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Janeiro 2012 | País €conómico › 1
Língua portuguesa é o cimento agregadorDomingos Simões Pereira, Secretário-geral da CPLP, sublinha que a lusofonia é um espaço cada vez mais integrado e solidário
nº 112 › Mensal › Janeiro 2012 › 2.20# (IVA incluído)
carlos Gomes JúniorPrimeiro-ministro da Guiné-Bissau
carlos RochaPresidente da Eurocabos
Fernando albinoPresidente da carnalentejana
PRomovaLoR constRói hotEL shERaton Em PERnamBuco
› hEad
2 › País €conómico | Janeiro 2012 Janeiro 2012 | País €conómico › 3
Editorial
A discussão criada recentemente sobre a eventualidade de algumas classes profis-
sionais, entre as quais as dos docentes, emigrarem por evidente falta de oportuni-
dades de trabalho em Portugal, tem sido acesa e polémica, com opiniões para todos
os gostos. Também não queremos fugir a essa discussão.
Independentemente da maior ou menor contextualização das declarações do Pri-
meiro-Ministro a respeito das oportunidades para muitos professores emigrarem
para países como Angola e o Brasil – e existem certamente outros de língua portu-
guesa porventura até com maiores necessidades de formadores e educadores – o
assunto deve ser discutido de forma clara e franca. E acima de tudo sem tabus
nem com entendimentos de que existem castas na sociedade portuguesa que são
intocáveis. Sejam dos professores ou de outros quaisquer.
Empregos para a vida e profissões imutáveis simplesmente já não existem. Além
disso, pretender que o Estado deve proporcionar emprego a toda a gente e, cumu-
lativamente, desejavelmente à porta da casa de cada um, é de um tempo passado
sem retorno.
Obviamente que as mudanças sociais e sócio-profissionais são inelutáveis, e não
necessariamente para pior. No presente, as pessoas têm de obter renovadas qua-
lificações, muitas vezes em áreas profissionais diferentes, e consequentemente
devem estar preparadas para mudar de trabalho (e mesmo de profissão) se neces-
sário e até talvez com alguma frequência.
Esta mobilidade profissional obriga inevitavelmente também a mudanças sociais
e de locais onde se exerce a profissão. E isto serve tanto no plano interno como no
plano externo.
É óbvio que qualquer país, a começar pelo seu governo, tudo deverá fazer no âm-
bito das políticas públicas de desenvolvimento bem como no apoio ao progresso
empresarial privado, de criar as melhores condições para que o maior número
possível dos seus cidadãos tenha as condições indispensáveis para o exercício pro-
fissional no seu país.
Mas, isto não significa, e não significará cada vez mais, que um número alargado
de cidadãos não procure no estrangeiro as oportunidades profissionais que podem
faltar ou no seu próprio país em número ou em qualidade necessária. Por isso,
procurar aproveitar oportunidades no exterior, sobretudo em países que também
falam português, constitui uma mais-valia pessoal e para o próprio país. Curio-
samente, muitas das vozes contrárias que se levantam, são de muitos que sem-
pre viveram à sombra do Estado ou que pouco de currículo profissional tem para
apresentarem na vida. Os que partem à procura de melhores condições de vida e
profissionais não pensam assim. E ainda bem. Oxalá regressem um dia.
JoRGE GonçaLvEs aLEGRia
mobilidade social é para todos
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Janeiro 2012 | País €conómico › 54 › País €conómico | Janeiro 2012
Grande Entrevista
índiceDomingos Simões Pereira, Secretário-Ge-
ral da CPLP – Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa, em entrevista à País €conómico, sublinhou que a CPLP
pode e deve ser uma das prioridades ex-
ternas de Portugal na procura da ultrapas-
sagem das dificuldades que o país atual-
mente enfrenta. O responsável guineense
que lidera o organismo de cúpula dos pa-
íses de expressão portuguesa acredita no
reforço e desenvolvimento da cooperação
entre todos os países integrantes de uma
comunidade de cerca de 250 milhões de
euros que falam português no Mundo.
pág. 18 a 22
Os tempos difíceis que vivemos levaram a APAVT a
desistir de realizar o seu congresso anual na cidade
brasileira de Fortaleza, tendo-o realizado na cidade
de Viseu, na Região de Turismo do Centro. Debates
interessantes a mostrarem que o turismo deverá
continuar – e até a reforçar – a constituir uma trave-
-mestra no desenvolvimento económico e social do
país. Destaque para as posições da TAP nas ligações
aéreas entre Portugal e o Brasil, bem como as apostas
conseguidas do Grupo Visabeira na área turística.
Primeiro-ministro da Guiné-BissauO Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes
Júnior concedeu uma importante entrevista à País €conómico, onde destaca os progressos que o país
está a fazer na consolidação do processo político in-
terno, bem como dos esforços para desenvolver os
vários sectores económicos guineenses. E, natural-
mente, apela ao aumento do investimento empresa-
rial português na Guiné-Bissau.
pág. 24 a 28
ainda nesta edição…
16 nova Business school distinguida
17 timor-Leste quer mais investimentos portugueses
31 Paulo Portas reúne-se com câmaras de comércio em Lisboa
32 Embraer assinou contratos com a ogma e a EEa
36 Promovalor vai construir hotel sheraton em Pernambuco
44 Refer telecom na vanguarda tecnológica
46 Exclusive networks aposta na segurança tecnológica
56 carmim com 40 anos
57 mobiliário promove-se internacionalmente
58 china tree Gorges ganha EdP
Grande Plano
Janeiro 2012 | País €conómico › 76 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE PLano
XXXVII Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e de Turismo (APAVT) decorreu em Viseu e ficou marcado pelos desafios difíceis que marcam o ano de 2012
É preciso criatividade para captar mais turistas
Esteve agendado para a cidade brasileira de Fortaleza, mas acabou por decorrer na cidade
de Viseu, afinal a cidade fundadora da lusitanidade. O XXXVII Congresso da APAVT
reuniu quase quinhentos congressistas e autoridades do setor do turismo português, e
ficou marcado por discussões fortes sobre o percurso seguido até agora, mas sobretudo
pelas incógnitas e pelos desafios que marcarão o ano de 2012, não apenas pela recessão
que assola a economia portuguesa, mas também pela evidente desaceleração económica
das principais economias europeias, afinal, onde estão os cinco principais mercados
de origem de turistas para Portugal. Alguma compensação poderá vir do Brasil,
mas diversos responsáveis alertaram para a necessidade das autoridades turísticas
portuguesas fazerem muito mais do que o que têm feito para captar mais turistas
brasileiros para o nosso país. O Vice-Presidente da TAP, Luiz da Gama Mór, referiu mesmo
que «é a grande China de Portugal», mas alertou que a TAP não pode fazer tudo sozinha
do lado de lá do Atlântico. É preciso que outros intervenham para mostrar Portugal e as
suas vantagens para o turista brasileiro.tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CORtESIA APAVt
na sua intervenção inicial de
abertura do 37º Congresso da
APAVT, que decorreu no início
de Dezembro na cidade de Viseu, o presi-
dente da organização das agências de via-
gens portuguesas lamentou os incómodos
causados ao trade turístico da cidade bra-
sileira de Fortaleza, mas lembrou que pe-
rante a difícil situação em que se encontra
o país, «a APAVT nunca deixou de colocar,
acima de tudo, os interesses da Nação».
E perante cerca de 450 congressistas do
setor turístico e das agências de viagens,
João Passos criticou o que considerou
«uma interferência continuada e despro-
positada do Estado na vida das empresas»,
mencionando sobretudo o agravamento
dos custos de contexto. Para o então presi-
dente da APAVT, «o papel do Estado deve
ser fundamentalmente o de regular e não o
de regulamentar ao arrepio do mercado e
ao arrepio do interesse dos consumidores».
Numa resposta mais abrangente, o minis-
tro dos Assuntos Parlamentares, Miguel
Relvas, não deixou de sublinhar na sua
intervenção na sessão inaugural do Con-
gresso, que «será igualmente necessário
optimizar o licenciamento e a acção regu-
ladora, no sentido de simplificar processos,
estimular o empreendorismo e atrair cada
vez mais investidores, nacionais e estran-
geiros. Não podemos continuar a colocar
mais e mais obstáculos no caminho dos
nossos empreendedores no setor do turis-
mo, muitas vezes agravando sem qualquer
razão económica o regime contido em dire-
tivas europeias para o setor».
O responsável do governo português su-
blinhou ainda que o executivo aposta
numa «estratégia de reforço e na iden-
tidade da Marca Destino Portugal, não
apenas na sua imagem de confiança e de
segurança, mas também como destino di-
ferenciado para consumidores em todo o
mundo».
Entretanto, a intervenção do Estado me-
receu diversos reparos de diversos inter-
venientes presentes em Viseu, nomeada-
mente a subida do IVA na restauração e
no golfe, além da introdução de portagens
nas antigas Scut, tanto as que servem a
região centro do país, bem como na A22
no Algarve.
Elidérico Viegas, presidente da Aheta –
Associação dos Hotéis e Empreendimen-
tos Turísticos do Algarve, lembrou que o
turismo representa 15% da atividade ex-
portadora do país e contribui para a afir-
mação e consolidação da Marca Portugal
no Mundo, mas sublinhou que «não pode
deixar de constituir uma contradição ta-
xar ainda mais este setor, via aumento do
IVA sobre o golfe e a alimentação e bebi-
das, face ao grande desígnio nacional da
atualidade – aumentar as exportações -,
tendo em vista esbater a nossa maior fra-
queza, o endividamento externo».
os números do turismoOs números da importância do turismo na
economia nacional são bem evidentes. Em
2010, o setor do turismo representou 9,2%
do PIB, ou seja, registou um aumento de
0,4% face a 2009, tendo atingido uma quo-
ta de 14% no total das exportações nacio-
nais de bens e serviços. De referir que em
2010 atingiu-se os 12 milhões de turistas
em Portugal, daí resultando receitas que
quase atingiram os 16 mil milhos de euros,
um aumento de 7,9 por cento face ao perí-
odo homólogo. Não estando ainda contabi-
lizados na altura os números de 2011, era
expetativa de todo o setor que ultrapassas-
sem os atingidos em 2010.
No entanto, a recessão económica em Por-
tugal e a evidente desaceleração económi-
ca nos principais países europeus, alguns
deles (Reino Unido, Alemanha, França,
Espanha e Holanda) de onde provêem o
maior número de turistas para Portugal,
configuram grandes incógnitas para o
presente ano.
Continuar a apostar nestes mercados
continuará a ser uma prioridade para
Portugal, nomeadamente para o Turismo
de Portugal, agora presidido por Frede-
rico Costa, que por todos foi saudado e
elogiado no Congresso da APAVT. No en-
tanto, vários intervenientes sublinharam
a importância de existir alguma diversifi-
cação na promoção e captação de novos
mercados emissores, nomeadamente na
Rússia, outros países da Europa de Leste,
na China e na Índia, além de países da
América do Sul, a começar naturalmente
pelo Brasil.
Neste último país gigante que fala portu-
guês, todos destacaram o papel desenvol-
vido pela TAP, que em 2011 ultrapassou
a histórica marca de 1,5 milhões de pas-
sageiros transportados entre Portugal e o
Brasil, mas todos sublinharam que as au-
toridades portuguesas responsáveis pelo
turismo, naturalmente com a cooperação
dos agentes privados, terão de fazer muito
mais no país irmão para captar mais tu-
ristas brasileiros. É que, como bem subli-
nhou Luiz da Gama Mór, Vice-Presidente
da TAP, o Brasil poderá ser «a grande Chi-
na de Portugal». ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 98 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE PLano
Mário de Carvalho, Diretor da TAP no Brasil, destaca crescimento no tráfego aéreo entre Portugal e o Brasil
Em 2011 ultrapassámos 1,5 milhões de passageiros
No momento em que recebia a notícia de que a TAP tinha sido galardoada com o
prémio da “Melhor Companhia Aérea Internacional”, entre as várias companhias
que operam nos aeroportos brasileiros, Mário de Carvalho, Diretor da TAP no Brasil,
referiu à País €conómico no decorrer do Congresso da APAVT em Viseu que a
companhia portuguesa ultrapassaria em 2011 o número de 1,5 milhões de passageiros
transportados entre os dois países. Apesar de não estar neste momento em equação
algum novo destino em território brasileiro, o responsável português não excluiu essa
possibilidade futuramente.
tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › ARquIVO
no momento em que escrevo estas linhas ainda não estão
apurados os números finais do ano a respeito do tráfego
aéreo entre Portugal e o Brasil, mas Mário de Carvalho,
Diretor da TAP no Brasil, não teve dúvidas em exprimir a sua con-
vicção logo no início de Dezembro, aquando da sua presença no
Congresso da APAVT em Viseu, de que o número de passageiros
transportados pela TAP nas rotas entre Portugal e o Brasil, ultra-
passaria este ano a barreira de 1,5 milhões de passageiros.
Recorde-se que a TAP voa de Lisboa e do Porto em mais de 70
frequências semanais para dez destinos em território brasileiro, a
saber, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e Porto Alegre (desde Junho
do ano passado).
Mário de Carvalho mostrou grande satisfação com os números e
sublinhou que a companhia está a fazer todos os possíveis para
consolidar a sua operação no Brasil, mas sublinhou igualmente
para a importância das autoridades do turismo, tanto portugue-
sas como brasileiras, incrementarem os seus programas e acções
de promoção e apoio ao desenvolvimento turístico entre os dois
países. ‹
taP eleita melhor companhia a EuropaSegundo a revista norte-americana de turismo Global Traveler, a TAP foi eleita a melhor companhia aérea da Europa, um prémio entre-
gue em cerimónia realizada em Beverly Hills, na Califórnia. O prémio é resultante de uma consulta realizada durante os primeiros oito
meses de 2011 a mais de 36 mil passageiros frequentes e passageiros executivos, que fazem uma média de 16 viagens internacionais e
16 viagens domésticas por ano.
A TAP recebeu igualmente na mesma ocasião o prémio de “Melhor vinho tinto servido em Classe Executiva Internacional”, no concurso
“2011 GT Wines on the Wing”. ‹
Marcelo Pedroso, Diretor de Mercados Internacionais da Embratur, no Congresso da APAVT, destacou importância do turismo português para o Brasil
Portugal é um mercado prioritário na Europa
A Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo – esteve em Viseu representada por Marcelo
Pedroso, responsável pelos Mercados Internacionais do organismo brasileiro. Apesar de
reconhecer que o número de turistas portugueses tem diminuído desde 2006 até ao
ano passado, ainda assim, Marcelo Pedroso realçou que o mercado emissor português
continua a ser o mais valioso na Europa para o Brasil, tanto pelas afinidades culturais,
como pelas intensas relações entre os dois países e que o fato de em 2012 se comemorar
o Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal, constitui um estímulo e um desafio
ao crescimento das relações turísticas entre os dois países.
tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CORtESIA APAVt
Em 2006 foram 260 mil os turistas
portugueses que demandaram o
Brasil, mas em 2010 esse número
caiu para apenas 189 mil. Ainda assim,
Portugal continua a ser um dos mercados
principais em termos de emissão de turis-
tas europeus para o Brasil. Marcelo Pedro-
so, Diretor de Mercados Internacionais da
Embratur, reconhece a importância dos
números, mas salienta que também cons-
tituiu um desafio a melhorar as condições
de divulgação do destino, sendo necessá-
rio refrescar as ações promocionais e mos-
trar o grande potencial turístico do país
para os visitantes portugueses.
Uma das questões que vai brevemente
corrigida prende-se com a reabertura do
escritório da Embratur em Lisboa, estan-
do aprazada já para Março do corrente
ano. No início de Março, o Brasil também
é o país convidado da BTL – Bolsa de Tu-
rismo de Lisboa, e vai ocupar um grande
espaço no Pavilhão Internacional do Par-
que das Nações em Lisboa, mostrando o
que de melhor possui o país.
Numa ação consertada, a TAP vai trazer
um vasto conjunto de agentes de viagens
brasileiros a Lisboa para vender não só
o Brasil aos portugueses, mas também
para poderem vender Portugal aos brasi-
leiros. Além disso, a transportadora aérea
portuguesa também vai trazer um grande
número de agências de viagens europeias
tendo como objetivo proporcionar en-
contros de negócios para vender o Brasil
na Europa. Naturalmente com a TAP en-
quanto interligador aéreo entre os dois
continentes
O fato de o ano de 2012 ser o Ano de
Portugal no Brasil e o Ano do Brasil em
Portugal, permitirá segundo Marcelo Pe-
droso, «resgatar o relacionamento cultu-
ral entre os dois países, reforçar os laços
de identidade entre ambos e aproveitar
consequentemente as potencialidades
e as oportunidades que se abrem com a
comemoração deste importante evento
entre os dois países irmãos», sublinhou o
responsável do turismo brasileiro presen-
te em Viseu. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE PLano
Eugénio Fernandes, Diretor Comercial da euroAtlantic, apresentou novo contrato com canadianos
da Sunwing para trazer 7.500 turistas daquele país a Lisboa, Porto e outras cidades europeias
Euroatlantic é um ator aéreo global
A euroAtlantic anunciou numa reunião com jornalistas no âmbito do Congresso da
APAVT em Viseu o acordo estabelecido com a empresa Sunwing, que trará nos primeiros
três meses deste ano cerca de 7.500 turistas canadianos a várias cidades europeias,
incluindo Lisboa e Porto. Eugénio Fernandes, Diretor Comercial da euroAtlantic, esteve
em Viseu em representação de Tomaz Metello, presidente da companhia portuguesa
de avião, e sublinhou o contributo que este conjunto de turistas poderão ter para
a economia das duas maiores cidades portuguesas. O responsável da euroAtlantic
aproveitou o momento para referir outras novidades da atividade da empresa a nível
mundial, e sublinhou a sua convicção de que o aeroporto de Beja poderá constituir uma
alternativa à Portela em Lisboa no que ao parqueamento de aeronaves diz respeito.
tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › JOãO AzEVEDO
nos primeiros três meses do presente ano, a euroAtlantic
airways (EAA) vai realizar 12 voos turísticos semanais,
utilizando aeronaves B767-300ER, para transportar
cerca de 7.500 turistas provenientes das cidades canadianas de
Toronto e Montreal, e que visitarão várias cidades europeias, in-
cluindo Lisboa e Porto. O acordo fechado pela euroAtlantic com
o operador turístico canadiano Sunwing, participado do operador
alemão TUI, repre-
senta, segundo do-
cumento assinado
por Tomaz Metello,
«um pequeno con-
tributo para o esfor-
ço do país, permite
a entrada de divisas
e agitar o consumo
nas nossas duas
grandes cidades».
Ainda segundo o presidente da euroAtlantic, «a EAA pode servir
de via junto da Sunwing para amanhã o Algarve ser divulgado
nos seus programas, os canadianos são consumidores de golfe de
excelência, pois o fator inverno obriga-os a viajar para campos no
exterior, temos uma das melhores ofertas mundiais, servidas por
uma hotelaria de excelência, um clima ameno, onde se joga golfe
enquanto chove ou neva noutros países».
Mas, enquanto divulgava esta novidade, a empresa pela voz de
Eugénio Fernandes apresentava também as novidades da euro-
Atlantic ter sido convidada para em Janeiro participar numa reu-
nião na cidade de Maputo, capital de Moçambique, tendo por ob-
jetivo a criação da LAM Internacional, companhia moçambicana
que pretenderá lançar-se nas rotas entre Maputo e as cidades de
São Paulo, Montevideu (Uruguai) e Beijing (China). Na ilha vizi-
nha de Madagascar, onde a euroAtlantic já possui uma operação
entre a ilha e o aeroporto parisiense Charles de Gaulle, a compa-
nhia portuguesa pondera colocar lá uma segunda aeronave.
A euroAtlantic tam-
bém foi convidada
para o projeto de
criar a TLA – Timor
Leste Airlines, mas
se assim acontecer,
segundo Eugénio
Fernandes, a com-
panhia portuguesa
será apenas parceira
e não está previsto a
sua entrada como accionista no mesmo.
Atualmente, a euroAtlantic possui oito aeronaves, uma das quais
faz o voo semanal entre São Tomé e Príncipe e Lisboa, cuja taxa
de ocupação, segundo informou Caetano Pestana, Diretor de Re-
lações Exteriores da companhia portuguesa, ronda os 80%. Ainda
segundo este responsável, após as obras de beneficiação do ae-
roporto santomense, a euroAtlantic pondera colocar em serviço
uma aeronave de 40/50 lugares para distribuir passageiros vindos
da capital portuguesa e que pretendam deslocar-se para outros
países africanos vizinhos. ‹
dR. aRsÉnio LEitE
Tenho uma ideia para criar um tipo de lâmina a ser usada na indústria de vidro que permitirá in-crementar drasticamente a exatidão de corte de vidro. Para tal necessitarei de construir uma fá-brica de raiz, a que corresponde um investimen-to de cerca de 2 milhões de euros. Dada a restri-ção existente ao nível da concessão de crédito bancário, pretendia obter apoios comunitários. Poderei candidatar-me ao QREN?RESPOSTASe a lâmina a criar possuir um elevado perfil diferenciador face aos demais produtos existentes no mercado destinados ao corte de vidro, existe a possibilidade do seu projeto se en-quadrar no SI Inovação.No SI Inovação são elegíveis os investimentos de natureza produtiva, isto é, os equipamentos sem os quais a empresa não poderia prestar os seus serviços, a maquinaria de produ-ção do produto inovador. São ainda apoiados investimentos complementares ao fabrico deste novo produto, nomeada-mente, equipamentos para outros departamentos não dire-tamente produtivos, informática e software, instalação de sis-temas de energias renováveis, aquisição de patentes, criação de website, projetos de arquitetura, planos de marketing e despesas com promoção internacional (aluguer de equipa-mentos e espaços de exposição, presença em feiras interna-cionais do sector).Os critérios de elegibilidade são, entre outros:• Encontrar-se legalmente constituído e cumprir as condi-
ções legais necessárias ao exercício da respetiva atividade;• Possuir a situação regularizada face à administração fiscal,
à segurança social e às entidades pagadoras dos incenti-vos;
• Apresentar uma situação económico-financeira equilibra-da, isto é, um rácio de autonomia financeira pré-projeto não inferior a 20%, para o caso de grandes empresas, e de 15% para o caso de PME;
• Assegurar pelo menos 25% dos custos elegíveis com recur-sos próprios ou alheios, que não incluam qualquer finan-ciamento estatal;
• Financiar o projeto com pelo menos 20% de capitais pró-prios ou apresentar uma autonomia financeira pós-projeto mínima de 20%;
• Corresponder a uma despesa mínima elegível de € 150 000;
Ter uma duração máxima de execução de dois anos;• Apresentar viabilidade económico-financeira e contribuir
para a melhoria da competitividade da empresa promo-tora.
No último concurso, foram estabelecidos critérios de elegibi-lidade adicionais ao nível da exigência na orientação para os mercados externos, no impacto do investimento no ativo da empresa e na estratégia de internacionalização. Os projetos com despesa elegível inferior a 1,5milhões de euros apenas se poderiam candidatar à dotação empreendedorismo quali-ficado, sendo que o investimento máximo elegível na dotação geral foi de 25 milhões de euros.A taxa base de apoio é de 45%, podendo beneficiar de ma-jorações consoante a dimensão da empresa (20pp para pe-quenas empresas e 10pp para médias empresas), inserção em EEC (10pp se se enquadrarem no âmbito de um cluster/EEC) ou se existir empreendedorismo feminino ou jovem (10pp se os sócios forem mulheres ou jovens até 35 anos que de-têm pelo menos 50% do capital e sejam sócios-gerentes por 2 anos). Este apoio tem a natureza de subsídio reembolsável (empréstimo sem juros e com prazo de 6 anos e 3 anos de ca-rência de capital) existindo a possibilidade de até 75% deste subsídio se converter em fundo perdido.No que respeita à questão do enquadramento do projeto num cluster/EEC, é de referir que a CAE do projeto (25732 – fabrico de ferramentas mecânicas) é uma das CAE incluídas no âmbito sectorial do Pólo de Competitividade e Tecnologia Engineering & Tooling. Uma das tipologias de investimento elegíveis por este cluster/EEC no último concurso do SI Ino-vação foi a produção de peças maquinadas de alta precisão e exatidão, sendo que a lâmina inovadora que pretende criar poderá enquadrar-se nesta tipologia. Outras tipologias elegíveis foram, entre outras:Conceção e fabrico de moldes ou ferramentas para processa-mento de novos materiais;• Conceção e produção de moldes inteligentes e com incor-
poração de soluções de mecatrónica; • Processos e métodos de fabrico inovadores decorrentes da
introdução de novas tecnologias de maquinagem ou mani-pulação de superfícies;
• Processos inovadores visando Sistemas de Produção Fle-xível;
• Empresas de base tecnológica, cuja atividade seja a área da maquinação de componentes de alta precisão e/ou produ-ção de microcomponentes/ moldes.
www.sibec.pt sibec@sibec.pt 228 348 500
si inovação
consuLtóRioFundos comunitáRios
Janeiro 2012 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE PLano
José Arimateia, Presidente da Comissão Executiva da Visabeira Turismo, aponta estratégia de consolidação em Portugal e Moçambique, mas admite aproveitar oportunidades para crescer
vamos abrir restaurante em Lisboa
A Visabeira Turismo ganha cada vez mais visibilidade no sector turístico português
e moçambicano. Em Portugal devido ao forte portefólio de unidades turísticas, de
restauração e animação e lazer que possui na região centro do país, em Moçambique pelo
desenvolvimento na área hoteleira e mais recentemente pela atribuição de requalificar
uma área importante do Parque Nacional da Gorongosa. José Arimateia, Presidente da
Comissão Executiva da Visabeira Turismo, em entrevista à País €conómico, explica
a estratégia de consolidação do desenvolvimento dos activos do grupo, não deixando
de admitir o potencial interesse em novas unidades, admitindo algumas hipóteses em
Portugal, França, Angola e Moçambique. Certo será a abertura na próxima Primavera de
um restaurante em Lisboa próximo do Castelo de S. Jorge.
tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CEDIDAS PELA VISAbEIRA tuRISMO
O Grupo Visabeira ganhou recentemente a incumbência de re-qualificar o Acampamento de Safaris de Chitengo, no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique. Qual vai ser o inves-timento e qual a importância na estratégia turística do grupo em Moçambique?Antes de mais permita que lhe diga que para o Grupo Visabeira
e para a cadeia Girassol Hotéis é uma enorme honra e um enor-
me desafio este novo projecto. Sentimo-nos lisonjeados pelo facto
do Ministério do Turismo de Moçambique e do Projecto de Res-
tauração da Gorongosa terem escolhido o Grupo Visabeira para
requalificar e gerir
o Acampamento de
Safaris de Chitengo.
Pela frente temos o
enorme desafio de
dotar o espaço das
infra-estruturas ne-
cessárias e adaptá-lo
às necessidades actu-
ais com renovações e
novas instalações de
alojamento e equi-
pamentos turísticos,
para catapultar de
novo Chitengo e
Gorongosa a uma
posição histórica
como um dos princi-
pais Parques Nacionais na África. O Acampamento de Safaris do
Chitengo foi inicialmente construído em 1941 e, durante muitos
anos, acolheu milhares de turistas oriundos de todo o mundo que
queriam visitar o famoso Parque Nacional da Gorongosa.
Para o Grupo Visabeira passar a apresentar no seu portefólio esta
nova unidade turística assume, por um lado, a abertura a um novo
segmento de negócio – o ecoturismo/aventura, por outro surge
em complemento à oferta que já temos com os hotéis da cadeia
Girassol. Aumenta a nossa presença no território e diversifica
geográfica e conceptualmente a nossa oferta. Quanto ao inves-
timento, estimamos
aplicar cerca de 2 mi-
lhões de dólares.
Ainda em Moçam-bique, através dos hotéis Girassol, a Visabeira Turismo projecta novas uni-dades turísticas? Em que cidades? E quais os investi-mentos previstos?Para já posso adian-
tar que estamos a
projectar um novo
hotel de cidade, em
Tete, que deverá
estar concluído em
2013. Será uma unidade pensada na óptica do turismo de negó-
cios, com 129 quartos e com um investimento na ordem dos 20
milhões de dólares, criando cerca de 80 empregos directos. Es-
tamos ainda a estudar a construção de outros hotéis em outras
cidades, nomeadamente na Beira. Para breve contamos arrancar
com o primeiro resort de praia, na costa moçambicana.
Para além de Moçambique, a Visabeira Turismo perspectiva realizar nos próximos anos outros investimentos turísticos em África? Para já estamos com a operação turística em Moçambique, país
que tem um enorme potencial turístico permitindo ter uma oferta
diversificada (negócios, praia, ecoturismo e aventura). Para além
de existirem várias oportunidades, outro dado importante é que
as autoridades moçambicanas têm tomado um conjunto de ini-
ciativas no sentido de promover o turismo (nomeadamente no
que respeita à facilidade de obtenção de vistos). Adicionalmente
o Grupo Visabeira tem em Moçambique uma enorme capacida-
de instalada o que nos permite crescer com relativa facilidade, se
comparado com outros países.
Estes três factores fazem com que a nossa prioridade seja Moçam-
bique pois, tal como referido, permite-nos rapidamente ter um
portefólio de opções bastante completo. No entanto, continuamos
atentos a outras oportunidades, nomeadamente, em Angola e na
Europa com especial interesse em França onde o Grupo já está
envolvido em operações significativas na área das telecomunica-
ções.
consolidar os investimentos efectuadosNesta última década, a Visabeira Turismo realizou importantes investimentos na região centro, com particular incidência no concelho de Viseu. Qual é neste momento o portfólio do grupo na região centro?A Visabeira Turismo é a sub-holding do Grupo Visabeira e na área
detém diversas empresas que abrangem a hotelaria, a restauração,
o desporto e serviços dentro do sector, em Portugal e em Moçam-
bique.
Os Empreendimentos Turísticos Montebelo (ETM) gerem os ho-
téis em Portugal através da cadeia Montebelo Hotels & Resorts:
Montebelo Viseu Hotel & Spa, Montebelo Aguieira Lake Resort
& Spa, na Barragem da Aguieira (Mortágua), Hotel Casa da Ín-
sua (Penalva do Castelo), Hotel Palácio dos Melos e Hotel Prínci-
pe Perfeito, ambos em Viseu. Sob a gestão dos ETM estão ainda
o Montebelo Golfe – campo de 27 buracos localizado em Viseu,
bem como o Montebelo Hípico. O Montebelo Golfe tem sido pal-
co de inúmeros torneios dos quais destacamos o Expresso BPI
Golf Cup, Alcatel/Lucent, Pousadas/Mercedes, projecto Drive da
Federação Portuguesa de Golfe, Ordem de Mérito do Clube de
Golfe de Viseu e o Montebelo/ Carlsberg, entre outros. O Comple-
xo Desportivo Príncipe Perfeito, em Viseu, é outra das unidades
Casa da Insua
Restaurante Girassol Indy
Janeiro 2012 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE PLano
de desporto e lazer. É um espaço multifuncional que integra um
parque aquático, piscinas interiores e exteriores, courts de ténis,
pavilhão desportivo, academia de golfe e um parque radical. A
academia de golfe desenvolve actividade na área de formação de
novos jogadores em parceria com o Clube de Golfe de Viseu.
Na área da restauração, a Visabeira Turismo tem diversas unida-
des que são geridas pela empresa Ródia. Estão neste caso os Res-
taurantes Forno da Mimi, Rodízio Real, Rodízio do Gelo, Pedro
dos Leitões e Cervejaria Antártida. Ainda em Viseu a Ródia é a
responsável pela exploração do Expocenter/ Forno da Mimi, um
centro de congressos/ eventos com capacidade até 2000 pessoas,
local onde se realizou o jantar oferecido pela Travelport/Galileo
no âmbito do Congresso da APAVT. Este é também o local onde
realizamos, anualmente, o jantar dançante “Os Melhores Anos”,
um dos acontecimentos mais mediáticos e prestigiados na cena
musical nacional. Outra das mais reconhecidas marcas é o Bar
de Gelo Viseu, espaço integralmente construído com gelo prove-
niente de glaciares do Canadá. Este espaço localizado no Palácio
do Gelo Shopping constitui um pólo de atracção turístico, nome-
adamente para os mercados nacional e espanhol de proximidade.
O leque de empresas da Visabeira Turismo completa-se ainda com
a Movida e a Mundicor. A Movida é a empresa que assegura o
management do Palácio do Gelo Shopping e os negócios ligados à
animação turística situados neste empreendimento. Destacamos
aqui o Forlife, complexo de desporto, bem-estar e lazer, 20 mil
metros quadrados em que se enquadram uma piscina olímpica,
a única pista de gelo activa durante todo o ano no país, ginásios,
squash, saunas, banho turco e uma sala de cardio fitness equipada
com equipamento de top mundial. A Mundicor é uma agência de
viagens com três unidades de negócio complementares: viagens
de negócios, Eventos/Congressos e Lazer. A missão da Mundicor é
cada vez mais, ser um consultor de viagens, devidamente prepara-
do para abordar as necessidades de um cliente exigente.
Restaurante em LisboaNa região, está previsto nos próximos anos alguns novos inves-timentos no sector turístico?Para já estamos numa fase de consolidar as apostas que fizemos
com a criação das unidades que elenquei anteriormente. A nossa
filosofia assenta na melhoria constante dos nossos serviços, no
acrescentar de valências a algumas das unidades como aconte-
ceu durante 2011 com a construção das piscinas exterior do Hotel
Casa da Ínsua e interior do Montebelo Aguieira.
O nosso objectivo a curto e médio prazo passa, primordialmente,
pela execução de práticas e políticas orientadas para a satisfação
do cliente, especialmente a nível da relação preço/ qualidade/ ser-
viço.
E noutras regiões do país? Existem notícias que apontam para a possibilidade da Visabeira Turismo investir em unidades de res-tauração e turismo em Lisboa, Porto e Figueira da Foz Tal como já referi, a Visabeira Turismo está sempre atenta a opor-
tunidades de investimento. Temos em curso estudos para ver
quais serão as melhores apostas. Queremos, naturalmente, crescer
com a construção de raiz ou através de gestão de unidades já edifi-
cadas. As zonas que apontou são apetecíveis. Mas, como disse, no
capítulo da hotelaria não temos nada em concreto.
Já na restauração vamos iniciar a exploração de um restauran-
te em Lisboa. Trata-se de um espaço em pleno centro histórico
da capital junto ao Castelo de S. Jorge. Será um restaurante com
esplanada panorâmica no topo do Parque de estacionamento do
Chão do Loureiro e deverá abrir na próxima Primavera.
congresso da aPavt foi muito importanteQual será o volume de negócios da Visabeira Turismo em 2011? Aumentaram os resultados face a 2010?Em 2010 o volume de negócios foi de 40 milhões de euros, es-
tando previsto encerrar o ano de 2011 com 41 milhões de euros.
Como avalia o facto do Congresso da APAVT se ter realizado em Viseu, onde as estruturas da Visabeira Turismo assumiram uma relevância e protagonismo muito acentuado?Sendo o Congresso da APAVT um dos mais importantes que se
realizam no sector obviamente que é foi uma mais-valia não só
para a Visabeira Turismo, como operador privado, mas também
para toda a Região Centro que deverá, sem margem para dúvidas,
beneficiar a curto e médio prazo, com este acontecimento.
Reunir em Viseu agentes de viagens, operadores turísticos, com-
panhias aéreas e jornalistas da especialidade, entre muitos outros
intervenientes oriundos de diversos países, foi uma oportunida-
de, diria, quase única, para darmos a conhecer as nossas unidades.
O facto do Congresso se ter realizado no Montebelo Viseu Hotel &
Spa foi um sinal claro da capacidade que temos em receber uma
iniciativa como esta e que pode catapultar, ainda mais, este tipo
de eventos, que para nós são, felizmente, uma parcela importante
do negócio.
Uma vez que a Visabeira Turismo detém empresas e actividades
tão variadas como aquelas que já foram aqui mencionadas, esta
foi uma forma de quem “vende destinos” conhecer in loco a reali-
dade turística, cultural e social desta região.
Permita que dê um exemplo concreto de algo que nos deixa mui-
to orgulhosos. Remeto para a cerimónia de encerramento do
Congresso da APAVT que decorreu no Salão Príncipe da Beira
no Hotel Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo. Antes do jantar,
os Congressistas e acompanhantes tiveram a oportunidade de co-
nhecer um pouco do interior do hotel de charme, numa visita
pelas principais áreas do solar do Século XVIII. A visita despertou
o interesse de muitas dessas pessoas para voltarem e desfrutarem
das capacidades e facilidades do hotel. Tivemos, a propósito, mui-
tas referências nesse sentido com perguntas sobre as reservas e
condições de alojamento.
Não queria deixar, entretanto, de sublinhar o empenhamento ex-
traordinário da Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal,
da Câmara Municipal de Viseu e dos patrocinadores privados as-
sociados ao congresso, cuja contribuição foi decisiva para a reali-
zação deste Congresso. ‹
Montebelo Hotel spa em Viseu Montebelo golfe
17 › País €conómico | Janeiro 201216 › País €conómico | Janeiro 2012
antónio mELo PiREsO Director Geral da Autoeuropa é o primeiro português a dirigir a fábrica de Palmela e comemorou em Dezembro os 20 anos do arranque da construção de uma unidade industrial estratégica para o desenvolvimento de Portugal nas últimas duas décadas. Assim fique pelo menos mais outras duas décadas. ‹
Luís FiLiPE viEiRaO Presidente da Promovalor lançou a primeira pedra de um hotel Sheraton no Brasil, dentro de um grande investimento turístico e residencial no resort Reserva do Paiva. O empresário (e presidente do Benfica) prepara-se também para investir em África, nomeadamente em Moçambique, numa aposta crescente da internacionalização da empresa. ‹
assunção cRistasA Ministra da Agricultura e do Mar conseguiu uma importante vitória nas negociações em Bruxelas ao garantir um aumento de seis por cento nas quotas de pesca atribuídas a Portugal para o presente ano de 2012. O aumento de exportações em vários setores agrícolas, como o vinho, pêra rocha e azeite, credibilizam a atuação da governante. ‹
› a aBRiR
João duarteO CEO da YoungNetwork acaba de
ser nomeado presidente do clube de
empreendores Homo Faber Clube de
Portugal, quatro anos depois da sua
fundação. O novo presidente aposta
num mandato de maior participação dos
empreendedores, a uma maior visibilidade
e numa aposta de internacionalização
empresarial. ‹
Yann horrentÉ o novo Director Administrativo e
Financeiro da GEFCO Portugal. O novo
elemento do operador logístico será
responsável pela organização, coordenação
e gestão das actividades administrativas e
financeiras da filial portuguesa. ‹
Luís chibelesÉ o novo colaborador comercial da
CilNet, tendo como principais funções
a prospecção de clientes, de potenciais
oportunidades de negócios, manutenção e
a expansão da actual carteira de clientes,
bem como as actividades comerciais de
desenvolvimento. Possui certificações
obtidas na Cisco e Alcatel-Lucent. ‹
subindo na Pirâmide
› notícias
Nova School of Business and Economics (Nova SBE) novamente distinguida internacionalmente
“melhor Escola do ano”
a Nova School of Business and Economics (Nova SBE) ganhou o prémio mais
prestigiado da rede de escolas de gestão CEMS, ao ser eleita como a “Melhor
Escola do Ano”, o que acontece pela segunda vez consecutiva.
Segundo João Amaro de Matos, diretor-geral da CEMS e sub-diretor da Nova SBE para
a internacionalização, «a importância da Nova tem crescido dentro da rede, que a escola
foi escolhida de novo este ano». O responsável da escola portuguesa adiantou que «foi o
grupo das melhores escolas de cada país que escolheu a Nova», pois apesar deste apenas
pertencer à rede desde 2007, a escola portuguesa já faz parte de cinco comités que coor-
dena a CEMS.
O responsável da Nova SBE lembrou também que no ano passado «concorremos pela pri-
meira vez a estes prémios, dos oito, ganhámos três primeiros prémios e quatro segundos
prémios e trouxemos ainda o prémio de “Melhor Escola do Ano”».
A rede CEMS, segundo declarações recentes do seu presidente e diretor da escola Saint
Gallen, «gera valor para os estudantes, que têm um excelente mestrado em gestão inter-
nacional e uma experiência internacional e intercultural, para os parceiros empresariais
que têm acesso aos melhores estudantes e às melhores universidades». ‹
Ministro da Economia de Timor-Leste apela a mais investimento português no seu país
ministro agradeceu apoio do município de Paredes
O Ministro da Economia e do Desenvolvimento de
Timor-Leste, João Mendes Gonçalves, encontrou-se
em Paredes com o edil local, Celso Ferreira, para lhe
agradecer o contributo que o município e diversos
empresários do concelho da Rota dos Móveis têm
prestado ao desenvolvimento daquele país de
língua oficial portuguesa. Mas, o ministro timorense
quer mais investimento português no seu país,
sublinhando que Timor-Leste «pode muito bem vir
a ser a ponte de acesso asiático para as pequenas e
médias empresas portuguesas».
Em 2006 o Município de Paredes tomou uma iniciativa inovadora e que consistiu
no contributo para a criação da primeira unidade industrial de raiz do setor imo-
biliário em Timor-Leste, designado como Centro Tecnológico de Baucau – Rota
dos Móveis. Em meados de Dezembro, o Ministro da Economia e Desenvolvimento de Ti-
mor-Leste, João Mendes Gonçalves, foi a Paredes agradecer ao edil Celso Ferreira o apoio
no que considerou «um dos melhores e mais entusiasmantes exemplos de cooperação
entre os dois países».
Aliás, o ministro timorense logo acrescentou que estava em Paredes para «desafiar o seu
presidente a organizar uma missão empresarial a Timor-Leste já no próximo ano». Esta
foi a segunda vez que João Mendes Gonçalves esteve em Paredes no espaço de um ano,
pois no âmbito da Conferência de Doadores por Timor, que o Município de Paredes orga-
nizou em Outubro passado, segundo Celso Ferreira, «no total, superámos os três milhões
de euros, numa resposta que superou as nossas melhores expetativas, já reunimos uma
lista muito diversa de equipamentos, bens e serviços, incluindo ofertas de formação no
valor de um milhão de euros». O autarca de Paredes desafiou ainda para que «outros mu-
nicípios portugueses possam replicar de futuro este modelo de cooperação com Timor-
-Leste em outros setores da atividade económica».
Celso Ferreira aproveitou a visita do ministro para sublinhar que Timor-Leste é um país
ainda com muitas necessidades, mas que está a crescer a um ritmo elevado, oferecendo
oportunidades em múltiplos setores de atividade». ‹
terminal xxi com 5º pórticoNo âmbito do plano de expansão do Porto de Sines foi já colocado no cais o 5º pórtico
super-post-panamax, tratando-se de um equipamento de última geração que permite um
alcance de 22 fiadas de contentores a bordo dos navios, estando assim vocacionado para
operar os megacarriers de última geração inseridos nas principais rotas marítimas inter-
continentais, bem como os de 16.000 e 18.000 TEU que agora estão a ser construídos.
Oferecendo já um cais de acostagem com 730 metros de comprimento e fundos de 17,5
metros, o Terminal CCI contará ainda em 2012 com um 6º pórtico de caraterístias simila-
res ao 5º, preparando-se, assim, para continuar a crescer e a reforçar o posicionamento de
Portugal na rota dos principais fluxos de mercadorias entre as grandes regiões do globo. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE EntREvista
Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP
«a nossa força está na Língua Portuguesa
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em 17 de Julho de
1996, há precisamente 15 anos e ao longo da sua existência ela tem sido o elo de
ligação estreita entre os seus Estados membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, nomeadamente na
preservação da Língua Portuguesa, que constitui, sem dúvida, a sua maior força. Em
entrevista que concedeu à PAÍS€ECONÓMICO, Domingos Simões Pereira, Secretário
Executivo da CPLP recorda o percurso desta organização em domínios como a Educação,
Saúde, Ciência e Tecnologia, Defesa, Agricultura, Administração Pública, Comunicações,
Justiça, Segurança Pública, Cultura, Desporto, e até ao nível da Comunicação, deixando
bem claro que a Língua Portuguesa tem sido a âncora de suporte e orientação de todo
o trabalho até agora levado a cabo no seio da CPLP. «A Lingua Portuguesa é a nossa
âncora maior, o nosso cimento agregador», destacou Domingos Simões Pereira.tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS
concorda quando se afirma que a
Língua Portuguesa é a grande força
da CPLP? Domingos Simões Perei-
ra não hesitou na resposta. «Em relação à
Língua Portuguesa não tenho a menor dú-
vida. A CPLP foi criada com o propósito de
congregar os Estados membros, permitir
o reconhecimento da língua comum que
partilham, estruturas que foram aprimo-
radas com a vivência comum através de
todo um conjunto de traços que também
são comuns, e que permitiram através dos
tempos desenvolver estratégias de relacio-
namento, cooperação internacional e de
ligação a outros organismos internacio-
nais. Mas sempre lembrando que o ponto
de partida é a Língua Portuguesa. Esta é
a nossa âncora maior», referiu o Secretá-
rio Executivo da CPLP para, a propósito,
acrescentar ainda que em relação à Língua
Portuguesa e à Cultura não tem quaisquer
dúvidas de que são dois factores de im-
portância transcendente dentro da CPLP,
sempre discutidos e abordados com a ac-
tualidade que se deseja e se impõe.
Tem sido fácil para si desempenhar esta
missão? «Eu diria que não sido fácil nem
difícil. Eu diria simplesmente que este
tem sido um trajecto que me obrigou a
muita aprendizagem, um projecto dife-
rente, muito enriquecedor. Compreender
as especificidades dos Estados, compre-
ender as diferentes dinâmicas, conseguir
agregar os Estados à volta de agendas
comuns e a partir daí permitir que aquilo
que a CPLP faz seja relevante para todos,
tem sido realmente um exercício muito
rico e muito interessante para mim. Quan-
do deixar este meu cargo na CPLP já saio
daqui bastante mais Lusófono e convenci-
do da relevância deste projecto», reconhe-
ce Domingos Simões Pereira, nascido em
Farim, Guiné-Bissau em 1963, e Secretário
Executivo da CPLP desde a VII Conferên-
cia de Chefes de Estado e do Governo re-
alizada em Lisboa a 25 de Julho de 2008.
Mas é pena que ainda haja gente que não
pensa assim, do conteúdo lusófono de um
projecto como a CPLP. Domingos Simões
Pereira fez uma breve pausa, e reagiu com
muita convicção. «Não sei se é pena, mas
seria bom que mais gente pensasse assim.
Digo isto porque precisamos também de
outras vozes que nos alertem de modo a
que todos os dias possamos renovar os
desafios e possamos dar-lhes mais intensi-
dade. Mas eu compreendo bem o sentido
da questão porque de facto por vezes é
lamentável constatar que há pessoas que
esgotam todo o seu manancial, todo o seu
potencial só para encontrarem elementos
que contrariem este projecto. Aí, realmen-
te, eu penso que desperdiçamos recursos,
que não são abundantes. Temos muito
potencial junto da nossa Comunidade, e
era bom que apesar das críticas, que são
saudáveis, as pessoas também dedicassem
um bocado delas próprias à Comunidade.
Ficaríamos todos mais enriquecidos», co-
mentou o Secretário Executivo da CPLP,
que também é Engenheiro Civil e In-
dustrial pelo Instituto de Engenharia de
Odessa, ex-URSS, (Ucrânia), e Mestre em
Ciências da Engenharia Civil pela Univer-
sidade da Califórnia.
Domingos Simões Pereira garantiu que os
objectivos que norteiam a acção da CPLP
estão a ser conseguidos. Como é que tem
visto a cooperação entre os Estados mem-
bros aos níveis não só da Educação, da
Saúde, da Ciência e da Tecnologia, como
Janeiro 2012 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE EntREvista
também aos níveis da Agricultura, da Ad-
ministração Pública, e outras áreas impor-
tantes. Como é que tem visto estas acções?
Com optimismo ou com preocupação?
Progresso na cooperação entre Estados membros«Em alguns momentos com preocupação,
mas na maioria dos casos com optimismo
e com muita convicção de que estamos
a progredir e que vamos chegar a bom
porto. Mas há pressupostos que temos de
levar em linha de conta quando fazemos
este tipo de avaliação. Em primeiro lugar,
quando a CPLP foi criada em 1996 os Esta-
dos membros encontravam-se, alguns, em
fase diferente, quase embrionária. E os
objectivos e as expectativas eram muito
diferentes de Estado para Estado. O que
quer dizer que, ao mesmo tempo que está-
vamos a tentar criar uma organização que
congregasse todos, alguns estavam mais
concentrados na própria estruturação do
seu aparelho de Estado. Era uma corrida a
duas velocidades. Uma velocidade interna
de consolidação das estruturas nacionais,
outra internacional no sentido de trazer
algum contributo ao espaço internacional.
O que quero eu dizer com isso? Para al-
guns Estados a agenda que é levada para
o espaço multilateral é aquela que já está
consolidada a nível interno. Para outros
Estados o espaço multilateral é um espaço
complementar e, portanto, tudo o que tem
dificuldades em ser implementado a nível
interno é levado à análise e consideração
do espaço multilateral. Por isso era preciso
que houvesse algum tempo para a matu-
ração dessas ideias, até que finalmente pu-
déssemos verificar que em todas as áreas
definidas existem mecanismos de coope-
ração. Neste momento, quer estejamos a
falar de Educação, da Defesa e Segurança,
da Justiça, dos sectores Económicos, do
Empresariado, temos mecanismos de co-
operação», esclareceu Domingos Simões
Pereira, que a propósito desta problemá-
tica avançaria com dois exemplos muito
concretos.
segurança alimentar e a cimeira de maputo«O primeiro exemplo concreto tem a ver
com o Plano Estratégico de Cooperação
para a Saúde. Em dois anos foi possível
estabelecer uma estratégia, acordar essa
estratégia com todos os países, apresen-
tar a estratégia à Organização Mundial
de Saúde, instalar uma Escola Técnica em
Cabo Verde que hoje já está a formar pes-
soas e a reciclar técnicos no domínio da
Saúde. Mas temos vindo a trabalhar nou-
tros domínios, como é o caso concreto do
Ambiente, mas eu preferia nesta altura de
falar da Componente Alimentar. Estamos
a trabalhar no sentido de congregar os
Estados e a partir daí podermos avançar
para uma estratégia comum para a Se-
gurança Alimentar. Podemos apresentar
esse documento à FAO, já demos conta
dessa intenção aos Estados membros,
e vamos trabalhar no sentido de que na
próxima Cimeira de Maputo a realizar em
2012 se possam aprovar indicações muito
concretas sobre esta matéria», anunciou o
Secretário Executivo da CPLP.
a cPLP atenta à crise globalNuma altura a que se assiste a uma crise
profunda à escala global, que papel es-
sencial poderá a CPLP desempenhar na
contribuição para minimizar esta mesma
crise?
O Secretário Executivo da CPLP não se
esquivou à pergunta, dizendo desde logo
que procura acompanhar de perto a evo-
lução desta situação. «Estamos a acompa-
nhar a situação e a tentar compreendê-la
melhor», começou por dizer, para depois
ir mais ao fundo da questão.
«Nós vamos ter nos próximos tempos,
provavelmente em Fevereiro de 2012,
dois momentos que nos irão ajudar cer-
tamente a compreender melhor como é
que a CPLP se posiciona em relação a esta
situação da crise. Vamos ter um encontro
de peritos da área Económica para apre-
sentar em cada um dos Estados membros
uma reflexão sobre a situação económica
global. Este é o papel que a CPLP pode de-
sempenhar e vamos ter dois Presidentes
da República que a convite da CPLP irão
comentar as resoluções que vão sair desse
encontro de peritos. Mas até lá, aquilo que
nos tem sido dado observar permite-nos
concluir que, primeiro, ainda não há uma
posição concertada da CPLP em relação
à crise. Nós verificamos que por exem-
plo o Brasil é visto como uma economia
próspera e em franco desenvolvimento.
O Brasil é uma situação especial em todo
este contexto. Portugal está no centro de
uma grande turbulência europeia que
todos nós acreditamos que será ultrapas-
sada. Os Estados Africanos estão, a meu
ver, demasiado concentrados no risco da
redução das verbas disponíveis para in-
vestimento público. Perante este cenário
o caminho é reconhecer que temo-nos de
preparar porque os próximos tempos vão
ser difíceis e em função disso vai haver
uma redução substancial dos recursos dis-
poníveis para investimento público», ilus-
trou o Secretário Executivo da CPLP que
ainda se pronunciaria sobre o que pensa
desta crise global.
«Eu devo estar verdadeiramente protegi-
do pela minha própria ignorância sobre
estas questões. Mas a minha convicção é
que estamos a ver a crise numa perspec-
tiva errada. Acho até que esta crise tem
vindo a ser analisada numa perspectiva
errada, que é concentrar-se num espaço
financeiro e pretender que mecanismos
financeiros produzidos na Europa pos-
sam realmente resgatar as ideologias. Ora
eu considero que se conseguirmos retirar
Portugal desse contexto, a CPLP podere-
mos representar uma oportunidade histó-
rica em todos os limites. Portugal tem um
conhecimento dos nossos países que pou-
cas sociedades europeias têm. Um estudo
recente do Instituto Camões demonstra
que 17 por cento do PIB português depen-
de de regalias ligadas à Língua Portugue-
sa, deixou bem vincado Domingos Simões
Pereira.
Esta a sugerir também uma viragem de
Portugal para os Palop´s? O Secretário
Executivo da CPLP não podia ser mais
claro. «Eu estou não só a sugerir não só
uma viragem ao Atlântico Sul, mas estou
sobretudo a sugerir que a resposta sobre
a questão da crise, seja uma resposta eco-
nómica e não uma resposta exclusivamen-
te financeira. Isto não é uma descoberta
minha, porque alguns economistas já
abordaram esta questão. Mas, repito, esta
é a meu ver uma visão correcta», refere
Domingos Simões Pereira que aproveitou
o ensejo para lembrar que se repararmos
o que tem sido a economia americana e
a economia europeia nos últimos dez ou
vinte anos, «os grandes impulsos com
base económica vieram da área da infra-
-estruturas e da imobiliária. Hoje, na Eu-
ropa, esses produtos são produtos de es-
peculação. São produtos especulativos»,
lembra para prosseguir com o seu racio-
cínio.
china pode representar risco?«Um europeu que hoje procura uma casa,
não é se calhar por precisar de uma casa,
mas sim por saber que provavelmente nos
próximos anos poderá vendê-la e ganhar
dinheiro. Ora a partir do momento em
que a confiança no mercado e a capacida-
de de ele fazer dinheiro com esse produto
desaparecem, ele não vai comprar. Basta
olhar para outros quadrantes, como o qua-
drante africano para constatar que esses
produtos continuam a ser necessidades
básicas. Quem me diz que África não é
suficientemente estável para merecer es-
ses investimentos, eu respondo que não
conhece os mecanismos internacionais
de mediação dos riscos. Quem me diz que
falta investimento, que faltam recursos
para investir nesses mercados eu respon-
do dizendo que não vai imaginar que a
China faz essas coisas de forma gratuita.
Acho que em vez de andarmos a alertar
as economias africanas para o risco que
a China pode representar, nós devíamos
era, em conjunto, sermos capazes de pro-
duzir uma alternativa ou a solução para
essas situações.
Mas como já vos disse, vamos ter em breve
um encontro de peritos da área económica
onde estas questões serão exaustivamente
discutidas e estudadas, e esperamos todos
que igualmente os Presidentes da Repú-
blica convidados pela CPLP para estarem
presentes neste encontro nos ajudem a
esclarecer melhor esta questão», justifi-
cou o Secretário Executivo da CPLP, que
fecharia esta entrevista que gentilmente
concedeu à P€, com mais uma declaração
pertinente.
Janeiro 2012 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Janeiro 2012
› GRandE EntREvista
«Defendemos que em vez de Portugal se
posicionar no fundo da crise que esta a
alastrar-se pela Europa, Portugal deveria
estar na crista da onda, a apontar as so-
luções. E uma dessas soluções passa por
atacar aquelas economias que têm espaço
de progressão, e que a Europa não ataca
porque não as conhece. A Alemanha não
conhece África, a Alemanha não conhece
a América do Sul. Não deixa de ser curioso
que agora se ponham em causa os acordos
que foram estabelecidos em Lisboa (Trata-
do de Lisboa).
É para mim curioso e porquê? Já disse
isto, e repito. O erro do Tratado de Lisboa
foi porque se ficou pelas declarações po-
líticas.
Mas todos assinaram. Por isso eu digo
que Portugal está bem posicionado para
liderar o processo de identificação de no-
vos horizontes de progressão económica
e tem de assumir essa posição. Se o deve
assumir em parceria com a Espanha ou
com outras nações da Europa, nada digo
porque essa é uma área onde não sou
especialista e como tal não me vou pro-
nunciar. Mas afirmo que Portugal é um
interveniente sério, mas é importante que
nunca seja visto como um pedinte», con-
clui o Secretário Executivo da CPLP. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Janeiro 2012
› LusoFonia › áfrica
Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, sublinha clima de pacificação e estabilização do país, aponta os recursos de desenvolvimento e convida ao investimento
Guiné-Bissau tem grande potencial para os investidores portugueses
O Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, concedeu uma entrevista
exclusiva à País€conómico, onde traçou o percurso recente do país, nomeadamente
o processo de estabilização política e de segurança, mas adiantou as vastas reformas
implementadas para desenvolver económica e socialmente este país de língua
portuguesa na África Ocidental. O chefe do governo guineense quer que Pedro Passos
Coelho visite brevemente a Guiné e apela aos empresários portugueses para investirem
no país, como fez ainda há poucos dias perante o presidente da AIP e uma comitiva
empresarial portuguesa.tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CORtESIA APAVt
A Guiné-Bissau é muitas vezes notícia a nível internacional pela instabilida-de política e problemas de segurança, nomeadamente por conflitos entre for-ças militares. Como o Senhor Primeiro--Ministro avalia o momento presente em termos de estabilidade política e de segurança do país?A questão da insegurança é um desafio
real da nossa governação. Contudo, de-
pois do grave incidente de 1 de Abril de
2010, o país tem estado tranquilo, e não
se verificaram sobressaltos de nature-
za militar, nem de ordem política, o que
nos tem permitido prosseguir a reforma
do sector de Defesa e Segurança, crucial
para a estabilidade institucional e para o
desenvolvimento nacional. O Parlamento,
actualmente reunido na sua última sessão
plenária deste ano, acabou de aprovar o
Orçamento Geral do Estado para 2012.
O Governo entrou praticamente no últi-
mo ano do seu mandato, que esperamos
cumprir até finais de 2012. Será um facto
inédito, uma vez que desde a instauração
do multipartidarismo, no início dos anos
90, até aqui, nenhum Executivo guineen-
se conseguiu cumprir a totalidade do seu
mandato. A nível diplomático, os parcei-
ros que mostraram alguma reserva em
relação à situação político-militar guine-
ense, casos da União Europeia e dos Es-
tados Unidos da América, estão a mudar
gradualmente de atitude. A nossa coope-
ração com Bruxelas está em vias de estar
normalizada.
Em vários momentos, responsáveis dos países integrantes da CPLP têm mani-festado o seu interesse em contribuir para a estabilidade política da Guiné--Bissau. Em que medida a comunidade internacional, e em particular a CPLP, tem contribuído para a melhoria dos ní-veis de relacionamento político interno na Guiné-Bissau?O papel dos nossos parceiros externos é
imprescindível neste processo e todo o
apoio é bem-vindo. Como é do vosso co-
nhecimento, a ONU tem desde o conflito
político-militar de 1998/99 em Bissau uma
estrutura, agora denominado Gabinete In-
tegrado das Nações Unidas para a Conso-
lidação da Paz na Guiné-Bissau, o UNIO-
GBIS, que tem, entre outros atributos, o
mandato de promover o diálogo nacional
inclusivo e o reforço das instituições do
Estado. A organização mundial disponibi-
lizou ainda um Fundo de Consolidação da
Paz que presta um valioso contributo no
apaziguamento do país e contamos com
o seu apoio para a realização de uma con-
ferência de alto nível para a mobilização
de fundos com vista a implementar a re-
forma da segurança. Por seu lado, a comu-
nidade dos países de língua portuguesa,
por razões óbvias, sempre esteve do nosso
lado na década de turbulência. E hoje, a
CPLP continua a sua assistência solidária
à Guiné-Bissau, que até foi reforçada sob a
presidência de Angola, que não tem pou-
pado esforços para consolidar a estabilida-
de política no país. Provavelmente ainda
em Dezembro de 2011 vamos assinar
um memorando de entendimento com
a CPLP e com a CEDEAO, a mais impor-
tante comunidade político-económica da
nossa área geográfica, a África Ocidental,
que certamente contribuirá para tornar a
reforma da segurança irreversível.
Primeiras eleições autárquicas em 2012Do ponto de vista da consolidação e de-senvolvimento da democracia no país, como avalia o processo que tem sido seguido na Guiné-Bissau e o que enten-de ainda ser necessário evoluir nesse desenvolvimento e consolidação demo-cráticos?A democratização da nossa sociedade
começou de facto com as primeiras elei-
ções multipartidárias, em 1994. É um pro-
cesso que não parou, tem os seus altos e
baixos, porque a democracia não se faz
com decretos e a cultura democrática leva
gerações para se enraizar. A maioria das
instituições democráticas já existe, mas
precisa ser desenvolvida e consolidada.
Até porque o país passou por uma dolo-
Janeiro 2012 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Janeiro 2012
› LusoFonia › áfrica
rosa e destruídora guerra civil. Por isso
temos na agenda a realização, em Janeiro
de 2012, de uma conferência de reconci-
liação nacional, que vem sendo preparada
desde 2010 com a auscultação das diferen-
tes sensibilidades, a fim de identificar os
mecanismos e decisões a tomar para ultra-
passar os traumas dos conflitos, reforçar
a coesão social e colocar a Guiné-Bissau
no caminho do progresso. A democracia
necessita também de uma base económi-
ca sólida, porque sem desenvolvimento
vamos caminhar para um beco sem saí-
da. Por isso a paz e a segurança são fun-
damentais para nós. Nesta conjuntura,
constituem factores de competitividade,
porque os investimentos que criam rique-
za e o bem-estar requerem um ambiente
sereno e o funcionamento das institui-
ções. Paralelamente, temos de promover a
participação popular na vida democrática,
com maior implicação das zonas rurais
neste processo, que não se pode limitar
apenas à capital. Por isso, o orçamento do
próximo ano já prevê a institucionaliza-
ção do poder local, com a realização das
primeiras eleições autárquicas. Depois de
quase duas décadas de multipartidarismo,
convém repensar o nosso sistema políti-
co e o funcionamento dos partidos, para
colocá-los em sintonia com os desafios ac-
tuais. Nesta perspectiva, o papel da justiça
é crucial, por isso está em curso a reforma
deste sector, onde se assinala, entre outras
medidas, a entrada em funcionamento
dos Centros de Acesso à Justiça. Também
vai ser revista a Constituição da República
e foi reforçado o papel da Comissão Nacio-
nal dos Direitos Humanos.
Normalmente é entendível que não existe verdadeira democracia política sem a existência de desenvolvimento económico e social. O que é que o actual Governo a que Vossa Excelência preside tem levado por diante no plano do forta-lecimento da economia e da sociedade do seu país? Quando entrámos em funções focalizá-
mos o esforço de governação na estabili-
zação do país, no saneamento das contas
públicas e no melhoramento do ambiente
de negócios. E os resultados saltam hoje à
vista. Apesar dos surtos de violência em
2009, conseguimos preservar a unidade
nacional e o funcionamento das institui-
ções, após a realização das eleições presi-
denciais antecipadas. E estamos em vias
de fazer história, ao entrarmos no quarto
ano de mandato, o que nenhum Governo
conseguiu desde a instauração do multi-
partidarismo na Guiné-Bissau, há cerca de
20 anos. Graças às reformas da governa-
ção económica e da gestão das finanças
públicas conseguimos atingir o ponto de
conclusão do programa do Fundo Mone-
tário Internacional (FMI) de redução da
dívida dos Países Pobres Altamente Endi-
vidados (HIPC), que conduziu ao perdão
de mais de 80% da nossa dívida externa
multilateral e que foi imitado por alguns
dos nossos parceiros bilaterais. Logramos
regularizar os salários em atraso na Fun-
ção Pública e já implementámos várias
medidas do programa de modernização e
maior profissionalismo da Administração
Pública. Outra iniciativa importante con-
cluída nesta governação é a elaboração
do Documento de Estratégia Nacional de
Redução da Pobreza (DENARP II), que
traça o rumo de desenvolvimento do país
de 2011 a 2015, cuja formulação teve por
suporte o inúmero trabalho de recolha
de estatísticas económicas e sociais, no-
meadamente o III Recenseamento Geral
da População e da Habitação em 2009, os
IV Inquéritos aos Indicadores Múltiplos
MICS e o II Inquérito Ligeiro para a Ava-
liação da Pobreza (ILAP). Demos também
um forte impulso ao melhoramento do
abastecimento de energia e fornecimento
de água potável na capital e nas regiões.
Foi reforçada a capacidade de produção
e de distribuição de electricidade, com a
aquisição de geradores mais potentes e o
início da construção de uma nova central
não longe de Bissau. Está em curso a am-
pliação dos depósitos de água e a reestru-
turação da empresa pública de Electricida-
de e Água, enquanto se prepara a abertura
deste sector à iniciativa privada, nomea-
damente através de parcerias públio-pri-
vadas. Outra fonte adicional de energia
eléctrica a mais longo prazo é a rede hi-
droelectrica da Organização de Aproveita-
mento do Rio Gâmbia (OMVG) de que a
Guiné-Bissau faz parte. Esperamos que os
resultados destas medidas se farão sentir
mais claramente nos próximos anos. No
que toca ao ambiente de negócios, acele-
rámos e facilitámos os mecanismos para
a criação e registo de empresas, através da
instituição do Centro de Formalização de
Empresas, o que valeu ao país um salto de
cinco lugares no índice de Doing Business
2012 do Banco Mundial. Procedemos à
revisão do Código de Investimento, com
incentivos mais favoráveis à atracção de
investimentos. Sinal da nossa preocupa-
ção com o desenvolvimento económico
e social é o Orçamento do Estado para
2012, aprovado em meados de Dezembro.
A infraestruturação do país beneficiou de
maior dotação orçamental, com 14,19%,
seguido pela Educação, Agricultura e Saú-
de. As verbas da Secretaria de Estado do
Ambiente registraram um aumento de
cerca de mil por cento.
Fortes investimentos na agriculturaA Guiné-Bissau possui inegáveis poten-cialidades nas áreas agrícola e piscató-ria, no fundo em todo o sector primário. Quais são as políticas prosseguidas para desenvolver esse grande potencial? A agricultura e as pescas estão identifica-
das no DENARP II como sectores porta-
dores de crescimento, com um impacto
considerável na nossa estratégia de segu-
rança alimentar e de redução da pobreza.
A agricultura é o pilar da economia na-
cional e a principal fonte de rendimento
para mais de 85% da nossa população.
Este ano foi validado o Programa Nacio-
nal de Investimento Agrícola (PNIA), que
traça as prioridades para os próximos 15
anos. Alguns parceiros já se dispuseram
a comparticipar no seu financiamento. A
sua implementação promoverá um rápido
crescimento do sector. No domínio agríco-
la procuramos tirar maior partido da pro-
dução da castanha de caju, que representa
mais de 90% das nossas receitas de expor-
tação e emprega bastante mão-de-obra. Va-
mos promover a sua transformação local,
assim como de outros produtos frutícolas,
com a instituição do Fundo Nacional de
Promoção Industrial (FUNPI), que já tem
uma verba considerável a correr juros
em alguns bancos comerciais da capital.
Conseguimos ainda mobilizar fundos de
vários doadores que estão sendo aplicados
em projectos de apoio à produção popular
em quase todas as regiões e que vão mu-
dar a face do país nos próximos anos. Em
2012 arranca um projecto de cultura in-
tensiva de arroz com recursos a irrigação
na época seca. Aqui, a aposta é na cultura
do arroz local, a fim de reduzir a factura
da importação deste cereal e equilibrar a
balança de pagamentos.
Quanto ao desenvolvimento do sector
pesqueiro, um novo plano estratégico está
em vias de adopção, com um novo modelo
de gestão do sector. Também está quase
concluído um porto de pesca industrial
em Bissau, melhor apetrechado, e que
disporá de um laboratório para certificar
a qualidade do pescado, o que permitirá o
seu processamento local e exportação, no-
meadamente para a Europa. Fizemos um
esforço de maior controlo da pesca ilegal
nas nossas águas marítimas, com a cons-
trução de postos de fiscalização em zonas
estratégicas do território, nomeadamente
no arquipélago dos Bijagós. Em Novem-
bro foi lançado no país o Programa Re-
gional das Pescas, de dimensão regional,
com um financiamento de 8 milhões de
dólares por dez anos
No entanto, como país com potencial
agrícola, necessita das complementares
indústrias para a transformação dos
produtos. O que é que a Guiné-Bissau
tem feito para desenvolver a sua indús-
tria, nomeadamente com o apoio e in-
vestimentos de empresas estrangeiras? Já nos referimos à instituição do FUN-
PI, à revisão do Código de Investimento
mais incitativo e a criação do Guiché Úni-
co. Também aprovamos o decreto-lei de
Janeiro 2012 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Janeiro 2012
› LusoFonia › áfrica
simplificação de licenças e alvarás para o
início de actividades no domínio comer-
cial, industrial e do turismo, assim como
a lei das Parcerias Público-Privadas. Uma
nova Zona Industrial foi recentemente
delimitada em Ndame Tete, nos subúr-
bios da capital, com as respectivas vias
de acesso.
Possuindo uma localização privilegiada na costa ocidental africana, a Guiné--Bissau precisa do sector dos transpor-tes para se conectar com os restantes países da região, bem como com os ou-tros continentes. Como avalia as actuais infra-estruturas portuárias e aeroportu-árias do país, assim como o que se afigu-ra de mais urgente em termos de novas infra-estruturas?A criação de infra-estruturas económicas
de base em diferentes sectores da eco-
nomia, designadamente nos transportes
portuários e aeroportuários, é uma das
nossas apostas. Sendo o porto de Bissau
fundamental para o comércio com o exte-
rior, beneficiou durante o nosso mandato
da reabilitação das suas infraestruturas
e equipamentos de movimentação de
carga. Os métodos de gestão do porto de-
vem mudar, com vista a melhorar o seu
desempenho operacional e reduzir as suas
tarifas, a fim de puder competir com os
países vizinhos. Temos em vista contruir
um novo terminal portuário na região de
Biombo, a oeste da capital. Adquirimos
dois navios de transporte de passageiros
e de carga, que permitiram restabelecer a
ligação com o sul do país e as zonas in-
sulares e que poderão inclusive realizar
viagens para os países vizinhos.
A nível do transporte aéreo, já no próximo
ano deverá começar a operar uma trans-
portadora nacional. Entretanto, a Royal
Air Maroc iniciou dois voos por semana
entre Bissau e Casablanca, o que veio au-
mentar as possibilidades de ligação com
outros destinos mais longínquos.
turismo com grande potencialExistem notícias recentes de intenções para o desenvolvimento turístico no país, onde o potencial também é signi-ficativo. Qual é a estratégia do Governo
para desenvolver o turismo na Guiné--Bissau?O turismo, apesar das suas enormes po-
tencialidades, em termos de diversidade
cultural, da fauna e da flora, ainda é um
sector economicamente embrionário.
Contudo, está identificado como uma área
estratégica, susceptível de gerar riqueza
e emprego em grande escala, sobretudo
entre as camadas mais pobres da popu-
lação. Além da adopção de uma visão es-
tratégica do sector, em fase de elaboração,
temos em vista a capacitação dos actores
desta fileira, a criação de infra-estruturas
de acolhimento e promoção de sistemas
de financiamento e de investimento nesta
área.
O desenvolvimento do turismo é uma
das actividades previstas no Eixo III do
DENARP II, relativo à promoção do de-
senvolvimento económico durável nos
próximos cinco anos.
O vizinho estado de Cabo Verde desen-volveu muito o turismo devido às liga-ções aéreas com Portugal e depois com outros países. Para atingir patamares de desenvolvimento turístico aproximados, não considera importante aumentar as ligações aéreas da Guiné-Bissau com Portugal e também com outros países europeus? O aumento das ligações aéreas com Portu-
gal é desajável, se permitir melhor serviço
e baixar as tarifas das passagens. A nossa
abertura é total neste domínio.
Empresários portugueses invistam na Guiné-Bissau!Considera satisfatórias as relações polí-ticas, económicas e empresariais entre a Guiné-Bissau e Portugal? Que novas me-didas poderão ser levadas a efeito pelos dois países para incrementar ainda mais esse relacionamento? As nossas relações são excelentes a todos
os níveis, mas precisam ser incrementa-
das. Por isso convidei o primeiro-ministro
português a vir à Guiné-Bissau. Nenhum
chefe de Governo português visitou o
nosso país desde a abertura política, já lá
vão duas décadas. Um grupo de 12 em-
presários portugueses, conduzidos pelo
presidente da AIP passou uma semana
em Bissau em Dezembro e a minha men-
sagem foi que venham investir na Guiné,
que utilizem o nosso país como base de
negócio com a sub-região oeste-africana.
Desde a abertura do Guichet Único foram
criadas cerca de 30 empresas com capitais
portugueses.
Que apelo poderia efectuar aos empre-sários portugueses, bem como a muitos profissionais portugueses qualificados para apostarem na Guiné-Bissau para instalarem empresas e aí trabalharem? O mercado europeu está saturado e a crise
da dívida não ajuda. Portugal aposta na
exportação e na internacionalização da
sua economia. Partilhamos a mesma lín-
gua. Temos proximidade geográfica, laços
históricos e afectivos antigos e sólidos.
Possuímos recursos naturais ainda quase
inexplorados.
Estamos a modernizar a nossa adminis-
tração pública e a melhorar o nosso am-
biente de negócio. Tudo isto cria uma ja-
nela de oportunidades nas mais variadas
áreas de negócio. O sector bancário é in-
cipiente, assim como o dos serviços. Por
isso, propomos que olhem para a Guiné-
-Bissau. Venham investir! Não o investi-
mento do contentor. Queremos que criem
empresas de direito local e exportem para
um amplo e dinâmico mercado da África
Ocidental e mesmo para a Europa, como
já fazem em Cabo Verde. Interessam-nos
investimentos produtivos, que fomentem
o emprego e desenvolvem o capital huma-
no.
Como perspectiva o futuro de médio e
longo prazo da Guiné-Bissau, enquadran-
do a evolução do país com a subida da sua
importância no concerto das nações?
A nossa visão do país é optimista. Temos
potencialidades turísticas e mineiras que
ainda estão por explorar. Se os nossos par-
ceiros nos apoiarem a concluir a reforma
do sector da Defesa, Segurança e Justiça, e
se em 2012 a mesa redonda para o finan-
ciamento do DENARP II corresponder às
expectativas, acho que estarão reunidas as
condições mínimas para o relançamento
definitivo do país, rumo ao desenvolvi-
mento. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Janeiro 2012
› LusoFonia › Brasil
Continua a crescer o comércio entre Portugal e o Brasil
Quase nos 3 biliões de dólares
no final de Novembro, o total do comércio entre Portu-
gal e o Brasil atingiu a cifra de 2,6 biliões de dólares,
superando o recorde anual de 2008 quando o comércio
bilateral atingiu os 2,3 biliões de dólares. Só no mês de Novembro,
as empresas portuguesas exportaram para o Brasil 96,7 milhões
de dólares, enquanto as exportações brasileiras para Portugal atin-
giram apenas os 74,7 milhões de dólares. Este foi o terceiro mês
ao longo de 2011 em que Portugal conseguiu atingir um superávit
nas relações comerciais com o Brasil.
No acumulado dos primeiros onze meses de 2011, Portugal expor-
tou para o Brasil um total de 733 milhões de dólares, enquanto
importou do território brasileiro um total de 1,88 biliões de dó-
lares. Os principais produtos de exportação portugueses foram
o azeite (mais de 20%) seguido do bacalhau (cerca de 10%), do
vinho, das peras e dos sulfatos de minérios de cobre. Já no que res-
peita às importações do Brasil, elas incidiram sobretudo no petró-
leo (quase 55%), da cana do açúcar (mais de 7%), dos laminados
de ferro e aço e da soja. ‹
santa catarina incrementa relação com PortugalO Vice-Governador do estado brasileiro de Santa Catarina.
Eduardo Pinho Moreira, esteve no final do passado mês de
Novembro em Portugal, e aproveitou a ocasião para assinar
um memorando de entendimento com o Estado Português
tendo como objetivo a colaboração em matéria de moder-
nização administrativa e troca de tecnologia e conhecimen-
to. Do lado português, o acordo foi assinado pelo Secretário
de Estado Adjunto do Ministro dos Assuntos Parlamenta-
res, Feliciano Barreiras Duarte.
Acompanhando a visita do Vice-Governador a Portugal,
Espanha, França e Alemanha, esteve o Secretário do De-
senvolvimento Económico do governo catarinense, Paulo
Bornhausen, que destacou à margem da visita a experi-
ência em inovação de gestão de processos de Portugal e
a experiência tecnológica de Barcelona. Este responsável
sublinhou ainda que «Santa Catarina, por sua importância
económica no País e por sua liderança no empreendoris-
mo, está sendo escolhida como porta de entrada para os
europeus no mercado brasileiro». ‹
José Gravia foi um marco empresarialO empresário de origem por-
tuguesa que há 50 anos tinha
rumado ao Brasil em busca de
mais oportunidades para ser
bem sucedido na vida, faleceu
recentemente aos 76 anos. Ori-
ginário de Vila Nova de Ourém,
José Gravia estava radicado no
Brasil desde 1951, primeiro na
região de São Paulo, tendo ru-
mado depois a Brasília em 1958,
quando decorriam as obras de
construção da nova capital fede-
ral do país.
Entretanto, em 1961, em conjun-
to com o seu irmão Carlos, fundou a serralharia Gravia, empresa que
esteve na origem do maior grupo empresarial na área da metalurgia
do Centro Oeste, com sede na cidade de Anápolis, no estado de Goiás.
José Gravia foi distinguido com uma comenda pelo estado português,
e foi durante muitos anos um dos impulsionadores e patrocinador da
Associação Portuguesa de Brasília – Clube Português de Taguatinga. ‹
Ministro dos Negócios Estrangeiros chama todas as câmaras de comércio portuguesas espalhadas pelo mundo a Lisboa
diplomacia económica na agenda
o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas,
convidou todos os presidentes das câmaras de comércio por-
tuguesas espalhadas pelo mundo para virem no próximo dia
13 do corrente a Lisboa, tendo como objetivo traçar estratégias para
estimular e desenvolver o comércio externo português.
Paulo Portas vai expor as principais directrizes da designada “nova di-
plomacia económica” com que o atual governo está a apostar forte para
estimular as exportações e captar mais investimento estrangeiro para
Portugal.
A reunião foi confirmada à País €conómico pelos presidentes das
câmaras de comércio portuguesas de Brasília e do Ceará, respetiva-
mente, Fernando Brites e Jorge Chaskelmann, tendo ambos mostrado
uma forte esperança de que as autoridades do país consigam melhores
resultados em 2012 e também que prestem mais atenção e apoio às
atividades desenvolvidas pelas câmaras de comércio portuguesas espa-
lhadas pelo mundo, sublinhando que as que existem no Brasil poderão
contribuir de forma decisiva para melhorar as relações comerciais en-
tre Portugal e o Brasil. ‹
sonae sierra vai inaugurar uberlândia shoppingA Sonae Sierra anunciou que vai inaugurar em Março deste ano o seu 11º shopping no
Brasil, concretamente o Uberlândia Shopping, situado na região do Triângulo Mineiro. O
novo centro representa um investimento de 62 milhões de euros e conta já com 89% dos
45.300 m2 da sua Área Bruta Local comercializada. Nos dois pisos, o centro acolherá 166
lojas satélite, 11 lojas de grande dimensão, 21 restaurantes, um hipermercado e 6 salas
de cinema. O espaço contará também com um parque de estacionamento para 2.400
automóveis.
Segundo Fernando Guedes de Oliveira, CEO da Sonae Sierra, «este é mais um importante
marco para a Sonae Sierra no Brasil, um dos nossos mercados-chave e onde já temos
10 centros em operação e mais dois em construção, que representam um investimen-
to toral de 255 milhões de
euros. Pretendemos con-
tinuar o crescimento da
nossa operação no Brasil
aproveitando a excelente
performance da economia
brasileira, e reforçar a posi-
ção da Sonae Sierra como
um dos principais plyers
do setor neste país». ‹
aicep e PLmJ abordam mercado angolanoA Aicep – Agência para o Investimen-
to e Comércio Externo de Portugal e a
sociedade de advogados PLMJ vão rea-
lizar nos próximos dias 9 e 10 do cor-
rente mês, dois workshops destinados
a empresários portugueses interessa-
dos em conhecer melhor a economia
angolana. O primeiro desses encontros
realizar-se-á no dia 9 na cidade do Porto
(Hotel Porto Palácio), enquanto no dia
10 acontecerá a sessão de Lisboa, no
caso, a acontecer na Culturgest (sede
da Caixa Geral de Depósitos). De re-
ferir que atualmente mais de sete mil
empresas portuguesas vendem para
Angola e cerca de 250 investem nesse
mesmo mercado. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Janeiro 2012
› LusoFonia › Brasil
Ogma e EEA assinaram acordo com Embraer
Empresas portuguesas vão produzir componentes para o Programa Kc-390
sob o olhar atento do Ministro da Economia, Álvaro Santos
Pereira, e do Secretário de Estado do Empreendorismo,
Competitividade e Inovação, Carlos Oliveira, as empresas
portuguesas Ogma e EEA, assinaram contratos de parceria com a
Embraer Defesa, visando o desenho, prototipagem, construção e
fornecimento de partes estruturais para o avião KC-390.
Segundo fonte do Ministério da Economia, o acordo prevê que
Portugal, sob a coordenação da EEA – Empresa de Engenharia
Aeronáutica e através da CEIIA – Centro para a Excelência e
Inovação na Indústria Automóvel, o projeto de engenharia do
Profundor, Sponson e Portas do Trem de Aterragem Principal se
fabricará na Ogma, além desses três segmentos, a Fuselagem Cen-
tral da aeronave.
Na cerimónia da assinatura dos contratos, o presidente da Embra-
er Defesa, Luiz Carlos Aguiar, sublinhou que a «participação de
Portugal no KC-390, além de alargar e aprofundar os laços histó-
ricos de cooperação bilateral, representa uma porta de entrada do
KC-390 para o seleto mercado europeu». Por sua vez, o presidente
da Ogma, Almir Borges, referindo que esta «é uma oportunidade
única para a Ogma ser parceira da Embraer em um programa de
longo prazo com fornecimento de segmentos de alto valor agre-
gado». Segundo dados vindos a público, a Ogma realizará um in-
vestimento de 3,8 milhões de euros na aquisição de máquinas e
equipamentos para a sua fábrica de Alverca, de modo a responder
aos desafios da sua inserção neste projeto. A empresa admite que
este projeto possibilite a criação de 200 postos de trabalho.
O Secretário de Estado Carlos Oliveira efectuou o discurso oficial
referindo que este momento «atesta o talento existente em Portu-
gal e as competências e o know how das empresas nacionais, que
vão projetar, desenhar e testar componentes essenciais de um dos
aparelhos mais avançados do ponto de vista tecnológico», salien-
tando ainda que «quando se realizar o voo inaugural do KC-390
será a primeira vez que um avião voará com tecnologia desenha-
da, concebida, testada e fabricada em Portugal». De acordo com
os termos do programa, a produção do primeiro protótipo será
iniciada em 2013 e o voo inaugural está previsto para 2014. ‹
Galp e Petrobrás acordam “Formação avançada”A Galp Energia e a Petrobras assinaram no Rio de Janeiro um acordo de colaboração para o lançamento do “Programa
de Formação Avançada e de Investigação Conjunta em Geo-engenharia de Reservatórios”, que envolve três universi-
dades portuguesas e duas universidades brasileiras. O objetivo será desenvolver os quadros das duas empresas para
reforçar a eficiência na exploração de petróleos.
Entre as universidades portuguesas envolvidas no projeto contam-se a Universidade de Aveiro, o Instituto Superior
Técnico e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sendo responsáveis pelo desenvolvimento de aptidões
e métodos de investigação no domínio da geo-engenharia de reservatórios carbónicos. Presente no Rio de Janeiro, o
Ministro português da Educação, Nuno Crato, referiu que «este programa é um exemplo da ligação entre a universi-
dade e a indústria, e é o casamento perfeito entre os dois lados do Atlântico, entre a Petrobras e a Galp». ‹
Câmara de Comércio Brasil-Portugal Brasília discutiu com Sudeco desenvolvimento do Centro Oeste
muitos projetos para investir
a Câmara de Comércio Brasil-
-Portugal Brasília (CCBPB), lide-
rada pelo empresário Fernando
Brites, realizou em Dezembro um almoço
com o Diretor-Presidente da Superinten-
dência de Desenvolvimento do Centro
Oeste (Sudeco) Marcelo Dourado, que
teve a oportunidade de expor detalhada-
mente aos 26 empresários e membros do
Governo do Distrito Federal presentes, as
prioridades e os projetos que o organismo
pertencente ao Ministério da Integração.
Marcelo Dourado traçou os grandes objeti-
vos da Sudeco, realçando a construção de
grande infraestruturas, o apoio ao empre-
endorismo e o combate à pobreza extre-
ma. O gestor reconheceu as dificuldades
da região do Centro Oeste, mas preferiu
sublinhar o enorme potencial de desen-
volvimento e de inclusão social, realçando
os grandes projetos de infraestruturas que
estão previstos para serem construídos
em Brasília, nos 22 municípios do entor-
no e em toda a região que vai de Brasília a
Goiânia, capital do estado de Goiás e que
dista apenas 209 quilómetros.
Apontando um cenário promissor de
desenvolvimento económico para 2012,
Marcelo Dourado lembrou que neste ano
haverá mais de cinco biliões de reais (cer-
ca de dois mil milhões de euros) em linhas
de crédito oferecidas pelo Banco do Brasil
e pelo Banco de Brasília, totalmente des-
tinadas a empresas privadas, sendo que
o Fundo de Desenvolvimento do Centro
Oeste destinará mais de um bilião de re-
ais (cerca de 400 milhões de euros) para
a implantação de projetos de desenvolvi-
mento de infraestruturas como sejam a
privatização de aeroportos, o VTL Brasília-
-Luziânia, o anel viário em Brasília, o gaso-
duto São Paulo-Brasília, o Pólo Industrial
em Formosa, projetos de tratamento de
resíduos, além da construção de trechos
ferroviários e de um aeroporto de carga. ‹
carlos moedas em são PauloO Consulado de Portugal em São Paulo realizou na Fiesp um se-
minário designado “Oportunidades de Investimento em Portugal”,
onde para além de diversos empresários brasileiros, esteve o Se-
cretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas.
Segundo o membro do governo português, o Brasil pode ensinar
bastante a ultrapassar as dificuldades por que passa a economia
portuguesa, tendo sublinhado que «estamos a pedir aos nossos
amigos que venham investir em Portugal. Queremos muito ver o
brilhantismo do empreendorismo brasileiro gerar frutos no nos-
so país». Para além das privatizações da EDP e da Galp no setor
energético, o governante português apontou as oportunidades de
entrada no capital da TAP e da ANA no setor aeroportuário. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Janeiro 2012
› LusoFonia › Brasil
Enquanto António Pita de Abreu recebia uma grande distinção
EdP Brasil iniciou obras da Barragem no amapá
Em São Paulo, António Pita de Abreu, presidente da
EDP Brasil, recebia o prémio de líder do setor de ener-
gia, no âmbito do Prémio Líderes do Brasil 2011, em
votação realizada pelo jornal Brasil Econômico. Já no Amapá,
norte do Brasil, a elétrica iniciava as obras de construção da
Barragem de Santo António do Jari.
Na capital económica e financeira do país, António Pita de
Abreu referiu que «esta premiação é o reconhecimento da vi-
sibilidade atingida pela EDP no Brasil. O reconhecimento de
uma prática que, sendo baseada na ética, transparência e res-
peito aos colaboradores e aos clientes, tem conduzido a uma
significativa criação de valor económico». O gestor recebeu o
prémio no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo Estadu-
al de São Paulo.
Já no norte do território brasileiro, no estado do Amapá, a EDP
Brasil deu início às obras de constrição da Barragem de Santo
António do Jari, um investimento de 575 milhões de euros
para obter uma capacidade instalada de 373,4 MW, que pro-
duzirá energia suficiente para abastecer uma cidade com cerca
de três milhões e habitantes, seis vezes o número da cidade de
Macapá, a capital do Amapá. A conclusão da obra está prevista
para Dezembro de 2014 e a entrada em laboração comercial
logo em Janeiro de 2015. ‹
câmara Portuguesa do Rio de Janeiro lançou livroA Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa do Rio de
Janeiro lançou no passado dia 15 de Dezembro, em Lisboa, o
livro “A Outra Margem do Atlântico – A Câmara de Comér-
cio e Indústria do Rio de Janeiro e as relações comerciais
luso-brasileiras 1911-2011”. Este livro conta a história da
mais antiga câmara de comércio portuguesa no Brasil, que
no ano passado atingiu o seu primeiro centenário. O livro
foi lançado originariamente em Setembro por ocasião das
comemorações do centenário e conta a história do comér-
cio português no Rio de Janeiro ao longo do século passado
além de mostrar a importância da Câmara Portuguesa como
representante das relações económicas, sociais e políticas
entre o Brasil e Portugal, bem como o seu contributo para a
formação cultural e económica na sociedade carioca. ‹
cGi no Rio de JaneiroA consultora portuguesa CGI lançou recentemente no Rio
de Janeiro a primeira edição brasileira do Green Project
Awards, uma iniciativa originalmente criada em Portugal
para distinguir os melhores projetos de sustentabilidade e
ambiente do país. No Brasil, o período de candidaturas já
está a decorrer desde este mês de Janeiro e prolongar-se-á
até Março do presente ano. Em Abril as candidaturas serão
apreciadas por um júri presidido por Marilene Ramos, es-
tando prevista a cerimónia da entrega dos prémios para o
próximo dia 19 de Junho de 2012.
O Green Project Awards possui como objetivos essenciais
o de mobilizar a sociedade civil e as empresas em torno da
agenda da sustentabilidade, premiar e reconhecer boas prá-
ticas e dar visibilidade às entidades, pessoas e instituições
que identificaram oportunidades no apoio e promoção da
sustentabilidade. ‹
Aicep Capital Global, Caixa Capital e Mota-Engil Indústria e Inovação aprovaram primeiro projeto de internacionalização de uma PME
Peru é o primeiro destinoo projeto da Aicep Capital Global,
Caixa Capital e Mota-Engil In-
dústria e Inovação, destinado a
apoiar PME’s portuguesas a se internacio-
nalizarem fechou o seu primeiro contrato
tendo em vista a constituição de uma joit-
-venture para o Peru na área da metalome-
cânica com a Solargus.
De acordo com Arnaldo Figueiredo, Ad-
ministrador da Mota-Engil, os mercados
que as empresas mais têm procurado são
essencialmente Angola, Brasil, Polónia,
República Checa, Peru e Moçambique.
Já José Manuel Carrilho, administrador
da Caixa Capital, referiu que o apoio
prestado às PME’s passará sempre pela
tomada de uma posição minoritária nas
sociedades que venham a ser constituí-
das, entrando no capital por um período
de três ou quatro anos que é considerada
a fase mais crítica da internacionalização.
No caso da joint-venture com a Solargus,
estas três entidades detém 49% do capital
da empresa no projeto peruano. ‹
Enotel amplia resort em Porto de GalinhasO grupo hoteleiro madeirense Enotel prepara-se para avançar já este mês com
as obras de ampliação do resort Enotel Porto de Galinhas, no estado brasileiro
de Pernambuco, um investimento avaliado em cerca de 100 milhões de euros e
que deverá estar pronto em Outubro de 2013.
Segundo o diretor responsável pelos novos projetos do grupo Agostinho Ar-
raias, a ampliação significará na prática construir um novo hotel no hotel já
existente, pois esse aumento significará a adição de mais 440 apartamentos, um
novo parque aquático e a ampliação do centro de convenções já existente no
local. Mas, Agostinho Arraias explicou ao Jornal do Commercio de Pernambuco
que haverá uma segunda etapa na ampliação e que consistirá na construção de
mais 300 unidades na área do resort, o que elevará a oferta hoteleira do Enotel
Porto de Galinhas para 1.088 apartamentos, mais do triplo dos atuais 348.
Ainda segundo o responsável do grupo português, «não é pela Copa do Mundo,
que é importante, mas representa apenas dois meses no calendário de ocu-
pação. São as projeções de que em cinco anos o Brasil esteja entre as cinco
maiores nações do mundo e Pernambuco cresce mais que o País», sublinhou. ‹
sinuta investe em são PauloA Sinuta, empresa com sede no concelho de Estarreja,
vai avançar na construção de uma unidade industrial
próxima de São Paulo, no Brasil, num investimento
estimado em cinco milhões de euros, possibilitando
a produção anual de 1,2 milhões de parabólicas, um
setor em forte crescimento no mercado brasileiro.
Segundo referiu Diamantino Nunes, administrador da
empresa, ao Jornal de Negócios, o objetivo da empresa
é deter cerca de 25% do mercado brasileiro de para-
bólicas. A perspetiva atual do líder da Sinuta é que
o mercado brasileiro permita à empresa de Estarreja
duplicar as atuais vendas em três anos, alcançando en-
tão cerca de 40 milhões de euros anuais. O empresário
referiu que já possui uma encomenda para o Brasil em
2012 de 200 mil antenas, mas espera atingir este ano
neste mercado as 500 mil antenas parabólicas. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Janeiro 2012
Luís Filipe Vieira e Tiago Vieira, Presidente e Administrador da Promovalor, levam cadeia hoteleira de luxo para a Reserva do Paiva em Pernambuco (Brasil)
investimento de 45 milhões de euros
A portuguesa Promovalor e a brasileira Odebrecht Realizações Imobiliárias, uniram-se
para concretizarem um ambicioso projeto turístico e imobiliário na Reserva do Paiva, a
apenas 14 quilómetros da cidade de Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco.
Luís Filipe Vieira e Tiago Vieira, respetivamente, Presidente e Administrador da
Promovalor, estiveram ao lado do Governador de Pernambuco, Eduardo Campos,
no lançamento da primeira pedra do futuro Sheraton Reserva do Paiva Hotel and
Convention Center, um investimento direto de 45 milhões de euros e que se integra num
investimento mais vasto da dupla luso-brasileira de 186 milhões de euros naquela região
do nordeste brasileiro. tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › CEDIDAS PELA PROMOVALOR
Eram 9.00 horas da manhã do dia
9 de Dezembro quando o Gover-
nador de Pernambuco, Eduardo
Campos, colocou simbolicamente a pri-
meira pedra do futuro Sheraton Reserva
do Paiva Hotel and Convention Center,
um investimento de grande porte levado
a efeito pela Promovalor e pela Odebrecht
Realizações Imobiliárias. O futuro Shera-
ton tem abertura prevista para Março de
2014 e implicará um investimento de 45
milhões de euros.
› LusoFonia › Brasil
Construído junto a uma das praias
mais bonitas do nordeste brasileiro,
o Sheraton Reserva do Paiva de cin-
co estrelas disporá de 289 quartos,
incluindo 21 suites júnior e 7 Deluxe
Suites. Contará também com SPA,
um exclusivo Club Lounge no último
andar, além de um Beach Club. O ho-
tel disporá igualmente de 120 lugares
de estacionamento privativo.
Por outro lado, uma marca distintiva
consistirá no seu moderno Centro de
Convenções com mais de 2.800 m2 de
área num único pavimento, incluindo
dois ballrooms de 800 m2 e 400 m2.
Esta grande estrutura poderá albergar
2.100 pessoas, sendo a maior e mais
bem equipada do nordeste brasilei-
ro. Se considerarmos a proximidade
do porto de Suape (14 km) e outros
tantos da própria cidade de Recife, ve-
rifica-se o quão importante será este
Centro de Convenções para o turismo
de negócios de Pernambuco.
Tiago Vieira referiu na ocasião que
«este é o primeiro investimento do
Grupo Promovalor no Brasil e a es-
colha recaiu sobre a Reserva do Paiva
porque o projeto tem um conceito
inovador e claramente diferenciador,
além de gozar de uma localização
com um enquadramento natural úni-
co». Referindo-se concretamente ao
projeto hoteleiro que marcava a oca-
sião, o gestor português referiu que
«nós escolhemos a marca Sheraton
para ser nossa parceira neste projeto,
pelo reconhecimento global e longa
história que a marca tem aqui no
Brasil, para assim introduzir na área
metropolitana do Recife um novo
pólo de turismo, de convenções e de
lazer».
Para além do futuro hotel Sheraton, o
projeto desenvolvido na terceira fase
da Reserva do Paiva integra também
a construção de um condomínio re-
sidencial de apartamentos e o maior
centro de negócios do Estado, com-
posto por torres empresariais e um
open mall com oferta de comércio e
serviços. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
Francisco Murteira Nabo, Presidente da Galp Energia, sublinha que o Brasil será o maior mercado produtor de petróleo a nível mundial da companhia portuguesa e garante interesse na prossecução de projeto de biocombustíveis em Moçambique
sempre defendi uma aposta forte de Portugal na Lusofonia
Francisco Murteira Nabo é desde há sete anos o Presidente do Conselho de
Administração da Galp Energia, embora sem funções executivas. Representando o
Estado português na administração da petrolífera, o gestor de 72 anos com um currículo
invejável na sociedade portuguesa, desde a sua passagem por Ministro do Equipamento
até ao de Presidente da PT, sublinhou em entrevista à País€conómico que o Brasil
assumirá naturalmente no final da presente década como o maior mercado produtor a
nível mundial de petróleo no portfólio da Galp Energia, atingindo então uma produção
de 100 mil barris diários. Por outro lado, realce também para a garantia da prossecução
do projeto de produção de matéria-prima para biocombustíveis em Moçambique, através
de uma parceria com a Petrobras, e que se estende ao Brasil, não apenas na exploração
petrolífera, mas também ao nível dos biocombustíveis. Entretanto, questionado enquanto
cidadão de qual o modelo que mais gostaria de ver ser seguido na privatização em
curso de empresas portuguesas, Francisco Murteira Nabo, sublinhou que gostaria de
ver uma preferência � caso as propostas se apresentem em termos de igualdade � por
parceiros europeus ou provenientes de países lusófonos, mormente do Brasil e de
Angola. Já quanto ao futuro do país, acredita que a União Europeia vai reforçar a sua
união e solidez, pelo que acredita na capacidade de simultaneamente Portugal conseguir
reforçar-se e afirmar-se melhor tanto no contexto europeu como no plano global.
tExto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS
A Petrogal Brasil, subsidiária da Galp Energia, alienou recentemente uma per-centagem do seu capital aos chineses da Sinopec. Qual é a importância da entra-da do novo accionista para o reforço da capacidade de atuação da empresa no Brasil?A Galp Energia estava confrontada com
uma forte necessidade de financiamento,
tanto para si própria, como para suportar
os elevados investimentos que o projeto
em curso no Brasil, e que prosseguirá até
ao final da presente década com investi-
mentos em novos poços petrolíferos. Por
outro lado, a empresa não gera, nem ge-
rará nos anos mais próximos, os recursos
suficientes para atender a todas essas ne-
cessidades de investimento e expansão de
capacidades produtivas.
Por conseguinte, deparou-se-nos duas
hipóteses: ou fazíamos um aumento de
capital na holding, ou vendíamos uma
parte importante da nossa participada no
Brasil. A opção recaiu nesta segunda hi-
pótese, com a venda de uma percentagem
da nossa subsidiária no Brasil à empresa
chinesa Sinopec, uma empresa prove-
niente da própria indústria petrolífera,
e não um fundo financeiro, logo, acredi-
to que conseguimos um bom parceiro e
que contribuirá futuramente não apenas
para o reforço da capacidade financeira
da empresa como para conseguirmos de-
senvolver os ambiciosos projetos em que
estamos envolvidos.
Qual será a importância do Brasil nos próximos anos para a Galp Energia?É verdade que a Galp Energia já atua em
várias partes do Mundo, mas indiscutivel-
mente que o Brasil assumirá o principal
papel na estratégia seguida pela empresa
desde há vários anos e que se posicionou
crescentemente como uma empresa pro-
dutora de petróleo e já não apenas refi-
Janeiro 2012 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
nadora e distribuidora como acontecia
antigamente.
Se é verdade que atualmente apenas ex-
traímos petróleo de dois campos, esti-
mamos que no final da presente década
com a entrada em exploração de outros
campos petrolíferos, a nossa produção no
Brasil atinja os 100 mil barris diários, ou
seja, uma produção que permitirá garantir
o abastecimento de cerca de um terço das
necessidades de consumo nacional.
Para atingir esse nível de produção, de quanto é que prevê necessário investir no Brasil por parte da Galp Energia?A previsão aponta para um investimento
anual na ordem dos 500 milhões de euros,
pelo que se compreende que em face des-
tas necessidades de investimento durante
praticamente uma década, a empresa ti-
nha de encontrar uma solução sólida de
financiamento e penso que encontramos
o parceiro adequado.
Do outro lado do Atlântico, Angola cons-tituiu o primeiro passo na internaciona-lização da produção petrolífera da Galp. Qual é o peso atual de Angola, bem como a expetativa de evolução no país?Até há pouco tempo, Angola representava
a quase totalidade da nossa atividade de
extracção petrolífera. Com a entrada em
funcionamento da produção brasileira, e
sobretudo com a expetativa de crescimen-
to exponencial dessa produção, o peso de
Angola tenderá naturalmente a diminuir
no portfólio da Galp Energia, embora con-
tinue a ser um espaço importante e a que
damos imensa importância e atenção.
Rumando ainda mais para leste, mas igualmente no continente africano, mais propriamente em Moçambique, a empre-sa a que preside assinou no ano passado um protocolo com a brasileira Petrobras tendente à produção no país de matéria--prima para a produção de biocombustí-veis. Em que ponto é que está esse pro-jeto?O projeto avançou em termos de concep-
ção, embora no que respeita à sua imple-
mentação esteja um pouco atrasado no
calendário previsto.
Este projeto é muito ambicioso, necessi-
ta de um espaço muito considerável de
terras para a plantação da matéria-prima
com a qual produziremos o biocombus-
tível e temo-nos deparado com algumas
resistências por partes de pessoas que ge-
ram a componente agrícola do país.
Gostaria de frisar que os promotores do
projeto não são agricultores, pelo que es-
tamos empenhados em realizar parcerias
com os moçambicanos de modo a que se-
jam eles a produzir as oleaginosas de que
necessitamos.
Para além de Moçambique, também obte-
remos matéria-prima produzida no Brasil
e gostaríamos futuramente de incluir An-
gola nessa estratégia. Como é conhecido,
a produção do próprio biocombustível de
segunda geração ocorrerá em Sines e par-
te dessa produção será exportada para o
mercado europeu.
moçambique tem potencial no gás naturalEntretanto, ainda em Moçambique, foi anunciado recentemente a descoberta de importantes poços de gás natural, onde a Galp Energia poderá vir a partici-par na sua exploração. É assim?Em Moçambique já estamos na área pe-
trolífera em parceria com a ENI (n.d.r. a
ENI é um dos principais accionistas da
Galp Energia). Confirmo, de fato, que
recentemente foi avaliado um grande
potencial do país na área do gás natural,
mas ainda estamos no início do processo
para garantir de forma absolutamente fir-
me que vamos extrair importantes quan-
tidades de gás. É possível, mas isso não
acontecerá antes de decorrer os próximos
cinco anos.
Ainda mais para leste, mas já no Pacífico, a Galp também já está em Timor-Leste. O que esperam da vossa presença no mais longínquo país de língua portuguesa?Já estamos na região, mais uma vez em
parceria com a ENI. Nós estamos num
segundo campo de exploração petrolífero
do país, pois o primeiro está a ser explora-
do pelos australianos e os resultados nesse
campo são bastante positivos. No segundo
campo, onde estamos, ainda se procedem
aos estudos pelo que o processo de ex-
ploração ainda está mais atrasado do que
acontece em Moçambique. Mas acredita-
mos no potencial de Timor-Leste.
Lusofonia deve ser importante para as empresas portuguesasNo fundo, ao percorrermos este traje-to internacional da Galp Energia, que não esgota obviamente a atividade de-senvolvida pela empresa no exterior, pretendemos mostrar a importância que os países de expressão portugue-sa espalhados pelos cinco continentes poderão ter para o desenvolvimento e o crescimento das empresas portuguesas. Como observa o papel e a importância da lusofonia para o mundo empresarial português?A minha posição sobre essa matéria é pú-
blica e tenho vindo a defender desde há
muitos anos que Portugal sendo um país
europeu e que possui uma economia bas-
tante dependente da própria economia
europeia, com a qual baseia cerca de 70%
do seu comércio externo, possui essa fra-
gilidade, mas possui também alguns fato-
res positivos.
A dependência da economia europeia
deve-nos obrigar a diversificar mercados
justamente para diminuir essa dependên-
cia. Ora, essa diversificação, para ser con-
sequente e positiva, terá de ocorrer para
os designados mercados emergentes. En-
tre estes contam-se obviamente Angola e
o Brasil, países que registam importantes
taxas de crescimento anuais.
Portanto, considero de primordial impor-
tância que Portugal e as nossas empresas
apostem decisivamente nesses mercados
para se desenvolverem e crescerem. O
exemplo da Galp Energia é paradigmático
e muito relevante.
Ainda a respeito da questão que colocou,
gostaria de sublinhar que cada vez mais
os países individualmente de pouco va-
lem, antes cresce a sua importância e ca-
pacidade de atuação no âmbito da sua in-
serção em plataformas regionais. É o caso
de Portugal no quadro da sua inserção e
atuação na União Europeia. É também o
caso do Brasil no quadro do Mercosul, ou
ainda de Angola e de Moçambique no âm-
bito da SADCC. E passa-se o mesmo mais
acima no continente africano com os res-
tantes países de língua portuguesa.
Naturalmente que essa relação de integra-
ção nos espaços regionais também poderá
constituir um grande potencial de apro-
veitamento dessas mesmas plataformas
regionais para a penetração empresarial
de países amigos nos restantes países de
cada uma dessas plataformas.
Por outras palavras, se é certo que o con-
junto dos países de língua portuguesa
possuem cerca de 250 milhões de habi-
tantes, se contarmos com todos os países
com que fazem fronteira, podermos colo-
car um potencial de dois mil milhões de
pessoas, pois não podemos esquecer neste
aspeto a importância de Macau e a sua
ligação à China. Tudo isto constitui um
grande potencial para irradiar negócios e
parcerias entre empresas do espaço lusó-
fono para essas áreas circundantes.
nas privatizações, preferência às empresas europeias e lusófonasO empresário José Roquette defendeu publicamente que no processo em curso de privatizações de empresas portugue-sas se deveriam privilegiar as empresas brasileiras que concorressem. Qual é a sua opinião sobre a melhor estratégia a seguir nas privatizações das nossas em-presas?Se pudesse preferir, em igualdade de con-
dições, preferiria em primeiro lugar as
empresas europeias, e depois as do espaço
lusófono. Do ponto de vista conceptual
faz mais sentido no quadro do modelo de
desenvolvimento apontado anteriormen-
te, ter uma empresa brasileira ou angola-
na do que uma empresa indiana, ou por
exemplo ter uma empresa alemã do que
uma sul-africana.
Eu sou defensor de um mercado único da
lusofonia, sou defender de uma liberaliza-
ção progressiva de capitais, de pessoas e
bens na lusofonia, no fundo de um maior
entrosamento no espaço lusófono.
Portanto, considera que os capitais an-golanos e brasileiros são bem-vindos para Portugal?São bem-vindos a Portugal, da mesma for-
ma que os capitais portugueses devem ser
considerados bem-vindos nesses países
(Angola e Brasil). Sou a favor das parce-
rias para o desenvolvimento conjunto de
todos os nossos países.
Repito o que afirmei atrás, em igualdade
de condições oferecidas nas propostas, e
Janeiro 2012 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
este constitui um item fundamental, pre-
feriria que se desse preferência às empre-
sas europeias e lusófonas nas privatiza-
ções em Portugal.
diplomacia deve contribuir para fazer negóciosO que deverá constituir em sua opinião a diplomacia económica?É colocar a diplomacia ao serviço do fo-
mento económico, dos negócios, do esta-
belecimento de parcerias, de fomento do
comércio externo, no fundo, na promoção
de negócios bilaterais e multilaterais.
Portugal precisa de utilizar melhor a sua
extensa rede diplomática para efetuar
aproximações entre empresários portu-
gueses e dos diferentes países onde temos
representação diplomática, possibilitando
dessa forma a concretização de negócios,
seja em matéria de exportação seja na
componente de investimentos recíprocos.
É isso a diplomacia económica.
Os nossos diplomatas, em particular, e a rede diplomática portuguesa em geral, será capaz de se adaptar às mudanças profundas e necessárias que precisam de implementar nesse aspeto?Afigura-se uma necessidade de mudança
de mentalidades. Repare, exportar já não
é o que era antigamente, onde exportar
representava tão somente enviar para o
exterior um conjunto de produtos acaba-
dos. Ponto final.
Mas, esse tempo acabou.
No presente, exportar significa muito
mais do que isso, significa reter no país
de origem o máximo de valor acrescenta-
do, podendo a produção da empresa estar
localizada em países distantes, por exem-
plo, no Vietname, a criação de design estar
na Itália e a central de compras estar nos
EUA, mas a sede e os capitais estarem se-
diados em Portugal.
No fundo, é preciso que o país detenha
uma maior capacidade de mobilidade, e
para isso deve também contribuir o con-
junto da rede diplomática portuguesa
espalhada pelo mundo, com especial inci-
dência nos nossos próprios embaixadores.
Como observa e entende o futuro de Por-tugal?
Se a Europa tiver sucesso Portugal será
uma região da Europa com capacidade
de desenvolvimento e afirmação. Ou seja,
numa visão optimista, e eu sou sempre
optimista, se a Europa trilhar um cami-
nho de fortalecimento e de união inte-
grada, com centros de investigação euro-
peus, com universidades uniformizadas
e cursos reconhecidos em toda a Europa,
então, Portugal integrada nessa evolução
reforçada da construção europeia, apre-
sentará vantagens competitivas muito
interessantes, tanto pela sua localização
geográfica de abertura ao Atlântico, mas
precisamente pela nossa maior riqueza
que possuímos, justamente o mar e o sol.
Cada região europeia apresentará a sua
vantagem e especialização, e no caso de
Portugal, o aproveitamento das potencia-
lidades do mar, do clima, da gastronomia,
no fundo, das nossas potencialidades
turísticas, devem ser potencializadas e
devidamente aproveitadas num desígnio
de desenvolvimento e progresso presente
e futuro do país. Naquilo em que somos
bons, Portugal deve aproveitar de forma
mais intensa as nossas vantagens compa-
rativas e competitivas. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
Eduardo Pinto, Presidente da Comissão Executiva da Refer Telecom, apresentou a nova solução empresarial para as empresas portuguesas
cloud solutions é referência no mercado nacional
A Refer Telecom, empresa do universo da Refer, apresentou a nova gama de serviços
cloud com tecnologia da HP, que permitirá oferecer aos clientes o acesso a uma
infraestrutura de elevada performace. Baseada nos data centers da empresa localizados
em Lisboa, Porto e Viseu, Eduardo Pinto, Presidente da Comissão Executiva da Refer
Telecom, explicou que a nova solução permite grandes economias em termos de
tecnologias de informação aos clientes, bem como constitui uma solução tecnológica que
a empresa gostaria de exportar no futuro. O Brasil poderá mesmo ser um dos primeiros
mercados na internacionalização da Refer Telecom.
tExto › MANuEL GONÇALVES | FotoGRaFia › ARquIVO
a Refer Telecom anunciou no
princípio de Dezembro a sua
nova oferta de serviços e solu-
ções na área de cloud computing, fazen-
do uso para o efeito da sua infraestrutura
de fibra ótica, com abrangência nacional,
assim como nos Data Centers localizados
em Lisboa, Porto e Viseu. A plataforma
CloudSystem Matrix desenvolvida pela
HP foi a escolhida para suporte da ofer-
ta, permitindo disponibilizar uma oferta
completa tanto à Administração Pública
bem como ao Mercado Empresarial, des-
de a camada física até aos serviços cloud,
assente exclusivamente em território por-
tuguês.
A partir dos referidos Data Centers e de
uma rede de fibra ótica totalmente enter-
rada e com vários anéis de redundância,
conjugados com uma larga experiência
comprovada no desenho, implementação
e gestão de projetos de telecomunicações,
tecnologias de informação e de redes pri-
vativas de elevado desempenho, seguran-
ça e criticidade.
Deste modo, segundo a Refer Telecom, “o
cliente tem acesso a uma infraestrutura
de elevada robustez e alta performance.
Estes recursos incluem capacidade de
processamento (CPU), memória e espa-
ço para armazenamento (storage), ferra-
mentas de protecção (firewall anti-vírus),
salvaguarda (backups) e continuidade (Di-
saster Recovery)”.
De referir, segundo Eduardo Pinto, Pre-
sidente da Comissão Executiva da Refer
Telecom, que a qualidade do serviço que
a empresa tem prestado aos seus clientes
atingiu uma qualidade de 99,99 por cento,
de forma regular e sustentada, pelo que
«permite configurar uma certeza muito
grande quanto à qualidade do novo servi-
ço que colocamos à disposição dos nossos
clientes».
Constituída em 2001, a Refer Telecom
tem prestado sobretudo serviços à pró-
pria Refer, mas desde há alguns anos, essa
situação começou a modificar-se com a
empresa a diversificar o seu portfólio de
clientes, embora até ao momento, como
referiu Eduardo Pinto, tem estado mais
concentrada na prestação de serviços às
grandes empresas, tanto no campo das
telecomunicações, bem como nas tecnolo-
gias de informações.
Elucidativo é verificar o volume de negó-
cios alcançado em 2011 (24,1 milhões de
euros) pela Refer Telecom, onde os ser-
viços prestados à casa-mãe (Refer) já só
representaram 49% da faturação obtida,
enquanto as empresas de telecomunica-
ções representaram 44% e as empresas de tecnologias de informação representaram
7%. Ou seja, a empresa já obteve 51% de
receitas fora do quadro do próprio univer-
so Refer.
A tendência será para acelerar, acentuou
Eduardo Pinto, para quem o novo servi-
ço cloud poderá vir a abranger um leque
mais vasto de clientes, já não apenas as
grandes empresas, mas outras de menor
dimensão, nomeadamente as de caráter
médio e mesmo algumas designadas de
pequenas empresas, mas que vejam nos
serviços da Refer Telecom uma mais-valia,
não apenas do ponto de vista tecnológico,
mas igualmente na componente econó-
mica, pois segundo informação avançada
pela empresa a solução agora apresentada
poderá permitir uma poupança de cerca
de 22% face às empresas que apostam
numa infraestrutura própria.
Ainda a respeito dos resultados da Refer
Telecom em 2011, cujo volume de negó-
cios atingiu os 24,1 milhões de euros (25,2
milhões de euros em 2010), a empresa
informou que os resultados operacionais
atingiram os 3,9 milhões d euros, enquan-
to os resultados líquidos se cifraram nos
2,8 milhões de euros. Já quanto ao EBI-
TDA registou 7,5 milhões de euros.
Encontro Luso-Brasileiro sobre telecomunicações FerroviáriasA convite da Agência Nacional de Trans-
portes Terrestres do Brasil (ANTT), e
por iniciativa da Refer Telecom, uma
delegação ferroviária do Grupo Refer
deslocou-se ao Brasil para participar no
“Encontro Brasil e Portugal para Troca
de Experiências nas Telecomunicações
Ferroviárias”.
No Encontro, os representantes da Refer
Telecom tiveram a oportunidade de des-
crever e demonstrar algumas aplicaçõs e
sistemas em serviço na rede que desen-
volveram em Portugal, nomeadamente
na área da videovigilância, passagens de
nível, telefonia de exploração e CCOs.
Para além do Encontro na ANTT, a dele-
gação teve a ocasião de visitar o Centro de
Comando Operacional do Metro de São
Paulo, bem como visitou o Centro de Co-
mando, terminal ferroviário e instalações
portuárias da Companhia Vale, em S. Luís
do Maranhão. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
Exclusive Networks
um especialista em segurança informática
Há três anos em Portugal, a Executive Networks com sede em Lisboa, é vista como uma
empresa de referência europeia no lançamento e consolidação de novas tecnologias,
nomeadamente nas vertentes da Segurança e das Comunicações. Em entrevista que
concedeu à País €conómico, Sónia Casaca, Country Manager desta organização
considera «muito positivo» o saldo da acção em Portugal da Exclusive Networks
considerada um especialista e um diferenciador na área da Segurança Informática, onde
é um especialista.tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS
não obstante estar em Portugal
somente há três anos a Executi-
ve Networks tem vindo a assina-
lar um crescimento sustentado apreciável,
e mesmo em 2011 com uma crise instala-
da à escala planetária, Sónia Casaca está a
prever para este ano um crescimento de
20 por cento nos negócios da empresa,
que de 2009 para 2010 registou um cresci-
mento de cinquenta por cento.
«O saldo da presença da Exclusive Ne-
tworks é muito positivo. Contudo têm
existido também algumas dificuldades,
especialmente derivadas à crise mundial
que se regista hoje. No entanto, a área
da Segurança Informática continua a ser
uma preocupação dos nossos dias, e ainda
muito recentemente este assunto preen-
cheu as notícias dos principais jornais e
dos canais de televisão. Mas estamos a fa-
lar de uma área de grande interesse, uma
área de grande preocupação e constitui,
sem dúvidas, um valor acrescentado para
os nossos clientes, para os nossos parcei-
ros e para Portugal inteiro», disse Sónia
Casaca, que referindo-se ao portefólio da
Exclusive Networks sublinhou tratar-se de
um portefólio muito completo que abran-
ge as áreas de actividade mais díspares,
nomeadamente a Banca, a Saúde, a Ad-
ministração Central e as Autarquias. «Em
todas elas temos as soluções mais eficazes
adequadas ao mercado português que re-
presentam alguns dos mais conceituados
fabricantes de que somos distribuidores»,
salientou.
segurança informática uma área de grande futuroSónia Casaca refere que apesar da Exclu-
sive Networks ser portadora de um porte-
fólio bastante vasto ao nível da Segurança
Informática que vão ao encontro das ne-
cessidades do mercado português, e que
se complementam. «Apesar de termos
um portfólio vasto a nível de Segurança
Informática (hoje temos em Portugal 13
fabricantes, uns com maior enfoque pois
tudo depende do ano e do período que
coincida) que representam 13 produtos
que se complementam e todos eles fazem
parte da área de Segurança, incluindo a
área da Segurança Informática», escla-
receu a Country Manager da Exclusive
Networks, revelando desde logo que no
primeiro ano da empresa em Portugal o
portefólio inicial era constituído por seis
produtos, a maior parte deles novos no
mercado português.
«Havia alguns desses produtos que já
estavam a ser lançados em Portugal há
cerca de três anos antes de aqui nos ter-
mos fixado, mas a maior parte deles eram
produtos novos e muito inovadores, como
aliás são nossa tradição», resumiu a nossa
entrevistada.
tornar um ano difícil em oportunidadesApesar do crescimento acentuada que a
Exclusiva Networks assinalou em 2009 e
2010, Sónia Casaca não esconde que 2011
tem sido um ano repleto de dificuldades.
«O ano de 2011 está a ser difícil, o cresci-
mento não está a ser o mesmo dos anos
anteriores, mas mesmo assim projecta-
mos um crescimento à volta dos 20 por
cento, o que não é nada mau…», sublinhou
esta gestora, aproveitando desde logo
para lembrar que 2012 deverá ser um ano
muito mais difícil, apesar de existirem
expectativas porque a área da Segurança
Informática envolve um certo ineditismo
e, como tal, poderá vir a constituir, mes-
mo num ano difícil como se prevê que
seja 2012, um produto que continue a
despertar o mercado português, porque
é uma área que está a ser encarada por
diversos sectores empresariais como uma
área vital onde as apostas terão de prosse-
guir, tamanha é a seriedade desta questão.
«Temos soluções de vários tipos na área
da Segurança Informática que vão desde
a área de protecção de dados, protecção de
aplicações.
Ou seja, todo o nosso portfólio vai desde a
entrada num simples edifício à parte mais
interna do sistema de informação de uma
empresa», justificou a Country Manager
da Exclusive Networks.
A Exclusive Networks é uma empresa
distribuidora, não efectuando vendas di-
rectas. Essa competência está entregue a
revendedores com elevada experiência no
ramo, muito conhecedores das soluções
que fazem parte do portefólio da empre-
sa, técnicos que abraçaram com sucesso
a área das tecnologias de informação na
área da Segurança. «Estas pessoas estão
aptas a esclarecerem junto dos vários
agentes económicos e outras as vantagens
das nossas soluções, e esta tarefa envolve
muito trabalho de avaliação, consultoria e
auditoria. Avaliamos aquilo que está mal,
que está mais fragilizado e depois de toda
essa análise, avançamos.
Antes mesmo de concretizarmos qual-
quer projecto, realizamos o nosso relató-
rio interno que foque as principais neces-
sidades do cliente.
Sabemos que os nossos clientes detestam
as altas tecnologias, avaliamos as suas
pretensões, apresentamos relatórios para
serem apresentados à Administração e
para se ver onde está a parte mais fragi-
lizada da empresa», deixou claro Sónia
Casaca. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
Carlos Rocha, Presidente da EUROCABOS, SA
«Brasil vai ser a nossa próxima oportunidade»
Em entrevista que concedeu à País €conómico, Carlos Rocha, presidente da Eurocabos
descreve o crescimento sustentável que a Eurocabos tem registado ao longo dos seus
25 anos de existência, e salienta o significado que o mercado externo já tem para o
futuro deste projecto. «Angola tem sido o nosso principal mercado externo, seguindo-
se Moçambique e Cabo Verde, mas para atingirmos a meta dos 50% nas exportações
estamos a contar com o Brasil onde pensamos até 2015/2016 acrescentar uma
facturação anual entre os 5 e os 10 milhões de euros», sublinhou o presidente da
Eurocabos, SA.tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS
a excelência na qualidade dos pro-
dutos e serviços, e a relação com
os próprios clientes, têm sido a
base da estratégia e da filosofia seguidas
pela Eurocabos ao longo dos seus 25 anos
de existência, assinalados em Outubro
passado.
Mas será que mesmo em tempo de crise
como aquele que vivemos presentemente
é possível manter padrões de qualidade e
bons serviços?
Carlos Rocha, fundador e presidente da
Eurocabos está seguro que mesmo em
tempo de crise é possível manter produ-
tos de altíssima qualidade e prestar bons
serviços aos clientes.
A este propósito e em entrevista que gen-
tilmente concedeu à País €conómico,
Carlos Rocha lembrou que mesmo em
tempo de crise «não temos qualquer pro-
blema em exibir padrões de qualidade
elevados, tradição, aliás, que tem sido apa-
nágio da Eurocabos nestas duas décadas e
meia de vida».
Segundo o presidente da Eurocabos,
«quando em 1986 apostei na criação de
uma empresa distribuidora, a minha
aposta foi sempre numa empresa distri-
buidora não de terceiro andar, mas numa
empresa distribuidora de armazém pre-
parada para entregar produtos no mesmo
dia ou no dia seguinte. Essa foi sempre a
minha filosofia e tenho-me dado bem com
ela, até porque me permite uma relação
própria e muito estreita com os clientes,
garantindo-lhes ao mesmo tempo pro-
dutos de altíssima qualidade. Aliás, uma
das razões da preferência dos nossos
clientes por nós é o facto de sentirem que
ao trabalharem com a Eurocabos têm os
seus problemas resolvidos, porque nunca
ficam com as obras paradas por falta de
materiais», esclareceu Carlos Rocha, enge-
nheiro mecânico e grande obreiro deste
projecto.
O nosso entrevistado fez questão de subli-
nhar a postura séria que a Eurocabos tem
mantido ao longo de todos estes anos nos
mercados onde está presente. «A serie-
dade tem sido uma das nossas melhores
marcas, e não podia ser de outra forma»,
diz Carlos Rocha, para justificar que «nes-
te ramo de actividade há as solicitações,
os concursos, as encomendas, e as exigên-
cias por parte dos clientes são cada vez
maiores. A partir de uma determinada
altura assistiu-se ao aparecimento do just-
-in-time, mas esta prática já é seguida e já
está enraizada pela Eurocabos há muitos
anos. Desde há muito que garantimos
a distribuição e a entrega de produtos e
equipamentos num período de 24 horas, e
por vezes até em menos tempo», recordou
o presidente da Eurocabos.
Esta empresa que tem os seus Serviços
Centrais no lugar de Sabugo (Pêro Pinhei-
ro), nas proximidades de Lisboa distribui
os seus negócios em três áreas de activi-
dade: Uma diz respeito à parte de energia
dos cabos normais e correntes de energia,
depois existe a gama de cabos especiais
com a qual poucos distribuidores traba-
lham («inclusivamente temos concorren-
tes no mercado que se servem do nosso
apoio para poderem responder às necessi-
dades dos seus clientes, sobretudo na área
dos cabos especiais»), e existe ainda na
Eurocabos uma área de Telecomunicações
onde entram as fibras ópticas e as cabla-
gens estruturadas para computadores.
Embora o “cérebro” da Eurocabos esteja
localizado em Sabugo, esta empresa tem
uma delegação em Vila Nova de Gaia, e
está representada no Algarve e nas cida-
des espanholas de Barcelona, Madrid, La
Coruña, Bilbao, Málaga e Las Palmas.
Para se ser tão rápido e tão preciso na ac-
tividade que exerce, a Eurocabos (e tive-
mos a oportunidade de testemunhar isso
mesmo) tem uma retaguarda fortíssima
que tudo faz para que a entrega dos seus
produtos e equipamentos se processe a
um ritmo satisfatório que vá ao encontro
das necessidades e exigências dos seus
clientes.
Carlos Rocha alega que a retaguarda da
Eurocabos consubstancia-se na riqueza
dos seus stocks, muito variados e repre-
sentando algumas das marcas mais pres-
Janeiro 2012 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Janeiro 2012
› EmPREsaRiado
tigiadas de fornecedores europeus e até
mundiais. «Hoje não está acontecer tanto
isso, mas chegámos a ter aqui entre 9 a 10
milhões de euros de materiais em stock
para servirem a nossa clientela, e estamos
a falar de materiais que na nossa especia-
lidade cobrem todas as áreas. Podemos
dizer sem rodeios que dentro da nossa
actividade existe no nosso armazém de
stocks “tudo como na Farmácia”. O pre-
sidente da Eurocabos referiria também
«que em função dos prazos de entrega
que nós conhecemos dos nossos fornece-
dores, vamos adaptando os nossos stocks
à resposta que deles nos chega. Estamos
a falar de fornecedores que trabalham a
três meses, e por isso mesmo temos de
saber atempadamente a programação das
compras, mas também temos fornecedo-
res com entregas mais rápidas. Quando
vamos para uma obra o que acontece que
temos sempre uma parte dos materiais
disponíveis em stock para o instalador co-
meçar a trabalhar, e a outra parte de ma-
teriais é-nos entregue pelos fornecedores
em tempo acordado não prejudicando a
acção do instalador», relata Carlos Rocha.
um stock de produtos de grande dimensãoEste empresário sabe bem que a sua em-
presa tem de corresponder às expecta-
tivas do mercado, um mercado que está
em constante mutação e muito rendido
às soluções mais modernas e exigentes.
«Entre o portfólio de produtos que nós
temos em stock assiste-se a uma grande
evolução. Vamos adaptando e vamos re-
cebendo os feedbacks dos fabricantes de
novos lançamentos, há depois que fazer
o trabalho junto das engenharias para
promover os nossos produtos e as nossas
soluções, e a partir daí estar no mercado
com todos esses produtos. E isso é o que
temos feito durante toda a vida da empre-
sa», sobressai o presidente da Eurocabos,
para dizer ainda a este propósito que a
Eurocabos tem apostado muito nesta área
e inclusivamente «temos alargado a nossa
gama de produtos, porque esta é uma em-
presa de cabos que hoje vende uma série
de materiais que não têm nada a ver com
cabos».
Carlos Rocha recorda o modo como de-
cidiu abraçar o projecto da Eurocabos.
«Eu trabalhava numa fábrica em que eu
estava a ter problemas relacionados com
a qualidade e modernização dos produ-
tos e que não estava a corresponder às
expectativas que eu tinha. Para além dis-
so era uma empresa familiar envolta em
questões familiares que prejudicavam
de certa maneira a normalidade da ges-
tão. E resolvi sair para em 1986 abraçar
a Eurocabos, e olhando para trás e apesar
de me aperceber que nem tudo tem sido
fácil, reconheço que valeu a pena apostar
nesta empresa e ver aquilo que ela é hoje
fruto de muito trabalho e muita dedicação
de todos os que aqui trabalham», recorda
com alguma saudade o presidente da Eu-
rocabos que aproveitaria a oportunidade
para sublinhar que «este projecto foi cons-
truído com base em conhecimentos que
recebi de alguns clientes, de empresas que
estavam à procura de quem as represen-
tasse em Portugal. Fui desenvolvendo con-
tactos e a pouco e pouco fui conseguindo
fazer da Eurocabos a empresa respeitada
que ela é hoje», disse Carlos Rocha que
fez questão de referenciar nesta entrevis-
ta «alguns parceiros do dia-a-dia e com
quem mantemos relações de negócios (e
que também são de grande amizade) há
muitos anos», revive.
Representar as melhores do mundoSão os casos da General Cable (líder no
fabrico de cabos a nível mundial), a Alca-
tel (fornecedor de referência em Portugal
no domínio das telecomunicações e for-
necimento de soluções de comunicações
avançadas), a Prysmian (um dos líderes
no sector dos cabos e sistemas de alta tec-
nologia para energia e telecomunicações),
e mesmo o Grupo Cabelte (líder no domí-
nio do fabrico de cabos eléctricos e de te-
lecomunicações, para não falar de muitos
outros nomes de grande prestígio que a
Eurocabos se honra representar.
E quando é que a Eurocabos decidiu ir
para o mercado externo?! Carlos Rocha
faz um curto exercício de memória, como
que a pretender recordar-se dessa data.
«Isso já foi há muito tempo, foi por volta
de 1993 ou 1994. «Apareceu-me um ami-
go, que era também cliente e distribuidor,
que possuía uma pequena empresa em
Barcelona que estava a passar por dificul-
dades. Pediu-me que o ajudasse pois ele
não tinha condições para continuar com
a empresa, achei que poderia ser uma
oportunidade, comprei-lhe a empresa, fi-
quei com os empregados que lá estavam
e comecei a trabalhar em Espanha. A in-
ternacionalização da Eurocabos começou
por Espanha, e hoje para além de estar-
mos em Barcelona, estamos também em
Madrid, Sevilha, Málaga, e Las Palmas de
Gran Canária. Depois temos alguma pre-
sença através de representantes na Galiza
e no País Basco», revelou Carlos Rocha.
Angola é um mercado que interessa à
Eurocabos? «Interessar, interessa», diz
Carlos Rocha que visitou aquele país pela
primeira vez em 1997/1998. «Tentámos
algumas parcerias com portugueses que
já lá estavam há muito tempo, mas as coi-
sas não resultaram. Por esse motivo nunca
nos decidimos em ir para Angola sozinho
e com uma presença logística forte. Neste
momento estamos a pensar numa nova
parceria em Angola, mas uma parceria
com um pequeno stock e a funcionar com
um representante nosso, sendo que os for-
necimentos passarão sempre de Portugal
para Angola, sem grandes investimentos
em armazéns. Temos realizado bons negó-
cios com Angola mas sempre através de
instaladores, especialmente instaladores
portugueses que estão lá, que nós já ser-
víamos aqui, e agora estamos a servi-los
em obras lá em Angola. Este tem sido o
melhor procedimento, a melhor aposta»,
resumiu o presidente da Eurocabos.
A fechar esta entrevista, Carlos Rocha
falaria do interesse da Eurocabos pelo
mercado do Brasil. «Estamos a ultimar
pormenores jurídicos e outros que con-
duzam à constituição de uma empresa na-
quele país conjuntamente com um sócio
brasileiro, e as nossas perspectivas é que
isso venha a acontecer já a partir de 2012.
Tudo caminha para que essa empresa se
localize no Estado do Espírito Santo, bem
localizado estrategicamente, que possui
um porto novo, moderno e com grande
capacidade operacional. O Brasil é uma
economia em ascensão, pelo menos por
mais uns anos.
Depois de estarmos ali instalados preve-
mos que lá para 2015 ou 2016 aquele mer-
cado externo nos permita um acréscimo
de facturação entre os 5 e os 10 milhões
de euros», perspectivou Carlos Rocha
que quer que a Eurocabos atinja o mais
rapidamente possível o índice de 50 por
cento no mercado externo. «O Brasil vai-
-nos ajudar a conseguir esses objectivos»,
concluiu. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Janeiro 2012
› aLimEntação
Fernando Carpinteiro Albino, Presidente da CARNALENTEJANA, SA e a conquista do “Prémio Melhor Empresa Alentejana de 2011”.
«É acima de tudo um prémio à produção agrícola»
No dia em que nos encontrámos na sede da Carnalentejana, SA em Elvas para
realizarmos esta entrevista, Fernando Carpinteiro Albino, presidente desta empresa e
um dos mais respeitados empresários da Região do Alentejo tinha razões de sobra para
sorrir. É que depois de ter sido nomeado pela segunda vez consecutivo produtor do ano
em Portugal, a Carnalentejana, SA acabara de receber o “Prémio de Melhor Empresa
Alentejana de 2011”, iniciativa integrada na 10ª. Edição dos Prémios Mais Alentejo
2011. Em entrevista à País €conómico, Fernando Carpinteiro Albino considerou esta
distinção como «algo reconfortante», porque ela no fundo «traduz o reconhecimento
pelo trabalho que temos vindo a realizar», mas deixou bem sublinhado que este é acima
de tudo um prémio e uma homenagem à Produção Agrícola.
tExto › VALDEMAR bONACHO | FotoGRaFia › RuI ROCHA REIS
com mais de vinte anos de existência a Carnalentejana é
neste momento o maior agrupamento nacional de produ-
tores em produção extensiva, e no entender do seu presi-
dente Fernando Carpinteiro Albino traduz uma responsabilidade
acrescida.
O facto de a Carnalentejana ter sido reconhecida pelo segundo
ano consecutivo como produtor do ano em Portugal (em 2010
e 2011) e de em 2011 ter sido distinguida como a melhor em-
presa do ano numa iniciativa que se integrou na 10ª. Edição dos
Prémios Mais Alentejo, é visto por Fernando Carpinteiro Albino
como o corolário de uma luta de coragem que teve o seu início
em 1 de Junho de 1992, data da constituição da Carnalentejana.
«Estas atribuições são importantes para nós, que procuramos dia-
-a-dia levar por diante um trabalho de qualidade ao nível do sector
onde operamos. E ao escolher-se a Carnalentejana como a melhor
empresa alentejana do ano também tem um significado especial
para nós, porque esta distinção partiu dos leitores da Revista
Mais Alentejo, que são consumidores dos nossos produtos. Ao
terem votado em nós quiseram dizer-nos que estamos no cami-
nho certo e correcto, e isso agrada-nos sobremaneira», salientou o
presidente da Carnalentejana, para sublinhar uma vez mais que
«foi muito reconfortante recebermos um prémio como este», que
também (como faz questão de referir) é um prémio à produção
agrícola. «Nos tempos que decorrem é bom receber-se um prémio
como este, até porque Portugal precisa de produção agrícola. Afi-
nal de contas, os leitores e os consumidores ao estarem a eleger
a Carnalentejana numa iniciativa onde estiveram presentes pro-
dutores de grande prestígio como o Grupo Delta, encheram-nos
de orgulho e deram-nos ainda mais força para transformarmos o
nosso projecto mais forte e mais competitivo. Mas, repito, este é
um prémio que, antes de mais, é um reconhecimento à produção
agrícola», deixa claro Fernando Carpinteiro Albino, nascido há 66
anos, e que se considera um jovem agricultor já que se iniciou na
agricultura em 1979, logo após o período conturbado da Reforma
Agrária.
Produtores devem-se organizar em agrupamentosNo decorrer da Gala que assinalou a entrega do Prémio da Melhor
Empresa Alentejana de 2011, Fernando Carpinteiro Albino, ao re-
ceber esta distinção, desejou que este prémio «sirva para que os
produtores agrícolas que ainda não estejam organizados em agru-
pamento, que o façam», acrescentando que está mais do provado
que a produção organizada tem possibilidades de ir mais longe,
de ter mais sucesso. «E para Portugal que vive momentos que não
são os mais agradáveis, isto pode ser bom », destacou o fundador
da Carnalentejana.
O nosso entrevistado não escondeu a satisfação por constatar
que este prémio acaba por ser o corolário de uma luta difícil que
transformou a Carnalentejana num projecto vitorioso. «Quando
arrancámos éramos 33 criadores de bovinos alentejanos, e passa-
dos 20 anos, esse número cresceu substancialmente. Somos neste
momento 141, o último dos quais o conhecido empresário e cria-
dor, Manuel Rui Azinhais Nabeiro que aderiu à carne alentejana,
produtores pecuários associados da Carnalentejana, que se reú-
nem a uma marca que comercializa os seus produtos não só em
Portugal mas também em vários países europeus e em África»,
recordou Fernando Carpinteiro Albino, que revela os pilares que
Janeiro 2012 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Janeiro 2012
› aLimEntação
têm sustentado a Carnalentejana através
dos anos: Trabalho, Qualidade e Trans-
parência.
Fernando Carpinteiro Albino reconhece
nesta entrevista à P€ que era quase ima-
ginável prever-se naquela altura (há 20
anos atrás) que a Carnalentejana viesse a
atingir o grau de desenvolvimento e a po-
sição que ocupa hoje no seu sector de acti-
vidade. «Ao longo destes anos há factores
que têm sobressaído, e o empenho, a von-
tade de trabalharmos em conjunto que
temos manifestado ao longo deste per-
curso, a vontade de sermos cada vez mais
inovadores e a preocupação que temos
tido sempre com as questões relacionadas
com a qualidade (especialmente o cuida-
do enorme com a prova da qualidade, ou
seja com a certificação dos nossos produ-
tos), tudo isto são factores determinantes
para que a Carnalentejana seja reconhe-
cida como um projecto de vanguarda»,
justificou Fernando Carpinteiro Albino
que aproveitaria para dizer que sempre
lutou para que a Carnalentejana optasse
por umas dupla certificação. «Porque nós
temos o produto certificado pela Certis
e temos depois todo o nosso modelo de
gestão e todo o nosso modelo de trabalhar
certificados pela Lloyds, um grupo muito
antigo que não certifica qualquer entida-
de. A certificação dos bens alimentares é
cada vez mais essencial e o rigor da Lloyds
garante-nos a tranquilidade para quem,
como nós, quer estar na primeira fila das
exigências com a qualidade», sublinhou o
presidente da Carnalentejana, para dizer
ainda a este propósito que a orientação
que desde o princípio foi dada à empresa
no sentido desta dupla certificação está
neste momento a recolher os seus frutos.
Rigor na qualidadeFernando Carpinteiro Albino reconhece
que a Carnalentejana ao ter-se sujeitado a
uma certificação com as exigências e com
o rigor da Lloyds, desde logo estava a assu-
mir um compromisso com os mais eleva-
dos padrões de qualidade. «Assumo esse
compromisso e digo-vos a propósito que
como estamos absolutamente à vontade
em termos da confiança que nós temos na
nossa produção, optámos por uma certi-
ficação no âmbito da Lloyds, que é muito
exigente e rigorosa, e estamos completa-
mente à vontade em termos da confiança
que nós temos na nossa produção, Temos
as nossas portas abertas durante as 24
horas para qualquer entidade, nomeada-
mente a entidade certificadora», justificou
o presidente da Carnalentejana.
Fernando Carpinteiro Albino falara de
Manuel Rui Azinhais Nabeiro sem escon-
der uma certa emoção, e sobre esta figura
bem conhecida em todo o País e muito
especialmente no Alentejo, teceria pala-
vras muito carinhosas. «A pessoa de que
estamos a falar já tem 80 anos, e ninguém
é eterno. Mas a obra que ele já construiu
é um orgulho para todos os alentejanos.
Pena é que em Portugal não existam mil
ou dois mil homens como este, pois se
existissem não estaríamos como estamos
hoje. Teríamos o interior do País povoado,
porque o Grupo Delta tem a sua sede em
Campo Maior e o desenvolvimento que lá
existe, a ele se deve», sublinhou o presi-
dente da Carnalentejana.
criar parcerias duradoirasSerá que Fernando Carpinteiro Albino
também está preocupado com a crise que
nos afecta. Uma pausa, e veio a resposta.
«E quem é que não está?! Preocupados
estamos todos, mas a nossa preocupação
combate-se. E combate-se com muito tra-
balho e com muita inovação. Temos de
estar sempre a inovar em novos produtos,
atractivos, que despertem as atenções dos
mercados. E isso que temos feito sempre.
No princípio do ano vamos apresentar
novos produtos, à semelhança do que já
aconteceu este ano, e ainda por cima fo-
ram eleitos produtos do ano. Portanto a
inovação e o trabalho são indispensáveis
para vencermos esta crise», comentou
Fernando Carpinteiro Albino.
Para este empresário, a Carnalentejana é
uma força de desenvolvimento e de pro-
gresso. «A marca Carnalentejana está pre-
sente em todas as grandes superfícies por-
tuguesas e também já nas estrangeiras.
Hoje em dia já estamos no estrangeiro,
nomeadamente em Angola que conside-
ramos um mercado importante. Sabemos
que por vezes nas relações comerciais
com estes países externos existem pro-
blemas, nomeadamente aqueles que se
prendem com a liquidez. Mas existem
mecanismos que nos dão confiança. Tra-
balhamos naquele país africanos com os
grupos Zahara e Kero, que são os nossos
distribuidores em Angola e que possuem
uma cadeia de supermercados. Quer isto
dizer que tal como acontece em Portugal,
também em Angola estamos a ser ven-
didos numa cadeia de supermercados»,
esclareceu Fernando Carpinteiro Albino,
que encerrou esta entrevista com a P€
lembrando que a Grande Distribuição é
em Portugal o principal mercado da Car-
nalentejana. «Vimos na Grande Distribui-
ção o nosso grande parceiro.
Além de uma relação de fornecedora e
compradora, a nossa relação com estes
grupos excede um bocado a relação nor-
mal, porque temos verdadeiras parcerias
basicamente com todos os grupos, e par-
cerias que já tê, (algumas) mais de dez
anos, e que traduzem a nossa maneira de
estar no mercado», concluiu o presidente
da Carnalentejana. ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Janeiro 2012
› aLimEntação Economia iBÉRica
a Carmim, maior produtora de vi-
nhos do Alentejo e €Cooperativa
do Ano€ segundo a revista Vi-
nhos, comemorou em 2011 os seus 40
anos de existência com vários lançamen-
tos assumindo um especial destaque o
Vinho Licoroso Edição Comemorativa 40
Anos. Este licoroso Monsaraz pretendeu
juntar um momento doce aos vários que
têm proporcionado ao longo dos anos,
tendo sido obtido a partir das castas An-
tão Vaz, Gouveio e Semillon. Esta é uma
produção limitada a 1.408 garrafas e tem
um PVP de 100,00 €.
Mas, as novidades do final do ano da Car-
mim não se ficaram pelo vinho licoroso,
antes incidiu também no lançamento de
uma Aguardente Vínica Velha Monsaraz,
obtida a partir das castas Síria
e Rabo de Ovelha. O estágio
ocorreu durante 7 anos
em balseiro novo de
4000 litros de car-
valho Limou-
sin. Mas, uma
empresa produtora
de vinhos vive também
de prémios obtidos, e mais
um vinho da Carmim, o vinho
branco Régia Colheita Reserva DOC
Reguengos 2010, alcançou a medalha
Tambuladeira de Ouro, atribuída pela As-
sociação dos Escanções de Portugal, que o
elegeu como sendo o €Vinho do Mês.
Finalmente, é de destacar o facto de a
Carmim ter visto o seu Monsaraz Azeite
Virgem Extra, um produto gourmet, obter
91 pontos, classificação que equivale a um
excelente, numa prova cega organizada
pela Associação dos Escanções de Portu-
gal. ‹
viniPortugal reforça promoção externaDecorreu nas instalações do CNEMA em Santarém o
Fórum Anual ViniPortugal 2011, que teve como ponto
forte a apresentação do plano de promoção dos vinhos
portugueses para o ano de 2012, assim como os cerca de
250 participantes tiveram a oportunidade de analisar e
avaliar os diferentes desafios que o sector enfrenta para o
escoamento, exportação e recepção por parte dos merca-
dos importadores de produtos vitivinícolas portugueses.
No arranque do Fórum, o secretário de Estado da Agri-
cultura, José Diogo Albuquerque, reforçou o interesse e o
valor de se conseguir potenciar as exportações de produ-
tos agrícolas e vitivinícolas para apoiar o relançamento
da economia nacional, tendo de seguida Jorge Monteiro,
presidente da ViniPortugal salientado que «o investi-
mento que estamos a fazer é seguro, pois estaremos a
marcar presença em todos os principais eventos mun-
diais do sector, estaremos a dialogar com os canais de
distribuição e de venda, bem como estaremos a chegar
junto do consumidor final.
Procuramos criar um plano que nos permita tornar os
vinhos portugueses conhecidos e reconhecidos por todos
os agentes».
O investimento promocional da ViniPortugal estará
concentrado em oito mercados estratégicos, respectiva-
mente, nos EUA, Brasil, China, Canadá, Angola, Portugal,
Reino Unido, Países Nórdicos e Alemanha. ‹
Vinho licoroso especial em aniversário especial
carmim em 40 anos produtivos
Paços de Ferreira e Paredes apostam na internacionalização
as associações Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF)
e Empresarial de Paredes (AEParedes) assinaram pro-
tocolos com a Associação Portuguesa das Indústrias de
Mobiliário e Afins (APIMA), visando estabelecer um quadro de
cooperação no âmbito do apoio à internacionalização das empre-
sas de mobiliário de Paços de Ferreira e de Paredes. O objectivo é
poder reforçar a aproximação ao principal instrumento de aces-
so aos mercados externos da indústria de mobiliário portuguesa,
através da cooperação interinstitucional.
De referir que como parte integrante do plano estratégico da API-
MA, o Interfurniture visa essencialmente dar continuidade ao
esforço realizado em concertação com a estratégia individual das
empresas, possibilitar ao sector penetrar em mercados prioritá-
rios, afirmar-se perante a concorrência, desenvolver-se de forma
sustentada e aumentar o seu volume de negócios internacional.
Lançada em finais de 2008 com o apoio do Compete, o Interfur-
niture constitui a mais forte campanha de comunicação externa
do sector de sempre, com um investimento acumulado de 11 mi-
lhões de euros.
Entretanto, no quadro da realização de feiras na região espanhola
da Galiza, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira levou a
efeito em Novembro passado uma feira na cidade de Vilagarcia de
Arosa, e já no início de Dezembro último, um conjunto de empre-
sas da Capital do Móvel esteve presente na ExpoCorunha, que se
realizou nesta cidade do norte da Galiza com a presença de mais
de 80 mil visitantes. ‹
oni e alcatel ligam Lisboa a Badajoz em alta velocidadeA Oni Communications e a Alcatel-Lucent, anunciaram o estabe-
lecimento de uma ligação de alta velocidade a 100 Gigabit por
segundo, através da rede de fibra óptica que liga Lisboa a Badajoz
em Espanha, criando uma das redes de dados mais rápidas e com
maior capacidade na Europa.
Para consegui-lo, a Alcatel-Lucent actualizou a ligação da Oni
Communications, de 10G para 100G, permitindo aumentar assim
a capacidade de lidar com o tráfego da ligação de fibra óptica e,
simultaneamente, reduz o consumo de energia e os seus custos
de operação e manutenção. Para Ilídio Cardoso, administrador da
Oni Communications, «tirar o máximo partido das redes de fibra
óptica existentes, é extremamente importante para a Oni, pois
permite-nos dar resposta às contínuas solicitações de crescimento
de tráfego». Já para António Beato Teixeira, responsável pelas ac-
tividades de negócios da Alcatel-Lucent em Portugal, referiu que
«estamos plenamente empenhados em apoiar a evolução da rede
da Oni, permitindo-lhe oferecer os serviços empresariais mais
avançados e da mais alta qualidade aos seus clients». ‹
Janeiro 2012 | País €conómico › 5958 › País €conómico | Janeiro 2012
› a FEchaR
China Tree Gorges é a vencedora da privatização de 21,35% do capital da EDP
Pacote financeiro e apoio económico decisivos
a China Tree Gorges venceu a privatização dos 21,35% do
capital da EDP que o Estado decidiu vender no âmbito
do processo de privatizações em curso. A empresa chi-
nesa apresentou uma oferta de 3,45 euros por acções, o que per-
fazia o valor de 2,693 mil milhões de euros, um prémio de 53,6%
face à cotação da empresa no dia 21 de Dezembro, dia anterior à
decisão que escolheu a companhia chinesa como vencedora do
concurso.
Para além da aquisição dos 21,35% detidos até agora pela Parpú-
blica, a China Tree Gorges injetará mais dois mil milhões de eu-
ros na aquisição de parques eólicos detidos pela EDP Renováveis,
estando também disponível para garantir um financiamento até
mais dois mil milhões de euros na praça financeira de Hong Kong,
verba essencial para garantir as necessidades de financiamento
da EDP, nomeadamente no que respeita ao refinanciamento da
sua dívida, atualmente em cerca de 16,5 mil milhões de euros.
Por outro lado, fontes ligadas ao processo estimam que os inves-
timentos globais chineses em Portugal em virtude desta vitória
possam ultrapassar os oito mil milhões de euros, entre os quais se
contam a construção de uma fábrica de produção de turbinas eó-
licas para futura exportação para os mercados europeus, podendo
gerar receitas anuais de 500 milhões de euros. ‹
EdP Renováveis cresce no BrasilA EDP Renováveis conseguiu celebrar contratos para
a venda de eletricidade a longo prazo no Brasil, ao
conseguir no último leilão do ano no setor ganhar a
licitação de um os principais parques eólicos – Baixa
do Feijão - no estado do Rio Grande do Norte. A venda
da eletricidade gerada está garantida a partir de 2016
para 120 MW. O investimento no futuro Parque da
Baixa do Feijão ascenderá a mais de 190 milhões de
euros e gerará receitas globais equivalentes a 390 mi-
lhões de euros. ‹
soares da costa constrói shopping em LuandaO consórcio Soares da Costa/Griner vai construir o Shopping
Fortaleza junto ao viaduto da nova marginal em Luanda, num
investimento de 62,7 milhões de dólares e para uma obra que de-
verá ser concluída em 18 meses. O empreendimento, com frente
virada para a Baía de Luanda, integra um edifício de sete pisos. A
Soares da Costa referiu, em comunicado, que assim reforçou a sua
carteira total de encomendas no mercado angolano, que, recorde-
-se, já somava no final do terceiro trimestre de 2011 um valor de
484 milhões de euros. ‹
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