Caso Clínico Fratura de Calcâneo

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CASO CLÍNICOFratura de Calcâneoprontuário 598564

Dr. Cristiano F. Maia

ISCMC

Identificação / Anamnese – 02/07/2004 ID: N.T.S., 51 anos, cabeleireira, deambuladora

comunitária. HDA: paciente refere ter sofrido uma queda de altura

de uma banqueta seguida de uma torção do tornozelo D, evoluindo imediatamente com incapacidade para deambular e dor em face dorso lateral do pé D.

HDP: hipertensa em uso de Propranolol 20mg por dia. Usuária de Alprazolan 0,25mg/dia e Rivotril 1mg/dia.

CHV: etilista social. Nega tabagismo ou drogadição.

Exame Físico

Inspeção: aumento de volume em face dorso-lateral do pé.

Palpação: derrame articular em articulação tibio társica, dor em maléolo externo e interno

Mobilidade: muito limitada pela dor.

Radiografia de entrada

Diagnóstico e Conduta

DX: entorse de tornozelo direito.

TTO: tala gessada tipo bota, gelo, analgésicos e retorno programado.

Retorno – 08/07/2004

A paciente retorna sem melhora da dor e da incapacidade deambulatória.

Extenso edema na região comprometida.

Solicitado nova radiografia para discussão do caso com o Dr. Molteni à tarde.

Radiografia - 08/07/2004

Ângulos

Diagnóstico e Tratamento

Fratura intra articular do calcâneo, em duas partes com deslocamento do fragmento póstero-lateral.

Indicada cirurgia pela técnica de Essex-Lopresti

Retorno em 12/07/04 para reavaliar o edema.

12/07/2004

Retirada a tala da paciente para avaliar o edema.

Edema com regressão satisfatória.

Programado tratamento cirúrgico para o dia seguinte.

13/07/2004

Paciente submetida a tratamento cirúrgico pela técnica de Essex-Lopresti.

Uso de fio de Steinmann 2,4mm e redução tipo joystick. Colocado gesso tipo bota com fixação do fio com silicone.

Alta em 16/07/2004 e retorno em 29/07.

Raio-x pós-operatório

Böhler = 35°

Retornos:

29/07/2004: 16 dias P.O. Sem queixas.

Programada retirado do fio de Steinmann em 23/08/2004

Raio-x - 29/07/2004

Retornos

23/08/2004: 40 dias P.O. Sem queixas. Ainda deambulando sem apoio. Solicitado guia para retirada do fio de Steinmann.

27/08/2004: Retirada do fio cirurgicamente e feito gesso tipo bota. Alta no mesmo dia.

Retornos:

13/09/2004: 2 mese P.O. 15 dias pós retirada do fio. Sem queixas. Boa perfusão do calcâneo. Pododáctilos com boa movimentação. Retirado o gesso. Orientado não colocar carga no pé.

01/10/2004: Em FST domiciliar, sem dor. Limitação da subtalar. Iniciar FST para reabilitação.

Retornos:

28/10/2004: 10 sessões de FST. Não pisa pela dor. Instabilidade de sutalar em 20%. Prescrito AINES e FST.

22/11/2004: Dor em tornozelo e antepé. Edema em todo o pé, pele hiperemiada. Dor à palpação de infra-maleolar lateral. AINES, gelo, palmilha adaptada às curvaturas do pé.

Retornos:

06/12/2004: Melhora da dor e do edema. Paceinte agressiva durante a consulta. Solicitado FST e prescrito AINES.

24/01/2004: dor em região dorsal e em retropé. Sem edema. Flexão e extensão limitadas; subtalar limitada em 50%. Solicitado FST e retorno, mas a paciente não mais retornou.

Revisão - Fratura de Calcâneo Osso mais frequentemente fraturado do tarso. Pode levar a incapacidade funcional por até 5

anos. 75% são intra-articulares. Fatores para fratura

Queda de altura (carga axial). Acidentes automobilísticos. Inversão e flexão plantar (processo anterior). Contração do tendão do calcâneo (proc. Post.)

Revisão - Fratura de Calcâneo Diagnóstico: Raio-x AP, Perfil e Axial posterior de

Harris. Oblíquas de Broden.

TAC está indicada se dúvidas.

Clínica Dor Incapacidade funcional

Classificação de Essex-Lopresti (1952) Extra-articular (25-30%) – proc. anterior,

tuberosidade, sustentáculo do talo, proc. medial, corpo.

Inra-articular: depressão articular, em língua (depressão).

Classificação de Sanders (TAC coronal) Tipo I: sem desvio articular. Tipo II: duas partes da faceta posterior com 3

subtipos, conforme o arco se proxima do sustentáculo do tálus.

Tipo III: três partes. Um fragmento central afundado e 3 subtipos conforme o traço.

Tipo IV: fraturas muito cominutivas.

Tratamento Todas são tratadas inicialmente com repouso absoluto,

elevação do pé e curativo compressivo para redução do edema.

Sem desvio, com depressão articular simétrica e/ou diminuição leve do ângulo de Böhler podem ser tratadas com gesso por 6 semanas se, carga e descarga progressiva após.

Intra-articulares com desvio devem ser reduzidas e fixadas. Nas tipo língua usa-se o método de Essex-Lopresti com pino por 6 semanas e tala gessada que pode ser retirada para exercícios.

Nas demais usa-se fios de Kirschner e fixação com parafusos ou placas AO.

Prognóstico Idade, grau de deslocamento, grau de cominuição, sustentação

prematura do peso, tratamento cirúrgico.

Complicações:

Consolidação viciosa. Até 6 anos para recuperação total. Artrose ou artrite da subtalar, tendinite fibular, esporão ósseo,

artrose calcâneo-cubóide, encarceramento dos nervos tibial ou sural.