam:
18
Parte 1:
a) características gerais da escola: tipo de administração, número de alunos
b) presença de estratégias de prevenção de acidentes, estratégias de ação
após a ocorrência de acidentes, instrumento de registro dos acidentes, e existência
de cronograma de manutenção dos equipamentos de playground;
Parte 2: adequação do ambiente e dos brinquedos às normas ABNT vigentes.
Avaliou-se:
a) Dados sobre a superfície do parquinho (constituição e profundidade). A ABNT
preconiza utilização de areia ou borracha na profundidade mínima de 30 cm no
caso da utilização de areia.
b) Número de brinquedos existentes e orientação de faixa etária nos brinquedos.
Foram escolhidos os brinquedos mais frequentemente encontrados nos
parquinhos, conforme descrição abaixo:
Balanços: Os principais requisitos de segurança para os balanços, segundo a
ABNT são:
Distância do assento ao solo, que não deve ser maior do que 35 cm;
Espaço entre os assentos de no mínimo 20 cm e
No máximo dois assentos por coluna.
Escorregadores: abaixo serão listados os principais requisitos de segurança
para os escorregadores, segundo a ABNT:
Altura máxima de 2 metros;
Seção inicial com comprimento maior do que 35 cm e
Proteção lateral
Carrossel, roda ou gira-gira: abaixo seguem os três principais requisitos de
segurança, segundo a ABNT:
Distância entre assento e o solo menor do que 40 cm;
Ausência de inclinação no eixo e
Diâmetro inferior a 2 m
19
Gangorras: os quesitos de segurança avaliados foram:
Altura de queda inferior a 1 m e
Presença de apoio para os pés.
Parte 3: avaliação das condições gerais dos parquinhos, como por exemplo presença
de ferrugem, lascas de madeiras, partes quebradas.
Os dados foram analisados no programa SPSS versão 19.
20
4. RESULTADOS
De acordo com dados analisados, das 59 escolas visitadas, 25 escolas (42,4%)
eram particulares, 22 (37,3%) municipais, 8 (13,6%) estaduais e 4 (6,8%)filantrópicas
(Tabela 2).
Inicialmente foram selecionadas 64 escolas para amostragem, no entanto, uma
delas desistiu de participar da pesquisa, e outras quatro foram fechadas.
Com relação ao número de alunos, 19 (32,2%) escolas tinham até 50 alunos,
16 (27,1%) entre 51 e 100 alunos, 17 (28,8%) entre 101 e 500 alunos e 7 (11,9%)
mais de 501 alunos.
Tabela 2 – Distribuição das escolas de acordo com a administração
4.1 Dados sobre as atividades nas escolas
Quando questionados sobre a existência de algum instrumento de relato de
acidentes na escola, 50% dos entrevistados responderam afirmativamente. Em todos
esses casos, foi relatado registro dos acidentes em um livro ata, porém não havia
referências à gravidade e ao destino final do aluno.
Administração n/total %
Particular
Pública
Municipal
Estadual
Filantrópica
25/59
34/59
22/59
8/59
4/59
42,4
27,3
13,6
6,8
21
Com relação à supervisão das atividades desenvolvidas nos playgrounds,
92,7% responderam que todas as atividades são realizadas com supervisão de pelo
menos uma pessoa (Tabela 2).
Tabela 3 – Presença de supervisão das atividades
Supervisão n/total %▪
Sim
1 pessoa
2 pessoas
mais de 2 pessoas
Não
51/55
19/51
26/51
6/51
4/55
92,7
37,3
51
9,8
7,3
Também foi investigada a existência de estratégias de prevenção de acidentes
(Tabela 4) e estratégias de ação após a ocorrência de acidentes (Tabela 5). Dentre
as escolas avaliadas, 65,5% (36) responderam que existia estratégia de prevenção.
Dessas, 66,6% (24) relataram realização de cursos de primeiros socorros e cursos
ministrados pelo Corpo de Bombeiros. 92,7% (51) das escolas responderam possuir
estratégia de ação após acidentes. Essa estratégia, na maioria das vezes, consistia
em ligar para os pais em 78,4% (40) ou em ligar para o Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência (SAMU) em 7,8% (4).
22
Tabela 4 – Existência de estratégias para prevenção de acidentes
Prevenção n/total %
Sim
Curso oferecido pelo corpo de
bombeiros
Curso de primeiros socorros
Palestras
Cuidado ativo
Não
36/55
7/36
17/36
3/36
9/36
19/55
65
19,4
47,2
8,3
25
34,5
Tabela 5 – Existência de estratégias de ação após acidentes
Ação após acidentes n/total %
Sim
Ligar para os pais
Ligar para o SAMU
Conduzir vítima à UBS
Ligar para o Plano de Saúde
Prestar primeiros socorros na
escola
Não
51/55
40/51
4/51
4/51
2/51
1/51
4/55
92,7
78,4
7,8
7,8
3,9
2
7,3
Analisando a manutenção dos equipamentos, verificou-se que 44,4% (24
escolas) não apresentaram nenhum programa de manutenção dos playgrounds. Dos
55,6% (30) que responderam haver programa de manutenção, 90% disseram que a
própria escola é responsável pela avaliação das condições dos brinquedos (Tabela
5).
23
Tabela 6 – Programa de manutenção dos brinquedos
4.2 Dados gerais sobre o playground
A maioria das escolas avaliadas neste estudo apresentaram 5 ou mais
brinquedos no playground (Tabela 7). No entanto, 15,3% (9) das escolas não
possuíam áreas com playground.
Tabela 7 – Número de brinquedos do Playground
Manutenção n/total %
Não
Sim
Revisão pelos professores
Troca anual de brinquedos
Acionar Secretaria Municipal de
Educação
24/54
30/54
27/30
2/30
1/30
44,4
55,6
27,3
6,7
3,3
Número de brinquedos n/total %
1
2
3
4
4 ou mais
Nenhum
Fechado por reforma
4/59
4/59
5/59
5/59
31/59
9/59
1/59
6,8
6,8
8,5
8,5
52,5
15,3
1,7
24
Nas avaliações em relação à estrutura dos playgrounds, observou-se que
24,5% (12 escolas) apresentavam areia como superfície do parquinho, 14,3% (7
escolas) grama, 18,4% (9 escolas) concreto 10,2% (5 escolas) pedra brita, 4,1% (2
escolas) grama sintética, 2% (1 escola) borracha e 26,5% (13 escolas) terra batida
(Tabela 8).
Tabela 8 – Composição da superfície do Playground
No que diz respeito à orientação da utilização dos brinquedos pela faixa etária,
constatou-se que nenhuma das 49 escolas apresentava este requisito.
4.3 Avaliação das condições físicas dos playgrounds
Em relação a avaliação das condições físicas dos playgrounds das escolas
observou-se que 39,6% (19) dos parquinhos apresentavam brinquedos com partes
quebradas; 50% (24) apresentavam partes enferrujadas e 14,6% apresentavam
lascas de madeira (Tabela 9).
Material n/total %
Terra batida
Areia
Concreto
Grama
Pedra brita
Grama sintética
Borracha
13/49
12/49
9/49
7/49
5/49
2/49
1/49
26,5
24,5
18,4
14,3
10,2
4,1
1,7
25
Tabela 9 – Condições gerais dos brinquedos
A avaliação dos balanços identificou que 65% das escolas apresentavam
distância inadequada do assento ao solo, ou seja, maior do que 35 cm. Já os espaços
entre os assentos estavam adequados em 86,2% das escolas. Além disso, 52,8%
apresentava mais de dois assentos por coluna.
Com relação aos escorregadores, 93,5% das escolas apresentavam
brinquedos com a altura adequada, que seria inferior a 2 m. 37% das escolas
apresentavam a seção inicial menor do que 35 cm e 95% dos escorregadores
apresentavam proteção lateral adequada.
Foram avaliadas as rodas ou gira-gira, também chamados de carrossel.
Destes, 71,4% apresentavam distância entre o solo e o assento maior que a
preconizada, de 40 cm. Entretanto o diâmetro do brinquedo estava adequado em
92,9% das escolas.
Finalmente, foram avaliadas as gangorras. 27,3% apresentavam brinquedos
com altura superior a recomendada, de 1metro. Ainda, 84,8% não apresentavam
apoio para os pés.
Condições n/total %
Partes quebradas
Sim
Não
Presença de ferrugem
Sim
Não
Presença de lascas de madeira
Sim
Não
19/48
29/48
24/48
25/48
7/48
41/48
39,6
60,4
50
50
14,6
85,4
26
4.4 Diferenças na altura de queda e nas superfícies entre as escolas públicas e
privadas
Identificamos que nas escolas públicas 91,7% apresentavam altura máxima de
queda menor ou igual a 2 metros. Nas escolas privadas, esse índice chegou a 95,5%.
Essa diferença não foi estatisticamente significativa. Utilizamos o teste exato de Fisher
(Tabela 10)
Com relação ao material da superfície, nas escolas públicas houve 19,2% de
adequação e nas escolas privadas, 34,8%. Essa diferença não foi significativa do
ponto de vista estatístico.
Tabela 10 – Comparação dos índices de adequação da superfície e altura de queda entre escolas
públicas e privadas
Escolas públicas Escolas privadas
Sim Não Sim Não
Material Adequado 5/26 (19,2%) 21/26 (80,8%) 8/23 (34,8%) 15/23 (65,2%)
Altura de queda inferior
a 2 m 22/24 (91,7%) 2/24 (8,3%) 21/22 (95,5%) 1/22 (4,5%)
27
Tabela 11 – Comparação dos resultados da nossa amostra com o S.A.F.E Model (2008)
S.A.F.E Model (2008) PRESENTE ESTUDO
Sim Não Sim Não p
Separação dos brinquedos por
faixa etária 74% (47) 26% (17) 0 100% (49) p < 0,001
Superfície composta por material
adequado 49% (31) 51% (33) 26% (13) 73% (36) p = 0,003
Altura máxima inferior a 2 metros 63% (40) 27% (24) 87% (49) 13% (49) p = 0,001
Profundidade superior a 30 cm 31% (20) 69% (44) 6% (3) 94% (46) p < 0,001
28
5. DISCUSSÃO
Das escolas estudadas, 15,3% não ofereciam playground, o que evidencia a
ausência nessas instituições de um ambiente específico para o desenvolvimento das
atividades de recreação. Assim, é provável que ocorram em locais impróprios, sem
condições de segurança adequadas, aumentando o risco de acidentes.
Metade das escolas não possuía registro de acidentes. A ausência de
informações sobre os acidentes prejudica tanto a identificação dos riscos aos quais
as crianças são expostas durante as atividades, quanto a elaboração de estratégias
de prevenção específicas para cada escola. Das instituições de ensino que relataram
possuir instrumento de registro de acidentes, a grande maioria apenas anotava o
nome do aluno, a data do acidente e a hora da ocorrência. Não havia referências ao
tipo ou à gravidade do evento. La Flamme, Menckel e Aldenberg publicaram em 1997,
um estudo que avaliou as características das lesões ocorridas nas escolas. O
conhecimento acumulado resultou na formulação de um instrumento de relato de
acidentes.
As autoras explicam que a utilização de instrumentos de relato de acidentes
possibilita três ações importantes: selecionar medidas específicas para aumentar a
segurança de cada escola, determinar padrões particulares de lesão que podem variar
entre as instituições e definir as necessidades de pesquisa e estudo para o futuro.
Dois fatores devem ser considerados na elaboração de uma ferramenta de
relato de acidentes. Primeiro, deve haver um formulário específico; segundo, a
existência de um canal de comunicação através do qual as informações sobre os
acidentes pudessem chegar aos administradores, pois sabendo as circunstâncias que
envolvem acidentes, poderiam desenvolver e implementar ações de prevenção.
Infelizmente, mesmo em locais com segurança adequada ocorrerão acidentes. Toda
equipe da escola deve estar preparada para lidar com situações de urgência e
emergência; dessa forma, as escolas devem desenvolver planos para situações desse
tipo (OLSEN, 2008).
Supervisão das atividades de recreação por pessoas qualificadas constitui um
dos pilares da prevenção de acidentes. A literatura é rica em dados que sustentam a
importância da supervisão para diminuir riscos em playgrounds. Das escolas
29
avaliadas, 92,7% relataram que as atividades desenvolvidas são permanentemente
supervisionadas. Estudos conduzidos por Bell, em 1986, e por Coppens, em 1991,
revelaram que a falta de supervisão em playgrounds estava associada a maiores
índices de acidentes.
O S.A.F.E Model® destaca que a presença e habilidade do supervisor são
elementos cruciais para um ambiente de recreação seguro. Supervisão não é a
simples presença de um adulto no local, mas sim de um profissional com capacidade
de reconhecer riscos em potencial ao observar as atividades desenvolvidas. Para isso,
os supervisores devem receber treinamento que forneça informações que incluam:
fundamentos para um trabalho de supervisão adequado, tipos de lesões que podem
ocorrer nos playgrounds e a importância de técnicas de supervisão adequadas. A
definição consistente de supervisão está relacionada a comportamento de atenção
(observar e ouvir) e proximidade (toque ou estar ao alcance).
A supervisão deve ser constante e não intermitente. Entretanto, as pessoas que
cuidam de crianças têm um espectro muito amplo de padrões de supervisão; desde o
zelo total até a negligência no cuidado (ABIB, 2013). A presença de professores
supervisionando as atividades diminui a ocorrência de comportamentos arriscados (La
FLAMME, 1997). Além disso, as lesões decorrentes de acidentes em playgrounds
adequadamente supervisionados são menos graves (LAM, 2013).
Uma pesquisa da ONG Criança Segura – Safe Kids Brasil mostrou que 90%
dos acidentes ocorreram enquanto as crianças estavam com as mães, confirmando a
importância e necessidade de supervisores com treinamento adequado (ABIB, 2010).
Um componente vital para garantir a segurança em playgrounds consiste em
atividades educacionais que envolvam as crianças. Elas devem entender a
importância de brincar de maneira segura e as regras para uso do parquinho. Apenas
três escolas avaliadas neste estudo relataram oferecer palestras aos alunos como
forma de orientá-los e educá-los com relação à prevenção de acidentes, destacando
que existe muito espaço para utilização dessa abordagem no nosso meio.
Em 2001, Heck, Collins e Peterson, publicaram um estudo que resultou de
atividades com crianças da primeira e segunda séries do ensino fundamental, durante
as quais uma professora ensinava aos alunos como se comportar de maneira segura
nos parquinhos. Após a atividade, ela propôs uma recompensa para as crianças caso
30
elas adotassem o comportamento aprendido durante as aulas. Nas semanas
seguintes, observou-se diminuição dos comportamentos arriscados.
Quando perguntadas se existia alguma estratégia de ação após a ocorrência
de acidentes, 92,7% das escolas responderam afirmativamente. Dessas, 78,4%
responderam que a estratégia consistia em comunicar os pais por telefone e apenas
uma escola respondeu que os funcionários realizaram curso de primeiros socorros.
Os dados apontam que o entendimento do termo estratégia de ação após a ocorrência
de acidentes não é bem compreendido pelos diretores, visto que comunicar os pais
do acidente ocorrido não é suficiente para garantir um bom atendimento. Percebemos
durante o estudo a necessidade do desenvolvimento de um plano concreto de
prevenção e também de como agir no manejo dos acidentes decorrentes de lesões
não intencionais ocorridas nos playgrounds das escolas.
Estudos indicam que 30% dos acidentes em playgrounds tem como causa
principal a falta de manutenção adequada (THOMPSON, 1998). Sem inspeção e
reparo adequados, qualquer material vai se deteriorar e aumentar os riscos de
acidentes. Caso o fabricante não ofereça recomendações com relação a periodicidade
de inspeção e manutenção, um programa deve ser desenvolvido com base na
frequência de uso dos equipamentos. Parquinhos frequentemente utilizados por um
grande número de crianças necessitam inspeções mais frequentes. Um procedimento
simples e eficaz é a utilização de listas de verificação. Todos os defeitos encontrados
devem ser prontamente reparados.
A literatura aponta para a frequência de manutenção inadequada dos
brinquedos feitos de madeira e metais, tendo em vista que os resultados da
deterioração desses materiais representam maiores riscos para os usuários quando
comparados à brinquedos feitos de plástico, por exemplo (HUDSON, 2004). Na nossa
amostra, 40% dos parquinhos apresentava brinquedos com partes quebradas, 50%
apresentava equipamentos enferrujados e 15% apresentava lascas de madeira,
confirmando os dados de estudos prévios.
Quase metade das escolas visitadas (44%) relatou que não há nenhum
programa de manutenção dos equipamentos dos parquinhos. Das escolas que
responderam ter programas de manutenção, 90% disseram que a avaliação das
condições físicas dos equipamentos é feita pelos próprios professores, duas escolas
31
afirmaram trocar anualmente os brinquedos e uma relatou que aciona a Secretaria
Municipal de Educação para eventuais reparos. Conclui-se que além de grande parte
das escolas não apresentar programas de manutenção dos equipamentos, a presença
de brinquedos danificados em grande parte das instituições aponta para a ineficácia
dos programas existentes.
Superfícies de queda feitas de materiais adequados também são fatores
capazes de alterar o risco de lesões graves. As quedas sobre materiais capazes de
absorver impacto determinam chance menor de TCE grave (Criança Segura – Safe
Kids Brasil, 2016). Para ser considerada adequada e segura, a superfície deve ser
capaz de atenuar o impacto de acordo com o padrão de medida do HIC. A maior parte
das lesões graves, ocorre nas quedas em materiais rígidos, como o concreto, asfalto
e terra batida (BRANSON, 2012).
Existem dois tipos de apresentação dos materiais considerados adequados
para a instalação na superfície dos playgrounds: materiais unitários (colchões de
borracha) ou materiais soltos (areia, lascas de madeira). Grama não é considerada
como material adequado, visto que suas propriedades de absorver impacto perdem-
se muito rapidamente com o uso e sofrem muita alteração de acordo com as
condições climáticas (HUDSON, 1999).
Das escolas avaliadas, apenas 24% apresentava superfície composta por areia
e 2% por borracha, ambos materiais adequados. Lascas de madeira, também
considerado material adequado, não esteve presente em nenhuma escola . Esses
dados mostram que 74% da amostra estava inadequada do ponto de vista da
superfície de queda, índice extremamente elevado e preocupante que aponta na
direção do alto risco para ocorrência de acidentes com lesões graves nesses locais.
Nas escolas em desacordo, 26% apresentavam terra batida e 18% concreto. Nenhum
desses materiais oferecem segurança já que não absorvem adequadamente o
impacto de quedas, aumentando risco para ocorrência de TCE e fraturas de
extremidades.
Ocorrem seis vezes mais fraturas em superfícies de asfalto ou concreto quando
comparamos com superfícies compostas por areia (SOSIN, 1993). A análise do fluxo
de energia dissipada durante o impacto do braço estendido com diferentes materiais
após a queda, mostrou que quando compostas por areia ou lascas de madeira, devido
32
a capacidade desses materiais em absorver grande parte da energia resultante do
impacto, ocorrem menos fraturas de extremidades (DAVIDSON, 2013).
Apesar de ser considerada adequada na absorção do impacto, a borracha tem
a desvantagem do alto custo para compra e instalação (GUANATILAKA, 2004). Isso
pode justificar o fato de ser pouco frequente na nossa amostra, estando presente em
apenas uma escola particular.
Para garantir as propriedades adequadas de proteção e absorção de impacto,
é fundamental que além da utilização de material adequado, este esteja disposto na
profundidade adequada. A profundidade mínima adequada, de acordo com as normas
da ABNT é de 30 cm, para todos os materiais.
Nesse sentido, das escolas que apresentavam material adequado na superfície
(26% do total), apenas 16% apresentava profundidade igual ou superior a 30 cm.
Somando as escolas com material inadequado na superfície com as escolas que
possuem material adequado, porém em profundidade insuficiente chegamos ao
alarmante índice de 94% de inadequação. Esse dado encontra correspondentes na
literatura. Um estudo desenvolvido na Austrália detectou 95,5% de inadequação da
superfície nos parquinhos onde ocorreram fraturas de extremidades (SHERKER, ver
ano).
Motivados pelo baixo índice de adequação dos playgrounds com relação à
profundidade das superfícies, Guatinalaka et al. (2012), conduziram um estudo que
avaliou o desempenho das superfícies quando em profundidades inferiores a 20 cm.
Materiais adequados na profundidade de até 8cm apresentam HIC elevado,
evidenciando a incapacidade de absorção de impacto. Entre 8 e 20 cm os índices
mantiveram-se elevados para HIC, mas próximos ao limite aceitável. O trabalho
conclui recomendando profundidade mínima de 20 cm. Considerando esse índice na
nossa amostra a proporção de escolas inadequadas continuaria elevada pois apenas
uma escola apresentava profundidade entre 20 e 30 cm.
Grande parte das superfícies é composta por material solto. Com o uso
frequente, ocorre deslocamento do material e assim, deterioração da profundidade.
Caso as orientações dos fabricantes não estejam disponíveis para a adequada
periodicidade de manutenção da profundidade das superfícies, um cronograma
individualizado deve ser criado de acordo com o uso do playground. Áreas localizadas
33
debaixo dos balanços e na saída dos escorregadores são as mais sensíveis (U.S.
CONSUMER PRODUCT SAFETY COMISSION, 2015).
Outro critério fundamental para garantir segurança nos parquinhos é a altura
máxima de queda. Das escolas visitadas, 93,5% apresentavam altura máxima de
queda inferior a 2 m, estando assim em conformidade com a medida preconizada pela
ABNT. Entretanto, analisando os brinquedos individualmente de acordo com as
normas da ABNT, que fixam altura máxima para gangorras em 1 m, encontramos
27,3% de inadequação.
Alturas superiores a 1,5m aumentam em duas vezes o risco de lesão grave,
independentemente do material utilizado na superfície (MACARTHUR, 2000). Um
estudo de casos e controles publicado em 1996, mostrou Odds Ratio (OR) de 4,14
para lesões graves após quedas de alturas superiores a 1,5 m (CHALMERS, 1996).
Em Singapura, as especificações para equipamentos de playground desenvolvidas
pelas instituições locais utilizam os limites de 1,5 m para crianças em idade pré-escolar
e de 2 m para crianças em idade escolar (LAM, 2013). A Canadian Paediatric Society
segue as mesmas recomendações. Na Austrália e na Nova Zelândia, a altura máxima
de queda preconizada é de 2,5 m, para todas as faixas etárias (SHERKER, 2005).
A altura de queda e a superfície interagem intimamente para estabelecer um
ambiente de recreação seguro. A utilização de superfícies capazes de absorver
impacto teve como objetivo inicial diminuir os riscos de TCE. Embora a literatura seja
rica em dados que mostraram a queda do índice de TCE após a utilização de
superfícies adequadas, o risco de fraturas de extremidades não diminuiu na mesma
proporção. Acredita-se que o risco de fraturas esteja mais relacionado com a altura
de queda (MOTT, 1997). Existem explicações biomecânicas para explicar a baixa
proteção das superfícies com relação às fraturas. Modelos experimentais de braços e
antebraços sugerem que as superfícies absorvem adequadamente impactos
decorrentes de quedas da própria altura e com direção predominante vertical.
Entretanto, em quedas de alturas maiores a superfície não é capaz de atenuar todos
os componentes de força, resultando em fraturas (CHOI, 2014).
Inicialmente, tínhamos a intenção de avaliar o número, tipo e a gravidade dos
acidentes ocorridos nas escolas, porém, a ausência de dados confiáveis não permitiu
esta avaliação.
34
Percebe-se que no presente estudo, a amostra é formada por escolas cujos
playgrounds apresentam sérios problemas relacionados à superfície, a qual na grande
maioria não é composta por material adequado, nem disposto na profundidade
recomendada, aumentando a chance de lesões cranianas. Identificamos ainda, 30%
de inadequação da altura máxima, número significativo e preocupante, tendo em vista
a estreita relação de alturas excessivas com ocorrência de fraturas de extremidades.
No presente estudo, comparamos os índices de adequação da superfície do
parquinho e da altura de queda entre as escolas públicas e as escolas privadas. Não
foram encontradas diferenças com significância estatística, provavelmente devido ao
tamanho da amostra. Entretanto, os dados apontaram para uma tendência de maior
inadequação nas escolas públicas, especialmente na avaliação das superfícies de
queda. Das escolas públicas visitadas, 80,8% apresentavam material inadequado na
superfície, contra 65,2% de inadequação nas escolas privadas.
Essa tendência de maior inadequação em instituições públicas corrobora com
os resultados de dois estudos disponíveis na literatura. O primeiro, realizado em
Atenas, na Grécia, foi um estudo de caso-controle que comparou as lesões
consequentes de acidentes em playgrounds públicos e privados. Identificou-se Odds
Ratio (OR) 8 vezes maior para a ocorrência de TCE e OR 4 vezes maior para a
ocorrência de fraturas de extremidades nos parquinhos públicos (PETRIDOU, 2002).
O segundo estudo, realizado no Canadá, consistia num programa de substituição dos
equipamentos considerados inseguros pelos padrões da CSA. Antes da substituição
dos brinquedos, o índice de acidentes nas escolas públicas era maior do que nas
escolas particulares. A partir da troca dos equipamentos considerados inseguros, essa
diferença deixou de ser significativa (MACPHERSON, 2010). Vale ressaltar que a
qualidade da supervisão é um pilar importante na prevenção, em conjunto com tais
medidas.
Das escolas avaliadas, nenhuma indicava para qual faixa etária os brinquedos
estavam destinados.
De acordo com o S.A.F.E Model®, o segundo pilar da segurança nos
playgrounds consiste na utilização de brinquedos desenvolvidos especificamente para
cada faixa etária. Sugere-se que o parquinho seja dividido em duas áreas distintas. A
primeira para crianças entre 2 e 5 anos e a segunda entre 6 e 12 anos. É impossível
35
o mesmo brinquedo oferecer as mesmas condições de segurança ao ser utilizado por
uma criança de 2 e por outra de 12 anos. Além disso, quando não há separação por
faixa etária, a probabilidade de uma criança menor utilizar os brinquedos destinados
às crianças mais velhas aumenta e com isso aumenta também o risco de acidentes.
Um estudo canadense mostrou que apenas 9% dos parquinhos apresentavam sinais
indicativos de faixa etária adequada nos brinquedos (HUDSON, 2004). Outro
levantamento, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, identificou apenas 25%
dos parquinhos com separação das áreas de acordo com a faixa etária (ALLEN, 2013).
A tabela 11mostra a comparação dos dados obtidos no presente estudo com
os dados publicados em 2008 pelas autoras do programa S.A.F.E Model®.
A comparação entre os dois estudos mostra diferenças importantes. Tanto na
avaliação da separação dos brinquedos por faixa etária, quanto na profundidade da
superfície, quase a totalidade das escolas avaliadas na cidade de Pelotas
apresentavam inconformidades com os padrões preconizados no Brasil. Ainda, os
índices de inadequação são muito mais elevados do que os encontrados no trabalho
australiano. O material utilizado na superfície também apresenta taxas menores de
conformidade quando comparadas com o estudo das autoras do S.A.F.E Model®.
Entretanto, encontramos comparativamente maior porcentagem altura superior ao
limite de 2 m no estudo de Hudson et al., mas os índices encontrados na nossa
amostra também são elevados e preocupantes. Todas as diferenças foram
estatisticamente significantes.
Em relação à avaliação individual dos brinquedos, discutiremos cada um a
seguir:
5.1 Balanços
Mais da metade das escolas apresentou mais de dois assentos por coluna
(52,8%). A limitação do número de assentos por coluna tem por objetivo não
sobrecarregar a parte superior que sustenta os balanços e diminuir o trânsito de
usuários ao redor dos balanços em movimento.
36
A avaliação da distância do assento ao solo é uma medida da acessibilidade
do brinquedo. De acordo com a ABNT não deve superar 35 cm. Observou-se o
alarmante índice de 65% de inadequação nesse quesito. A distância superior a 35cm
dificulta a frenagem do balanço pelo usuário e também aumenta consideravelmente a
velocidade máxima e a altura de queda alcançadas.
A distância mínima entre os assentos tem como objetivo evitar possíveis
colisões entre os balanços quando ambos estiverem em movimento. Houve 13,8%
dos equipamentos com distância menor que a indicada, acarretando o aumento da
chance de choques entre os balanços.
5.2 Escorregadores
Apenas 6,5% dos escorregadores avaliados apresentavam altura máxima
superior à recomendada (2 metros). A proteção lateral esteve ausente em apenas
4,3%. Nesses dois primeiros critérios consideramos um bom índice de adequação.
Escorregadores devem oferecer uma seção inicial horizontal com comprimento
suficiente para permitir a transição segura da posição ereta para a sentada.
Identificamos 37% de inadequação. A falta de seção inicial com comprimento
adequado é preocupante, pois favorece o desequilíbrio do usuário antes de iniciar a
descida, aumentando a chance de quedas.
5.3 Carrossel, roda ou gira-gira
Identifica-se alta porcentagem de escolas (74%) com distância entre o assento
e o solo superior à preconizada. O objetivo dessa medida é garantir o acesso ao
assento de forma segura e permitir a frenagem do equipamento pelo usuário.
Nos demais quesitos não houve grandes índices de inadequação. A totalidade
das escolas oferecia equipamentos sem eixo inclinado e 7,1% extrapolaram o
diâmetro máximo permitido.
37
5.4 Gangorras
Novamente, números preocupantes. Quase 30% das gangorras apresentava
altura máxima superior à preconizada pela ABNT. Mais alarmante foi o dado de que
85% das gangorras da nossa amostra não oferecia apoio para os pés. A ausência do
apoio para os pés dificulta a estabilização da criança, facilitando a ocorrência de
quedas durante o uso.
38
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que esse trabalho representa um passo inicial no conhecimento das
reais condições de segurança dos playgrounds brasileiros, na direção de formular
políticas públicas com objetivo de aumentar a conformidade com os padrões
preconizados, diminuindo a ocorrência de acidentes, os quais representam a
principal causa de mortalidade de criança na faixa etária escolar;
Apresentamos duas propostas de formulários. O primeiro para relato dos acidentes
ocorridos no ambiente escolar, objetivando a construção de um banco de dados
para futura elaboração de estratégias de prevenção específicas para o nosso meio;
o segundo, consiste em uma lista de verificação para guiar o programa de
manutenção do playground (os dois em anexo).
39
7. CONCLUSÕES
A avaliação das condições de segurança dos playgrounds das escolas da cidade
de Pelotas mostrou alto índice de inadequação nos principais critérios avaliados.
Encontramos 100% de inadequação na orientação por faixa etária nos brinquedos
e mais de 90% de inadequação na avaliação da superfície de queda;
Identificamos um sistema falho e ineficiente tanto no registro dos acidentes
ocorridos nas escolas, como nas ações executadas para manejar esses eventos
e no treinamento dos supervisores e manutenção das áreas de lazer e dos
brinquedos.
40
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2. APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O presente estudo tem o título de ‘Avaliação da segurança dos playgrounds
das escolas de uma cidade de médio porte no sul do Brasil’ e tem como objetivo avaliar
a segurança dos “playgrounds” das escolas da cidade de Pelotas. Para isso, serão
realizadas visitas a escolas municipais, estaduais e particulares, de ensino infantil e
fundamental, durante as quais serão aplicados questionários aos professores
responsáveis e haverá ainda medidas e avaliações nos parquinhos.
Acreditamos que o conhecimento da real situação dos “playgrounds” forneça
importantes dados para o desenvolvimento de estratégias que busquem diminuir o
número de acidentes ocorridos nesse ambiente.
O projeto conta com a autorização da Secretaria Municipal de Educação de
Pelotas e da 5ª Coordenadoria Regional de Educação.
Agora vou lhe informar sobre os direitos dos participantes:
a) Todas as informações obtidas nesse estudo, serão analisadas em conjunto com as de
outros voluntários, não sendo divulgado a sua identificação ou de outros participantes
em nenhum momento;
b) O sr. ou a sra. tem toda a liberdade de retirar o seu consentimento e deixar de participar
do estudo a qualquer momento sem penalização alguma;
c) O sr. ou a sra. tem garantia de que todos os dados obtidos a seu respeito só serão
utilizados nesse estudo;
d) O sr. ou a sra. não receberá nenhuma compensação financeira relacionada à sua
participação neste estudo. Da mesma forma, não terá nenhum despesa pessoal em
qualquer fase do estudo;
e) A qualquer momento, se for do seu interesse, poderá ter acesso a todas as
informações obtidas a seu respeito neste estudo, ou a respeito dos resultados gerais;
f) Quando o estudo for finalizado, o sr. ou sra. será informado sobre os principais
resultados e conclusões obtidas;
g) Em qualquer etapa do estudo, o sr. ou a sra. terá acesso aos profissionais
responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal
investigador é o Victor Garcia Neto, que pode ser encontrado no consultório localizado
na Rua Santos Dumont, 172, sala 902, bairro centro, Pelotas. Os telefones para
contato são (53) 32255300 ou (53) 32259300. Se você tiver alguma consideração ou
dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da Unifesp – Rua Botucatu, 572 – 1º andar – cj 14, (11)5571-1062,
FAX (11) 5539-7162 – E-mail cepunifesp@unifesp.br.
h) Esse termo foi elaborado em duas vias devidamente assinadas, sendo que uma ficará
com o sr. ou sra. e a outra conosco.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo ‘Avaliação da segurança dos
playgrounds das escolas de uma cidade de médio porte no sul do Brasil’. Eu discuti
com Victor Garcia Neto sobre a minha decisão em participar desse estudo. Ficaram
claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem
realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta
de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar
meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízos ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
Pelotas, ___/___/___
Nome do participante
____________________________________________________
Assinatura do participante
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e
Esclarecido deste participante para a participação neste estudo. Declaro ainda que me
comprometo a cumprir todos os termos aqui descritos.
Pelotas, __/__/__
Pesquisador
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DOS PLAYGROUNDS Nº :
CHECAGEM: 1.CHECADO 2. ESCOLA FECHOU
3. NÃO FOI ENCONTRADA
4. RECUSA Nº ESCOLA:
ADMINISTRAÇÃO 1. PRIVADA 2. MUNICIPAL 3. ESTADUAL NÚMERO
DE ALUNOS
PARTE I - DADOS SOBRE AS ATIVIDADES NA ESCOLA
Bom dia/ boa tarde. Meu nome é _____. Participo da pesquisa de mestrado da Escola Paulista de Medicina e estou desenvolvendo uma pesquisa sobre as condições de segurança dos playgrounds das escolas da cidade de Pelotas. Gostaria de falar um pouco com diretor/professor responsável. O(a) Sr(a). poderia me responder a algumas perguntas? Gostaria de esclarecer que os resultados desta pesquisa são confidenciais, e em nenhum momento seu nome será mencionado nos resultados.
NOME DO ENTREVISTADO:
_____________________________________________________________________
TELEFONE: ________________________________________________
CARGO NA ESCOLA: _________________________________
P.1 Existe algum instrumento de relato de acidentes na Escola?
1. Sim
2. Não
Se sim, qual? ______________________________________________________________________
P.2 Existe supervisão das atividades desenvolvidas no playground?
1. Sim
2. Não
Se sim. a) quem exerce? _____________________________________________________________
b) quantas pessoas por turno? __________________________________________________________
P.3 Existe alguma estratégia de prevenção de acidentes na escola?
1. Sim
2. Não
Se sim, qual? ______________________________________________________________________
P.4 Existe alguma estratégia de ação após acidente?
1. Sim
2. Não
Se sim, qual? ______________________________________________________________________
P.5 Existe algum programa de manutenção dos equipamentos de playground?
1. Sim
2.Não
Se sim, qual? ______________________________________________________________________
II – DADOS GERAIS SOBRE O PLAYGROUND
P.6 Quantos brinquedos existem?
1. Um 2. Dois 3. Três 99. Não há
4. Quatro 5. Cinco ou mais
P.7 Qual a superfície do playground
1.Areia 3. Concreto
2. Grama 4. Madeira
P.8 Qual a profundidade (no caso de areia)
______cm
P.9 Existe orientação de faixa etária nos brinquedos?
1.Sim 2. Não
III – DADOS SOBRE AS CONDIÇÕES DOS BRINQUEDOS
P.10 Partes quebradas?
1. Sim 2. Não
P.11 Presença de ferrugem?
1. Sim 2. Não
P.12 Presença de lascas de madeira?
1. Sim 2. Não
BALANÇOS
P.13 Distância do assento do solo
1. Menor ou igual a 35cm 2. Maior que 35cm
P.14 Espaço entre assentos
1. Maior ou igual a 20cm 2. Menor que 20cm
P.15 Quantos assentos por coluna?
1. Menor ou igual a 2 2. Mais que 2
ESCORREGADORES
P.16 Altura máxima
1. Menor ou igual a 2m 2. Maior que 2m
P.17 Seção inicial
1. Maior ou igual a 35cm 2. Menor que 35cm
P.18 Proteção lateral
1. Sim 2. Não
CARROSSEL/RODA
P.19 Distância entre solo e assento
1. Menor ou igual a 40cm
2. Maior que 40cm
P.20 Eixo inclinado
1. Sim
2. Não
P.21 Diâmetro
1. Menor ou igual a 2m
2. Maior que 2m
GANGORRA
P.22 Altura máxima de queda
1. Menor ou igual a 1m
2. Maior que 1m
P.23 Apoio para os pés
1. Sim 2. Não
AGRADEÇA E ENCERRE.
APÊNDICE C
FORMULÁRIO PARA RELATO DE ACIDENTES
FORMULÁRIO PARA RELATO DE ACIDENTES
DATA: HORA:
BLOCO A – IDENTIFICAÇÃO
1. NOME DA ESCOLA: 2. NOME DO RELATOR: 3. CARGO DO RELATOR 4. NOME DO ALUNO:
4.1. SEXO: ☐M ☐F 4.2.IDADE: 4.3. SÉRIE:
BLOCO B – CARACTERÍSTICAS DA OCORRÊNCIA 5. LOCAL DO ACIDENTE:
☐ SALA DE AULA ☐ PÁTIO ☐ PLAYGROUND ☐ QUADRA ESPORTIVA ☐ PISCINA ☐ REFEITÓRIO ☐ ESCADAS ☐ ÁREA EXTERNA (CALÇADA, RUA)
6. COMO OCORREU O ACIDENTE ☐ QUEDA DA PRÓPRIA ALTURA ☐ QUEDA NAS ESCADAS ☐ QUEDA DE SKATE ☐ QUEDA DE PATINS ☐ ACIDENTE COM BICICLETA ☐INGESTÃO OU ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO ☐INTOXICAÇÃO ☐ QUEDA DE OUTRO NÍVEL ☐ MENOR QUE 1,5M ☐ ENTRE 1,5 M E 3 M ☐ MAIOR QUE 3 M
7. TIPO DE LESÃO ☐ ENTORSE ☐ FRATURA ☐ CORTE ☐CONTUSÃO ☐QUEIMADURA
☐ COLISÃO ENTRE COLEGAS ☐ PICADA OU MORDIDA DE ANIMAL ☐ DURANTE PRÁTICA DE ESPORTES ☐ QUEIMADURA POR CALOR ☐ QUEIMADURA ELÉTRICA /
CHOQUE ELÉTRICO ☐ SUFOCAMENTO ☐AFOGAMENTO ☐ ATROPELAMENTO ☐ OUTRO. QUAL?
☐ ABRASÃO ☐OUTRO. QUAL?
__________________________________________________________________________________________
8. PARTES DO CORPO LESIONADAS ☐ CABEÇA
☐ DENTES
☐ OLHOS
☐ PESCOÇO
☐ COSTAS
☐ TÓRAX
☐ ABDOME
☐ OMBROS
☐ BRAÇOS
☐ANTEBRAÇOS 9. ESTADO DE CONSCIÊNCIA
☐ ACORDADO
☐ AGITADO
☐ SONOLENTO
☐ NÃO ACORDA AO SER CHAMADO 10. SINAIS VITAIS
TEMPERATURA AXILAR: PRESSÃO ARTERIAL: FREQUÊNCIA CARDÍACA FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
BLOCO C – CARACTERÍSTICAS DO LOCA 11. SUPERFÍCIE SOBRE A QUAL OCORREU O ACIDENTE
☐ AREIA
☐ CONCRETO
☐ LASCAS DE MADEIRA
☐ ASFALTO
☐ PEDRA BRITA
☐ BORRACHA
☐ GRAMA
☐ TERRA BATIDA
☐ OUTRO. QUAL?
________________________________________________________________ 12. PROFUNDIDADE DA SUPERFÍCIE
☐ MENOR DO QUE 30 CM
☐ MAIOR OU IGUAL A 30 CM DATA DA ÚLTIMA MANUTENÇÃO:
13. PRESENÇA DE SUPERVISÃO NO LOCAL?
☐ SIM
☐ NÃO SUPERVISOR TREINADO? ☐ SIM
☐NÃO DATA DO ÚLTIMO TREINAMENTO:
☐ PUNHOS
☐ MÃOS
☐ COXAS
☐ JOELHOS
☐ TORNOZELOS
☐ PÉS
☐ OUTRA. QUAL?
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________
PALIDEZ ☐SIM ☐NÃO
SUDORESE ☐SIM ☐NÃO
CIANOSE ☐SIM ☐NÃO
APÊNDICE D
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome da Escola: Data da inspeção: Inspeção realizada por:
LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA MANUTENÇÃO DOS PLAYGROUNDS
SUPERFÍCIE 1. Material da superfície 2. Profundidade da superfície em centímetros: 3. Data da última reposição de material na superfície:
☐Areia
☐ Borracha
☐Pedra brita
☐ Grama
☐ Terra batida
☐ Concreto
☐ Asfalto
☐ Lascas de madeira
MANUTENÇÃO GERAL
4. Partes quebradas ☐SIM ☐ NÃO
5. Ferrugem ☐SIM ☐ NÃO
6. Lascas de madeira ☐SIM ☐ NÃO
Bibliografia Consultada 1. DeCS – Descritores em Ciência da Saúde, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
BIREME, São Paulo, 2016.
2. Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese- estrutura e referências. São
Paulo: Amélia Gasparini; 2005.
3. Universidade Federal de São Paulo – Biblioteca Antonio Rubino de Azevedo.
Normas para teses e dissertações. 2a ed. rev. e corrigida. São Paulo: 2015.