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CENTRO UNIVERSITRIO CATLICO DE VITRIA
MARIA APARECIDA FVERO BARONI
ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES COM IDADE ENTRE 12 E 19
ANOS INSERIDOS NO PROGRAMA BOLSA FAMLIA, ATENDIDOS EM
UNIDADES DE SADE DE SERRA E MUNICPIOS DO ESPRITO SANTO.
VITRIA
2016
MARIA APARECIDA FVERO BARONI
ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES COM IDADE ENTRE 12 E 19
ANOS INSERIDOS NO PROGRAMA BOLSA FAMLIA, ATENDIDOS EM
UNIDADES DE SADE DE SERRA E MUNICPIOS DO ESPRITO SANTO
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao
Centro Universitrio Catlico de Vitria, como requisito
obrigatrio para obteno do ttulo de Bacharel em
Nutrio.
Orientador: Prof. Msc. Ana Cristina Oliveira Soares.
VITRIA
2016
MARIA APARECIDA FVERO BARONI
ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES COM IDADE ENTRE 12 E 19
ANOS INSERIDOS NO PROGRAMA BOLSA FAMLIA, ATENDIDOS EM
UNIDADES DE SADE DE SERRA E MUNICPIOS DO ESPRITO SANTO
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Centro Universitrio Catlico de Vitria, como
requisito obrigatrio para obteno do ttulo de Bacharel em Nutrio.
Aprovado em _____ de ________________ de ______, por:
________________________________
Prof.. Msc. Ana Cristina Oliveira Soares - Orientadora
________________________________
Nutricionista. Juliana Pizzol Organo
________________________________
Nutricionista. Lysa Daros Schaffer
Ao meu Deus que o autor e consumador de todas as coisas
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus grande e poderoso que me proporcionou chegar a esse momento.
A minha famlia, esposo e filhos que caminharam junto a mim em todos os momentos
difceis.
Agradeo as minhas amigas Priscila, Terezinha e demais amigos.
O meu muito obrigada minha orientadora, professora Ana Cristina Oliveira Soares.
RESUMO
O estado nutricional de um indivduo tema de estudos reconhecido mundialmente
como requisito primordial para a manuteno da vida. Tendo como base a segurana
alimentar e o direito universal uma alimentao saudvel e segura, buscou-se
conhecer as condies da sade alimentar de indivduos adolescentes. Os vcios
alimentares remetem a uma condio insegura de sade e ao desenvolvimento de
doenas agudas e crnicas que se constituem um problema de sade pblica. Essa
pesquisa buscou como alvo este pblico considerado grupo de risco nutricional e
inseridos em programas sociais brasileiros. A pesquisa de natureza documental,
utilizando-se como fonte principal, os nmeros que se referem ao estado nutricional
dos adolescentes residentes do Esprito Santo e no municpio da Serra, que esto
inseridos no banco de dados do SISVAN Bolsa Famlia. Foram realizadas anlises e
a comparao dos resultados aos parmetros de avaliao de consumo saudvel de
alimentos, peso corporal, altura e IMC adequados essa faixa etria de vida, sendo
observado a influncia dos programas sociais no comportamento alimentar e no
estado nutricional desses adolescentes pesquisados. Os resultados mostraram um
crescimento deficiente no estado de sade alimentar dessa populao, tendo sido
observado uma mudana de hbitos considerados como no saudveis. O programa
Bolsa Famlia apresenta-se como um importante instrumento de modificao nos
hbitos alimentares de famlias inseridas e avaliadas nesse contexto.
Palavras-chave: Alimentao Saudvel. Estado nutricional. Adolescentes. SISVAN.
Programa Bolsa Famlia.
ABSTRACT
People's nutrition status is the theme of several internationally well-known studies and
is considered a primary condition for life maintenance. Considering food security and
the universal right to healthy safe food, the paper aims to know teenage individuals'
food health conditions. Food addiction relates to unsafe health conditions and
development of acute and chronic diseases that may become a public health problem.
This study focuses on teenagers that are part of Brazilian Social programs for they are
considered a nutritional risk group. The research is based on documents and data on
the nutrition state of adolescents living in Esprito Santo and the city of Serra and who
are in SISVAN Bolsa Famlia database. We conducted analysis and compared results
to parameters of evaluation of healthy food consumption, body weight, height and BMI
appropriate to age. Results first showed problems in individuals' nutrition health, but
also showed changes in unhealthy habits. Therefore, Bolsa Famlia Program is an
important tool to change nutrition habits of assisted families assessed in this context.
Keywords: Healthy food. Nutrition state. Adolescents. SISVAN. Bolsa Famlia.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Classificao da obesidade pela associao de medidas antropomtricas......................................................................................................... 26
Tabela 2 Classificao do estado nutricional de acordo com a WHO.......................................................................................................................... 29
Tabela 3 Dados brutos utilizados para avaliao da altura por idade em Serra e ES.............................................................................................................................. 52
Tabela 4 Classificao de peso dos indivduos analisados no municpio de Serra ano 2008 a 2015............................................................................................................... 56
Tabela5 - Estatstica descritivas da classificao de peso dos indivduos analisados no Esprito Santo ano de 2008 a 2015............................................................................................................................57
Tabela 6 Dados brutos utilizados para avaliao de IMC por idade em Serra, ES ....................................................................................................................................60
Tabela 7 Dados brutos utilizados para avaliao de IMC por idade no ES...............................................................................................................................61
Tabela 8 Adolescentes avaliados pelo consumo de alimentos in natura na Serra...........................................................................................................................63
Tabela 9 Populao avaliada pelo consumo de alimentos processados de adolescentes em Serra.............................................................................................. 64
Tabela 10 Consumo de alimentos ultraprocessados em adolescentes avaliados em Serra ......................................................................................................................... 65
Tabela 11 Total de adolescentes avaliados pelo consumo de alimentos no ES ................................................................................................................................... 68
Tabela 12 Populao avaliada pelo consumo alimentar de adolescentes no ES ................................................................................................................................... 69 Tabela 13-Consumo de alimentos ultraprocessados de adolescentes no ES...............................................................................................................................70
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 IMC por idade de 05 a 19 anos para meninas......................................... 34
Grfico 1 IMC por idade de 05 a 19 anos para meninos......................................... 35
Grfico 3 Percentual de indivduos avaliados em relao altura no municpio de
Serra ES, de 2008 a 2015.......................................................................................... 54
Grfico 4 Percentual de indivduos avaliados em relao altura no Espirito Santo
de 2008 a 2015........................................................................................................... 55
Grfico 5 Percentual de indivduos avaliados em relao ao peso segundo o IMC no
municpio de Serra de 2008 a 2015............................................................................ 57
Grfico 6 Percentual de indivduos avaliados em relao ao peso segundo o IMC no
Esprito Santo de 2008 a 2015................................................................................... 59
Grfico 7 Percentual mdio dos indivduos avaliados segundo os alimentos ingeridos
no municpio da Serra de 2008 a 2015........................................................................67
Grfico 8 Percentual mdio dos indivduos avaliados segundo os alimentos ingeridos
no ES de 2008 a 2015.................................................................................................71
LISTA DE SIGLAS
A/I Altura por Idade
BPC Benefcio de Prestao Continuada
CAD-NICO Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal
CB Circunferncia de Brao
CC / CQ Relao Cintura Quadril
CIVIT Centro Industrial Metropolitano de Vitria
CONSEA Conselho Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional
CST Companhia Siderrgica de Tubaro
DCNT - Doenas Crnicas No Transmissveis
DCT Doenas Crnicas Transmissveis
DHAA Direito Humano a Alimentao Adequada e Saudvel
DHAA Direito Humano Alimentao Adequada e Saudvel
EBIA Escala Brasileira de Insegurana Alimentar
ENDEF Estudo Nacional sobre Despesas Familiares
ESF Estratgia Sade da Famlia
FAO Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao
HFSSM Househol Food Security Survey Modl
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
IGD ndice de Gesto Descentralizada
IMC ndice de Massa Corporal
MDS Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate a Fome
MS Ministrio da Sade
NASF Ncleo de Apoio a Sade da Famlia
OMS Organizao Mundial de Sade
ONU Organizao das Naes Unida
OPAS Organizao Pan Americana de Sade
PBF Programa Bolsa Famlia
PCA Programa Comunidade Ativa
PIDESC Pacto Internacional para os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios
PNAN Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio
PNSEC Pesquisa Nacional de Sade Escolar
PNSN Pesquisa Nacional sobre Sade e Nutrio
POF Pesquisa de Oramento Familiar
PPV Pesquisa sobre Padres de Vida
SAN Segurana Alimentar e Nutricional
SENARC Secretaria Nacional de Renda e Cidadania
SISVAN Sistema de Vigilncia Alimentar e Nutricional
SUS Sistema nico de Sade
UAPS Unidade de Ateno Primria a Sade
UNICEF Fundo das Naes Unidas para a Infncia e Juventude
UPA Unidade de Pronto Atendimento
URS Unidade Regionais de Sade
WHO World Health Organization
SUMRIO
1 INTRODUO....................................................................................................17
2 REFERENCIAL TERICO................................................................................. 20
2.1 ALIMENTAO E TRANSIO NUTRICIONAL.............................................20
2.2 EPIDEMIOLOGIA DA OBESIDADE.................................................................24
2.2.1 A obesidade entre adolescentes............................................................... 29
2.2.1.1 Hbitos determinantes da obesidade em adolescentes.............................29
2.2.1.2 Hbito alimentar e atividade fsica entre adolescentes............................. 32
2.2.1.3 Avaliao antropomtrica para indivduos adolescentes........................... 33
2.3 PROGRAMAS SOCIAIS DE COMBATE S DESORDENS ALIMENTARES.. 36
2.3.1 Insegurana nutricional............................................................................. 39
2.3.1.2 Indicadores para polticas pblicas............................................................ 41
2.3.1.3 Programa Bolsa Famlia............................................................................ 42
2.3.1.4 Impactos do Programa no Brasil ................................................................43
2.3.1.5 Condicionalidades do programa.................................................................44
2.3.1.6 Condicionalidades e nveis de governo..................................................... 45
2.3.1.7 Consumo de alimentos entre os usurios do programa bolsa famlia....... 46
2.4 O MUNICPIO DE SERRA............................................................................... 48
2.4.1 A sade na Serra.......................................................................................... 49
2.4.1.1 Programa Bolsa Famlia na Serra............................................................. 49
3 METODOLOGIA................................................................................................. 50
3.1 DESENHO DO ESTUDO................................................................................. 50
3.2 AMOSTRA....................................................................................................... 50
3.3 MTODOS....................................................................................................... 51
3.4. ANLISES DOS RESULTADOS..................................................................... 51
4 RESULTADOS E DISCUSSO...........................................................................52
5 CONSIDERAES FINAIS............................................................................... 74
6 REFERENCIAS.................................................................................................. 75
1 INTRODUO
A nutrio em seus primeiros anos de vida ir determinar a sade do adulto em
indivduo salutar ou situaes de vulnerabilidade e riscos em sua sade. O incio da
adolescncia um perodo extremamente crtico e preocupante de extremo gasto
energtico do organismo em crescimento, desenvolvimento fsico (maturao sexual
feminina e masculina), comportamental e social (SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005).
Os ltimos anos a populao infantil no Brasil e no mundo tem de ser tornado menos
ativa, com grande tendncia ao sedentarismo, pelo estilo de vida moderno dito
ciberntico, ocasionando a adiposidade. A dieta dos adolescentes rica em alimentos
em aucares, gorduras e com poucas fibras e vitaminas tem destacado a prevalncia
de excesso de peso e obesidade, determinando o risco de desenvolvimento de
dislipidemias, resistncia insulina, hipertenso arterial, doenas cardiovasculares,
acidente vascular cerebral e desordens osteomusculares (MULLER, 2001).454
Segundo Tardido e Falco (2006), o mundo tem milhes de crianas, adolescentes e
adultos com desnutrio, sobrepeso e obesidade; acarretando isso um problema
grave de sade pblica, sendo que entre esses, muitos no tm acesso a alimentos
nutritivos para suprir suas carncias nutricionais bsicas.
Os hbitos alimentares saudveis so extremamente necessrios nesse estgio de
vida e so produzidos desde a mais tenra idade, dentro do contexto familiar em que
se vive, da cultura social, dos fatores socioeconmicos, nas diferenas de renda,
execrvel condio de saneamento bsico, localizao demogrfica, raa, cor,
religio, origem espacial geogrfica. Diante destes fatos, inmeras pesquisas buscam
conhecer e abordar o tema de Segurana Alimentar e Nutricional (SAN), e
Insegurana Alimentar no Brasil e no mundo (ANSCHAU et al., 2012).
A transio nutricional e a necessidade de uma melhor educao nutricional para a
populao, e especialmente ao pblico menos favorecido das classes sociais
Brasileiras motivaram o presente estudo, tendo como base as recomendaes do
Ministrio da Sade (MS) para cada faixa etria e a necessidade nutricional de cada
indivduo; abordando e parametrizando os ndices que possam nos permitir avaliar
excessos e deficincias no estado alimentar dos indivduos adolescentes inseridos no
Programa Bolsa Famlia, atravs do Sistema de Vigilncia Alimentar e Nutricional
SISVAN (SANTANA, 2007).
De que forma atender necessidade populacional de acesso ao alimento no que diz
respeito compra, contemplando a populao adolescente como prioridade no meio
urbano ou rural do pas, para combater a fome e promover a segurana alimentar,
surge o Programa Bolsa Famlia como um programa de transferncia de renda com
condicionalidades, com polticas pblicas levando em conta perspectivas sociais e
culturais do meio em que o indivduo est inserido para garantir acesso ao direito
alimentao.
Atualmente, poucos trabalhos explanam sobre o estado nutricional de adolescentes
beneficirios do Programa Bolsa Famlia. Essas informaes so de grande
importncia para a atuao dos profissionais de sade, visto que dados como estes
subsidiam aes profilticas em sade pblica, no intuito de diminuir a incidncia de
doenas de ordem alimentar nesta faixa etria.
A compilao de dados sobre este referido pblico tambm uma forma de alertar as
autoridades sobre a sade da populao assistida, visando repensar a prtica e as
aes futuras no mbito que contemplem a preveno, controle e promoo da
alimentao e vida saudvel. Busca-se ento ampliar os conhecimentos sobre o perfil
nutricional desta faixa etria, levando-se em conta que este estudo tem como sujeito
da pesquisa adolescente provenientes de famlias de baixa renda, sobre o diagnstico
de sade
O instrumento de coleta do estudo foi SISVAN funcionando como um instrumento de
coleta, processamento de dados e informaes sobre a condio nutricional da
populao. Tais informaes fornecem bases para polticas de gerenciamento de
programas relacionados ao estado nutricional e alimentar de determinada populao.
Os dados coletados pelo sistema SISVAN so originrios de unidades de sade
bsicas e do Programa de Estratgia Sade da Famlia, onde so compilados e
analisados peso e altura com o ndice de Massa Corporal (IMC), comparando-se com
os percentis adequados tambm pela idade de crianas, jovens e adultos. Analisam-
se ainda os dados de consumo alimentar de acordo com o Guia Alimentar.
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o estado nutricional dos membros de famlias
cadastradas no programa Bolsa Famlia, atendidas em unidades Bsicas de Sade
no municpio de Serra ES. Avaliando o estado nutricional de usurios do Programa
Bolsa Famlia utilizando o ndice de Massa Corporal (IMC), o estado nutricional e
antropomtrico em adolescentes de 12 a 19 anos atravs dos indicadores altura por
idade (A/I), e identificar mudanas no estado nutricional segundo o consumo alimentar
entre os anos de 2008 a 2015.
2 REFERENCIAL TERICO
2.1 ALIMENTAO E TRANSIO NUTRICIONAL
Desde milnios o homem tem uma busca constante por alimentos at introduzir-se
em sua alimentao os condimentos e plantas, tendo registro na histria o comrcio
variado de especiarias envolvendo o Oriente. Houve cruzadas e grandes viagens para
o comrcio, o que trouxe grande contribuio relevante para o conhecimento, cultura
e hbitos alimentares entre diversos pases (MEDVED apud ABREU; VIANA;
MORENO, 2001).
A urbanizao, como tambm o crescimento econmico e a degradao do meio
ambiente feita pelo homem, so problemas apresentados na humanidade, que se
relacionam com a desnutrio ou com a obesidade, que de maneira geral crescente
em todo o mundo. A desnutrio (conhecida como fome) tem sido observada e
constitui-se um problema mundial de sade pblica, sendo que o alimento est
disponvel, porm no acessvel para determinada classe social menos beneficiada
(ABREU et al., 2001).
Dessa forma observando-se os progressos tecnolgicos, engenharia gentica
avanada, modernidade na rea da informtica, alimentos produzidos mundialmente,
produtos qumicos e farmacuticos, tm-se a iluso de que teramos uma melhora de
significncia no estado nutricional de populaes observadas em todo o mundo, por
causa do acesso muito mais fcil aos alimentos e produtos prontos, resolvendo o
problema desnutrio em estado nutricional adequado. Ao invs disso ocorre uma
mudana ainda mais acentuada de desnutrio para obesidade em todo o mundo
moderno. As causas de mortes alteraram-se de desnutrio e de doenas crnicas
transmissveis (DCT), para doenas crnicas no transmissveis (DCNT) e obesidade.
A transio nutricional ento um acontecimento notrio diante da mudana de
hbitos: vida sedentria, excesso de composio de sal e gorduras saturadas nos
alimentos e a falta de consumo de frutas e hortalias, est entre os cinco primeiros
fatores de risco global de doenas; principalmente as doenas aterosclerticas, que
acabam constituindo-se uma das principais causas de morte entre populaes no
mundo (FERREIRA, 2010).
Em um trabalho escrito por Abreu (2001), e em concordncia com Garcia e outros
(2003), a alimentao e o adquirir do alimentos acontece por diferenas de culturas,
climas e regies em todo o mundo observando-se ainda hbitos religiosos, classe
econmica e padres de consumo, onde o crescimento das povos e a industrializao
cooperam com o sedentarismo e a necessidade de gasto energtico diminudo pelo
fator trabalho com as atividades dirias; causando uma propenso a doenas
cardiovasculares, hipertenso e alguns tipos de cncer.
Existem tendncias no desenvolver de alimentao para o futuro que seguem a linha
do uso da agricultura como prioridade e uma outra de alimentos industrializados,
sintticos, concentrados, texturizados e at mesmo os transgnicos e funcionais
(ABREU et al., 2001).
At o sculo XX aconteceram grandes modificaes nos hbitos alimentares,
aparecimento de novos produtos, tcnicas de conservao, avanos genticos,
fermentao, produo agrcola. Faz-se necessrio assim que o estudo da transio
nutricional leve em considerao aspectos amplos considerando o advento da
globalizao (ABREU et al., 2001).
Foi lanado o novo Guia de Alimentao em 2014; o qual traz em seu texto cinco
captulos, onde o primeiro captulo discorre sobre os princpios elementares entre
alimentao e sade. Levando em considerao a alimentao com seus nutrientes e
seus aspectos culturais e sociais, trazendo ainda em seu texto a defesa do Direito
Humano Alimentao Adequada e Saudvel (DHAA). O segundo captulo informa
sobre alimentos in natura, minimamente processados e de procedncia de origem
vegetal, que deve ser a base da alimentao do indivduo. O terceiro captulo traz
orientaes em como combinar alimentos em refeies e preparaes culinrias. O
quarto captulo descreve sobre espao, tempo, companhia em que feita a refeio
no momento de alimentar-se o que pode influenciar na maneira de se aproveitar o
alimento; e no prazer em alimentar-se adequadamente. O quinto captulo vem
descrevendo orientaes para as pessoas acerca de informaes de culinria, custo,
tempo, e combinaes de aes no plano familiar. As recomendaes deste guia so
descritas em Os dez Passos para uma Alimentao Adequada e Saudvel, onde na
ltima seo relacionada de forma aprofundada com os temas escritos neste guia
(BRASIL, 2014).
O novo texto do Guia Alimentar traz a classificao dos alimentos distribuda em In
Natura, que so aqueles que no sofrem nenhum tipo de alterao at o momento de
ser consumido; incluindo os minimamente processados que englobam os In Natura
que sofreram alteraes mnimas para o consumo. Destaca-se tambm os alimentos
processados que se compreende aqueles que recebem adio de acar, sal ou outro
elemento diretamente da natureza para o seu processo e consumo. Os alimentos Ultra
processados so aqueles que recebem um maior nmero de ingredientes em seu
processamento e so exclusivos da indstria alimentcia (LOUZADA et al., 2015).
A Segurana Alimentar e Nutricional (SAN), discutida no Brasil e no mundo, sendo
que para que ocorra o DHAA preciso a incluso de questes sociais, polticas e civis,
as quais so dignidades humanas reconhecidas pela constituio e pela Declarao
Universal dos Direitos Humanos, em 1948. Assim sendo esse direito foi reconhecido
e vigorado em 1966 pelo Pacto Internacional para os Direitos Econmicos, Sociais e
Culturais (PIDESC) (ALBUQUERQUE, 2009).
Declarando assim essa definio no art. 11 do DHAA (Brasil, 1992):
1. Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda
pessoa a um nvel de vida adequado para si prprio e para sua famlia,
inclusive alimentao, vestimenta e moradia adequadas, assim como uma
melhoria contnua de suas condies de vida. Os Estados-partes tomaro
medidas apropriadas para assegurar a consecuo desse direito,
reconhecendo, nesse sentido, a importncia essencial da cooperao
internacional fundada no livre consentimento.
2. Os Estados-partes no presente Pacto, reconhecendo o direito
fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotaro,
individualmente e mediante cooperao internacional, as medidas, inclusive
programas concretos, que se faam necessrios para:
1. Melhorar os mtodos de produo, conservao e distribuio de gneros
alimentcios pela plena utilizao dos conhecimentos tcnicos e cientficos,
pela difuso de princpios de educao nutricional e pelo aperfeioamento ou
reforma dos regimes agrrios, de maneira que se assegurem a explorao e
a utilizao mais eficazes dos recursos naturais.
2. Assegurar uma repartio equitativa dos recursos alimentcios mundiais
em relao s necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos
pases importadores quanto dos exportadores de gneros alimentcios.
De acordo com Batista e Rissin (2003), a civilizao ocidental, abrangendo mudanas
de vida coletiva, saneamento, trabalho, sade, habitao, meio ambiente; geram
seguimentos de mudanas no estado nutricional das populaes. Batista afirma a
transio nutricional como quatro etapas distintas caracterizadas em evento
epidemiolgico: O desaparecimento da desnutrio aguda e grave, o marasmo
nutricional, o aparecimento do sobrepeso e obesidade e a ltima etapa demonstrada
com o dficit de estatura da populao estudada, que vem gerar um problema de
sade pblica.
Para falar de transio nutricional preciso citar o nome de Josu de Castro com seu
reconhecido livro, A geografia da Fome, que traz descrito em suas pginas a
complexidade de um pas com variedades de alimentos e demonstra um povo com
vontade de comer e tambm com alimentao deficiente pela impossibilidade de
alimentar-se, ou faz-lo de forma errada (COSTA, 2010).
Ao falar-se de estado nutricional, se requer grande ateno ao termo transio, que
entendido como efeito de transitar, mudar trajetria. Segundo este autor as famlias
brasileiras inseridas em programas sociais gastam um nmero consideravelmente
grande em valores com a compra de alimentos, entretanto esses alimentos no so
de qualidade nutricional adequada. Pode-se atribuir esse fato s propagandas nas
mdias falando de alimentos considerados de baixo valor aquisitivo e prticos para
serem consumidos no dia a dia da populao, gerando um fator de insegurana
nutricional (FERREIRA et al.,2006).
As estatsticas mostram que entre pases desenvolvidos e em desenvolvimento
(Amrica e Europa) o aumento da obesidade est entre 10% e 40%, destacando-se a
transio nutricional, est a vida corrida e sedentria, a mdia com sua forte
apresentao de produtos industrializados e rpidos para o dia a dia de mulheres que
trabalham fora do lar e no tem tempo para se dedicar a produzirem uma alimentao
conhecidamente saudvel (TARDIDO; FALCO, 2006).
Um conceito de fome aqui explcito o que demonstra o resultado de excesso ou
dficit de nutrientes de alto valor biolgico. A carncia nutricional apresenta-se pela
deficincia de vitaminas e minerais e pela hipovitaminose; porm o excesso de
nutrientes aparece nas formas de obesidade, diabetes tipo II e dislipidemias que se
constituem problema de sade pblica, devido suas altas taxas de prevalncia em que
acarretam danos biolgicos, econmicos e de difceis reversibilidades nos nveis de
assistncia em sade (OLIVEIRA; THBAUD-MONY, 1997).
A transio nutricional constitui-se uma mudana no estado nutricional e nos agravos
que acometem populaes que esto migrando da desnutrio para a obesidade,
atribudos modernidade em geral. No Brasil existem poucos trabalhos com
direcionamento principal tratando de problemas de ordem nutricional. Dentre os que
so destacados encontramos o Estudo Nacional sobre Despesas Familiares
(ENDEF), realizado nos anos de (1974 e 1975); a Pesquisa Nacional sobre Sade e
Nutrio (PNSN) de (1989) e a Pesquisa sobre Padres de Vida (PPV), em (1997).
Existe uma crescente transio nutricional no Brasil e nos pases da Amrica Latina
que tem sido importante tema de pesquisas cientficas (KAC; VELSQUEZ-
MELNDEZ, 2003).
Os problemas nutricionais que so observados no Brasil sofrem abrangente variaes
de reas de estudo (rural ou urbana), desenvolvimento econmico e cultural da
populao, e prioridades econmicas do poder pblico. Para cada populao
estudada deve ser levado em considerao os espaos e instituies que fazem parte
de determinado grupo analisado. Nesse estudo observou-se um dficit de carncias
nutricionais de importncia, visto que a atividade educativa e a merenda escolar entre
as crianas analisadas, contriburam para esse resultado. A reduo de ndice
antropomtricos de m qualidade tem sido resultado de diversos trabalhos
apresentados no Brasil, levando-se em considerao a melhoria da renda familiar, o
acesso a alimentao, saneamento e suplementao alimentar atravs de programas
especficos do Governo Federal para a sade pblica (GUIMARES; BARROS,
2001).
2.2 EPIDEMIOLOGIA DA OBESIDADE
A obesidade conhecida de maneira simplificada como um acmulo de gordura e
balano energtico positivo que pode causar grandes prejuzos sade; e entre
populaes adultas um grande problema de risco para doenas crnicas e morte; e
em sade pblica; pois o sobrepeso e obesidade nessa faixa etria um fator de
desenvolvimento de doenas como: Diabetes tipo II, dislipidemias, comprometimento
emocional, postural e locomotor na vida adulta. Dentre os fatores relacionados ao
aparecimento de sobrepeso e obesidade, destacam-se o estado nutricional na
infncia, o fumo na gestao e o peso pr-gestacional materno (ENES; SLATER,
2010).
Em um trabalho apresentado por Silva, Balaban e Motta (2005), crianas e
adolescentes, escolares e pr-escolares em suas respectivas faixas etrias e suas
condies socioeconmicas; eram de baixo peso. O sobrepeso e a obesidade tambm
foram identificados com prevalncia nos pr-escolares; da mesma forma foi
identificado obesidade entre as faixas etrias estudadas. O sobrepeso e a obesidade
foram observados em maior ndice entre escolares e adolescentes de situao
econmica considerada boa; em maior nmero do que entre aqueles de baixa
situao econmica no que diz respeito sade. Os aspectos de diferentes regies
de um pas podem ser fator determinante no processo de transio nutricional.
Entretanto, notrio o aumento do consumo de acares e gorduras em geral, com
reduo de carboidratos complexos e fibras da dieta. O autor da pesquisa relata que
ao longo dos anos e no ltimo sculo aconteceram mudanas no perfil alimentao,
levando-se em considerao a diversificao de alimentos e s razes de cada cultura.
Desta maneira o alimento no mais tpico, mas encontra-se bem disponvel em todo
o mundo e em todo tipo de cultura, sendo assim o alimento passou de tradicional para
industrializado e de fcil acesso, no importando que seja um hambrguer, uma pizza,
um biscoito, um chocolate, todos perderam a origem e so alimentos mundiais
(GARCIA; GAMBARDELLA; FRUTUOSO, 2003).
Considerando que muitos pesquisadores concordam entre si com as diferentes
realidades relacionadas com a alimentao, e tendo como base de pesquisas em todo
o mundo o Ministrio da Sade (MS), reconhece a importncia e a grande
necessidade de informaes sobre o assunto para a populao.
Uma doena de ordem nutricional e de difcil conceituao a reconhecida obesidade;
e que se encontra no grupo das DCNT. Essas doenas so de mltiplas causas, at
mesmo desconhecidas tendo histria prolongada, muitos fatores etiolgicos e nenhum
agravo de microrganismos determinantes, podendo causar caso clinico variado,
incapacidade e morte. A doena considerada de mltiplos fatores e de difcil
diagnstico, envolvendo sua gnese, o ambiente e a quantidade de gorduras que um
indivduo consome; podendo assim caracterizar o obeso (PINHEIRO; FREITAS;
CORSO, 2004).
Os mtodos de diagnostico para obesidade so variados, porm os mtodos
antropomtricos so os mais usados por no serem invasivos, de baixo custo e de
fcil utilizao (FAGUNDES et al., 2008).
Na avaliao nutricional deve-se aferir a composio corporal, o consumo alimentar,
o exame fsico e a avaliao global subjetiva. Os ndices utilizados so: ndice de
Massa Corporal (IMC) que pode classificar o indivduo em risco mdio, aumentado,
moderado, severo e muito severo; as Circunferncias so utilizadas quando o avaliado
demostra grandes quantidades de gordura corporal excessivamente elevada, e o
objetivo reunir informao regional de gordura corporal. A Relao Cintura Quadril
(CC/CQ), diferencia a obesidade androide e ginecoide, para testar o risco de
desenvolver doenas relacionadas com esse estado. A circunferncia do brao (CB)
pode indicar adiposidade ao se utilizar os percentis. O peso indica a soma de todos
os componentes corporais (gua, gordura, ossos, msculos), e reflete o equilbrio
proteico-energtico do indivduo. A avaliao das dobras cutneas (%GC) permite
estimar-se o percentual de gordura corporal (ANDRADE; GOULART et al., 2012).
Tabela 1 - Classificao da obesidade pela associao de medidas
antropomtricas
Classificao % de adequao do
peso atual
IMC % de Gordura Corporal
Total (GCT) Sobrepeso 110 - 120% 25,0 - 28,0 Homens > 25,0
Mulheres > 30,0
Obesidade Grau I 120 - 150% 28,0 - 35,0 Homens > 30,0 Mulheres > 40,0
Obesidade Grau II 150 - 200% 35,0 - 40,0 Homens > 23,0 Mulheres > 45,0
Obesidade Grau III > 200% >40 Homens > 40,0 Mulheres > 50,0
Fonte: World Health Organization, 2000.
Atualmente a obesidade analisada como uma doena onipresente por sua grande
escala no mundo, e problema de sade pblica no diferenciando entre indivduos
diversos, em idade, sexo, raa e nvel social (REPETTO; RIZZOLLI; BONATO, 2003).
Este tema aparece evidente em muitos e variados estudos, considerando-se que os
problemas causados pela obesidade atingem todos os nveis de sade em um
indivduo. O obeso vive variados e grandes conflitos consigo mesmo e com a
sociedade, por enfrentar muitos tipos de preconceitos; e o meio participa dessa
vivencia (OLIVEIRA et al., 2010).
Tratando-se de obesidade temos conhecimento que um desequilbrio nutricional
onde o balano energtico do indivduo positivo por ingerir mais energia do que pode
gastar sendo esta convertida em gordura por ao do hormnio insulina; devendo-se
isso maneira de vida sedentria em que consome os alimentos industrializados,
acares e lipdios (BARBIERI; MELLO, 2012).
De acordo com artigo publicado por Cavalcante e outros (2012), a obesidade est
atrelada ao consumo de alimentos prontos que tem sido apresentado pela mdia para
favorecimento das indstrias; por causa do interesse econmico, e fazem com que
esses alimentos se apresentem mais e mais palatveis e desejveis (CAVALCANTE;
SAMPAIO; ALMEIDA, 2012).
Outro fator estudado diz respeito a gentica, hereditariedade e fisiologia, onde
entende-se que pais obesos compartilham filhos obesos em conjunto com a
hereditariedade e o meio ambiente em que vivem; e sabendo-se ainda que os fatores
neurais e hormonais no controle do peso, so determinados pela gentica, onde pode
ocorrer falha nos receptores ou na sensibilidade do organismo aos efeitos da leptina.
Cita-se ainda as desordens endcrinas como: problemas no hipotlamo,
hipotireoidismo, ovariectomia nas mulheres, alteraes no metabolismo,
hipogonadismo em homens, Cushing e ovrios policsticos podem ser causas de
obesidade. Considerando os fatores demogrficos e socioeconmicos, estes so
citados como responsveis pelo desenvolver da obesidade por apresentarem
desigualdades sociais, ampliao no mercado de diversidades de produtos de
prateleira (BARBIERI; MELLO, 2012).
De acordo com artigos cientficos pesquisados entre os anos de 2005 e 2010, as
causas da obesidade so mltiplas e pode ser observado nos nmeros apresentados
tendo o sedentarismo e alimentao inadequada o maior ndice, com 82.66%, nvel
socioeconmico 30.6%, fatores genticos 30.6%, fatores psicolgicos 21.3%, fatores
demogrficos 16%, nvel de escolaridade 5%, desmame precoce 5%, ter pais obesos
3%, estresse 2%, fumo e lcool 1%: assim sendo muitos autores concordam entre si
que as causas da obesidade so multifatoriais e apontam a obesidade como natural
entre a sociedade (BARBIERE; MELLO, 2012).
Nos fatores estresse, lcool e fumo como causadores de obesidade esto a
ansiedade, baixa autoestima, e fatores psicolgicos; onde os transtornos
apresentados tem forte relao com o trabalho em sua intensificao ou na falta deste,
sade e tempo disponvel na vida de cada indivduo (BARBIERI; MELLO, 2012).
No Brasil a obesidade tem sido crescente e est entre as DCNT, tornando-se um
problema de sade pblica. O excesso de peso observado em declnio entre
mulheres com 55 anos e mais; e entre homens com 65 anos e mais; entretanto dos
20 aos 44 anos o excesso de peso maior entre os homens (TERRES et al., 2006).
A OMS classifica a obesidade tendo como parmetro o ndice de Massa Corporal
(IMC) que uma forma prtica de se avaliar o indivduo. A nutrio no Brasil sofre com
o enfrentamento da desnutrio e ao mesmo tempo da obesidade, onde se faz
necessrio uma abrangente poltica pblica com pauta em agenda nica de nutrio.
O Brasil conta com um sistema de Ateno Primria a Sade no modelo de Estratgia
Sade da Famlia, que atende a indivduos de forma abrangente em sua
territorialidade visando aes que contempla a promoo, proteo e recuperao da
sade, levando para o usurio uma ateno bsica de qualidade e humanizada com
servios resolutivos. Atravs desse modelo de ateno identifica-se o perfil
epidemiolgico da populao, os riscos, os problemas e necessidades prioritrias na
sade, a alimentao e nutrio; utilizando-se os sistemas de informao da ateno
bsica, com nfase para o SISVAN e o PBF. Mediante portaria recente publicada, os
Ncleos de Apoio a Sade da Famlia (NASF) uma iniciativa de apoio a Estratgia
Sade da Famlia (ESF), onde a estratgia pode contar com Terapeutas, Psiclogos,
Educador Fsico, nutricionista, Homeopata, Farmacuticos, Fisioterapeutas,
Fonoaudilogo, Acupunturista, Assistente Social; que ampliar a assistncia e
resolubilidade da estratgia.
Tabela 2 - Classificao do estado nutricional de acordo com a WHO
IMC Classificao < 18,5 Baixo Peso
18,5 24,9 Eutrofia 25,0 Excesso de Peso
25,0 29,9 Pr Obesidade 30,0 34,9 Obesidade Classe I 35,0 39,9 Obesidade Classe II
40,0 Obesidade Classe III Fonte: Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2010.
Nesse sistema definido territrio de trabalho e ateno s famlias com aes de
preveno a doenas multifatoriais, controle de carncias nutricionais, destaque para
as escolas e assistncia social conjunta na soluo de problemas de sade pblica
(COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).
No enfrentamento da obesidade como tambm nas DCNT a ESF de suma
importncia por trabalhar questes de educao nutricional, sendo que a literatura
identifica a necessidade da promoo da alimentao saudvel no combate
desnutrio, a doenas crnicas e a obesidade; onde aja interao de polticas
pblicas junto aos programas de transferncia de renda para fortalecer a rede de
nutrio do SUS nas trs esferas de governo (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).
Segundo estudos a obesidade est presente em todas as regies Brasileiras, sendo
que em maior prevalncia nas zonas urbanas, sendo que nas zonas rurais o ndice de
desnutrio maior do que nas zonas urbanas onde a prevalncia de sobrepeso e
obesidade. As regies Sul e Sudeste aparecem com um nmero mais elevado na
prevalncia de obesidade e especificamente o Sudeste comporta o maior nmero de
obesos e adultos com sobrepeso (FERREIRA et al., 2006).
2.2.1 A obesidade entre adolescentes
Apesar do consenso sobre a ingesto de alimentos gordurosos, acares e
carboidratos simples ser considerado o principal fator de sobrepeso; entende-se
tambm que a atividade fsica de pouca intensidade como assistir televiso, jogos on-
line e o abusivo uso do computador, est entre os principais fatores determinantes do
sobrepeso entre os adolescentes (ENES; SLATER, 2010).
Segundo estudo publicado; com adolescentes em idade prxima de 18 anos
observou-se que a situao socioeconmica, a escolaridade e a dieta utilizada foram
fatores importantes para o estado de obesidade; entretanto o sexo no constituiu fator
positivo para sobrepeso e obesidade. Entre adolescentes com pelo menos um dos
pais obesos foram contados tambm com sobrepeso e aqueles que tiveram uma
maturao sexual prematura apresentaram maior ndice entre as meninas do que
entre os meninos. Nmeros importantes foram achados entre aqueles que se
abstinham de alguma refeio, e aqueles que faziam uso de lcool e ou tabaco
(TERRES et al., 2006).
A obesidade tem sido considerada uma doena de ordem multifatorial e que
problema de sade pblica no Brasil, como j citado anteriormente neste trabalho.
Segundo levantamento junto ao Sistema nico de Sade (SUS) a obesidade traz um
elevado custo para os cofres pblicos com tratamentos e internaes para cuidados
de obesos e de doentes com enfermidades associadas obesidade. Os gastos so
estimados em 600 milhes de reais, onde esse valor equivale a 12% dos gastos
anuais com outras doenas. Apesar do consenso sobre a ingesto de alimentos
gordurosos, acares e carboidratos simples ser considerado o principal fator de
sobrepeso; entende-se tambm que a atividade fsica de pouca intensidade como
assistir televiso, jogos on-line e o abusivo uso do computador, est entre os principais
fatores determinantes do sobrepeso entre os adolescentes (ENES; SLATER, 2010).
Sendo conhecida como uma doena crnica a obesidade est relacionada com altas
taxas de morbidade e mortalidade. Dentre os hbitos adquiridos na infncia e que se
estende at a vida adulta; esto os relacionados com a alimentao. O perodo da
adolescncia marcado por grandes mudanas fsicas e psicolgicas onde notria
a acelerao do crescimento e a necessidade aumentada de energia e nutrientes para
suprir o desenvolvimento acelerado nessa fase da vida. A mdia tem grande
participao na formao desse hbito pelo fator do incentivo e a propaganda
apresentando alimentos de alta densidade energtica e pouca atividade fsica pelo
incentivo da tecnologia ligada aos avanos eletrnicos e contribuindo aceleradamente
com o sobrepeso e obesidade entre jovens em todo o mundo. Nesta fase da vida os
adolescentes sentem a necessidade de consumir mais alimentos e em maior
quantidade com notvel consumo em alimentos com gorduras saturadas e acares
simples, que constituem um agravante para o aparecimento de doenas crnicas
degenerativas ligadas a obesidade. Na avaliao nutricional importante que se
avalie a quantidade e a frequncia do consumo dos principais grupos de alimentos:
Leite e derivados, frutas, cereais, carnes e hortalias. Deve-se ainda na avaliao
considerar a maturao sexual na puberdade, sendo que alguns autores tratam da
maturao sexual precoce como fator de risco para a obesidade especialmente entre
meninas (CASTILHO; JABUR, 2009).
Dentre os problemas de ordem nutricional, a obesidade endgena se apresenta como
um grande desafio at mesmo para os pases onde a desnutrio um de seus
maiores agravantes em sade pblica. A obesidade uma doena nutricional que vem
acontecendo j entre as crianas e agrava-se entre os adolescentes. Para avaliao
de massa corporal usado mais comumente o IMC, embora este no defina a massa
de gordura. Na adolescncia preconizado o uso do IMC por idade como indicador
de gordura corprea nos percentis superiores segundo a tabela da (WHO) World
Health Organization, 1997 analisando-se percentil acima de 85 como sobrepeso e
acima de 95, como obeso. Deve-se empregar o termo obeso quando a gordura
subcutnea atinge elevado grau, sendo medida pela aferio das pregas cutneas
tricipitais e subescapulares (MULLER, 2001).
Segundo estudos realizados no Brasil a Pesquisa Nacional sobre Sade e Nutrio
indicou 1,5 milhes de crianas e adolescentes obesos com maior nmero de meninas
e maior prevalncia entre as regies Sul e Sudeste do que na regio Norte do pas,
com altas taxas entre aqueles de maior renda familiar. Dentre os dados encontrados
como resultado nessa pesquisa claro o maior consumo de doces e menor consumo
de frutas e verduras, entre os adolescentes que estavam com um estado nutricional
considerados com sobrepeso e obesidade, acompanhados ainda de pouca atividade
fsica; o que contribui para o excesso de peso (FAGUNDES et al., 2008).
2.2.1.1 Hbitos determinantes da obesidade em adolescentes
Os determinantes biolgicos so extremamente importantes na determinao de
hbitos saudveis em adolescentes, quanto ao praticarem atividades fsicas que
ajudam no controle do peso. A idade um forte determinante, ainda que esta
associada negativamente pois as atividades intensas tendem a diminurem de acordo
com a idade. Alguns pesquisadores consideram que a baixa de atividade fsica com o
aumento da idade considera-se a influncia de baixa na noradrenalina, dopamina e
serotonina; como tambm a insuficincia do estrognio. Entre os fatores da idade
esto o aumento das responsabilidades, o aumento da independncia do lar (pais) e
o tempo que o adolescente passa na escola sofrendo influncias positivas e negativas
na prtica de atividades fsicas. No quesito sexo alguns autores concordam que o sexo
masculino tende a ter uma maior disponibilidade para atividades fsicas do que o sexo
feminino. Segundo alguns autores de pesquisas cientficas diferenciadas o fator social
um grande determinante para o sexo masculino ter uma maior participao em
atividades fsicas intensas, porque desde muito pequenos so orientados pelas
famlias e incentivados s atividades mais intensas; enquanto o sexo feminino deveria
privar-se dessas atividades por entenderem que isto prejudicaria suas feminilidades.
Os meninos ento recebem incentivo para essas atividades por apresentarem maior
vigor fsico, e o sexo feminino precisa preservar sua feminilidade. Outro fator
influente na prtica de atividade fsica o socioeconmico, onde cada membro da
famlia tem uma atividade diferente e que responsabilidades sociais e econmicas
fazem parte da realidade dos adolescentes que precisam ter uma participao
econmica no lar (SEABRA et al., 2008).
A atividade fsica conhecidamente como um hbito determinante de sade. Segundo
pesquisas existe uma dificuldade em avaliar esse determinante, e poucos trabalhos
relacionados com a descrio de atividade fsica e grupos populacionais trazendo
medidas para a atividade realizada, sendo que um desafio aos pesquisadores
obterem um instrumento confivel para essa avaliao; principalmente entre
adolescentes. De acordo com este estudo notou-se a importncia de pesquisas com
nfase nas regies Centro Oeste, Norte e Nordeste do Brasil (TASSINO et al., 2007).
2.2.1.2 Hbito alimentar e atividade fsica entre adolescentes
A Organizao Mundial da Sade (OMS) trata da obesidade como condies
mrbidas, onde h uma grande preocupao na sade pblica; pelo fato de que essa
uma situao de difcil reverso. O nmero de crianas e adolescentes obesos tem
sido crescente, e por isso h grande preocupao com essa epidemia. Dentro dessa
literatura a pesquisa trouxe conhecimento que crianas e adolescentes se encontram
em estado de sobrepeso ou obesidade; onde os ndices so de importncia de acordo
com o fato de que a partir dos 13 anos permanecem o sobrepeso e a obesidade; tendo
nesse fato o futuro adulto grandes chances de tornarem-se obesos. Em uma pesquisa
realizada pela (POF) Pesquisa de Oramento Familiar obteve-se um nmero
predominante de consumo de alimentos no saudveis (pizza, chocolate,
Hambrguer, batata frita, refrigerantes, biscoitos, linguias, mortadelas), e reduzida
ingesta de alimentos saudveis (saladas, frutas, verduras e legumes) e at mesmo o
feijo que tradicionalmente bem aceito na mesa do brasileiro. Quanto aos hbitos
de atividades fsicas no lazer, grande a quantidade de crianas que passam muito
tempo em atividades que no requer movimento fsico, como jogar vdeo games,
assistir televiso, usar a internet no celular; o que demonstra uma grande barreira para
uma vida saldvel e contribuindo para o possvel aparecimento da obesidade entre os
adolescentes (CARVALHO et al., 2014).
De acordo com o manual da alimentao saudvel publicado pelo Ministrio da Sade
em estudo recente, os dados sobre doenas crnicas, excesso de peso, obesidade,
sedentarismo e hipertenso arterial so em nmeros alarmantes, atingindo 11%
adultos obesos e 10% de crianas com diabetes e hipertenso. Esses dados
demonstram a situao de alerta para os problemas nutricionais acarretados pelos
maus hbitos alimentares desde a infncia e estendendo-se at a idade adulta. Com
as orientaes do manual a famlia pode ser orientada de como escolher uma
alimentao saudvel. Algumas indicaes simples, de fcil entendimento e
importantes so: mastigar bem os alimentos, evitar frituras e alimentos muito
gordurosos, evitar bebidas alcolicas, no passar perodo de horas prolongadas sem
se alimentar, procurar beber no mnimo dois litros de gua durante o dia. Alm dessas
orientaes o manual mostra tambm que os estudos so conclusivos em demostrar
que a vida sedentria e a m alimentao contribuem para a ansiedade e a diminuio
da capacidade de aprendizado, orientando a prtica de exerccios fsicos que
essencial para o melhor funcionamento de todos os rgos do corpo (BRASIL, 2008).
Estudos mostram que os nveis de atividade fsica na idade jovem so determinantes
para uma vida mais ativa e menos sedentria na idade adulta. H evidencias tambm
para um maior nmero de indivduos do sexo masculino praticante de algum tipo de
exerccio fsico, e um menor nmero do sexo feminino resultando em possvel
sedentarismo em grau elevado na vida adulta (SILVA; MALINA, 2000).
2.2.1.3 Avaliao antropomtrica para indivduos adolescentes
De acordo com o Ministrio da Sade, a adolescncia compreende a faixa etria entre
indivduos com 10 a 19 anos. O estado nutricional de um indivduo o resultado do
equilbrio entre o consumo adequado de nutrientes e o gasto energtico do organismo
para suprir suas necessidades. Quando esse equilbrio est adequado o indivduo
encontra-se em Eutrofia, quando h deficincias de energia o indivduo est em
carncia nutricional e quando apresenta problemas relacionados a desnutrio ou
obesidade por escassez ou excesso de alimentos, o indivduo est com distrbio
nutricional.
Quadro 1 - Classificao do estado nutricional para adolescentes com ndice antropomtrico segundo o SISVAN
Valores Crticos Diagnstico Nutricional
< Percentil 0,1 < Escore-z-3 Magreza acentuada
> Percentil 0,1 e < Percentil 3 > Escore-z-3 < Escore-z-2 Magreza
> Percentil 3 e < Percentil 85 > Escore-z-2 e < Escore-z + 1 Eutrofia
>Percentil 85 e < Percentil 97 >Escore-z + 1 e < Escore-z + 2 Sobrepeso
>Percentil 97 e < Percentil 99,9 >Escore-z + 2 e < Escore-z + 3 Obesidade
>Percentil 99,9 > Escore-z + 3 Obesidade grave
Fonte: WHO apud BRASIL, 2007; SISVAN, 2011 pg.20.
O uso de indicadores antropomtricos na avaliao nutricional em servios de sade
opo adequada por se tratar de simples, baixo custo, no invasivo, de fcil
padronizao e aplicvel a todas as faixas etrias da vida permitindo classificar
indivduos e grupos quanto ao seu estado nutricional.
Grfico 1 - IMC por idade de 5 a 19 anos para meninas
Fonte: WHO, 2007.
Assim so formadas as curvas de crescimento e referncia para adolescentes como
descrito WHO (2007), as quais o Ministrio da Sade adota: ndices de IMC por idade
e estatura por idade. O Quadro 1 ilustra o ndice do estado nutricional de adolescentes
conforme preconizado pelo SISVAN (BRASIL, 2011) e os Grficos 1 e 2 demonstram
as curvas parmetros para avaliao destes percentis.
O ndice e indicador antropomtrico utilizado para avaliao do estado nutricional de
adolescentes expresso em percentis ou escores-z (Quadro 1), que so comparados
a indicadores construdos a partir dos dados encontrados em populaes sadias,
como as medidas de peso e estatura.
Grfico 2 - IMC por idade de 5a 19 anos para meninos
Fonte: WHO, 2007
O Grfico 1 analisa os percentis de IMC por idade entre adolescentes de 5 a 19 anos
para meninas e o Grfico 2 analisa os percentis para meninos. O Quadro 2 apresenta
a classificao do estado nutricional de adolescentes para cada ndice antropomtrico
segundo recomendaes do SISVAN.
Segundo a OMS, 2006, a classificao de um adolescente com IMC para a idade
abaixo do percentil 0,1 (Escore-z-3) muito magro; e na classificao estatura para a
idade em 99,9 (Escore-z+3) muito alto. Quando encontrado esses casos o
adolescente deve ser encaminhado ao servio especializado para acompanhamento.
Quadro 2 _ Classificao do estado nutricional de adolescentes para cada
ndice antropomtrico segundo recomendaes do SISVAN
Fonte: Adaptado de OMS (2006). apud BRASIL, 2011 pg. 21
2.3 PROGRAMAS SOCIAIS DE COMBATE S DESORDENS ALIMENTARES
O Brasil comeou seu enfrentamento fome nos anos 30 onde era notrio o problema
de abastecimento de alimentos tendo em vista o grande nmero de desempregos e a
falta de polticas pblicas no mbito da segurana alimentar. Desde ento at os anos
80 as polticas eram voltadas aos problemas de preos e ofertas; e finalmente nos
anos 90 passou-se a combater o abastecimento (BELIK; SILVA; TAKAGI, 2001).
A segurana alimentar e nutricional um direito humano garantido pela constituio
de (1988), como tambm a assistncia social direito garantido pelo estado. A
problematizao da fome colocada em evidncia atravs do programa Fome Zero
do Governo Federal tendo como alvo questes pblicas desafiadoras para o presente
e futuro dos cidados Brasileiros (YASBEK, 2004).
Na dcada de 90, o governo Fernando Collor reestruturou rgos ligados a sade e
nutrio, extinguindo programas de suplementao para crianas menores de 7 anos.
Nessa poca iniciou-se a utilizao de estoques pblicos de alimentos para
programas de alimentao e distribuio de sextas bsicas, contribuindo para a
reduo de percas nos estoques pblicos. No perodo de (1992 a 1994) partidos
polticos de oposio, Partido dos Trabalhadores, elaborou pela primeira vez uma
poltica de combate fome no pas, junto a mobilizao da sociedade com a
campanha de Ao da Cidadania Contra a Fome e Pela Vida. Algumas das
contribuies do (CONSEA) Conselho Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional,
foi a descentralizao do Programa Nacional de Alimentao Escolar em direo aos
municpios e as prprias escolas (BELIK; SILVA; TAKAGI, 2001).
O Governo Fernando Henrique Cardoso extinguiu o CONSEA e criou o Conselho
Comunidade Solidaria e logo a seguir o Programa Comunidade Ativa (PCA), que
atuava nos municpios escolhidos com menor ndice de Desenvolvimento Humano
(IDH). De acordo com esses autores diante das oscilaes da economia brasileira,
pouco h para se avaliar, sendo preciso iniciativas que j se encontram em andamento
e outras que precisam serem implantadas de forma integral para reduzir o problema
da fome no pas com envolvimento de toda a sociedade e as escolas (BELIK; SILVA;
TAKAGI, 2001).
Segundo Bourguignon e outros (2007), o PBF eleva a frequncia escolar de crianas
beneficirias pelo impacto ao incentivo de mant-las matriculadas e com frequncia
mxima exigida. De acordo com o autor do trabalho aqui descrito o quantitativo de
frequncia escolar apesar de ser bom no melhorou a pobreza e nem mesmo o estado
nutricional de seus usurios.
De acordo com o Gini (medida utilizada para estabelecer o nvel de desigualdade entre
as naes mais pobres e as mais ricas), desenvolvido por Corrado Gini, onde a
varivel vai de zero a um sendo que um representa uma sociedade totalmente
desigual; o Brasil alcanou um ndice de 1,2% ao ano entre 2001 e 2006. Esse ndice
coloca o Brasil em um nmero satisfatrio comparado aos pases desenvolvidos
como, Inglaterra, Frana e Sucia, e ainda se comparado ao Gini de pases da
Amrica Latina como; Mxico e Chile que estiveram com um ndice prximo de um
(SOARES et al., 2007).
O PBF demonstrou impacto positivo sobre os indicadores de sade em trs pontos
principais entre os ndices avaliados, sendo o estado nutricional, vacinao e
acompanhamento pr-natal, onde as famlias beneficirias procuram mais assistncia
nas unidades de sade, se comparadas quelas no beneficirias do programa.
Analisando-se o impacto sobre o trabalho, o PBF tem ndice positivo de elevao em
4,5% a busca por emprego entre os beneficirios, especialmente entre as mulheres
(ROSA, 2011).
Conforme a 3 Diretriz da Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio (PNAN) e por
orientao e recomendao da OMS, Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS),
Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO) e Fundo das
Naes Unidas para a Infncia (UNICEF), a alimentao e nutrio de uma
determinada populao deve ser monitorada para que se acompanhe os problemas
nutricionais dessa populao. Quando pessoas, famlias ou populaes no
conseguem acesso ou utilizao adequada de alimentos, dizemos que estes esto
em insegurana alimentar. Para se ter acesso a estas informaes so usados
inquritos alimentares sobre o consumo de alimentos (ANSCHAU, 2008).
A escala americana conhecida como Househol Food Security Survey Modl (HFSSM),
foi criada na dcada de 90 e usada at hoje para coleta de dados, por ser um
instrumento adequado para medir insegurana alimentar. A escala deve se adequar a
cada realidade diferente em cada nao, sendo que um grupo de 15 diferentes pases
j validou a escala Americana. Tomando como base essa escala o Brasil desenvolveu
a Escala Brasileira de Insegurana Alimentar (EBIA), com apoio e financiamento do
Ministrio da Sade (MS), e com apoio de cinco instituies brasileiras: Universidade
Estadual de Campinas, Universidade Federal da Paraba, Instituto Nacional de
Pesquisa da Amaznia, Universidade Nacional de Braslia e Universidade Federal do
Mato Grosso (CORRA, 2007).
A utilizao da EBIA no Brasil est em expanso. Foi utilizada na ltima
Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica como forma de identificar fatores
associados insegurana alimentar e grupos de risco mais suscetveis
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2006).
2.3.1 Insegurana nutricional
A insegurana alimentar e nutricional conhecida como um estado inadequado de
acesso ao alimento em quantidade e qualidade adequados s suas necessidades
nutricionais. Dados de pesquisa segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (2006), demostraram que a insegurana nutricional atinge todas as regies
do Brasil.
De acordo com trabalho cientfico publicado, a insegurana alimentar mais evidente
nas famlias que possuem crianas e adolescentes entre seus membros, seguido de
famlias que possuem um chefe de famlia desempregado ou ainda com um trabalho
informal e inconsistente (ANSCHAU, 2008).
Para avaliar a segurana alimentar e nutricional existem vrios mtodos, sendo o mais
tradicional a avaliao da renda familiar e o consumo de alimentos. Outro mtodo
utilizvel o recordatrio 24 horas e o inqurito alimentar por perodo ou at mesmo
por porcentagem de gastos com a compra de alimentos, porm so um tanto
considerados invasivos, de alto custo e de difcil aplicao. Uma maneira bastante til
de conceituar SAN avaliao da oferta do alimento e sua utilizao (KEPPLE et al.,
2011).
Segundo estudo com a populao Brasileira a renda mensal per capita o ndice de
maior relevncia para a segurana alimentar, associado a insegurana alimentar
grave ou moderada quando analisados os domiclios onde o chefe da famlia mulher,
de cor negra, com nmero de moradores maior que seis pessoas e com falta de um
ou mais bens comuns (fogo, geladeiras, telefone celular, filtro de gua). Em
comparaes feitas entre reas rurais e urbanas, notou-se que a rea urbana tem
uma maior segurana alimentar pelo fato de que os gastos com itens no relacionados
a alimentao so menores; compreendidos esses itens como: vesturio, assistncia
sade, alimentao. Sendo que h uma produo de alimentos para autoconsumo;
e tendo ainda grande contribuio para a segurana as famlias que tenham idosos e
adolescentes menores que 18 anos pelo fator de agregao de renda de
aposentadoria e de programas de transferncia de renda para jovens e adolescentes
(MARIN-LEON et al., 2011).
Os grandes nmeros que so observados em insegurana alimentar acontecem em
distintos grupos sociais, em famlias que tenham como liderana mulheres, renda
muito baixa, reas rurais e em maior nmero de filhos (PEDRAZA, 2005).
A insegurana alimentar definida como a falta de condies bsicas de alimentao
e consumo nutricional necessrio para a sobrevivncia de um indivduo. Porm nesse
contexto apresentado por algumas literaturas, o termo vai muito alm do biolgico
porque o ser humano tem necessidades muito alm que englobam a vulnerabilidade
social que pode afetar a sade com a exposio a doenas endmicas e ou crnicas;
a moradia, o acesso a bens e servios pblicos, trabalho, moradia.
So muitas as inter-relaes deste processo com a SAN; entendida como: a
realizao do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos
de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais, tendo como base prticas alimentares promotoras
de sade, que respeitem a diversidade cultural e que sejam socialmente
econmica e ambientalmente sustentveis (BURLANDY, 2007).
Segundo Cota e Machado (2013), comparando tambm Burlandy e Marin-Leon; no
Brasil o acesso ao alimento tem se mostrado deficiente quando associado a renda,
gerando uma insegurana alimentar na populao.
Como ilustra alguns autores o Plano de Combate a Fome no Mundo em 1981, vindo
da Unio Europeia, um exemplo de poltica na assistncia alimentar. A segurana
alimentar tema de preocupao de governos em todo o mundo, que desde o sculo
passado e com o fim da segunda guerra vem buscando mecanismos para o bem-estar
da populao e incentivo agricultura e alimentao com a constituio da ONU e
uma proposta de organizao multigovernamental, onde se concretizou a criao da
Food and Agriculture Organization (FAO) em 1945. Em 2001 a alimentao vista
como segurana nacional e cada pas responsvel em prov o suprimento de
alimentos para sua populao. A dcada de 70 foi marcada com uma forte crise
alimentar levando a realizao da Primeira Conferncia Mundial de Alimentao pela
FAO e pela ONU em 1974 com o objetivo de formar um sistema de segurana
alimentar com atendimento mundial. Em todo esse contexto a segurana alimentar
tem o conceito de que o acesso aos alimentos e sua oferta devem ser suficientes a
todas as pessoas; sendo que recentemente agregou-se a condio biolgica,
nutricional, tecnolgica, fsica e qumica como noo de alimento e condio segura.
No ano de 2000 criou-se a Diretoria Especial sobre o Direito Alimentao na
Comisso de Direitos Humanos e no mesmo ano a (ONU) Organizao das Naes
Unidas, lanou os objetivos do milnio na reduo da fome pela metade at o ano de
2015 e a misria at 2025 (TAKAGI, 2006).
Segundo Cota e Machado (2013), comparando tambm Burlandy e Marin-Leon; no
Brasil o acesso ao alimento tem se mostrado deficiente quando associado a renda,
gerando uma insegurana alimentar na populao.
O Conselho Nacional de Segurana Alimentar (CONSEA) foi criado em 1993 pelo
Decreto 807 como rgo de aconselhamento da Presidncia da Repblica. Em 2002
foi lanado o documento por parte do Governo Federal; A Segurana Alimentar e
Nutricional e o Direito Humano Alimentao no Brasil, que apresenta realizaes
do governo em reas estratgicas como: acesso a alimentos, emprego e renda,
atendimento a vulnerveis, polticas de nutrio e acesso universal sade. Logo
aps a entrada do governo Fernando Henrique Cardoso foi extinto o CONSEA e criado
o Conselho da Comunidade Solidria que tinha como viso associar a assistncia
alimentar a outras aes. Em 1999 criou-se o Fundo Nacional de Combate Pobreza
para a melhoria da qualidade de vida, em 2001 foi lanado o projeto Fome Zero que
foi programado em 2003 com programas estruturais na Reforma Agraria,
Fortalecimento da Agricultura Familiar, Projeto Emergencial de Convivncia com o
Semirido, Programa de Superao do Analfabetismo, Programa de Gerao de
Emprego; e Programas especficos de: Restaurantes Populares, Bancos de
Alimentos, Ampliao da Alimentao Escolar, Programa Carto de Alimentao
Emergencial, Educao Alimentar. Finalmente em 2005 foi inaugurado o Programa
Bolsa Famlia (TAKAGI, 2006).
2.3.1.2 Indicadores para polticas pblicas
Os indicadores pblicos so usados para nortear polticas a partir de outras realizadas
anteriormente com intuito de definir, realizar e operar planejamento pblico nas
diferentes esferas de governo para que seja possvel avaliar e monitorar as condies
de vida da populao para a compreenso de mudanas e fenmenos sociais. Dentre
esses indicadores podemos citar o coeficiente de GINI, mortalidade infantil,
analfabetismo, so indicadores que especificam a realidade social em determinada
populao. Esses ndices so organizados a partir de acompanhamentos nos
programas sociais ou estatsticos pelo (IBGE) Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatsticas. Dados disponveis: Mortalidade infantil, saneamento bsico, baixo peso
infantil, nmero de desempregados na famlia; so indicadores usados na sade
pblica. Os indicadores devem ser confiveis, de boa cobertura populacional,
especficos, objetivos, transparentes, legtimos cientificamente, bem comunicveis,
permitir atualizaes frequentes, deve atingir grupos demogrficos especficos, ser
compatvel com a demanda que se pretende avaliar e ser lgico em conceitos para a
realidade na qual de deseja operar com fenmenos sociais em questo (MARTINO
JANUZI, 2014).
2.3.1.3 Programa Bolsa Famlia
Logo aps ter sido criado o Programa Bolsa Escola em (1996), o Ministrio do
Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS) em (2004), comeou a migrao
de antigos programas para o Programa Bolsa Famlia. Esses programas so: Bolsa
Escola e Bolsa Gs comearam a transferir-se para o Bolsa Famlia, e ainda nos dias
atuais esto acontecendo migraes. O programa tem como objetivo as famlias
consideradas na pobreza extrema, at mesmo na misria, gerando assim uma justia
social (SANTANA, 2007).
Com a Constituio de (1988) at (2003) com a criao do Bolsa Famlia, o Brasil vem
trabalhando polticas para a proteo social de seus cidados. A Carta Magna de
(1988) trouxe uma igualdade social para polticas de Educao, Sade e Previdncia,
reconhecido o direito de aposentadoria aos trabalhadores rurais. A carta trouxe ainda
o Benefcio de Prestao Continuada (BPC), que se constituiu o direito a uma renda
aos idosos e portadores de deficincia em situao de extrema pobreza. No ano de
(2003) foi estabelecido criado o Programa Bolsa Famlia tendo a Secretaria Nacional
de Renda de Cidadania (SENARC), do (MDS) o rgo responsvel pelo programa. A
SENARC estabelece os critrios que deve ser seguido pelo programa, prope
oramento anual, clculos e estimativas; porm quem processa as informaes a
Caixa Econmica Federal atravs do Cadastro nico que a base de toda informao
necessria (SOARES; STYRO, 2009).
Em anlise de artigo publicado muitos fatores externos influenciam no estado
nutricional de crianas e adolescentes usurios do Programa Bolsa Famlia. A
condio scia econmica, moradia, escolaridade das mes, peso ao nascer,
aleitamento materno e alimentao so fatores importantes e determinantes do estado
nutricional; como tambm as regies Brasileiras foram demonstradas nesse estudo
com excesso de peso para o Nordeste e Sudeste variando na regio Norte e Sul. O
estado nutricional tem sido observado em crescente ndice de obesidade e no de
desnutrio; sendo assim as famlias beneficirias do PBF quando aumentam suas
rendas tem acesso a mais alimentos de baixa qualidade nutricional, indicando que a
educao e conhecimento nutricional deficiente entre esses (OLIVEIRA; CRISPIM;
LIBERALINO, 2014).
2.3.1.4 Impactos do Programa no Brasil
Desde a criao do PBF em 2003, que beneficiava 3.615,596 famlias, o programa
tem alcanado grandes nmeros entre os estados brasileiros. Em um ano elevou-se
esse nmero para o dobro e em 2006 alcanaram-se 11,1 milhes de famlias; que
eram inicialmente o objetivo do Governo Federal, sendo gerado cerca de 9 milhes
anuais gastos com o programa. Na Regio Sudeste em 2004 o programa alcanava
722,762 famlias sendo 39,615 no Esprito Santo; e em 2006 eram contempladas
77.873.120 famlias, com 3.351,669 no Esprito Santo; tendo como impacto entre as
regies brasileiras, a regio Nordeste com 2,1 milhes em 2003 para 5,6 milhes em
2008. Dentre esses nmeros se destaca o Sudeste com 2 milhes de famlias
carentes, no que se conhece esta regio em propores populacional a maior do
Brasil e est em segundo lugar em quantidades de pessoas pobres e extremamente
pobres no pas.
Em conformidade com este artigo existem muitas desigualdades de renda entre os
estados e regies brasileiras, tendo o Sul e Norte, seguidos por Gois que onde se
encontram os menos desiguais. Ainda nesse estudo os autores concluram que nem
todos os estados obtiveram melhoras significativas.
Existem inmeros ndices de desigualdade com propriedades matemticas
desejveis. Uma das mais importantes dessas propriedades que o ndice
deve ser sensvel a mudanas em toda a distribuio de renda. Por exemplo,
medidas como a razo das rendas dos 20% mais pobres e dos 20% mais
ricos insensvel a mudanas nos 60% do meio. O ndice de desigualdade
com boas propriedades matemticas, mais utilizados na literatura sem
dvida o coeficiente de Gini, cuja fcil interpretao grfica lhe presta um
apelo intuitivo que os outros ndices com propriedades matemticas
equivalentes no tm. O ndice de Gini varia de 0 a 1 (SATYRO; SOARES,
2009).
Dentre as maneiras de se estabelecer uma linha de pobreza em determinada
populao em um pas, a primeira denominada pobreza relativa, na qual o ndice
muito abaixo da mdia em que uma sociedade define como insatisfatria; a segunda
seria a pobreza absoluta onde se entende que a renda mdia estaria abaixo do
necessrio para aquisio de bens essenciais vida. Esses clculos so variveis em
diferentes regies do Brasil, em diferentes zonas (rural ou urbana) e em diferentes
valores de custo alimentar e estimativos de padres de consumo. No que diz respeito
composio de renda familiar, em primeiro lugar est o trabalho, seguido de
aposentadorias e penses, e em terceiro lugar os rendimentos que inclui as
transferncias de renda aqui denominado BF (SCHWARTZMAN, 2006).
2.3.1.5 Condicionalidades do programa
As famlias participam do programa logo aps serem cadastradas no Cadastro nico
para programas sociais do Governo Federal (Cad-nico), que ser a identificao de
cada famlia. Aps a anlise as famlias tero direito ao recebimento atravs da Caixa
Econmica Federal, e os valores esto entre 70,00 $ a 306,00 $ (valores referentes a
2011) de acordo com o nmero de crianas e adolescentes at 17 anos e conforme a
renda de cada membro na famlia; estando divididos entre quatro modalidades
conforme a seguir: Benefcio Bsico, para famlias extremamente pobres com renda
de at 70,00 % por pessoa; Beneficio Varivel, para as famlias que tenham crianas
e adolescentes de at 15 anos ou gestantes e nutrizes, no valor de 32,00 por pessoa
com limite de no mximo 5 pessoas; Benefcio Varivel Vinculado ao Adolescente
(BVJ) de 16 e 17 anos frequentando a escola, no valor de 38,00 por pessoa; e
Benefcio Varivel de carcter extraordinrio concedidos a famlias que vieram de
outros programas e obtiveram perdas financeiras de acordo com o( MDS), sendo este
valor calculado caso a caso (ROSA, 2011).
Dentre as condicionalidades do programa, encontra-se a frequncia de crianas nas
escolas, acompanhamento do estado nutricional atravs de consultas mdicas e a
participao nas aes educacionais relacionadas a nutrio e consumo de alimentos.
O acompanhamento nutricional das famlias feito atravs das unidades bsicas de
sade em cada municpio e os dados monitorados pelo Sistema de Vigilncia
Alimentar e Nutricional (SISVAN), que repassa esses dados ao MS e devem chegar a
Braslia e serem processados e cruzados com dados do PBF para que sejam
comprovadas as condicionalidades de cada famlia usuria (DEBA, 2014).
Os descumprimentos nas condicionalidades acarretam uma advertncia no primeiro
registro, bloqueio do benefcio no segundo registro, suspenso no terceiro e quarto
registros e cancelamento com desligamento no quinto registro (FAVA, 2010).
2.3.1.6 Condicionalidades e nveis de governo
De acordo com o decreto 5.209/04, art.13: Cabe aos Estados juntamente com a Unio
e Municpios o fazer cumprir e acompanhar as condicionalidades propostas pelo
programa. O programa obedece ordem de eixos, que compreende como sendo o
primeiro eixo para pobres e extremamente pobre; o segundo eixo para garantia aos
direitos de acesso aos servios pblicos bsicos de sade, educao e sociais e o
terceiro eixo se realiza por meio de aes regulares para as famlias que recebem os
benefcios, com intuito de melhora na distribuio da renda para levar essas famlias
a superao econmica e social dentro da vulnerabilidade em que se encontram
(FAVA, 2010).
O programa BF no Brasil tem um diferencial se comparado a outros programas de
transferncia de renda em outros pases que so:
(1) a utilizao da renda autodeclarada como critrio de elegibilidade; (2) a
existncia de um benefcio bsico para as famlias extremamente pobres,
independente da existncia de mulheres grvidas ou crianas na famlia; (3)
e a descentralizao da execuo e do monitoramento dos 32 processos
relacionados s condicionalidades, que, em sua maioria, so de
responsabilidade dos governos municipais (SOARES; RIBAS; OSRIO,
2010).
Para que os Municpios, Estados e Distrito Federal tenham qualidade para gerir o
programa, a Lei n 10.836 estabelece ndice de Gesto Descentralizada (IGD) para
medir a qualidade da gesto do programa em cada esfera, onde utilizado o valor
mnimo de 0.55 no IGD a partir da mdia aritmtica dos proponentes que so divididos
em: Taxa de Cobertura Qualificada de Cadastros, Taxa de Atualizao Cadastral, Taxa
de Acompanhamento da Frequncia Escolar e Taxa de Acompanhamento da Agenda
de Sade; sendo que a portaria estabelece que para receberem os recursos os
municpios precisam atingirem a mdia mnima de 0.60 no IGD (FAVA, 2010).
2.3.1.7 Consumo de alimentos entre os usurios do programa bolsa famlia
Segundo estudos cientficos os hbitos alimentares vm sofrendo grande variao e
mudana desde a dcada de 1970 e o consumo de gorduras e acares tem
aumentado seu ndice em relao aos alimentos mais saudveis como as frutas e as
hortalias. Nese contexto observa-se que os alimentos base de acares e gorduras
so mais baratos que outros alimentos mais saudveis que so as frutas, legumes e
hortalias; e os usurios do BF esto dentro desse contexto. Acredita-se que as
famlias ao aumentarem suas rendas aumentam tambm o consumo de alimentos
industrializados e de baixo ou nenhum valor nutricional como as balas, biscoitos,
doces e chocolates. Sendo assim apostaramos numa mudana se tivssemos uma
educao nutricional adequada junto s condicionalidades do programa (SALDIVA;
SILVA; SALDIVA, 2010).
Em estudo apresentado por Cota, 2013, chegou-se a concluso que crianas usurias
do PBF e no usurias, no tiveram grandes diferenas no consumo de alimentos
com baixo ndice nutricional; porm as crianas de famlias inseridas no PBF tiveram
um ndice de risco trs vezes maior no consumo de guloseimas.
Segundo dados encontrados em pesquisa recente h evidente necessidade de
programas de transferncia de renda para auxiliar famlias consideradas em situao
de vulnerabilidade; sendo que essa condio leva essas pessoas a apresentarem alto
ndice de desnutrio entre as crianas e adolescentes. Entre os adultos foram
demonstrados ainda um importante fator que contribui para o aumento de peso na
vida adulta e alteraes metablicas advindas da condio nutricional precria e
balano energtico positivo levando a um aumento de peso na vida adulta em especial
entre as mulheres. Esse estudo comparou dois grupos compreendidos entre famlias
usurias e no usurias do PBF, e concluiu que entre as famlias usurias o ndice de
sobrepeso foi maior por causa da aquisio de alimentos de baixo valor nutricional e
de alto ndice glicmico; levando assim os indivduos a uma m alimentao e com
grande contribuio para o aumento de peso (CABRAL, 2013).
Em outro estudo realizado pode-se observar que o estado nutricional demonstrado na
desnutrio ou na obesidade esto intimamente associados a pobreza, a baixa
escolaridade e a idade; sendo que aumentando a idade aumenta-se tambm o peso,
constituindo-se fator elevado de risco para doenas Cardiovasculares (DE LIMA;
ROBERTO; DIAS, 2011).
No estudo apresentado por Cota e Machado o Programa Bolsa Famlia foi responsvel
por uma melhora significativa e bastante positiva para a aquisio de alimentos nas
famlias beneficiadas, sendo que aumentaram as quantidades de alimentos
comprados por essas famlias e consequentemente menor necessidade alimentar;
embora no tenha se apresentado melhora nos ndices nutricionais entre os usurios.
Os autores concluem ainda que os programas de transferncia de renda podem
contribuir para uma melhora nutricional quando vem acompanhado de educao
nutricional, suplementao de vitaminas, alimentao escolar, programas que
formalizem a melhoria ao acesso ao trabalho por parte das famlias e ainda um apoio
governamental maior em relao a agricultura familiar (COTA; MACHADO, 2013).
Em estudo realizado por Cota e Machado os beneficirios do PBF tiveram um aumento
no acesso aos alimentos adquiridos, porm no necessariamente na qualidade
nutricional de tais alimentos. Ainda assim os autores encontraram em sua pesquisa
uma melhora significativa no estado nutricional dos usurios do programa. Em outro
estudo brasileiro o autor afirma que apesar da melhoria nas condies financeira de
adquirir alimentos entre os usurios do PBF, existe a evidncia que h um aumento
no consumo de acares, carboidratos simples e alimentos industrializados, que so
potencialmente perigosos para os ndices de hipertenso, diabetes, obesidade e
doenas cardiovasculares; onde se conclui que importante associar o benefcio do
PBF com aes de educao e avaliao nutricional entre as famlias beneficirias
(COTTA; MACHADO, 2013).
Segundo pesquisa realizada por Menezes, o consumo de alimentos sendo avaliado
por regies Brasileiras; elevou-se em mais de 50% na maioria dos alimentos
pesquisados. Avaliou-se nessa pesquisa um total de 12 itens, onde 9 destes mostrou-
se com alterao significativa. Dentre as avaliaes os acares tiveram seu maior
percentual com 78%. A regio Nordeste apresentou seu maior ndice em todos os
grupos alimentares, excluindo somente o leite e derivados com menor consumo. Os
Centro-oestes Oestes e Nortes apresentaram o menor consumo; o Sul apresentou
leve mudana no consumo de legumes e verduras, e o Sudeste apresentou melhoras
e aumento no consumo de leites e derivados (MENEZES et al., 2008).
2.4 O MUNICPIO DE SERRA
O Municpio de Serra era habitado no litoral em torno do ano de 1535 pelos ndios
Tupiniquins. No ano de 1556, vieram do Rio de Janeiro os ndios Temimins, tendo o
padre jesuta, Braz Loureno e o Chefe Indgena Maracajaguau (Gato Grande), como
fundadores nas proximidades do Mestre lvaro, a Aldeia de Nossa Senhora da
Conceio, sendo estabelecido as bases de colonizao de uma regio que
posteriormente seria a cidade de Serra. Maracajaguau (Gato Grande) funda nas
proximidades do Mestre lvaro, a Aldeia de Nossa Senhora da Conceio.
Figura1- Mapa do muncipio da Serra
Fonte: IBGE, 2010.
A regio passou a chamar-se Serra pela presena do monte Mestre lvaro que tem
aparncia com uma cadeia de montanhas. O municpio passou ento a categoria de
cidade em 1875, tendo sua economia em uma primeira fase com a produo rural de
mandioca, caf, cana de acar, cereais e extrao de madeiras. Em 1960 foi
implantado o Porto de Tubaro, o Centro Industrial Metropolitano de Vitria (CIVIT I)
e da Companhia Siderrgica de Tubaro (CST), mudou o municpio de rural para
urbano, tendo 118 bairros em toda sua extenso. A Serra considerada o municpio
de maior populao da regio da Grande Vitria, com 70,4% em idade ativa (SERRA,
2012).
A Serra possua uma populao de 409,324 habitantes em 2010 e atualmente estima-
se uma populao com 494,109 habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATSTICA, 2010).
2.4.1 A sade na Serra
O municpio de Serra tem atualmente uma estrutura de sade com 29 Unidades de
Ateno Primria a Sade (UAPS), 2 Unidades de Pronto Atendimento (UPA), 6
Unidades Regionais de Sade (URS) e 1 unidade com funcionamento itinerante;
registrando assim um total de 38 unidades de Sade em todo o municpio. A Serra tem
atendimentos em todos os setores de sade locais com urgncias e outros
agendamentos (SERRA, 2015).
2.4.1.1 Programa Bolsa Famlia na Serra
Um total de 35 unidades de sade em Serra; fazem o atendimento da populao
inserida no PBF, gerando 4.431 (quatro mil, quatrocentos e trinta e um) atendimentos
no municpio; incluindo atendimento ao pblico na idade da adolescncia. Dentre os
grupos avaliados ainda so atendidas crianas, gestantes e idosos. Os usurios do
servio contam com quatro nutricionistas que trabalham nas unidades regionais de
sade e fazem este atendimento na forma de agenda com encaminhamento do
mdico clnico das unidades bsicas de sade (SERRA, 2015).
3 METODOLOGIA
3.1 DESENHO DO ESTUDO
Pesquisa longitudinal, exploratria, descritiva de base documental. Este estudo
caracterizado como quantitativo, pois envolveu mensurao de variveis pr-
determinadas e anlise objetiva dos dados coletados.
Para realizao deste trabalho foram realizadas buscas na internet em trabalhos
cientficos e banco de dados do sistema Nacional do Ministrio da Sade.
3.2 AMOSTRA
Esta pesquisa trata-se de um estudo de natureza documental secundria com o
objetivo de obterem-se dados atuais de como o Programa Bolsa Famlia e a influncia
nas famlias dos adolescentes que esto inclusos neste benefcio. No desenvolver
desse estudo pretende-se entender a questo bsica das necessidades humanas, do
direito alimentao bsica adequada ao indivduo e situao problemtica
alimentar e nutricional como um direito universal (JUNIOR; CASTILHO, 2011).
A pesquisa bibliogrfica feita a partir de pesquisas anteriores e dados devidamente
registrados por seus pesquisadores. Na pesquisa documental utilizam-se fontes de
documentos como: filmes, fotos, jornais e documentos legais, que trazem dados
registrados, porm sem anlise; onde o pesquisador ir trabalhar sua investigao e
anlise futura (CORTEZ, 2007).
A pesquisa descritiva com amostra quantitativa em sua totalidade sendo explorado
banco de dados do Sistema SISVAN Municpio de Serra e no Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica (IBGE), em unidades de Sade