Post on 01-Oct-2020
UN I V E R S I DAD E F ED E RA L D O R IO GRAND E D O NOR TE
D E PAR TAMEN TO D E ARQU I T E TU RA E U RBAN I SMO
CENT RO D E T ECNOLOG I A
CURSO D E A RQU I T E TU RA E U RBAN I SMO
NATA L / R N
NOVEMBRO D E 2015
T H A Y S S A C H R I S T I N N E O L I V E I R A D E S O U Z A
C e n t r o a v a n ç a d o d e o d o n t o l o g i a
THAYSSA CHRISTINNE OLIVEIRA DE SOUZA
PERFIL ORALE – ODONTOLOGIA INTEGRADA ----------------------------------------------------------------------------
CENTRO AVANÇADO DE ODONTOLOGIA
Trabalho Final de Graduação apresentado ao
curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito parcial para obtenção do título
de Arquiteta e Urbanista.
Orientador (a): Prof.ª Drª Luciana Medeiros
NATAL/RN
NOVEMBRO DE 2015
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.
Souza, Thayssa Christinne Oliveira de.
Perfil Orale odontologia integrada: centro avançado de odontologia /
Thayssa Christinne Oliveira de Souza. – Natal, RN, 2015.
89f. : il.
Orientadora: Luciana Medeiros.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.
1. Clínica odontológica – Arquitetura – Monografia. 2. Centro de
odontologia – Humanização – Monografia. 3. Projeto arquitetônico – Áreas
abertas – Monografia. I. Medeiros, Luciana. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 725.51
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRAND DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
PERFIL ORALE – ODONTOLOGIA INTEGRADA ----------------------------------------------------------------------------
CENTRO AVANÇADO DE ODONTOLOGIA
THAYSSA CHIRSTINNE OLIVEIRA DE SOUZA
Aprovação em: _______ de _____________________de ________
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
DOUTORA LUCIANA MEDEIROS
_____________________________________________________
Professor – UFRN
______________________________________________________
Arquiteto e Urbanista - Convidado
Dedico este trabalho a meus pais, exemplos de
vida e perseverança, que insistiram em minha
educação desde sempre, me apoiando durante
toda essa caminhada, com muito amor e carinho.
E ao meu esposo, pela compreensão nas horas
que estive ausente, pelas palavras de força e
amor depositadas a mim, que me deram ânimo de
chegar até aqui. A eles declaro meu amor eterno,
e todo meu esforço a eles dedico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me deu verdadeiramente, energia,
força e foco para concluir mais este sonho.
Agradeço aos meus amados pais, Joaquim e Joseneide, que sempre me
apoiaram em todas as grandes etapas da minha vida.
Agradeço, em especial, ao meu esposo Marcos, que por muitas vezes me
acompanhou ao longo das noites de trabalho me dando força e apoio.
Aos meus irmãos, Junior, Rossana, Camila e ao meu cunhado Mikéas, que
direta ou indiretamente contribuíram para mais um sonho em minha vida.
Como não poderia deixar de ser, agradeço a todos meus amigos de classe,
em especial Lívia e Paulo, pela amizade e luta juntos.
Enfim, agradeço a todos, minha querida família e amigos, que de alguma
forma fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida.
S U M Á R I O
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 6
2. A ODONTOLOGIA, SEUS ESPAÇOS DE ATENDIMENTO E ESPECIALIDADES ...................... 9
2.1 Espaços de atendimento e especialidades odontológicas ................................. 9
3. ODONTOFOBIA ..................................................................................................................................................... 10
4. ESTUDOS SOBRE A HUMANIZAÇÃO ........................................................................................................ 12
5. ESTUDO DIRETO ..................................................................................................................................................... 17
6. ESTUDO INDIRETO ................................................................................................................................................ 31
7. DEFINIÇÃO DO TEMA ......................................................................................................................................... 43
8. O TERRENO E SEU ENTORNO ............................................................................................................................. 45
8.1 Terreno: aspectos gerais e biclimáticos ........................................................................ 45
8.2 Relação terreno x entorno .......................................................................................... 48
9. CONDICIONANTES LEGAIS ............................................................................................................................. 49
9.1 Código de Obras e Edificações do Município de Natal – Lei Complementar nº
055, de 27 de janeiro de 2004 ............................................................................................ 49
9.2 Plano Diretor de Natal – Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007 ... 50
9.3. RDC 50 – Resolução de 21 de fevereiro de 2002 .................................................... 51
9.4 NBR 9050/1994 - Norma de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos ............................................................................................................ 52
10. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ- DIMENSIONAMENTO ................................................... 56
11. FLUXOGRAMA ......................................................................................................................................................... 60
12. ESTUDOS DE ZONEAMENTO ......................................................................................................................... 62
13. ESTUDOS DE ACESSOS E ESTACIONAMENTO .................................................................................. 63
14. IMPLANTAÇÃO ESQUEMÁTICA.................................................................................................................... 64
15. DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO E EVOLUÇÃO DA FORMA .......................... 66
16. ASPECTOS CONSTRUTIVOS .......................................................................................................................... 67
17. ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAIS ................................................................................................................. 68
18. SOLUÇÕES VOLUMÉTRICAS E FACHADA ............................................................................................. 72
19. SOLUÇÕES ESPACIAIS ...................................................................................................................................... 77
19.1. Pavimento térreo ............................................................................................................. 77
19.2. Primeiro pavimento .......................................................................................................... 82
20. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 85
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................... 86
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Localização da Clínica Oral Estética .................................................................................... 18
Figura 2: Recepção ........................................................................................................................... 19
Figura 3: Sala de espera ................................................................................................................... 19
Figura 4: Sala de repouso do Centro Cirúrgico ................................................................................. 19
Figura 5: Centro Cirúrgico ................................................................................................................ 19
Figura 6: Expurgo - Central de esterilização ..................................................................................... 20
Figura 7: Esterilização - Central de esterilização .............................................................................. 20
Figura 8: Laboratório Fonte: Acervo da autora, 2015 ...................................................................... 20
Figura 9: Hall dos consultórios. Observar pé direito duplo .............................................................. 21
Figura 10: Auditório.......................................................................................................................... 21
Figura 11: Fachadas principais ......................................................................................................... 21
Figura 12: Fachada principal com ênfase na entrada. ..................................................................... 21
Figura 13: Localização da Clínica Vicente de Paula .......................................................................... 23
Figura 14: Corte esquemático .......................................................................................................... 24
Figura 15: Recepção com pé direito duplo. ..................................................................................... 24
Figura 16: Consultório de ortodontia ............................................................................................... 24
Figura 17: Centro cirúrgico ............................................................................................................... 25
Figura 18: Sala de repouso- centro cirúrgico ................................................................................... 25
Figura 19: Expurgo e esterilização - centro cirúrgico ....................................................................... 25
Figura 20: Consultório de odontopediatria ...................................................................................... 26
Figura 21: Recepção de eventos ...................................................................................................... 26
Figura 22: Auditório.......................................................................................................................... 26
Figura 23: Fachadas frontal e lateral ................................................................................................ 27
Figura 24: Fachada frontal com ênfase na marquise de alvenaria .................................................. 27
Figura 25: Localização da Clínica Reabilitação Oral Happy .............................................................. 28
Figura 26: Sala de espera ................................................................................................................. 29
Figura 27: Escovódromo ................................................................................................................... 29
Figura 28: Escada com jardim interno abaixo .................................................................................. 30
Figura 29: Consultório ...................................................................................................................... 30
Figura 30: Escritório compartilhado por dois consultórios .............................................................. 30
Figura 31: Recepção e consultórios do segundo pavimento ........................................................... 30
Figura 32: Fachada principal ............................................................................................................ 31
Figura 33: Fachada principal com ênfase no acesso para pacientes ............................................... 31
Figura 34: Sala de bem-estar ............................................................................................................ 32
Figura 35: Sala de descanso ............................................................................................................. 32
Figura 36: Consultórios .................................................................................................................... 33
Figura 37: Aberturas nos Consultórios ............................................................................................. 33
Figura 38: Central de materiais estéreis .......................................................................................... 33
Figura 39: Fachada frontal com ênfase nos acessos ........................................................................ 33
Figura 40: Fachada frontal ............................................................................................................... 34
Figura 41: Laboratório ...................................................................................................................... 35
Figura 42: Consultório ...................................................................................................................... 35
Figura 43: Sala de descanso ............................................................................................................. 35
Figura 44: Terraço ............................................................................................................................ 36
Figura 45: Sala de espera ................................................................................................................. 36
Figura 46: Café.................................................................................................................................. 36
Figura 47: Espaço infantil ................................................................................................................. 37
Figura 48: Fachada frontal ............................................................................................................... 37
Figura 49: Recepção/ sala de espera ................................................................................................ 39
Figura 50: Jardim Interno ................................................................................................................. 39
Figura 51: Sala de relaxamento ........................................................................................................ 39
Figura 52: Consultório ...................................................................................................................... 39
Figura 53: Fachada frontal ............................................................................................................... 40
Figura 54: Localização do terreno e entorno ................................................................................... 46
Figura 55: Localização macro do terreno ......................................................................................... 46
Figura 56: Vista frontal do terreno ................................................................................................... 47
Figura 57: Terreno com cotas........................................................................................................... 47
Figura 58: Terreno com aspectos bioclimáticos ............................................................................... 47
Figura 59: Vistas do interior do terreno (clicadas as 10:50h, momento em que as sombras ainda
não estão sendo projetadas) ............................................................................................................ 48
Figura 60: Vista do terreno, com ênfase na massa arbórea da Av. Rodrigues Alves ....................... 48
Figura 61: Anexo II - Dimensionamento das formas de acesso ....................................................... 50
Figura 62: Área para manobra de cadeira de rodas, sem deslocamento ........................................ 54
Figura 63: Rebaixamento de calçadas .............................................................................................. 54
Figura 64: Área de transferência ...................................................................................................... 54
Figura 65: Dimensões mínimas para banheiro ................................................................................. 54
Figura 66: Fluxograma pavimento térreo ........................................................................................ 61
Figura 67: Fluxograma 1º pavimento ............................................................................................... 62
Figura 68: Zoneamento geral da clínica Fonte: acervo da autora, 2015 .......................................... 63
Figura 69: Estudo 1 estacionamento e acessos................................................................................ 64
Figura 70: Estudo 2 de estacionamento e ........................................................................................ 64
Figura 71: Estudo final de estacionamento e acessos ..................................................................... 64
Figura 72: Implantação esquemática 1 ........................................................................................... 65
Figura 73: Implantação esquemática 2 ............................................................................................ 65
Figura 74: Evolução da forma ........................................................................................................... 66
Figura 75: Estudo esquemático da volumetria com telha colonial .................................................. 67
Figura 76: Estudo esquemático da volumetria com platibanda ...................................................... 67
Figura 77: Fachada Frontal ............................................................................................................... 73
Figura 78: Fachada Posterior ............................................................................................................ 73
Figura 79: Fachada lateral esquerda ................................................................................................ 74
Figura 80: Fachada lateral direita ..................................................................................................... 74
Figura 81: Plantas Baixa com layout do térreo, guarita e depósitos de lixo e resíduos................... 80
Figura 82: Planta Baixa com layout 1º pavimento ........................................................................... 84
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resumo com base no Código de Obras de Natal Fonte: Acervo Próprio, 2015 ............... 50
Tabela 2: Resumo das prescrições urbanísticas, segundo o Plano Diretor de Natal ....................... 51
Tabela 3: Principais recomendações - NBR 9050 ............................................................................. 53
Tabela 4: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor clínico .................................. 57
Tabela 5: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor social Fonte: Acervo da autora,
2015 .................................................................................................................................................. 58
Tabela 6: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor apoio/ serviço Fonte: Acervo
da autora, 2015 ................................................................................................................................ 60
Tabela 7: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor de infraestrutura Fonte:
Acervo da autora, 2015 .................................................................................................................... 60
Tabela 8: Cálculo do reservatório de água ....................................................................................... 68
Tabela 9: Especificações de materiais Fonte: Acervo da autora, 2015 ............................................ 69
RESUMO
SOUZA, T.C.O. Centro avançado de odontologia: Perfil Orale. [Center of
Advanced Dentistry: Profile Orale]. Natal, 2015. 92 p. (Trabalho Final de
Graduação) – Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do
Rio Grande.
A odontologia é uma área da saúde que tem como objetivo diagnosticar, tratar e
prevenir as patologias do sistema estomatognatico. De acordo com a literatura da
área, o medo e a ansiedade dos pacientes no atendimento odontológico é um
aspecto comumente encontrado, devido aos objetos utilizados e ruídos produzidos
nos consultórios. Medidas de caráter terapêutico e o cuidado com o projeto
arquitetônico do local são utilizados para atenuar o problema. Dessa forma, o
presente trabalho final de graduação, tem como objetivo propor um centro
avançado de odontologia com diferentes especialidades, na cidade de Natal/RN,
seguindo normas vigentes do setor e os princípios de humanização em saúde.
Procurando atender os objetivos propostos, foram feitas revisões bibliográficas,
estudos de referências direto e indireto, visitas in loco com levantamento
fotográfico, croquis e entrevistas a pacientes e cirurgiões dentistas, assim como
estudo do terreno e das normas específicas para o porte do estabelecimento de
atenção à saúde. O anteprojeto apresentado conta com soluções arquitetônicas
que envolvem: ventilação e iluminação naturais, controle dos ruídos, ergonomia,
acessibilidade, contato interior/ exterior do edifício, amplos jardins e uso das cores.
Palavras-chave: Odontologia. Humanização. Áreas abertas.
ABSTRACT
Dentistry is a field of health studies that aims to diagnose, treat and prevent the
diseases of stomatognatic system. According to the literature, fear and anxiety of
patients during dental treatment is a very common situation, due to the tools used
and also noise produced at these clinics. Therapeutical measures and also a special
care about the architectural design are used to soften that problem. In that way, this
present undergraduation final assignment has as its objective to propose an
advanced dentistry center with various specialties in Natal/RN, following the current
regulations of the field and also the principles of humanization of health treatment.
Aiming to achieve the proposed objectives, bibliographical research will be done,
direct and indirect references studies, visits to the site with photographic recording,
drawings and interviews with patients and dentists, as also as the study of the site
and the specific regulation related with health care institutions. The design
presented in this work has architectural solutions related with: natural ventilation and
illumination, noise control, ergonomics, accessibility, outside/inside architectural
links, big gardens an color use.
Key words: Dentistry. Humanization. Open spaces
6
1. INTRODUÇÃO
O presente documento trata do Trabalho Final de Graduacao do curso
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
inserido no tema de Arquitetura de Espaços Odontológicos e na área de estudo de
projeto arquitetônico.
A odontologia, que estuda e trata o sistema estomatognático,
compreendendo a cavidade oral, os dentes, gengivas, a face, o pescoço,
abrangendo ossos, musculatura mastigatória, articulações e tecidos, é uma área
da saúde que vem ampliando seu alcance através de novos tratamentos e
especialidades. Como consequência, os espaços voltados para este tipo de
atividade têm passado por várias transformações, muitas delas em função de
exigências normativas e concorrência do mercado. Ao mesmo tempo, o próprio
movimento de humanização em saúde – que valoriza a relação paciente x
profissional e o espaço físico de atendimento – tem favorecido as mudanças
arquitetônicas das edificações e ambientes de atenção à saúde. Na odontologia,
especialmente nos casos em que a ida ao dentista gera ansiedade e medo ao
paciente, os princípios da humanização podem ajudar a reduzir os sintomas desse
tipo de situação.
Dessa forma, a proposta em questão tem como objeto de estudo o
espaço odontológico e sua humanização, tendo como objetivo geral o
desenvolvimento de um anteprojeto de um centro integrado de odontologia, com o
nome Perfil Orale, que atenda a diferentes especialidades e alguns dos princípios
da humanização em saúde, localizado na cidade de Natal, no bairro Tirol. Para
tanto, foi necessário compreender o funcionamento e as necessidades dos espaços
voltados para diferentes especializações em odontologia; estudar o conceito de
odontofobia e as principais medidas adotadas para amenizar esse problema e a
ansiedade dos pacientes no atendimento odontológico; estudar a humanização dos
espaços de saúde procurando estratégias projetuais para aplicação nos ambientes
odontológicos e, por fim, elaborar a proposta arquitetônica seguindo todas as
etapas do processo de projeto. O partido arquitetônico adotado favoreceu a ênfase
em algumas questões de conforto físico e mental visualizadas através da:
7
ventilação e iluminação naturais, controle dos ruídos, ergonomia, acessibilidade,
contato interior/ exterior do edifício e uso das cores, com a intenção de promover
um ambiente mais agradável e menos ameaçador aos pacientes de odontologia,
mais diretamente os mais ansiosos e odontofóbicos, fazendo desta tarefa, de ir ao
dentista, algo menos angustiante.
A escolha do referido tema se justifica pela importância de trabalhar a
humanização dos estabelecimentos de atenção à saúde no intuito de buscar
soluções arquitetônicas que, segundo a literatura da área (referências), favoreça o
conforto e o bem-estar dos usuários e a ansiedade dos pacientes.
Para o desenvolvimento da proposta utilizou-se ferramentas necessárias
aos projetos da área, como a RDC 50, da ANVISA que regulamenta projetos de
qualquer estabelecimento assistencial de saúde; o instrumento Serviços
Odontológicos: prevenção e controle de riscos, que regulamenta o funcionamento
dos estabelecimentos odontológicos e a NBR 9050 que estabelece critérios e
parâmetros técnicos para elaboração de projetos acessíveis. Além disso, foram
feitos estudos bibliográficos, tanto na área de projeto como da odontologia, bem
como também estudos de referências diretos e indiretos, e visitas ao terreno.
Este trabalho encontra-se dividido em cinco partes. Na parte I, é feita a
apresentação do tema, odontologia, suas especialidades, seus espaços de
atendimento em Natal, bem como uma breve discursão acerca da odontofobia e da
humanização em espaços atenção à saúde. Na parte II, estão expostos os estudos
de referências diretos e indiretos realizados pela autora. Na parte III, encontram-se
os estudos preliminares, apresentando o terreno e seu entorno e os condicionantes
físicos e legais do projeto. Na parte IV, por sua vez, estão abordadas a justificativa
e descrição da proposta, onde é exposto o programa de necessidades, o pré-
dimensionamento, fluxograma, estudos de zoneamento e implantação, o partido
arquitetônico, entre outros. E por fim, na parte V, a proposta é apresentada e
explicada.
A P R E S E N T A Ç Ã O D O T E M A
Parte I
9
2. A ODONTOLOGIA, SEUS ESPAÇOS DE ATENDIMENTO E ESPECIALIDADES
A odontologia, hoje definida por ser a especialidade médica que estuda
e trata o sistema estomatognático, compreendendo a cavidade oral, os dentes
e gengivas bem como a face, o pescoço, abrangendo ossos, musculatura
mastigatória, articulações e tecidos, era denominada em seus primórdios como Arte
Dentaria, nasceu na Pre-Historia, porém, seus registros mais antigos datam de
3500 a.C., na Mesopotâmia, onde sua prática era exercida por barbeiros e/ou
Tiradentes de maneira ríspida e artesanal. Essa ciência, passou por uma longa
jornada até chegar a sua fase cientifica. Rosenthal (2001) expõe que assim
como na Medicina, as afecções de competência da Odontologia eram tratadas por
meio da religião e da magia, sendo utilizada orações e fórmulas nos procedimentos.
Até então as causas dos problemas dentários eram distorcidas, bem como também
o modo de tratá-las. A causa da cárie por exemplo, segundo Modaffore (2009), para
os próprios mesopotâmios era causada por um verme, já para os ciganos da Bósnia
a dor de dente era provocado por um demônio que possuía o formato de um inseto
bem pequeno de 4 cabecas, dentre outras “teorias” contadas na epoca. Almeida,
Vendusculo e Mestriner-Junior (2002) delimitam que a profissão odontológica foi
construída no decorrer dos tempos, primeiramente exercida por sacerdotes e
medicos para, só depois, ser relegada às maos de charlatões, ate encontrar um
segmento profissional que se dedicasse a ela. Segundo Cunha (1952), os primeiros
estudos científicos acerca da odontologia só vêm no seculo XVIII quando Pierre
Fauchard, “o pai da odontologia”, traz em seu livro “Tratado dos dentes para os
cirurgiões dentistas”, assuntos como fisiologia, anatomia entre outros assuntos. No
século XIX, ainda vinculado ao curso de Medicina, começa a ganhar vez nas
universidades.
2.1 Espaços de atendimento e especialidades odontológicas
Apesar de Natal ser o município com maior contingente de cirurgiões-
dentistas no Estado, o número apresentado é de apenas um dentista para cada 414
habitantes, de acordo com o último levantamento realizado em 2009 pelo IBGE.
Atualmente em Natal, há 160 clínicas odontológicas registradas no Conselho
Regional de Odontologia, o CRO, estando a maioria concentrada na zona
10
administrativa leste, principalmente nos bairros de Tirol, Petrópolis, Cidade Alta e
Alecrim. Grande parte dessas clínicas apresenta quatro ou mais especialidades,
com raras exceções que optam pelo atendimento de uma, no máximo duas
especialidades. As mais presentes são dentística, ortodontia, endodontia, prótese
e odontopediatria. Apesar de fazer parte da reabilitação oral, a área de implante
está crescendo bastante devido aos avanços desta especialidade.
Atualmente o Conselho Federal de Odontologia reconhece como
especialidades odontológicas as seguintes: Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo
Facial, Dentística, Disfunção Têmporo Mandibular e Dor Orofacial, Endodontia,
Estomatologia, Imaginologia e Radiologia Odontológica, Implantodontia,
Odontologia Legal, Odontologia do Trabalho, Odontologia para Pacientes com
Necessidades Especiais, Odontogeriatria, Odontopediatria, Ortodontia, Ortopedia
Funcional dos Maxilares, Patologia Bucal, Periodontia, Prótese Buco Maxilo Facial,
Prótese Dentária, Saúde Coletiva (Conselho Federal de Odontologia, 2015). Essas
especialidades podem ser encontradas separadas ou integradas num só espaço
físico, tornando o plano de tratamento do paciente mais eficiente.
3. ODONTOFOBIA
Para muita gente, a ida ao dentista é algo extremamente desconfortável
e, às vezes, até ameaçador, mesmo com todos os avanços tecnológicos da área já
citados anteriormente. Stouthard et al (1995) relatam que há alguns estudos
descrevendo que a Odontofobia é a ansiedade odontológica extrema. Mencionam,
também, outros estudos que relacionam com fobia social, ou seja, medo de outras
pessoas que não aquelas que fazem parte do círculo familiar. O medo é
conceituado como um estado de estressante expectativa diante de uma ameaça
concreta. O medo desperta no indivíduo reações ligadas ao sistema nervoso
simpático, envolvendo mudanças bioquímicas que aumentam a secreção de
adrenalina e o tensionamento muscular (TOLENDAL, 1995).
A ansiedade é definida como um estado de agitação emocional causada
por uma situação incerta, mas que é assimilada como perigosa. É difusa, porque
não se apoia em nenhum elemento concreto. A ansiedade faz a pessoa geralmente
11
transpirar em excesso, e sentir-se ameaçada (FIORI, M. R., 1999). De acordo com
Klatchoian (1993), o medo e ansiedade odontológica podem ser caracterizados
como reações a objetos ou a procedimentos específicos dentro do consultório
odontológico. O medo que os pacientes relatam sentir, pode ter origem em diversas
causas, como experiências passadas dolorosas e/ou traumáticas do paciente,
medos vindos da infância, através da mãe ou de pessoas que cuidaram da criança,
e medo generalizado de médicos e hospitais, porém os medos mais comuns
associados à situação odontológica são os medos da dor, da alta rotação e da
anestesia (FIORI, M. R. 1999).
Kleinknecht et al. (1973) em seu estudo usou um questionário para
identificar o estimulo do medo e reações associadas à ida ao dentista. O medo mais
relatado pelos participantes e classificado como mais alto, foi dado para a visão da
seringa e a sensação da injeção anestésica, depois, medo da visão, som e
sensação da broca. A porcentagem de mulheres amedrontadas foi maior que de
homens, devido a expectativas de traumas e trabalho dental doloroso. Guedes-
Pinto (1995), define o medo como uma das causas que afastam as pessoas do
consultório odontológico e pode ser classificado em objetivo e subjetivo. Objetivo é
o medo que o indivíduo apresenta por já ter passado por experiências
desagradáveis com algum tratamento odontológico no passado. Já, o subjetivo é
aquele medo adquirido por ouvir relatos e histórias contadas por outrem, ou seja, o
medo adquirido através da experiência de outra pessoa. Há também, grande
influência exercida subliminarmente pelo folclore, que popularizou o tratamento
odontológico como sinal de sofrimento.
O trabalho do cirurgião dentista só será bem-sucedido se o profissional
tratar ou amenizar o medo do seu paciente, e para isso terá que sustentar uma
relação de confiança e segurança entre ele e seu paciente para que não haja
resistência ao tratamento odontológico (FIORI, M. R., 1999). Wetnstein e Nathan,
(1988) afirmaram que há uma extensa série de técnicas no manejo que tem sido
usada para pacientes que apresentam medo. Dentre essas técnicas estão a
familiarização com o ambiente odontológico, distração do paciente,
dessensibilização do paciente, dizer, mostrar e fazer o procedimento ao paciente;
12
a técnica de modelagem do comportamento dos pacientes, que é mostrar ao
paciente que está com medo um tratamento de um paciente cooperador. Existe
também as técnicas farmacológicas que usa o óxido nitroso ou em combinação
com pré-medicação ansiolítica ou sedação com anestesia geral. É importante que
a clínica seja treinada e confortável com as mais amplas técnicas de manejo. Todas
essas técnicas têm seu benefício divulgado e a aceitação do seu uso na prática de
psicologia como uma estratégia de ansiedade e redução de medo.
Diante de todas essas técnicas no controle da ansiedade dos pacientes,
é importante que o profissional humanize o atendimento em odontologia, para que
se possa diminuir o estresse dos pacientes, tanto através da relação profissional
versus paciente, como na criação de espaços que ajudem a distrair ou relaxar o
paciente dentro e fora do consultório, já que em alguns casos acontece do usuário
estar na sala de espera, e ao ouvir os ruídos provocados pelos equipamentos
provocar ou aumentar o nível de ansiedade.
O modelo de atendimento humanizado valoriza a relação pessoa-
ambiente e profissional – paciente. Segundo Almeida (2009), a humanização é
definida como ato de humanizar, tornar afável e tratável, e vem sendo preconizada
na legislação vigente como essencial no processo de formação do cirurgião-
dentista, bem como na prática diária profissional. Tem o objetivo de tornar
humanizada as práticas diárias e o ambiente odontológico.
4. ESTUDOS SOBRE A HUMANIZAÇÃO
Pensar em humanização é pensar amplo, pois é um termo subjetivo,
complexo e multidimensional. Na área da saúde possui conceitos amplos com
várias vertentes para tal definição. Para Simões et al (2007), humanização poderia
ser definida apenas pelo que já propõe o SUS garantindo acesso universal, gratuito
e integral, a toda sociedade, retirando o caráter de mendicância e transformando a
saúde em direito, o que infelizmente não ocorre. De forma geral, este é um conceito
que traz diversas arestas a serem exploradas, mas que, no entanto, convergem
para o mesmo ponto, que é proporcionar um melhor atendimento na saúde de forma
geral, em todas as áreas.
13
Segundo Silva e Mafra (2005), na humanização é de grande relevância
levar em consideração a satisfação dos usuários em relação ao espaço físico, isso
é razão pela qual tem sido um tema amplamente discutido na literatura e em
eventos acadêmicos (SILVA, C. Q.; MAFRA, S. C. T., 2005). A humanização na
odontologia vai além da clínica ampliada, sendo necessária uma comunicação
humanizada que compartilhe mensagens, ideias, sentimentos e emoções, além de
um atendimento inclusivo, integral com todos os cidadãos, independentemente da
sua condição física, mental e social. Humanizar a assistência odontológica é
viabilizar as relações humanas através do diálogo, conhecendo, compreendendo e
propiciando o bem-estar do outro (SILVA, C. Q.; MAFRA, S. C. T., 2005).
Segundo Corbella e Yannas (2003), um indivíduo está confortável
quando observa ou sente um acontecimento ou fenômeno sem preocupação ou
incômodo, ou, quando se está em um ambiente físico sentindo neutralidade com
relação a ele, isso é denominado conforto ambiental. É denominado conforto visual
quando se refere ao bem-estar com relação a ver bem, a ter uma quantidade de luz
satisfatória e que possibilite a realização de uma tarefa visual confortavelmente. No
ambiente odontológico a iluminação deve ser adequada à zona de trabalho e ao
ambiente geral, a fim de evitar fadiga visual que pode levar a cefaleias e
desconcentração. O consultório odontológico deve ter iluminação natural e artificial
para facilitar a utilização adequada dos instrumentos e seleção de cores. Deve-se
dar atenção à direção da luz, ao ofuscamento, assim como aos problemas de
coloração. Além disso o cirurgião-dentista pode apresentar queda no rendimento e
falta de atenção em função do cansaço e diminuição da qualidade do serviço
executado para com o paciente (BROSS, 2009).
Com relação à luz direta do sol nos ambientes construídos em geral, as
pessoas a querem nas atividades de morar e trabalhar, desde que ela não seja
excessiva. A maioria das pessoas gosta da sua presença em ambientes de estar e
trabalhar, porém não o tempo todo. No entanto, se ela for adequadamente
dimensionada e orientada, a luz natural e a visualização do exterior podem
amenizar o estresse de quem fica um tempo considerável em um mesmo ambiente
realizando uma atividade que exige alto grau de concentração (BROSS, 2009).
14
Além disso o ambiente deve ter uma janela para que os pacientes e os profissionais
possam ver alguma paisagem que tenha no exterior do edifício, para proporcionar
mais harmonia e tranquilidade ao ambiente.
De acordo com Sampaio e Chagas (2010), o conforto é denominado
acústico quando não existir no ambiente nada que interfira na capacidade de ouvir
satisfatoriamente o som desejado, quando a sensação de bem-estar estiver
relacionada a ouvir bem. No ambiente odontológico o ruído é classificado como
qualquer sensação sonora indesejada para o organismo humano. O ambiente
odontológico expõe o indivíduo a diferentes tipos e níveis de ruídos advindos dos
equipamentos de consultório e do meio ambiente externo que podem afetá-lo física
ou psicologicamente, resultando em diminuição do rendimento profissional e
diminuição do bem estrar do paciente. O ruído produzido pelo ambiente
odontológico deve ser controlado e diminuído ao máximo para evitar danos. No
ambiente interno do consultório, este alto nível de ruído é devido principalmente
aos sugadores de saliva, compressores de ar, motores das turbinas de alta e baixa
rotação, sendo a caneta de alta rotação o instrumento mais utilizado e, portanto, o
que mais provoca ruído no consultório. Como medidas deve-se diminuir ao máximo
o nível de ruído principalmente da caneta de alta rotação. Atualmente existe
instrumentos e equipamento odontológicos com o mínimo de ruído. O uso de
tampões auriculares também é um recurso disponível para redução do ruído no
ambiente de trabalho odontológico.
Outro fator importante na humanização do atendimento odontológico é a
ergonomia, que segundo Abergo (1995), é definida como: o estudo do
relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e
particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia
na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Fazendo ligação com
sua função, seu conceito está relacionado a leis ou regras que proporcionam o
melhor desenvolvimento, conforto e satisfação no trabalho e, consequentemente, a
obtenção de melhor produtividade. Diante disso o profissional que preconiza a
ergonomia no seu dia-dia na clínica odontológica, irá passar tranquilidade e
conforto para o paciente promovendo um atendimento humanizado.
15
De acordo com Amaral (1967), a cor é outro fator que assegura a saúde
em um ambiente e bem-estar, assim como
repouso que influirá positivamente principalmente em hospitais e clínicas, para o
estabelecimento do paciente, pois dá ao mesmo a sensação de confiança
e de calma. As cores sobre o ser humano, e seus efeitos, tanto de caráter
fisiológico como psicológico, intervêm na vida, criando alegria ou tristeza,
exaltação ou depressão, atividade ou passividade, calor ou frio, equilíbrio
ou desequilíbrio, ordem ou desordem, etc. As cores podem produzir impressões,
sensações e reflexos sensoriais de grande importância, porque cada um deles
tem uma vibração determinada em nossos sentidos, e pode atuar como
estimulante ou perturbador na emotividade, na consciência e em nossos
impulsos e desejos.
Dessa forma, a humanização de um ambiente, neste caso uma clínica
odontológica, é tão importante quanto o tratamento oferecido ao paciente, com
a finalidade de estar proporcionando tanto a eles quanto aos funcionários maior
bem-estar (SILVA, C. Q.; MAFRA, S. C. T., 2005). Trazendo para a esfera da
arquitetura, quanto ao projeto do espaço físico, mais precisamente do odontológico,
dentre os vários elementos presentes no espaço físico que podem promover a
satisfação do paciente, a redução da ansiedade e do estresse do mesmo, podem
ser citados os seguintes: ventilação e iluminação naturais, controle dos ruídos,
ergonomia, acessibilidade, contato interior/ exterior do edifício, amplos jardins e uso
das cores. Tratam-se dos itens a serem perseguidos no desenvolvimento da
proposta arquitetônica.
E S T U D O S D E R E F E R Ê N C I A D I R E T O E I N D I R E T O
Parte II
17
5. ESTUDO DIRETO
O estudo direto de referência trata da análise de algumas edificações já
construídas, atraves de visitas “in-loco”, levantamento fotográfico, conversas
informais, com o objetivo de entender a dinâmica do ambiente estudado, a forma
de utilização pelos usuários e funcionários e o grau de satisfação destes, assim
como também, conhecer os equipamentos manuseados e suas disposições. É um
contato direto com projetos e construções já concebidas que contribui para as
decisões projetuais, funcionais, estruturais, estéticas, etc, buscando soluções mais
assertivas ao projeto. Por isso esta é uma importante etapa da metodologia adotada
neste trabalho.
Desse modo, foram selecionadas três clínicas para realização dos
estudos1, na cidade de Natal/RN: Oral Estética, Clínica Vicente de Paula
Reabilitação Oral Happy. Essa escolha seguiu critérios de semelhança entre porte
e caracterização dos serviços. Foram observados: programa de necessidades e
distribuição espacial, acessibilidade, relação do edifício com o entorno, quantidade
de profissionais/ funcionários, mobiliários e equipamentos, bem como elementos
que favoreçam de alguma forma a humanização nestes espaços, como o contato
interior x exterior do edifício, condições de ventilação, insolação, privacidade, ruídos
e distração positiva.
Clínica Oral Estética
_A clínica
Inaugurada em dezembro de 2008, a Clínica Oral Estética encontra-se
na avenida Jaguarari (Fig 1), no bairro de Lagoa Nova, funcionando das 8:00 às
18:00 horas, de segunda-feira a sexta-feira. A clínica conta com doze profissionais
odontólogos atuando nas seguintes especialidades da odontologia: reabilitação
oral, implantodontia, odontogeriatria, endodontia, periodontia, ortodontia,
dentística, ondontopediatria e cirurgia, além dos outros dez funcionários, que
1 Nos estudos diretos, devido ao fato de não ter tido acesso a plantas baixas, cortes, entre outros desenhos técnicos, as clínicas foram analisadas através do que foi visualizado nas visitas in loco, das fotografias, croquis, conversas informais, entre outros.
18
realizam as atividades de recepcionista, administradora, ASG e assistente de saúde
bucal.
Figura 1 Localização da Clínica Oral Estética
Fonte: Google maps modificado
_O programa de necessidades
A clínica conta com recepção, sala de espera, administração, sete
consultórios, quatro banheiros para pacientes e dentistas, sendo dois adaptados,
sala de raio-x, centro-cirúrgico com sala de repouso e higienização, expurgo,
esterilização, mini estúdio fotográfico, mini auditório, almoxarifado, laboratório,
vestiário feminino e masculino para funcionários, mini copa e 9 vagas para
estacionamento.
_O Projeto
Construído num terreno retangular de esquina e possuindo suas
fachadas voltadas uma para via local, (rua Eduardo Gurgel) e uma via arterial I, (a
av. Jaguarari), o prédio é dividido em três níveis: térreo, primeiro e segundo andares
(este último encontra-se em reforma). Seus ambientes atualmente estão
distribuídos da seguinte maneira: no térreo, tem-se a recepção com pé direito duplo
(Fig. 2), a sala de espera (Fig. 3) e o espaço kids, que no momento encontra-se
desmontado por ocasião da reforma. Num hall próximo à recepção, estão dispostos
a administração, os dois banheiros adaptados para pacientes e o estúdio
fotográfico. Numa circulação restrita a funcionários e odontólogos, fica a plataforma
19
elevatória, a sala para exames (raio-x simples2), o centro-cirúrgico, com sala de
repouso e banheiro (Figs. 4 e 5), a central de esterilização (Figs 6 e 7), o laboratório
(Fig. 8), os vestiários adaptados para funcionários e um almoxarifado, todos estes
espaços de serviço com acesso diretamente para o exterior da clínica.
Figura 2: Recepção Figura 3: Sala de espera
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 4: Sala de repouso do Centro Cirúrgico Figura 5: Centro Cirúrgico
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
2 Os pacientes que necessitam de outros exames, raio-x panorâmico, por exemplo, são encaminhados para outra clínica.
20
Figura 6: Expurgo - Central de esterilização
Figura 7: Esterilização - Central de esterilização
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 8: Laboratório Fonte: Acervo da autora, 2015
Fonte: Acervo da autora, 2015
No primeiro pavimento estão dispostos 7 consultórios (Fig. 9), um mini
auditório (20 pessoas) (Fig. 10), a mini copa e dois banheiros para pacientes e
dentistas. E, por fim, no segundo pavimento, ainda em construção, terão mais
alguns consultórios odontológicos e a área médica estética, diferentemente da
proposta inicial, que era a de fazer um espaço de lazer para o paciente.
21
Figura 9: Hall dos consultórios. Observar pé direito duplo Figura 10: Auditório
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
O edifício possui um volume único, porem com vários jogos de adição e
subtração, com uso de vidro, aço e painéis de alumínio para compor as fachadas.
Por ser de esquina, o edifício possui duas fachadas principais (Fig. 11), estando na
fachada da av. Jaguarari os dois acessos existentes: para pacientes, marcado pelo
elemento da marquise e por uma cortina de vidro (Fig 12) e para funcionários/
dentistas, dado através de uma porta discreta. Nota-se que os recuos obrigatórios
foram obedecidos, sendo utilizados para vagas de estacionamento, como de fato é
permitido.
Figura 11: Fachadas principais Figura 12: Fachada principal com ênfase na entrada.
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
22
Observa-se que a fachada principal encontra-se voltada para o oeste,
onde há grande incidência solar. No entanto, houve um cuidado para proteger do
sol, colocando a marquise e usando poucas aberturas nessa face. Apesar de a
maioria dos consultórios localizar-se voltado para sudeste, há o uso diário de ar
condicionado, fato que se justifica pelas atividades a serem desempenhadas no
local. Para evitar ruídos os condensadores ficam dentro de um caixote de madeira,
localizado na parte externa da edificação.
_Elementos relacionados a humanização
Em relação a privacidade do paciente, o único aspecto a ser comentado
é a presença exclusiva, de consultórios individuais. De acordo com a
administradora do local, a clínica está passando por uma reforma com o intuito,
além da ampliação, o de oferecer aos pacientes ambientes mais humanizados, por
exemplo, introduzindo elementos a sala de espera, deixando-a semelhante a um
ambiente residencial. Na recepção estão presentes alguns dos elementos mais
utilizados para proporcionar distração aos pacientes: televisão, revistas e wi-fi, da
mesma forma, na sala de repouso e no centro cirúrgico, também há televisão.
Segundo a administradora da clínica, o fato de ter um centro cirúrgico, já é por si
só um fator confortante para os pacientes, que traz segurança, diminuindo em
certos níveis, a ansiedade dos mesmos. Auxiliando na distração dos pacientes, na
clínica há uma cadeira de massagem, para os casos de pacientes ansiosos e mais
sensíveis a certos procedimentos, ela é utilizada antes, depois ou durante os
mesmos. Ainda se utilizam do método de sedação por inalação, que é feito por um
profissional específico, terceirizado à clínica, para aquelas pessoas que têm
aversão as agulhas das anestesias.
Clínica Vicente de Paula
_ A clínica
Tendo como autora do projeto a arquiteta Ana Clara Madruga, a clínica
Vicente de Paula – Odontologia Integrada, foi inaugurada há 15 anos, em junho de
2000, no bairro de Tirol, na rua Desembargador Antônio Soares (Fig. 13). Seu corpo
23
clínico é composto por quinze funcionários entre recepcionistas, administrador,
ASGs e assistentes de saúde bucal, e quatorze dentistas que atuam nas
especialidades de prótese e reabilitação oral, implantodontia, cirurgia oral
menor, cirurgia bucomaxilofacial, dentística restauradora, endodontia, periodontia,
odontopediatria ortodontia e ortopedia facial. O horário de funcionamento da clínica
é de segunda a sexta, das 8:00 ás 19:00 horas.
Figura 13: Localização da Clínica Vicente de Paula
Fonte: Acervo da autora, 2015
_O programa de necessidades
A clínica possui três recepções, duas salas de esperas, nove
consultórios, sendo que no consultório de ortodontia, há duas cadeiras,
possibilitando um atendimento duplo. Além disso, também há quatro banheiros para
pacientes e dentistas, dois banheiros mais vestiário para funcionários, cozinha,
laboratório, esterilização, expurgo, espaço kids, almoxarifado, auditório e sala de
reuniões.
_O Projeto
Localizado num terreno retangular de esquina, com suas duas fachadas
voltadas para vias locais, o edifício possui seus ambientes divididos em vários
níveis: subsolo, térreo, primeiro, segundo e terceiro pavimentos (Fig. 14). No térreo,
que é o piso a partir do qual se tem acesso ao estabelecimento, estão situados
recepção/ sala de espera (fig 15), banheiros, dois consultórios, hall de serviço,
composto pela esterilização e pelo laboratório de prótese provisórios, assim como
pelos banheiros, vestiários dos funcionários, cozinha e acesso as partes dos fundos
24
da clínica por onde se dá o ingresso dos funcionários e onde ficam alojados os dois
compressores. No subsolo, encontra-se a recepção da ortodontia, uma sala de
espera, o espaço kids e o amplo consultório de ortodontia, o qual possui um estúdio
fotográfico e duas cadeiras de atendimento (Fig.16). No primeiro andar observa-se
a sala de reuniões, o mezanino, o centro cirúrgico completo (Fig. 17), com sala de
repouso (Fig. 18), vestiário, expurgo e esterilização (Fig. 19), logo em seguida estão
dispostos cinco consultórios, inclusive o de odontopediatria (Fig. 20) e dois
banheiros, tendo nesta circulação um pequeno jardim interno. No terceiro e último
pavimento estão a recepção para eventos (Fig. 21) e o auditório (Fig. 22). Parte da
configuração encontrada no dia da visita, já é resultado de um projeto de reforma
assinado pela mesma arquiteta, com o objetivo de modernizar ainda mais a clínica,
e principalmente torná-la acessível a portadores de necessidades especiais.
Figura 14: Corte esquemático Figura 15: Recepção com pé direito duplo.
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 16: Consultório de ortodontia
Fonte: Acervo da autora
25
Figura 17: Centro cirúrgico
Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 18: Sala de repouso- centro cirúrgico Figura 19: Expurgo e esterilização - centro cirúrgico
:
:
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
26
Figura 20: Consultório de odontopediatria Figura 21: Recepção de eventos
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 22: Auditório
Acervo da autora, 2015
O prédio que abriga a clínica Vicente de Paula, possui uma fachada
marcada com uso de vidros e um jogo de dois volumes, um mais alto e outro mais
baixo, com algumas adições volumétricas (Fig. 23). Os recuos exigidos são
respeitados e utilizados para implantação de jardins. Há dois acessos no edifício:
um principal, marcado por uma marquise de alvenaria (Fig. 24), que serve aos
dentistas e pacientes; e outro de serviço, para funcionários e saída de lixo, ambos
voltados para a testada da rua Desembargador Antônio Soares. Para evitar ruídos
no interior da clínica, os dois compressores ficam isolados numa única sala.
27
Figura 23: Fachadas frontal e lateral
Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 24: Fachada frontal com ênfase na marquise de alvenaria
Fonte: Acervo da autora, 2015
_Elementos relacionados a humanização
No quesito privacidade, o único consultório compartilhado é o de
ortodontia (ver fig. 16), apesar da ótima disposição dos equipamentos, há duas
cadeiras de atendimento no mesmo espaço, separadas apenas por uma divisória.
É possível notar uma preocupação no projeto com espaços verdes, um
fator favorável para a humanização dos espaços de saúde. Nas salas de espera,
ao longo do extenso pé direito duplo há jardineiras (ver fig. 15), bem como também
nas circulações vê-se pequenos jardins.
28
Os elementos relacionados às distrações positivas resumem-se aos
encontrados comumente: televisão, revistas, internet e espaço para crianças. Tais
elementos também podem ser encontrados na sala de repouso.
Clínica Reabilitação Oral Happy
_ A clínica
A Happy possui o projeto mais recente em relação aos demais
estabelecimentos visitados. Foi inaugurada em abril de 2010 e está localizada na
avenida Afonso Pena, no bairro do Tirol (Fig. 25). Seu horário de funcionamento é
de segunda a sexta-feira das 8:00 às 19:00 horas, com exceção da sexta-feira que
fecha uma hora mais cedo, às 18:00 horas. A clínica foi projetada pela arquiteta
Olga Portela, conta com quatorze funcionários ao todo, entre recepcionistas,
administradora, ASGs, assistentes de saúde bucal e responsáveis pelo laboratório
e sete dentistas atuando nas especialidades de odontopediatria, endodontia,
implantodontia, protegista, dentística, periodontia e ortodontia.
Figura 25: Localização da Clínica Reabilitação Oral Happy
Fonte: Acervo da autora, 2015
_O programa de necessidades
A clínica possui recepção, duas salas de espera, esterilização e expurgo,
laboratório, sete consultórios, dois banheiros unissex para pacientes e dentistas,
sendo um deles adaptado, escovódromo, sala da administração, espaço kids,
banheiro e vestiário para funcionários, copa e área de serviço.
29
_O Projeto
Construída num terreno retangular de esquina, a clínica possui suas
fachadas voltadas uma para via local, a rua Gov. Juvenal Lamartine e outra para
via coletora II, a av. Afonso Pena. Atualmente, o edifício se encontra em reforma
para ampliação e melhoria dos seus espaços, divididos em três pavimentos: térreo,
primeiro e segundo piso. No térreo estão a recepção, onde é possível visualizar o
primeiro pavimento e através do mezanino, também se vê o segundo pavimento, a
sala da administração e a circulação que leva a área de serviço, com vestiário e
banheiro para funcionários, copa e uma breve área externa. Neste mesmo
pavimento ainda estão a sala de espera (Fig. 26), o banheiro unissex adaptado e o
escovódromo (Fig. 27). Ao lado da escada de granito com estrutura metálica (Fig.
28), está a plataforma elevatória de acesso aos pavimentos superiores. No primeiro
piso, estão dois consultórios separados (Fig. 29), apenas com área de escritório
compartilhada (Fig. 30). No segundo pavimento observa-se mais uma sala de
espera (Fig. 31), um banheiro unissex, este sem adaptação, cinco consultórios, o
laboratório e a sala de expurgo e esterilização.
Figura 26: Sala de espera Figura 27: Escovódromo
:
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
30
Figura 28: Escada com jardim interno abaixo Figura 29: Consultório
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 30: Escritório compartilhado por dois consultórios Figura 31: Recepção e consultórios do segundo
pavimento
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
O edifício configura-se por um volume único, com uma ou duas
mudanças leves de altura, revestimentos em painéis de alumínio composto e
painéis de vidro (Fig. 32). Como a fachada frontal está voltada para oeste, onde a
incidência solar é direta, foram colocados vidros fumê com método sanduiche. Para
evitar os ruídos causados pelo compressor, este foi colocado na parte externa do
edifício. Os recuos obrigatórios exigidos foram respeitados e utilizados para
estacionamento, que recebeu revestimento de grama para facilitar a
permeabilidade da água. Quanto aos acessos, a clínica possui dois: um pela av.
Afonso Pena, para pacientes e outro de serviço, pela rua lateral. O acesso principal
31
da Av. Afonso Pena é marcado por uma cortina de vidro e por uma marquise leve
de estrutura metálica coberta com placas de alumínio composto (Fig. 33).
Figura 32: Fachada principal Figura 33: Fachada principal com ênfase no acesso para pacientes
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
_Elementos relacionados a humanização
As salas de espera/ recepções possuem mobiliário semelhante aos
residenciais (ver fig. 26), favorecendo os usuários com uma atmosfera mais
agradável. Os elementos relacionados as distrações positivas do paciente se
repetem: televisão, revistas, espaço para crianças. No tocante à iluminação natural
e uso de vegetação, o edifício possui generosas cortinas de vidro e um pequeno
jardim localizado abaixo da escada. Nota-se também uma atenção para com a
acessibilidade, com banheiros adaptados, plataforma elevatória e consultórios
amplos.
6. ESTUDO INDIRETO
Os estudos de referências indiretos fazem parte do conjunto de itens que
compõem o desenvolvimento do projeto, complementando os estudos diretos.
Constituem-se na análise e projetos através de fontes como internet, livros e
revistas especializadas. Eles possibilitam uma soma de informações acerca do
projeto que se pretende elaborar, e tem considerável influência na definição do
programa de necessidades e pré-dimensionamento, bem como em decisões
projetuais, estruturais, entre outros.
32
Dessa forma, algumas edificações já em funcionamento foram
selecionadas de acordo com os seguintes critérios: semelhança funcional com o
projeto proposto neste trabalho, variedade de especialidades e presença de
elementos relacionados à humanização. Seguindo esses critérios, as clínicas
estudas3 foram: a Ability Odontologia, em Manaus/ AM, Ateliê Oral, em São Paulo
capital e a Murano - Odontologia de Referência, em Curitiba/ PR.
Ability Odontologia4
Localizada na rua Rio Javari, no bairro de Nossa Senhora das Graças,
em Manaus, no estado do Amazonas, a clínica Ability é especializada em
reabilitação oral, com as especialidades de dentística, prótese, implantodontia,
ortodontia, endodontia, periodontotia, entre outros procedimentos que são
realizados com tecnologia de ponta, (por exemplo: remoção de cáries sem brocas,
com tecnologia diamante - CVD, sedação consciente com óxido nitroso, que
proporciona intenso relaxamento com diminuição da sensação dolorosa, raio-x
panorâmico digital com diagnóstico por imagem digital, além de cirurgia guiada por
computador).
Figura 34: Sala de bem-estar Figura 35: Sala de descanso
Fonte: www.abilityodontologia.com.br Fonte: www.abilityodontologia.com.br
A edificação possui apenas um pavimento, dentro do qual se distribuem
todos os ambientes. Aqui, os diferenciais estão na sala de descanso (Fig.35) e
3 Nos estudos indiretos, devido ao fato de não ter tido acesso a plantas baixas, cortes, etc, as clínicas foram analisadas através do material disponível na internet, pelos sites. 4 Visto em: www.abilityodontologia.com.br, acessado em setembro de 2015
33
vistas para o jardim inclusive nos consultórios (fig. 36 e 37). Nesse caso, o contato
interior x exterior do edifício a partir dos consultórios não compromete a privacidade
dos pacientes, já que esse espaço se volta para uma lateral do terreno onde não
há circulação de pessoas.
Figura 36: Consultórios
Fonte: www.abilityodontologia.com.br
Figura 37: Aberturas nos Consultórios Figura 38: Central de materiais estéreis
Fonte: www.abilityodontologia.com.br Fonte: www.abilityodontologia.com.br
A fachada predominantemente horizontal recebe pequenos volumes e
revestimentos como pintura acrílica convencional, em tons neutros e numa faixa
vertical o revestimento porcelanato imitando madeira. A clínica possui dois acessos:
um principal, que se dá através de um elemento arquitetônico em L por uma porta
de vidro, e outro, localizado no canto esquerdo, para funcionário e dentistas, bem
como também sendo utilizado como estacionamento para os profissionais (Fig. 39).
Figura 39: Fachada frontal com ênfase nos acessos
34
Fonte: google street view modificado pela autora, 2015
Na fachada horizontal com uma leve adição de volume, onde o cheio
prevalece sob os vazios, nota-se dois acessos, um principal, que se dá através de
um elemento arquitetônico em L por uma porta de vidro, e outro acesso localizado
no canto esquerdo para funcionários e dentistas, bem como também sendo
utilizado como estacionamento para os profissionais (Fig. 40). Nota-se que na
fachada são utilizados materiais comuns, como pintura acrílica convencional, em
tons neutros e numa faixa vertical o revestimento porcelanato imitando madeira,
além de jardins compondo uma linguagem simples, porém moderna.
Figura 40: Fachada frontal
Fonte: www.abilityodontologia.com.br, 2015
Ateliê Oral5
Trata-se de uma clínica de alto padrão localizada no antigo prédio onde
funcionava a loja Daslu Homem, na rua João Lourenço, no bairro de Vila Nova
Conceição, na cidade de São Paulo. A ampla casa cercada por jardins, que hoje dá
5 Visto em: www.facebook.com/Atelieoral; www.holotech.com.br/obras-concluidas/atelie-oral.com.br;
www.atelieoral.com.br, acessado em setembro de 2015
35
abrigo a clínica, divide-se em dois pavimentos, com onze consultórios, recepção,
ampla sala de espera com café, lounge, sala de descanso, sala de reunião, sala de
convivência dos dentistas, um laboratório completo, espaço para crianças, áreas
administrativas e duas centrais de material esterilizado (fig. Xx), sendo um em cada
pavimento.
Figura 41: Laboratório
Fonte: http://www.holotech.com.br/obras-concluidas/atelie-oral.com.br
O projeto arquitetônico é do arquiteto Marcello Belotto e o de interiores
de Maurício Queiroz, ambos trabalhados para o conforto do usuário do local. Assim,
por exemplo, destacam-se as aberturas para os jardins dos consultórios (Fig 42),
bem como sua ambientação, o uso de salas de descanso (Fig 43), terraço externo
(Fig 44), sala de espera com uma ameixeira no centro e o café (Fig. 45 e 46). Em
relação ao público infantil, há um ambiente cheio de cores e texturas, com televisão,
vídeo game, entre outros, como mostra as figuras 47 e 48.
Figura 42: Consultório
Figura 43: Sala de descanso
Fonte:http://www.holotech.com.br/obras-concluidas/atelie-oral.com.br Fonte: https://www.facebook.com/Atelieoral
36
Figura 44: Terraço Figura 45: Sala de espera
Fonte: https://www.facebook.com/Atelieoral Fonte: www.atelieoral.com.br
Figura 46: Café
Fonte: www.atelieoral.com.br
37
Figura 47: Espaço infantil
Fonte: www.atelieoral.com.br
O arranjo espacial da clínica, o programa de necessidades e o programa de
arquitetura de interiores mereceram maior destaque do que o exterior do edifício.
Isso porque a edificação vista por quem chega à clínica, possui poucas aberturas e
oferece poucas pistas acerca dos ambientes internos. Na fachada (Fig. 48) vê-se o
subsolo, onde ficam algumas vagas de estacionamento, e três acessos, sendo um
central para os carros, outro do lado esquerdo de serviço e o do lado direito para
pacientes.
Figura 48: Fachada frontal
Fonte: google street view, 2015
Murano – odontologia de referência6
Localizada na avenida Sete de Setembro, no bairro do Batel, em
Curitiba, Paraná, a clínica Murano é especializada em odontologia estética, prótese
e reabilitação oral, implantodontia, dentística, periodontia, endodontia, ortodontia,
cirurgia bucomaxilofacial, halitose e disfunção temporomandibular e dor orofacial.
Para proporcionar mais agilidade e otimização no atendimento dos seus pacientes,
a clínica conta com equipamentos de última geração na área da odontologia:
6 Visto em: www.muranoodontologia.com.br, acessado em setembro de 2015
38
anestesia computadorizada, radiografia odontológica digital, que além de expor o
paciente a radiação num tempo reduzido, o profissional consegue ver e analisar as
imagens juntamente com os resultados imediatamente logo após o exame e laser
terapia que atua sobre os tecidos causando vários efeitos, como cicatrizante, anti-
inflamatório, redução de inchaços e analgésico.
Observa-se também que neste projeto, onde seus espaços encontram-
se todos distribuídos em um único pavimento, houve a preocupação com o bem-
estar e conforto dos usuários. Aparentemente, se tratando de um projeto simples,
sem muitos rebuscamentos na fachada, o foco da clínica está na prestação de
serviço com máxima atenção ao paciente, procurando fazer com que ele se sinta
acolhido e bem atendido. Na recepção (Fig. 49) os pacientes podem se distrair com
revistas, internet wi-fi, degustando um café ou simplesmente se conectando a
natureza através do jardim interno (fig. 50) que há na sala de espera. No projeto
também foi pensando na sala de relaxamento (fig. 51), que serve tanto para o
paciente repousar após algum procedimento, como também para relaxar,
descansar enquanto espera seu atendimento. Pensando nessa comunicação do
paciente com a natureza, os consultórios (Fig. 52) da mesma possuem abertura
para um jardim exterior, dando tranquilidade ao usuário sem deixar de pensar na
sua privacidade, já que o jardim dá para uma parede cega. Há também um estúdio
fotográfico, pois como a clínica é especializa em estética, é feito um registro
fotográfico antes do tratamento para a partir disso realizar o planejamento estético
digital, para antever o resultado antes mesmo do final deste.
39
Figura 49: Recepção/ sala de espera
Figura 50: Jardim Interno
Fonte: www.muranoodontologia.com.br Fonte: www.muranoodontologia.com.br
Figura 51: Sala de relaxamento
Figura 52: Consultório
Fonte: www.muranoodontologia.com.br Fonte: www.muranoodontologia.com.br
Na fachada frontal (Fig. 53), onde nota-se o estacionamento, o destaque
da mesma fica por conta do elemento em L pintado na cor roxo que abriga a porta
de acesso, inclusive o único do edifício, e no painel com uma foto no mesmo tom,
nota-se também duas aberturas verticais de vidro e jardins. O volume é simples,
possui apenas uma adição volumétrica.
40
Figura 53: Fachada frontal
Fonte: www.muranoodontologia.com.br
Após a realização dos estudos de referências diretos e indiretos, alguns
aspectos relacionados ao programa de necessidades, à humanização e aos
elementos formais dos edifícios analisados foram destacados e deverão servir de
base para o desenvolvimento da proposta arquitetônica. São eles:
Elementos arquitetônicos que se relacionam ao contato interior versus
exterior do edifício: jardins; grandes aberturas com visual para esses
jardins, principalmente nos consultórios e sala de espera;
Estimativa do número de funcionários que trabalharão na clínica para
posterior definição das dimensões mínimas de determinados
ambientes;
Escolha das especialidades atuantes na clínica, para então
determinar a quantidade de consultórios no programa;
Definição de ambientes para o programa de necessidades: auditório,
sala de raio-x, escovódromo e centro cirúrgico completo, contendo
além da sala de cirurgia, vestiário feminino e masculino, sala de
espera, apartamento de repouso com lavabo e uma minicentral de
material esterilizado;
Ambientes diferenciados, que promovam o bem-estar dos pacientes
e dentistas/funcionários: sala de relaxamento; espaço para as
crianças aguardarem o atendimento; sala de espera ampla, com
organização espacial diferente do comum; terraço de descanso dos
41
funcionários; café; terraço de espera; terraço de descanso dos
dentistas;
E S T U D O S P R E L I M I N A R E S
Parte III
43
7. DEFINIÇÃO DO TEMA
Por vários motivos, a população brasileira se mostra pouco interessada
em relação à saúde bucal, segundo o Ministério da Saúde (2011), um em cada
cinco brasileiros nunca foi ao dentista; 97% da população brasileira tem cáries, no
entanto, este não é o único problema, pois o mesmo sangue que passa pela boca,
também chega ao coração, pulmão e fígado; 47% das pessoas com idade a partir
de 60 anos, não apresentam mais nenhum dente. Tendo em vista a importância
tanto da prevenção de doenças bucais, quanto do tratamento odontológico, torna-
se mais preciso a presença de profissionais capacitados. Profissionais estes, que
buscam cada vez mais, espaços de trabalho que atendam as muitas necessidades
de seus pacientes, como foi possível observar nas visitas in loco às clínicas,
concentrando o maior número possível de especialidades.
Dessa forma, este trabalho refere-se à concepção de uma clínica
odontológica, chamada Perfil Orale – Odontologia Integrada, que reunirá diferentes
especialidades, contando com centro cirúrgico (para realização de procedimentos
sob anestesia local), além de sala de recuperação, quarto de repouso, central de
esterilização, e sala de relaxamento, (para pessoas ansiosas quando submetidas a
procedimentos odontológicos). A mesma contará com espaços confortáveis e
amplos, configurando um ambiente semelhante ao residencial, com jardins e locais
para distração, entre outros fatores no intuito de proporcionar bem-estar aos
pacientes, não esquecendo de preservar a privacidade e individualidade de cada
um.
Dentre as muitas especialidades que abrangem a odontologia, a Perfil
Orale contará com as especialidades descritas abaixo. Essa escolha se deu pelo
fato dessas especialidades serem as mais encontradas nas clínicas de um modo
geral e nas analisadas nos estudos de referência, além de que nos dados do último
levantamento do SB Brasil7, no ano de 2010, mostra que a maior carência da
população, em geral, é em relação aos tratamentos presentes nas especialidades
escolhidas, principalmente dentística, prótese, periodontia e endodontia.
7 Dados do Programa Brasil Sorridente, do Ministério da Saúde
44
_ Dentística
Especialidade que trata da recuperação de dentes com alteração
morfológica, estética e funcional. Tem o estudo e a aplicação de procedimentos
educativos, preventivos e terapêuticos, para devolver ao dente sua integridade
fisiológica, e assim contribuir de forma integrada com as demais especialidades
para o restabelecimento e manutenção da saúde do sistema estomatognático.
_ Endodontia
Definida como especialidade da odontologia que estuda a forma, função,
patofisiologia e terapia das afecções da polpa dentária e tecido periapical. O
tratamento endodôntico é indicado sempre que as estruturas internas do dente são
afetadas, como nos casos de exposição da polpa, pulpite e necrose pulpar, com a
finalidade de manter a saúde do tecido pulpar, ou parte dele, revertendo a injúria
dos tecidos periapicais.
_Ortodontia
Especialidade que tem como objetivo a prevenção, a supervisão e a
orientação do desenvolvimento do aparelho mastigatório e a correção das
estruturas dentofaciais, incluindo as condições que requeiram movimentação
dentária, bem como a harmonização da face no complexo maxilo-mandibular.
_Odontopediatria
É a especialidade que tem como objetivo o diagnóstico, a prevenção, o
tratamento e o controle dos problemas de saúde bucal do bebê, da criança e do
adolescente; a educação para a saúde bucal e a integração desses procedimentos
com os dos outros profissionais da área da saúde.
_ Periodontia
Especialidade que interveem nos fatores modificadores da doença
periodontal, raspagem e alisamento supragengival e subgengival, remoção de
outros fatores de retenção de placa, orientações de higiene bucal e demais
procedimentos cirúrgicos compatíveis com a capacidade instalada na clínica
45
odontológica. Dentre os procedimentos realizados na periodontia estão: Raspagem
e alisamento radicular subgengival (rasub) de maior complexidade; cirurgia de
acesso sem ou com plastia de furca; gengivectomia; aumento de coroa clínica.
_ Prótese
É a especialidade que tem como objetivo a reconstrução dos dentes
parcialmente destruídos ou a reposição de dentes ausentes visando à manutenção
das funções do sistema estomatognático, proporcionando ao paciente a função, a
saúde, o conforto e a estética.
_ Implantodontia
Especialidade que tem por objetivo a implantação na mandíbula e na
maxila, de materiais aloplásticos destinados a suportar próteses unitárias, parciais
ou removíveis e próteses totais.
_ Odontogeriatria
Especialidade que se concentra no estudo dos fenômenos decorrentes
do envelhecimento que também têm repercussão na boca e suas estruturas
associadas, bem como a promoção da saúde, o diagnóstico, a prevenção e o
tratamento de enfermidades bucais e do sistema estomatognático do idoso.
8. O TERRENO E SEU ENTORNO
8.1 Terreno: aspectos gerais e biclimáticos
A escolha do terreno seguiu dois pré-requisitos principais: a localização,
já que havia a preferência por uma área de grande concentração de espaços de
atenção à saúde e de fácil acesso; e as dimensões do lote, com área generosa para
comportar todo o programa de necessidades proposto, preferencialmente disposto
num único pavimento e ainda com espaços para áreas verdes.
Dessa forma, após uma pesquisa levando em conta os pré-requisitos
acima, o terreno escolhido para implantação do projeto encontra-se na avenida
Rodrigues Alves (Fig. 54), uma via de hierarquia coletora I, situada entre as ruas
Apodi e Jundiaí (coletoras I), no bairro de Tirol, região administrativa leste da cidade
46
de Natal, Rio Grande do Norte. Localização central privilegiada, onde há grande
concentração de clínicas, serviços em geral, comércio e uso residencial. A avenida
Rodrigues Alves paralela às avenidas Hermes da Fonseca, que é uma via arterial
de penetração e avenida Prudente de Morais que é uma via arterial de articulação
(Fig. 55), tornando o acesso mais facilitado e que, por já comportar outros
empreendimentos do tipo, possui toda infraestrutura necessária, como
abastecimento de água, energia elétrica, coleta de lixo e saneamento básico.
Figura 54: Localização do terreno e entorno
Fonte: Google maps moficidado pela autora, 2015
Figura 55: Localização macro do terreno
Fonte: Google maps modificado pela autora, 2015
O terreno de meio de quadra com formato retangular, possui dimensões
de 38.00 por 79.55 metros, sendo sua maior testada voltada para a rua, no sentido
leste, totalizando assim 3022.90 metros quadrados de área (Fig. 57). Sua topografia
47
é plana e não apresenta vegetação de grande porte (Fig. 59). Quanto às
características bioclimáticas do local (fig. 58), com relação à insolação, observa-se
que a testada frontal está voltada para o sol nascente posicionada no sentido Leste-
Oeste, consequentemente a face posterior para o poente. Apesar da insolação,
nota-se a presença de sombras ocasionadas por edificações de gabarito alto,
localizado no entorno, projetando sombra no período da tarde para o terreno (ver
fig 59). No que diz respeito à ventilação natural, sabe-se que os ventos sopram
predominantemente na direção sudeste, tendo também ventos secundários
divididos entre leste e sul. Sabendo que as edificações do lado sul do lote são de
baixo gabarito, verifica-se que as fachadas mais propícias a receberem ventilação
é a lateral esquerda e frontal, assim como ilustra a figura 58.
Figura 56: Vista frontal do terreno
Fonte: Google street view, 2015
Figura 57: Terreno com cotas Figura 58: Terreno com aspectos bioclimáticos
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
48
Figura 59: Vistas do interior do terreno (clicadas as 10:50h, momento em que as sombras ainda não estão sendo projetadas)
Fonte: Acervo da autora, 2015
8.2 Relação terreno x entorno
O local é movimentado e possui algumas clínicas e hospitais no entorno,
além de pontos comerciais e residenciais. Quanto ao gabarito verifica-se que as
edificações, no geral, têm altura em torno de um a dois andares. No entanto, já é
possível observar a presença de alguns prédios altos de uso comercial e
residencial, conforme ilustra a figura 60. Embora não haja vegetação considerável
no lote, no seu entorno, mais precisamente, na testada frontal há uma massa
arbórea significativa (ver fig. 60), o que não necessariamente irá projetar sombra
no lote, mas provavelmente, vai proporcionar maior conforto térmico na porção
frontal do lote.
Figura 60: Vista do terreno, com ênfase na massa arbórea da Av. Rodrigues Alves
Fonte: Google street view, 2015
49
9. CONDICIONANTES LEGAIS
Os instrumentos, os quais foram utilizados para o levantamento dos
condicionantes legais que auxiliassem na realização do anteprojeto da Clínica Perfil
Orale – Odontologia Integrada, foram: Código de Obras de Natal/RN; Plano Diretor
de Natal; a RDC 50 - Norma técnica estabelecida pela ANVISA e a Norma de
Acessibilidade, NBR 9050, bem como algumas normas ou regulamentos que se
fizeram necessários durante o processo projetual.
9.1 Código de Obras e Edificações do Município de Natal – Lei Complementar
nº 055, de 27 de janeiro de 2004
O código de obras dispõe acerca do licenciamento de toda e qualquer
execução de projeto, determinando dentre outras coisas, resoluções projetuais
divididas de acordo com sua tipologia, por sua vez, neste trabalho será enfatizado
as exigências prescritas relacionadas a vagas de estacionamentos, tipos de vias e
suas especificações, iluminação, ventilação e acessos.
De acordo com anexo III do Código de Obras, as edificações
caracterizadas como “clínicas dentárias” e inseridas em vias tidas como Via
Coletora I, devem seguir o seguinte cálculo para o número de vagas de
estacionamento: uma vaga de estacionamento a cada 45 m² de área construída,
possuindo dimensões mínimas de 2,40m de largura por 4,50m de comprimento. O
número de vagas reservados para pessoas com necessidades especiais e para
idoso é estipulado, respectivamente, pela NBR 9050 e pelo Estatuto do Idoso. Além
disso, traz algumas exigências, como área para carga e descarga, embarque e
desembarque, taxi e lixo. Quanto à forma de acesso ao estacionamento dentro da
edificação, o Anexo II, dispõe que para vias Coletoras, com capacidade maior que
20 vagas ou menor/ igual a 100 vagas, e com lote de testada maior que 50 metros,
deve-se utilizar a opcao “C”, como ilustra a figura 61 abaixo.
50
Figura 61: Anexo II - Dimensionamento das formas de acesso
Fonte: Código de Obras de Natal
Quanto a iluminação, ventilação e insolação, o Código de Obras prevê
que, as aberturas voltadas para o exterior das edificações não podem ser inferiores
a um sexto (1/6) da área útil do compartimento, quando se tratar de ambientes de
uso prolongado, e um oitavo (1/8), quando se trata de ambientes de uso transitório.
No que diz respeito aos passeios públicos, o código deixa determinado
que toda calçada deve possuir uma faixa livre, de no mínimo, 1,20m de largura,
sendo equipada com piso contínuo, antiderrapante, tátil, indicando limites e
barreiras físicas.
Tabela 1: Quadro resumo com base no Código de Obras de Natal Fonte: Acervo Próprio, 2015
QUADRO RESUMO: SISTEMA VIÁRIO E ESTACIONAMENTO
TIPO DE VIA: COLETORA I - AV. RODRIGUES ALVES
EMPREENDIMENTO – CLÍNICA DENTÁRIA
ÁREA DO TERRENO
ÁREA CONSTRUÍDA
(PARCIAL)
Nº DE PAVIMENTOS
EXIGÊNCIAS Nº DE VAGAS
EXIGIDO Nº DE VAGAS
P.N.E = 2% Nº DE VAGAS IDOSOS = 5%
3022,90 m²
1176,40 m² Até 2
pavimentos
Área de carga/ descarga,
embarque/ desembarque e
lixo
1 vaga/ 45 m² de área
construída = 26
1 vaga 2 vagas
Fonte: Acervo Próprio, 2015
9.2 Plano Diretor de Natal – Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007
O documento afirma os instrumentos básicos da política de
desenvolvimento urbano e atua na orientação e fiscalização dos impactos
ambientais e urbanísticos resultados dos empreendimentos públicos e privados do
município. Dessa forma, foram observadas algumas normas urbanísticas:
51
No macrozoneamento, o bairro de Tirol faz parte da Zona Adensável, local
onde se aplica o coeficiente de aproveitamento de 3,5;
A taxa de ocupação máxima permitida para o terreno é de 80%;
Quanto aos recuos, fica determinado que o recuo, mínimo frontal é de 3m,
os laterais e do fundo é de 1,50m;
Tabela 2: Quadro resumo das prescrições urbanísticas, segundo o Plano Diretor de Natal
PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS
Bairro: Tirol
COEFICIENTE MÁXIMO
OCUPAÇÃO MÁXIMA
PERMEABILIZAÇÃO MÍNIMA
RECUOS GABARITO
3,5 80% 20% FRONTAL LATERAL FUNDOS
65,00 m 3,00 m 1,50 m 1,50m
Fonte: Acervo da autora, 2015
9.3. RDC 50 – Resolução de 21 de fevereiro de 2002
A RDC 50, que é uma norma técnica estabelecida pela ANVISA (Agência
nacional de Vigilância Sanitária), possui em sua resolução, o instrumento de
regulamentação técnica para planejamento, programação, elaboração e avaliação
de projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Dentre as normas
impostas neste instrumento, foram destacados algumas delas que dispõe sobre o
espaço odontológico:
A área mínima de um consultório odontológico é de 9m²;
As portas as quais os pacientes têm acesso, devem ter dimensões mínimas
de 0,80m de largura por 2,10m de altura, livres;
Nos estabelecimentos assistenciais de saúde que tiverem até dois
pavimentos, é dispensado o uso de elevador ou rampa, a movimentação
vertical poderá ser fita através de escada com equipamentos portáteis ou
plataforma mecânica;
O estabelecimento deve possuir instalações hidráulicas (água fria e esgoto),
elétricas (pontos de força e iluminação), iluminação natural ou artificial,
ventilação natural ou forçada e, caso necessário, gases medicinais
(oxigênio, ar comprimido e vácuo medicinal);
52
Em relação ao dimensionamento dos ambientes das clínicas odontológicas,
a norma diz que devem ter: sala de espera para pacientes e acompanhantes
com área mínima de 1,2m² por pessoa; depósito de material de limpeza
(DML) com área mínima de 2m² e dimensão mínima de 1m, equipado com
tanque; sanitários para pacientes e público com área mínima de 1,6m² e
dimensão mínima de 1m; no mínimo uma central de material esterilizado
(CME) simplificada com dois ambientes: área suja - sala de lavagem e
descontaminação de materiais com bancada, pia e guichê para a área limpa
(sala de esterilização de material), com área mínima de 4,8m²; e área limpa
(sala de preparo/esterilização/estocagem de material), com bancada para
equipamentos de esterilização, armários para guarda de material e guichê
para distribuição de material, com área mínima de 4,8m²;
Os ambientes considerados opcionais são: sanitários para funcionários com
área mínima de 1,6m² e dimensão mínima de 1m; depósito de
equipamentos/materiais com área mínima a depender dos tipos de
equipamentos e materiais; sala administrativa com área mínima de 5,5m²
por pessoa; copa com área mínima de 2,6m² e dimensão mínima de 1,15m;
“Devem ser sempre priorizados materiais de acabamento que tornem as
superfícies monolíticas, ou seja, não possuam ranhuras ou perfis estruturais
aparentes, mesmo após o uso e limpeza frequente” (RDC 50)
9.4 NBR 9050/1994 - Norma de Acessibilidade a edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos
Esta norma dispõe acerca das regulamentações técnicas a serem
seguidas na elaboração de projetos, construções, adaptações a edificações já
existentes, bem como mobiliário, distribuição espacial e equipamentos urbanos
garantindo o direito de acesso, circulação e utilização de qualquer edificação, à
todas as pessoas, sendo elas portadoras de necessidades especiais ou não, com
mobilidade reduzida ou não. Relevante ao projeto em questão, as normas que mais
se destacam para a elaboração da clínica dentária, foram expostos abaixo,
conforme disposto na norma:
53
Tabela 3: Principais recomendações - NBR 9050
PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES – NBR 9050
Acesso e Circulação
- Todas as portas devem ter vão livre mínimo de 0,80m e
altura mínima de 2,10m. Tendo as portas duas ou mais
folhas, pelo menos uma delas deve ter vão livre de
0,80m;
- Os corredores devem ter, no mínimo, 1,20m de largura,
quando tiver uso comum com extensão até 10,00m; e, no
mínimo 1,50m para corredores com extensão superior a
10,00m;
- O piso tátil de alerta deve ser utilizado em rebaixamento
de calçadas, antes de desníveis, antes das entradas de
elevadores/ plataforma elevatória, sempre em cores
contrastantes com a do piso;
- Área para manobra de cadeira de rodas sem
deslocamento: rotacao de 90° = 1,20 m × 1,20 m;
rotação de 180° = 1,50 m × 1,20 m; rotação de 360° =
círculo com diâmetro de 1,50 m (Fig. 62);
- Os rebaixamentos de calçadas a inclinação deve ser
constante e não superior a 8,33% no sentido longitudinal
da rampa central e na rampa das abas laterais, sendo a
largura mínima do rebaixamento de 1,50 m e o
rebaixamento não pode diminuir a faixa livre de circulação
(no mínimo 1,20 m, da calçada) (Fig. 63)
Parâmetros para escadas
- A largura mínima livre, recomendável para escadas e
rampas em rotas acessíveis, é de 1,50m, sendo admitido
o mínimo de 1,20m;
- Entre os lances deve ser previsto patamar com
dimensão longitudinal mínima de 1,20m, continuando na
mesma dimensão da escada, caso haja mudança de
direção;
- Os corrimãos laterais devem ser contínuos, sem
interrupção nos patamares
Plataforma de percurso vertical
- As plataformas de percurso aberto devem ter fechamento
contínuo e não podem ter vãos, em todas as laterais, até a
altura de 1,10 m do piso da plataforma.
54
- A plataforma de percurso aberto só é usada em percurso
até 2,00 m, nos intervalos de 2,00 m até 9,00 m somente
com caixa enclausurada (percurso fechado).
Sanitários e vestiários
- Deve ser prevista áreas de transferência lateral,
perpendicular e diagonal (Fig. 64);
- As dimensões mínimas para o boxe de bacia sanitária
acessível são: 1,50m x 1,70m; (Fig. 65)
Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 62: Área para manobra de cadeira de rodas, sem deslocamento
Figura 63: Rebaixamento de calçadas
Fonte: NBR 9050 Fonte: NBR 9050
Figura 64: Área de transferência
Figura 65: Dimensões mínimas para banheiro
Fonte: NBR 9050 Fonte: NBR 9050
J U S T I F I C A T I V A E D E S C R I Ç Ã O D A P R O P O S T A
Parte IV
56
10. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ- DIMENSIONAMENTO
O programa de necessidades exposto é resultado das contribuições
obtidas através dos estudos de referência realizados, tanto o direto quanto o
indireto, juntamente com as normas da ANVISA presentes na RCD 50 e no Manual
de Odontologia, além daquilo que impõe o código de obras para o projeto de
consultórios de odontologia. Para elaborar este pré-dimensionamento foi
considerado que a clínica funcionará de segunda a sexta das 8:00 às 18:00 horas,
sem atendimento permanente de urgência. Caso este último seja necessário, o
paciente entrará em contato com o dentista para as devidas providencias. Com a
finalidade de proporcionar uma melhor compreensão, o programa foi organizado
em tabelas e dividido em quatro setores sendo eles, clínico, social, de apoio/serviço
e infraestrutura.
Como mostra a tabela 3 abaixo, os consultórios de cada especialidade
foram dimensionados em 13,00 m² cada, apesar da RDC 50 só exigir uma área
mínima de 9,00 m². Porém, a partir dos estudos de referência, viu-se que adotando
essa maior área o espaço fica mais bem distribuído, além de ser melhor para o
conforto dos pacientes e dentistas. Este ambiente divide-se em dois espaços: um
destinado ao escritório, e outro ao atendimento propriamente dito. Achou-se cabível
também neste setor inserir banheiros para o uso dos dentistas, separando dos
demais para maior privacidade dos mesmos. Visando o bem-estar e o convívio dos
profissionais, não apenas nas salas de reuniões e nos corredores, como de
costume, foi planejado um espaço destinado a convivência dos mesmos. Assim, a
sala de convivência dos dentistas, ficou com 20m² de área útil. De acordo com as
normas, só seriam necessários 11,70m², porém, visando um espaço amplo e
acolhedor para o profissional, ficou pré-definido uma área de 20,00m².
Neste setor ainda tem a sala de raio-x para realização de exames menos
complexos, caso contrário será feito um encaminhamento a uma clínica de
imagenologia. O ambiente que dará suporte a toda clínica, possui espaço destinado
ao negatoscópio (equipamento utilizado para observação das radiografias), câmara
escura (equipamento onde é feito a revelação das radiografias) e ao paciente. Vale
57
ressaltar que para proteger as demais salas, as paredes desta terão na sua
composição uma lâmina de chumbo ou barita misturada à argamassa. Além disso,
este setor possui um centro cirúrgico completo para realização de cirurgias com
complexidade tal que não necessite de gases oxigênio e anestesia geral, composto
por apartamento de repouso para uma pessoa, - com cama, cadeira para
acompanhante e lavabo -, sala de espera tanto para acompanhante quanto para o
próprio paciente aguardar o momento da cirurgia, – com televisão e poltronas -,
vestiário feminino e masculino para pacientes e dentistas, com lavatório, armário e
box - e um expurgo e esterilização, apenas para uso do centro. Para sala de
reuniões, a RDC 50 calcula em torno de 2,00m² por pessoa, considerando que o
corpo clínico é formado por nove dentistas, a sala ficou com 18,00m².
Tabela 4: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor clínico
Fonte: Acervo da autora, 2015
SETOR CLÍNICO
AMBIENTE QUANTIDADE ÁREA INDIVIDUAL
(m²) ÁREA TOTAL
(m²)
Consultório Periodontia 1 20,00 20,00
Consultório Endodontia 1 20,00 20,00
Consultório Ortodontia 1 20,00 20,00
Consultório Odontopediatria
1 20,00 20,00
Consultório Prótese 1 20,00 20,00
Consultório Dentística 1 20,00 20,00
Consultório Ordontogeriatria
1 20,00 20,00
Consultório Cirúrgia 1 20,00 20,00
Consultório implante 1 20,00 20,00
Sala de raio-x 1 8,20 8,20
Sala de Reuniões 1 18,00 18,00
Sala de convivência dos dentistas
1 28,00 28,00
Banheiro dentistas 2 3,30 6,60
Sala Centro Cirúrgico 1 22,00 22,00
Apartamento de repouso
1 8,00 8,00
Lavabo 1 3,30 3,30
Sala de espera 1 6,00 6,00
Vestiários pacientes e dentista
2 4,00 8,00
Utilidades 1 4,00 4,00
Esterilização 1 7,20 7,20
TOTAL 299,30
58
No setor social, visando a elaboração do pré-dimensionamento da
recepção/ sala de espera, utilizou-se como parâmetro as dimensões dos mesmos
ambientes nos estudos de referência e o número de cadeiras nas recepções. Com
base nisso e no que considera a RDC 50, 1,2 metros quadrados por pessoa, ficou
estimado uma área de 55,00 metros quadrados para recepção/ espera, sendo esta
última dividida em sala de bem-estar fechada e espera aberta, no formato de terraço
externo, conforme descreve a tabela abaixo. Para a espera das crianças foi
pensado no espaço kids, um local para distração das crianças com televisão, vídeo
game, brinquedos etc.
Além disso, há também o café, local que tem como objetivo principal
buscar a distração dos pacientes, amenizando sua ansiedade. Este assume a
configuração de uma lanchonete, com uma bancada, para as pessoas e tomar seu
café. Tem-se ainda duas salas de relaxamento, com a mesma intenção do café:
amenização do estresse e ansiedade dos pacientes, possuindo televisão e vista
para um jardim. E por fim essa área ainda conta com banheiros adaptados feminino
e masculino e com o escovódromo, um ambiente reservado para breve
higienização dos pacientes antes de entrar no consultório.
Tabela 5: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor social Fonte: Acervo da autora, 2015
Fonte: Acervo da autora, 2015
O arquivo, o depósito de material de limpeza (DML), o almoxarifado,
deposito de roupa limpa e roupa suja, entre outros, fazem parte do setor de apoio/
serviço da clínica e foram pré-dimensionados exatamente como pede a RDC 50.
Já outros ambientes, apesar de também ter se guiado pela norma, foi priorizado o
SETOR SOCIAL
AMBIENTE QUANTIDADE ÁREA INDIVIDUAL
(m²) ÁREA TOTAL
(m²)
Recepção/ sala de bem-estar
1 25,00 25,00
Espaço kids 1 12,00 12,00
Espera externa (terraço) 1 30,00 30,00
Escovódromo 1 5,50 5,50
Sala de relaxamento 2 6,50 13,00
Café 1 20,00 20,00
Banheiros pacientes 4 3,30 6,60
TOTAL 112,10
59
conforto do funcionário, por exemplo a administração, onde terá apenas um
funcionário, ficou com mais área do que aquela mínima exigida pela norma, 5,50
m² por pessoa, ficando com 10,00 m². O laboratório foi estimado em 15,00m² e o
auditório para 40 pessoas, calculando 1,2 m² por usuário ficou previsto em 48,00
m², valores esses acima daqueles visitados durante os estudos de referência.
Considerando que na clínica haverá três recepcionistas, dois ASGs, um
responsável pelo raio –x, um administrador, quatro funcionários no laboratório e
nove auxiliares de saúde bucal, totalizando 20 funcionários ao todo, sendo uma
média de 10 por turno. Tendo isso em vista e que a RDC 50 considera para o
descanso destes 1,30 m² por pessoa, esta área ficou com 13,00 m². Da mesma
forma, segundo a RDC, o vestiário também é calculado pela quantidade de
funcionários por turno, sendo considerado 0,50 m² para cada, no entanto
priorizando um melhor arranjo no espaço e consequentemente mais conforto, os
vestiários ficaram pré-dimensionados em 9,00 m² para cada um, como mostra a
tabela abaixo. Para copa de uso dos funcionários foi designada uma área de
8,00m², sendo esta maior do que aquela pedida pela norma, uma vez que ela só
exige 2,60 m². Este setor também contará com expurgo, - local onde é recebido
todo material infectado para passar pelo processo de lavagem e seguir para o
próximo espaço continuando o processo de limpeza dos materiais, através de um
guinche, a sala de esterilização, que por sua vez possui dois ambientes: um onde
tem as autoclaves e outro que armazena os equipamentos já esterilizados para
distribui-los.
60
Tabela 6: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor apoio/ serviço Fonte: Acervo da autora, 2015
Fonte: Acervo da autora, 2015
E por fim tem-se o setor de infraestrutura no qual encontra-se o depósito
para lixo e resíduos, a sala para comportar o compressor que atenda toda a clínica,
sala do gerador e o estacionamento, que o código de obras de Natal estabelece
para vias arteriais uma vaga a cada 45,00 m², tendo assim uma média de 14 vagas.
Tabela 7: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setor de infraestrutura Fonte: Acervo da autora, 2015
Fonte: Acervo da autora, 2015
11. FLUXOGRAMA
O fluxograma abaixo é a representação esquemática dos acessos e
fluxos entre os ambientes pré-determinados no programa de necessidades da
clínica Perfil Orale. Assim como no programa de necessidades, ele foi elaborado
com cores diferentes para evidenciar cada setor. Os esquemas foram separados
SETOR APOIO/ SERVIÇO
AMBIENTE QUANTIDADE ÁREA INDIVIDUAL
(m²) ÁREA TOTAL
(m²)
Administração 1 10,00 10,00
Lavabo 2 3,20 6,40
Laboratório 1 15,00 15,00
Auditório 1 48,00 48,00
Banheiro auditório 2 8,00 16,00
Descanso funcionários 1 20,00 20,00
Copa funcionários 1 8,00 8,00
Vestiário funcionários 2 9,00 18,00
Arquivo 1 7,30 7,30
Almoxarifado 1 4,20 4,20
DML 1 4,00 4,00
Roupa suja 1 3,00 3,00
Roupa limpa 1 3,00 3,00
Utilidades 1 6,00 6,00
Esterilização 1 8,00 8,00
TOTAL 183,30
SETOR DE INFRAESTRUTURA E ESTACIONAMENTO
AMBIENTE QUANTIDADE ÁREA INDIVIDUAL (m²) ÁREA TOTAL
(m²)
Lixo/ resíduos 1 4,00 4,00
Compressor 1 4,00 4,00
Gerador 1 4,00 4,00
Estacionamento (a cada 45m²)
27 vagas - -
TOTAL 16,00
61
por pavimentos (Fig. 66 e 67) para facilitar ainda mais o entendimento do fluxo
presente na proposta.
Figura 66: Fluxograma pavimento térreo
Fonte: Acervo da autora, 2015
62
Figura 67: Fluxograma 1º pavimento
Fonte: Acervo da autora, 2015
12. ESTUDOS DE ZONEAMENTO
Após os estudos bioclimáticos do terreno e entorno, programa de
necessidades e pré-dimensionamento, nesta etapa é possível começar a pensar,
de maneira ainda geral, no melhor posicionamento de cada setor do projeto. O
zoneamento da clínica teve como base os setores já determinados no pré-
dimensionamento, o caminho do sol e a direção dos ventos, bem como os acessos
social/ serviço e fluxos de pacientes e funcionários. Na intenção de proporcionar
mais espaços livres, de convivência para os pacientes, e devido ao longo programa
de necessidades, optou-se por verticalizar a clínica, porém sem deixar de lado as
intenções iniciais de projeto já expostas neste trabalho. Na figura abaixo é possível
entender melhor a forma como a clínica foi zoneada, tanto o pavimento térreo
quanto o primeiro pavimento. (Ver fig. 68)
63
Figura 68: Zoneamento geral da clínica Fonte: acervo da autora, 2015
Fonte: acervo da autora, 2015
13. ESTUDOS DE ACESSOS E ESTACIONAMENTO
Para chegar a uma definição de implantação, foi imprescindível definir
também os acessos da clínica. Dessa forma, entende-se como necessários a este
projeto dois acessos para pedestres, sendo um destinado aos pacientes que
chegam a clínica a pé ou de carro, e outro destinado aos funcionários, tendo por
sua vez uma entrada separada. (Ver fig. 73)
Foram feitos alguns estudos para definir a disposição das vagas de
estacionamento no lote, para tanto levou-se em conta os estudos de implantação
que serão mostrados no próximo tópico. Incialmente, pensando em deixar a maior
área livre possível no terreno, para ocupar com jardim, colocou-se as vagas para
pacientes e usuários distribuídas na testada frontal do lote e algumas vagas no
interior do mesmo (Fig. 69), para funcionários e dentistas. No entanto, devido a
quantidade prevista de vagas, a fachada ficaria muito preenchida e ainda sobraria
uma grande área desocupada no terreno. Assim, optou-se por mover todas as
vagas para dentro do terreno (Fig. 70), ocupando apenas uma faixa do mesmo,
restando, ainda assim, bastante espaço livre para criação de jardim. Porém, nesta
configuração, as 27 vagas exigidas pela norma, não caberiam no local. Dessa
forma, no terceiro e último estudo (Fig. 71), ficou definido que no interior do lote
estariam dispostas apenas, 16 vagas, posicionadas com uma inclinação mais
confortável para estacionar, e as demais localizadas na testada frontal do terreno,
inclusive as vagas destinadas para cadeirantes e idosos, já que se encontram mais
próximas a porta de acesso da clínica.
64
Figura 69: Estudo 1 estacionamento e acessos
Figura 70: Estudo 2 de estacionamento e
Fonte: Acervo da autora, 2015 Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 71: Estudo final de estacionamento e acessos
Fonte: Acervo da autora, 2015
14. IMPLANTAÇÃO ESQUEMÁTICA
Antes de chegar a solução final do projeto, foram feitos alguns estudos,
analisando a melhor possibilidade de implantação no terreno, levando em conta
alguns aspectos como, os que já foram citados e as sombras projetadas pelos
edifícios do entorno.
Primeiramente foi pensado numa proposta em que os setores
estivessem dispostos numa planta baixa térrea (Fig. 72). No entanto, com essa
configuração de distribuição dos ambientes, o projeto ficaria com poucas
possibilidades de ampliações futuras, já que quase todo o terreno estaria ocupado,
fator este que também resultaria em poucos espaços livres para implantação de
jardim. Além disso, a maioria dos ambientes ficaria exatamente com as áreas e
dimensões mínimas exigidas pela norma, o que fugiria da proposta de proporcionar
65
conforto e bem-estar aos usuários e funcionários. Dessa forma foi preciso pensar
numa solução verticalizada (Fig. 73), com térreo e pavimento superior, gerando
mais espaço externo, para jardins e futuras ampliações, e interno, uma vez que,
assim os ambientes ficariam amplos proporcionando mais espaço para os
profissionais atuarem e para os usuários se acomodarem.
Figura 72: Implantação esquemática 1
Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 73: Implantação esquemática 2
Fonte: Acervo da autora, 2015
66
15. DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO E EVOLUÇÃO DA FORMA
A forma decorrente dos diversos condicionantes estudados, resultou na
adocao de dois volumes: um em forma de “L” e outro em lâmina retangular,
separados por um intervalo vertical, com jardins, permitindo a penetração de luz e
ventos naturais no interior dos ambientes, bem como um diálogo, agradável entre
o interior e o exterior. Ainda foram feitas subtrações propositais, ocasionando
breves terraços, com o objetivo de aproximar o usuário ao espaço circundante,
assim como trazer mais leveza ao edifício. Nesse mesmo sentido, em meio ao pé
direito duplo, presente na sala de espera, acomodou-se um resumido, porém
charmoso jardim interno. O volume resultante recebeu revestimentos em madeira
e iluminação natural proveniente dos vidros duplos. Os muros receberam um
tratamento feito com pedra e madeira, buscando sempre a mesma linguagem
humanizada e acolhedora do todo.
Com isso, as intenções de projeto estariam atendias: a maior parte dos
ambientes ficaram com comunicação para o exterior, assim como também tiveram
ventilação e iluminação naturais. As distribuições dos ambientes partiram de um
ponto central, no caso, o setor social, e obteve-se bastante espaço livre e jardins
ao redor e ‘dentro’ da edificação. É possível visualizar essa evolução da volumetria
no esquema abaixo.
Figura 74: Evolução da forma
Fonte: Acero da autora, 2015
67
Na volumetria final, optou-se por usar platibanda numa parte do volume
e na outra, cobertura com telha e madeiramento aparentes, buscando, com isso,
trazer a linguagem interna do edifício também para o exterior. No entanto,
estudando com mais cuidado, observou-se que este elemento não estava gerando
a impressão desejada. Ao contrário, estava deixando-o com um ar pesado,
carregado, optando-se assim por seguir usando platibanda e alguns detalhes em
madeira e vidro.
Figura 75: Estudo esquemático da volumetria com telha colonial
Fonte: Acevo da autora, 2015
Figura 76: Estudo esquemático da volumetria com platibanda
Fonte: Acevo da autora, 2015
16. ASPECTOS CONSTRUTIVOS
O sistema estrutural escolhido foi o concreto armado, composto por
pilares, vigas e lajes maciças. Devido aos grandes vãos da sala de espera, não foi
possível evitar as vigas internas, que por sua vez tiveram dimensões consideráveis,
já que se almejava por vãos internos extensos e livres. No entanto, por questões
estéticas, as mesmas ficaram escondidas pelo forro de gesso. A laje utilizada foi a
do tipo pré-moldada, com 15 centímetros de espessura. Quanto às vedações das
paredes optou-se por utilizar o bloco cerâmico, com 15 centímetros de espessura,
com chapisco e reboco.
68
As coberturas receberam laje impermeabilizada e platibanda em alturas
diferentes, fazendo o fechamento. No terraço superior, foi usado um caramanchão
em madeira maciça de maçaranduba, da mesma forma que na espera aberta e em
alguns pontos no jardim.
Quanto aos reservatórios de água, o dimensionamento foi feito do
número de pacientes na clínica mais o número de funcionários, que segundo a RDC
50 leva-se em conta, para este cálculo, 10 litros por dia para pacientes e
acompanhantes e 50 litros por dia para funcionários e profissionais, (sendo
necessário uma reserva de no mínimo dois dias, estando esse volume de água
dispostos em no mínimo dois reservatórios para facilitar a manutenção e limpeza).
Segundo as Instruções Normativas de São Paulo, um edifício com até 2500 m² de
área construída deve prever uma reserva de incêndio entre 5000 e 8000 m³ de
água. Dessa forma o cálculo final, disposto na tabela 7 abaixo, resultou em três
reservatórios de polietileno, dois de 5000L e um de 750L, sendo estes fechados
com paredes de alvenaria, localizados acima do banheiro, próximo ao auditório.
Tabela 8: Cálculo do reservatório de água
Cálculo reservatório de água
89 pessoas 60 pacientes/
acompanhantes 10L/dia
600L/dia
29 funcionários 50L/dia +1450L/dia
= 2050L/dia
X 2 dias = 4100L
Reserva de incêndio 6500L = 10600L
Fonte: Acervo da autora, 2015
17. ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAIS
Como a proposta se trata de um anteprojeto, as especificações dos
materiais foram feitas de forma mais geral. Os materiais foram escolhidos de modo
que atendessem às exigências impostas para o projeto de um estabelecimento de
atenção à saúde. Com o objetivo de um melhor entendimento das indicações dos
materiais, as informações serão divididas em: piso, teto e parede.
69
Tabela 9: Especificações de materiais Fonte: Acervo da autora, 2015
TABELA DE ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAIS
MATERAIS AMBIENTES
PISOS
Intertravado Calçadas e passeios internos
Pedra são tomé Piso dos caramanchões e entrada principal
Cobograma Vagas de estacionamento
Cerâmica 30x30cm Áreas molhadas, com exceção dos banheiros dos pacientes e sala de cirurgia
Porcelanato esmaltado Todos os ambientes que os pacientes têm acesso, com exceção a sala de cirurgia
Porcelanato sem esmalte c/ antiderrapante
Terraço, espera aberta e circulações externas
Piso vinílico Sala de cirurgia, depósito de roupa limpa e suja, centrais de esterilização
Revitec (revestimento tipo madeira)
Café
Piso vinilico infantil Espaço Kids
PAREDES
Tinta acrílica para interiores Paredes internas, guarita, sala de gerador e deposito de lixo e residuos
Cerâmica 30x30cm
Áreas molhadas e centrais de esterilização, com exceção dos banheiros dos pacientes e sala de cirurgia
Porcelanato esmaltado Todos os ambientes que os pacientes têm acesso, com exceção a sala de cirurgia
Pedra Itacolomy (corte canjiquinha)
Fachada, muros e guarita
Revestimento rustico tijolo aparente
Fachada
Ripas de madeira maçaranduba Fachada e muros
Ripas de madeira de reaproveitamento
Caixa escada da recepção
Laminado melâminico Sala de cirurgia
Alvenaria com argamassa misturada à barita
Sala de raio-x
Tinta acrílica para exteriores Fachada, muro e guarita
TETOS
Caramanchão de madeira maçaranduba
Terraço
Caramanchão de madeira maçaranduba forrado com painel de madeira
Espera aberta
Acabamento de gesso com aplicação de argamassa baritada
Sala de raio –x
Forro de gesso com pintura acrílica
Demais ambientes
OUTROS
Cerâmica 10x10cm Espelhos d’água
Alvenaria comum com revestimento de piso em mármore travertino
Escada de serviço
70
Pisos de 10cm de altura, revestido de mármore travertino
Escada principal
Divisórias dos banheiros em granito preto absoluto
Vestiários e banheiros
Bancadas, e pias em mármore travertino
Vestiários e banheiros
Bancadas e pias em granito preto absoluto
Cozinhas
Granito preto absoluto Peitoris de janelas e soleiras de portas
Bancadas em granito branco Consultórios, expurgo e esterilização
Fonte: Acervo da autora, 2015
A P R E S E N T A Ç Ã O D A P R O P O S T A
Parte V
72
18. SOLUÇÕES VOLUMÉTRICAS E FACHADA
A volumetria formada por dois blocos principais, possui volumes com
fechamentos em platibanda com diferentes alturas, dando ideia de movimento e
descontinuidade. Na fachada principal, é possível ver em destaque o terraço do
pavimento superior, coberto com caramanchão em madeira maciça com plantas
tipo trepadeiras. Além deste detalhe em madeira, é possível observar também, ao
lado direito do volume, os demais caramanchões, o que cobre a espera aberta,
coberto com um painel de madeira, impedindo os respingos de eventuais dias de
chuvas, e os que estão dispostos no jardim. A madeira também foi usada como
material de revestimento na fachada: as mesmas ripas horizontais usadas no muro,
foram aqui utilizadas, juntamente com o revestimento de pedra canjiquinha e vidro
nas janelas, portas, e guarda corpo. A parede de frente do terraço recebeu um
tratamento diferente: revestimento de tijolo aparente.
Devido a presença de jardins em todo perímetro da edificação, optou-se
por utilizar o muro frontal. Pelo fato de ser bem longo, recebeu um tratamento para
torna-lo mais agradável. Foi usado uma parede baixa de 0,60m de altura, revestida
com pedra canjiquinha, e sob esta parede foram colocadas toras de madeira bruta,
em alturas diferentes quebrando um pouco o alinhamento. Para quebrar mais a
extensão do mesmo, foram colocados intervalos em alguns pontos com paredes de
alvenaria com ripas horizontais formando colunas. Dessa forma, ele se torna mais
leve diante da fachada, e mais agradável, com o objetivo de propor mais
privacidade aos usuários, já que este foi um espaço pensado para que, de fato, os
pacientes e demais usuários pudessem usufruir. Os muros internos, da mesma
forma, também receberam tratamento, com ripas de madeira na horizontal, dando
um intervalo de um para o outro, colocando umas saídas de água para os dois
espelhos d’água posicionados propositalmente de frente para os consultórios. No
jardim optou-se por fazer desenhos com formas orgânicas, curvas para contrastar
com as linhas retas da volumetria, bem como nos passeios.
O acesso principal à clínica se dá pela fachada frontal, através de uma
rampa de madeira sobre um espelho d’água. Essa entrada e marcada por uma
73
marquise de madeira e policarbonato, e por um painel de vidro. Além desse, há o
acesso de serviço e do estacionamento interno, que deles também é possível
ingressar na clínica, tanto pela espera aberta, na lateral, quanto pela entrada
principal. Da mesma forma, também há o acesso pelo setor de serviço, tanto para
os funcionários, quanto para os profissionais que desejarem uma entrada mais
discreta.
Figura 77: Fachada Frontal
Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 78: Fachada Posterior
Fonte: Acervo da autora, 2015
74
Figura 79: Fachada lateral esquerda
Fonte: Acervo da autora, 2015
Figura 80: Fachada lateral direita
Fonte: Acervo da autora, 2015
75
Per
spec
tiva
ext
ern
a 0
1
76
Perspectiva externa 02
Perspectiva externa 03
77
19. SOLUÇÕES ESPACIAIS
A clínica Perfil Orale – Odontologia Integrada, possui uma área
construída de 1219,39m², distribuídos em dois pavimentos: térreo, com total de
640,17 m² mais guarita, depósitos de lixo e resíduos e gerador (somando 25,10 m²);
e primeiro pavimento, com 554,05 m². Para tirar melhor proveito no partido do
projeto, a planta baixa, como falado anteriormente, foi dividida por um vão dando
lugar a um jardim, criando dois blocos: um em L e outro retangular, permitindo que
um maior número de ambientes estivesse favorecido com ventilação/ iluminação
naturais e contato interior/ exterior. Os setores foram divididos entre os pavimentos,
podendo ser encontrado ambientes dos setores social, serviço/ apoio e clínico nos
dois andares.
Do estudo feito no pré-dimensionamento até a definição da planta final,
houve algumas mudanças consideráveis de área, embora já tivesse sido calculado
também, os ambientes que considerassem o bem-estar e relaxamento dos
pacientes. No entanto, isso se deu pelo fato de que, no pré-dimensionamento, os
ambientes terem sido calculados de maneira reduzida, obedecendo o mínimo que
a norma coloca como necessário. Porém, ao elaborar a planta baixa, seguindo o
conceito proposto no projeto, fez-se necessário a ampliação de quase todos os
espaços, com o objetivo de proporcionar melhores condições de trabalho para os
cirurgiões dentistas e demais funcionários, assim como também para gerar mais
conforto para os usuários. Por exemplo: a norma pede que na recepção seja
considerado apenas 1,20m² por pessoa, o que de fato totaliza uma área suficiente
para atender os pacientes. Contudo, a disposição da mobília acontece em fileiras,
maneira esta, não desejada para o projeto, precisando praticamente do dobro do
espaço para dispor de um ambiente com layout semelhante ao de uma sala de
estar.
19.1. Pavimento térreo
Neste pavimento estão dispostos, na parte em L, seis consultórios, o
descanso, os banheiros feminino e masculino para os dentistas, assim como
78
também o DML, a central de material de esterilização, os vestiários dos
funcionários, o almoxarifado, depósito de roupa suja e limpa, a sala do compressor,
uma área de serviço, a copa e o desaso dos funcionários. Já no bloco retangular, é
possível visualizar a recepção, com uma ampla sala de espera (com pé direito
duplo), o espaço kids, o café, o escovódromo, os banheiros feminino e masculino,
o banheiro adaptado para portadores de necessidades especiais, as duas salas de
relaxamento, com abertura para seus respectivos jardins privativos e a sala de
espera aberta. Quanto ao setor de infraestrutura, sala de gerador, depósito de lixo
e de resíduos, estão localizados ao lado direito da edificação, próximo às vagas de
estacionamento para pacientes e funcionários (existem também algumas vagas
dispostas na fachada frontal, na parte externa da clínica).
O acesso dos pacientes ao primeiro pavimento é feito através de
escada, que se encontra bem acessível, ao lado da recepção, e/ou pela plataforma
de acessibilidade, que está no hall que liga um bloco ao outro. Os funcionários e os
cirurgiões dentistas têm a opção, caso prefiram, de acessar este pavimento através
de uma segunda escada, localizada no bloco em L.
Os jardins são uma linguagem extremamente utilizada no projeto. É
possível observá-los abaixo das escadas, tanto a social, quanto a de serviço, em
meio ao pé direito duplo da sala de espera fechada, no rasgo criado
intencionalmente entre os blocos, ao longo de todo o perímetro do prédio, bem
como em toda extensão não edificada do terreno e no exterior ao muro.
Diante do que foi visto nos estudos de referência direto e indireto, alguns
espaços foram aderidos ao programa, com o objetivo de proporcionar bem-estar,
relaxamento, aconchego aos usuários e profissionais da clínica. Pode-se ressaltar
a espera fechada, aquela em que o paciente tem o primeiro contato ao entrar no
edifício e que possui diferencial na maneira como a mobília está disposta:
semelhante a uma sala de estar residencial. Além disso, há a presença no centro
da mesma, no espaço kids, reservado para que as crianças possam aguardar e se
distrair ao mesmo tempo, e de um Café, em que o paciente pode sentar-se para
tomar um café e esperar ser chamado, já que a recepção se encontra posicionada
79
de forma estratégica, para que a recepcionista possa ter uma visão geral de todos
os ambientes de espera. Ainda pode-se dar ênfase a duas salas de relaxamento,
composta de recamier, cadeira massageadora, televisão e um pequeno, porém
aconchegante jardim privativo, sem contar com a espera aberta, ou varanda, que
também compõe essas opções de espera, na qual o paciente pode, além de
vislumbrar a paisagem ao seu redor, relaxar numa rede enquanto espera por seu
procedimento, e os dois caramanchões presentes no jardim que dá para essa sala
de espera.
Nos consultórios, a proposta foi de proporcionar às consultas, um
momento menos estressante. A intenção era de distrair o paciente para que dessa
forma ele pudesse diminuir um pouco a ansiedade e o medo dos procedimentos.
Logo, o projeto propõe comunicar o interno com o externo, usando grandes rasgos
nas vedações, deixando à vista, a paisagem dos jardins privativos, uma vez que,
não se configuram como local de passagem. Além desse contato, é possível dispor
de ventilação e iluminação naturais. Para o relaxamento e descanso dos cirurgiões
dentistas, foi criado um ambiente, localizado no bloco em L, entre os consultórios,
um espaço amplo com grandes aberturas para o jardim externo. Da mesma forma,
foi pensado num espaço semelhante para os demais funcionários, este situado
mais próximo a área de serviço, também com visuais para os jardins, no qual os
funcionários podem permanecer nos intervalos do trabalho.
80
Figura 81: Plantas Baixa com layout do térreo, guarita e depósitos de lixo e resíduos
Fonte: Acervo da autora, 2015
81
Perspectiva Interna: Sala de espera e café
Perspectiva interna: sala de relaxamento
82
Perspectiva interna: Consultório
19.2. Primeiro pavimento
A organização espacial do pavimento superior, segue basicamente o
mesmo formato do pavimento térreo: dois blocos, sendo um em L e outro. Neste
pavimento, no bloco em L, encontra-se três consultórios; o centro cirúrgico,
composto de sala de espera, lavabo, apartamento, vestiários feminino e masculino
e uma minicentral de materiais esterilizados; auditório com lugares para 56
pessoas; quatro banheiros adaptados, sendo dois femininos e dois masculinos,
situados em locais diferentes; sala de reuniões, laboratório e DML. Já no outro
bloco, tem-se a recepção, sala de espera com mezanino, banheiros adaptados,
feminino e masculino, sala de raio-x, administração e um terraço.
A conexão entre os dois blocos foi feita através de duas passarelas, uma
localizada ao lado da recepção, e outra proveniente o hall, onde fica a
administração e a sala de raio-x. No bloco em L, o acesso aos ambientes se dá
através de uma circulação que acompanha o formato. Optou-se por nesta
circulação não usar fechamentos, mas apenas um guarda - corpo, proporcionando
diferentes sensações para quem circula pelo local.
83
Neste pavimento o maior atrativo criado para distrair os pacientes foi o
terraço, com acesso ao lado da sala de espera (encontra-se na fachada principal
com visual para rua). A sala de espera deste pavimento também segue os mesmos
princípios da espera de baixo: conforto e bem-estar, gerados a partir de ambientes
amplos, possuindo mobília dispostas como numa sala de estar residencial.
84
Figura 82: Planta Baixa com layout 1º pavimento
Fonte: Acervo da autora, 2015
85
20. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o principal objetivo deste trabalho, que era elaborar uma
proposta arquitetônica a nível de anteprojeto, de uma clínica integrada de
odontologia que atendesse a diferentes especialidades e ao conceito de
humanização em saúde, foi possível aplicar, a maioria dos conhecimentos
adquiridos durante o período do curso de Arquitetura e Urbanismo. Ao meu ver,
acredito ter conseguido alcançar esse objetivo com êxito, embora saiba que
algumas falhas são naturais nesse processo.
Trabalhar com o projeto de uma clínica odontológica, surgiu da união do
meu interesse pela arquitetura hospitalar somado ao desejo do meu esposo, que é
cirurgião dentista, de fazer sua própria clínica. Além disso, esse projeto tem uma
particularidade, que é a humanização dos espaços na tentativa de reduzir a
ansiedade presente nos pacientes odontobóbicos. Apenas se dedicando ao
assunto é possível compreende-lo ao ponto de estar preparado para elaborar tal
projeto. Visando obter um resultado eficiente na solução projetual, essa proposta
foi desenvolvida com base na funcionalidade, conforto e bem-estar de seus
usuários, acessibilidade e solução estética agradável.
O projeto da clínica Perfil Orale – Odontologia Integrada permitiu a
relação entre a função, legislação, instalações, forma, estética, criação, entre tantos
outros aspectos, e o mais importante: tornou possível aplicar uma grande parcela
dos conhecimentos adquiridos durante esse tempo da graduação na Universidade
Federal do Rio Grane do Norte, servindo de mais aprendizado e experiência na
conclusão do curso e entrada no mercado de trabalho.
86
21. REFERÊNCIAS
ABERGO – Fundação Brasileira de Ergonomia. A certificação do ergonomista
brasileiro. Editorial do Boletim 1/2000, Associação Brasileira de Ergonomia.
ALMEIDA, A. P. Historia e Evolucao: passo a passo da Odontologia. In:
Conselho Reginal de Odontologia do Rio de Janeiro. 125 anos de autonomia da
Odontologia no Brasil. Revista CRO-RJ. 2009, 10: 10-2.
AMARAL, A. F. Estudo das Cores. Viçosa. Imprensa Universitária, 1967
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT-NBR 9050
(2004): Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. Rio de Janeiro: 2004.
http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_
generico_imagens-filefield-description%5D_24.pdf. Acesso em: Junho de 2015
BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº
50 de 2002.
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ca36b200474597459fc8df3fbc4c6735
/RDC+N%C2%BA.+50%2C+DE+21+DE+FEVEREIRO+DE+2002.pdf?MOD=AJP
ERES. Acesso em: maio de 2015
BRASÍLIA/ Ministério da Saúde. Serviços Odontológicos: Prevenção e Controle
de Riscos. Ministério da Saúde/ Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2006.
BROSS, J. C. Edifício Saudável. In: Fornecedores Hospitalares, ano 17, edição
165, julho 2009.
CANALLI, C. DA S. E.; SILVEIRA, R. DA G.; MIASATO, J. M.; CHEVITARESE, L.
Humanization in the relationship between the dentistry professional and
his/her patient. Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo 2012; 24(3): 220-5, set-dez.
COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina
humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995.
87
Conselho Federal de Odontologia (Brasil). Especialização. Disponível em:
http://cfo.org.br/. Acesso em: 09 setembros 2015.
CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em Busca de uma arquitetura sustentável para os
trópicos: conforto térmico. 2ª ed. Ver. E ampl. Rio de Janeiro: Revan, setembro de
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