Breve análise do conto "Alguma coisa urgentemente" do escritor João Gilberto Noll

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Alguma Coisa UrgentementeJoão Gilberto Noll

Ana Carolina RibeiroGraduanda em Letras pela UNEB Campus IV

O presente trabalho é uma breve analise do conto Alguma Coisa Urgentemente, orientado pela Professora Doutora Juliana Salvadori. Tendo como intuito: considerar a importância do estudo da literatura em sala de aula.

Escrito pelo autor gaúcho João Gilberto Noll, “Alguma coisa urgentemente” é um conto de ordem contemporânea que ganhou prestígio no cenário literário brasileiro. O conto foi publicado primeiramente em 1980 no livro “O cego e a dançarina” e posteriormente selecionado pelo escritor Italo Moriconi para fazer parte do livro “Os cem melhores contos do século”.

Toda estrutura do conto está em sua introdução...

Os primeiros anos de vida suscitaram em mim o gosto da aventura. O meu pai dizia não saber bem o porquê da existência e vivia mudando de trabalho, de mulher e de cidade. A característica mais marcante do meu pai era a sua rotatividade. Dizia-se filósofo sem livros, com uma única fortuna: o pensamento. Eu, no começo, achava meu pai tão-só um homem amargurado por ter sido abandonado por minha mãe quando eu era de colo.

Morávamos então no alto da Rua Ramiro Barcelos, em Porto Alegre, meu pai me levava a passear todas as manhãs na Praça Júlio de Castilhos e me ensinava os nomes das árvores, eu não gostava de ficar só com os nomes, gostava de saber as características de cada vegetal, a região de origem.

Ele me dizia que o mundo não era só aquelas plantas, era também as pessoas que passavam e as ficavam e que cada um tem o seu drama. Eu lhe pedia colo. Ele me dava e assobiava uma canção medieval que afirmava ser a sua preferida. No colo dele eu balbuciava uns pensamentos perigosos: - Quando é que você vai morrer?- Não vou te deixar sozinho, filho!

O conto é narrado em primeira pessoa, por um personagem (anônimo) que inicia descrevendo algumas lembranças da infância e a sua relação com o seu pai:

Meu pai me levava a passear todas as manhãs na Praça Júlio de Castilhos e me ensinava o nome das árvores.

Até parece que estamos assistindo um romance ao ler:

Morávamos então na Rua Ramiro Barcelos. Mas esse efeito de formação de romance

é quebrado quando o narrador faz o primeiro corte:

No final de 1969 meu pai foi preso no interior do Paraná.

O garoto fica Orfão pela segunda vez

(a) Eu, no começo, achava meu pai tão-só um homem amargurado por ter sido abandonado por minha mãe quando eu era de colo

(b) No dia em que ele foi preso eu fui arrastado para fora da loja pela vizinha, de pele muito clara, que me disse que eu ficaria uns dias na casa dela

O personagem é levado para um colégio no interior de São Paulo, lá ele encontra outros garotos e sua mutação de criança para adolescência é passada dentro do colégio, onde ele aprende a si virar e lá também onde ele ouve relatos de um de seus colegas que dizia:

O meu pai foi assassino, me dizia ele com ódio nos olhos. O meu pai era bandido, ele contava espumando o coração.

Não sabemos contabilizar quanto tempo o pai passa preso, porém certo dia ele volta para buscá-lo:

Quando eu cresci meu pai veio me buscar e ele estava sem um braço. O padre me perguntou: - Você quer ir? Olhei para o meu pai e disse que já sabia ler e escrever.

O padre não é respondido, parece que o fato do pai voltar faltando-lhe um braço não tem a mesma urgência imediata do quanto dizer que agora ele já sabia ler e escrever. O conto faz o segundo corte, pai e filho seguem para São Paulo:

Na estrada para São Paulo paramos num restaurante. Eu pedi um conhaque e meu pai não se espantou. Lia um jornal.

Rio de Janeiro é o próximo destino do pai e do filho, a história por um momento volta a tentar se estabilizar:

Meu pai me pôs no colégio em Copacabana e comecei a crescer como tantos outros adolescentes.

Essa relação entre os dois é rompida quando mais uma vez o seu pai o abandona: Não gostava de constatar o quanto me atormentava algumas coisas. Até meu pai desaparecer novamente. Fiquei sozinho no apartamento da Avenida Atlântica.

No dia seguinte, o pai volta, agora,

faltando-lhe mais uma parte: apareceu na porta

muito magro, sem dois dentes, o filho conta sobre o

acontecido: me prostitui, fui com um homem em troca de

trezentas pratas e o pai não se surpreende, apenas

o aconselha a procurar fazer outra história da

vida e completa: - Eu vi para morrer. A minha morte vai

ser um pouco badalada pelos jornais, a polícia me odeia.

Pai e filho: idas e voltas

Presença do Pai Infância Porto

Alegre

Abandono no interior do

Paraná

Vida Solitária no interior de

São PauloO Pai volta

Abandono no Rio de Janeiro

Alfredinho me olhava como se eu estivesse falando coisas que assustassem ele, ficou com uma cara de babaca, meio desconfiado (...) meu pai me chamou, era a primeira vez que meu pai me chamava pelo nome, eu mesmo levei um susto de ouvir meu pai me chamar pelo meu nome.

O personagem narrador, aflito, deseja que Alfredinho vá embora:

Eu levantei e disse que tinha que fazer uns negócios, e ele foi caminhando em direção à porta, como se estivesse com medo de mim (...) e fui correndo pro quarto e vi que o meu pai estava com os olhos duros olhando pra mim, e eu fiquei parado na porta do quarto pensando que eu precisava fazer ALGUMA COISA URGENTEMENTE.

Sobre o autor

Analisar um texto requer atenção

Analisar um texto requer atenção

Propostas de atividade

Proposta 1

• Trabalhar com o filme Nunca Fomos Tão Felizes

Proposta 2

• Trabalhar com o livro Infância Roubada: crianças atingidas pela ditadura militar no Brasil

Trabalhando com o filme

. Os alunos assistirão os 20 minutos iniciais do filme

. Os alunos deverão relacionar o filme com o conto

. Discutirei a proposta da atividade

Nunca Fomos Tão Felizes

Nunca Fomos tão felizes

Trabalhando com o livro

. A turma de alunos será dividida e cada grupo ficará com um depoimento do livro, os alunos deverão escrever um texto falando a relação do depoimento com o conto.

. Farei discussão a cerca das apresentações dos textos e em seguida falarei sobre a importância da leitura da literatura.

Infância Roubada: Crianças atingidas pela ditadura militar no Brasil

f

“A obra de ficção nos encerra nas fronteiras de seu mundo e de uma forma ou de outra, nos faz levá-las a sério”

Umberto Eco

Referênciashttps://www.youtube.com/watch?v=84YCCEh6hE <Acesso em 09 de Abril de 2016 às 08:45https://www.youtube.com/watch?v=qgOiYD8holg&nohtml5=False <Acesso em 09 de Abril de 2016 às

10:23https://www.youtube.com/watch?v=C2IH3cBWvGI&nohtml5=False<Acesso em 10 de Abril de 2016 às 08:47https://tvbrasil.ebc.com.br/cinenacional/episodio/nunca-fomos-tao-felizes <acesso em 10 de Abril às 11:51COSTA, Rafael Martins da. “O Antienredo de João Gilberto Noll” In:Língua, Literatura e

Ensino.Maio/2009.Vol.IVhttps://www.youtube.com/watch?v=84YCCEh6hE <Acesso em 09 de Abril de 2016 às 08:45https://www.youtube.com/watch?v=qgOiYD8holg&nohtml5=False <Acesso em 09 de Abril de 2016 às

10:23https://www.youtube.com/watch?v=C2IH3cBWvGI&nohtml5=False<Acesso em 10 de Abril de 2016 às 08:47https://tvbrasil.ebc.com.br/cinenacional/episodio/nunca-fomos-tao-felizes <acesso em 10 de Abril às 11:51COSTA, Rafael Martins da. “O Antienredo de João Gilberto Noll” In:Língua, Literatura e

Ensino.Maio/2009.Vol.IV