Post on 01-Dec-2015
Discipulado Cristão
Dr Berndt D. Wolter
Introdução
Creio na Bíblia! Tomo o seu conteúdo, analiso, comparo com outras de suas partes, confio naquilo que Deus quer dizer
e decido com honestidade viver aquilo que o Espírito Santo me orientar fazer.
Creio inquestionavelmente no poder das palavras escritas sobre Jesus e sei que são reais e verdadeiras:
“Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no Seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo. 1:12-13.
Da mesma maneira as palavras reveladas por meio do apóstolo também são reais:
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” Gl. 2:20.
Creio no desafio que Jesus fez para aqueles que querem segui-Lo de verdade:
“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.” Mt. 10:38.
Conhecendo o elevado propósito que Jesus sonhou para
aqueles que nEle cressem, creio também no efeito final daquilo que o Salvador providenciou por meio de Sua obra redentora:
“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.”
Jo. 10:10.
Perguntas que devem estar martelando na mente do
leitor: Por que o cristianismo aqui e ali parece falhar nesta capacidade de transformar vidas? Por que milhares de
membros de igreja parecem nunca experimentar uma vida abundante? Por que ocorre que membros de igreja que são
considerados fiéis, não são capazes de viver como o Mestre Jesus? O que acontece que somos mais influenciados pela cultura que nos rodeia do que pelos princípios bíblicos? Por
que adequamos a nossa vida cristã a uma versão “socialmente aceitável”? Por que não ousamos viver o cristianismo nos
termos em que a Bíblia o propõe? Por que acontece que toda vez que alguém
quer viver o cristianismo em sua plenitude ele desvia por caminhos do fanatismo ao invés do caminho do
serviço ao próximo e do amor expresso em bons relacionamentos? Por que...
Um exemplo muito infeliz:
Deixe-me exemplificar: ao redor de 12% da população
de Ruanda na África central eram adventistas. Festejava-se, juntamente com outras denominações cristãs talvez o maior
sucesso missionário de toda a história humana. Um país inteiro evangelizado em praticamente três décadas.
O modelo e as ações empreendidas foram estudados por missiólogos do mundo inteiro, procurando achar os padrões que levaram a um sucesso tão completo como esse.
De repente, na década de 90 um conflito étnico toma proporções horrendas envolvendo todo país. Aqueles que
haviam aprendido a amar Jesus e decidiram pelo batismo seguir o Mestre, trocam os valores do Mestre pela fúria dos
rancores tribais.
O cristianismo não se exterioriza em
acusações e condenação brutais. 3 TS, 48.
A maioria hutu, em sua maioria cristã, quer resolver os problemas econômicos e sociais, numa simplificação ignorante
colocando os Tutsis como a raiz de todos os males. Um confronto sangrento começa... não há números exatos, mas
no fim dos conflitos, entre 1 e 2 milhões de pessoas foram mortas numa matança impiedosa.
Membros da mesma igreja, que adoravam ao mesmo Jesus, se voltam uns contra os outros e os valores do evangelho e as palavras do Salvador não os puderam conter.
Meu Deus, o que aconteceu ali? Será que a libertação prometida pelo Redentor (cf. Jo. 8:32) perdeu o poder? A
cultura local subjugou o poder de Deus? Eu me nego a crer assim!!! Me nego a unir a minha voz à de alguns missiólogos que afirmam que a cultura tem maior poder do que o
evangelho!!! O que este episódio sórdido quer dizer? Que mensagem
ele nos deixa? É assim mesmo? Religião conforme com o mundo e seus valores e não com a palavra de Deus?
Outro exemplo sórdido:
O exemplo da guerra civil americana no século XIX. A
guerra da Secessão ocorreu entre 1861 e 1865 nos Estados Unidos e confrontou os estados confederados do sul
latifundiários, aristocratas e defensores da escravatura e os estados do norte, industrializados e onde a escravidão era
fortemente questionada. Dois grupos de cristãos “os do norte” contra “os do sul”
levantam armas uns contra os outros. O pior foi despertado
dentro do coração dos cristãos de ambos os lados, e não conseguiram mais viver como o Mestre havia ordenado... Os
princípios do evangelho como o amor ao próximo, a humildade, a mansidão, oferecer outro lado, não tiveram efeito sobre as decisões feitas então. Nem o apelo do apóstolo
Paulo para o momento quando há confronto entre irmãos:
“O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não
sofreis antes o dano?” 1 Co. 6:7
Nem o mandamento “não matarás”, a lei de Deus (cf.
Ex. 20) em toda sua força, foi eficaz para conter a fúria do confronto bélico de então. Os valores do evangelho não foram
consultados para a tomada de decisões e o resultado sangrento deu glória unicamente ao inimigo: ao redor de um
milhão de americanos foram mortos dos dois lados. Ninguém ganhou, só o diabo!!!
Irmãos de fé colocaram de lado o alto chamado de „em
tudo dar glórias a Deus‟, deixaram também de cooperar com Deus no conflito entre o bem e o mal.
“Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por isso me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem
e símplices para o mal. E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo de vossos pés a Satanás. A Graça de nosso Senhor
Jesus seja convosco.” 1 Co. 16:7
Um exemplo que atinge a mim e a você:
Os exemplos que vimos até aqui parecem estar longe em espaço e tempo. Esse terceiro exemplo chega muito mais
perto de mim e de você. Aqui descrevo o que se mescla em sua e em minha vida a cada dia, aqui no Brasil, com a mesma eficácia satânica que os exemplos anteriores.
Uma verdade: o centro de nossa vida é Jesus e precisamos prestar atenção para não nos tornarmos religiosos
na prática diária . Os ensinos Adventistas penetram mais fundo e em
muito mais áreas da vida do que os ensinos de qualquer outra religião sobre a face da terra – cristã ou não-cristã. Não teria dificuldades de afirmar que os ensinos adventistas tocam
todas as áreas da vida do ser humano, com detalhes específicos para o nosso tempo – o tempo do fim.
Mas cada área destinada para a bênção do ser humano tem uma versão filosófica sutil que tenta competir com os
preceitos de Deus para este tempo.
Tabela 1
Quando o converso não permite o trabalho do Espírito Santo – quer por distração,
desinteresse, fraqueza, por ignorância ou por falta do
foco correto – Deus e o nosso relacionamento com Ele é tirado da cena de nossa vida
e os conceitos e filosofias que nos cercam tomam espaço
onde Deus gostaria de estar. Em outras palavras: não existe espaço vazio! Se não preenchemos o espaço com Deus – Seus conceitos, práticas e as atitudes de coração por
Ele desejadas, Satanás ocupará este espaço com aquilo que a nossa cultura nos oferece.
Como o quadro acima mostra, o cristianismo bíblico (que é o cristianismo desejado por Deus para este tempo do
fim) é atropelado pelas filosofias que o envolvem descaracterizando-o quase que completamente.
Os preceitos bíblicos poluídos pelas filosofias do mundo
são vividos pela igreja por meio de um acordo mudo, marcado fortemente pelas ênfases sócio econômicas e culturais que
marcam aquela sociedade. Ninguém ousa repreender o irmão, pois todos estão imersos na mesma situação cultural e os olhos não estão abertos para o desvio que se infiltra.
Quando estudo as Escrituras,
fico alarmada por causa do Israel de Deus nestes últimos dias. ... Receio que estejam
adormecidos, e tão conformados com o mundo que seria difícil discernir entre o que
serve a Deus e o que O não serve. Está aumentando a distância entre Cristo e Seu
povo, e diminuindo entre eles e o mundo. Os sinais distintivos entre o professo povo de Cristo
e o mundo quase que desapareceram. Como o Israel
de outrora, seguem as abominações das nações que os cercam. 1 Test., 277.
Em outras palavras a comunidade de fé acaba entendendo
os preceitos bíblicos por meio das lentes de sua cultura, formando uma
tradição que concorda com elementos que a Palavra basicamente condena.
Um exemplo clássico, o último do quadro acima: Se alguém nos bate em uma face, a Bíblia nos diz que
devemos oferecer a outra (cf. Mt. 5:39). Nossa cultura instrui que
devemos bater de volta. Temos racionalizações como: “eu não sou capacho de ninguém” ou “comigo é assim, bateu levou” ou
“sou ser humano e tenho fraquezas” ou ainda “não levo desaforo para casa”. Desta maneira, influenciados pelas
orientações da cultura que nos cerca, decidimos suavemente contra o estilo de vida proposto pela Bíblia e encontramos
apoio e compreensão em qualquer pessoa de nossa cultura, por que todos pensam assim.
Outro exemplo: não é compreensível devolver o mal e a
intriga que alguém cometeu contra um cristão? Nossa resposta é rápida: “ninguém é de ferro” ou “se deixar, fulano nunca
aprende” ou “eu tenho que por um fim nisso”. A Bíblia diz que devemos amar nossos inimigos e orar por eles (cf. Mt. 5:44) e
devolver o mal com o bem (cf. Rm 12:19-21), se necessário devemos suportar o prejuízo (cf. 1 Co. 6:7).
O abandono suave e imperceptível dos princípios
bíblicos vai corroendo a base da espiritualidade e uma desconfiança de si mesmo se introduz na fé. Esse espírito de
desconfiança vai se instalando de maneira suave e imperceptível na coletividade da comunidade de fé. Todos percebem que algo não está bem, mas ninguém sabe
exatamente o que está acontecendo.
Por que Deus precisaria investir tanto no cristianismo do tempo do
fim, se Ele não achasse que seria necessário nos
distinguirmos significativa e marcadamente do mundo e das outras
religiões? Meu apelo não é para o fanatismo, mas para a
dedicação ao serviço em amor e bom relacionamento e
fidelidade aos preceitos de Deus
Sistemas eclesiásticos inteiros começam a organizar-se em sua prática ao redor de valores que não procedem da
Palavra. As filosofias e máximas do mundo as enredaram em enganos
sutis, mas planejados. Há necessidade de trabalho
planejado e intencional para uma volta à Palavra. Orientar os crentes em Jesus que o céu ainda não é aqui
e que ainda estamos instalados em meio ao conflito entre o bem e o mal é a necessidade máxima.
Orientá-los sobre a natureza do cristianismo do tempo do fim, que não é qualquer tipo de ação religiosa que caracteriza esse cristianismo.
Esse trabalho está acontecendo em parte do púlpito, mas até ali existe algo corroendo a eficácia. Pressupor que
esse processo de aprofundamento espiritual acontece apenas coletivamente, em um grande rebanho, é simplificar
demasiadamente as coisas e é subestimar as artimanhas do inimigo no conflito entre o bem e o mal.
Deixe-me dar um exemplo: Em uma das igrejas que
liderei surgiu uma crise. A igreja, por falta de comprometimento dos membros estava capengando tanto
espiritual com institucionalmente. Nada funcionava mais. Tive que confrontá-la.
Depois de um dolorido confronto, a igreja se reestruturou e irmãos se comprometeram de novo. Comecei uma rodada de visitas espirituais e acabei percebendo que boa
parte dos irmãos ali sequer sabia o que era ser um adventista do sétimo dia.
Dei estudos bíblicos doutrinário para irmãos e irmãs que estavam 20 anos na igreja. A reação de uma irmã está muito viva em minha mente. Ela disse: “é isso que é ser adventista?
Por que ninguém fala mais sobre isso na igreja?”
A maior e mais urgente de todas as nossas
necessidades é um reavivamento da verdadeira piedade entre
nós. Buscá-lo deve ser nosso primeiro trabalho. RH, 22/03/1887
Indignado, peguei meu laptop e mostrei todos os sermões que eu havia pregado nos últimos dois anos. Mais
uma surpresa dessa irmã: “o que está acontecendo que não prestamos atenção naquilo que é dito nos sermões?”
Parece que o trabalho como o temos feito não está surtindo o efeito como outrora surtia. Há diversas causa para
isso, mas a principal é a pulverização da sociedade e consequentemente da comunidade de fé. As pessoas estão muito mais tempo expostas a mundos tão distintos, que a
exposição rápida e fortuita de três horas de culto no sábado de manhã, é como uma gota d‟água no oceano.
Erosão espiritual
Da mesma maneira que o solo sofre erosão quando
água passa muitas vezes no mesmo lugar, abrindo valetas enormes, levando consigo a terra fértil, ocorre também a
erosão espiritual. Quem passa frequentemente pelo local de uma erosão,
nem percebe como de maneira quase imperceptível, o solo vai sendo levado e a fertilidade vai diminuindo pouco a pouco até se tornar deserto.
No extremo oriente havia mais de 6.500 espécies diferentes de arroz adaptadas às diferentes realidades
climáticas e de solo. Com o “melhoramento genético” as grandes empresas substituíram essas milhares de espécies por
5 ou 6 muito mais produtivas. Ocorreu o que se chama de erosão genética. Perdeu-se
toda uma variedade genética que a natureza havia fornecido.
A perda foi quase que imperceptível, mas agora os agricultores lembram que o avô ou bisavô plantava essa e aquela espécie
e estão tentando recuperar. Erosão, perda de variedade, de fertilidade, destruição daquilo que Deus fez...
Há um trabalho enorme para recuperar o que se
perdeu, mas todos os que estão se empenhando tem tido a paga justa de sua busca.
Fico abismado como poucos sabem o que é espiritualidade e como ela se desenvolve em nós. Por falta de
o assunto ser trazido ao debate, muitos há que enveredam por três dos seguintes caminhos:
1. O caminho da “nova espiritualidade” que é promovida pelo movimento espiritualista da Nova
Era, espiritualidade emocional, supersticiosa e vazia. 2. O caminho do desleixo espiritual, fazendo do
cristianismo um evento semanal quando muito,
espiritualidade egoísta e sem comprometimento. 3. O caminho do fanatismo ou extremismo que é
altamente comprometido (por isso impressiona), mas utiliza ferramentas de manipulação, tirando textos fora do contexto forçando a consciência de
outros. Como é a espiritualidade Adventista, para os cristãos
que aguardam o breve retorno de Jesus? Espiritualidade não é aquela piedade moralista que se
concentra em aparências exteriores e farsas socialmente impenetráveis. Também não é aquela superdependência egoísta que exige que Deus faça tudo por nós. Não é a
superstição que espera vibrações sobrenaturais de Deus invadindo coisas e pessoas ao nosso comando. Também não é
intelectualismo bíblico, ou religião de cabeça e assentimento mental.
Espiritualidade também não é algo que temos ou não temos, é algo que desenvolvemos. Crescemos nos mais diversos aspectos da espiritualidade.
Espiritualidade Adventista é o relacionamento honesto e sincero com o Senhor Jesus que influencia os relacionamentos
consigo mesmo e com o próximo (cf. Mc. 12:30-31). Crescendo nesse relacionamento virá inevitavelmente a
entrega completa e experiências mais profundas com Deus
como Ele prometeu (cf. Jr. 29:13) e o comprometimento necessário para permanecer nessa experiência.
Outro ponto inevitável, no entanto também crescente é a obediência. Não há espiritualidade biblicamente sustentável
se não houver a requisitada obediência. É verdade que no início sabemos obedecer menos e com a experiência
aprendemos a obedecer melhor, sem perdermos a nossa personalidade e a nossa vontade. Obediência é a submissão
de uma vontade forte e sadia do ser humano à vontade de Deus.
O chamado para a guarda dos mandamentos recebeu
um sabor legalista e os que não os guardam, recebem repreensões sempre com sabor moralista. Tanto um quanto o
outro nunca funcionaram para a construção de uma espiritualidade sadia. Como podemos falar da Lei de Deus sem ser moralistas ou legalistas?
Amar com Jesus amou é parte dessa espiritualidade que o crente precisa manter em constante crescimento (cf. Jo.
13:34-35). Sabemos amar pouco no início de nossa experiência cristã. Deus vai nos guiando por experiências e se
admitirmos o trabalho de Deus em nosso coração Ele desenvolve a nossa capacidade de amar.
O mesmo acontece com a fé, a esperança, a humildade,
a mansidão, o domínio próprio, a capacidade de ser pacificados e de viver misericórdia, etc.
Em suma a espiritualidade como expressa na Bíblia para o tempo do fim, é a santificação (cf. Rm. 6:22; 2 Ts. 2:13), se
a qual ninguém verá a Deus (cf. Hb. 12:14). É o desenvolvimento daquelas características invisíveis em nós (cf. 2Co. 4:18; Mt. 5:1-12; Gl. 5:20-22), nos tornando mais
semelhantes a Jesus.
Foco desfocado: Se uma máquina fotográfica está com o foco no objeto
certo, a foto vai sair com a nitidez planejada. Na tentativa de
defender aquilo que é sagrado nos empenhemos em exaltar o periférico sobre Jesus, de sobrepor o essencial ao derivado.
Figura 1
Quantas vezes vi pessoas se digladiando sobre se pode
isso ou aquilo, tentando amarrar o grau de espiritualidade a coisas exteriores, visíveis.
Acontece mesmo com cristãos honestos e comprometidos. Trocam o foco da ênfase e vivem uma religião distorcida, que além de não fazer bem para ele mesmo, afasta
outros de experimentarem um relacionamento comprometido com o Deus vivo.
Cristianismo à milanesa: parece uma coisa por fora e
outra por dentro.
Capítulo 1 O Plano de Deus
Jesus criou a igreja para ser um movimento não um monumento! Ele a projetou para ser um movimento multiplicador em dois sentidos:
a) em poder espiritual no coração que traduzisse a pessoa
de Deus em e através de nós (cf. 1 Co. 2:2-5; 2 Co. 3:2-3) e b) em número de pessoas com
esse poder espiritual e presença geográfica da igreja de Deus (cf. At. 2:47; 6:1; .
Crescimento e expansão são elementos indispensáveis para a lógica que Deus deseja. O Crescimento tanto interno
quanto externo esperado por Deus, sempre foi muito maior do que aquilo que o ser humano conseguiu entender e praticar.
Nas palavras de Albert Barlett: "o maior defeito da raça
humana é nossa inabilidade de compreender a função exponencial."
Dwight Nelson1 usa uma ilustração interessante para expressar o crescimento exponencial. Vou adaptá-la à
realidade brasileira. Imagine um estádio de futebol que não deixe vazar água de seu interior. Imagine também que eu tivesse uma água mágica com a propriedade de dobrar o seu
volume a cada minuto. Continue imaginando eu soltando uma gota desta água mágica no centro deste estádio. Em um
minuto seriam duas gotas, em mais um minuto seriam quatro e em três minutos já seriam oito gotas e assim por diante 16,
32, 64, 128... Quanto tempo seria necessário para encher um estádio
como o Maracanã2 com 1.545.767m3 de volume interno? Em
41 minutos teríamos um nível de 2,26 metros de água sobre o campo. 93% do estádio todo ainda estaria vazio.
A igreja é o instrumento
apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para
servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo. AA, 9.
Quanto tempo será ainda necessário para encher o restante do estádio? Com mais quase quatro minutos o estádio
todo estaria cheio. Em quase quatro minutos, os faltantes 93% se encheriam! Impressionante, não é?
Aqui está o poder do raciocínio exponencial, quanto maior a quantidade existente, mais rápido será o seu
crescimento! Veja um gráfico desta realidade:
Figura 2
Assim funciona boa parte da natureza, como por
exemplo: a multiplicação de células depois da fecundação de um óvulo, a reprodução em cada espécie, se não houvesse morte, o crescimento da população ocorreria de maneira
exponencial, o espalhamento de uma doença numa determinada área, se não for controlada, etc.
A destruição da natureza que estamos promovendo por nossa falta de consciência ecológica também ocorre de
maneira exponencial... Os resultados já estão sendo colhidos... Este é o crescimento que Deus gostaria que tivéssemos:
crescimento exponencial! Um seguidor de Cristo tornando-se poderoso nEle e ganhando outro; estes dois crescendo no
poder do Espírito e ganhando outros dois, os quatro resultantes ganhando mais quatro...
ANO N° membros ANO N° membros ANO N° membros
1 1 11 1.024 21 1.048.576
2 2 12 2.048 22 2.097.152
3 4 13 4.096 23 4.194.304
4 8 14 8.192 24 8.388.608
5 16 15 16.384 25 16.777.216
6 32 16 32.768 26 33.554.432
7 64 17 65.536 27 67.108.864
8 128 18 131.072 28 134.217.728
9 256 19 262.144 29 268.435.456
10 512 20 524.288 30 536.870.912
Tabela 2
Aqui vai um desabafo de um coração desejoso de ir ao
lar eterno e vai direcionado a cada membro da igreja de Deus, inclusive é um alerta a mim mesmo enquanto escrevo estas
linhas: Não poderíamos crescer como Jesus o planejou? Somos um movimento profético,
não somos? Não é esta característica principal do Adventismo? Nossa existência como igreja foi profetizada. Não surgimos
por outro motivo a não ser pela vontade de Deus para esta época.
Fomos escolhidos para uma época especial para pregar uma mensagem especial. Não que sejamos melhores do outros cristãos, mas temos um trabalho
especial a fazer. Se não fizermos este trabalho, não estamos sendo fiel ao chamado que Deus nos fez!
Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas
todo o que for bem instruído será como o seu
mestre. Lc. 6:40
Entendemos ainda que há pressa para a pregação do evangelho? Entendemos que estamos no tempo do fim? Nosso
Mestre, chamado de “Aquele que testifica estas coisas” em Apocalipse 22:20, diz: “certamente cedo venho!” e a resposta
de João foi “amém, vem Senhor Jesus!” O próprio Diabo sabe que tem pouco tempo: “o Diabo... sabe que pouco tempo lhe
resta.” (cf. Ap. 12:12). Fomos chamados como movimento Adventista para
restaurar as verdades da revelação e ao mesmo tempo
restaurar o senso de urgência perdido ao longo do cristianismo. Precisamos
entender o plano de Deus, a maneira como Ele quer crescimento e os meios que Ele
providenciou para que este crescimento ocorresse.
Precisamos nos organizar, no formato que for necessário para
cumprir com este plano de Deus.
Igreja Primitiva
Dizem os historiadores que antes do final do primeiro século de nossa era, já existiam ao redor de 1.000.000 de
cristãos.3 Isto é, em 69 anos a igreja chegou a este número fantástico. Por que? Pois os recém conversos eram chamados
a conhecer a esse Jesus e ser diferentes do mundo. O poder que vinha de uma vida entregue, capitulada aos pés de Cristo, gerava esse crescimento exponencial.
Dentro do plano de crescimento geométrico ou exponencial proposto e iniciado por Jesus, a igreja primitiva
estava dobrando o número de membros em média a cada 3 a 5 anos, sem levar em consideração o enorme número de mortes pelas perseguições no primeiro século e pela baixa
expectativa de vida de então.
Quando Cristo disse aos discípulos: Ide em Meu nome
ajuntar na igreja a todos quantos crerem, deixou claro perante eles a necessidade
de manterem simplicidade. Quanto menor a ostentação e exibicionismo, maior seria
sua influência para o bem. AA, 28.
No quadro abaixo apenas uma imaginação matemática de um possível crescimento a partir de 12 discípulos depois da
cruz (ano 31 AD) até o final do primeiro século seguindo o raciocínio de crescimento exponencial para 3,5 anos.
ANO N° membros ANO N° membros ANO N° membros
31 12 59 1.536 88 196.608
35 24 64 3.072 92 393.216
39 48 68 6.144 96 786.432
43 96 72 12.288 100 1.572.864
47 192 76 24.576
51 384 80 49.152
55 768 84 98.304
Tabela 3
É claro que eles viviam o que o Mestre lhes ensinara e
assim tornaram-se muito eficazes na proclamação das boas novas. Só no Pentecostes a igreja pulou de 12 para 3012 discípulos. Depois houve outras muitas conversões pelo
trabalho da igreja de Jerusalém. Se a igreja de Jerusalém tivesse estabelecido diversos
ministérios, e tivesse saído do conforto da realidade que conheciam, a igreja teria crescido muito mais ainda.
Quando Paulo iniciou o seu ministério independente da igreja de Jerusalém, num chamado feito direto de Deus a ele, a mesma igreja crescia entre os gentios enquanto a igreja em
Jerusalém crescia entre os judeus. Paulo pregava o evangelho e preparava os novos conversos para que amadurecessem na
fé e continuassem a proclamação no lugar onde estavam. O cerco de Jerusalém e a sua dissolução pouco antes
do ano 70 levou os cristãos definitivamente a se inserirem no trabalho para o mundo e o Evangelho passou a ser proclamado mais intensivamente ainda.
Estamos brincando com números aqui, apenas para firmar o raciocínio de crescimento exponencial. É claro que o
crescimento não ocorreu como nos quadros aqui apresentados.
Vem uma pergunta a nós: Como nós crescemos como movimento adventista no passado? Podemos repetir ou
restaurar tal crescimento?
Igreja Adventista Pioneira: O movimento Millerita, do qual a igreja adventista acabou
se desenvolvendo, tinha ao redor de 100.000 seguidores nos 13-
14 anos antes do grande desapontamento.4 Este movimento extrapolou em muito o crescimento exponencial. Eles dobravam
em média o número de adeptos a cada 7 a 8 meses!!! Se o movimento Millerita tivesse seguido o padrão de
crescimento exponencial que estamos estudando aqui, eles
teriam atingido o número de 100.000 apenas 4 anos mais tarde. Eles tiveram crescimento mais do que exponencial, eles
precisaram de menos do que um ano para dobrar o número de membros.
Abaixo, outro exercício sugestivo para entendermos o raciocínio exponencial.5 Neste quadro representamos como poderia ser o desenvolvimento, se tivesse havido crescimento
exponencial.
ANO N° membros ANO N° membros ANO N° membros
1831 1 1836 32 1841 1.024
1832 2 1837 64 1842 2.048
1833 4 1838 128 1843 4.096
1834 8 1839 256 1844 8.192
1835 16 1840 512
Tabela 4
Imagine cada discípulo de Cristo comprometido,
treinado e realizado em satisfazer o sonho de Deus: fazer discípulos. Qual seria o resultado? Crescimento exponencial!
Especialistas em crescimento de igreja, depois de
estudar centenas de igrejas, em circunstâncias das mais
variadas apresentam a seguinte avaliação do crescimento de uma igreja no quadro abaixo.
Taxas de Crescimento Decenal – TCD
TCD Avaliação e observação
25% - Pobre. Crescimento líquido anual ao redor de 2,5%, o que é quase
um decreto de morte para a igreja. Para algumas igrejas pode ser apenas uma questão de tempo para a morte.
50% - Regular. Crescimento que apenas mantém a igreja no nível da sobrevivência – 5% ao ano. Neste nível a igreja ainda pode ser
recuperada e pode voltar a crescer saudável.
100% - Bom. Crescimento bom da igreja. Ela dobra o número efetivo de
seus membros a cada 10 anos com uma TCA de 8 a 12% ao ano.
200%
- Muito bom. Aqui entramos num patamar de crescimento
surpreendente. Geralmente ocorre em igrejas menores e recém fundadas. A igreja tem que se preparar para o grande número de novos conversos, para que sejam alimentados, treinados e assim se
unam à pregação do evangelho.
300%
- Excelente. Dobrar o número de membros a cada 3 a 3,5 anos é um feito almejável. Estruturas de integração precisam ser criadas para que não haja abandono da fé. Todos os membros, principalmente os
mais maduros, precisam se envolver em ministérios que apoiem e instruam os novos conversos, auxiliem no ministério evangelístico e pastoral.
500%
- Fora do comum. Aqui seria dobrar o número de membros em 2 anos. Ocorre muito em plantios de novas igrejas quando feito de
maneira correta. Também precisa de estruturas eficazes para o funcionamento da igreja voltado para um crescimento
Crescimento entre muito
bom e excelente, e é claro, se possível fora do comum é o que estou propondo aqui. Pelo menos
um crescimento que expresse um cristianismo vigoroso, saudável e
urgente. Também estou propondo que se não estamos
experimentando um cristianismo vigoroso, traduzido em crescimento saudável tanto espiritual como numérico,
Deus requer que todos
sejam obreiros em Sua
vinha. Vós deveis
lançar-vos à obra de que fostes incumbidos,
e fazê-la fielmente. Bi-
ble Echo, 10/06/1901.
precisamos ajustar a nossa maneira de ser igreja de volta à
forma mais adventista possível e abandonar qualquer elemento que
roube este vigor. A principal característica da
conversão de uma pessoa não é apreciar a salvação de tal maneira que fique desejosa de repartir o que ganhou com outra pessoa? Imagine se isto
acontecesse de fato: pessoas sendo ganhas para o reino de Deus, depois do batismo sendo conduzidas para a maturidade
espiritual e serviço vigoroso e finalmente cada pessoa ganha se dedicasse a ganhar outras... Isto traria o desejado crescimento exponencial e cumpriríamos o desejo do coração
de Deus. Mas que crescimento estamos de fato experimentando? É o crescimento
espiritual e numérico que precisaríamos para terminarmos a
pregação do evangelho em nossa geração? É o crescimento de uma árvore frondosa cheia de frutos?
Se cada um de vós fosse um missionário vivo, a mensagem para este
tempo seria rapidamente proclamada em todos os
países, a cada povo, e nação, e língua. 3 TS, 71.
Você sabe quanto a
sua igreja cresce de fato? Faça os cálculos
e descubra quão eficaz
está a sua igreja no
crescimento.
Capítulo 2 Bonsai ou Árvore Frondosa?
Independentemente do tamanho da igreja e dos métodos que ela use, inúmeras oportunidades para o seu crescimento estão diante dela sem serem notadas.
Especialistas, consultores de crescimento de igreja dizem em uma voz, que nunca viram uma igreja na qual as
oportunidades para crescimento (tanto espiritual como numérico) não tenham sido maiores do que a vontade da igreja em vivê-las.6
Uma igreja é como um gramado recém-plantado. Se alguém fica em pé sobre as sementes, os brotos de grama não
têm chance. Dê-lhes água, luz e nutrientes e eles crescerão naturalmente. Dê-lhes o ambiente que precisam e se
desenvolverão abundantemente. Deus quer agir em Sua igreja de tal maneira que nem
as portas do inferno conseguirão prevalecer contra ela (cf. Mt.
16:18)! Para isto crescimento é necessário (espiritual e numérico). Não há cristão comprometido que não entenda que
a expansão do reino de Deus aqui na terra por meio de Sua igreja é imprescindível.
Mas algumas perguntas surgem neste cenário: “Será que estamos tão acostumados a trabalhar com bonsais que perdemos de vista um crescimento contínuo e sem podas?”7
Será que sempre que crescemos, temos que esbarrar nos limites que a institucionalização nos impõe? Será que nós,
líderes de igrejas, estamos sendo como uma dinastia de jardineiros orientais que se especializaram em podar, tosar e
cortar raízes e ramos de nossas igrejas de tal maneira que as árvores a nós confiadas cresçam apenas até onde podemos entender o crescimento? Será que na ânsia de fazer crescer a
igreja como instituição, ela está se tornando um instrumento de poda, que exclua o indivíduo, seu chamado pessoal, sua
paixão, seu sacrifício do processo? Será que o valor e a
necessidade de envolver o indivíduo tornou-se apenas um pensamento desejável? Será que crescimento organizacional
pode tornar-se tão importante que as pessoas que podem produzi-lo podem ficar no meio do caminho?
Provavelmente o problema da igreja local não é aquele irmão que se opõe ao crescimento, nem de uma disputa de
opiniões ou ainda de diferenças entre irmãos na compreensão da teologia, mas a carência de uma visão adquirida pela igreja e um plano passível de ser
executado. Se este crescimento não está acontecendo nem o foco no
desenvolvimento do indivíduo, precisamos de uma visão e um plano para alcançá-la que supere os
obstáculos do ministério. Deus nos livre de na igreja
local nós mesmos, com as nossas tradições e medos estejamos sendo o principal obstáculo para que o crescimento
da igreja venha vigoroso. Permita Deus que a igreja possa ser igreja por causa do envolvimento e treinamento de membros leigos. Abençoe Deus que sejamos igreja, por ser ali que eu
descubro quem é Deus, quem sou eu e como posso usar aquilo que sou para a exaltação de Deus.
Deus nos guarde de nos acostumarmos com bonsais de tal maneira que nem queiramos mais ver uma árvore grande e
frondosa em toda sua pujança. O processo de discipulado ordenado por Jesus, praticado e exemplificado em Seu ministério nos dá o modelo como podemos deixar os bonsais e
avançarmos para o crescimento e expansão que o Seu coração deseja há muito.
A Realidade da Igreja Hoje
Num documento contundente apresentado em outubro
de 2010, a liderança da Igreja Adventista mundial reunida declarou:
Se os cristãos agissem
de comum acordo, avançando como um só homem, sob a direção
de um único Poder, para a realização de um só objetivo, eles abalariam
o mundo. 9 Test, 221.
“A taxa de crescimento da Igreja simplesmente não está
acompanhando o crescimento da população mundial. Uma avaliação honesta de nosso impacto evangelístico atual no mundo leva à conclusão de que, a não ser que haja uma
mudança dramática, não concluiremos a comissão celestial nesta geração. A despeito de nossos melhores esforços, todos
os nossos planos, estratégias e recursos são incapazes de concluir a missão dada por Deus para Sua glória na Terra.”8
Uma confissão honesta foi feita pelos líderes, que pela fragilidade humana nem sempre o foco esteve concentrado nessa dimensão de crescimento espiritual e numérico desejado
por Deus. Como Alberto Timm explica, esses conceitos são
“amplos, multifacetados e com muitos desdobramentos.”9
Como apelo final o documento exalta 4 elementos:
1. Reavivamento 2. Reforma 3. Evangelismo
4. Discipulado
Abaixo daremos uma conceituação básica por parte da revelação, o que não exclui estudo mais avançado:
Reavivamento:
“Arrependei-vos, arrependei-vos, era a mensagem
proclamada por João Batista no deserto. A mensagem de Cristo para o povo era: "Se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis." Lucas 13:5. E aos apóstolos foi
ordenado pregar em toda parte que os homens deveriam arrepender-se. O Senhor quer que Seus servos hoje em dia
preguem a antiga doutrina evangélica: tristeza pelo pecado, arrependimento e confissão. ... Deve-se trabalhar em prol do pecador, perseverante, fervorosa e sabiamente, até que veja
que é um transgressor da lei de Deus, e manifeste arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo.” Manuscrito 111.
Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades.
Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos carecidos de preparo para
recebê-la. Nosso Pai celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém,
mediante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua
promessa para conceder-nos Sua bênção. Só podemos esperar um reavivamento em resposta à oração. 1 ME, 121.
Digo-vos que deve haver entre nós um reavivamento completo. Tem de haver um ministério convertido. Precisa haver confissões, arrependimento e conversões. Muitos que
estão pregando a Palavra necessitam da graça transformadora de Cristo no coração. Não devem permitir que coisa alguma os impeça de fazerem uma obra cabal e
esmerada antes que seja para sempre demasiado tarde. Carta 51, 1886.
Satanás sabe disto, e antes que o alto clamor da terceira
mensagem angélica seja ouvido, ele suscitará um despertamento nessas corporações religiosas, a fim de que os
que rejeitaram a verdade pensem que Deus está com eles. PE, 261.
Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos
apostólicos. O inimigo das almas deseja estorvar esta obra; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação. Nas igrejas que
puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. GC,
464-465.
Reforma: Precisa haver um reavivamento e uma reforma, sob a ministração do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são
duas coisas diversas. Reavivamento significa renovamento da vida espiritual, um avivamento das faculdades da mente e do
coração, uma ressurreição da morte espiritual. Reforma significa uma reorganização, uma mudança nas ideias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não trará o bom fruto da
justiça a menos que seja ligada com o reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem efetuar a obra que lhes é designada, e no realizá-la, precisam fundir-se. 1 ME,
128.
Agora e daqui por diante até ao fim do tempo, deve o povo
de Deus ser mais fervoroso, mais desperto, não confiando em sua própria sabedoria, mas na sabedoria de seu Líder. Devem pôr de parte dias de jejum e oração. Pode não ser requerida a
completa abstinência de alimento, mas devem comer moderadamente, do alimento mais simples. CSRA, 188-189.
Acautelar-se Contra Questões Secundárias Deus não esqueceu o Seu povo, escolhendo um homem isolado aqui e outro ali, como os únicos dignos de que lhes
confie a verdade. Não dá a um homem luz contrária à estabelecida fé do corpo de crentes. Em toda reforma, surgiram homens pretendendo isso. ... Ninguém confie em si
mesmo, como se Deus lhe houvesse conferido luz especial acima de seus irmãos. 2 TS, 103-104.
O Senhor pede o renovamento do positivo testemunho
apresentado em anos passados. Ele pede uma reforma da vida espiritual. As energias espirituais do Seu povo têm por muito tempo estado entorpecidas, mas há de haver um
ressurgimento da morte aparente. Pela oração e confissão do pecado, precisamos preparar o caminho do Rei. 3 TS, 274-
275.
O Sonho de Deus
Um reavivamento seguido de reforma tal que o poder da igreja primitiva seja restabelecido, esse é o mais alto sonho
de Deus para os cristãos em nosso tempo e para a finalização da pregação do Evangelho Eterno em nossa geração.
Todavia isso apenas pode acontecer por meio do
evangelismo e do discipulado. Por quê? Pois no
desenvolvimento espiritual de uma pessoa, há certo patamar
que pode ser alcançado com a prática de um cristianismo mais meditativo (assistir aos cultos,
ler a Bíblia e orar). Quando, no entanto, o crente quer ter uma
experiência mais profunda com Deus, ele precisa descobrir seu(s) dom(ns), se lançar no desconhecido, se dispor a servir e correr os riscos de levar
uma pessoa para Cristo pela senda do evangelismo e discipulado. Ele precisa sair de sua área de conforto e partir
para o desconhecido. A área de conforto pertence a nós. Quando nos
detemos ali, nós estamos no controle. Ali nós mandamos e definimos o que, quando e como queremos a nossa vida. Quando saímos da área de conforto e avançamos para a área
do desconhecido, Ele passa a ter o direito de mandar, definir o que, quando e como Ele quer que vivamos a ajamos. Essa é a
maneira mais efetiva de passarmos o controle e guia de nossa vida para as mãos de Deus.
O crente entra na área do desconhecido quando ele sai para o campo missionário, para qualquer uma das quatro dimensões da missão que o Espírito o chamar (cf. At. 1:8).
Pode ser chamado para: A dimensão Jerusalém – área perto de onde você vive;
A dimensão Judéia – sua região mais ampla;
A dimensão Samaria – o continente onde você vive; A dimensão Confins da Terra – campo missionário
mundial.
O tempo é curto. Em toda parte
há necessidade de obreiros para Cristo. Deveria haver cem trabalhadores diligentes e fiéis
nos campos missionários nacionais e estrangeiros onde agora há só um. Os caminhos e
atalhos ainda não foram trabalhados. Urgentes incentivos devem ser apresentados aos que
deviam estar agora empenhados em trabalho missionário para o Mestre. FEC, 488.
É quando nos dispomos a ampliar a experiência com Deus,
servindo conforme o nosso dom e o chamado que o Espírito nos fizer
(cf. Is. 6:8) é que em oração e fortalecimento na Palavra crescemos
para patamares nunca sonhados pelo cristão passivo. A promessa de Jesus começa a se realizar na vida
do discípulo: “eu vim pra que tenham vida e tenham vida em
abundância!” (cf. Jo. 10:10). E isso apenas pode acontecer
se esse cristão que quer uma
experiência mais profunda for conduzido a ela por meio do discipulado. Ele precisa entender
o chamado de Deus, precisa treinamento prévio para o trabalho, precisa de estrutura espiritual para enfrentar as
lutas, oposições e sofrimentos ligados a uma vida mais eficaz para Deus. É claro que ele pode aprender isso sozinho, mas o plano de Deus é que um cristão mais experiente ensine,
compartilhe, seja ponto de referência para os momentos difíceis.
Queremos deixar claro que não estamos propondo que a ação deve tomar o lugar da meditação. Pelo contrário, sem o
primeiro, o segundo não passa de ativismo vazio.
Resultado que Deus quer nos dar:
Será que Deus quer nos dar os magros resultados espirituais e numérico que temos conseguido com todo esforço
humano e institucional? E quando falo isso, estou me referindo à igreja aqui no Brasil onde temos experimentado crescimento significativo, não às áreas estagnadas da igreja ao redor do
mundo. Quando falo isso estou comparando com o avanço exponencial que Deus planejou e espera de Sua igreja.
"Manhã após manhã, ao
se ajoelharem os arautos do evangelho perante o Senhor, renovando-Lhe
seus votos de consagração, Ele lhes concederá a presença de
Seu Espírito, com Seu poder vivificante e santificador. Ao saírem
para seus deveres diários, têm eles a certeza de que a invisível atuação do
Espírito Santo os habilita a serem cooperadores de
Deus. AA, 56.
Creio honestamente que Deus quer dar para cada crente e em consequência para a igreja as mais profundas
experiências que nos encham do poder do Espírito. O que poderia resultar dali? Qual seria o resultado se cada crente
desse foco principal ao relacionamento íntimo com Deus e colocasse a Deus em primeiro lugar em sua vida, como diz o
mandamento (cf. Ex. 20:3)? O que seria se cada crente vivesse no dia a dia a coragem de negar-se a si mesmo, de tomar a Sua cruz e servir como e quando o Espírito o guiasse
a fazê-lo? Que resultados surgiriam como dádiva de Deus? Uma
explosão de poder espiritual na igreja? Dobrar o número de discípulos a cada 3 anos? Será que estou falando de utopia? Só porque não vimos isso acontecer recentemente? E se
ousássemos crer? E se a obra de Deus se tornasse de novo a prioridade principal da vida de
cada membro – como deveria ser entre os adventistas... E se
experimentássemos andar pela fé e ousássemos fazermos o que Jesus nos pediu?
Apenas pelo fato de não termos visto este fenômeno
recentemente, não quer dizer que ele seja impossível de ocorrer.
Basicamente depende apenas de nós, não é? É difícil? OK. Vamos dar dois anos para que cada
membro amadurecesse na fé e ganhasse outra pessoa para
Cristo, levando-a ao amadurecimento na fé. Ou mais, como alguns querem 3,5 anos, o mesmo tempo que Jesus levou
para recrutar, treinar e enviar os Seus discípulos. Neste ritmo de 3,5 anos para cada discípulo fazer outro discípulo, alcançaríamos a população mundial muito antes do que o
calculado acima! Na verdade estaríamos nos colocando a disposição do Espírito Santo para a Chuva Serôdia. piihj
Será que Deus está retendo
alguma coisa que é direito nosso? O amor que Deus derrama em nosso coração
não é suficiente? Deus está retendo poder? Nossa geração não é a correta?
Temos que esperar mais para a descida do Espírito Santo?
O que estamos fazendo? Já estamos na 5ª ou 6ª geração de Adventistas e ainda não fomos para o lar
prometido... Será que a promessa e profecia de Jesus erraram quando Ele disse: “E este evangelho do reino será pregado no
mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”? Mt. 24:14.
É claro que a volta de Jesus não depende exclusivamente de nós, senão a eternidade nunca iniciaria... É um trabalho conjunto da humanidade com a divindade, são
esforços em que cada um faz a sua parte. Mas Deus também não fará sozinho. Ele decidiu envolver o ser humano. Quando
nos dispusermos a fazer tudo que está ao nosso alcance, Deus fará tudo o que está fora de nosso alcance!
É claro que Deus é soberano e Ele age onde e como
quiser em Sua infinita sabedoria. Podemos ver aqui e ali a Sua ação sem usar o ser humano, quando guia indivíduos ou
grupos inteiros para a salvação por Sua direta intervenção. Mas isto é exceção! Deus escolheu nos envolver nesta obra,
pois sabia como faria bem ao nosso próprio crescimento como discípulos de Cristo, ajudar na salvação de outras pessoas.
Distraídos? Por nossa vez, temos nos distraído com muitas coisas,
algumas coisas muito santas e outras até mundanas. O diabo tem feito o seu trabalho nos mantendo ocupados com muita
coisa, e com muita coisa boa. Onde está aquele foco que o povo de Deus deveria ter
no tempo do fim, às portas do início da eternidade? Onde está
aquela visão clara do breve resgate do povo de Deus das garras inimigas...?
As profecias bíblicas têm sido claras: o fim se aproxima (cf. Dn. 2, 7, 8 e 9; Ap. 2 e 3; Ap. 6 e 8:1; Ap. 12:12; Ap. 14:6-12; 22:20; etc.). Jesus vai voltar e nos levar para o lar
eterno com Ele, e isto ocorrerá muito em breve!
Você ainda crê que uma igreja poderosa e servidora e a consequente breve volta de Jesus é o maior desejo do coração
de Deus? Você ainda crê que Jesus quer nos levar para casa e terminar logo com este conflito?
Se você crê nisto com todas as fibras de seu ser, isto traz implicações para a sua vida! Implicações práticas que não
podemos desconsiderar. No passado já tivemos que fazer mudanças drásticas
em nossa vida de igreja, mudanças estas que envolveram
confrontos e lutas que se estendem até hoje.
Capítulo 3 Nossa Maior Necessidade: Reavivamento e Reforma
Em 1888 em Minneápolis estávamos precisando de uma
reforma teológica na igreja, para que o reavivamento e reforma na vida de cada crente pudesse ocorrer. A nossa compreensão de Deus
e a abordagem da pregação eram
inadequados para os elevados planos que Deus tinha para este
movimento. Havia problemas e Deus não
abandonaria o movimento de Seu
coração.10 Ele providenciou a compreensão necessária, desatando assim as cadeias que naquele então nos seguravam em padrões de
crescimento muito aquém daquilo que Deus desejava. Veja os gráficos que
mostram o desatar dos nós em 1888.
Veja como a igreja reagiu em seu ânimo para
multiplicar igrejas. Ciente do
pouco tempo que resta, não há dúvida que Deus
precisava intervir ali
Figura 2
Figura 3
onde era necessário naquele momento da história do conflito entre o bem e o mal.
Será que há para o nosso tempo, algo que nos torne mais eficazes? Será
que não estamos precisando de uma
nova intervenção de Deus na igreja como a de 1888? Ou será
que estamos fadados a ir diminuindo de
relevância no mundo completamente
desajudados? Será
que precisamos de outra reforma teológica?
Não creio que uma reforma teológica seria necessária e nem relevante neste momento da história. Creio que nossa
teologia está adequada e representa bem a verdade presente, sendo, é claro, bem-vinda toda nova luz ou compreensão dela que ainda nos falte.
Ajustes de nossa compreensão teológica para o nosso tempo, como já o temos feito regularmente através das
publicações oficiais da igreja, trazem pequenos picos de ânimo localizado, mas não uma reforma
vasta e profunda que redunde em um crescimento vigoroso.
Sim precisamos ler e estudar
o que já temos, pois ainda hoje o povo de Deus perece por falta de
conhecimento (cf. Os. 4:6). Mais do que em qualquer
época precisamos de uma reforma
missiológica! Precisamos parar de negligenciar as verdades que já temos. Precisamos trabalhar
Sobre o povo de Deus tem brilhado luz acumulada, mas muitos
têm negligenciado seguir a luz por essa razão se
acham num estado de grande debilidade espiritual.... Não é por
falta de conhecimento que o povo de Deus está perecendo agora. SC, 39.
Figura 4
melhor, não necessariamente mais; trabalhar de maneira mais instruída, mais
ousada e corajosa, mais coordenada e
menos negligente. Precisamos de
iniciativas mais espontâneas, onde permitimos a direção
do Espírito Santo na vida de cada crente.
Precisamos de mais espaço para que
obreiros e membros leigos possam usar a sua criatividade
santificada. Precisamos valorizar as iniciativas onde o Espírito as façam surgir. Precisamos sim recrutar e capacitar aqueles
que se sentem chamados pelo Espírito. O controle sobre cada
iniciativa tem nos dado segurança e percepção daquilo que está acontecendo em cada
área da obra, mas tem matado iniciativas e a criatividade
espontânea do indivíduo.11 Temos uma profunda
necessidade de liderança visionária que estabeleça visões claras e saiba como liderar o
povo para experiências de sucesso. Precisamos trabalhar
com liberdade mais ampla na utilização de métodos, conforme se mostram
necessários em cada situação
Um reavivamento da verdadeira
piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo,
deve ser a nossa primeira ocupação. Importa haver diligente esforço para obter a
bênção do Senhor , não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos
encontramos carecidos de preparo para recebê-la... Compete-nos, porém, mediante
confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa
oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-nos
Sua bênção. 1 ME, 121.
Figura 5
específica. Precisamos trabalhar mais como igreja instruída e unida: leigos e pastores.
De nada adianta enfatizarmos mais a verdade, desenvolver sistemas que a expressem em maiores minúcias,
se não estivermos dispostos a viver e proclamar o que já temos. Isto não é Adventista do Sétimo Dia (ASD)!
A igreja medieval se perdeu nos excessos da teologização. Estruturas teóricas foram desenvolvidas como um fim em si mesmo. Estes excessos e ênfases
desmedidamente fora do foco da Grande Comissão levaram a desvios na conduta da igreja, que absorta em debates
teológicos na idade média, deixou de evangelizar os povos que estavam prontos: o oriente médio, o norte da África e o restante do continente negro. Ficaram ali onde já havia
cristãos, preferiram o conforto do conhecido do que o desafio da obediência.
Ao darem ênfase exagerada em uma área, negligenciaram a outra e deixaram um vazio que foi
preenchido com o islamismo... Para resolver as consequências da negligência anterior, a igreja medieval decidiu atacar o islamismo com armas, causando feridas e valas quase que
intransponíveis até hoje. Sempre que negligenciamos a clara ordem de Deus
trazemos consequências que ficam cada vez mais complexas de serem solucionadas.
Não estou aqui propondo o extremo contrário. Não estou propondo suprimir a verdade para ressaltar a proclamação. Este erro nos levaria a sucatear nossa igreja e a
convidar toda espécie de desvio teológico e dissidências. Não há sabedoria em destruir uma coisa ao exaltar a
outra, a não ser que seja necessário como em 1888. A falta de conhecimento da obra libertadora mais ampla de Jesus nos impedia a avançar naquele tempo. O legalismo nos amarrava e
limitava a nossa relevância no mundo e eficácia no trabalho de
expandir o reino de Deus. Precisávamos de uma guinada na compreensão e exercício de nossa identidade.
Hoje precisamos mais da verdade bíblica, sólida, e vigorosa do
que em qualquer tempo antes. Não podemos diluir, nem adocicar a
mensagem que nos foi confiada, sob pena de sermos encontrados infiéis diante de Deus.
O legado que nos foi deixado, precisa ser conhecido e apresentado
ao mundo. Não precisamos da teologia da prosperidade, não precisamos de abordagens políticas, festivas, mais fanáticas,
mais emocionais ou mais humanistas. Precisamos da clara mensagem bíblica, mensagem profética, mensagem salvífica
de um Salvador que pagou o preço para que estejamos livres e que vai em breve nos buscar.
Creio, no entanto, que está na época de darmos a ênfase correta, de desafiarmos aqueles que se chamam de adventistas para que assumam aquilo que é característico de
um adventista. Veja no quadro abaixo a proposta Adventista (ASD)
equilibrada. Adventista não é apenas aquele que tem a verdade,
mas aquele que a proclama. Concordar com a verdade ainda está longe de viver a verdade. Mero assentimento mental à verdade está muito longe do ideal de Deus para o povo do
tempo do fim. De qualquer maneira “ter” a verdade é algo tão relativo...
Mesmo que alguém pudesse manter todos os elementos da verdade em sua mente, ela ainda não seria verdade se não fosse vivida. Mas mesmo que a verdade fosse vivida, ela ainda
não seria verdade enquanto não fosse proclamada e encontrasse outros corações.
A verdadeira educação é um preparo missionário.
Todo filho e filha de Deus é chamado a ser missionário; somos
chamados ao serviço de Deus e de nossos semelhantes; e habilitar-
nos para essa obra deve ser o objetivo de nossa educação. CBV, 395.
Figura 6
Exaltação do conhecimento da verdade em detrimento
de sua proclamação. Não é adventismo por mais verdade que seja o
conteúdo.
Figura 7 Exaltação da proclama-
ção em detrimento da busca do conhecimento da verdade. Não é adventismo, pois
proclamar sem conheci-mento não é a nossa missão.
Figura 8
Equilíbrio sadio entre a busca do conhecimento da verdade e a sua proclamação.
Este é o Adventismo desejado por Deus no tempo do fim. Para isto
fomos chamados.
As duas primeiras figuras acima mostram o potencial desequilíbrio entre “ter” a verdade e proclamá-la e vice e
versa. Neste momento que vivemos na história da igreja a figura dois acima descreve melhor a realidade da igreja do que a primeira figura.12
A Mensagem
Adventista do Sétimo Dia é aquele, que como descrito em Apocalipse 14:6-12 tem o Evangelho Eterno e o proclama
em todos os detalhes e desafios que lhe são exigidos por Deus neste texto.
1. O Evangelho Eterno, precisa ser primeiro entendido em seus fundamentos para depois sair e pregá-lo. Aqui dois
extremos podem amarrar o discípulo de Cristo e torná-lo impossibilitado para a pregação do evangelho. a) Há pessoas
perfeccionistas que querem primeiro estar completamente prontas e ter uma compreensão completa de todos os detalhes da Bíblia, para
apenas então iniciar a pregar. Há pessoas
esperando a vida inteira e não se acham preparadas. b) Pessoas que saem
pregar o evangelho sem preparo algum. São uma
lástima as meias verdades e as inverdades que pregam
servindo em alguns casos de desvio para pessoas em busca sincera da verdade.
Há um processo de aprendizado insubstituível
que ocorre com aquele que vai ensinar o evangelho eterno para alguém. Ao ensinar o professor aprende.
2. O Evangelho Eterno, em toda a sua extensão, proclamado com sensibilidade e ao mesmo tempo vigor para as pessoas de nossa época de uma maneira que consigam
recebê-la: a) Um convite a adorar a Deus numa época bem específica em que Deus está em pleno julgamento final e fazê-
lo como é solicitado; b) Um aviso com duplo sentido: não há mais confusão, a verdade desmascarou e destronou a confusão – não precisamos mais necessariamente estar
confusos pois há verdade abundante para todos e subentendido está que não devemos mais estar em confusão,
Ano após ano foi feito o mesmo reconhecimento, mas os princípios que exaltam um povo não foram
inseridos na obra. Deus lhes deu clara luz quanto ao que deviam
fazer, e quanto ao que não deviam fazer, mas afastaram-se dessa luz, e constitui uma maravilha para
mim que nos encontremos em tanta prosperidade como é o caso hoje em dia. É em virtude da
grande misericórdia de nosso Deus, não por causa de nossa justiça, e para que o Seu nome
não seja desonrado no mundo. ... ERP, 233
Os que apresentam a verdade não devem entrar em qualquer controvérsia.
Devem pregar o evangelho com tamanha fé e com tanto fervor que o interesse seja
despertado. Pelas palavras que falam, as orações que fazem, a influência que
exercem, devem semear sementes que produzirão fruto para a glória de Deus.
Não deve haver vacilação. A trombeta tem que dar o sonido certo. Ev. 119
devemos aproveitar a oportunidade criada por Deus. c) Uma advertência contundente complementando a segunda
mensagem que descreve todas as conseqüências para aqueles que não o quiserem.
Nós Adventistas não somos especiais por que somos mais salvos, por que somos melhores que os outros cristãos,
somos sim especiais, por que fomos chamados para pregar uma mensagem especial, num tempo especial. Não é de qualquer maneira que levaremos a mensagem de Deus para
este tempo. Palavras transportam ideias
e como as falamos, impressões. Palavras positivas, afirmativas, motivadoras e restauradoras,
faladas carregadas com o amor que vem de Deus, são as que o
povo quer e necessita. Como Paulo disse: “A
minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a
vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” 1 Co 2:4-5
Com este pensamento não deve surgir a idéia predominante de hoje, que devemos dar uma diluição aguada da mensagem bíblica. Não! Não! E não! A mensagem não
deve ser diluída, nem adoçada, nem resumida. Pelo contrário, neste tempo do fim a mensagem precisa ser vigorosa, clara,
persuasiva, envolvente e precisamos dar a mensagem completa.
Uma boa parte das pessoas vai rápido para o “OU”. Há
uma tendência no mundo cristão de pregar OU com vigor OU
com amor. OU se deixa clara a mensagem OU se utiliza a sensibilidade para com as percepções espirituais de outros.
Precisamos entrar na era do “E”. Pregar com vigor E intensidade E amor E sensibilidade E sabedoria E restaurando
E libertando E com emoção E com razão... Precisamos pregar lei E graça, regra sobre regra E amor, doutrina E Jesus,
prática de vida cristã E profecia Esta era do “E” exige mais preparo da mensagem bem
como percepção e empatia para com aquele que receberá a
mensagem, sem jamais esquecer a profunda ligação que o discípulo precisa ter com o Mestre e Deus da mensagem.
A atitude E requer um cristianismo mais vigoroso, um comprometimento maior com a Palavra e uma experiência mais viva com Deus. O discípulo precisa descobrir como Deus
quer usar a sua vida única de maneira única. Nesta maneira de ser discípulo, o estudo para
fortalecimento da vida espiritual é imprescindível, mas não apenas este estudo, mas também de como apresentar a
mensagem. Resumindo esta parte, nós apenas vamos dar aquilo
que temos. Se nosso coração está sintonizado em primeiro
lugar com Deus e com o seu amor e em segundo com os seres humanos que receberão a mensagem, a maneira de
apresentar o mesmo conteúdo será adaptada à necessidade e realidade dos ouvintes.
Para proclamarmos esta mensagem especial, temos que nos soltar das amarras de uma institucionalização excessiva e restaurar a responsabilidade de cada discípulo. Precisamos
voltar para um cristianismo típico de um movimento leigo... Precisamos de um exército de discípulos de Jesus, fazendo o
que Jesus fazia: mais discípulos.
A Ordem de Jesus
Este assunto só pode ser tratado de maneira adequada se ancorada na compreensão de Deus. Não temos outra fonte
melhor de revelação confiável do que a Bíblia. Construiremos o prédio de nossas idéias sobre o alicerce seguro desta
revelação sobre natural. Um trabalho detalhado no embasamento bíblico foi feito
por Rafael Luiz Monteiro em 2004.13 Usaremos basicamente as
compreensões ali trabalhadas. Aqui analisaremos apenas a enunciação da grande comissão como apresentada em Mateus
28:18-20, pensamentos estes imprescindíveis para a compreensão do raciocínio aqui desenvolvido.
A ordem de nosso Senhor Jesus é contundente: “indo,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar
todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (cf. Mt. 28:18-20).
O verbo traduzido por „ide‟ em nossas versões em
português, no original grego é poreutentes e ele está no
particípio, aoristo, passivo depoente, nominativo.14
É a mesma forma que estão os verbos „batizando‟ e
„ensinando‟. O único verbo que está no imperativo, aoristo, ativo é „fazei discípulos‟ – mateteusate.15 Em outras palavras a
única ordem do mandado evangélico de Jesus é “fazei discípulos.”
Na verdade todos os verbos desta ordem nas versões
da Bíblia em português deveriam estar no gerúndio a não ser o “fazei discípulos.” No original grego, apenas um verbo está
Figura 9
no imperativo. Uma tradução mais acurada do texto seria: “indo, ensinando, batizando, fazei discípulos!”
A idéia aqui é ao ir ensinando, batizando, indo pela vida com as pessoas, o cristão é chamado a fazer outros discípulos.
Há uma ordem: um cristão discípulo de Jesus deve fazer outro discípulo para Jesus. Não há verdadeiro discípulo em pleno
conhecimento da verdade que não faça outro discípulo, pois caso assim fosse, não seria obediente à última.
Aqueles que estão mais avançados no conhecimento do
Senhor devem ajudar aqueles que estão mais novos na fé a encontrarem plena realização, sentido de vida em Jesus Cristo
e gosto pelo serviço a Deus e ao próximo. Não há obra que seja mais importante do que esta para a igreja. Nada que a igreja faça deve perder de vista o foco de fazer discípulos.
Jesus não tinha Plano “B”
Como Jesus poderia impactar o mundo em tão pouco tempo? Como poderia implantar este crescimento
exponencial? Ele escolheu uma maneira e colocou todos os seus esforços nesta uma maneira que deveria levar à expansão exponencial de seu reino aqui na terra: Ele escolheu
discípulos. Doze improváveis homens o acompanharam durante três anos e meio, sendo educados, inspirados e
treinados pelo Mestre dos mestres. Que risco Ele correu! E se este bando de incultos homens, infantes na fé não tivessem
feito o trabalho? O plano de salvação estaria fadado a ser esquecido depois da Cruz...
Por que Jesus não investiu em outros métodos paralelos
por segurança? Por que Ele não tinha plano “A” e plano “B”? Por que se arriscou desta maneira?
Na verdade não havia plano “B”. O único plano de multiplicação Jesus deixou bem claro: “indo, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (cf. Mt. 28:18-20). Os
discípulos não deveriam se dispersar em muitos outros métodos e abordagens de expansão do Reino, mas deveriam
se concentrar naquilo que o Mestre escolheu como sendo o melhor e único plano, primeiro em Jerusalém, depois na
Judéia, na Samaria e até os confins da terra. Na verdade o discipulado não é um método apenas, é o
fim de todos os métodos, é a ordem última de Jesus, é o objetivo que todos os métodos e atividades que fazemos dentro e fora da igreja deveriam alcançar.
Cristianismo sem discipulado:
Em algum momento da história o cristianismo se despediu do discipulado, dado como mandamento por Jesus. Em poucas oportunidades ao longo da história um ou outro
movimento no cristianismo, se reconectou com o desejo do Mestre e é impressionante: cada vez que algum movimento
cristão se dedicou a fazer discípulos, sendo assim obediente ao mandado do Mestre, o Reino de Deus foi expandido de
maneira vigorosa. Ao contrário quando estas iniciativas iam sendo institucionalizadas, elas iam perdendo seu vigor novamente, pois iam caindo de volta no trilho medieval.
Um exemplo típico foi o movimento metodista. Ele começou como uma tentativa de reavivar a religião na Igreja
da Inglaterra. Os jovens John e Charles Wesley se organizavam em grupos na universidade de Oxford no século
XVIII. Os grupos eram pequenos o suficiente para que o processo de discipulado ocorresse, e ali oravam, estudavam a Bíblia e tinham que prestar contas de seu desenvolvimento
espiritual. Cada discípulo era convidado, naquela época, como era costume, quase que compelido a encontrar-se consigo
mesmo e com o Mestre. A vida de cada integrante ia se tornando mais eficaz no cumprimento do propósito de Deus. Como resultado final destas descobertas e da experiência de
uma vida abundante (cf. Jo. 10:10) o serviço e a multiplicação era quase inevitável.
Pouco a pouco ao ir enfrentando a oposição, ao lutar para não se perder aquilo que se havia conquistado, estes
grupos iam se institucionalizando. Neste processo de proteger aquilo que foi tão importante enquanto espontâneo e genuíno,
os valores iniciais foram sendo perdidos. Os aspectos de genuinidade e autenticidade sofreram erosão e o processo
todo foi sendo engessado em um formato que apenas aqueles que já participam concordavam em aceitar. Na tentativa de proteger e controlar, para não ser descaracterizado pela
espontaneidade e iniciativa de cada grupo, o processo de discipulado dos Wesleys foi igualmente descaracterizado pela
institucionalização. Igrejas foram sendo formadas e o processo de discipulado tão desejado por Deus e ordenado por Jesus, caiu no mesmo formato romano.
O processo de discipulado que em um momento estava aberto para receber aqueles que buscavam a Deus e fazia
todo esforço para ser relevante para o desenvolvimento destes sedentos, torna-se, num próximo momento um “comum
acordo” entre aqueles que mantêm o processo, e o processo se torna apenas relevante para aqueles que já o receberam em outra época.
Na tentativa de atingir o máximo de pessoas com o processo, agora já em fase de institucionalização, aquilo que
era interativo e espontâneo, procura se organizar para tingir muitas pessoas em salas grandes, em ambientes formais, com
preleções para aglomerações enormes. O foco do processo em calendários e programas toma conta e de novo um movimento cai no trilho do sistema eclesiástico medieval.
Hoje, ao lado da Abadia de Westminster existe a Methodist Hall, que é tão ineficaz para fazer o processo de
crescimento espiritual na vida do individuo como o era a igreja mãe.
A luz que então me foi dada
era que este povo devia estar num nível mais elevado
do que qualquer outro povo sobre a face de toda a Terra, que deviam ser um povo
leal, um povo que representasse devidamente a verdade. O poder
santificador da verdade, revelado em sua vida, devia distingui-los do mundo.
Deviam permanecer em dignidade moral, tendo tão íntima ligação com o Céu,
que o Senhor Deus de Israel pudesse dar-lhes um lugar na Terra. ERP. 233
Como pudemos como cristianismo em algum momento conceber a idéia de uma religião sem discipulado? Como
pudemos deixar isto acontecer? Como não prestamos atenção quando milímetro a milímetro fomos sendo atraídos de volta
para um sistema que não funciona e nem agrada a Deus? Como pudemos nos afastar da clara ordem de Jesus? Como
pudemos instituir uma religião que adora e serve a Deus de uma maneira que não inclui a Sua clara ordem: “fazei discípulos!” Como conseguimos escolher ser fiéis a uma parte
da revelação enquanto deixamos a ordem de Jesus desvanecer aos
poucos? Como permitimos institucionalizar o cristianismo em tal grau que não seja mais
relevante nem para a sociedade e nem para o indivíduo?
Formatos de adoração, métodos de trabalho diversos e
iniciativas de serviço a Deus e ao próximo que não cumprem a ordem dada pelo Mestre não
podem agradar o Seu coração. Religião ritualista, amante da
tradição, que explora a superstição, religião que ressalta
o uso de Deus e de Suas bênçãos como fim em si mesmas, que enfatiza os típicos medos humanos levando as pessoas a uma dependência mórbida da igreja, é sempre religião pagã.
Religião que não consegue fazer a leitura da época em que está e não elabora o evangelho para ser relevante para as
pessoas desta época, se torna religião irrelevante. O afastamento da prática do discipulado que o
cristianismo sofreu em massa iniciou com Constantino,
imperador romano. Ele tirou o cristianismo do esconderijo e da ilegalidade para fazer dele a religião oficial do império
Romano. Construiu templos frondosos, investiu os pastores de poder e riqueza, garantiu-lhes destaque social e influência
secular. Comprou o direito de, como imperador, elaborar uma religião que tinha a sua cara. Entre as diversas barbáries
sincretistas instituídas por Constantino, uma delas foi organizar o cristianismo num formato pagão. Culto,
organização, sacerdócio, estrutura doutrinária, finanças, direito religioso, tudo recebeu um toque do império romano pagão.
Os séculos se passaram e aqueles elementos pagãos
incorporados ao cristianismo foram confirmados e desenvolvidos teologicamente por meio da igreja medieval.
Por amor ao poder e dinheiro a igreja tornou-se um império muito menos comprometido com os ensinamentos e jeito de ser bíblicos do que com a manutenção de uma máquina de
poder secular. Tudo o que fazia e ensinava, a maneira como se estruturava tinha como objetivo principal fortalecer e
desenvolver este poderio secular. O aplauso dos poderes seculares existentes corrompeu a igreja, tirou-a do foco de se
submeter ao poder divino e transformou-a no principal poder de então. A organização se tornou um fim em si mesmo e desviou-se de atender ao mandado de Jesus. Poder e domínio
tornaram se o intuito primordial enquanto o amor e o serviço foram destronados.
Durante um longo período da idade das trevas, o processo libertador “conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará!” foi interrompido (cf. Jo. 8:32). Este processo que atrai as pessoas a Deus por meio da revelação que Ele mesmo faz de Si, tornando o discípulo cada vez mais semelhante ao
seu Mestre, foi substituído pelo ensino de superstições, que ao contrário de produzirem libertação, geravam dependência
mórbida do sistema igreja. Até hoje há revolta nos países europeus pelos excessos
cometidos naquele então, revolta essa que foi chamada de
pós-cristianismo.16 Até hoje, cada pessoa que clama falar de Deus, tem que se desculpar pelos excessos que a igreja
cometeu em nome de Deus. Explicar que Deus e o próprio cristianismo não é aquilo que os homens fizeram dele é a
tarefa mais difícil do evangelista naquela área. Movimentos de reforma e de protesto motivados pelos
excessos praticados pela igreja surgiram com heroísmo e bravura na idade média. Alguns dos líderes destes movimentos
foram mortos e outros perseguidos, alguns por assuntos fundamentais como, por exemplo, Martinho Lutero com a justificação pela fé e o princípio “sola scriptura” outros por
assuntos mais periféricos. Todos eles tinham uma obra a fazer que na verdade nenhum deles conseguiu levar a cabo
completamente: precisavam romper dramática e completamente com o modelo de ser igreja da idade média – uma igreja sem discipulado. Tentativas e experiências foram
feitas para formar uma igreja mais eficaz para a expansão do reino de Deus, mas nunca o discipulado como Jesus ordenou
tornou-se o “modus vivendi” da igreja como um todo. O melhor que uma ou outra igreja conseguiu foi romper
com itens teológico-doutrinários. Algumas igrejas romperam mais, pois queriam se distanciar dos abusos e distorções da idade média, outras romperam menos com os ensinos da
igreja romana. O protestantismo se concentrou basicamente no debate
teológico e na ruptura com as propostas teológicas sincréticas do romanismo. Neste ponto a igreja adventista foi a que mais
se distanciou da estrutura de ensinos romana. Neste ponto é a igreja que mais representa, até hoje, a proposta inicial do protestantismo.
A maioria das igrejas protestantes, hoje chamadas de evangélicas, no entanto, não conseguiu romper com o modelo
medieval de fato, nem na teologia mista de cristianismo e paganismo, nem na prática diária da igreja local. Em maior ou menor grau, todas igrejas estruturaram as suas atividades e
formato de culto como a igreja pré protestante.
As igrejas não conseguiram se organizar, na prática, de tal maneira que ao longo do tempo, mantivessem as
características de um movimento leigo que tem o foco no desenvolvimento do crente até “a medida da estatura de
Cristo” (cf. Ef. 4:10-16). Parece que o “protesto” contra a estrutura medieval nunca se ergueu a tal ponto de as igrejas
voltarem às raízes daquilo que Cristo ordenou: “fazei discípulos!”
Algumas igrejas conseguiram em seus inícios
estabelecer um modelo muito mais próximo daquilo que Jesus exigiu. Mas ao crescer em número de adeptos, ao se
internacionalizar, sempre se uniam à igreja aqueles que queriam a familiaridade de um modelo de igreja já conhecido, mais próximo daquilo que estavam acostumados e caía-se de
volta no trilho e estilo medieval. Estes movimentos expressaram preocupação e cuidado
para que os ensinos bíblicos não fossem contaminados, mas nunca expressaram preocupação com o formato de
funcionamento de uma igreja. Uma fresta foi deixada aberta, e aquilo que mais se queria evitar mais acabou entrando sorrateiramente – a ineficácia e irrelevância da igreja local de
se conectar com a sociedade ao seu redor e ser relevante na proclamação do evangelho, em seu tempo e espaço.
Em suma, não há contradição maior do que cristianismo sem discipulado. Seria a mesma coisa que dizer “cair para
cima” ou que a “água não é molhada”. Estamos no momento, no último momento da história deste mundo e nos é oferecida a última oportunidade para fazermos a diferença neste mundo.
Jesus está esperando para poder voltar e o mundo precisa ouvir a verdade, verdade para o nosso tempo, verdade
proclamada com vigor, genuinidade e espontaneidade. Para que isto ocorra, precisamos de discípulos, não membros de igreja... Discípulos treinados, comprometidos em fazer outros
discípulos para o Mestre Jesus!
A Obediência ao mandado de Jesus e o consequente comprometimento leigo com o mesmo mandado trará para a
igreja a saúde espiritual de cada indivíduo, a saúde espiritual coletiva, bem como o crescimento numérico tão longamente
esperado.
Discipulado O que então é discipulado? É simplesmente o processo
em que um cristão mais maduro e comprometido toma uma
pessoa em alguma fase de seu desenvolvimento espiritual e a conduz para a próxima. Por exemplo, um cristão experiente
acompanha uma pessoa que não conhece Jesus e a conduz através das primeiras descobertas de Deus, pelo lançamento do fundamento de sua fé, pelo batismo, pelos primeiros
exageros e decepções que experimenta, até ajudá-la a descobrir seus dons e como utilizá-los num ministério de
serviço para o avanço e a expansão do reino de Deus. Isto não acontece quando a
igreja cultiva a mentalidade de membro. O desenvolvimento do membro não acontece, e o foco
vai se tornando o bem estar do membro ao invés do avançamento do Reino de Deus.
Veja algumas diferenças entre um membro de igreja e um discípulo de Cristo:
Membro Discípulo
Espera pães e peixes Vai pescar
Sua luta: crescer Sua luta: reproduzir
Espera acontecer Faz acontecer
Espera ser servido Ousa servir
Gosta de afago pastoral Gosta de treinamento pastoral
Entrega parte de seus rendimentos Entrega a vida e o que Deus pedir
Quer se sentir bem Quer fazer outros sentirem o poder
Definição de insanidade: fazer as coisas sempre
da mesma maneira e esperar resultados diferentes. Steven Covey
Tende a cair na rotina Vive uma vida de aventura espiritual
Espera que lhe dêem uma tarefa Busca tarefas e faz acontecer
Murmura e reclama Obedece, se necessário se sacrifica
Versículo preferido: Mt. 11:28 Versículo preferido: Mt. 11:29
É condicionado pelas circunstâncias É condicionado pela própria decisão
Reclama que ninguém o visita Se dispõe a visitar os que precisam
Está disposto a somar Está disposto a multiplicar
Visão: Os membros do século 21
estão transtornados pelo mundo
Visão: Os discípulos do século 21
transtornarão o mundo
É forte como soldado na trincheira É forte como soldado invasor
Cuida das estacas de sua tenda Amplia a área de sua tenda
Estabelece hábitos Rompe moldes
Sonha e exige uma igreja ideal Faz o seu melhor pela igreja real
Meta: ganhar o Céu Meta: ganhar outros para o Céu
Quando maduro, se torna discípulo Quando maduro, vive seu ministério
Assiste à pregação do Evangelho Prega e faz discípulos para Jesus
Gosta de campanhas Vive em campanhas
Espera um reavivamento É parte do reavivamento
Espera que a vida o trate bem Está preparado para a cruz
Palavra preferida: "Tomara!" Expressão preferida: "Eis-me aqui!"
É valioso É indispensável
Discipulado não é uma ação espasmódica de um
momento ou período reduzido, não é algo que se possa fazer sem envolvimento completo da vida, e não é algo que
acontece por si mesmo ou por acaso. Intencionalidade é necessária, comprometimento e envolvimento imprescindíveis.
O discipulado não pode ter a sua ênfase primeira na
igreja e suas necessidades institucionais de crescimento. Se o olhar se voltar para os números e relatórios da organização
chamada igreja, o processo de discipulado torna-se simultaneamente o processo de institucionalização assassino
da espontaneidade e genuinidade discutidas anteriormente. Se isto ocorre, o discípulo não sente que o interesse está centralizado em seu desenvolvimento e no desejo de vê-lo
incorporado na igreja e no reino de Deus, ele se sente usado, como ele se sente usado em qualquer outra organização
interesseira que ele conheça.
O discipulado não pode ser apenas um programa oferecido pela igreja. No entanto pode ser um programa na
igreja local, se esta resistir à tentação de friamente institucionalizar o processo e mantiver o frescor dos
relacionamentos espontâneos – um discípulo mais experiente auxiliando no crescimento de um discípulo mais novo na fé.
O discipulado precisa ser um processo de crescimento. O discípulo passa por algumas fases no processo de descoberta de Deus pela Palavra e pela prática: encontro com
Deus, fortalecimento do relacionamento, batismo, crescimento em Cristo, comprometimento com Deus e Sua causa,
treinamento para melhor servir segundo seus dons, aprofundamento no conhecimento de Deus e do serviço, serviço experimental e prático e exercício de seu ministério
pessoal. Enquanto o discípulo aprende por meio de um processo,
o discipulador se dedica a esta pessoa como se fosse um filho, conduzindo-o por um processo de amizade e alvos claros para
a maturação em Cristo. O alvo e medida da maturidade traduzida em bom relacionamento com Deus, consigo mesmo e com o próximo e serviço desinteressado.
Discipulado é o processo de instruir, inspirar, capacitar, equipar e
treinar pessoas no caminho da salvação em Jesus. Este processo
atinge os dois lados, o discípulo e o discipulador. Ambos entram em um processo que acelera o seu desenvolvimento, do discípulo em sua perspectiva e
necessidade de crescimento, bem como do discipulador que no momento em que se encontra em seu desenvolvimento
precisa desta experiência para que se aproxime desta medida da estatura de Cristo.
Em todas as dimensões da vida é o mesmo: há
momentos em que alguém cuida de nós; num próximo momento passamos cuidar de nós mesmos e num momento
Deus deu a cada um
de Seus mensageiros uma obra individual. DTN, 275
posterior passarmos a cuidar de nós e de outros. Parece que a vida nos ensina para cada vez mais servirmos e cuidarmos de
outros – é o mesmo com o discipulado. O discipulado atinge sempre os dois lados envolvidos no
processo – discípulo e discipulador, assim como os pais aprendem muito ao ensinarem os filhos.
O discipulado verdadeiro mantém o mesmo frescor e espontaneidade de um relacionamento pai e filho. Este relacionamento manifesta interesse genuíno no
desenvolvimento para a salvação. Não há desnível no relacionamento – do tipo “eu sei e você não sabe,” e não há
glórias humanas nem aplauso, pois quem aplaudiria um relacionamento por ser genuíno? O aplauso vem depois quando o pai olha para trás e vê os resultados de seu
empenho e sacrifício. O filho olha para trás e vê duas coisas: gratidão por que alguém o acompanhou em sua jornada,
guiando os passos trôpegos até que conseguisse andar por si e vê um modelo digno a ser seguido naquele que o guiou.
Qualquer organização que lide com seres humanos e que queira fazê-lo com excelência, ordem e decência (cf. 1 Co. 14:40) precisa criar estímulo, espaço e estrutura para que
sejam as pessoas a ela ligadas sejam treinadas, capacitadas e motivadas, principalmente quando esta é a missão principal
desta organização. No caso da organização chamada igreja, a igreja precisa
entender a sua natureza primeira: igreja são as pessoas que a compõe e não uma instituição como pessoa jurídica. Compreendendo esta natureza, a igreja deve criar espaço,
estímulos e estrutura para que aqueles que a compõe sejam discipuladores e discípulos.
O presente livro pretende principalmente instrumentalizar os líderes da igreja capacitando-os para tanto organizar a igreja para um discipulado eficaz, bem como para
tornar os membros mais maduros em líderes servidores, capacitadores, em suma discipuladores.
Qualquer conceito de discipulado precisa sempre ser analisado à luz da
compreensão da Revelação de Deus e da natureza do
ser humano e da igreja. Sem entender estas
dimensões corremos o risco de tratar do assunto com superficialidade. Podermos
cair na tentação de ir do extremo de tratar a igreja
como uma empresa e os seus membros como meros funcionários ou ao outro
extremo de nos vermos apenas como uma
fraternidade informal e sem organização unificada para o avanço.
A Natureza do Ser Humano
Ser humano completo, integral O que é Ser Humano? Qual a sua natureza? É adequado
discipular ou treinar uma pessoa? Será que o desenvolvimento de pessoas faz parte da missão da igreja?
Aqui não podemos entrar em todas as dimensões do ser humano. Durante toda história filósofos, psicólogos, antropólogos, sociólogos, etc. têm tentado defini-lo e há
conhecimento vasto à disposição, que não queremos abordar aqui. Por isso abordaremos apenas alguns pontos que
O que vai despertar o povo do tempo do fim para a pregação do evangelho? A chuva serôdia? O
derramamento final do Santo Espírito de Deus? Não! Este será
dado apenas àqueles que desde agora organizam a vida conforme a Palavra. O que despertará a
igreja é a obediência à Palavra hoje. Há pessoas que acham que tem que sentir a necessidade
para então obedecer. Obediência verdadeira é quando o crente se nega a si mesmo, toma a sua cruz
e segue o Mestre, sabendo que caso contrário não será digno do mestre. referência
contribuirão para a compreensão melhor do assunto aqui tratado.
O ser humano é uma obra de arte dinâmica e em constante movimento. Deus criou o ser humano e o fez como
um ser em constante desenvolvimento e transformação. Certo filósofo grego disse: “não é possível uma pessoa tomar banho
duas vezes em um rio! Primeiro, por que a água do rio não será mais a mesma e segundo, por que o ser humano não será mais o mesmo.”
Uma compreensão de um ser humano estático, mecânico procede de outras fileiras filosóficas. A idéia de que
o ser humano é o que é, como se algo determinasse que assim ele é, sem possibilidades de mudar, não pertence à compreensão bíblico cristã do ser humano.
Um raciocínio fatalista e determinista se instalou na
igreja: “aquela pessoa tem fé, eu não tenho!” Como se
estivesse predestinado de maneira imutável o fato de uma pessoa ter fé e outra não, uma
ter coragem e outra ser medrosa, uma pessoa ser
amorosa e a outra não e ponto final. Como se não houvesse um
processo de crescimento que Deus está procedendo na vida de cada um que se entrega a
Ele... Não é assim e não pode
ser assim. Cada pessoa deve se desenvolver e se tornar aquilo que Deus a está chamando para
ser. Veja os textos bíblicos que falam sobre crescimento: II
Meu Pai é o Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá
fruto, a tira. João 15:1 e 2. Conquanto o enxerto esteja externamente unido à
videira, pode não haver nenhuma ligação vital. Então não haverá crescimento ou
fertilidade. Assim pode haver uma aparente conexão com
Cristo, sem uma real união com Ele pela fé. Uma profissão de religião introduz
os homens na igreja, mas o caráter e a conduta mostram se eles se acham em ligação
com Cristo. Se não dão frutos, são falsas varas. Sua separação de Cristo envolve
uma ruína tão completa como a que é representada pela vara seca. ― Se alguém
não estiver em Mim, disse Cristo, ― será lançado fora, como a vara, e secará; e os
colhem e lançam no fogo, e ardem. João 15:6. DTN, 676
Pedro 3:17-18 “Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens
perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; antes crescei na graça e no conhecimento de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo.” E este: I Pedro 2:1-3 “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, e fingimentos,
e invejas, e toda a maledicência, desejai como meninos recém-nascidos, o puro leite espiritual, a fim de por ele crescerdes para a salvação, se é que já provastes que o
Senhor é bom; sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós, como é justo, porque a vossa fé cresce muitíssimo e o
amor de cada um de vós transborda de uns para com os outros.
O próprio incentivo da Bíblia para a santificação é um
incentivo para o crescimento constante que cada ser humano deve empreender em sua vida. Veja a ênfase de Hebreus
12:14 “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...” O ser humano foi feito para se
desenvolver e crescer em tudo aquilo que ele puder e for chamado e guiado por Deus para crescer.
Se o ser humano pode e deve crescer, se ele foi criado
para se desenvolver constantemente, como Deus mesmo ordenou: “crescei e multiplicai...!” (cf. Gn. 1:22), qualquer
manifestação contrária não faz parte do plano de Deus. Crescimento espiritual real, se expressa em frutos
visíveis: em sabedoria de vida, em relacionamentos equilibrados, em serviço de amor a Deus e ao próximo. Como são estes frutos de uma vida em franco crescimento? Como
posso produzi-los? Posso ver se minha vida é eficaz por meio dos frutos que ela produz?
Os Frutos
“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós.” Jo.
15:4. Não podemos dar frutos por nós mesmos. A não ser que
estejamos ligados à videira, não haverá a seiva vivificante para que o ramo dê frutos.
Jesus insiste que o ramo, uma vez inserido na videira “dá muito fruto” Jo. 15:5. Não há um “se” na construção da
frase. A conclusão é simples: se você como ramo está inserido na videira, você dará muito fruto. Se você não der fruto, é por
que você como ramo não está inserido na videira. A afirmação é clara: “sem Mim, nada podeis fazer!” Para Jesus não existe membro de igreja inativo, existe discípulo ou não discípulo,
ramo inserido na videira ou ramo seco que será queimado (cf. Mt. 12:30).
Não sei se outros vêem o dar frutos e o conseqüente crescimento com a mesma seriedade como é vista aqui. É este um assunto de salvação? Podemos ser salvos apenas se
dermos frutos? Sim e não! Como causa da salvação não! Como diagnóstico de que está conectado à videira e
conseqüentemente salvo, sim! Explico! Jesus elabora um axioma teológico aqui. Não se trata
de salvação pelas obras, mas os frutos como um diagnóstico se o ramo está ou não inserido na videira, como diagnóstico da existência da salvação. Estamos falando dos frutos de uma
vida, não como a causa da salvação, mas como diagnóstico da solda do ramo com a videira. Os frutos são a evidência de que
o enxerto pegou. É assunto de salvação?
Claro!!! O crescimento qualitativo (salvação em Jesus Cristo) como a única condição e como diagnóstico da própria salvação. Como
poderíamos diagnosticar a salvação? Existe um redentômetro? Medimos a salvação apenas num caráter reto? E se este
caráter reto for estático e não apresentar a dinâmica da salvação, o movimento da santificação? E se este caráter não se importar em passar a sua salvação para outros corações?
Um caráter não é reto, por mais moral que ele seja, por mais correto que seja se ele não se importar com outras
O segredo do êxito está na união do poder divino com
o esforço humano. PP, 509
pessoas para que recebam o mesmo Salvador que lhe transformou este caráter em um caráter reto.
Que frutos são estes que daremos, uma vez inseridos na videira? Um enxerto da vide, uma vez inserido na base da
videira, produz uvas pois ambos, a base e o enxerto são da mesma natureza. Um enxerto de maçã vai inevitavelmente
produzir maçãs. Um enxerto de um pecador em busca contínua de crescimento na salvação (cf. Fp. 2:12), inserido sobre a base que é seu Mestre e doador da salvação: Jesus,
precisa produzir frutos desta mesma natureza. Este enxerto vai produzir os frutos que Jesus produziu: mais pecadores em
busca contínua de crescimento na salvação, inseridos na base que é Jesus, doador desta salvação.
O Crescimento de qualidade salvífica, precisa trazer
consigo o crescimento de quantidade salvífica. Que perigos estão correndo aqueles que não dão „muito fruto‟? Estão na
igreja e o diagnóstico divino é: “vocês não estão inseridos na videira e serão juntados e lançados no fogo!” Isto não é
julgamento humano, é declaração divina! Avaliando por este critério, quantos dos professos cristãos serão juntados e lançados no fogo?
Você percebe que Deus está interessado em sua inserção na videira, Ele se alegra com os frutos como
resultado de uma vara sorvendo a seiva divina uma vez inserida na base.
Deus está altamente interessado na qualidade de vida cristã de uma pessoa, mas está igualmente interessado na quantidade de pessoas com qualidade de vida cristã.
Apocalipse 14:6, a primeira das três mensagens angélicas apresenta o evangelho eterno, deve ser pregado “aos que
habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua e povo.” Não se trata aqui de quantidade? Mas a qualidade não deve ser negligenciada: o Evangelho Eterno deve ser pregado
– que no resultado final deve trazer qualidade no caráter daqueles que o aceitam.
Cada pessoa foi criada por Deus para que voltasse às Suas mãos de amor. Todos que alguma vez pisaram sobre a
face desta Terra, foram predestinados para passar a vida eterna com o Pai. O Pai não economizou esforços para que
Seus filhos encontrassem o caminho da reconciliação. Se fosse possível Deus gostaria de ter todos juntos com Ele durante a
eternidade. Se apenas Seus filhos entendessem este plano... A igreja é o instrumento que Deus utilizou e está
utilizando para cumprir a Sua vontade. Qual é a Sua vontade?
“...não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.” Mt. 18:14. Em
outras palavras é vontade de Deus que todos os Seus pequeninos se salvem!
Quero ir mais além. Como Adventistas temos exaltado
os mandamentos de Deus e o Sábado, e fazemos bem pois é a Palavra revelada de Deus. Mas é tão vontade de Deus em Sua
Palavra revelada que todos quantos queiram sejam salvos. É também tão vontade de Deus em Sua Palavra revelada que
preguemos e levemos a Sua igreja a crescer em número e em santidade.
Mateus 7:21 nos diz que “Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Como ousamos
escolher satisfazer a vontade de Deus em um aspecto e o negligenciamos em outro? Como podemos decidir guardar os
Dez Mandamentos e negligenciar o mandamento de ser e fazer discípulos?
Em João 15 Jesus aborda a maneira como os muitos frutos virão. A condição para crescimento quantitativo é o qualitativo e em outros trechos descobriremos como o
quantitativo coopera com o qualitativo.
Fred H. Smith afirma que não há crescimento de igreja que excluam o crescimento qualitativo ou o quantitativo.17
Quando a Bíblia fala de crescimento de igreja ela contempla ambos os aspectos do crescimento.
A Natureza da Igreja
O que é a igreja? Qual a sua natureza? É adequado
fazer treinamento na igreja? Será que o treinamento de membros faz parte da missão da igreja?
A seguir um breve estudo sobre a natureza da igreja e as implicações que isto tem sobre o treinamento.
Igreja na Bíblia O termo igreja não aparece no Antigo Testamento (AT)
na Bíblia em Português.18 No Novo Testamento (NT) a palavra utilizada no grego para Igreja é ekklesia que vem da
preposição ek = „para fora de‟ e Kaleo = „chamar‟.19 Chamar para fora seria o melhor sentido para a palavra igreja, sentido este que daria muito material para estudo, por exemplo: a
igreja não foi chamada para ficar ocupada consigo mesma, mas para sair e executar fora dela a missão que é o motivo de
sua existência ou ainda a igreja foi enviada para chamar um povo para fora de algum lugar ou atividade.
O termo geral ekklesia significa „chamar pessoas para um lugar público‟ é traduzido como igreja, reunião de crentes como em I Co 1:2; 12:28; II Co 1:1; Gl 1:2; I Ts 1:1, bem
como era para uma assembléia comum como em At 19:32, 39 e 41.
A Septuaginta usa a palavra ekklesia como tradução do termo hebraico qâhâl tendo significado de congregação, assembléia ou outro corpo organizado. No NT é principalmente
utilizado por Paulo.
Igreja: um Corpo Vivo A igreja é considerada um órgão vivo, como um corpo.
Não estamos falando aqui do templo de adoração, estamos falando da soma e união de irmãos numa cidade, estado, país,
e no mundo. Esta coletividade forma um organismo espiritual complexo que a Bíblia chama de igreja. Este organismo, em
sua natureza humana pode adoecer e morrer. Pode ser curado e levado à plena saúde20 quando há vontade coletiva.
Estes irmãos em tempo de bonança estarão se reunindo
em templos e casas de oração de diferentes estilos e construções e estarão se organizando em estruturas
institucionais para melhor organizar-se para o cumprimento da missão a ela confiada.
Esta mesma igreja, pode em tempos de perseguição
existir de maneira diferente. Pode se reunir na casa de alguém, debaixo de uma árvore, nos bosques ou nas
montanhas. Este corpo vivo, do qual Cristo é a cabeça, tem uma
natureza divino-humana. Explico: a) Natureza divina: Aquilo que Deus faz é perfeito. Tudo o que é bom e perfeito vem de Deus Tg. 1:17. As iniciativas e ações para a salvação vêm
todas de Deus. A segurança que vem de Sua imutabilidade (Ml. 3:6), a força que vem de Sua Palavra (Jo. 8:32) e do
poder do Amor (Ct. 8:6), que é a maior tradução da pessoa de Deus (I Jo. 4:7-8) e mais dezenas de coisas que sabemos e
outras centenas e milhares de coisas que não sabemos sobre bondade e grandiosidade de Deus. b) Natureza humana: é aquilo de imperfeito, limitado e finito que fazemos e às vezes
precisamos fazer para ter um mínimo sentido de ordem. Criamos estruturas e leis para não sucumbirmos ao caos que é
tão típico onde há muita gente reunida e cada um tem os mesmos direitos.
A igreja não é
invenção de homens, tanto que a Bíblia a
Nós seres humanos não temos muita noção como ser plenamente justos e ao mesmo tempo plenamente cheios de amor. Em nossa experiência ou tendemos para um lado ou para outro. Em Deus a plenitude de ambos chega ao pico máximo.
chama de igreja de Deus (I Ti. 3:15). A Bíblia insiste que não deixemos episunagǒ gĕ (congregar-se, juntar-se) – note que o
termo vem de sinagoga: o chamado é para que não deixemos de “sinagogar” ou de “igrejar”.
Por que a igreja é tão importante? Por que simplesmente não ceder ao apelo de alguns adesivos de
carros: “Jesus sim, igreja não!”? Qual o plano de Deus com a igreja que é tão importante para nós? Por que temos necessidade e dever de nos congregar? Qual é a função da
igreja? O pano de fundo para a compreensão de todas as
doutrinas, inclusive a da igreja, é o Grande Conflito entre o bem e o mal.
Estudaremos a natureza e função da igreja num escopo
que leve em consideração o conflito cósmico entre Jesus e Satanás.
No contexto do tempo do fim, e da última pregação do evangelho eterno Ap. 14:7 diz que “é chegada a hora do Seu
juízo...” O que é aqui? Deus julga ou está sendo julgado? Será que a idéia do julgamento de Deus é estranha à Bíblia? Quem seria capaz de julgar a Deus?
Rm. 3:4 – tirado de Sl. 51:4 nos afirma que vai haver um julgamento
Deus está sendo julgado em Seu julgamento. O Juízo pré-advento está em pleno andamento no santuário celestial
desde 1844. Os mundos não caídos, os anjos caídos e não caídos, bem como todo o nosso mundo, querem ver se em Deus se encontram ambos: amor e justiça.
Para cada pessoa em julgamento, Deus está sendo a Sua mais pura essência (Ele não consegue deixar de ser
amor), exercido em forma de graça e misericórdia para com a situação que envolve aquela existência. Ao mesmo tempo e na mesma Pessoa divina, a justiça se cumpre de maneira plena e
perfeita (Sl. 89:14; 97:2).
Como os anjos caídos e não caídos estão julgando a Deus? Como podem eles conferir que Deus é o que Ele mesmo
sempre afirmou de Si mesmo? Qual é o elemento aferidor? 1) A vida de Jesus Cristo!
2) A Cruz sucedida da ressurreição! 3) A vida dos seguidores de Cristo!
Em Ef. 3:8-12 é mostrada toda responsabilidade da igreja diante dos poderes do bem e do mal. Em Rm.
16:19-20 diz qual vai ser a conseqüência de não
fazermos a vontade de Deus. Em Mt. 7:21-23 Jesus declara toda a
conseqüência de carregar o nome de Cristão sem
viver o poder de Jesus II Tm. 3:5. No pastorado o
melhor que vão fazer é “se introduzir pelas casas, levando cativas mulheres néscias, carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências, sempre aprendendo, mas nunca
conseguindo chegar ao pleno conhecimento da verdade...” II Tm. 3:6-7.
Como Jesus pode esmagar Satanás debaixo de nossos pés? Como Ele pode
reivindicar o seu caráter? Mt. 5:16 “...deixem vossa luz brilhar...” Para que?
“...para que vejam...” No final, quando
estivermos nos 1000 anos, nenhum dos fiéis súditos vai ficar com dúvidas sobre
o caráter de Deus. Todos vão entender que na vida
Deus está altamente interessado em filhos e filhas que mostrem
quem Ele é em e através de suas vidas.
Em uma família você pode ver como são tanto marido como mulher, pelo grau de confiança que existe entre os
membros desta família. Na mesma proporção de nossa confiança em Deus, o Seu caráter é demonstrado
diante dos poderes da luz e das trevas. “Sem fé (confiança) é impossível agradar a Deus”. Hb 11:6
“Cada igreja deve ser uma escola prática para obreiros cristãos.”
Seus membros devem aprender como dar estudos bíblicos, como dirigir e dar aulas na escola sabatina, bem
como ajudar ao pobre e cuidar do enfermo e como trabalhar em prol dos inconversos.”
Deveria haver escolas de saúde (higiene), escolas de culinária e aulas
nos diversos ramos da obra de auxílio cristão.” EGW, SC, 75 e 76.
de cada ser humano desde o início deste mundo todas as chances foram oferecidas, e que cada um teve oportunidades
diversas para escolher ao lado de Deus (mesmo entre as nações pagãs).
Com este entendimento de igreja, inserida no meio de um conflito, tendo que cumprir um papel elevado, precisamos
levar a igreja a viver uma vida em constante santificação no ser e no fazer.
Santificação no Ser e no Fazer A Igreja Adventista do Sétimo Dia escolheu em algum
momento perseguir modelos de piedade e santificação estabelecidos anteriormente em outros movimentos religiosos na história. Esta piedade vem em grande parte do pietismo da
Alemanha central, transportada e vivida em diferentes cores e matizes (sem perder o cerne) e através do puritanismo que se
instalou na América do Norte. Nossos pioneiros viviam imersos neste ambiente e
carregaram esta maneira de viver a santificação para todos os cantos da terra. As orientações do Espírito da Revelação mostraram um equilíbrio entre a santificação do ser e do fazer,
na verdade, ali nem era feito esta divisão que ora apresento. Não há crítica naquilo que os nossos pioneiros fizeram, apenas
naquilo que deixaram de enfatizar e a
maneira como enfatizaram.
Com o evangelho
adventista tendo sido trazido por alemães
vindos em grande parte da geografia do pietismo alemão, e por
americanos vindos da
“Cristo quer que seus ministros sejam
educadores da igreja no trabalho evangelístico. Eles devem ensinar o povo como procurar e salvar o perdido.
“Mas é este o trabalho que estão fazendo? Que pena! Quantos estão se empenhando em acender uma faísca de
vida em igrejas que estão à beira da morte! “Quantas igrejas mais se parecem com ovelhas doentes...” EGW, DTN, 825.
nova Inglaterra onde o puritanismo tomou forma americana, marcaram o Adventismo brasileiro com sua influência.
Por isso procuramos resgatar aqui as duas formas de piedade, ou seja, de expressão prática de nossa religião.
a. Santificação no ser: se refere a uma reforma no caráter que se manifesta em estilo de vida. 1) nos hábitos
devocionais e relacionamento com Deus – de onde vem a força para as demais coisas. 2) reforma nos relacionamentos – um cristão tem que ser um especialista em bom
relacionamento. 3) reforma nos desejos do coração que se mostram no exterior por meio da simplicidade, humildade e
serviço (vestuário, adereços e enfeites, alimentação, aparência pessoal, moral).
b. Santificação no fazer: pouco enfatizado por palavra e
exemplo na instrução pré-batismal, de novos conversos e mesmo na vida diária da igreja. Refere-se à reforma nas
disposições básicas do coração que levam à ação por Jesus Cristo. 1) abandono do medo. 2) aquisição da audácia e
intrepidez típica da igreja primitiva. 3) coragem que sonha e empreende coisas para o Reino de Deus, que só
pode proceder de uma vontade santificada. 4) Confiança em Deus de
tal maneira que o justo viverá pela fé, agindo por Deus e pelo Seu reino e deixando que Deus supra as nossas necessidade
(Mt. 6:32; 1 Pe. 5:7). Segundo Tiago 2:26, a fé sem obras é morta. Na vida
de Jesus vimos o exemplo de uma fé viva, marcada pelo
serviço desinteressado a outros e a Deus. Precisamos alinhar a santificação no ser como no fazer para que a fé seja viva e
completa. Jesus se refere à fé completa, expressa em serviço e bom relacionamento, como Ele a praticou quando Ele pergunta: “Contudo quando vier o Filho do homem,
porventura achará fé na terra?” (cf. Lc. 18:8). A Jornada Espiritual de cada Cristão
A pregação está para uma fé sadia (cf. Rm. 10:17) assim como o
treinamento está para as boas obras.
Não há como entendermos santificação,
desenvolvimento da vida cristã e o que o discipulado tem a ver com isto, se não entendermos o conceito da jornada espiritual
que todos estamos vivendo. Cada cristão está em alguma fase de desenvolvimento.
O jovem recém vindo do mundo, precisa entender o evangelho em sua profundidade. O ancião que lidera a igreja precisa entender a falibilidade humana e tratar as falhas das pessoas
com misericórdia e correção em amor. A mulher de um marido descrente tem que aprender como suportar as contradições de
sua situação e mesmo assim ser fiel. Como tudo na vida, também o desenvolvimento de um
cristão se dá em fases. Uma sucessão de eventos e influências
marca a vida como um todo.21 Abaixo comparamos as fases sucessivas da vida com as fases que Clinton estabelece no
desenvolvimento de um líder.
Figura 6
Clinton estudou a vida de 70 líderes e que fases estes líderes passaram. Ele descobriu as seis fases acima. Entender
a seqüência destas fases e submeter-se com atitude positiva e consciente à direção de Deus permite com que este processo seja o mais eficaz possível e seus efeitos os mais duradouros e
profundos na vida do cristão. As fases vão se sucedendo na vida das pessoas e elas
precisam ser guiadas de uma fase para a próxima. Quando negligenciamos certas lições de uma fase, passamos para a
outra, mas ficamos devendo estas lições. Não se pode fazer lição 5 e 6 sem ter feito 1, 2, 3 e 4. Quando insistimos em não cedermos aos apelos do Espírito para cumprirmos com as
lições de cada fase, enfrentamos crises desnecessárias e retardamos a passagem para a próxima fase.
Fases do Desenvolvimento da Espiritualidade
M. Scott Peck afirma que as pessoas se movem por quatro fases em sua jornada espiritual. Ele afirma: “Assim
como existem fases discerníveis no desenvolvimento físico e psicológico do ser humano assim também há fases no crescimento espiritual.”22 Como base para o raciocínio a seguir
as fases são: Anomia, legalista, decepção e maturidade.
1) Anomia: fase em que a pessoa não quer saber de
Deus ou tem uma percepção vaga ou modística de Deus e da religião. O centro de sua vida continua sendo o EU. Qualquer
coisa que possa cooperar para a satisfação deste EU, pode ser aceita, mas não toca e nem transforma o EU.
Ao andar sem a Luz em sua vida (cf. Sl. 119:105) tropeça na vida machucando a si mesmo e a outros. A culpa e o pecado vão se acumulando prejudicando o bom
funcionamento das engrenagens da vida e dos relacionamentos. Certo cansaço vai se acumulando pelo caos
que vai se estabelecendo pelo rastro de feridas deixadas atrás de
si. Aqui pode começar uma transição.
O pecador percebe que tem algo de errado, mas não sabe o
que é, e na maioria dos casos nem quer saber. Até que Deus, por meio daquela constante e
persistente ação misteriosa que obra em nosso ser alcança o
coração e fornece uma perspectiva. Em um momento quase como de parto, em um choque entre o desespero e a esperança, Deus se revela e aquilo que antes não fazia sentido
agora se torna o mais profundo desejo do coração. A boa semente caiu em solo bom.
2) Fase Legalista: A pessoa se rende a Deus e inicia sua jornada com Deus, num relacionamento pessoal, bem
como com Sua igreja – instrumento utilizado para desenvolver os cristãos em sua caminhada espiritual.
A pessoa reconhece pelo estudo da Bíblia que foi criada
por Deus e apenas funciona bem se submeter-se às leis para as quais foi criada. O cansaço de uma vida sem a ordem de
Deus havia se manifestado com tamanha fúria e intensidade que o descanso em Deus parece o início da própria eternidade
e do céu. As leis e mandamentos do Senhor são inscritas em seu coração e passam a ser o seu prazer.
Este contraste gritante tende a conduzir o converso por
expectativas irreais a respeito da natureza da igreja e do poder do pecado sobre o ser humano. Quando bem
preparados entendem a luta entre a natureza espiritual e a natureza carnal em seu coração, mas tende a ficar num nível teórico. A percepção da realidade cristã se dá apenas por meio
da experiência guiada e calibrada pela Palavra. Aqui inicia uma nova transição.
Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja seja refletida
para o mundo Sua plenitude e suficiência. Aos membros da igreja, a
quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete
manifestar Sua glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de
Cristo. AA, 9.
3) Fase da Decepção: Ao passar o tempo e experiências vão sendo feitas novas percepções entram em
vigor. Irmãos são observados e depois das primeiras experiências com Deus, uma pergunta começa a dirigir a vida
do crente: “como é a vida de um cristão que vive há muito tempo com Deus?” ou outra: “deixa eu ver o efeito de viver a
vida cristã na vida de alguém que anda com Cristo há mais tempo... Será que eu quero isto para minha vida?”
A decepção está aguardando. A trombada entre
expectativas elevadas e a dura realidade da falibilidade humana é inevitável. Não poucas vezes esta experiência
capota a fé de novos crentes. Pouco a pouco vai observando os defeitos dos irmãos,
de líderes, da igreja e se a pessoa tem uma visão um pouco
mais ampla vê os defeitos da organização como um todo. Como se isto não bastasse, se o crente for honesto consigo
mesmo e não deixar se ofuscar pelo perfeccionismo, vê suas próprias lutas e derrotas, e o castelo de sonhos cai. A ilusão
dá lugar ao real, a expectativa dá lugar ao fatual. Nesta fase o crente se torna ácido, os seus olhos parece
que se abrem para o defeito. Alguns passam a não enxergar
mais nada a não ser os defeitos. Não demora muito a atitude de impotência para mudar o sistema, bem como a crítica se
instalam minando as forças espirituais que sustentavam a vida. As disciplinas espirituais são negligenciadas.
É nesta fase que alguns querem controlar e supervisionar para terem a percepção que as coisas não estão fora de rumo – como se o seu rumo fosse melhor do que o
rumo que outros dão... Outros desistem de lutar nesta fase, quando percebem as sucessivas derrotas que sofrem.
Há uma tendência de se estagnar nesta fase que é cognominada de fase da areia movediça. Muitos que caem nesta fase perdem o vigor espiritual e se permanecem na
igreja, ficam ali como membros e desistem de progredir em seu discipulado.
Por ser uma fase na qual o crente não é cooperativo com a igreja, tende a se tornar desagradável e acontece com
pessoas que já estão um bom tempo na igreja muitos negligenciam e ou descriminam, deixando-o marginalizado. O
tecido social da igreja não está preparado para pessoas assim e muitas vezes este tecido é preparado para não aceitar a
influência “deste tipo de gente”. A situação piora por que o próprio crente que passa por
esta fase e a torna visível para outros (não esquecendo que
todos passam por esta fase e nem todos a tornam visível) se tornam céticos e cínicos e têm dificuldades de aceitar ajuda.
Num pragmatismo doentio que se implantou em meio ao cristianismo “você é ou não é” algo, ninguém permite o desenvolvimento de um processo. Tanto por parte da igreja
como por parte do crente que passa por esta fase há desconfianças. “A igreja não muda” diz o crente decepcionado.
“Ninguém consegue mudar alguém!” diz a igreja. É mandatória nesta fase a atenção pastoral,
aproximação pessoal, baixar armas dos dois lados e trazer o indivíduo para dentro da rede de afeto e atenção da igreja novamente, explicando-lhe a fase pela qual está passando e
que há possibilidades e necessidade de crescimento. É necessário ajuda para entrar na próxima fase de
transição. 4) Fase da Maturidade: Aqui o crente já passou pelas
fases mais difíceis e começa a desfrutar com equilíbrio e grandeza a sua vida com Deus.
Nesta fase o cristão sabe que as coisas não são
perfeitas, também não tenta usar a lei como ferramenta para arrumar o que está errado, não precisa mais criticar, pois
percebe a falibilidade de tudo inclusive de si mesmo, aprende a se importar com as pessoas e com Deus em sua vida.
É a fase do serviço maduro. O crente sabe servir e
entende que faz bem para as três partes: Deus, a si mesmo e ao próximo (cf. artigos complementares: Relacionamentos
Marcados pelo Amor). É a fase na qual conhece os seus dons e sabe utilizá-los.
Suporta a falibilidade humana em suas diversas manifestações (incluindo a crítica daqueles a quem está
ajudando). Não é que este crente não se fira ou reaja fortemente aos abusos que sofre ao tentar servir, pelo
contrário, sabe se impor e colocar limites mesmo estando ferido.
Ele aprende a ver a imagem maior. Com os olhos fixos
no grande conflito entre o bem e o mal e a volta de Jesus tem motivos e motivação suficientes para seguir avante em seu
serviço a Deus e ao próximo. Não precisa de reconhecimento e muito menos aplauso. Sabe lidar com a crítica e com o elogio sem perder a sua comunhão íntima com Deus e com a sua
igreja. De forma nenhuma esta fase deve ser confundida com
a fase de um “super-cristão”, pois ainda e sempre está sujeito à queda e ao retrocesso
Fenômeno Cíclico
Parece que na experiência cristã não existe a linha de
chegada. Aquele que está em pé, cuide para que não caia, como diz Paulo (cf. 1 Co. 10:12). O processo de santificação
antes parece nos levar em forma espiral por estas fases de maneira circunstancial (cf. figura abaixo). Aqueles que são
mais proativos, estarão menos sujeitos aos solavancos e guinadas na sucessão destas fases em repetição helicoidal.
Os altos e baixos não perdoam ninguém. As recaídas
naqueles pontos que já vencemos em Cristo parece ser nosso quinhão.
Quando pensamos que estamos intocáveis pelas fases já vencidas, Deus providencia experiências por meio das quais
temos que renovadamente aprender a lidar com estas “fases já vencidas”.
Parece que todos temos que chegar à conclusão à qual
Paulo foi conduzido em sua experiência: “a minha graça te basta, por que o poder se aperfeiçoa na fraqueza!” (cf. 2 Co.
12:9). Há cristãos que desanimam com a constante luta que
não quer cessar. Novamente evoco Paulo: “estou plenamente certo, de que Aquele que em vós começou a boa obra há de concluí-la até o dia de Cristo Jesus...” (cf. Fl. 1:6).
Não ouse desistir jamais, pois quando nosso Senhor chegar haveremos de ouvir as palavras: “servo bom e fiel...”
(cf. Mt.25:21) e haveremos de falar como Paulo: “combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé...” (cf. 2 Ti. 4:7).
Avanço ou retrocesso
Segundo estimativa de Jon Dybdall23 entre 35 e 40% dos membros da IASD estão estagnados na fase 2 e outros
40% na fase 3. Apenas uns 20 a 25% conseguem alcançar a fase de maturidade.
Segundo esta estimativa, boa parte da igreja estacionou em
alguma fase do desenvolvimento. É como se alguém estacionasse na adolescência, como diz a psicologia:
fixação na adolescência ou fixação na fase oral...
Como podemos avançar para a última pregação vigorosa do evangelho com esta bagagem?
Como acelerar o passo desta enorme embarcação chamada igreja, quando aproximadamente 80% da tripulação está
doente e incapacitada de trabalhar?
Um ministério como o de Jesus seria necessário. Ele
gastou mais tempo curando do que pregando e muito mais tempo ainda discipulando. Vinte e quatro horas por dia ele
40
40
20
Situação IASD Mundial
Legalistas
Decepcionados
Maduros
É necessário pôr-se em
íntimo contato com o povo mediante esforço pessoal. Se se
empregasse menos tempo a pregar sermões, e mais fosse
dedicado a serviço pessoal, maiores seriam os resultados que se veriam. CBV, 143.
investiu nos seus discípulos. Ele lhes ensinava os detalhes de seguir-Lhes os passos, capacitando-os para fazerem a parte do
trabalho que lhes coubesse e delegassem outra parte para outros discípulos que eles iam fazendo ao longo da jornada,
que eles por sua vez capacitariam.
Pessoas são chamadas para serem cristãs e em seu processo de desenvolvimento, não sabem exatamente como ser cristãs no começo ou o que fazer para que o
desenvolvimento espiritual e pessoal ocorra de maneira mais efetiva. A maioria não sabe como alcançar aquela vida que
Jesus prometeu em João 10:10, “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância!”
Do outro lado, cristãos mais maduros são chamados
para desenvolverem aquilo que já têm. Cristãos que conhecem Jesus a mais tempo são chamados a ajudarem aqueles que
estão dando os seus primeiros passos na fé. Não há bom momento para este chamado de Deus. Ele
nunca vem em hora conveniente – pois nós estamos sempre ocupados com outras coisas. Ninguém de fato está preparado – então a desculpa: “eu não estou preparado!” não adianta
para Deus, pois Ele nos chama quando Ele acha que devemos dar passos adiante.
Quando um cristão que já está na igreja há algum tempo se nega a atender ao pedido de Deus de servir de
mentor/ discipulador na vida de outro cristão, todo um processo pára e a obra de Deus fica prejudicada. Avançar em confiança ao chamado de Deus, é o que precisamos fazer. E
ao sentir no meio da jornada que não temos provisão suficiente, começamos a ler e estudar, a orar mais e nos
aconselhar com os mais experientes. Deus nos vai guiando e capacitando naquilo que falta ao longo do caminho.
Gosto de comparar este assunto quando inserido dentro
do conflito entre o bem e o mal da seguinte maneira: Vejo como que se Deus e o diabo estivessem em uma disputa e
quando o diabo precisa de ajuda de seus aliados humanos, ele os envolve com as suas seduções e eles lhe obedecem,
quando ele quer atacar ou destruir. Quando chega a vez de Deus fazer os seus movimentos e Ele precisa contar com os
Seus aliados, eles de repente têm outros planos. “eu não quero, já fiz outros planos!” Dizem. Ou “eu não posso agora,
não é conveniente neste momento, mais tarde quem sabe!” E Deus fica abandonado tendo que resolver situações complicadíssimas que Ele havia decidido nos envolver.
As Duas Dimensões da Missão
A igreja tem uma missão corporativa a cumprir. O Reino de Deus precisa ser divulgado e estabelecido pelo mundo afora. Há uma ordem dada por Jesus que precisa ser cumprida
por cada pessoa, bem como por Sua igreja aqui na Terra: “Indo, fazei discípulos, batizando-os e ensinando-os todas as
coisas que vos tenho ensinado.” Mt. 28:19-20.
Figura
Estamos falando de duas dimensões específicas aqui:
1) a dimensão pessoal que se refere à realização pessoal do Cristão como tal, bem como o seu desenvolvimento; e 2) a dimensão corporativa que se refere à função profética e
proclamadora de cristãos em coletividade, aquilo que chamamos como igreja.
Partimos do pressuposto de que tanto o indivíduo como a igreja como um todo precisam ser capacitados e treinados. A
igreja por se tratar de um corpo vivo sujeito a constantes mudanças em um mundo ao seu redor que muda e precisa ser
abordado em sua dinâmica. O indivíduo por se realizar mais e experimentar o Evangelho e o próprio Salvador com maior
intensidade e profundidade quando está treinado e capacitado nas diversas áreas que envolvem a fé Cristã.
Ao irmos ensinando, batizando, indo pela vida com as
pessoas, o cristão é chamado a fazer outros discípulos. Aqueles que estão mais avançados no conhecimento do
Senhor devem ajudar aqueles que estão mais novos na fé a encontrarem plena realização, sentido de vida em Jesus Cristo e gosto pelo serviço a Deus e ao próximo.
Não há obra que seja mais importante do que esta para a igreja. Nada que a igreja faça deve perder de vista o foco de
fazer discípulos. Buscar os descrentes ensinar-lhes os fundamentos do
evangelho e por meio da liderança espiritual, que se expressa por meio do pastoreio, treinamento e envolvimento prático, o discípulo recém-batizado precisa seguir aos próximos
patamares do desenvolvimento espiritual. Aqui serão apresentadas cinco fases do discipulado
como o entendemos. Durante este discipulado ocorre o avanço da pessoa desde seu estado de separação de Deus, até à
maturidade em Jesus Cristo quando o crente vive o seu ministério e lidera outras pessoas para exercerem o seu ministério.
Figura /?????
A igreja precisa ser organizada para conduzir as pessoas por estas cinco fases (cf. fig. 04). O ambiente precisa estar propício para que todos (ou pelo menos a maioria)
queiram e possam progredir para os próximos passos.
Fase Input Resultado Quando Observação
Mundo Estudo bíblico Entusiasmo por Cristo e
batismo
-
A pessoa no mundo, encontra Jesus e inicia a jornada c/ Cristo, p/meio do estudo da Bíblia. A
pessoa é conduzida ao batismo.
Batismo Pastoreio, amizade e ensino
Crescimento em Cristo e amor pela
igreja
No 1° ano de igreja
A pessoa batizada enfrenta as lu-tas relativas à sua decisão, preci-sa de apoio pastoral/material. De-ve aprofundar seu conhecimento
de Deus.
Membro integrado
Treinamento e capacitação
Sentido e propósito de vida em Cristo
No 1° ano de igreja
Integrado na igreja o discípulo
precisa descobrir p/quê Deus o criou, o propósito de sua vida. Aqui cabe o teste de dons e
capacitação.
Membro capacitado
Envolvimento
prático serviço
Serviço
como estilo de vida em Cristo
No 1°
ano de igreja
Capacitado nas atividades de seu
dom, o discípulo aprende a servir onde chamado, apesar de concentrar-se em seu(s) dom(ns).
Ministro Liderança em um ministério
Maturidade em Cristo
Depois
do 1° ano
Conhece o propósito de Deus para sua vida. Como ministro ele
não é in-falível. Serve com alegria suportando as pressões/ oposições ligadas ao ministério sem perder o ânimo ou a fé.
Tabela 1
Aqui uma série de perguntas emerge que precisam ser respondidas com honestidade, para que a igreja local possa
ser o mais eficaz possível. A igreja tem uma estratégia que leva as pessoas que
vão se unindo a ela de um ponto ao outro em seu desenvolvimento espiritual? As estruturas que temos hoje
conduzem para este desenvolvimento espiritual fase a fase? Todos os membros da igreja conhecem o processo de discipulado? Os membros sabem que depois do batismo
existem outras fases a percorrer? O ambiente da igreja está propício para a busca do crescimento? O ministério na igreja
local (pastor, anciãos, os diversos departamentos) está mais voltado para um ministério de expansão ou de manutenção?
Alguns Efeitos do Discipulado sobre o Discipulador e o Discípulo
Fase Discipulador Discípulo
Estrutura da Igreja Local: Estruturar a igreja local de tal maneira que ela esteja
saudável e que o ambiente que ela ofereça seja propício para o desenvolvimento dos discípulos de Jesus é a tarefa principal da igreja e do líder espiritual.
Empatia
Descobrir os caminhos que cada igreja local quer, gosta e precisa percorrer é tarefa do líder. O líder espiritual precisa
elaborar um plano estratégico, para que todos os esforços de sua igreja conduzam para este alvo e a ela tenha um
crescimento sustentável e equilibrado. Este plano não pode ser copiado de outra igreja ou
imposto por força de autoridade sobre qualquer igreja. Precisa ser original e precisa ser discutido com a participação voluntária de todos os interessados e participantes.24
Líderes de igreja carecem às vezes de instrumentos de discussão. Quando há necessidade de implementar mudanças
na igreja local, muitas vezes ficamos desajudados e confusos com as críticas e forças contrárias. Uma ferramenta
muito útil é o ciclo de discussão apreciativa 4D.
F
igura 3
O
discipulado precisa ser incorporado na
igreja por meio de discussões
positivas envolvendo cada membro da igreja
ou distrito produzindo uma
visão comum. Aqui não valem as receitas, que tanto usamos
O ciclo “4D” é a maneira adequada de discutir
os assuntos em um ambiente de voluntários como a igreja. Este ciclo desperta a disposição dos voluntários, gera apropriação
da visão, atrai recursos como consequência da apropriação e mantém um clima de camaradagem e apoio mútuo. Lembre-se que
como igreja precisamos avançar em unidade (cf. Jo. 17:22-23). Descoberta: é a fase em que o grupo define
o estado atual de maneira apreciativa. Devaneio: esta fase poderia ser chamada de Sonho. É quando o grupo imagina hipóteses.
Desígnio: Aqui o grupo define como deveria ser em câmbio do estado atual.
Destino: é quando o grupo cria na realidade aquilo que vai de fato ser.
em nosso meio. Qualquer experiência que se transporte de 1 para 1 de uma igreja para outra será muito limitado em seu
alcance. Os membros precisam apropriar-se deste plano e incorporá-lo em suas mentes e corações.
Os elementos necessários para que tal plano seja bem sucedido e as pessoas sejam conduzidas de fato pelas
alamedas do discipulado em crescimento são: Clareza, movimento, alinhamento e foco.25
1) Clareza: é a habilidade do processo ser comunicado
e entendido por todas as pessoas, quer sejam membros antigos ou recém batizados.
2) Movimento: é a seqüência de passos ou fases pelas quais as pessoas serão movidas para áreas de comprometimento mais profundas (cf. fig. 2).
3) Alinhamento: é a organização e arranjo dos departamentos, ministérios e líderes ao redor do
mesmo processo de desenvolvimento no discipulado (veja a necessidade do ciclo de discussões 4D).
4) Foco: é o compromisso de abandonar tudo que não coopere com o processo de fazer discípulos e de conduzi-los pelas sendas do crescimento em Cristo.
Isto pode desafogar algumas atividades na igreja, que têm se multiplicado, causando algumas vezes
confusão, frustração e descontentamento. Todos os membros de sua igreja conhecem o seu plano
de discipulado? O ambiente de sua igreja está propício para a busca do crescimento pessoal e corporativo? O que você pode fazer para tornar a sua igreja aberta para o crescimento em
Cristo? Uma estratégia, com respeito à vocação da igreja local,
para que esta se torne relevante, precisa ser construída com entendimento e envolvimento de todos.
Crie um plano de discipulado que sejam orientados por
estes 4 elementos.
Comprometimento pessoal com a IASD: A igreja local não pode falhar em oferecer um modelo
simples de discipulado, com fases claras e orientando todos os departamentos e ministérios da igreja para auxiliarem com um
bom desempenho deste ciclo na vida de cada
discípulo. Mas como toda
iniciativa requer um bom
diagnóstico da realidade, como discutimos acima,
um bom ciclo de discussão e uma boa ação, o líder precisa
conduzir a igreja a uma boa reação.
Criar um ambiente saudável,
cooperativo e de relacionamentos
abertos, propicia uma boa resposta da igreja, quando ela é
envolvida num projeto. O líder espiritual precisa desfrutar de uma boa
reputação26 na igreja, de tal maneira que a igreja se sinta atraída pelo plano.
A seqüência ao lado (cf. figura 4) mostra como o desenvolvimento espiritual da igreja pode ocorrer com maior eficácia possível. O diagnóstico foi feito de maneira adequada,
as ações empreendidas para fazer frente ao diagnóstico são as mais apropriadas e a resposta dos envolvidos é a melhor.
Pode, no entanto haver interrupção em qualquer ponto deste círculo. O Líder prefere crer que não seja nem no diagnóstico, nem na ação empreendida. Ele tende a achar
problemas na reação dos envolvidos.
Figura 4
Acha-se facilmente expressões como “falta de comprometimento”, “falta de envolvimento”, “falta de
motivação”. Creio particularmente na idéia de Wilkinson:27 “se o aluno não aprendeu é por que de fato o professor não
ensinou.” – se a igreja não seguiu (não cresceu, não alcançou as suas visões, não desenvolveu um ciclo claro de discipulado,
etc.) o líder de fato não liderou. O que pode impedir então que pessoas sejam
envolvidas no trabalho na causa de Deus? O que poderia
parecer uma boa ação que recebe uma má reação da igreja?
Individualidade O pós-modernismo é criticado por alguns de seus
aspectos, mas um acréscimo que ele trouxe foi uma percepção
mais detalhada do indivíduo. Ao tentarmos envolver pessoas no trabalho do Senhor,
precisamos lembrar de que iremos trabalhar em grupos menores com tarefas mais específicas. Precisamos entender o
que envolve e motiva as pessoas. Uma maneira certa de errar é tentar envolver a igreja
como um todo. As pessoas são diferentes e têm propensões
diferentes, têm personalidades e dons diferentes e são motivadas e envolvidas de maneira diferente.
Alguns dos pontos que veremos a seguir são: 1) a motivação e como pessoas são motivadas, 2) a variedade de
personalidades e como cada uma é motivada e 3) os diversos dons e o seu envolvimento.
Motivação e Comprometimento
A teoria de discussões positivas “4D”, de planos e estratégias, tudo parece muito bom e fácil no papel. Na prática
o clamor dos líderes é sempre o mesmo: “como motivar a
igreja?”; “como arrancar a igreja da letargia do sabatismo?”28;
“como envolver a igreja em algo que ela mesma ficará contente e agradecida depois de ter sido
envolvida?” Este material tem como
objetivo proporcionar instrumentos que visam facilitar a prática da liderança e do
envolvimento da igreja para sua maior eficácia, a realização de
seus membros e glorificação de Deus. Portanto a teoria é aqui
apresentada para que tenha efeito prático, por mais que o estudante terá que experimentar na prática os conceitos aqui propostos, para adequá-los à realidade que irá enfrentar.
Comprometimento e integridade
Você sabia que temos a tendência de quebrar menos os compromissos que fazemos com outros do que aqueles que
fazemos conosco mesmos? Parece uma verdade desconfortável, mas parece que é assim que funcionamos. Cremos que é mais fino colocarmos os outros na frente, pois
caso contrário poderíamos ser vistos como egoístas ou desagradáveis.
É um processo psicológico que se dá como resultado de nossa cultura e tem como efeito colateral o fato de que não achamos ser tão importante nos comprometermos e
mantermos os nossos compromissos pessoais.
5 dicas para crescer em
comprometimento: 1. Deixe bem claro para si mesmo
com o que você está se
comprometendo para cada dia. 2. Faça um calendário de
compromissos diário.
3. Aceite o fato de que aparecerão percalços entre você e seus compromissos e
lide com eles. 4. Alegre-se e seja grato a Deus
quando cumprir com seus
compromissos. 5. Seja honesto com os seus
limites e peça ajuda quando necessitar.
Pode haver certa má compreensão da afirmação de Jesus: “...amarás ao teu próximo como a ti mesmo...” (cf. Mc.
12:31). O padrão proposto por Jesus é que você precisa aprender a amar-se primeiro que então você estará apto amar
o seu próximo. Mas é compreensível que nos comprometemos mais
com outros que conosco mesmos, pois a resposta e o controle estão fora de nós e podem ser mais facilmente medidos e principalmente recebemos um feedback mais pronto. Imagine
a pessoa que se compromete a fazer coisas e sempre falha, logo será deixado de lado. Como
não gostamos desta rejeição social, a maioria das pessoas se esmera em cumprir com os compromissos
assumidos. Compromissos que fazemos
conosco mesmos, por outro lado, têm apenas a consciência própria
como tribunal de contas. Facilmente entramos no vício da procrastinação que mina rapidamente a inteireza (integridade) de nosso caráter. Comprometimento e integridade estão
intimamente ligados.
Integridade O que é integridade? Como desenvolvê-la?
Ser íntegro é ser inteiro. É poder confiar em si mesmo e saber que a sua própria palavra vai ser cumprida.
É aprender a não ser apenas em parte. Integridade se
refere tanto ao aspecto de inteireza, de ser completo em suas capacidades, funções e
como comumente usado o termo: inteireza moral.
Como crescer em integridade: Comece a observar-se e comparar com Jesus. Medite nEle.
Reconheça onde você está. Ore por forças para a luta. Comece fazendo promessas pequenas a
você mesmo e cumpri-las. Cumpra cada coisa que você promete. Vá crescendo até você assumir
promessas maiores. Ore para o Senhor sintonizar o seu interior com o exterior. “faça-me inteiro!”
- Há pessoas que mesmo quando se comprometem e assumem funções e tarefas
não as cumprem. - Há pessoas que nunca se
comprometem e sempre fogem à responsabilidade de um compromisso.
Trataremos o termo integridade como o elemento de convívio próprio sadio, que na falta provoca uma ruptura
interior, e a pessoa passa a ser uma coisa e fazer outra, ter uma coisa e viver acima daquilo que tem, viver como se fosse
outra pessoa e comportar-se como tal. Esta é a especialidade de atores. Dependendo do
momento, com caras e gestos se fazem passar por algo que nem de longe são... Vivem um papel com uma condição financeira que na realidade não têm.
Não é assim com cristãos e especialmente líderes espirituais. Se Deus precisasse de atores para atuar em Sua
obra, Ele os teria chamado para a liderança espiritual. Querer ser o que outros são, ter o que os outros têm,
invejar, tentar ser o que não se é, é falta de integridade. O
que você é e o que você finge ser repartem seu caráter ao meio.
O que você e fato tem e o que insistentemente deseja ter, faz você viver e existir num patamar fora de sua real
realidade e rasga o seu ser ao meio, deixando brechas que são exploradas pelo inimigo produzindo resultados visíveis em pessoas sem integridade.
Há pessoas que não conseguem viver pacificamente com a sua própria realidade e querem viver a de outrem.
Vivem angustiadas entre aquilo que gostariam de ser/ter/fazer e aquilo que a sua realidade lhes oferece de fato.
Quando falo de integridade, falo de uma vida que é o que é. Sem fissuras, sem pretensões, sem fingimentos, sem ilusões, sem desilusões, sem máscaras.
Sintomas de integridade: Quando você decide fazer algo, você o faz. Quando percebe que está além daquilo que
pode/consegue fazer ou ser ou ter, você não promete, mas se empenha a crescer para alcançar o patamar que lhe foi exigido. Se prometer, paga o preço e alcança aquilo por meios
lícitos e honrosos.
Sintomas da falta de integridade: constante atraso, desculpas, promessas não cumpridas, desânimo, mentira... No
fim, vida dupla e hipocrisia. Jesus não pode fazer nada para resolver o problema da
hipocrisia. É só você que tem que abandonar (cf. Sl. 32:1-2 – dolo em Hebraico: remiyah = falta de integridade, falsidade).
Esta maneira que a nossa cultura nos impele a ser de colocar os outros primeiro de maneira inconsciente, não é, para muitos nada mais e nada menos do que uma tática de
retardo, de auto-sabotagem, quando queremos validar a falta de integridade por uma polidez inconsciente.
Comprometimento Organizacional
Esse é um conceito que descreve o vínculo organizacional do indivíduo com uma instituição. O vínculo
pode ser estabelecido de várias formas. De acordo com Dela Coleta(2003) o comprometimento pode ser descrito como o
envolvimento com a organização que incita a realizar um esforço considerável em prol da empresa, sendo este afetado
pela natureza do vínculo. De acordo com Bastos (1993) o vinculo organizacional
(Comprometimento) pode ter 5 abordagens encontradas
normalmente na Bibliografia: 1. Afetivo, também chamado atidudinal: o indivíduo se
identifica com a organização e com os objetivos dela e deseja manter-se como membro, de modo a facilitar a consecução desses objetivos. O comprometimento
afetivo é aquele associado à idéia de lealdade, desejo de contribuir, sentimento de orgulho em permanecer
na organização. 2. Calculativo ou instrumental: comprometimento como
função das recompensas e dos custos pessoais, vinculados à condição de ser ou não membro da organização. O comprometimento seria fruto de um
mecanismo psicossocial de trocas e de expectativas
entre o indivíduo e a organização, em aspectos como salário, status e liberdade.
3. Sociológico: relação de autoridade e de subordinação. O comprometimento do trabalhador se expressa no
interesse em permanecer no atual emprego porque percebe a legitimidade da relação
autoridade/subordinação. Desta forma, os indivíduos levam para o trabalho tanto uma orientação para seus papéis de subordinados, quanto um conjunto de
normas que envolvem os modos corretos de dominação.
4. Normativo: internalização de pressões normativas de comportamento.
5. Comportamental: manutenção de determinadas
condutas e de coerência entre seu comportamento e as suas atitudes. O comprometimento “pode ser
equiparado com sentimentos de auto-responsabilidade por um determinado ato, especialmente se eles são
percebidos como livremente escolhidos, públicos e irrevogáveis”. Desta forma, as pessoas tornam-se comprometidas a partir de suas próprias ações,
formando um círculo de auto-reforçamento no qual cada comportamento gera novas atitudes que levam a
comportamentos futuros, em uma tentativa de manter a consistência.
Mulller e Cols (2005) estudaram o comprometimento organizacional em supermercados tentando descrever a correlação entre Comprometimento Organizacional e o
atingimento dos objetivos da empresa. De acordo com Pinto Jr (2001),dentre os preditores de
Desempenho as caracteristicas do vinculo do individuo com a organização é um dos mais fortes. Sendo assim, Comprometimento Organizacional é um dos preditores
importantes de desempenho organizacional. As características de personalidade não tem grande significado no desempenho
quando comparado com suporte material, suporte do chefe e Compromentimento.
Motivação pelos olhos da ciência
Destacaremos alguns capítulos do livro de Edward Deci,
Por que fazemos o que fazemos29
um dos autores de maior
destaque nesta área, mas que não dispensa outros artigos
científicos e livros publicados.30
Algumas perguntas precisam ser respondidas: é possível motivar alguém? É função de o líder motivar a igreja para uma determinada tarefa, atividade ou para uma visão?
Quanto uma pessoa, por mais competente que seja, pode motivar outra pessoa que não quer ser motivada? Que
materiais ou instrumentos podem ser utilizados para uma motivação não-manipuladora e não-controladora? Qual a diferença entre motivação intrínseca e extrínseca? Motivação é
o mesmo que condicionamento? O que motivação tem a ver com treinamento e membros de igreja e com o ciclo de
discipulado?
Motivação Intrínseca e Extrínseca:
Obstáculos e soluções: Há alguns obstáculos típicos para a motivação da
maioria das pessoas:
1) falta de capacidade de fazer o que se está pedindo. Solução? “TEM”: Treinamento, ensino, mentoreamento.
2) falta de coragem de tentar. Aqui tem algum medo que precisa ser trabalhado. Medo de errar (sentimentos perfeccionistas). Solução: Se levamos em consideração 1
João 4:18, que “no amor não há medo”, pessoas que têm medo precisam aprender a amar e ser amadas. São pessoas
que pensam (motivadas por sua experiência passada) que se não fizerem tudo certo, correm o risco de serem rejeitadas.
3) falta de liberdade. Solução? Quando as pessoas não se dispõe a se envolver em uma atividade proposta por este
motivo, é necessário diminuir o grau de controle e fiscalização. Dar espaço e condições para as pessoas desenvolverem atividades com sua iniciativa e criatividade apoiando e
orientando suas iniciativas, é a melhor saída. Às vezes estruturas têm que ser mudadas e líderes controladores têm
que mudar de atitude ou às vezes o líder tem que ser mudado por inibir a iniciativa e motivação de uma igreja inteira.
4) falta de entender o projeto ou atividade. Solução:
esclarecimento detalhado do projeto ou atividade. Esclarecimento da distribuição das funções e como cada
função vai colaborar com o todo. Esclarecimento do cronograma de trabalho, datas limites, etc..
5) falta de confiança. Pode ocorrer de haver um clima de desconfiança ou de inveja. Solução: confiança gera confiança. Trabalhar com pessoas desconfiadas de outros ou
de si mesmas precisa de um líder que mostre confiança. 6) falta de criatividade. Geralmente ligado a ambientes
controladores que prescrevem todos os detalhes do processo. Solução: diminuir o controle, aumentar a liberdade de ação,
trabalhar com alvos finais deixando o caminho para alcançá-los para cada um com sua criatividade.
Necessidades pessoais e motivação Abraham Maslow (1909 – 1970). Os degraus da
pirâmide Maslow são: Necessidades fisiológicas: As necessidades fisiológicas são satisfeitas mediante comida,
bebidas, sonho, refúgio, ar fresco, uma temperatura apropriada, etc… Se todas as necessidades humanas deixam
de ser satisfeitas então as necessidades fisiológicas se transformam na prioridade mais alta. Se oferecerem a um
humano soluções para duas necessidades como a necessidade de amor e o fome, é mais provável que o humano escolha
primeiro a segunda necessidade, (a de fome). Como resultado, todos os outros desejos e capacidades passam a um plano
secundário. Necessidades de segurança: Quando as necessidades fisiológicas são satisfeitas então o ser
humano se volta para as necessidades de segurança. A segurança se transforma no objetivo de principal prioridade
sobre outros. Uma sociedade tende a proporcionar esta segurança a seus membros. Exemplos recentes dessa perda de segurança incluem a Somália e o Afeganistão. Às vezes, a
necessidade de segurança ultrapassa a necessidade de satisfação fácil das necessidades fisiológicas, como passou,
por exemplo, os residentes de Kosovo, que escolheram deixar uma área insegura para buscar uma área segura, contando
com o risco de ter maiores dificuldades para obter comida. Em caso de perigo agudo a segurança passa a frente das necessidades fisiológicas.
Necessidades de amor, Necessidades sociais: Devemos ressaltar que não é possível fazer equivaler o sexo
com o amor. Mesmo que o amor pode se expressar como parte sexualmente, a sexualidade pode em momentos ser considerada só na sua base fisiológica.
Ver livro sobre motivação do Altair
Necessidades de estima, Necessidade de Ego: Isto se refere à valorização de um mesmo outorgado
por outras pessoas.
Necessidades do ser, Necessidades de Auto-estima é a necessidade instintiva de um ser humano de fazer o máximo
que pode dar de si, suas habilidades únicas. Maslow o descreve desta forma: “Um músico deve fazer música, um
pintor, pintar, um poeta, escrever, se quer estar em paz consigo mesmo. Um homem (ou mulher) deve ser o que pode chegar a ser. Enquanto as anteriores necessidades podem ser
completamente satisfeitas, esta necessidade é uma força impelente contínua.
Motivação:
Maslow nos oferece vários códigos no âmbito da motivação. Se quisermos motivar às pessoas que temos a nosso ao redor devemos buscar que necessidades têm
satisfeitas e tentar facilitar a consecução do degrau superior imediatamente.
Outro elemento que pode influenciar na motivação que uma pessoa tem está ligado à sua personalidade e
temperamento.
1 Sermão “Temple 1” pregado em 28 de Agosto de 2009 pertencente à série de sermões intitulada “The Temple” iniciada nesta data. 2 Estamos considerando 20.000 gotas por litro de água. O Maracanã tem
forma oval sendo que a medida do eixo maior é de 317 metros e a do menor 279m e sua altura no ponto mais alto é de 32m. 3 Barrett, David V. World Christian Encyclopedia. 1982. P ???? 4 Ver citação com Jean Zukowski. http://answers.google.com/answers/threadview?id=320929 http://www.paradisecafediscussions.net/printthread.php?tid=1925 http://en.wikipedia.org/wiki/Adventism 5 Nenhuma destas tabelas corresponde com a realidade do que aconteceu.
O Crescimento se dá menos ordenado do que o ritmo descrito uniforme descrito nestas tabelas. Aliás o crescimento de igreja não se submete a nenhum padrão pré estabelecido, como diz o apóstolo Paulo em I Co. 3:7 e
8: “Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. De modo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o
crescimento.” 6 George, Carl F. How to Break Growth Barriers. Grand Rapids, MI: Baker Books House, 1993, p.18.
7 George, Carl F. How to Break Growth Barriers. Grand Rapids, MI: Baker Books House, 1993, p.18.
8 Apelo Urgente por Reavivamento e reforma, discipulado e evangelismo
veja: http://reavivamentoereforma.com/apelo-urgente-por-reavivamento-
reforma-discipulado-e-evangelismo/ 9 Veja: http://reavivamentoereforma.com/o-que-e-reavivamento-e-
reforma-espirituais-pastor-alberto-r-timm/
10 White, Ellen G. Atos dos apóstolos. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2002, p. 12. 11 Deci, Edward. Por que fazemos o que fazemos. ???????? 12 Estamos generalizando uma informação que é pertinente a regiões tanto na área da igreja mundial como na área de nosso país e nossa divisão. Conforme a secularização e a pós modernização da sociedade vai
avançando em certa região, conforme o conforto produzido pela prosperidade vai avançando, menor vai se tornando o zelo missionário nesta região. 13 Monteiro, Rafael Luiz. Discipulado: Caminho de renovação e Crescimento para a Igreja. Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2004, p.11-127.
14 Friberg, Barbara e Friberg, Timothy. Novo Testamento Grego Analítico. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1987, p.105.
15 Rienecker, Fritz e Rogers, Cleon. Chave Lingüistica do Novo Testamento
Grego. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1985, p.65.
16 Pós-cristianismo é a disposição geral de uma nação ou população que
incomodada com a corrupção, abuso de poder, hipocrisia e falta daquilo que basicamente o cristianismo se propôs a propagar, se volta contra o cristianismo, considerando-o como origem de todos os males. A nação
começa a combater o cristianismo por não entender que há algum benefício nele. Como Jesus falou: “Se a luz que há em ti são trevas, quão
grandes trevas serão.” (cf. Mt. 6:23). 17 Smith, Fred H. La Dinámica del Iglecrecimiento. Miami FL: Editorial Caribe, 1993, p.22.
18 http://www.theopedia.com/Ecclesiology. Pesquisado em 10 de Fevereiro de 2008.
19 Ibid.
20 Schwarz, Christian. Desenvolvimento Natural da Igreja. Curitiba – PR: Editora Evangélica Esperança, 1996, p. 25.
21 Clinton, J. Robert. The Making of a Leader. Colorado Springs, CO: Navpress, 1988, p. 44.
22 Peck, M. Scott. The Different Drum: Community making and Peace. New York: Touchstone Editions, 1987, p. 187.
23 Dybdall, Jon. Spiritual Formation. Anotações de sala de aulas no programa de D.Min. da Andrews para pastores da Divisão Trans-Européia no Newbold College em Julho de 2002.
24 Malphurs, . Strategic Planning.
25 Rainer, Thom S. & Geiger, Eric. Simple Church. Nashville, TN: B&H Publishing Group, 2006, p.68.
26 O termo reputação não está sendo aplicado exclusivamente com o
sentido moral com que geralmente o termo está sitiado nos meios “igrejeiros”. O termo aqui é usado mais no sentido de ter ascendência
sobre a igreja. A igreja respeita e admira o seu líder, por que ele a conquistou. Se o líder está “queimado” na igreja, dificilmente vai conseguir uma boa reação, mesmo frente a um bom diagnóstico e boa ação
proposta.
27 Wilkinson
28 Sabatismo esta sendo utilizado aqui como a prática de ir apenas aos Sábados à igreja, sem comprometimento com a causa Adventista que é ver
o breve retorno de Jesus Cristo.
29 Deci, Edward L. Por que fazemos o que fazemos. São Paulo: Editora Negócios, 1998. 30 BERGAMINI C. W. Motivação. São Paulo, Atlas, 2ª ed.,1989.
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