Post on 08-Jul-2015
SERPENTES PEÇONHENTAS
ANIMAIS VENENOSOS E PEÇONHENTOS
Animais Peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas, arraias
Animais Venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões) provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu)
O veneno produzido pelas serpentes é um complexo enzimático com finalidades principalmente digestivas, além de seu efeito defensivo contra predadores e outros animais que representem perigo. Nas serpentes peçonhentas a capacidade de veneno está associada às ações tóxicas que neutralizam e matam a presa durante a captura
O mecanismo utilizado pelas serpentes peçonhentas para injetar veneno são os dentes e a ação muscular sobre as glândulas
A AUDIÇÃO DAS SERPENTES
As serpentes não possuem ouvido externo, médio e nem tímpano. São praticamente surdas. Não são capazes de ouvir sons mas sim vibrações
físicas (mecânicas) fortes, como passos, queda de objetos, que chegam ao cérebro do animal por um pequeno osso (chamado columela) que une a
base da mandíbula à caixa craniana
Se a columela vibrar, a serpente percebe o som sem, contudo, precisar corretamente a direção
O OLFATO DAS SERPENTES
O principal órgão de orientação, capaz de suprir as deficiências visuais e auditivas é o olfato
Todo o sistema de captação de partículas dispersas no ar, que constituem o odor, é realizado pela língua
Quando em movimento, as serpentes agitam constantemente a sua língua bífida (com duas pontas). Cada vez que a língua é projetada para fora da boca, uma secreção grudenta faz com que as partículas dispersas no ar fiquem aderidas às duas pontas, razão pela qual ela vibra rapidamente para que a maior quantidade possível de elementos fiquem aderidos às extremidades
Quando a língua é retraída, antes de ser limpa e banhada novamente com a secreção, cada ponta , com a secreção contendo as partículas coletadas no ar, é introduzida em um orifício localizado no 'céu da boca' onde as partículas são depositadas e analisadas. A ponta que estava mais próxima da fonte de odor terá mais partículas e isto é o suficiente para fornecer com precisão a direção
UM SENSOR INFRAVERMELHO
As serpentes são carnívoras e caçadoras por natureza. Todos os animais de 'sangue quente' (aves e mamíferos), corretamente denominados de homeotérmicos, emitem raios de calor do tipo infravermelho, formando uma espécie de ‘aura' invisível
As serpentes noturnas, que alimentam-se de animais homeotérmicos, possuem, de cada lado da cabeça, um orifício entre o olho e a narina, chamado de Fosseta LorealFosseta Loreal
Estas aberturas possuem uma membrana ricamente enervada com terminações nervosas capazes de perceber variações de calor de até 0,5 graus Celsius num raio de 5 metros de distância
As emissões de calor, emanadas pelo animal homeotérmico, atingem a membrana e criam uma 'imagem térmica' altamente precisa, fornecendo o tamanho do animal (através das concentrações dos raios infravermelhos), a distância (através da variação de temperatura) e os movimentos (pelo deslocamento da 'imagem térmica')
COMO IDENTIFICAR
A identificação prática entre peçonhentas e não peçonhentas é feita pela presença da fosseta lorealfosseta loreal associada ao tipo de dentiçãotipo de dentição. A única exceção são as Corais
Podemos dizer de maneira geral que toda serpente que tiver fosseta loreal ou colorido vermelho, preto, branco (ou amarelado) sob a forma de anéis no corpo, com presas situadas na parte anterior da boca são peçonhentas, com exceção das falsas corais que, apesar do colorido vermelho no corpo, não são peçonhentas
COMO IDENTIFICAR
COMO IDENTIFICAR
BothropsBothrops Jararacas. Apresentam cauda lisa
CrotalusCrotalus Cascavéis. Apresentam cauda com chocalho
LachesisLachesis Surucucus. Apresentam cauda com escamas arrepiadas
COMO IDENTIFICAR
Corais: Apesar de terem o veneno mais tóxico, entre as serpentes brasileiras, não possuem fosseta loreal, uma vez que, apesar de noturnas, não se alimentam de roedores (comem outras serpentes), não necessitando de um órgão térmico para localizar a presa
COMO IDENTIFICAR
LEGENDASerpente não peçonhenta. Não possui presas inoculadoras de peçonha. Pode morder, mas sua mordida não apresenta perigo algum. Algumas espécies matam suas presas por constrição. Exemplos: Jibóia, Sucuri e alguns colubrídeos
Serpente muito peçonhenta. Possui presas inoculadoras de peçonha localizadas anteriormente. Sua peçonha é muito tóxica, podendo ser fatal, se não utilizada a soroterapia. Os casos não fatais podem deixar seqüelas. Exemplos: Cascavéis, Jararacas, Surucucus e Corais-Verdadeiras
Serpente peçonhenta. Possui presas inoculadoras de peçonha, mas sua peçonha é pouco tóxica, ou suas presas inoculadoras são localizadas posteriormente. Podem causar acidentes de pouca gravidade, geralmente não-fatais. Exemplos: alguns colubrídeos e falsas-corais
TIPOS DE DENTIÇÃO
11
33
22
44Áglifa, Opistóglifa, Proteróglifa,
Solenóglifa
São 4 os tipos de dentição existentes:
TIPOS DE DENTIÇÃO
ÁGLIFAÁGLIFA Dentição que apresenta os
dentes iguais, não apresenta nenhum sulco ou canal para inoculação de veneno. Não apresentam perigo algum. Serpentes com esse tipo de dentição não são peçonhentas e matam suas presas por meio de constricção. Esses dentes são especializados para segurar a presa para que não escape na hora que vai se alimentar
EXEMPLOS: Jibóia, Salamanta, Caninana, Sucuri etc
TIPOS DE DENTIÇÃO
OPISTÓGLIFAOPISTÓGLIFA Tipo de dentição que apresenta o
dente inoculador posicionado na região posterior do maxilar superior. O dente não possui um canal interno e sim uma parte escavada, como uma calha por onde o veneno escorre penetrando na vitima ou presa. Este tipo de serpente com este tipo de dentição é chamada de semi-peçonhenta. Em caso de acidentes elas provocam uma sintomatologia semelhante ao da jararaca, apresentando edema importante, porém o Tempo de Coagulação não se altera
EXEMPLOS: Cobra Cipó, Cobra Verde, Coral Falsa etc
TIPOS DE DENTIÇÃO
PROTERÓGLIFAPROTERÓGLIFA Dentição não muito eficiente,
o dente inoculador não possui um orifício bem definido, e assemelha-se a uma agulha hipodérmica. Está localizado na parte anterior do maxilar superior sendo pequeno e fixo
EXEMPLOS: As Corais Verdadeiras, as Najas, Mambas e Serpentes Marinhas No Brasil ocorre apenas a coral
TIPOS DE DENTIÇÃO
SOLENÓGLIFASOLENÓGLIFA Tipo de dentição de serpente
peçonhenta sendo altamente especializado. O mais eficiente dos dentes das peçonhentas. O dente inoculador possui um canal interno por onde o veneno passa, sendo introduzido para dentro da vitima, como uma injeção intra-muscular. Esse dente é projetado para frente na hora do bote devido a sua estrutura craniana, onde em alguns ossos existe articulações que direcionam a presa para frente, sendo retraído quando o animal volta à sua posição normal
EXEMPLOS: Jararaca, Surucucu, Cascavel
PRINCIPAIS GRUPOS DE SERPENTES PEÇONHENTAS
No Brasil, as serpentes causadoras de acidentes com potencial para desenvolver quadro clínico grave, as peçonhentas, estão divididas em quatro grupos:
1.1. BotrópicoBotrópico (Jararacas)2.2. LaquéticoLaquético (Surucucus)3.3. CrotálicoCrotálico (Cascavéis)
4.4. ElapídicoElapídico (Corais)
GÊNERO: BothropsO gênero BothropsBothrops é encontrado principalmente em zonas rurais e
periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha).
O acidente botrópico é responsável por cerca de 90% dos envenenamentos em nosso país.
Jararaca (Jararaca (Bothrops jararacaBothrops jararaca) ) Coloração esverdeada com desenhos semelhantes a um “V” invertido, corpo delgado medindo aproximadamente 1m.
Sua picada causa muita dor e edema no local, podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-existentes.
É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Seu veneno tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica.
GÊNERO: Bothrops
Cruzeira, Urutu (Cruzeira, Urutu (Bothrops alternatusBothrops alternatus))Coloração marrom escuro, possui
desenhos em forma de gancho de telefone. Mede aproximadamente 1,5m. Encontrada em vegetação rasteira, perto
de rios e lagos ou plantações. Sua picada causa muita dor local,
podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos pré-
existentes
É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Seu veneno tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica
JARARACAS (Bothrops)
URUTUURUTUBothrops alternatus
JARARACA DO JARARACA DO NORTENORTEBothrops atrox
JARARACA DA SECAJARARACA DA SECABothrops erythromelas
COTIARACOTIARABothrops fonsecai
11 22
4433
JARARACAS (Bothrops)
55 66
8877
JARARACA ILHOAJARARACA ILHOA Bothrops insularis
JARARACAJARARACABothrops jararaca
JARARACUÇUJARARACUÇU Bothrops jararacussu
JARARACAJARARACABothrops leucurus
JARARACAS (Bothrops)
99
1111
1010JARARACA ILHOAJARARACA ILHOA Bothrops moojeni
JARARACAJARARACABothrops neuwiedi
JARARACA VERDEJARARACA VERDEBothriopsis bilineata
GÊNERO: CrotalusCascavel (Crotalus durissus)Cascavel (Crotalus durissus)
Coloração marrom-amarelada, corpo robusto, medindo aproximadamente 1m. Apresenta chocalho na ponta da cauda
Após a picada, o paciente apresenta visão dupla e borrada e sua face se apresenta alterada (pálpebras caídas, aspecto sonolento). A urina pode se tornar escura de 6 a 12 horas após a picada
É encontrada nos Estados de Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
Seu veneno tem ação neurotóxica, miotóxica e coagulante
GÊNERO: LachesisSurucucuSurucucu ((Lachesis mutaLachesis muta))
Também conhecida como pico-de-jaca. A cauda apresenta escamas eriçadas como uma escova. É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5m
São encontradas apenas em áreas de floresta tropical densa, como a Amazônia, pontos da Mata Atlântica e alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste
Seu veneno tem ação proteolítica, coagulante, hemorrágica e neurotóxica
GÊNERO: MicrurusCoral Verdadeira (Coral Verdadeira (Micrurus sp.Micrurus sp.))
Possui anéis vermelhos, pretos e brancos ao redor do corpo, medindo entre 70 e 80cm. Se esconde em buracos, montes de lenha e troncos de árvores
Após a picada, o paciente apresenta a visão dupla e borrada, a face se apresenta alterada (pálpebras caídas, aspecto sonolento), dores musculares e aumento da salivação. Insuficiência respiratória pode ocorrer como complicação do acidente
É encontrada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Bahia Seu veneno tem ação neurotóxica
CORAIS VERDADEIRAS
Micrurus corallinus
Micrurus frontalis
CORAIS VERDADEIRAS
Micrurus lemniscatus
Micrurus decoratus
CORAIS VERDADEIRAS
Micrurus nigrocinctus
Micrurus tschudii
CORAIS VERDADEIRAS
Micrurus multifasciatus
Micrurus albicinctus
CORAIS VERDADEIRAS
Micruroides euryxanthus
Micrurus brasiliensis
CORAIS VERDADEIRAS
Micrurus anellatus
Espécie de coral verdadeira que
possui coloração bastante diversa
do que se esperaria ser o comum de uma
cobra coral
FALSAS CORAIS
Apesar dos anéis coloridos no corpo, não são peçonhentas.
Enquanto que nas corais verdadeiras o corpo é coberto
de tríades completas que circulam o dorso e ventre, no caso das falsas corais essas
tríades não circundam, apenas ficam no dorso e lateral, o
ventre fica branco Lampropeltis triangulum
FALSAS CORAIS
Oxyrhopus guibei
Erythrolamprus aesculapii
FALSAS CORAIS
Elapomorphus tricolor
Anilius scytale
FALSAS CORAIS
Lystrophis semicinctus
Simophis rhinostoma
FALSAS CORAIS
Pseudoboa rhombifer
Oxyrhopus petola
COMO EVITAR ACIDENTES
USE BOTAS: O uso de botas de cano alto evita até 80% dos acidentes (geralmente as cobras picam do joelho para baixo). Botinas e sapatos evitam até 50% dos acidentes. Mas antes de calçá-los, verifique se dentro deles não há cobras, aranhas ou outros animais peçonhentos
PROTEJA AS MÃOS: Não enfie as mãos em tocas, cupinzeiros, ocos de troncos, etc. Use um pedaço de pau. Na colheita manual é preciso estar sempre atento para evitar surpresas. Protegendo as pernas e as mãos, você reduzirá ao máximo o risco de acidentes
ACABE COM OS RATOS: Eles atraem cobras. Mantenha sempre limpos os terrenos, quintais, paióis e plantações. A maioria das cobras alimentam-se de roedores
PRESERVE OS PREDADORES: Emas, seriemas, gaviões, gambás e a cobra Muçurana são os predadores naturais das cobras venenosas e garantem o equilíbrio do ecossistema
CONSERVE O MEIO AMBIENTE: Desmatamentos e queimadas devem ser evitados. Além de destruir a natureza, provocam mudanças de hábitos dos animais, que se refugiam em paióis, celeiros ou mesmo dentro das casas. Também não se deve matar as cobras. Eles contribuem para o equilíbrio ecológico, alimentando-se de ratos
PRIMEIROS SOCORROS
Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão
Manter o paciente deitado, se possível
Manter o paciente hidratado, se possível
Encaminhar o paciente ao serviço médico mais próximo
Se possível, levar a serpente para identificação, viva ou morta
PRIMEIROS SOCORROS
NÃO FAZER EM HIPÓTESE NENHUMA:NÃO FAZER EM HIPÓTESE NENHUMA:
Não fazer torniquete ou garrote. Impedindo a circulação do sangue, você pode causar gangrena e necrose
Não cortar o local da picada Não perfurar ao redor do local da picada Não colocar folhas, pó de café ou qualquer coisa que possa
contaminar o local Não oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou qualquer outro
líquido tóxico Não fazer uso de qualquer prática caseira que possa retardar
ainda mais o atendimento médico
TRATAMENTO
O tratamento consiste na administração, o mais precocemente possível, do soro antiofídico, distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde para todos os hospitais e postos de atendimento médico
A dose utilizada deve ser a mesma para adultos e crianças, visto que o objetivo do tratamento é neutralizar a maior quantidade possível de veneno circulante, independentemente do peso do paciente
TRATAMENTO
Cada tipo de veneno ofídico requer um soro específico, preparado com o veneno do mesmo gênero de serpente que causou o acidente:
Antibotrópico Antibotrópico ((SABSAB)):: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara
Anticrotálico (SAC):Anticrotálico (SAC): para acidentes com cascavel Antilaquético (SAL):Antilaquético (SAL): para acidentes com surucucu Antielapídico (SAE):Antielapídico (SAE): para acidentes com coral Antibotrópico-crotálico (SABC):Antibotrópico-crotálico (SABC): para acidentes com
jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou cascavel Antibotrópico-laquético (SABL):Antibotrópico-laquético (SABL): para acidentes com
jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou surucucu
PARA MAIORES INFORMAÇÕES ENTRE EM
CONTATO: INSTITUTO VITAL BRAZIL
Endereço: Rua Vital Brazil Filho,64 – Niterói - RJ
Caixa Postal: 100.028Telefones: (021) 2711-3131 / (021) 2711-0012
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FIM
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