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7/22/2019 Caderno1 Educador Agricultura Familiar
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Agricultura FamiliarIdentdade, Cultura, Gnero e Etnia
Caderno Pedaggico Educadoras e Educadores
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AgriculturaFamiliar
ProJovem Campo - Saberes da TerraMinistrioda Educao
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Caderno Pedaggico Educadoras e Educadores
Agricultura
FamiliarIdendade, Cultura,Gnero e Etnia
Coleo Cadernos PedaggicosProJovem Campo-Saberes da Terra
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Ministrio da Educao/SECADEsplanada dos MinistriosBloco L - Edifcio Sede2o andar - sala 200
CEP 70.047-900BRASLIA - DF
Ministrioda Educao
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Agricultura
FamiliarIdendade, Cultura,Gnero e Etnia
Coleo Cadernos PedaggicosProJovem Campo-Saberes da Terra
Ministrioda EducaoBRASLIA | DF | 2010
Caderno Pedaggico Educadoras e Educadores
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2010. SECAD/MEC
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao Connuada, Alfabezao e DiversidadeDiretoria de Educao para a DiversidadeCoordenao Geral de Educao do Campo
CoordenaoArmnio Bello Schmidt
Sara de Oliveira Silva LimaWanessa Zavarese Sechim
Equipe Tcnica Pedaggica SECAD/MEC
Eduardo DAlbergaria de Freitas
Eduardo Gis de Oliveira
Gilson da Silva Costa
Joo Staub Neto
Jos Roberto Rodrigues de Oliveira
Lisnia de Giacome
Michiele Morais de Medeiros Delamra
Oscar Ferreira de Barros
Equipe Tcnica Pedaggica - UFPE/NUPEP
Joo Francisco de Souza (In Memorian)
Zlia Granja Porto
Karla Tereza Amlia Fornari de Souza
Rigoberto Flvio Melo Arantes
Maria Fernanda Alencar
Almeri Freitas de Souza
Equipe Tcnica Pedaggica - UFPA
Jaqueline Cunha da Serra Freire
Evandro Medeiros
Romier da Paixo Souza
Evanildo Estumano
Editorao de comunicaoDirceu Tavares de Carvalho Lima Filho
Projeto grcoAdrianna Rabelo Coutnho
IlustraoHenrique Koblitz Essinger
RevisoAntnio Neto das Neves
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Centro de Informao e Biblioteca em Educao (CIBEC)
Agricultura familiar: idendade, cultura, gnero e etnia: caderno pedaggico educadoras e educadores / Coordenao: Armnio Bello
Schmidt, Sara de Oliveira Silva Lima, Wanessa Zavarese Sechim. Braslia : Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Connuada,
Alfabezao e Diversidade, 2010.
140 p. il. - (Coleo Cadernos Pedaggicos do ProJovem Campo-Saberes da Terra).
ISBN 978-85-7994-056-9
1. Educao popular. 2. Agricultura familiar. 3. Educao de Jovens e Adultos. 4. Educao no Campo. I. Brasil. Ministrio da Educao.
Secretaria de Educao Connuada, Alfabezao e Diversidade. II. Schmidt, Armnio Bello. III. Lima, Sara de Oliveira Silva. IV. Sechim,
Wanessa Zavarese.
CDU 374.71
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APRESENTAO DO CADERNO
CARTA AOS EDUCADORES E S EDUCADORAS
1. TEMPO ESCOLA DE ACOLHIDA
1.1. Ementa
1.2. Objevos1.3. Aprendizagens desejadas
1.4. Tempo formavo
1.5. Jornadas Pedaggicas
1.5.1. Acolhimento do Eu, do Outro, de Ns
1.5.2. Estudando o Ambiente da Escola
1.5.3. Conhecendo a Turma de Educandos/as
1.5.4. Construo de Acordos Colevos e Organizao de Grupos
de Estudo e Trabalho
1.5.5. Propondo a Construo do Plano de Pesquisa
1.5.6. Produzindo a Sntese do Tempo Escola de Acolhida
Sumrio
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2. O EIXO TEMTICO I
- Problemtca
- Ementa
- Questes de Pesquisa- Aprendizagens Desejadas
- Crculo de Dilogos
- Jornadas Pedaggicas
- Integrao de Saberes
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3. SUGESTES DEROTEIRO PARA PLANEJAMENTO
DAS JORNADAS PEDAGGICAS
- Sugestes de Outras Possveis Jornadas Pedaggicas
- Construindo Idendades da Agricultura Familiar
- Para Ler, Refer e Debater
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Argilcqua
Costurando nossas histrias
Entre o Campo e a Cidade
Mandala
Culturalidades: os Brasis da gente
Mapeaculturando
Cultura Midica
Generalizando
Um problema que no genrico!
Etnicidades
Pajelana
Jornaa
Conclusividade
Avaliao Processual e Sistemazao
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5.ANEXOS
Anexo 1.
Proposta de Roteiro para Entrevista
Anexo 2.
Questes de Pesquisa
Anexo 3.
Defnio dos Procedimentos de Pesquisa
Anexo 4.
Relacionando os Saberes Integrados
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NOVA CULTURA NO CAMPO BRASILEIRO:
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a Agricultura Familiar Sustentvel
Apresentao do Caderno
A
Coletnea CADERNOS PEDAGGICOSest organizada em cadernos para
a Educadora e o Educador, bem como
para as Educandas e os Educandos,
com o objevo de oferecer subsdios
para que cada segmento do ProJovemCampo Saberes da Terra, no TempoEscola e no Tempo Comunidade, avance,
respecvamente, na sua formao
docente e na qualicao social e
prossional com elevao da escolaridade
(concluso do Ensino Fundamental).
Essa coletnea deseja contribuir para
um processo de estudo produvo e
agradvel. Claro que, enquanto subsdios
pedaggicos, os Cadernos no do
conta de todas as questes do processo
pedaggico do ProJovem Campo Saberes da Terra nas salas de aula.Possibilitam, contudo, uma metodologia
de estudo e, portanto, de construo de
saberes. Metodologia que, lanando mo
dos Cadernos, do Acervo Bibliogrco
de cada escola e do Laboratrio, sendo
este a vida da comunidade e do entorno,
possibilitar o desenvolvimento das
habilidades intelectuais (elevao da
escolaridade), prossionais (tcnicas
necessrias ao manejo das diferentes
ocupaes do Arco Ocupacional Produo
Rural Familiar) e socioambientais
(interveno na comunidade e na
sociedade) para a autoformao e a
transcendncia social de todos os sujeitos
educavos no seu crescimento humano
pessoal, prossional e colevo.
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A esse conjunto de procedimentos
didcos se denominou PERCURSO
FORMATIVO, que contempla a base
conceitual e metodolgica estruturante
do Programa a m de subsidiar os sujeitos
educavos do campo engajados naconstruo da caminhada do ProJovem
Campo Saberes da Terra no Brasil. A
proposta que, ao ser vivenciado, seja
mediado pelas idias, pelas concepes,
pelos valores, pelas experincias,
pelas competncias, pelos desejos dos
sujeitos educavos envolvidos na sua
dinamizao.
A inteno deste Caderno Pedaggico
, portanto, criar condies para acompreenso, interpretao e explicao
das contradies, das ambigidades,
dos conitos e das possibilidades
dos problemas que envolvem o Eixo
Arculador, Agricultura Familiar e
Sustentabilidade, por meio de cinco eixos
temcos, os quais se propem construir
respostas s suas problemcas. Os Eixos
Temcos so:
1. Agricultura Familiar: idendade,cultura, gnero e etnia.
2. Sistemas de produo e processos de
trabalho no campo.
3. Cidadania, organizao social e
polcas pblicas.
4. Economia solidria.
5. Desenvolvimento sustentvel e
solidrio com enfoque territorial.
No caso deste Caderno, a primeira tarefa qual se prope que cada segmento
(do/a educador/a e do/a educando/a)
idenque os problemas que o Eixo
Temco 1, como uma dimenso do
Eixo Arculador, apresenta para ossujeitos educavos, a comunidade, o
territrio, a regio e o Brasil, por meio
dos conhecimentos que j possuem
sobre o assunto, conhecimentos que a
mdia, as autoridades, as instuies, os
Movimentos Sociais, as Cincias difundem
sobre esses problemas. Dessa forma,
ser possvel a construo de um saber
mais amplo, consistente e l sobre os
problemas e as possveis solues deles.
A segunda tarefa construir uma sntese
geral a parr das snteses elaboradas
individual ou colevamente em cada
passo do estudo do Eixo Temco. As
snteses dos estudos constuem um
processo analco a parr de invesgaes
de campo e bibliogrcas (estudando
e fazendo cincias humanas, sociais,
da natureza e agrcolas: contedos
educavos) que iro sendo documentadas
por meio dos contedos instrumentais
(linguagens verbais, arscas e
matemcas) ao tempo que se aprende
a elaborar projetos de interveno
social (contedos operavos) para
oferecer saberes e sugestes de ao que
possibilitem uma vida decente a todas
e a todos. Portanto, objeva possibilitar
avanos na construo de nossa
humanidade famlia, comunidade, ao
entorno territorial e regional, bem como
ao pas, para que possamos viver uma
democracia expansiva.
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Foto Arquivo Cetap/Curso de Alimentao 13/11/2006
As snteses de cada passo do estudo
do Eixo Temco (escritas, cantadas,
pintadas, calculadas...) serviro de
matria-prima para a construo da
sntese nal de cada eixo. Esse ser o
novo conhecimento produzido coleva
e individualmente sobre a problemca
representada pelo eixo temco. A
sntese de cada eixo temco servir de
matria-prima na elaborao da sntese
nal do Eixo Arculador. Dessa forma,
pretende-se contribuir com a construo
de uma NOVA CULTURA NO CAMPO
BRASILEIRO: a Agricultura Familiar
Sustentvel. Essa sntese geral nal
expressar o conhecimento produzido
no processo invesgavo, vivido
didacamente pelos sujeitos educavos.
Uma nova cultura pode avanar nos
campos brasileiros!
Entende-se CULTURA como a inter-
relao entre as condies materiais,
associavas e simblicas da existncia
humana; a orientao axiolgica (teorias
que explicam a questo de valores) do
pensar, do senr e do fazer humano
e seus produtos (artefatos culturais).
Condies materiais que s podem ser
produzidas associavamente (organizadas
ou instucionalmente) com juscavas
cas, estcas, legais e intelectuais
(condies simblicas).
Ter-se-o duas snteses gerais no nal do
processo de construo dos saberes do
ProJovem Campo Saberes da Terra:
uma de cada estudante e outra que
represente as concluses colevas de
cada escola. Alm destas, haver uma
sntese dos/as educadores/as como
Monograa de Concluso do Curso de
Especializao ou Extenso Universitria.
Esses novos saberes podero ser
publicados como contribuio do
Programa ao equacionamento e
potencializao da Agricultura Familiar no
Brasil.
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Todas as snteses, desde as parciais decada Jornada Pedaggica at a nal doEixo Arculador, constuiro informaesnecessrias aos PROCESSOS AVALIATIVOStanto das aprendizagens individuaiscomo colevas, ao longo da execuodo ProJovem Campo Saberes da
Terra, bem como das aprendizagens doeducando, do educador e do prprioPrograma.
OS CADERNOS PEDAGGICOS propemUM PROCESSO METODOLGICO quegarante a construo dos CONTEDOSPEDAGGICOS simultaneamente:
1: CONTEDOS EDUCATIVOS a parrdo/da estudo/discusso da realidadeconfrontada com as cincias humanas esociais, com as cincias naturais, agrriase suas tecnologias;
2: CONTEDOS INSTRUMENTAIS:nas linguagens verbais, arscas ematemcas e em suas tecnologias;
3: CONTEDOS OPERATIVOS:elaborao de projetos, planos eprogramas e suas tecnologias.
Cada Caderno Pedaggico estar assimestruturado:* Problemas/ objeto de saberes a seremconstrudos no Eixo Temco;* Ementa;* Aprendizagens;* Questes de pesquisa;
* Crculos de dilogo:- Construo coleva dos saberespela integrao de saberes populares,ciencos e tcnicos por meio deJornadas Pedaggicas e de outrastcnicas didcas.- Plano do Tempo Comunidade (Pesquisase Parlha de Saberes).
Este Caderno Pedaggico do EixoTemco Agricultura Familiar:
Idendade, Cultura, Gnero e Etnia
quer ser o primeiro passo na efevaodessa tarefa pelos conhecimentos edocumentos que ir formular paraa construo de uma concepo deagricultura familiar mais forte e paraa formao social e prossional comelevao da escolaridade dos/as jovensda Agricultura Familiar. O Eixo Temcopretende garanr tambm, portanto,o Arco Ocupacional Produo RuralFamiliar por meio da capacitaoprossional para as Ocupaes a elerelacionadas e que so prioritrias noPrograma: Sistemas de Culvo, Sistemasde Criao, Extravismo, Aqicultura e
Agroindstria.
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Entende-se esse novo saber, um saber
humano, conformado pelas dimenses
cognivas, polcas, cas, estcas etcnicas, como ser explicitado na Carta
aos Educadores e s Educadoras.
Desejamos que este Caderno Pedaggico
contribua, na sua diversidade de
concepes pedaggicas e de avidades,
com o processo de organizao do
trabalho pedaggico e com o dilogo de
saberes entre os sujeitos educavos.
Num lado dalista a genteescreve comopai mais mee v maisv curam osbichos. Nooutro ladoapontamoscomo oveterinrioexplicou comoa cincia trataos animais.
A gente vaidiscutir o que?Qual dos dois mais caro oumais baratopara cuidar dacriao?
Tem gente queeu conheo,que vai querersaber o quevai dar menostrabalho paraele.
Os saberes a serem produzidos nesse
Eixo Temco resultaro do confronto
de saberes dos/as educandos/as e desuas famlias com os saberes ciencos
e tecnolgicos sobre a diversidade
de agriculturas familiares, culturas,
idendades, gnero e etnias do Brasil,
objevando reer sobre a realidade
existente, as potencialidades e
possibilidades de reinveno do campo,
o fortalecimento das aes e dos vnculos
de pertencimento de trabalhadoras
e trabalhadores do campo, buscando
construir um novo saber humano sobre
a Agricultura Familiar Sustentvel, sua
importncia e a dignidade de seus sujeitos.
Desejamos que este Caderno Pedaggico contribua com oprocesso de organizao do trabalho pedaggico e com odilogo de saberes com as Educandas e os Educandos.
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A reinveno da Escola e da Agricultura Familiar
As educadoras e educadores
do Saberes da Terra,
ao ensinar a dialogar
com a tradio,
o saber popular,
a identdade nacional,
etnia e gnero, tambm
esto se formando para
serem cidados e cidads
de uma nova cultura mais
solidria, ecolgica e
sustentvel para o Brasil
e o Mundo.
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Carta
aos Educadores e s Educadoras
do PROJOVEM CAMPO SABERES DA TERRA
Carssimas e Carssimos
para as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros
Sabemos que o mundo atual representa para
todos ns um grande desao devido s suascontradies, aos conitos, s ambigidades e a falta
de oportunidades para muitos, mas tambm muitas
possibilidades. Isso verdade especialmente para
as jovens e os jovens do campo brasileiro. Por isso,
queremos apresentar-lhes nossos cumprimentos por
terem aceitado o chamado para esse trabalho.
O ProJovem Campo Saberes da Terra uma
oportunidade que vocs tero para contribuir com o
equacionamento desse amplo desao ao tempo que,
trabalhando com a juventude rural, tambm connuaroseu prprio processo de formao pessoal e prossional.
Para as jovens e os jovens, trata-se de um processo
formavo de qualicao social e prossional com
elevao da escolaridade no Ensino Fundamental.
Realizar essa tarefa ser para esses jovens e para vocs
mesmos uma contribuio inusitada na reinveno
da escola para as trabalhadoras e os trabalhadores
brasileiros, bem como na reinveno da Agricultura
Familiar.
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Pxa, em doisanos acaba-seo Fundamental!Aprendem-senovas tcnicasagrcolas. E nofuturo d prapensar em ir paraa Universidade.
OCurrculo da Formao tanto do/a educador/aquanto do/a educando/a est alicerado naEducao Popular como uma Pedagogia enquanto uma
Teoria Crca Geral da Educao1. Ser desenvolvido
a parr de um Eixo Arculador e de cinco Eixos
Temcos que sero trabalhados num amplo processo
investgatvo e formador do/a educando/a e do/a
educador/a durante os dois anos nos quais vocs
trabalharo na qualicao social e prossional com
elevao da escolaridade do jovem, concluindo o Ensino
Fundamental2 na modalidade Educao de Jovens eAdultos3.
Desejamos, ao nal de dois anos, durao do Curso do
ProJovem Campo Saberes da Terra, contar com jovens
concluintes do Ensino Fundamental e com uma formao
prossional inicial ao tempo que teremos construdo uma
nova concepo de Agricultura Familiar Sustentvel que
contribuir para a transformao do campo brasileiro,
permindo-nos argumentar consistentemente a favor de
sua expanso e consolidao. Contaremos, tambm, com
prossionais formados em Cursos de Especializao ouExtenso universitria formao connuada - a serem
oferecidos por Instuies de Ensino Pblicas para atuar
nesses processos polco-pedaggicos.
Tempo: 2 anos
Objevos:
l concluir o ensino
fundamental
l jovens tecnicamentepreparados para
agricultura familiar
sustentvel
l nova cultura agrcola e
humanista
l aptos a ingressar em
curso de formao em
nvel mdio ou tcnico
prossionalizante
O Currculo da Formao
1Texto:
Educao
Popular,
Educao
do Campo e
Projeto Polco-
Pedaggico:
Joo Francisco
de Souza.
2Texto:
Diretrizes
Curriculares
Nacionais
para o Ensino
Fundamental:
CEB/CNE.
3Texto:
Diretrizes
Curriculares
Nacionaispara a
Educao
de Jovens e
Adultos: CEB/
CNE.
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No bastaaprender comoplantar. Vai terque perder avergonha decantar as msicas
do Balaio deSaberes. O Balaiono teste pradesafnado. prapensar atravsda arte o que vaifazer na vida.
EIXO ARTICULADOR E EIXOS TEMTICOS DA FORMAO
O ProJovem Campo - Saberes da Terra, enquanto um
projeto polco-pedaggico de qualicao social
e prossional com elevao de escolaridade na
modalidade EJA, em sua execuo, ter como EixoArculador as questes da Agricultura Familiar e da
Sustentabilidade. Os Eixos Temcos que se desnam
a responder a essas questes e construir uma nova
concepo de Agricultura Familiar Sustentvel euma nova atuao prossional na mesma, com nveis
crescentes de autonomia das Famlias, so os seguintes:
1. Agricultura Familiar: idendade, cultura, gnero e
etnia.
2. Sistemas de Produo e Processos de Trabalho no
Campo.3. Cidadania, Organizao Social e Polcas Pblicas.
4. Economia Solidria.
5. Desenvolvimento Sustentvel e Solidrio com enfoque
Territorial.
Esses Eixos sero trabalhados didacamente por meio
de processos e avidades invesgavas. Ser uma
grande pesquisa sobre o que est sendo e poder sera Agricultura Familiar Sustentvel do mbito localao nacional; portanto, uma ampla invesgao de
possibilidades de melhoria da qualidade de vida dasfamlias e formao de seus/suas jovens.
Vamos fazer com vocs uma reexo que promova
uma primeira aproximao problemca central da
pesquisa a ser realizada ao longo dos dois anos. Essareexo poder ser aprofundada por meio da leitura
de textos sugeridos no Balaio de Saberes, do que delase diz no Projeto Polco-Pedaggico, assim como
por meio da busca pela ampla bibliograa e pelos
documentos disponibilizados, inclusive na Internet,pelos Ministrios do Governo Federal. Aqui queremosapenas indicar o problema de pesquisa / objeto desaber do Programa.
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ASPECTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL A
SEREM PESQUISADOS E POTENCIALIZADOS
A Agricultura Familiar no Brasil se apresenta como uma
possibilidade de vida, produo e realizao de inmeras
pessoas que vivem no campo e do campo brasileiro(cerca de 30,8 milhes). Ainda se debate, no entanto,
com obstculos para assim se concrezar, entre eles, o
problema da sustentabilidade.
Muitos agricultores e agricultoras familiares enfrentam
problemas com as condies da propriedade, com a
baixa produvidade, com a impossibilidade de superar
uma situao de apenas sobrevivncia. Entende-se que
preciso superar esses problemas para que essas pessoas
possam, contentes e sasfeitas, viver mais dignamente e
suas crianas e jovens possam encontrar na AgriculturaFamiliar horizontes econmicos, polcos e de realizao
pessoal, dando connuidade a esse sistema produvo
e cultural, mas que essa connuidade possa ocorrer em
condies crescentes de humanizao.
Para que o Programa anja sua nalidade e seus
objevos, necessrio que consideremos o seu Eixo
Arculador como um problema de ordem acadmica,
tecnolgica e socioambiental, numa palavra, cultural,
sobretudo para os integrantes da Agricultura Familiar, mas
tambm para toda a sociedade brasileira. Portanto, um
problema que exige ser equacionado do ponto de vista
do conhecimento (acadmico), do ponto de vista de seu
manejo produvo e comercial (tecnolgico e profssional)
e de sua insero na dinmica econmica nacional e
mundial e das condies de vida e crescimento humano
de seus membros (socioambiental). Numa palavra,
repemos, cultural.
Enquanto um problema complexo, desaador e
decisivo para milhares de pessoas, deve ser tomado
como objeto de conhecimento de um programa que se
prope qualicar social e prossionalmente a juventude
da Agricultura Familiar ao tempo que so criadas as
condies da elevao de sua escolaridade (Concluso
do Ensino Fundamental) e assume o compromisso com
a transformao cultural do sistema produvo do campo
brasileiro.
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contedos
operavos
Elaborar planos,
programas e projetos,
para intervenes
tcnicas e sociais
na comunidade e
no entorno.
contedos
instrumentais
Desenvolver linguagens
arscas, matemcas
e verbais, inclusive
na variao ocial.
contedo
educavo
Compreender,
explicar e interpretar
situaes concretas
de vida e propor novas
possibilidades a parr
da Agricultura Familiar.
4 Para caracterizar as
questes da juventude
da agricultura familiar,
ver, no Caderno do/a
Educando/a, o TextoVia Rural de Ulisses
Freitas. Ainda pode ser
buscado um resumo
com acrscimos da
pesquisa de Eliza
Guaran de Castro
(2005) (acessar pelo site
hp://www.alasru.org/
cdalasru2006/
02%20GT%20Elisa%20
Guaran%C3%A1%20
de%20Castro.pdf),Entre fcar e sair:
uma etnografa da
construo social da
categoria jovem rural,
contribuies para o
debate. E a Pesquisa
Nacional da Educao
da Reforma Agrria
(PNERA) (2005), DF:
MEC/INEP/MDA/INCRA/
PRONERA. Acesso www.
inep.gov.br
A questo da Agricultura Familiar Sustentvel tem
todas as condies de ser transformada em PROBLEMA/
OBJETO DE CONHECIMENTO no ProJovem Campo
SABERES DA TERRA, arculando, durante a sua realizao,
todos os estudos e garanndo a cercao de Ensino
Fundamental na modalidade da Educao de Jovens eAdultos e Formao Prossional Inicial. Isso signica tom-
la como contedo educavo do Programa (compreender,
explicar e interpretar a vida humana em suas situaes
concretas e possibilidades a parr das condies da
agricultura familiar), ao tempo que garante os contedos
instrumentais (o desenvolvimento das linguagens arscas,
matemcas e verbais, essas duas lmas na variao
ocial) e os contedos operavos (qualicao social:
habilidades de elaborar planos, programas e projetos
para melhoria das condies para intervenes tcnicas e
sociais na comunidade e no entorno), alm da qualicaoprossional do Arco Ocupacional Produo Rural
Familiar, contemplando a formao nas Ocupaes a ele
relacionadas que so prioritrias no Programa: Sistemas de
Culvo, Sistemas de Criao, Extravismo, Aqicultura e
Agroindstria.
Isso signica tomar o Eixo Arculador Agricultura Familiar
e Sustentabilidade como problema de estudo (objeto de
saber) e objeto de prossionalizao (qualicao social
e prossional da camada juvenil4 das trabalhadoras e dos
trabalhadores da Agricultura Familiar), tendo em vista
sua realizao humana (prossional, pessoal, polca,
econmica e existencial).
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Pxa ser que a gente vai dar conta de
entender de cultura, gnero, etnia, sistema
de produo, polticas pblicas, economia
solidria e desenvolvimento sustentvel?
Problemasda agriculturafamiliar
Pouca terra,Baixa produvidade,Como superar a meraagriculturade sobrevivncia?
Sendo um problema amplo, complexo e desaador doqual depende a vida digna de milhes de brasileiros,pensamos que esse desao pode ser desdobradoem cinco eixos temcos, para ser equacionadoadequadamente, a parr de sua compreenso, explicao
e interveno. Portanto, entende-se ser necessrioconhec-lo em suas contradies, conitos, ambigidadese possibilidades, criando as condies de expressar esseconhecimento nas diversas linguagens para potencializara vida e garanr as condies de uma existncia cada vezmais humana na Agricultura Familiar brasileira. Pensamos,dessa forma, dar conta da complexidade e da importnciado mesmo.
Cada um desses Eixos Temcos ser estudadoem suas problemcas acadmicas, tecnolgicas e
socioambientais. Essas dimenses sero idencadase estudadas pelo/a educador/a e pelo/a educando/a,no Tempo Escola e no Tempo Comunidade, garanndoos contedos pedaggicos (educavos, instrumentais eoperavos) e desenvolvendo condies mais amplas econsistentes de humanizao.
A proposta do Percurso Formavo do ProJovem Campo Saberes da Terra realiza-se por meio de processosinvesgavos e de avidades de Pesquisa (de campoe bibliogrca), tanto do/a educador/a como do/a
educando/a, a qual estamos denominando de PESQUISADIDTICA.
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Arf, arf, arf...
Sustenta Edu
que a gente
chega l...
Vou meteresse
girassol em
quem fala e
no pedala.
No mbito dos processos invesgavos, disnguimos apesquisa didtca, docente e discente, como meio derealizar os processos de ensino e aprendizagem da pesquisa
profssional, aquela realizada pelos cienstas para fazer
suas teses doutorais ou produzir tecnicamente um novo
conhecimento. Essas diferentes formas de pesquisa no so
idncas. Uma coisa a pesquisa prossional de ciensta
para produzir tecnicamente novos conhecimentos. Outra
a pesquisa didca para ensinar e aprender em conjunto,
por meio da Prxis Pedaggica (arculao entre teoria e
prca).
Todas essas modalidades de pesquisa (didca e prossional)
tm, no entanto, elementos ou caracterscas comuns.
Todas so avidades acadmicas na busca por novos
conhecimentos e pelo aprofundamento de um determinado
conhecimento. Assim, a pesquisa prossional e a pesquisa
como instrumento didco tanto da formao do/a
educando/a como da formao do docente podem ser
aproximadas do que, na Amrica Lana, denominado de
Pesquisa-Ao Parcipante5.
A Pesquisano Processo Didco
ou Pesquisa Didca
5Indicaode leitura:
Epistemologia
e pesquisa
parcipante:
Constri-se o
conhecimento
em
cooperao?
Emilio Luis
Lucio-VillegasRamos.
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Arquivo: Revista
Agriculturas -
experincias em
Agroecologia
Mulheres do
semi-rido do
Rio Grande do
Norte constroem
uma cisterna,
realizando
um trabalho
tradicionalmente
masculino.
Entendi que pesquisar
fazer um monte de
perguntas... Mariinhame ama? Pois ela vive
me maltratando...
Perguntas? Vamos
perguntar coisas
srias. Se d tanto
trabalho fazerrotao de cultura...
porque os tcnicos
a aconselham?
Perguntas? Hummm...
D pra trabalhar
no campo e vender
na cidade? Por que
quando uma lavoura
produz muito o seu
preo cai?
Em que se aproximam? Em que se afastam? E por que
so maneiras de realizar pesquisas?
A base comum de quaisquer formas de pesquisa a
busca, a indagao, a procura, a reprocura, a curiosidade
pelo desconhecido ou pouco conhecido, a constatao,a interveno, a comunicao, a busca de outras formas de
explicao, de interpretao e de compreenso do que
acontece com cada um de ns, com os outros, com
nossas relaes, com o universo, a Terra, a cultura, as
instuies, entre outros desejos que temos. Enm, o
objevo de qualquer pesquisa produzir saberes sobre
nossos relacionamentos (FREIRE, 1996).
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Foto Arquivo Cetap/Curso sementes Csar 13/11/2006
A pesquisa didca e a construo
dos contedos pedaggicos
Consideramos a pesquisa didca necessria ao
processo de ensino-aprendizagem do/a educando/ae do/a educador/a e de sua formao no plano pessoal e
prossional. A pesquisa como meio de formao permanente
dos/as educadores/as torna-se processo de autoformao.
O/a educador/a, para ensinar, tem que pesquisar sobre o
contedo que vai ensinar e sobre as melhores formas de
trabalh-lo com o/a educando/a.
Para ensinar, precisa pesquisar sobre o que vai ser objeto
do ensino: os contedos, os programas, os temas, os
problemas... Isso porque as informaes que se tm do
senso comum certamente no sero sucientes parao bom desempenho docente. A cincia est sempre
progredindo, os problemas se complexicando e os/as
educandos/as chegando aos centros de aprendizagem
cada vez mais inquietos/as ou desinteressados/as.
Alm do contedo do objeto de ensino, o/a educador/a
ainda tem que pesquisar sobre as melhores formas de
trabalhar o objeto de conhecimento com o/a educando/a
para que este(a) re o maior proveito dos processos
de ensino e aprendizagem e se aperfeioe pessoal e
prossionalmente, amplie sua cultura e a compreensode si mesmo, dos outros e do mundo.
A pesquisa docente, portanto, no se pode reduzir apenas
busca pelos conceitos ciencos para a explicao do
tema, a soluo do problema ou o esclarecimento do
centro de interesse dos/as educandos/as e do processo
educavo.
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Arquivo MEC/Piau
Na construo dos contedos pedaggicos, no so sucientesa cincia ou os conceitos. necessria uma cognio plena,embebida de ca, estca, polca e tcnica. Os contedospedaggicos tm, portanto, que garanr as condies daconstruo da sabedoria e no apenas de conhecimentos.
Os contedos pedaggicos aqui so entendidos comocontedos educavos, instrumentais e operavos,dimenses que lhes so intrnsecas.
Os contedos educavos dizem respeito a tudo o queimplica a compreenso, a interpretao, a explicao daexistncia humana em sua diversidade, nas contradies,ambigidades, conitos e possibilidades. Esse processo uma exigncia fundamental para nossa conformao
como humanos. Cria as condies de nossa formaohumana. Os contedos educavos, sozinhos, no sosucientes para nossa formao. Necessrio se fazexpressar, documentar a compreenso por meio daslinguagens verbais, matemcas e arscas para garanra comunicao entre ns. Sem comunicao interpessoale coleva, no avanamos na nossa humanizao.
Sendo assim, o domnio dos contedos instrumentais o desenvolvimento da capacidade de sua documentaopor meio das linguagens verbais, arscas e matemcas
que so, tambm, imprescindveis. Quando falamosem contedos instrumentais, estamos nos referindo slinguagens humanas (verbais, matemcas e arscas),inclusive ulizando os instrumentos mais modernos dastecnologias da informao e da comunicao.
No basta compreender, interpretar, explicar e expressara realidade natural, cultural, nossas relaes e a nsmesmos. preciso, pois, desenvolver a capacidade defazer projetos para transformar aqueles aspectos que,segundo nossos valores humanos, so idencados como
negavos e impedem nosso crescimento.
Igualmente, fundamental o desenvolvimento dacapacidade de elaborar projetos pessoais e colevos deao transformadora (contedos operavos) que garantamas condies de mudanas qualitavas na sociedade nosendo de que ela proporcione as condies de nossocrescimento humano individual e colevo. Esses projetos,programas e planos podem ser oferecidos sociedade local,municipal, estadual e nacional para que todos, inclusive asautoridades, possam agir no sendo de nossa humanizao.
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Edu no bastatecnologia, tem queter sabedoria!
Oh, Deusa das guasposso me transformarnum cara mais forto?
Realizar o Processo de
Ressocializao do/a Educador/a
A pesquisa docente, na busca pelas idias, pelas noes,
pelas concepes, pelos conceitos, analisa suas implicaes
cas, polcas, estcas e tcnicas. Estamos propondo um
processo de recognio6 desses conceitos, idias, categorias,
concepes ou noes a m de que possamos v-los de outra
forma. Estabelecida uma outra compreenso, realizado um
processo de recognio, poderemos lutar pela reinveno
daprxispedaggica escolar para que ela contribua com
a reinveno das relaes sociais, das culturas e de nsprprios.
Reinventando aprxispedaggica da Educao do Campo,
poderemos contribuir, portanto, com outraprxissocialna
medida em que nossos/as educandos/as sero prossionais,
polcos, trabalhadores, no apenas para respondermos
aos seus desejos pessoais, mas necessria transformao
da sociedade em que vivemos como condio de realizao
de seus desejos. Estaremos dando nossa contribuio para
termos uma vida digna e vivermos bem, alegres e expansivos.
6Cognio:
s.f.1 processo
ou faculdade
de adquirir um
conhecimento
(HOUAISS,p.754).
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Foto: Nina
Fideles
- Arquivo MSTDia Internacio-
nal da Mulher
- Fora Bush na
Avenida Paulista
09/03/2007
7Gnosiologia: FIL teoria geral
do conhecimento humano,
voltada para uma refexo
em torno da origem, natureza
e limites do ato cognivo.
HOAUISS, p.1461.
Essa nova cognio (processo de recognio) poderresultar em outras formas de fazer e de senr o nossotrabalho docente, de nos fazermos, enquanto educadoras eeducadores, mais humanos na atuao prossional, social enas nossas relaes com o nosso meio natural e cultural. Issoconformaria umprocesso de reinveno.
Se acontece uma reinveno permeada por uma recognio,congura-se a ressocializao. Constui-se um novo saber.Deu-se a ressocializao. A ressocializao, ento, situa-se nocampo da sabedoria (gnosiologia7).
No se est a armar que esse novo saber sejanecessariamente um saber melhor que os anteriores. diferente. O desejo, porm, que seja mais amplo, maiscompleto e mais consistente para a ao de cada um comopessoa, como prossional. Portanto, angir-se-ia um saber
melhor. Se assim for, dar-se- um processo de aprendizagem,acontecer a educao encarada posivamente. E pensamosque falar de ressocializao s tem sendo nessa direo.
Pode, entretanto, se dar o contrrio, ou seja, podeacontecer uma educao negavamente, ou umadeseducao, pois duas outras atudes so possveisdiante de novas informaes: a rejeio pura e simplesda nova informao, ou a adeso cega s novasinformaes. Essas duas formas no as consideramoscomo aprendizagem.
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O que
vamos fazer?
QuemvaipuxaraQuadrilhanoSoJoo?
Lista dematerial
Quemvai
coordenar?
31Arquivo MST
Certamente, por isso, arma Freire (1996, p. 32 e 33):
A curiosidade ingnua, de que resulta indiscuvelmente
um certo saber, no importa que metodicamente
desrigoroso, a que caracteriza o senso comum. O saber
de pura experincia feito. Pensar certo, do ponto de vista
do professor, tanto implica o respeito ao senso comum
no processo de sua necessria superao quanto o
respeito e o esmulo capacidade criadora do educando.
Implica o compromisso da educadora, do educador com
a conscincia crca do educando cuja promoo da
ingenuidade no se faz automacamente.
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Produo
de Sntese,
Elaborao de
Desenhos e
Produo de
Texto da Turma
no Mato Grossodo Sul, professor
Florisnaldo
10/08/2007.
Arquivo MST
Parece-nos evidente que a direo mais correta na
construo do saber a pesquisa como elaborao crca
de saberes. A pesquisa a fonte do saber. No , contudo,
apenas a pesquisa docente a fonte do saber. As outras
formas de pesquisa no deveriam fugir dessa perspecva.
Tanto a pesquisa enquanto processos especcos deproduo de conhecimentos/ sabedorias, a pesquisa
do invesgador prossional, como a pesquisa enquanto
instrumento didco para as avidades em sala de aula e
da autoformao da educadora e do educador.
Ser importante que cada educadora, cada educador, bem
como o colevo docente de cada escola do ProJovem
Campo Saberes da Terra, desenvolva processos de reexo
que explicitem como tm sido vividas a pesquisa docente
e a pesquisa na formao connua, no codiano escolar,
bem como a pesquisa discente. De modo especial, escrevamos resultados desses processos reexivos. Habituem-
se, portanto, a escrever diariamente a crnica de suas
descobertas e aes. Escrevam o seu Dirio Etnogrfco,
um caderno de acompanhamento das aprendizagens no
qual vo sendo documentadas as construes, as dores,
os desejos e os avanos de cada um/a. Teremos, no nal,
o mapa cultural de cada educadora e de cada educador.
Alm de uma matria-prima excelente para trabalho nal (a
monograa: sntese nal do crescimento intelectual) de cada
docente. Vo elaborando e documentando. Caso contrrio,
no se ultrapassa a barreira das boas declaraes.
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Foto: Leonardo Melgarejo Arquivo MST
8Epistemologia:FIL refexo
geral em torno
da natureza,
etapas e
limites do
conhecimento
humano;
teoria do
conhecimento.
HOUAISS,
p.1180.
Concepo de saber ou sabedoria
Temos ulizado as palavras saber, sabedoria, saberes.
Que podero elas signicar?
Na concepo de um lsofo francs chamado Jean-
Franois Lyotard (1990), o saber ou a sabedoria uma
sntese da cognio, da ca, da estca, da tcnica e
da polca. O saber uma formulao que implica todasessas dimenses. Sua concepo se aproxima da idia do
que armamos quando dizemos: Fulano um sbio. A
sabedoria inclui o conhecimento (idias), porm mais
ampla do que o conhecimento. Pois, alm da dimenso
cogniva (cognio, idias, conceitos, noes, categorias,
concepes), inclui os aspectos cos, estcos, polcos e
tcnicos.
O conhecimento (cognio) uma dimenso da
sabedoria que segue procedimentos especcos na sua
produo (epistemologia8
). A cincia apenas um pode conhecimento. Um discurso que poder vir a ser uma
tecnologia. A forma mais ampla da inteleco humana a
sabedoria, em seguida o conhecimento. Entre as diferentes
formas de conhecimento, h um, o conhecimento cienco
ou a cincia, que tem muito presgio no mundo atual
porque pode se transformar numa tecnologia produva,
militar, social ou das comunicaes.
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Arquivo Saberes da Terra/Maranho
Pedagogicamente, quais as implicaes dessas disnes?Para ns, talvez, a primeira e mais importante implicaoser a idia de que na Educao Bsica temos de produzirsabedoria e no apenas informar aos/as educandos/as retalhos de conhecimentos cienfcos. O objevo da
Educao Bsica no formar historiadores, cienstas,matemcos, entre outras iluses que temos a respeitoda funo da Educao Bsica. , principalmente, produzircom os/as educandos/as saberes que contribuam com a suaconstruo como humanos e a nossa prpria humanidadecomo docentes. O objevo da Educao Bsica construirsaberes que contribuam com a construo do humano dosseres humanos, inclusive saberes que apiem a deciso dascrianas e dos jovens quanto ao seu futuro prossional epessoal.
Assim, intuio muito fecunda aquela que arma: APESQUISA UMA FONTE DE SABER. Saber mais do queconhecer. O conhecer diz respeito apenas cognio: aformulao lgica e coerente de uma explicao sobredeterminado fenmeno natural ou cultural. Ou explicaodas relaes da natureza e da cultura, bem como desua importncia. O saber implica, alm da explicao(cognio, idias, lgica), a tcnica, a polca, a ca e aestca.
interessante notar que Paulo Freire se refere ao
desenvolvimento da CURIOSIDADE EPISTEMOLGICApara garanr OS MOMENTOS DO CICLO GNOSIOLGICO.Podemos interpretar essa perspecva como sendo a deque o conhecimento apenas um dos momentos dociclo (o cognivo) da construo do saber necessrio existncia humana: o viver bem, o crescimento humanode todas e todos. Ento, o conhecimento cienco(epistemologia) est subordinado construo dasabedoria ou do saber (gnosiologia) nas suas cincodimenses: a cogniva, a tcnica, a polca, a ca e a
estca inter-relacionadas. Mas essa construo tem queser formulada como um todo: sabedoria.
A pesquisa docente para o ensino e para suaautoformao como pessoa e prossional, assimcomo a pesquisa enquanto metodologia de ensinoque garante a construo de saberes pelos/aseducandos/as a perspecva que se assume noProJovem Campo Saberes da Terra.
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Arquivo Saberes da Terra/Piau
A Pesquisa, inclusive aquela ulizada como recurso
didco, exige capacidade de confrontar saberes,
de manejar argumentos, de raciocinar logicamente,
rar concluses e elaborar textos que expressem os
resultados dos processos invesgavos por meio das
linguagens verbais, matemcas e arscas. Construode textos que envolvam, simultaneamente, essas
diferentes linguagens de forma competente e na sua
verso ocial da lngua e das matemcas. Ultrapassar
os limites da curiosidade ingnua e angir a curiosidade
epistemolgica. Historicizar, comparar, relacionar,
discordar, elaborar novas possibilidades e assumi-las na
prca. Pesquisar para construir o muito que temos para
saber...
Todos esses processos so fundamentados na Educao
Popular enquanto uma Pedagogia como Teoria CrcaGeral da Educao que se transforma numa Proposta
Pedaggica9. No caso do Programa, a Proposta Pedaggica
fundamenta-se na Educao do Campo e adquire
corpo por meio de um Projeto Polco-Pedaggico10. O
ProJovem Campo Saberes da Terra tem uma proposta
em construo que respeita as diversidades do Campo e
se recria nas realidades locais em suas prxis pedaggicas
nas Escolas ou nos Centros Educavos.
Referncia
FREIRE, Paulo. (1996).
Pedagogia da autonomia.
Rio de Janeiro: Paz e Terra.
LYOTARD, Jean-Franois.
(1990). A condio ps-moderna. Rio de Janeiro:
Jos Olympio Editora.
SOUZA, Joo Francisco.
(2000). E a educao:
que?? A educao
na sociedade e/ou a
sociedade na educao.
Recife: NUPEP/UFPE;
Edies Bagao.
Equipe da UFPA e da UFPE
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Compreenso do Projeto Polco Pedaggico
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Tempo Escola de Acolhida
do Programa ProJovem - Saberes da Terra
1
OTempo Escola de Acolhida marca
o incio do processo formavo noPrograma ProJovem Campo Saberesda Terra. o momento de acolher os/aseducandos/as e suas famlias na escolapara dialogar sobre o Projeto PolcoPedaggico, conrmar as matrculas,denir acordos colevos, orientar asavidades educavas, entre outras. o primeiro contato e reconhecimentoda turma por parte da equipe dos/aseducadores/as.
O Tempo Escola de Acolhida representa
o incio do Percurso Formavo em quese buscar organizar o primeiro planode pesquisa que ser desenvolvido noTempo Comunidade. E est estruturadode forma semelhante ao desenvolvimentodos Eixos Temcos na perspecva defamiliarizar os/as educandos/as e asfamlias com a dinmica codiana doPrograma.
So elementos constuvos do Tempo
Escola de Acolhida: Ementa, Objevos,Aprendizagens, Tempo Formavo,Jornadas Pedaggicas. Vale lembrar queesses elementos so conceituados noPercurso Formavo.
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1.1. EMENTAEstudo da Escola e da
Educao. Concepes
e prcas de Educao
Popular e Educao
do Campo. Estudo
da relao entre
educao, autonomia
polco-cultural,
desenvolvimento humano
e sustentabilidade.
Juventude e educao do
campo no Projeto Polco-
Pedaggico do Programa
ProJovem Campo - Saberesda Terra.
1.2. OBJETIVOS
Proporcionar o
acolhimento dos/as jovens
educandos/as no Programa;
Debater colevamente o
Projeto Polco-Pedaggicodo Programa;
Construir de forma
parcipava os acordos
de convivncia humana e
pedaggica;
Diagnoscar a realidade
dos/as educandos/as;
Planejarparcipavamente o
ano levo, a organizao
do trabalho pedaggico
e as avidades a serem
desenvolvidas;
Construir colevamente
as propostas de avidades
do primeiro Tempo
Comunidade.
1.3. APRENDIZAGENS
DESEJADAS Compreenso do Projeto
Polco-Pedaggico doPrograma ProJovem
Campo Saberes da Terra;
Compreenso das
concepes e prcas
educavas de Educao
Popular e Educao do
Campo;
Compreenso do
Percurso Formavo doPrograma e dos elementos
que o compem.
1.4. TEMPO
FORMATIVO
O Tempo Escola de
Acolhida tem seu tempoformavo exvel em
termos de Carga Horria,
cuja denio autnoma
para cada experincia local
do Programa.
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Arquivo Comisso Pastoral da Terra
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JORNADAS PEDAGGICAS
ACOLHIMENTO DO EU, DO OUTRO, DE NS
OBJETIVOPromover a discusso
sobre a histria da
escolarizao e as utopias
dos/as educandos/as e da
comunidade sobre o papel
da escola, possibilitando
equipe de educadores/as mapear as expectavas
iniciais dos/as educandos/
as, dos familiares e da
comunidade sobre o
Programa.
QUESTES DE PESQUISASo elementos do
conjunto do processo
pedaggico que permitem
visualizar o foco central do
processo de formao:
?Quem so os meuscolegas de turma??Seus interesses soiguais aos meus??Que conhecimentoseles tm queeu no tenho e que
conhecimentos eu tenho
que eles no tm?
ATIVIDADES PARAINTEGRAO DE SABERES
Momento em que se
realizam avidades
que possibilitem s/aos
educandas/os expressar
as concepes e osconhecimentos que se
tm sobre a importncia
da escola na vida da
comunidade.
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Qual a Escola que temos?
Qual a Escola que queremos?
TECER PROPOSTASDE TRABALHO
Atvidade 1
Ao som da msica E vamos luta, aspessoas iro danar e se apresentar/cumprimentar/reconhecer...
E VAMOS LUTAGonzaguinha
Eu acredito na rapaziadaQue segue em frente e segura o rojoEu ponho f na f da moadaQue no foge da fera e enfrenta o leoEu vou luta com essa juventudeQue no corre da raia a troco de nadaEu vou no bloco dessa mocidadeQue no t na saudadee constri a manh desejadaAquele que sabeque mesmo couro da genteQue segura a bada da vida o ano inteiroAquele que sai do sufocode um jogo to duroE apesar dos pesares ainda se orgulha deser brasileiroAquele que sai da batalha
E entra num botequimPede uma cerva geladaE agita na mesa logo uma batucadaAquele que manda um pagodeE sacode a poeira suada da lutaE faz a brincadeiraPois o resto besteira(Ns estamos pela)
A parr da msica, esmular:
u Comentrios e debates acerca da letrada msica e dos objevos da Jornada deAcolhida.
Atvidade 2
Circular uma sacola com smbolos que serepetem para que cada parcipante rereo seu, a m de formar grupos a parr
da repeo dos mesmos. Cada grupoelege palavras ou expresses sntesesrespondendo seguinte questo:
As tarjetas com as palavras eleitas seroaxadas na parte externa de uma caixa.Os grupos faro a socializao de suasprodues, debatendo suas relaes eimplicaes polcas e pedaggicas.
Em seguida, os parcipantes sereagruparo formando quatro gruposcom a proposta de responder questo:
Expressaro suas idias transformandoum dos lados da caixa, que aquirepresenta a ESCOLA, ulizando osmateriais que esverem dentro e as
respostas registradas anteriormente dolado de fora.
Socializao da produo.
Dando connuidade, sero lanadasaos parcipantes novas perguntas. importante garanr o registro, podendoaxar as respostas (expresses oupalavras snteses) em mural para que osgrupos visualizem suas produes.
Perguntas:
?Como viabilizar a escola quequeremos??Que aes seriam pernentes a essaproposta?
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TECER PROPOSTASDA ESCOLA
Atvidade 3
Apresentao e discusso sobre oPrograma comunidade e sua relaocom a histria da escola;
Mapeamento das expectavas doseducandos, familiares e comunidadesobre o Programa, seus desaos epossibilidades, por meio da ulizao deperguntas que esmulem a construodas idias:
Ser importante garanr a leitura ediscusso de textos sobre ESCOLA,EDUCAO POPULAR e EDUCAO DOCAMPO.
Atvidade 4
Sensibilizao ambiental e visita aosambientes da escola:reconhecimento e problemazao
das caracterscas dos espaos, daforma de ocupao, organizao e usosocial dos ambientes e representaogrca da percepo dos educandossobre os ambientes da escola;pesquisa de caracterizao e reexosobre o ambiente, a organizao eo funcionamento da escola, comodemonstra o exemplo abaixo:
SNTESES PROVISRIASPara concluir esse momento, sugerimosque cada educando expresse oralmenteseus senmentos e impresses a respeitode como vislumbra sua parcipaono Programa a parr dessas primeirasreexes.
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Arquivo Saberes da Terra/Piau
ESTUDANDO O AMBIENTE DA ESCOLA
OBJETIVOSuOrganizar, analisar as
informaes provindas
da avidade de
observao (caminhadapela escola) e realizar
debates que permitam
o aprofundamento das
reexes sobre as relaes
e prcas existentes no
ambiente escolar.
u Promover a reexo
sobre a relao entre
o uso, a conservao
e a sustentabilidadeem perspecva ampla,
discundo o papel da
escola e seus sujeitos
nesses processos.
PROBLEMATIZAO
?Que aspectosposivos enegavos observamos na
organizao do espao daescola?
?Por que avaliamostais aspectos comonegavos ou posivos?
? Quais possveisaes poderiam serrealizadas para superar os
aspectos negavos?
Propor aos educandos a
reexo sobre o espaogeogrfco da escola e sua
transformao ao longo
do tempo, sobre o meioambiente natural e socialda escola.
INTEGRAO DESABERES - Momento emque se realizam avidades
de dilogo para construo
de Saberes Integrados emque podero ser discudas
noes de cartograa,
produo de quadros
estascos e plantas
baixas, noes de ecologia,
introduo diviso social
do trabalho e produo
textual escrita, com o
intuito de responder aos
problemas estudados.
Em seguida, sugerimos
que os/as educandos/
as sejam organizados em
grupos para aprofundar
as avidades referentes
ao estudo do espaogeogrfco da escola e
de seu entorno, do meioambiente natural e socialda escola.
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Atvidades de organizao
dos dados sobre o espao
geogrfco da escola:
1. Desenho do mapado local (escola e seu
entorno), atentando para
o registro das dimenses
e distncias observadas e
a proporcionalidade em
uma escala pr-denida;
2. Elaborao de texto
escrito sobre a histria
do lugar, organizado a
parr da conversa comos/as trabalhadores/as
mais angos/as da escola
e os moradores do seu
entorno;
3. Desenho do croqui
dos prdios escolares,
observando iluminao
natural e venlao dos
mesmos (posicionamento
em relao ao sol e
direo principal do
vento);
4. Organizao de quadro
com descrio das
instalaes sicas (prdios)
e dos equipamentos da
escola.
Atvidades de organizao
dos dados sobre o meio
ambiente natural da
escola:
1. Levantamento edescrio da vegetao
(po, quandade,
caracterscas);
2. Caracterizao do solo
(perl do solo; microfauna;
cobertura vegetal);
3. Levantamento e
descrio dos animais
existentes na escola;
Observao: caso a
escola no possua espao
com rea verde, buscar
desenvolver a avidade
num bosque, terreno
prximo escola, vizinhos,
etc.
Atvidades de organizao
dos dados sobre o
ambiente social da escola:
1. Organizaode organograma
e cronograma do
funcionamento da escola;
2. Produo de grcos
com representao da
diviso social do trabalho
na escola, observado opercentual de parcipao
de homens e mulheres.
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Avidade de socializao,
problemazao e debate sobre os dados
organizados
Agora, em plenria, sugerimos que
os/as educandos/as socializem asprodues dos grupos e realizem debates,
problemazando a compreenso sobre
espao geogrfco, ambiente natural e
ambiente social escolar.
Abaixo apresentamos algumas questes
para orientar o debate:
?Como analisamos o ESPAOGEOGRFICO DA ESCOLA e suatransformao ao longo do tempo?
?O que ser preciso transformar nesteespao??Que aes poderemos organizarneste sendo??Que responsabilidades/tarefasassumimos para contribuir nesteprocesso?
E sobre o MEIO AMBIENTE NATURAL DAESCOLA, que anlises fazemos?(Sugerimos trabalhar as mesmas
questes, ou novas, de acordo com o
interesse do grupo).
?Que anlises fazemos sobre oAMBIENTE SOCIAL ESCOLAR e ofuncionamento da escola?
SNTESES PROVISRIASPara concluir este momento, sugerimos
que cada educando/a produza um texto
escrito, tomando as questes do debate
como referncia e respondendo s
seguintes questes:
?Que relaes percebemos entre astrs dimenses estudadas??Qual a nossa compreensodo papel do ser humano natransformao e conservao do
ambiente?
?Como envolver todos e todas no
compromisso de conservao doambiente escolar?
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Arquivo: Revista Agriculturas - experincias em Agroecologia
CONHECENDO A TURMA DE EDUCANDOS/AS
OBJETIVOSu Conhecer o perl social, cultural e
econmico da turma, as caracterscas
dos saberes dos/as educandos/as e as
movaes que os zeram aderir ao
Programa;
u Idencar interesses e expectavas
relacionadas formao;
u Provocar entre os/as educandos/asprocessos de reexo e de autocrca
sobre suas comunidades e famlias.
Organizada em forma de jornada
pedaggica, a realizao do diagnsco
visa tambm propiciar aos/s educandos/
as o contato com metodologias e
instrumentos desse po de pesquisa.
QUESTES PARA REALIZAODO DIAGNSTICOA proposta de diagnsco aqui
apresentada de ser uma avidade
de pesquisa dos/as educadores/as
sobre o perl da turma de educandos/
as, constuindo-se num importante
instrumento para coleta, sistemazao e
anlise de dados com vistas a (re)conhecer
os mlplos aspectos que caracterizam
cada um dos/as educandos/as.
?Qual a condio scioeconmicados/as educandos/as e de suasfamlias?
?Que elementos caracterizam a culturados/as educandos/as e de suas famlias??Que responsabilidades os/aseducandos/as assumem junto ssuas famlias e comunidades?
?Que idias os/as educandos/as constroemsobre si mesmos e suas famlias??Quais as caracterscas dos saberes jconstrudos pelos/as educandos/as??Quais os interesses e expectavasdos/as educandos/as em relao formao a ser oferecida pelo Programa?
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Arquivo: Revista Agriculturas - experincias em Agroecologia
INTEGRAO DE SABERES A realizaodo diagnsco dos/as educandos/as
pode contribuir com o reconhecimento
do grupo, alm do aprendizado sobre
como organizar diferentes pos de
diagnscos (a depender do interesse
dos parcipantes): a entrevista como
recurso de pesquisa; o quesonrio
como instrumento de entrevistas;
caracterizao da comunidade e da
famlia; as expresses arscas comoforma de representao de idias,
senmentos e idendades em diferentes
realidades.
Sugerimos que para realizao da
avidade seguinte, em conversa com
os/as educadores/as, cada educando/a
possa, de prprio punho, preencher um
quesonrio dando informaes de si e
de sua famlia.
DIAGNSTICO DE APRENDIZAGENSFundamental para o processo avaliavo,
o diagnsco de aprendizagens objeva:
idenfcar e perceber principalmente
questes sobre o domnio da leitura,da interpretao, da escrita, da elaboraocrca e sobre o desenvolvimento do
pensamento lgico-matemco dos/as
educandos/as.
Sugerimos que esse diagnsco sejarealizado a parr da anlise do prprio
quesonrio preenchido pelos/as
educandos/as e por meio de avidades
pedaggicas diversifcadas, tais como
produo de textos, resoluo deproblemas, produo arsca, etc.
Apresentamos no Anexo 1 umaPROPOSTA DE ROTEIRO PARAENTREVISTA.
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PARA LER, REFLETIR E DEBATER
Elogio ao aprendizadoBertold Brecht
Aprenda o mais simples!Para aqueles cuja hora chegouNunca tarde demais!Aprenda o ABC;No basta, mas aprenda!No desanime! Comece! preciso saber tudo!Voc tem que assumir o comando!Aprenda, homem no asilo!Aprenda, homem na priso!Aprenda, mulher na cozinha!Aprenda, ancio!Voc tem que assumir o comando!Freqente a escola, voc que no temcasa!Adquira conhecimento, voc que sentefrio!Voc que tem fome, agarre o livro: umaarma.Voc tem que assumir o comando!No se envergonhe de perguntar,
camarada!No se deixe convencerVeja com seus olhos!O que no sabe por conta prpria, nosabe!Verique a conta, voc que vai pagar.Ponha o dedo sobre cada itemPergunte: o que isso?Voc tem que assumir o comando!
ATIVIDADES
- Sugerimos que, aps a leitura e odebate do poema de Bertold Brecht, cadaeducando/a produza um texto escritorelacionando o poema com o signicadode seu ingresso no Programa.
- Propor, em seguida, que os/aseducandos/as expressem arscamenteque expectavas ou sonhos desejamrealizar no Programa.
SNTESES PROVISRIASA anlise das produes dos/aseducandos/as, desde o quesonriopreenchido at a produo arsca, devesubsidiar o trabalho dos/as educadores/
as na construo de mapas de dados daturma, que se constuem em materialpara subsidiar o processo avaliavo. Essesprodutos podem ser:
uQuadro dos dados pessoais dos/as educandos/as idencando, noconjunto da turma, sexo, etnia, nveis deescolarizao, condio socioeconmica,etc.
uMapa de aprendizagens dos/aseducandos/as para idencar os nveisde aprendizagem como domnio daescrita, leitura e expresso oral, arsca ematemca.
u Parecer individual e geral sobre odiagnsco da aprendizagem elaboradopelos educadores aps a anlise doresultado das avidades.
Para concluir as avidades dessa jornada,sugerimos a organizao de um eventode confraternizao em que os/aseducandos/as, individualmente e/ouem grupos, socializem produes comopoemas, msicas, pinturas, etc. ummomento em que os/as educadores/aspodero idencar tambm os diferentessaberes que os educandos possuem.
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Caro educador e cara educadora:
Como resultado do diagnsco, este
material se constuir em um primeiro
inventrio sobre a realidade em que
vivem os/as educandos/as, em umacaracterizao das aprendizagens
(escolares) apropriadas pela turma.
Uma nova reexo dos/as educadores/
as sobre os mapas de dados deve
ajudar a gerar uma sntese que aponteas necessidades de aprendizagensdo grupo. Seu processo educavodeve promover a (re)construo e oselementos da pesquisa (questes de
invesgao e metodologia) a seremdesenvolvidos durante o processo
formavo.
A cada etapa do diagnsco,
constuindo-se como elementos de
um processo connuo, as avaliaes
realizadas e as snteses produzidas
ajudaro a dar o direcionamento da
formao e da pesquisa, a parr das
demandas de cada turma.
Resultam desse processo a denio local
dos objevos, a seleo contextualizada
dos saberes necessrios e dos
procedimentos metodolgicos que
devem compor o processo formavo.
Ou seja, o diagnsco contribuir para
os/as educadores/as (re)construrem aproposta apresentada pelos CadernosPedaggicos do Programa ProJovemCampo Saberes da Terra. Dessa forma,possibilita a construo e incluso de
novas proposies, que contemplem
as questes prprias de cada contexto,
consolidando assim um processo pautado
pela pesquisa e estudo da realidade
dos sujeitos educavos, sugerida pelo
Programa originalmente, o que se
coloca como objevo fundamental dos
Cadernos.
CONSTRUO DE ACORDOSCOLETIVOS E ORGANIZAODE GRUPOS DE ESTUDO E
TRABALHOOBJETIVOSuRealizar um momento colevo de discusso
com a turma para a construo de acordos de
convivncia ca, humana e pedaggica.
u Organizar grupos de estudo e trabalho
que permitam dinamizar o processo
educavo na escola.
PROBLEMATIZAES
?Que comportamentos e relaespodemos desenvolver, individual ecolevamente, para conviver dignamente?
?Que acordo devemos rmar parareferendar nossos compromissos comuma convivncia ca, solidria e humana?
?Como devemos nos organizar paraarmar uma convivncia ca,solidria e humana durante o processo de
formao proposto pelo Programa?
?Que responsabilidades devemosassumir, individual e colevamente, paradinamizar o processo educavo na escola?
?Como contribuir com umaestrutura que democraze a gestopedaggica da escola?
A escola precisa ser entendida como
sujeito-colevo atravs do qual se
desenvolva um processo pedaggico
dialgico, que esmule vivncias e
aprendizagem de saberes para ajudar
homens e mulheres a (re)educar o seu
modo de pensar-senr-agir, individual
e colevamente, na perspecva da sua
armao como sujeitos cos, solidrios
e compromedos com uma vida digna
para todos.
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ATIVIDADE Diviso da turma em pequenos grupos
para discurem e responderem s
problemazaes.
Socializao das produes.
Debate para escolha das prioridades do
grupo.
Assemblia Geral da Escola:construo de Acordos deConvivncia
Momento para realizar dinmicas e
vivncias pedaggicas para que possam
ser debadas e respondidas pelo grupo as
questes propostas, como, por exemplo:
u Como devemos organizar os tempos
e as tarefas codianas (rona diria) da
escola para assegurar uma convivncia
digna dos sujeitos educavos noambiente escolar?
u Como deveremos agir, individual e
colevamente, diante dos fatos que
venham ferir tal acordo e prejudicar tal
convivncia?
O grupo poder eleger outras perguntas,
de acordo com seus interesses e
necessidades.
Em seguida, redigir o ACORDO COLETIVODE CONVIVNCIA.
INTEGRAO DE SABERES Este um momento que envolve Saberes
Integrados relacionados ca e
relaes humanas; organizao social
e pedaggica; diversidade cultural e de
gnero; cidadania, direitos e deveres;
democracia parcipava e auto-gesto;
diviso social do trabalho, etc.
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Organizao dos Gruposde Estudo e Trabalho
Sugerimos a composio de grupos com
mdia de seis educandos, que podem
ser organizados reunindo diferentessujeitos por sexo, idade, religio,
origem tnica, experincia de vida,
comportamentos, aprendizagens, etc. Tal
organizao objeva promover entre os/as educandos/as o dilogo de saberes,a colaborao no estudo e o encontro,o reconhecimento, a compreenso eo respeito para com as diferenas e adiversidade cultural que caracterizam asociedade humana.
Propomos que os grupos se constuam
na base de organizao, a parr da qual
os/as educandos/as se organizem para
desenvolver em conjunto suas avidades
de estudo (leituras, pesquisas, etc),
trabalhos escolares (seminrios, produo
de relatrios, etc), trabalhos prcos
(manuteno do espao da escola,
produo agrcola, etc), a avaliao do
processo e a auto-avaliao (crca eautocrca). Ao longo do Programa, cada
grupo eleger coordenadores para um
determinado perodo, sendo substudos
por outros, dando chance, assim, de
todos atuarem na coordenao.
Assim, a organizao dos grupos
pode tambm promover entre os/as
educandos/as experincias e construo
de saberes, que lhes permitam,
futuramente, planejar, organizar e
coordenar avidades pedaggicas,polcas, culturais, etc, em seus
assentamentos, associaes, sindicatos
etc.
Sugerimos, tambm, que cada
educador/a assuma alguns grupos de
educandos/as como referncia, por um
determinado perodo, contribuindo na
orientao das avidades, na avaliao
da aprendizagem, etc, buscando assim
uma melhor aproximao, dilogo eacompanhamento do desenvolvimento
da aprendizagem dos/as educandos/as.
SNTESES PROVISRIASExposio dos documentos construdos
colevamente a parr da assemblia: o
Acordo de Convivncia; o Organograma
da Rona Escolar; a lista de composio
dos grupos e de seus/suas educadores/as.
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Arquivo: Revista Agriculturas - experincias em Agroecologia
PROPONDO A CONSTRUO DO PLANO DE PESQUISA
Ao assumir a pesquisa da realidade
como o ponto de parda do processo
de formao, qualicao social e
prossional, preciso compreender
que as questes de pesquisa soelaboradas tendo como referncia cada
Eixo Temco e o diagnsco do perl
da turma, que determinam o enfoque
central do estudo a ser construdo ao
longo dos Tempos Formavos.
A discusso sobre a Pesquisa comoPrincpio Educavo foi conceituadae detalhada no item 2.2. do PercursoFormavo, entendida como um dos
elementos estruturantes do Programa
ProJovem Campo Saberes da Terra,aliado organizao dos TemposFormavos (Tempo Escola e Tempo
Comunidade).
Vale ressaltar que o exerccio da
pesquisa tem em si uma dimenso
formava relacionada ao aprendizado
que integra diferentes saberes, pois
mobiliza a seleo, o uso e a produo
de conhecimentos de diversas reas,
necessrios prpria materializao da
avidade de pesquisa.
A seguir, sero abordadas orientaesmetodolgicas para apoiar o trabalhodocente na construo do plano de
pesquisa, a parr de um exerccio
demonstravo sobre o Eixo Temco
Agricultura Familiar: idendade, cultura,
gnero e etnia.
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1. Defnindo as Questes de Pesquisa
A defnio das questes de pesquisa
(quesonamentos que fazemos sobre a
realidade em estudo) e a organizao
do plano de pesquisa no Tempo Escola
de Acolhida nortearo a organizaodas avidades do primeiro Tempo
Comunidade de estudo sobre o Eixo
Temco 1.
A defnio das questes de pesquisa
deve ser baseada na Ementa do Eixo
Temco, arculando-as ao Eixo
Arculador, ao Arco Ocupacional e aos
demais Eixos Temcos e considerando
a sntese do diagnsco sobre os
educandos/as. Propomos, no Anexo 2,algumas questes de pesquisa.
2. Construindo o Plano de Pesquisa
A construo do plano de pesquisa
requer denio e organizao do roteiro
de avidades de pesquisa e exige a
arculao de conhecimentos sobre o
uso de instrumentos de coleta de dados,
sobre a produo de relatrios, tabelas,
grcos, sobre a elaborao de anlises
crcas, etc.
Destacamos que todo o processo
formavo vivenciado no Tempo Escola
de Acolhida, atravs das jornadas
pedaggicas, busca a construo de
saberes integrados, com a inteno da
aprendizagem de saberes necessrios
pesquisa.
3. Elaborao do roteiro
de avidades da pesquisa
O roteiro de avidades da pesquisa
consiste na organizao e sistemazao
das questes formuladas e na deniodas metodologias e dos instrumentos de
pesquisa, coerentes com a invesgao
a ser realizada e arculada, a parr de
determinados saberes integrados que
ajudem na produo de reexes e
solues sobre as questes-problema
elaboradas.
4. Defnio dos Procedimentos
de pesquisa (metodologias e
instrumentos)
Os planos de pesquisa, alm de
apresentarem as questes de pesquisa,
devem contemplar a descrio das
metodologias e instrumentos a serem
ulizados, que referenciem o exerccio
invesgavo a ser desenvolvido a cada
Tempo Comunidade, observando as
propostas e as aprendizagens a serem
construdas pelos sujeitos educavos.
No ANEXO 3 propomos um quadro
com sugestes de procedimentos que
podero contribuir na sistemazao,
com a organizao e a anlise das
informaes coletadas, constuindo a
operacionalizao do roteiro da pesquisa.
Sem determinar, porm, a quandade de
alternncias entre Tempo Comunidade
e Tempo Escola, necessrias realizao
dos mesmos. Essa denio caber a
cada escola do Programa, de acordo com
as condies locais e as caracterscas
prprias de seu funcionamento
(calendrio escolar, nmero de
alternncias, etc).
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Relacionando
os saberes integrados
Considerando cada Eixo Temco,
fundamental que a seleo de saberes,
integrados em cada perodo de
formao, seja realizada juntamente
com a elaborao do Plano de Pesquisa,
pois permite aos/s educadores/
as organizarem o planejamento das
avidades educavas do prximo Tempo
Escola.
Essa seleo deve ser coerente com a
Ementa, as Aprendizagens, as Questes
de pesquisa do Eixo Temco e inter-relacionadas ao Eixo Arculador, ao
Arco Ocupacional e aos demais Eixos
Temcos.
Considerando as questes de pesquisa
apresentadas, as metodologias e
instrumentos propostos, organizamos,
no ANEXO 4, algumas sugestes para
integrao de saberes ans com o
Eixo Temco Agricultura Familiar:
idendade, cultura, gnero e etnia quepossibilitam organizar o planejamento da
pesquisa em vrias dimenses, como, por
exemplo: pesquisa sobre histrias da vida
dos/as educandos/as, de suas famlias
e comunidades, sobre relaes sociais
e produvas no processo de ocupao
e transformao do ambiente, sobre
manifestaes culturais das comunidades
e das famlias dos/as educandos/as.
Construindo e registrando a
organizao das propostas
locais
Como armamos inicialmente, o objevocentral do Caderno Pedaggico dos/as
educadores/as esmular o processo de
planejamento e fortalecer a organizao
do trabalho educavo no codiano dos
Tempos Formavos (tanto na escola como
na comunidade). Propomos um Percurso
Formavo que pretende se materializar
na formao escolar dialogando com
os diferentes contextos nos quais esto
inseridos os sujeitos educavos que
parcipam do Programa.
Assim, sugerimos que cada educador/a
elabore questes de invesgao, dena
procedimentos de pesquisa e selecione
saberes integrados para constuir a
proposta pedaggica local.
Essa iniciava pretende garanr a
materializao de um processo educavo
que atenda s demandas e aos anseios
dos/as educandos/as que parcipamdo Programa em cada regio do pas,
em dilogo com as necessidades e
especicidades das comunidades de
Agricultores Familiares das quais fazem
parte.
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Fotos Jeferson Rudy Arquivo Ministrio do Meio Ambiente 11-03-2007. Rio Acre. Local: Acre/Rio Branco
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PRODUZINDO A SNTESE DO TEMPO ESCOLA DE ACOLHIDA
OBJETIVOResgatar, sistemazar eapresentar em diversaslinguagens as reexesproduzidas e os saberesintegrados (re)construdosno Tempo Escola deAcolhida.
PROBLEMATIZAO
?Qual o papel da
escola na formaodos sujeitos, considerandoas relaes do serhumano em sociedadee na transformao econservao do ambiente?
ATIVIDADEConsiderando o conjuntode avidades vivenciadasao longo do Tempo Escolade Acolhida, as reexesproduzidas e os saberes(re)construdos, sugerimosque os/as educandos/as elaborem SNTESESem diversas linguagens,individualmente ou
colevamente produzamtextos escritos, desenhos,poemas, msicas, pinturas,etc, que possibilitemidencar e ressignicaro conjunto de saberes (re)construdos no perodo.
Educador/a:A parr da anlisedas produes dos/aseducandos/as, poderoser elaborados pareceresavaliatvos, os quaisdevero compor omaterial que constuirparte do porlio daturma.
SNTESES PROVISRIASO grupo dever planejar eorganizar a pesquisa a serdesenvolvida no primeiroTempo Comunidade.A parr da anlise dassnteses produzidas,deniro as prioridadese problemas a seremtrabalhados e estudadospelos sujeitos educavos.
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As diferenas de gnero, idade, etnia que
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EIXO TEMTICO 1
Agricultura Familiar:Cultura, Idendade, Etnia e Gnero
2
singularidades criam em nossa comunidade?
Aproblemca de pesquisa sobre a AgriculturaFamiliar Sustentvel, que o conceito que se desejaconstruir, de acordo com o Eixo Arculador do Currculo(Agricultura Familiar e Sustentabilidade) do ProJovemCampo Saberes da Terra, vai comear a ser elaboradapelo estudo do Eixo Temco 1- Agricultura familiar:idendade, cultura, gnero e etnia. No Tempo Escolade Acolhida, foi elaborado um plano de pesquisa a serrealizado no Tempo Comunidade relavo a esse EixoTemco (Anexo 1). Vamos retomar a problemcaque determina as questes de pesquisa, a ementa e as
aprendizagens para o Tempo Escola.
Essas aprendizagens sero elaboradas nos Crculosde Dilogo como dinmica da construo coleva desaberes por meio das Jornadas Pedaggicas ou deoutras tcnicas didcas. Vamos construir saberesdo Eixo Temco como uma das dimenses do EixoArculador. Ser a primeira sntese do Eixo Temco1 a ser construda no Tempo Escola de acordo com aprogramao de trabalho de cada turma: h um ouvrios Tempos Escola.
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Foto: Arquivo do MST
Idendade neste
eixo vista
especialmente
nas dimensesde gnero, de
gerao e de
etnia, bem como
nas relaes entre
o campo e a cidade.
A problemca a ser pesquisada no Eixo Temco 1
ser a idendade cultural da Agricultura Familiar, das
agricultoras, dos agricultores familiares e dos jovens
membros dessas famlias. Idendade, nesse eixo,
vista especialmente nas dimenses de gnero, de
gerao e de etnia, bem como nas relaes entre
o campo e a cidade. Dimenses da congurao
cultural da Agricultura Familiar e de seus membros.
Superar a desvalorizao do campo perante a cidade
e a prpria imagem das jovens e dos jovens ruraiscomo desinteressados pelo meio rural contribui
para a visibilidade da categoria como formadora de
idendades sociais e, portanto, de demandas sociais
(CASTRO, 2005, p. 1).
Mas parece que
essejovem ruralse apresenta longe do isolamento,
dialoga com o mundo globalizado e rearma sua
idendade como trabalhador, pequeno produtor
familiar, lutando por terra e por seus direitos
como trabalhadores e cidados. Assim,jovem daroa, juventude rural, jovem ruralso categorias
aglunadoras de atuao polca. Essa reordenao
da categoria vai de encontro imagem de
desinteresse dos jovens pelo meio rural. Apesar
dessa movimentao, esse novo ator pouco
conhecido e ainda muito negligenciado pelas
pesquisas sobre o tema juventude. Juventude rural
tambm no se apresenta como foco prioritrio
para as polcas pblicas de juventude (CASTRO,
2005, p.2).
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O jovem na roa
est antenado com o
mundo globalizado.
Ele v o jornal na
TV, ouve msicada moda, se veste
igual ao jovem da
cidade, e quer ter
celular, computador
e internet e dirigir
uma moto. Deseja
conhecer o mundo e
ser feliz na sua terra
natal produzindo
alimento para o
Brasil. Que questes
a educao deve
propor para o ajudar
a ser um jovem no
campo que supera
os desafos da
globalizao?
Possivelmente, o ProJovem Campo Saberes da Terracontribuir para a visibilizao do jovem rural, jque, alm de uma polca pblica, se prope garanrcondies de sua armao como sujeito (idendade)do saber, portanto capaz de desenvolver idias, lutar por
terra, por jusa e democracia. Que jovem do camporevelou o levantamento do Tempo Comunidade?
Alguns estudos sobrejovem nas comunidades ruraisrevelam que um dos pontos centrais so as relaeshierrquicas que envolvem a denio de velho ejovem. S se tornam adultos e, portanto, respeitadosnessas comunidades aqueles que assumem a pequenapropriedade da famlia. Isso acontece na suacomunidade?
Os debates sobre juventude, no Brasil, so recentes,arrancam nas dcadas de 1980 e 1990, chamando aateno sobre a diversidade do meio juvenil. No vema juventude como algo homogneo. Ento, um aspectoimportante descobrir essa diversidade. Mesmo entreos jovens e as jovens da Agricultura Familiar deve havermuitas singularidades. importante idenc-las emnosso estudo. Que singularidades criam em nossacomunidade as diferenas de gnero, idade, etnia?
Quase sempre as questes da juventude esto
relacionadas com os problemas da escolarizao,sobretudo no meio rural, mas tambm com as questesdo lazer. Pensa-se a juventude como jovens queesto em processo de formao e que ainda no tmresponsabilidades, principalmente por no estareminseridos no mercado de trabalho. Por isso, armaCastro no seu estudo sobre jovens de um Assentamento:
O peso da transitoriedade aparece como umamarca recorrente nas denies e percepessobre juventude nos mais diferentes cenrios econtextos. Podemos armar que juventude umacategoria social que, via de regra, relega aquelesassim idencados a um espao subordinado nasrelaes sociais. Paradoxalmente jovem associadoa futuro e transformao social (2005, p. 6).
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No campo dos meus sonhos temmetr, carro de boi, helicptero,pescaria, computador, faculdade,motocicleta e fogueira de So Joo...
Outro aspecto importante da juventude a
migrao. Hoje se constata inclusive que as jovens
migram mais que os jovens. A autora acima citada
demonstra que ser jovem rural carrega o peso
de uma posio hierrquica de submisso, em um
contexto marcado por difceis condies econmicas
e sociais para a produo familiar (p. 7). E arremata:
os problemas enfrentados pelos jovens so antes de
tudo problemas enfrentados pela pequena produo
familiar, e suas muitas formas de reproduo, como
as difceis condies de vida e produo. Nestecontexto, algumas dificuldades atingem de forma
mais direta os jovens rurais (p. 8).
O problema do futuro tambm se coloca de forma quase
dramca, pois, pelo menos no Assentamento estudado
por Castro no Rio de Janeiro, a tendncia para esses
jovens uma insero em condies precrias no mundo
do trabalho, para lhos de assentados, ex-assentados,
morando ou no no assentamento, ou mesmo jovens
urbanos, sejam homens ou mulheres (p.9).
Ser que essa falta de horizonte leva o(a) jovem ao
desinteresse pelo meio rural, alm dos esgmas de
matuto, caipira, tabaru? Por outro lado, aparecer