Avaliação do movimento humano prof daniela

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AVALIAÇÃO DO MOVIMENTO HUMANO

Profª Daniela Lopes dos Santos

HIPÓCRATES“todas as partes do corpo que desempenham uma função, se usadas com moderação e exercitadas em atividades com as quais cada uma delas esteja acostumada, tornam-se automaticamente sadias, bem desenvolvidas e envelhecem mais lentamente; no entanto, se não forem usadas e permanecerem ociosas, acabarão por se tornar propensas a doenças, apresentar crescimento defeituoso e envelhecer com rapidez.”

QUALIDADE DE VIDA

Expressão muito utilizada, na moda. Entretanto, não há ainda, um consenso sobre o que realmente significa. De forma geral, aplica-se ao indivíduo aparentemente saudável e ao seu grau de satisfação com a vida nos muitos aspectos que fazem parte dela. É facilmente confundida com o estado de felicidade, tendo portanto, um importante componente individual e subjetivo.

A falta de um consenso em torno da definição de qualidade de vida tem levado muitos estudiosos a empregar o termo de forma reduzida e indiscriminada, desconsiderando sua rica complexidade. Geralmente é associada ao conceito de saúde no sentido de ausência de doenças.

“Percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, considerando suas expectativas, padrões e preocupações” (OMS).

Representa uma tentativa de nomear algumas características da experiência humana, sendo esta o fator central que determina a sensação subjetiva de bem estar;Consiste na possessão dos recursos necessários para satisfação das necessidades e desejos individuais, a participação em atividades que permitem o desenvolvimento pessoal, auto-realização e a possibilidade de uma comparação satisfatória entre si mesmo e os outros (Assunção Jr. et al., 1999).

Noção eminentemente humana que aproxima-se do grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental. Pressupõe uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera como seu padrão de conforto e bem-estar (Minayo et al., 1999).

Equilíbrio das variáveis positivas e negativas que influenciam a pessoa e o seu ambiente.

Pessoalmente determinada por:- estilo de vida;- autocontrole e- sentir-se útil.

(Rossi, 2003)

Em suma parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, inserção social, liberdade, solidariedade, espiritualidade, realização pessoal) e objetivos (alimentação, acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde e lazer) se interagem dentro da cultura para constituir a noção contemporânea de qualidade de vida.

SAÚDE

Até 1984 a Organização Mundial da Saúde considerava saúde como simples ausência de doenças. Após 1984 este conceito foi reestudado e tornou-se mais abrangente. Atualmente, define-se como “uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente ausência de doença”.

É entendida dentro de uma concepção mais ampla como uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, caracterizada num contínuo com pólos positivos e negativos. Saúde positiva seria aquela associada a uma capacidade de viver satisfatoriamente e de perceber um estado de bem estar geral enquanto saúde negativa seria aquela relacionada à morbidade e mortalidade prematura. (Nahas, 2001)

O canadense Marc Lalonde propõe quatro amplos componentes, que interagem entre si, para definir saúde:

- A biologia humana;- O meio ambiente;- O estilo de vida e- Organização da atenção à saúde.

Parece não fazer muito sentido centrar a idéia de saúde na dimensão estritamente orgânica, física ou biológica. “Saúde” não é um conceito universal, ao contrário, varia sob distintas condições sociais. Se refere a um processo, o qual resulta das possibilidades sociais, culturais, econômicas e políticas.

Há uma relação bastante estreita entre as doenças e as novas necessidades introduzidas pela sociedade industrial. A sociedade capitalista moderna enfatiza o consumo, a competitividade e o individualismo. Cabe refletir acerca da concepção de saúde imperante nesta sociedade.

A incidência de doenças varia segundo a classe social, o grupo étnico, o universo urbano e rural, a constituição da família, o desempenho dos diferentes papéis sociais, os processos de socialização, a violência e as condições de trabalho.

Dimensões da Saúde (Silva, 1999)

física, que engloba a presença/ausência de doenças, a alimentação, a não aderência a hábitos nocivos e o uso correto do sistema de saúde;emocional, que se refere ao gerenciamento das tensões e do estresse, a auto-estima e entusiasmo em relação à vida; social, que envolve qualidade nos relacionamentos e equilíbrio com o meio ambiente;

profissional, considerando-se satisfação com o trabalho, desenvolvimento constante e reconhecimento do valor do trabalho realizado;

intelectual, significando a utilização da criatividade sempre que possível expandindo conhecimentos;

espiritual, indicando um propósito de vida baseado em valores, ética e com pensamentos otimistas.

APTIDÃO FÍSICA

Capacidade de realizar tarefas diárias da vida em condições físicas e psicológicas satisfatórias de acordo com as necessidades exigidas pela atividade sem cansar (McArdle et al., 1991).Estado dinâmico de energia e vitalidade que permite às pessoas realizarem, além das atividades do cotidiano, atividades de lazer e enfrentar situações de emergência sem apresentar fadiga (Guedes & Guedes, 1995).

AbordagensAptidão física relacionada à performance motora, que inclui os componentes necessários para a obtenção de uma performance máxima no trabalho ou nos esportes;

Aptidão física relacionada à saúde, que engloba as características que possibilitam maior energia para a realização de tarefas diárias, laborais e de lazer e que como conseqüência proporciona um menor risco de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas associadas ao sedentarismo.

Características que influenciam a aptidão física (Nahas, 2001)

hereditariedade,

o estado de saúde,

hábitos alimentares e

nível de atividade física habitual.

DIMENSÕES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À

SAÚDE(Pitanga, 1998; Guedes &

Guedes, 1995)

DIMENSÃO MORFOLÓGICA

Índice de Massa Corporal;Relação cintura/quadril;Composição Corporal;Índice de Conicidade;Densitometria;Somatotipia.

DIMENSÃO FUNCIONAL

Capacidade aeróbica;

Capacidade anaeróbica;

Flexibilidade;

Resistência muscular localizada;

Força.

DIMENSÃO FISIOLÓGICA

Pressão Arterial;

Glicemia;

Lipoproteínas.

DIMENSÃO COMPORTAMENTAL

Tolerância ao estresse;

Ansiedade;

Depressão.

AVALIAÇÃO DA SAÚDE, QUALIDADE DE VIDA E

EXTRATIFICAÇÃO DE RISCOPAR-Q;

Anamnese;

Registro Dietético;

Risco Cardíaco;

Questionários Qualidade de Vida;

Nível de atividade física (IPAC, COMPAC, QUAFIRO).

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

Índice sugerido pela OMS;

Utilizado em vários tipos de pesquisas científicas;

Sujeito à críticas por não considerar a massa magra e a massa óssea.

mórbidaextremo40 ou mais

grau IImuito alto35 a 39,9

grau Ialto30 a 34,9

sobrepesomoderado25 a 29,9

ausentebaixo18 a 24,9

TIPORISCOIMC

ÍNDICE CINTURA-QUADRIL

A medida da cintura deve ser apurada de acordo com a circunferência que passa entre o umbigo e as costelas e a medida do quadril, tomando-se a maior circunferência na região glútea. Um valor considerado de risco, será 1,0 ou acima. Considera-se um bom índice C/Q de 0.90 ou menor para homens e 0.80 ou menor para mulheres.

ÍNDICE DE CONICIDADE

Proposto no início da década de 90, para a avaliação da obesidade e distribuição de gordura.

Tem como referência o fato da obesidade central estar mais associada à doenças cardiovasculares do que a obesidade generalizada.

É baseado na idéia de que pessoas que acumulam gordura na região central do tronco tem a forma do corpo parecida com um duplo cone (com base comum) e as com menor gordura na região central do corpo teriam a aparência de um cilindro.

Índice C

= Circunferência Cintura (m)

0,109√Peso Corporal (kg)

Estatura (m)

* O valor obtido é igual ao número de vezes que a circunferência da cintura é maior do que deveria ser se não houvesse gordura abdominal.

ABSORTOMETRIA DE RAIO X DE DUPLA ENERGIA

-DEXABaseia-se no pressuposto de que o raio de absorção de radiações de cada tecido orgânico depende do comprimento de onda utilizada e do número dos elementos interpostos. A medida do DEXA informa o conteúdo mineral ósseo e seu resultado permite estabelecer estimativas quanto aos componentes de gordura e de massa isenta de gordura dos tecidos não-ósseos e demais tecidos (Lohman, 1996)

Em desenvolvimento há mais de 30 anos, a densitometria óssea vem sofrendo modificações e evoluções características da área da tecnologia em que encontra-se inserida. Inicialmente, as técnicas de densitometria possibilitavam somente o estudo de segmentos distais (antebraço e patela).

O DEXA mede a quantidade de radiação absorvida pelo corpo ou segmento desejado, calculando a diferença entre a radiação emitida pela fonte de radiação e a que sensibiliza um detector de fótons. A isto se denomina “absorcíometria”.

Tecnicamente, a absorcíometria, é a mensuração de uma das formas de interação dos fótons com a matéria – “A absorção” (Ragi, 1998).

Muitos autores tem utilizado o método do DEXA para a avaliação da composição corporal nos mais diversos grupos assegurando em seus trabalhos esta metodologia como uma nova alternativa que possivelmente deve substituir o método da hidrodensitometria (Pesagem hidrostática) no desenvolvimento de métodos duplamente indiretos de avaliação da composição corporal.

SOMATOTIPIA

Na década de 40, Sheldon criou o termo somatotipo e as técnicas para a sua análise.A teoria pressupõe 3 componentes primários presentes em todos os indivíduos num grau maior ou menor dependendo da carga genética, podendo ser modificado pelo crescimento e treinamento.

Histórico da SomatotipiaDivide-se os biotipologistas em 4 escolas:

Francesa: Hallé (vascular, muscular e nervoso) e Sigaud (atmosférico, alimentício e ambiental social);

- Italiana: Viola (longilíneo, normolíneo e brevilíneo). Esta influenciou a biometria no Brasil até os anos 70.

Alemã: Kretschner usava patologias x formas do corpo (astênicos, atléticos, pícnicos e displásicos);

Inglesa: Sheldon usava fotografia e classificava conforme gordura, músculo e linearidade (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia).

Astenia: estado de fadiga e esgotamento;

Displasia: má formação ou disfunção no crescimento (delgado, fraco);

Pícnico: sólido, forte.

Endomorfia: 1º componente. Indica tendência à obesidade. Baixo peso específico, massa flácida e formas arredondadas. Predominância do abdômen sobre o tórax, ombros altos e pescoço curto.Mesomorfia: 2º componente. Predomínio na economia orgânica dos tecidos que derivam da camada mesodérmica embrionária (ossos, músculos e tecidos conjuntivos). Maior peso. Corpo quadrado, musculatura forte, ossos grandes, tórax grandeEctomorfia: 3º componente. Predomínio de formas lineares e frágeis, maior superfície em relação à massa corporal. Ossos pequenos e músculos delgados

Determinação do Somatótipo

Método Fotoscópico: indivíduo é fotografado em 3 posições, sendo medidas a estatura e o peso corporal.

Método Antropométrico: através da análise de diâmetros, perímetros e dobras cutâneas, além da estatura e peso. A técnica mais utilizada é de Heath-Carter.

Método Antropométrico

Estatura e Peso;Dobras cutâneas (tríceps, subescapular, suprailíaca, medial da perna);Diâmetros ósseos (biepicondiliano do fêmur e do úmero);Perímetros musculares (bíceps em contração, antebraço e perna).

Endomorfia:- 0.7182 + 0.1415(X) – 0.00068(X2) +0.0000014(X3)

X = somatório dobras do tríceps, subescápula e suprailíaca

Mesomorfia:0.858(U) + 0.601(F) + 0.188(B) +0.161(P)

– 0.131(H) + 4.50U = diâmetro úmero, F = diâmetro fêmur, B = perímetro braço, P = perímetro perna, H = altura

Ectomorfia: de acordo com Índice PonderalIP = estatura/ raiz cúbica do peso

Se IP > 40.75(IP x 0.732) – 28.58

Se IP <= 40.75(IP x 0.463) – 17.63

Então procede-se a plotagem no Somatotipograma.