CASO CLÍNICO Hepatites.doc

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CASO CLÍNICO II – HEPATITES

J. K., sexo masculino, 28 anos de idade, residente de Lages – SC, relata os seguintes sintomas: náuseas, dores abdominais, febre e cefaléia recorrente. Notou que suas fezes estavam esbranquiçadas e que a sua urina encontrava-se mais escura. Ao exame físico, percebeu-se sensibilidade no hipocôndrio direito, icterícia ++/4 e discreta hepatomegalia. Suspeita de patologia hepática; foram requisitados os seguintes exames:

EXAMES LABORATORIAIS

HEMOGRAMAEritrogramaHemácia 4,6 milhões/mm3Hemoglobina 12,0 g/dlHematócrito 36,3%VCM 86,8 mm3HCM 26 %CHCM 29,1 g/dl

LeucogramaLeucócitos 4000 cél/mLNeutrófilos Segmentados 46%Neutrófilos Bastonetes 1%Basófilos 0%Eosinófilos 5%Linfócitos Típicos 40%Monócitos 8%

PlaquetogramaPlaquetas: 135.000 mil/ mm3 TAP 20 segundosTTPa 62 segundos

URINÁLISEVolume 30 mlCor Marrom escuroAspecto TurvopH 5,0Densidade 1025Urobilinogênio +Proteínas TraçosCorpos cetônicos AusenteBilirrubina ++++

Hemácias +Nitrito AusenteGlicose Ausente

EXAMES BIOQUÍMICOSGlicose (Jejum) 85 mg/dlCloro sérico 100 mg/dlSódio sérico 8,5 mg/dLPotássio sérico 4,5 mg/dl Magnésio 2,1 mg/dl Fosfatase Alcalina 34 U/L TGO/AST 590 U/L TGP/ALT 610 U/LGama GT 112 U/LAlbumina 4,6 mg/dLLDH 150 U/LBilirrubina Total 8,40 mg/dl Bilirrubina Direta 2,9 mg/dl Bilirrubina Indireta 3,23 mg/dlProteína C Reativa > 6 mg/dl

MARCADORES SOROLÓGICOSHBsAg +HBeAg +

Anti-HBc IgG -Anti-HBc IgM +Anti-HBs IgG -Anti-HCV IgM -Anti-HCV IgG -Anti-HAV IgM -Anti-HAV IgG -

DIAGNÓSTICO: Hepatite Tipo B

FISIOPATOLOGIA

Hepatite é qualquer inflamação do fígado, que pode ser causada por uso de drogas, alterações hormonais, distúrbios metabólicos ou por vírus, sendo este a causa mais comum das hepatites. Estes vírus afetam primariamente os hepatócitos, apesar de se diferenciarem no modo de transmissão, período de incubação, mecanismo, grau e cronicidade de lesão hepática. A inflamação decorre da destruição destas células, que são responsáveis pelas funções hepáticas, tais como, produção de proteínas, metabolismo de lipídios, bilirrubinas e outras substâncias, além de armazenar glicogênio e vitaminas.

Existem dois mecanismos de lesão hepática na hepatite viral: lesão celular direta e indução de respostas imunes contra os antígenos virais. Acredita-se que a extensão da inflamação e da necrose depende da resposta imunológica do indivíduo.

ALGUNS VÍRUS CAUSADORES DA HEPATITE

TIPO AA contaminação ocorre a partir de alimentos ou água contaminados ou

do contato próximo com alguém que já está infectado. Geralmente é uma infecção leve e não necessitam de tratamento, pois a maioria das pessoas que estão infectadas se recuperam completamente e sem danos permanentes ao fígado.

O diagnóstico da hepatite A baseia-se na detecção de anticorpos anti-HAV. O anti-HAV IgM e o anti-HAV IgG já estão presentes simultaneamente no soro desde o início da elevação das aminotransferases (ALT e AST).

TIPO BA hepatite B é uma infecção grave do fígado causada pelo vírus da

hepatite B (HBV). Para algumas pessoas, a infecção da hepatite B torna-se crônica, levando à insuficiência hepática, câncer de fígado ou cirrose, uma condição que pode causar danos permanentes do fígado.

A maioria das pessoas infectadas com o vírus da hepatite B como se recuperam totalmente, mesmo que seus sinais e sintomas sejam severos. Já os bebês e crianças são muito mais propensos a desenvolverem uma infecção crônica. Embora não exista nenhuma cura para a hepatite B, a vacina pode prevenir a doença.

O vírus é transmitido de pessoa para pessoa através de sangue, sêmen ou outros fluidos corporais.

Causas

Através de contato sexual desprotegido com um parceiro infectado cujo sangue, secreções de sêmen, saliva ou vaginal entram no corpo.

Compartilhamento de agulhas, pois o HBV é facilmente transmitido através de agulhas e seringas contaminadas com sangue infectado.

Picadas de agulha acidentais. A Hepatite B é uma preocupação para os profissionais de saúde e qualquer pessoa que entra em contato com sangue humano.

Transmissão parenteral. mulheres grávidas infectadas com o VHB podem transmitir o vírus para seus bebês durante o parto.

Complicações

Tendo uma infecção crônica por HBV pode levar a complicações graves, tais como: Cirrose: Hepatite B pode causar inflamações que poderão conduzir à

extensas lesões no fígado. Essas lesões prejudicarão o fígado a realizar as suas funções biológicas.

Câncer de fígado; Insuficiência hepática: insuficiência hepática aguda é uma condição

em que as funções vitais do fígado param, sendo necessário um transplante de fígado para sustentar a vida.

A infecção por hepatite D: Qualquer pessoa cronicamente infectada com HBV também é suscetível à infecção com outra cepa de hepatite viralo vírus da Hepatite D. A infecção por esse vírus só acontece se o paciente já está infectado pelo HBV.

Problemas renais: a infecção por Hepatite B pode causar problemas renais que eventualmente poderão levar à insuficiência renal.

Prognóstico:

Vírus da hepatite B pode ser tanto aguda (auto-limitada) ou crônica (de longa data). A maioria dos pacientes infectados tendem a eliminar a infecção espontaneamente dentro de semanas a meses.

Entretanto, as crianças são menos prováveis do que adultos para eliminarem a infecção. Mais de 95% das pessoas que são infectadas como adultos ou crianças mais velhas terão uma recuperação completa e desenvolverão imunidade protetora ao vírus. No entanto, isso cai para 30% para crianças menores, e apenas 5% dos recém-nascidos que adquirem a infecção de sua mãe ao nascer elimina a infecção completamente. Essa

população tem um risco de vida 40% de morte por cirrose ou carcinoma hepatocelular.

Alguns pacientes aumentam o risco de desenvolverem cirrose Hepática ou mesmo câncer hepático ao contraírem o vírus da Hepatite D, cujo só pode ocorrer com uma infecção concomitante da hepatite B, porque o HDV usa o antígeno de superfície do VHB para formar um capsídeo.

Tratamento:Hepatite aguda: tratamento sintomático e alteração de dieta;Hepatite crônica: tratamento sintomático, alteração de dieta e as drogas: interferon convencional (IFNc) e lamivudina (LMV).

TIPO CA hepatite C geralmente é considerada como uma das mais graves e a

maioria das pessoas infectadas com o vírus da hepatite C (HCV) não têm sintomas. Na verdade, a maioria das pessoas não sabem que têm a hepatite C, até serem evidenciados os danos causados no fígado durante a rotina de exames médicos, anos mais tarde.

Hepatite C geralmente não produz sinais ou sintomas durante seus estágios iniciais. Quando os sinais e sintomas ocorrem, são geralmente leves e semelhantes à gripe e podem incluir: Fadiga, febre, náuseas ou falta de apetite, dores musculares e articulares e sensibilidade na área do fígado.

HCV é transmitido quando se entra em contato com sangue contaminado. Seja através de relação sexual desprotegida, agulhas compartilhadas, relação parenteral ou até mesmo por transfusões sanguíneas.

O diagnóstico se dá pela dosagem de AST, ALT, Gama GT, bilirrubinas associado aos exames específicos, os marcadores imunológicos do HCV (Anti-HCV IgG e IgM).

O tratamento da hepatite aguda por HCV consiste no controle sintomático, já o da hepatite crônica, além de sintomático, algumas drogas anti-virais são administradas, como, interferon convencional(IFNc), interferon peguilado (Peg) e ribavirina (RBV).

CONCLUSÃO

Ao lado do diagnóstico preciso e de tratamento eficaz, a necessidade de se ter um serviço que acolha adequadamente o usuário é parte integrante dos objetivos da saúde pública. Existe uma necessidade que estes serviços não apenas instrua e informe, mas também ouça as necessidades e as dúvidas dos usuários que recorrem a eles. Todos aqueles pacientes que fizeram algo das diversas formas de aquisição dos vírus, como, transfusão de sangue, compartilhamento de materiais perfuro-cortantes (seringas e agulhas) e bem como as praticas sexuais que podem ser uma forma de transmissão importante, devem ser investigadas.

As medidas de prevenção devem ser informadas aos pacientes e aos profissionais de forma a esclarecer as possíveis maneiras de infecção, buscando contribuir para a diminuição da disseminação das hepatites virais.