Clotilde rato

Post on 10-Jul-2015

553 views 4 download

Transcript of Clotilde rato

Reportagem Especial2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, QUINTA-FEIRA, 05 DE MAIO DE 2011

Tensão ere c l a m a ç ã ode estudantesno colégio

A tensão entre os alunos da Es-cola Estadual de Ensino MédioClotilde Ratto, no Bairro de Fáti-ma, na Serra, era visível na manhãde ontem.

Uma estudante contou que du-rante o recreio houve um princí-pio de tumulto. “Muitas pessoasviram o revólver e ficaram commedo, pois não sabiam qual era aintenção dele. Outras queriam sa-ber o que estava acontecendo.”

Enquanto falavam sobre o susto,os estudantes reclamavam da faltade infraestrutura e segurança nocolégio e no entorno.

“É muito difícil ver a PatrulhaEscolar aqui. Essa semana mesmoquebraram os vidros do carro deuma professora. Ela ficou muitonervosa, chorou. A escola estáabandonada de várias formas”,contou um aluno de 17 anos, estu-dante do 2º ano do ensino médio.

De acordo com ele, além da inse-gurança, alunos precisam convi-ver com a falta de estrutura.

“As telhas estão caindo, paredesmofadas. Quando chove, as salasficam todas alagadas. Estamostendo aulas improvisadas no labo-ratório de química da escola”, afir-mou.

Alguns contaram que fizeramaté vídeos, pelo celular, mostrandoalagamentos devido às chuvas dasemana passada.

B U R AC OUma situação que chama a aten-

ção da escola é um buraco queexiste em uma parede e que dáacesso a um terreno baldio, quetambém tem mato.

Enquanto a reportagem de ATr i b un a esteve na escola, váriosalunos tentaram fugir do local pas-sando pela abertura.

Do lado de fora, também erapossível ouvir músicas de funk quevinham do interior da instituiçãode ensino.

“Isso ocorre sempre, os alunoscolocam funk na maior altura nosintervalos e até dentro das salas deaula. Os professores até pedem pa-ra parar, mas quem vai bater defrente? Isso é perigoso”, ressaltouuma aluna de 16 anos, estudantedo 1º ano do ensino médio.

FÁBIO NUNES/AT

TERRENO BALDIO atrás da escola

INSEGURANÇA NAS ESCOLAS

Aluno leva revólver pararecreio e é desarmadoO estudante de16 anos foi flagradopor coordenadora,mas depois arrombouarmário, pegou a armae fugiu do colégio

Eliane ProscholdtÉrica VazFrancine Spinassé

Um aluno de 16 anos levouum revólver para uma esco-la estadual no Bairro de Fá-

tima, na Serra, mas foi desarmadopor uma coordenadora na hora dorecreio. Porém, minutos depois,conseguiu fugir levando a arma.

O caso aconteceu na Escola Es-tadual de Ensino Médio ClotildeRatto, na manhã de terça-feira.

Alunos disseram à reportagemde A Tribuna que o adolescente játinha exibido o revólver dentro dasala de aula e, posteriormente, le-vou a arma para o recreio, deixan-do-a cair no chão.

Uma professora que estava nolocal chamou a coordenadora. An-tes dela chegar, o estudante pegoua arma, mas foi contido pela coor-denadora, que pegou o revólver e olevou para a sala do diretor. A Polí-cia Militar foi acionada.

A Secretaria de Estado da Edu-cação (Sedu) garantiu que nãohouve luta entre a coordenadora eo aluno. Informou ainda que existeuma orientação para que professo-res, ao ver algo suspeito, chamem acoordenação. Isso para preservar o

FÁBIO NUNES/AT

ESTUDANTES da escola no Bairro de Fátima contaram que ficaram assustados com a ação do col e ga

D E P O I M E N TO S

“Ele queria se exibir”“O menino que trouxe a arma é

meio marrento e gosta de man-dar nos outros. Ele trouxe a armapara se exibir, não foi para fazermal a alguém da escola.

Na fuga, os vigilantes da escolatentaram correr atrás dele, semsucesso. Fugir dessa escola émuito fácil. Tem um buraco nomeio da parede e um portão bai-xo, que dá para pular. ”

Aluna de 17 anos

Pais podem ser punidos, diz políciaFERNANDO RIBEIRO/AT

O DELEGADOWe l i n g t o nLugão disseque paisp o d e rã ore s p o n d e rpor crime deomissão decautela

“A estrutura é precária”“Ninguém quer ficar nessa es-

cola, estudar aqui. A estrutura éprecária, as salas ficam alaga-das quando chove, o reboco doteto está caindo. As aulas sãoem locais improvisados.

A falta de segurança é apenasum dos vários problemas. A es-cola está abandonada.”

Aluno de 16 anos

profissional e os alunos.

V E R S Õ ESHá duas versões sobre como o

aluno pegou a arma e fugiu. Estu-dantes disseram que o menor en-trou na sala da direção e arrombouo armário onde o revólver tinha si-do colocado.

Armado, ele pulou um portãoque fica nos fundos da escola, atrásda quadra esportiva, e que dá aces-

so a um terreno baldio, e fugiu an-tes da chegada da polícia.

Já a Sedu negou o arrombamen-to. Disse que a arma foi colocadaem cima de uma mesa na direção eque foram conversar com o ado-lescente, que falou que o revólverera de brinquedo.

Outros detalhes da conversa nãoforam revelados.

Ainda segundo a Sedu, enquantoo aluno era acompanhado para fo-

ra da sala da direção, ele virou ra-pidamente, pegou a arma e fugiu.

Segundo a Sedu, não deu tempode checar se a arma era de brin-quedo. Isso será investigado pelapolícia. Porém, uma funcionáriaestranhou o peso do revólver.

A coordenadora registrou o casona Delegacia de André Carloni, naSerra. O delegado Maurício GarciaVieira informou que o aluno cursao 1º ano do ensino médio.

Assim como o estudante que le-vou arma para escola, os pais tam-bém podem ser punidos. O alerta édo delegado Welington de SouzaLugão, da Delegacia do Adoles-cente em Conflito com a Lei (Dea-cle), que vai investigar o caso.

Se ficar configurado que os paissabiam da arma ou foram negli-gentes e facilitaram o acesso doadolescente ao revólver, eles pode-rão responder por crime de omis-são de cautela. A punição é de de-tenção de um a dois anos e multa.

Além dos pais, que serão ouvi-dos, o delegado vai intimar a coor-denadora e o diretor da escola.

“O adolescente, acompanhadodo responsável legal, terá que ex-plicar como pegou a arma, se elaestava escondida, se estava muni-ciada e qual sua intenção. Tambémvamos investigar se houve arrom-bamento. Imagino que se real-mente isso aconteceu, a arma erade verdade”, disse o delegado.

Ele explicou que tem sido co-mum casos como esse, em que alu-

nos levam armas para o colégio.Nos últimos meses, foram mais de10 ocorrências, sendo a maioria derevólveres calibre 38 e 32.

“Os motivos são variados. Al-guns querem se exibir, mostrarsensação de poder. Outros alegamque estão armados para se defen-der de gangues. Há aqueles que sematriculam como um álibi, pois

andam de uniforme para não cha-mar a atenção, mas o objetivo éroubar. Há aqueles que vão arma-dos para a escola para se vingar.”

O delegado destacou ainda quelevar uma arma para a escola é cri-me. “No caso do adolescente, euapreendo todos. O tempo dependedo juiz, mas pode ser de 45 dias atétrês anos, se ele for reincidente.”