Post on 18-Apr-2020
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
Siderley de Souza Carneiro
CÂNCER DE COLO UTERINO - DIFICULDADES E NOVAS PERSPECTIVAS NO DIAGNÓSTICO DAS LESÕES PRECURSORAS
Orientador: Prof Dr. Joaquim Caetano de Almeida Netto Co-orientadora: Profa. Dra. Marise Amaral Rebouças Moreira
Dissertação de Mestrado
Goiânia – GO, 2003
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
Siderley de Souza Carneiro
CÂNCER DE COLO UTERINO - DIFICULDADES E NOVAS PERSPECTIVAS NO DIAGNÓSTICO DAS LESÕES PRECURSORAS
Orientador: Prof Dr. Joaquim Caetano de Almeida Netto Co-orientadora: Profa. Dra. Marise Amaral Rebouças Moreira
Dissertação submetida ao CPGMT/IPTESP/UFG como requisito parcial para obtenção do grau de mestre na área de concentração de Doenças Infecciosas e
Parasitárias
Goiânia – GO, 2003
Dedico a Deus, que em sua palavra me sustentou. “Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.” Isaías, 40; 30-31
Também a minha mulher e meu filho pela paciência e incentivo, aos meus pais pelo apoio e dedicação
Agradecimentos
À Profa. Dra. Marise Amaral Rebouças Moreira, pelo apoio diário, na redação e inúmeras correções dos manuscritos. Ao Dr. Joaquim Caetano de Almeida Netto, pela maneira tranqüila com que dirige o trabalho até que os objetivos sejam atingidos. Ao Dr. Venâncio Avancini Alves, que realizou toda a imunohistoquímica do trabalho em seu serviço. Ao professor William R. J. Schaper (professor Bill) pela correção do texto em Inglês. À professoras doutoras Mariane Martins Araújo Stefani, Marise Amaral Rebouças Moreira e Regina Bringel Araújo Martins, pelas valiosas correções e sugestões por ocasião da qualificação da tese. À Fátima, Conceição, Ivanilde, Ana Kárita e Rosane, pela grande contribuíção no corte e coloração de lâminas, localizando blocos e em várias outras atividades.
ÍNDICE
Resumo 1
Abstract 2
Justificativa Apresentação
3 4
Artigo 1 – HPV e câncer do colo uterino Resumo Introdução O HPV Tipos de HPV HPV como agente etiológico do câncer cervical Mecanismos de oncogênese e o HPV Diagnóstico laboratorial da infecção por HPV e câncer cervical Diagnóstico precoce e estratégias de prevenção do câncer cervical Diagnóstico clínico baseado em técnicas de visualização Diagnóstico histopatológico e suas limitações Vacina O novo Papanicolaou Conclusão Abstract Referências bibliográficas
6 7 8 11 11 13 16 17 21 22 23 25 27 29 31
Artigo 2 - Hybrid Capture versus histopathologic diagnosis of cervical lesions in a routine clinical setting - Improving diagnostic accuracy with p16ink4 and MIB-1
Resumo Summary Introduction Material and Methods Results Discussion References
47 48 49 51 54 56 65
Considerações finais Referências bibliográficas
68 69
ÍNDICE DE TABELAS, QUADROS E FIGURAS
Artigo 1 – HPV e câncer do colo uterino
Quadro 1 - Características das principais técnicas de biologia molecular para diagnóstico de infecção por HPV.
Figura 1 - O genoma do HPV 16
30 10
Artigo 2 - Hybrid Capture versus histopathologic diagnosis of cervical lesions in a routine clinical setting - Improving diagnostic accuracy with p16ink4 and MIB-1
Table 1 - Histological diagnoses correlated with hybrid capture results. Table 2 - p16ink4 immunohistochemistry and histologic diagnoses. Table 3 - p16ink4 immunohistochemistry and Hybrid capture results in cases with IC. Table 4 - MIB-1 immunohistochemistry and histologic diagnoses. Figure 1 - Biopsy showing slight nuclear enlargement and perinuclear halos. No unquestionable change that could allow a diagnosis of LGSIL (a). P16ink4 was positive in one area of the biopsy(b). This case was positive for HR-HPV.
60 61 62 63 64
RESUMO
O câncer de colo uterino é um dos bons exemplos em oncologia, de
neoplasia prevenível, pela favorável combinação: órgão acessível e longo
período pré-invasor da neoplasia. Grandes programas de triagem populacional
e tratamento das lesões precursoras levaram a drástica redução na incidência
dessa neoplasia. Mesmo assim, o câncer cervical representa ainda cerca de
12% de todos os tumores femininos. Além da citologia, há várias
possibilidades de diagnóstico precoce, baseadas na pesquisa viral, por técnicas
como a captura híbrida. Da mesma forma, o conhecimento crescente a respeito
da oncogênese viral vem fornecendo oportunidades excelentes para aplicação
de novos marcadores a espécimes de biópsia e citologia. Entre eles têm
destaque o p16ink4, a ciclina E e o MIB-1. A vantagem desses marcadores
sobre a detecção viral resulta de sua capacidade de indicar transformação
celular produzida pelos oncogenes virais. Na segunda parte do presente
trabalho, os marcadores p16ink4 e MIB-1 foram aplicados em uma série de
biópsias e os resultados confirmaram a sua grande utilidade na elucidação
diagnóstica em casos de dúvida, dessa forma aumentando a sensibilidade da
biópsia. Em casos de lesões pre-neoplásicas em que a pesquisa viral foi
negativa, a positividade para esses marcadores corroborou o diagnóstico
histológico de lesão de alto grau, afastando a possibilidade de fatores de
confusão, como regenereção epitelial. Por outro lado, em casos cuja biópsia
apresentava alterações discretas, isuficientes para um diagnóstico de lesão pré-
neoplásica, a positividade para o p16ink4 teve forte correlação com o resultado
de pesquisa positiva para HPV do grupo de alto risco.
1
ABSTRACT
Cervical cancer is a good example in oncology of a preventable neoplasm.
This is the result of a favorable combination of an accessible target organ and
a relatively long pre-invasive period. Large screening programs resulted in
drastic reduction of cervical cancer incidence. However, it still comprises
12% of female cancers. Aside cytology, there are many other tests that allow
an early diagnosis, especially those based on molecular biology. Accordingly,
the growing knowledge of the oncogenic mechanisms provide excellent
opportunities for development of new markers the can be applied on biopsy
and cytology specimens, including p16ink4 and MIB-1. Their advantage over
viral detection results from their capacity of indicating cellular transformation
induced by viral oncogenes and not only viral presence. As part of this work,
p16ink4 and MIB-1 were applied in a series of biopsies and the results
confirmed their great utility allowing a more accurate diagnosis in cases of
difficulty and increasing the sensitivity of biopsy. In cases of pre-neoplastic
lesions in which the viral test was negative, positivity for these ruled out the
possibility of overdiagnosing a reactive lesion as a high-grade lesion. In cases
in which the biopsy showed slight changes, insufficient for a diagnosis of an
intraepithelial lesion, p16ink4 positivity had a strong correlation with a positive
viral test for high-risk HPV.
2
JUSTIFICATIVA O câncer do colo uterino é uma neoplasia ainda bastante freqüente em todo o
mundo, sendo a segunda mais freqüente em mulheres no Brasil, atrás apenas
do câncer de mama (Curado 2000). Diferente da grande maioria das
neoplasias, o câncer cervical tem um agente etiológico reconhecido – o
papilomavírus humano (HPV) (Walboomers et al. 1999, Munoz 2000). Além
disso, o processo neoplásico até o surgimento da doença invasora, percorre um
caminho, na maioria das vezes longo e relativamente bem conhecido (Stoler
2000). Esse processo começa com a infecção viral, que, em uma pequena
parcela dos casos, se torna persistente e, em alguns desses, pode levar a uma
transformação celular, traduzida por alterações morfológicas (nessas células
transformadas) que são reconhecidas na citologia e em material de biópsia
como lesões pré-neoplásicas. O tempo entre o surgimento das lesões pré-
neoplásicas e o desenvolvimento da neoplasia invasora pode variar bastante.
Embora na maior parte dos casos seja de poucos anos, em alguns casos pode
chegar a décadas (Crum 2000).
Diante desse quadro poder-se-ia imaginar que dispomos de elementos
suficientes para atingir um nível de controle eficaz do câncer cervical.
Entretanto, a realidade é ainda bastante diferente. Embora nos países
desenvolvidos amplos programas de prevenção, baseados em triagem
citológica e tratamento das lesões pré-neoplásicas, tenham reduzido
drasticamente a incidência dessa neoplasia, ela ainda leva à morte milhares de
mulheres todos os anos, sobretudo nos países em desenvolvimento. Como
agravante, uma pequena parcela dessas mulheres é submetida a exames
citológicos periódicos (Koss 1989). Paradoxalmente, entre outros fatores, a
redução do número de casos de câncer tornou mais evidente a limitação da
3
citologia, uma vez que se provou ser falsa a idéia difundida de que a
realização do exame de prevenção periódico garantiria total segurança de
ausência de câncer. Ganharam então grande enfoque os falsos-negativos da
citologia, que podem chegar a 20% para um único exame citológico. Isso,
entretanto não leva em conta que cada exame anual é um evento isolado. Em
conseqüência, em uma população alvo apropriada, o risco de se perder uma
alteração grave em três exames anuais consecutivos é de aproximadamente
1% (Stoler 2000).
APRESENTAÇÃO
No primeiro artigo, a história da prevenção do câncer cervical é rapidamente
lembrada, desde a introdução do método citológico pelo Dr. Georges
Papanicolaou, nos anos 20, até a descoberta do HPV como agente etiológico
nos anos 80. São apontadas ainda as conseqüências que o conhecimento de
uma etiologia viral têm gerado no desenvolvimento de novas técnicas para o
diagnóstico precoce e são discutidos os principais pontos de dificuldade
diagnóstica e as limitações dos principais métodos diagnósticos disponíveis.
O segundo artigo avaliou uma dessas novas técnicas, a captura híbrida (CH),
que é um teste de biologia molecular de alta sensibilidade para detecção do
HPV, comparando os seus resultados com os achados histopatológicos. Ao
mesmo tempo, marcadores imunohistoquímicos (p16ink4 e MIB-1) foram
empregados em algumas dessas biópsias, com a finalidade de avaliar a sua
importância, principalmente nos casos de dificuldade diagnóstica e naqueles
em que houve discordância entre os resultados da biópsia e da pesquisa viral.
Foi observada uma sensibilidade menor da CH, nas condições do trabalho.
4
Um dos principais fatores associados a essa menor sensibilidade foi o fato de,
em alguns dos casos, a CH ter sido realizada após a biópsia. Os marcadores
imunohistoquímicos, p16ink4 e MIB-1, mostraram-se úteis nos casos de lesão
de alto grau negativos para HPV de alto-risco, tendo sido positivos em todos
os 3 casos em que esses marcadores foram empregados. Esse fato é de
importância, uma vez que lesões de alto grau podem ser de difícil diagnóstico
diferencial com alterações regenerativas, atrofia e/ou inflamação (Jovanovic et
al. 1995, De Vet et al. 1990-1992). O p16ink4 mostrou-se valioso ainda em
casos com alterações discretas na biópsia. Nesses casos, a positividade para
esse marcador apresentou forte correlação com positividade para HPV de alto-
risco na CH.
5
HPV e câncer do colo uterino*
Siderley de Souza Carneiro1, Marise Amaral Rebouças Moreira2 e Joaquim
Caetano de Almeida Netto3
Resumo
O câncer de colo uterino é um dos raros exemplos, de neoplasia
prevenível. Desde a década de 20, quando o Dr. Georges Papanicolaou criou a
citologia, amplos programas de triagem populacional e tratamento de lesões
precursoras, levaram a drástica redução na incidência dessa neoplasia. Esse
avanço, todavia, não foi suficiente para impedir que o câncer de colo uterino
represente ainda cerca de 12% de todos os tumores femininos. A existência de
agente etiológico viral bem definido, o HPV (papilomavirus humano) e o
grande avanço recente da biologia molecular, têm proporcionado novas
possibilidades de diagnóstico precoce, baseado na pesquisa viral, por novas
técnicas como a captura híbrida. Também bastante promissora é a
possibilidade de desenvolvimento de uma vacina anti-HPV eficaz, para os
próximos anos.
* Submetido à Revista de Patologia Tropical para publicação.
Unitermos: Câncer de colo uterino. papilomavirus humano. Oncogênese.
Prevenção e controle.
1 - Mestrando em Medicina Tropical, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da
UFG-GO.
2. Professora Doutora, Chefe do Departamento de Patologia e Imagenologia da FM-UFG.
3. Professor Doutor, do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical IPTSP - UFG.
Endereço para correspondência: Av. Tocantins, 1293, Setor Aeroporto, CEP 75075-100
Goiânia - Goiás - Brasil
6
INTRODUÇÃO
O câncer de colo uterino é uma neoplasia que ainda apresenta um
impacto devastador em todo o mundo (12% de todos os tumores femininos),
com uma incidência de mais de 500.000 casos anuais [85], situando-se em
segundo lugar como câncer mais fatal, ainda é o mais importante em alguns
países em desenvolvimento. Em vários países, inclusive no Brasil, o
carcinoma de colo uterino deixou de ser o câncer mais freqüente (posição
ocupada pelo carcinoma mamário) graças à implantação de programas de
prevenção baseados na triagem citológica em massa da população e
tratamento das lesões precursoras (Instituto Nacional do Câncer – INCA
2002).
Em Goiânia o carcinoma mamário ultrapassou em freqüência o câncer
cervical a partir de 1992 [21]. De acordo com os dados mais recentes
disponíveis, o coeficiente de incidência bruto de câncer de colo uterino em
1997 foi de 19,47 por 100.000 habitantes, tendo sido responsável por 69
mortes no mesmo ano [21].
A grande maioria dos cânceres cervicais é representada por carcinomas
escamosos. Dentre os carcinomas não escamosos (CNE), os principais tipos
são adenocarcinomas, tumores de colisão (adenocarcinoma associado a
carcinoma escamoso) e carcinomas adenoescamosos [14, 90]. Os CNE em
Goiás nos últimos 15 anos têm mantido uma freqüência constante de 12% dos
carcinomas de colo operados no Hospital Araújo Jorge (hospital de câncer), o
que representa aproximadamente um caso novo a cada 20 dias (Moreira,
comunicação pessoal).
7
O câncer cervical tem algumas características peculiares em relação a
outros tipos de neoplasia. A primeira delas é o fato de ser uma doença de
longa evolução, podendo ser detectada em fases precoces, antes de apresentar
todas as propriedades que definem o fenótipo maligno (invasão e metástase)
[20, 85]. A segunda característica é a existência de um agente etiológico
infeccioso conhecido, o papilomavírus humano (HPV) [58, 96]. Essas
peculiaridades proporcionam oportunidade única em relação à prevenção
dessa doença. A citologia vaginal (Papanicolaou) é um dos recursos mais
importantes já disponibilizados em medicina preventiva. Este teste foi criado
pelo médico grego Georges Papanicolaou, e é considerado um dos avanços
mais significativos no controle de câncer, tendo contribuído para reduzir em
mais de 70%, em alguns países, a mortalidade por câncer de colo uterino [37].
É um método simples e de baixo custo, capaz de diagnosticar as lesões
precursoras do câncer cervical, as quais podem ser tratadas e eliminadas antes
de evoluir para neoplasia invasora [95]. A existência de um agente etiológico
viral implica também na possibilidade de aplicação de outros métodos
diagnósticos específicos, baseados na pesquisa de DNA viral [86], bem como
na perspectiva do desenvolvimento de uma vacina [46].
O HPV
O HPV possui como genoma uma molécula de DNA de fita dupla,
circular, com aproximadamente 8000 nucleotídeos. É um vírus pequeno, com
cerca de 55 nm de diâmetro [82].
O genoma viral apresenta oito a dez genes e uma região não codificante
(NCR – non-coding region). Duas proteínas que compõem o capsídeo são
8
codificadas por genes das chamadas regiões tardias, L1(“L”do Inglês Late) a
principal e L2 a secundária. A região E (“E”do Inglês early) apresenta os
genes E1, E2, E4, E5, E6 e E7 que codificam as respectivas proteínas (Fig. 1)
[11] .
Os papillomavirus infectam apenas os humanos. O vírus exibe também
tropismo tecidual, infectando quase exclusivamente epitélios escamosos,
como a pele e as mucosas [93].
Quando o HPV é transmitido, ele entra nas células epiteliais pela camada
basal e produz duas categorias de alterações epiteliais que são importantes
para a classificação diagnóstica. A primeira alteração é o efeito citopático
viral, ou coilocitose, que ocorre nas células maduras, terminalmente
diferenciadas e incapazes de se dividir. Esse efeito é resultado da ocorrência
do ciclo de replicação viral, e é facilitado pela maturação epitelial. A segunda
alteração é uma anormalidade no crescimento e diferenciação celulares, que
tem origem nas células basais e parabasais, com capacidade de multiplicação
[20].
9
Figura 1. O genoma do HPV 16 [93].
Os genomas de HPV podem ser encontrados como epissomos no núcleo
de células infectadas, que não apresentam alterações morfológicas. Entretanto,
em algumas lesões de baixo grau e na maioria das lesões de alto grau,
incluindo câncer, os genomas de HPV são integrados ao da célula hospedeira
[50]. A ruptura da região E1-E2 resulta em expressão aumentada e
estabilização dos transcritos de E6 e E7 e é necessária para a integração do
genoma viral [41].
10
Tipos de HPV
Somente quando técnicas de biologia molecular tornaram-se disponíveis,
os diferentes tipos de HPV puderam ser identificados. Estes diferem não
apenas em suas seqüências genômicas, mas também pelas manifestações
clínicas que produzem. Alguns tipos têm maior tendência para infectar a pele
e outros as mucosas; apenas um limitado número é considerado como de
potencial oncogênico [11].
Em 1995, no “Workshop” internacional sobre HPV, foi definido o
critério atualmente aceito para caracterização de novos tipos de HPV. Uma
diferença maior que 10% na região L1 do genoma permite a classificação de
um tipo diferente de HPV [5, 48]
Até hoje mais de 120 tipos de HPV foram identificados [34]. Apesar do
grande número de tipos virais, apenas um limitado número (cerca de 40) é
considerado como de importância, por infectar o trato anogenital e ser
encontrado em carcinomas. Os principais vírus nessa categoria são os tipos 16,
18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 58, 59 e 69, considerados de alto risco para
câncer cervical. Os tipos 6 e 11 são encontrados em verrugas genitais
(condiloma acuminado), constituindo o grupo considerado de baixo risco [48]
HPV como agente etiológico do câncer cervical
É antiga a idéia de que o câncer cervical esteja associado a agentes
infecciosos, uma vez que, epidemiologicamente, a doença comporta-se como
sexualmente transmissível. Um dos primeiros agentes infecciosos implicados
foi a trichomonas vaginalis [77], isso na década de 60. Nos anos 70 o vírus do
11
herpes simples foi considerado um carcinogênico cervical [4]. No final da
década de 70, início dos anos 80, o HPV começou a ser incriminado na gênese
do câncer de colo uterino, em parte devido ao surgimento de técnicas de
biologia molecular que permitiram sua identificação [53, 89].
Em 1995, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC),
reconheceu que havia evidências suficientes para categorizar os HPVs tipo 16
e 18 como carcinogênicos humanos, sendo as evidências existentes ainda
insuficientes para se concluir a respeito de outros subtipos de HPV [58]. O
Estudo Biológico Internacional em Câncer Cervical, realizado em 1999, que
utilizou material coletado em 22 países, relatou uma prevalência mundial de
93% de HPV nos cânceres cervicais invasores. O estudo afirma ainda que a
negatividade de 7% dos casos poderia ter sido decorrente tanto da ausência de
HPV, quanto de resultado falso negativo dos testes. Quando a reação em
cadeia de polimerase (PCR) foi realizada nos casos em que havia disponível
material congelado do câncer cervical, a positividade para HPV-DNA foi de
99,7%. Esse dado permitiu que se afirmasse que o HPV é, definitivamente, um
agente necessário para a carcinogênese cervical [96].
A infecção por HPV é bastante freqüente em mulheres com menos de 25
anos. Na grande maioria, porém, o vírus é eliminado em uma média de 8
meses. Essa eliminação é conseqüência da resposta imunológica que também
leva à regressão espontânea de mais de 80% das lesões de baixo grau em
menos de 2 anos. Em alguns casos, entretanto, o vírus persiste e é a
persistência viral o fator isolado mais importante relacionado a progressão da
infecção para lesão de alto grau [69]. Mesmo assim, apenas uma fração das
pacientes com infecção persistente pelo HPV desenvolve câncer cervical,
indicando que o vírus sozinho, sem a participação de outros fatores (co-
fatores) não é suficiente para causar câncer do colo uterino. Entre esses co-
12
fatores incluem-se: multiparidade [59], tabagismo [3, 54], uso de
anticoncepcionais [75], deficiências nutricionais, co-infecção por chlamydia
trachomatis [76] e outros.
Mecanismos de oncogênese e o HPV
As células cancerosas, crescem de maneira desregulada, em
conseqüência da aquisição seqüencial de mutações somáticas em genes que
controlam o crescimento e a diferenciação celulares ou que mantêm a
integridade do genoma [19]. As mutações podem ser produzidas por agentes
ambientais (radiação e produtos químicos) ou por elementos produzidos
durante o metabolismo celular normal (radicais livres derivados do oxigênio).
Embora o mecanismo mais comum de mutagênese provavelmente esteja
relacionado com erros espontâneos na replicação e reparo do DNA, a maioria
desses erros não tem conseqüência importante. Por sua vez, os agentes que
produzem mutações em genes regulatórios são potencialmente
carcinogenéticos. Esses genes, que são os principais envolvidos na patogenia
do câncer, são os oncogenes, genes supressores de tumores (anti-
oncogenes) e genes que regulam a apoptose [71].
Oncogenes são derivados de proto-oncogenes, genes celulares que
promovem o crescimento e o desenvolvimento normais. Quando, por
exemplo, uma seqüência de DNA viral é inserida próximo ao proto-oncogene,
ele pode ser convertido em um oncogene celular. O produto de um oncogene é
a oncoproteína. As oncoproteínas são semelhantes ao produto normal dos
proto-oncogenes, exceto por não terem papel regulatório importante e por sua
produção não depender de fatores celulares ou outros sinais externos, não
13
sendo assim controlada por mecanismos de retroalimentação [9]. Alguns
exemplos de oncogenes são as ciclinas e as cinases dependentes de ciclinas,
que são proteínas que estimulam a progressão do ciclo celular [19].
Enquanto os proto-oncogenes codificam proteínas que promovem
crescimento, os anti-oncogenes têm ação antagônica, sendo responsáveis por
interromper o crescimento celular. Exemplos dessa categoria são o gene do
retinoblastoma e o gene p53 (o mais freqüente alvo de alteração genética em
tumores humanos) [66]. A perda de função desses genes é um evento essencial
na oncogênese humana. O gene do retinoblastoma codifica uma proteína
(pRb) que constitui uma barreira no ciclo celular, na passagem da fase G1 para
a fase S [106]. Já o p53 é responsável pelo policiamento constante da célula,
aumentando rapidamente a expressão da proteína p53 quando há agressão ao
material genético, estimulando a expressão de uma série de genes que
medeiam tanto a paralisação do ciclo celular, como a indução da apoptose e o
reparo do DNA [66].
Por último, entre os genes que regulam a apoptose, destacam-se os
genes bcl-2, c-myc e bax. O bcl-2 inibe a apoptose, enquanto o bax e o c-myc
a estimulam [26, 66, 100].
A ação oncogênica dos HPVs de alto risco é decorrente da síntese de
algumas proteínas, que são chamadas oncoproteínas virais, com destaque para
E6 e E7. A oncoproteína E5 parece não ter papel na oncogênese humana, uma
vez que não é expressa nos tumores, devido à ruptura do genoma viral, quando
ele se torna integrado aos cromossomas celulares. Apesar disso, as ações
celulares da proteína E5 podem ser fundamentais na preparação para a
transformação celular, quando então as funções das proteínas E6 e E7,
tornam-se mais importantes [52]. Essas duas oncoproteínas possuem
atividades estimuladoras de crescimento e de transformação celular,
14
interferindo com a ação de alguns dos genes citados anteriormente. As
proteínas E6 e E7 são consistentemente expressas em células malignas de
canceres cervicais que carregam HPV-DNA. Elas são capazes de imortalizar
células humanas, agindo cooperativamente ou mesmo individualmente [57,
107].
A proteína E6 tem a capacidade de ligar-se à proteína p53, degradando-a
e assim desempenhando ação anti-apoptótica [27]. Ela também pode levar a
instabilidade cromossômica e potencializar a integração de DNA viral e a
mutagenicidade [36, 98]. Já a proteína E7 tem capacidade de ligar-se à
proteína do retinoblastoma, inativando-a e liberando a ação do E2F, que é
ativador de promotores de genes que codificam sinais positivos de
crescimento celular, como c-myc e n-myc [32]. O resultado é a liberação da
ação estimuladora dos produtos desses genes sobre a progressão do ciclo
celular. A E7 também é capaz de ativar a transcrição do E2F de maneira
independente da proteína do retinoblastoma e de ativar as ciclinas E e A [40],
além de poder levar a super-expressão das proteínas p16 [43] e p73 [10].
Outra possível ação da proteína E7 seria a de inibir, em camundongos, a ação
de células T CD8+ [91], contra células epiteliais infectadas. De fato, o HPV
parece ter uma grande capacidade de evitar ou subverter a resposta imune do
hospedeiro [92].
Apesar de todos os avanços no conhecimento, a patogênese molecular do
câncer causado pelos HPVs de alto risco ainda não é completamente
conhecida. Muitas lacunas no conhecimento devem ser preenchidas até a
completa elucidação dos mecanismos de oncogênese do HPV.
15
Diagnóstico laboratorial da infecção por HPV e câncer cervical
A grande importância de se diagnosticar a infecção por HPV decorre, de
seu papel, hoje reconhecido, como agente etiológico do câncer cervical. Dessa
forma, o diagnóstico da infecção não pode ser separado do diagnóstico da
neoplasia. Esse diagnóstico pode ser feito clinicamente, naqueles poucos casos
em que a infecção produz lesões macroscópicas, como o condiloma em um
extremo, e o carcinoma invasor no outro. Os principais métodos laboratoriais
disponíveis são a citologia, a histopatologia e os métodos de biologia
molecular. A imunohistoquímica e a sorologia têm pouca aplicação na prática
clínica atualmente [12].
Quando o Dr. Georges Papanicolaou criou a citologia, no final da década
de 20, seu objetivo era apenas avaliar as alterações endócrinas no trato genital
feminino [84]. O primeiro diagnóstico citológico de câncer foi feito, por
acaso, em 1925, em uma funcionária do “New York Women’s Hospital” [63].
Naquela época, ele não podia imaginar o enorme potencial do método que
acabara de criar. Esse método permite, além do diagnóstico de câncer, a
identificação do efeito citopático do HPV (coilocitose) e, ainda, o que é mais
importante, das transformações celulares pré-neoplásicas causadas pelos
HPVs oncogênicos. Como o HPV é encontrado em praticamente todos os
casos de carcinoma ou de lesões pré-neoplásicas, um diagnóstico citológico de
carcinoma ou de lesão intra-epitelial significa, também, em um diagnóstico de
infecção por HPV [105].
A histopatologia permite um diagnóstico preciso das lesões pré-
neoplásicas. Existem, entretanto, lesões de difícil interpretação. Essas são
principalmente as que exibem alterações discretas, ou que se apresentam
associadas a atrofia ou regeneração epitelial [42, 67].
16
Além desses métodos convencionais, há vários métodos de biologia
molecular disponíveis como “Southern blotting”, “dot blot”, hibridização “in
situ” com filtro (FISH), hibridização “in situ’, PCR e captura híbrida. Os dois
últimos apresentam alta sensibilidade e especificidade, embora a PCR
apresente ainda problemas em relação à padronização da técnica e à
automação (Quadro I). Por permitirem a tipagem viral, essas técnicas têm
contribuído muito na identificação dos tipos virais considerados de alto risco,
ou seja, aqueles encontrados em carcinomas [87]. A captura híbrida é capaz
ainda de determinar a carga viral. Uma alta carga viral é associada a maior
risco de desenvolvimento de lesão intraepitelial e câncer [87].
Diagnóstico precoce e estratégias de prevenção do câncer cervical
Não existem dúvidas de que programas de prevenção bem organizados,
baseados em citologia, têm sido efetivos em reduzir a incidência de câncer
cervical e a mortalidade dele advinda. Há um potencial de redução de
incidência de 60-90%, em 3 anos após o início da triagem e tratamento das
lesões pré-neoplásicas [1, 22, 72]. Todavia, o grande sucesso e a drástica
redução da incidência do câncer cervical, trouxeram consigo uma
conseqüência paradoxal. Passaram a merecer a atenção, não apenas do meio
médico, mas também da imprensa leiga, os casos falsos negativos da citologia
[45]. Há relatos de 47% de cânceres invasores em mulheres com triagem
citológica aparentemente adequada [72]. Uma redução ainda maior na
incidência da doença provavelmente requeira a adoção de um conjunto de
17
medidas que possibilitem uma identificação mais acurada das lesões
precursoras.
A eficiência dos métodos de biologia molecular e sua conveniência,
levaram muitos a considerar seriamente sua utilização (principalmente a
captura híbrida) em programas de prevenção de câncer cervical, até mesmo
com potencial para substituir a triagem citológica [47]. A favor dessa opinião
estão relatos de que a detecção de HPV-DNA em pacientes com citologia
normal, principalmente a infecção persistente por HPV do grupo de alto risco,
estaria associada a um risco relativo aumentado de câncer cervical, em relação
a controles com citologia e HPV-DNA negativos [97, 103]. Uma carga viral
elevada estaria associada a um risco maior de lesões intraepiteliais [87].
Estudos epidemiológicos demonstram que um teste positivo para HPV-DNA
de alto-risco é o fator de risco independente mais poderoso para o
desenvolvimento de lesões intraepiteliais e câncer invasor [49]. Os dados
indicam que um teste de HPV negativo, com sensibilidade adequada, colocaria
a paciente em um risco tão baixo que a triagem citológica não seria justificada
[31]. A captura híbrida teria a capacidade de fornecer essa segurança uma vez
que tem sensibilidade e valor preditivo negativo próximos de 100% e valor
preditivo positivo de 66,7% [49].
É certo que os métodos de biologia molecular são úteis no diagnóstico
precoce e na prevenção do câncer cervical. Seu papel, entretanto ainda está
por ser definido. Várias considerações a esse respeito devem ser feitas. Uma
delas é a de que, se por um lado, o HPV é encontrado em todos os carcinomas
e lesões precursoras, a prevalência geral do vírus na população é bastante alta
(cerca de 20% nos Estados Unidos) [85], sendo HPVs do grupo de alto risco
encontrados em até 14% de mulheres normais, ou seja, nas que não se
encontra carcinoma nem lesão pré neoplásica; portanto, se nosso objetivo final
18
é o diagnóstico de lesões pré-neoplásicas (lesões de alto grau), e não o de
infecção viral, a aplicação em massa de testes como a captura híbrida, implica
em se obter uma taxa bastante alta de falsos positivos, na medida em que
detecta até 14% de pacientes com vírus mas sem lesão [13, 47]. Essas
pacientes, além de sofrerem com o estigma de um diagnóstico de doença
sexualmente transmissível, com risco para câncer, poderiam ser levadas a
procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários, como a colposcopia
[31].
Em estudo realizado na cidade de São Paulo em 1998, incluindo 1.430
mulheres, a prevalência de HPV foi de 13,8%, pela técnica de PCR [28]. A
prevalência varia muito de acordo com a idade. Em mulheres jovens e
sexualmente ativas, HPV-DNA pode ser encontrado em até 70% das pacientes
[39]. Nessas, a maioria das infecções é transitória, nem sempre levando ao
desenvolvimento de lesões intraepiteliais e raramente levando a infecção
persistente [88, 99]. A partir dos 35 anos, a prevalência de lesões de alto grau
se reduz. Por sua vez, após os 50 anos a prevalência de infecção por HPV é
baixa. Nessa faixa etária, todavia, há alguns fatores que contribuem para
aumentar a taxa de falsos negativos da citologia [37, 49].
As propostas de utilização racional da pesquisa viral na prevenção do
câncer cervical devem levar em consideração esses fatores e, talvez, eleger
populações e situações específicas em que a citologia e a pesquisa viral
possam ser usadas em conjunto. Dentre as várias propostas estão aquelas mais
radicais, que propõem a adoção da pesquisa viral como o método único de
triagem [13, 47], até aquelas que sugerem o seu uso como método auxiliar nos
casos de dúvida na interpretação do exame citológico [6, 18] ou em mulheres
com lesões de baixo grau, direcionando à colposcopia apenas aquelas com
vírus do grupo de alto risco [2, 74].
19
Pacientes com um diagnóstico citológico de atipias escamosas de
significado indeterminado (ASCUS), são freqüentemente referidas à
colposcopia. A pesquisa viral poderia ser usada eficientemente para
encaminhar à colposcopia apenas aquelas pacientes que tivessem teste
positivo (HPV do grupo de alto risco) [78, 94] . Segundo o atual consenso, a
conduta preconizada para as pacientes com ASCUS na citologia depende de
como o teste for sub-categorizado, ou seja, células escamosas atípicas de
significado indeterminado (ASC-US), ou células escamosas atípicas não sendo
possível afastar lesão de alto grau (ASC-H). Mulheres com ASC-US,
poderiam ser conduzidas mediante um programa que consiste na coleta de
duas citologias repetidas, colposcopia imediata ou teste de DNA, sendo esse o
preferido, caso a citologia líquida tenha sido o método de triagem usado. As
pacientes com ASC-H, lesão de baixo ou alto grau, devem ser imediatamente
referidas à colposcopia [101]. Existem ainda alterações citológicas menores,
como a paraqueratose, que não são suficientes para um diagnóstico de lesão de
baixo grau, nem se enquadram nos critérios de ASC-US, mas têm sido
relacionadas a um maior índice de lesões de baixo grau na biópsia [104]. A
pesquisa viral poderia ser aplicada, auxiliando na elucidação desses casos, que
são freqüentes na prática diária.
Um trabalho com metodologia de simulação em computador, com base
em dados da história natural do câncer cervical, concluiu que o máximo em
ganho de anos de vida com o menor custo seria conseguido combinando-se
triagem por pesquisa viral e citologia a cada 2 anos, sem limite superior de
idade. Esse mesmo trabalho afirma ainda que se o preço da captura híbrida
fosse reduzido a U$5, ela passaria a ser o método de eleição [51]. Um
problema em relação ao mesmo trabalho, foi o fato de ter considerado o
20
diagnóstico de ASCUS como negativo, o que reduz bastante a sensibilidade da
citologia, favorecendo ao mesmo tempo a pesquisa viral.
Diagnóstico clínico baseado em técnicas de visualização
Há vários métodos propostos para auxiliarem na triagem do câncer
cervical, com a finalidade de diminuir o número de falsos negativos pela
citologia. Entre esses estão, desde os mais simples como a inspeção visual
direta (IVD), até métodos complexos capazes de melhorar a visualização
direta do colo como a cervicografia, ou métodos biofísicos como a sonda polar
(polarprobe) [68].
A IVD consiste em lavar o colo uterino com uma solução de ácido
acético (vinagre) e então inspecioná-lo a olho nu, ou com uma lente de
aumento, na tentativa de identificar áreas aceto-brancas, que freqüentemente
correspondem a lesões intraepiteliais. Esse método está sendo avaliado como
uma alternativa à citologia em regiões com baixos recursos financeiros.
Alguns trabalhos têm mostrado uma sensibilidade semelhante à da citologia,
mas com baixa especificidade [102]. A cervicografia é uma fotografia
padronizada do colo uterino, que fornece duas imagens que são analisadas em
centros de referência por colposcopistas especializados. Os estudos que a
avaliaram apontam sensibilidade maior que a da citologia [17, 62]. Outro
método de visualização direta é a especuloscopia. Essa é uma variação da
colposcopia que combina a aplicação de ácido acético e uma luz
quimioluminescente azul-branca, para exame do colo. Há relatos de que
associada à citologia, a especuloscopia aumente a detecção de lesões cervicais
[8]. A sonda polar (polarprobe) é um dispositivo portátil optoeloetrônico, que
diferencia tecidos com base em suas características elétricas e ópticas. O
21
dispositivo é aplicado diretamente ao colo e a leitura é feita com o auxilio de
um computador portátil [68]. Há poucos trabalhos disponíveis mas que
apontam razoável concordância com a colpohistologia [16, 79].
O diagnóstico histológico e suas limitações
A histologia é considerada a base para o tratamento e seguimento de
alterações identificadas pela citologia, além de representar o padrão ouro nos
estudos de patologia cervical. Entretanto, vários fatores contribuem para a
ocorrência de variações diagnósticas entre observadores, principalmente nos
casos com alterações mais discretas [65]. Em um estudo de 124 espécimes de
biópsia, avaliadas por 5 patologistas, o diagnóstico variou de benigno a
displasia em 52% dos casos [33]. Alguns dos fatores que contribuem para essa
variação são a aplicação inconsistente de critérios diagnósticos e a existência
de alterações que simulam lesões pré-neoplásicas glandulares e escamosas
[24, 25, 70]. Tem sido proposta a utilização de marcadores biológicos: Ki-67,
ciclina E e p16ink4 [65, 73], para auxiliar na classificação das lesões cervicais
pré-neoplásicas e sua distinção das alterações epiteliais não neoplásicas. Esses
marcadores têm como vantagem sobre a detecção viral o fato de apontarem
transformação celular e não apenas infectação viral. O antígeno de
proliferação celular Ki-67, identificado pelo anticorpo MIB-1, é capaz de
realçar células em atividade de replicação. Ele é normalmente expresso em
células das camadas basal e parabasal do epitélio escamoso. Em epitélios
displásicos, entretanto, pode haver células positivas em camadas mais
superficiais [65]. Por sua vez, a super-expressão do p16ink4 (um inibidor de
cinase dependente da ciclina) parece ser um bom marcador de ativação
22
desregulada induzida pelos oncogenes E6-E7 do HPV [43]. A oncoproteína
E7 inativa o pRb, que é inibidor da transcrição do gene p16ink4 , levando assim
a sua super-expressão [44]. A utilização desses marcadores pode ser de grande
utilidade, nos casos de dúvida diagnóstica, com vantagens sobre a detecção
viral por métodos como a CH, que, se usada com essa finalidade, teria que ser
colhida após a realização da biópsia. No trabalho que avaliou a concordância
entre os resultados da CH e de biópsias (segundo artigo dessa dissertação), o
principal fator associado à CH negativa em pacientes com diagnóstico
histológico de LIE, foi o fato de o material para a CH ser colhido após a
realização da biópsia. A detecção viral por PCR não teria essa limitação, por
poder ser aplicada ao material do bloco de parafina. Seu custo, todavia, é
bastante superior ao dos marcadores imunohistoquímicos.
Vacina
Uma vacina anti-HPV eficaz, virtualmente eliminaria a necessidade de
um programa de triagem citológica ou por outros métodos. Esse seria um
exemplo único na medicina de vacina contra câncer. Um dos fatores limitantes
para o desenvolvimento de tal vacina era a falta de uma fonte abundante de
antígenos virais, uma vez que não há um sistema apropriado de se cultivar o
HPV. Hoje, entretanto, através de métodos recombinantes são produzidas as
proteínas L1 e L2 do capsídeo viral [15, 29, 30, 38, 56]. Embora todas as
proteínas virais tenham potencial para serem usadas em uma vacina, essas
duas seriam capazes de evocar a produção de anticorpos neutralizantes. Uma
vacina composta pela proteína principal L1 do capsídeo viral está atualmente
em teste (fase I e II).
23
Recentemente foi encontrada, em doadores de sangue saudáveis, alta
freqüência de células T-helper de memória específicas para a proteína E2 do
HPV, sugerindo que um “boosting” dessa imunidade poderia ser usado com
finalidades terapêuticas ou preventivas [23].
Vacinas baseadas nas oncoproteínas E6 e E7 provaram ser imunogênicas,
mas a sua eficácia não pode ainda ser demonstrada em ensaios clínicos [81].
Vacinas baseadas nessas proteínas tem a finalidade de induzir resposta imune
citotóxica CD8+ que lisa células infectadas ou suprime expressão de RNA
viral. Em um estudo pré-clínico, modelos de tumores expressando HPV 16
foram eliminados com uma vacina baseada em peptídios longos derivados da
proteína E7 [108].
Uma vacina contra o HPV 16 foi testada em um grupo de 2.392 mulheres
jovens nos Estados Unidos. Metade das pacientes recebeu a vacina e a outra
metade placebo. Entre as mulheres que receberam apenas placebo, a
incidência de infecção persistente pelo HPV 16 foi de 3,8 por 100
mulheres/ano, enquanto que no grupo que recebeu a vacina a incidência foi 0
(eficácia de 100%) [46].
Esses avanços e o grande esforço que ainda vem sendo empreendido,
indicam que o desenvolvimento de uma vacina anti-HPV pode ser uma
perspectiva real em um futuro próximo. Caso isso se concretize, poder-se-á
considerar seriamente a possibilidade de que um dia o câncer de colo uterino
seja erradicado.
24
O novo Papanicolaou
O exame de Papanicolaou permanece praticamente sem inovações
técnicas desde sua introdução, apesar de tentativas de melhora da técnica
citológica, como: o uso de produtos que causam despolimerização química do
muco cervical [83]; um método de sedimentação por velocidade [61] ou outro
por lavagem em pulso [60]. Há cerca de dez anos, surgiu a técnica da citologia
baseada em meio líquido, em que o material colhido com uma escova é
colocado em um líquido preservativo. Uma monocamada de células é então
depositada na lâmina a partir de uma suspensão. O esfregaço preparado por
essa técnica teria melhor representatividade, com menos material de fundo na
lâmina, o que facilitaria a avaliação. Tudo isso tornaria a análise mais
confiável e rápida por parte do pessoal do laboratório [35]. Entre os produtos
atualmente disponíveis no mercado estão: AutoCytePrep, CYTOSCREEN,
LABONORD, ThinPrep e Dna Citoliq.
A citologia líquida tem ganhado cada vez mais espaço, sendo utilizada
em larga escala em alguns centros. Sua avaliação, entretanto, em comparação
com a citologia convencional, ainda é motivo de discussão, com seus
defensores fervorosos e os céticos [55]. A citologia é um método de triagem
de câncer cervical. O melhor parâmetro para avaliação de uma nova técnica de
triagem de câncer, seria estabelecer se a mesma é capaz de levar a redução da
incidência, morbidade e/ou mortalidade pela neoplasia. Se essas informações
ainda não estão disponíveis, então outras podem ser utilizadas, como melhora
na sensibilidade, com detecção de mais lesões precursoras. Isso, entretanto, só
levaria a melhora das medidas de resultado anteriormente citadas, se a
detecção adicional resultar em tratamento precoce, em um intervalo que
25
reduza a incidência, a morbidade e/ou a mortalidade. Não pode ser
automaticamente inferido que detecção mais precoce resulte em melhora nas
medidas de resultado [64]. Outros fatores a serem considerados são a melhora
na especificidade (que diminuiria a necessidade de repetição dos testes) e a
diminuição no tempo de exame das lâminas.
Não há ainda na literatura estudos randomizados que incluam o câncer
invasor ou a mortalidade como parâmetros de avaliação [64]. A maioria dos
estudos compara a sensibilidade da citologia em meio líquido com a
convencional, usando a avaliação histológica como padrão ouro. Existem,
entretanto, algumas evidências de que a citologia líquida possa reduzir a
proporção de espécimes inadequados, melhorar a sensibilidade do teste e
reduza o seu tempo de interpretação [80]. Os estudos usando modelos em
computador, sugerem que a citologia líquida, por essas vantagens acima
referidas, possa contribuir para o diagnóstico precoce e assim reduzir a
incidência de câncer invasor [64]. Esse método oferece ainda a possibilidade
de utilização de marcadores como o p16ink4 ao material citológico nos casos de
dificuldade diagnóstica [7].
26
Conclusão
O conhecimento a respeito do câncer de colo uterino e de seu agente
etiológico, o HPV, avançou de maneira impressionante nos últimos anos,
principalmente em decorrência da utilização de técnicas de biologia
molecular. Entretanto, um exame simples, barato e com mais de 50 anos - a
citologia - permanece como o principal avanço até hoje, no combate a essa
doença, tendo reduzido dramaticamente sua incidência e mortalidade.
Infelizmente, não foi suficiente para eliminá-la. Entretanto, a maior parte dos
cânceres cervicais nos Estados Unidos não ocorre em mulheres que realizam
citologias periódicas, como parte de um programa de prevenção regular. Por
esse motivo, mesmo naquele país, a utilização de métodos de triagem mais
sensíveis, ou mesmo a melhora da sensibilidade da citologia, teria efeito
limitado e apenas sobre essa parcela menor da população [85]. Em países
como o Brasil, uma fração ainda menor da população é adequadamente triada.
Dessa maneira, os recursos escassos destinados aos programas de prevenção,
talvez fossem melhor aproveitados se destinados à triagem da população pela
citologia convencional, que é ainda o método mais barato e de comprovada
eficácia na redução da mortalidade advinda do câncer cervical (por permitir o
tratamento das lesões pré-neoplásicas). Já o emprego em massa de testes de
biologia molecular, em uma população como a do Brasil, provavelmente
retornaria um número tão grande de resultados positivos, que a sua
investigação diagnóstica consumiria boa parte dos recursos disponíveis à
saúde pública. Cumpre ressaltar que, em uma grande parcela das pacientes
com teste de detecção viral positivo e que, por esse motivo, forem submetidas
a todo o processo de investigação diagnóstica (citologia, colposcopia e
biópsia, por exemplo), nenhuma lesão seria encontrada. A citologia em meio
27
líquido poderá ser uma alternativa excelente, caso sua técnica seja barateada.
Ela tem como uma de suas vantagens unir o melhor das duas técnicas,
permitindo a realização da CH e de marcadores imunohistoquímicos (como o
p16ink4) nos casos de dúvida na interpretação citológica, sem a necessidade de
nova coleta.
O diagnóstico histopatológico das lesões pré-neoplásicas, que é a
principal referência para a orientação da conduta terapêutica e representa o
padrão ouro em estudos que avaliam outros métodos diagnósticos, apresenta
dificuldades na interpretação para as quais nem sempre os patologistas e
outros especialistas estão alertas. Nessas situações de dificuldade, o emprego
de marcadores imunohistoquímicos, como o p16ink4 e o Ki-67 (MIB-1),
poderia aumentar a acurácia diagnóstica do exame histopatológico.
Por outro lado, o desenvolvimento de uma vacina contra o HPV é uma
perspectiva real para os próximos anos, o que seria um marco na história do
combate ao câncer, estando as populações mais pobres certamente entre as
mais beneficiadas.
28
Abstract
Cervical cancer is a good example in oncology, of a preventable
neoplasm. Since 1920, when Dr. Georges Papanicolaou created cytology,
large screening programs largely reduced its incidence. Even though, cervical
cancer still represents 12% of all female tumors. The well established viral
etiology (HPV - human papillomavirus) and the great advances in molecular
biology, provide new possibilities of better and earlier diagnosis through viral
detection, by techniques such as hybrid capture. Very promising is the anti-
HPV vaccine, a new weapon expected for the next coming years.
29
Quadro I: Características das principais técnicas de biologia molecular
para diagnóstico de infecção por HPV.
Baixa sensibilidade e/ou especificidade:
♦ Hibridização “in situ”
♦ FISH
♦ Dot Blot
♦ Captura híbrida I
Execução complexa e/ou baixo potencial para execução automatizada:
♦ Hibridização “in situ”
♦ FISH
♦ Southern blot
♦ Captura híbrida I
Alta sensibilidade e especificidade:
♦ PCR
♦ Captura híbrida II
Adequada para aplicação automatizada e em larga escala:
♦ PCR (primers de consenso)
♦ Captura híbrida II
30
Referências Bibliográficas 1. Screening for squamous cervical cancer--the duration of low risk
following negative results in cervical cytology test: introduction. IARC
Working Group on Cervical Cancer Screening. IARC Sci Publ: 15-24,
1986
2. Human papillomavirus testing for triage of women with cytologic
evidence of low-grade squamous intraepithelial lesions: baseline data
from a randomized trial. The Atypical Squamous Cells of Undetermined
Significance/Low-Grade Squamous Intraepithelial Lesions Triage Study
(ALTS) Group. J Natl Cancer Inst 92: 397-402, 2000
3. Acladious NN, Sutton C, Mandal D, Hopkins R, Zaklama M and
Kitchener H. Persistent human papillomavirus infection and smoking
increase risk of failure of treatment of cervical intraepithelial neoplasia
(CIN). Int J Cancer 98: 435-9, 2002
4. Aurelian L. Herpesvirus hominis: from latency to carcinogenesis? Johns
Hopkins Med J Suppl 2: 245-66, 1973
5. Barrasso R. [HPV viral typing]. Gynecol Obstet Fertil 28: 189, 2000
6. Bergeron C, Jeannel D, Poveda J, Cassonnet P and Orth G. Human
papillomavirus testing in women with mild cytologic atypia. Obstet
Gynecol 95: 821-7, 2000
7. Bibbo M, DeCecco J and Kovatich AJ. P16INK4A as an adjunct test in
liquid-based cytology. Anal Quant Cytol Histol 25: 8-11, 2003
31
8. Boselli F, De Martis S, Rivasi F, Toni A, Abbiati R and Chiossi G. The
Italian experience of a Pap test and speculoscopy based screening
programme. J Med Screen 7: 160-2, 2000
9. Brandt-Rauf PW. Biomarkers of gene expression: growth factors and
oncoproteins. Environ Health Perspect 105 Suppl 4: 807-16, 1997
10. Brooks LA, Sullivan A, O'Nions J, Bell A, Dunne B, Tidy JA, Evans
DJ, Osin P, Vousden KH, Gusterson B, Farrell PJ, Storey A, Gasco M,
Sakai T and Crook T. E7 proteins from oncogenic human
papillomavirus types transactivate p73: role in cervical intraepithelial
neoplasia. Br J Cancer 86: 263-8, 2002
11. Cheah PL and Looi LM. Biology and pathological associations of the
human papillomaviruses: a review. Malays J Pathol 20: 1-10, 1998
12. Cho NH, Joo HJ, Ahn HJ, Jung WH and Lee KG. Detection of human
papillomavirus in warty carcinoma of the uterine cervix: comparison of
immunohistochemistry, in situ hybridization and in situ polymerase
chain reaction methods. Pathol Res Pract 194: 713-20, 1998
13. Clavel C, Masure M, Bory JP, Putaud I, Mangeonjean C, Lorenzato M,
Nazeyrollas P, Gabriel R, Quereux C and Birembaut P. Human
papillomavirus testing in primary screening for the detection of high-
grade cervical lesions: a study of 7932 women. Br J Cancer 84: 1616-
23, 2001
14. Clement PB and Scully RE. Carcinoma of the cervix: histologic types.
Semin Oncol 9: 251-64, 1982
32
15. Connett H. HPV vaccine moves into late stage trials. Nat Med 7: 388,
2001
16. Coppleson M, Reid BL, Skladnev VN and Dalrymple JC. An electronic
approach to the detection of pre-cancer and cancer of the uterine cervix:
a preliminary evaluation of Polarprobe. Int J Gynecol Cancer 4: 79-83,
1994
17. Costa S, Sideri M, Bucchi L, Schettino F, Maini I, Spinaci L, Bovicelli
L and Terzano P. Cervicography and HPV DNA testing as triage
criteria for patients with abnormal pap smear. Gynecol Oncol 71: 404-9,
1998
18. Costa S, Sideri M, Syrjanen K, Terzano P, De Nuzzo M, De Simone P,
Cristiani P, Finarelli AC, Bovicelli A, Zamparelli A and Bovicelli L.
Combined Pap smear, cervicography and HPV DNA testing in the
detection of cervical intraepithelial neoplasia and cancer. Acta Cytol 44:
310-8, 2000
19. Cotran RS, Kumar V, Collins T and Robbins SL, Robbins pathologic
basis of disease. 6th ed. 1999, Philadelphia: Saunders. xv, 1424.
20. Crum CP. Contemporary theories of cervical carcinogenesis: the virus,
the host, and the stem cell. Mod Pathol 13: 243-51, 2000
21. Curado MP, Câncer em Goiânia: Tendências (1988 - 1997). 1 ed. 2000,
Goiânia. 108.
22. Cuzick J, Sasieni P, Davies P, Adams J, Normand C, Frater A, van
Ballegooijen M and van den Akker E. A systematic review of the role
33
of human papillomavirus testing within a cervical screening
programme. Health Technol Assess 3: i-iv, 1-196, 1999
23. de Jong A, van der Burg SH, Kwappenberg KM, van der Hulst JM,
Franken KL, Geluk A, van Meijgaarden KE, Drijfhout JW, Kenter G,
Vermeij P, Melief CJ and Offringa R. Frequent detection of human
papillomavirus 16 E2-specific T-helper immunity in healthy subjects.
Cancer Res 62: 472-9, 2002
24. de Vet HC, Knipschild PG, Schouten HJ, Koudstaal J, Kwee WS,
Willebrand D, Sturmans F and Arends JW. Interobserver variation in
histopathological grading of cervical dysplasia. J Clin Epidemiol 43:
1395-8, 1990
25. de Vet HC, Knipschild PG, Schouten HJ, Koudstaal J, Kwee WS,
Willebrand D, Sturmans F and Arends JW. Sources of interobserver
variation in histopathological grading of cervical dysplasia. J Clin
Epidemiol 45: 785-90, 1992
26. Feuerhake F, Sigg W, Hofter EA, Unterberger P and Welsch U. Cell
proliferation, apoptosis, and expression of Bcl-2 and Bax in non-
lactating human breast epithelium in relation to the menstrual cycle and
reproductive history. Breast Cancer Res Treat 77: 37-48, 2003
27. Finzer P, Aguilar-Lemarroy A and Rosl F. The role of human
papillomavirus oncoproteins E6 and E7 in apoptosis. Cancer Lett 188:
15-24, 2002
28. Franco E, Villa L, Rohan T, Ferenczy A, Petzl-Erler M and
Matlashewski G. Design and methods of the Ludwig-McGill
34
longitudinal study of the natural history of human papillomavirus
infection and cervical neoplasia in Brazil. Ludwig-McGill Study Group.
Rev Panam Salud Publica 6: 223-33, 1999
29. Garnett GP and Waddell HC. Public health paradoxes and the
epidemiological impact of an HPV vaccine. J Clin Virol 19: 101-11,
2000
30. Gavarasana S, Kalasapudi RS, Rao TD and Thirumala S. Prevention of
carcinoma of cervix with human papillomavirus vaccine. Indian J
Cancer 37: 57-66, 2000
31. Giard RW and Coebergh JW. [Population screening for cervical cancer;
eventual gain not expected to increase by testing for papillomavirus].
Ned Tijdschr Geneeskd 144: 1664-8, 2000
32. Gonzalez SL, Stremlau M, He X, Basile JR and Munger K. Degradation
of the retinoblastoma tumor suppressor by the human papillomavirus
type 16 E7 oncoprotein is important for functional inactivation and is
separable from proteasomal degradation of E7. J Virol 75: 7583-91,
2001
33. Grenko RT, Abendroth CS, Frauenhoffer EE, Ruggiero FM and Zaino
RJ. Variance in the interpretation of cervical biopsy specimens obtained
for atypical squamous cells of undetermined significance. Am J Clin
Pathol 114: 735-40, 2000
34. zur Hausen H. Papillomaviruses Causing Cancer: Evasion From Host-
Cell Control in Early Events in Carcinogenesis. Journal of The National
Cancer Institute 92: 690 - 695, 2000
35
35. Herbert A. Liquid-based cytology. Cytopathology 13: 382-3, 2002
36. Hickman ES, Bates S and Vousden KH. Perturbation of the p53
response by human papillomavirus type 16 E7. J Virol 71: 3710-8, 1997
37. Hill RM and Dunn PJ. On the "irreducible false negative rate" in
cervical cytology. Diagn Cytopathol 15: 184, 1996
38. Hilleman MR. Overview of vaccinology with special reference to
papillomavirus vaccines. J Clin Virol 19: 79-90, 2000
39. Ho GY, Bierman R, Beardsley L, Chang CJ and Burk RD. Natural
history of cervicovaginal papillomavirus infection in young women. N
Engl J Med 338: 423-8, 1998
40. Hwang SG, Lee D, Kim J, Seo T and Choe J. Human papillomavirus
type 16 E7 binds to E2F1 and activates E2F1-driven transcription in a
retinoblastoma protein-independent manner. J Biol Chem 277: 2923-30,
2002
41. Jeon S and Lambert PF. Integration of human papillomavirus type 16
DNA into the human genome leads to increased stability of E6 and E7
mRNAs: implications for cervical carcinogenesis. Proc Natl Acad Sci U
S A 92: 1654-8, 1995
42. Jovanovic AS, McLachlin CM, Shen L, Welch WR and Crum CP.
Postmenopausal squamous atypia: a spectrum including "pseudo-
koilocytosis". Mod Pathol 8: 408-12, 1995
43. Keating JT, Cviko A, Riethdorf S, Riethdorf L, Quade BJ, Sun D,
Duensing S, Sheets EE, Munger K and Crum CP. Ki-67, cyclin E, and
36
p16INK4 are complimentary surrogate biomarkers for human papilloma
virus-related cervical neoplasia. Am J Surg Pathol 25: 884-91, 2001
44. Klaes R, Friedrich T, Spitkovsky D, Ridder R, Rudy W, Petry U,
Dallenbach-Hellweg G, Schmidt D and von Knebel Doeberitz M.
Overexpression of p16(INK4A) as a specific marker for dysplastic and
neoplastic epithelial cells of the cervix uteri. Int J Cancer 92: 276-84,
2001
45. Koss LG. The Papanicolaou test for cervical cancer detection. A
triumph and a tragedy. Jama 261: 737-43, 1989
46. Koutsky LA, Ault KA, Wheeler CM, Brown DR, Barr E, Alvarez FB,
Chiacchierini LM and Jansen KU. A controlled trial of a human
papillomavirus type 16 vaccine. N Engl J Med 347: 1645-51, 2002
47. Kuhn L, Denny L, Pollack A, Lorincz A, Richart RM and Wright TC.
Human papillomavirus DNA testing for cervical cancer screening in
low-resource settings. J Natl Cancer Inst 92: 818-25, 2000
48. Levert M, Clavel C, Graesslin O, Masure M, Birembaut P, Quereux C
and Gabriel R. [Human papillomavirus typing in routine cervical
smears. Results from a series of 3778 patients]. Gynecol Obstet Fertil
28: 722-8, 2000
49. Lin CT, Tseng CJ, Lai CH, Hsueh S, Huang HJ and Law KS. High-risk
HPV DNA detection by Hybrid Capture II. An adjunctive test for
mildly abnormal cytologic smears in women > or = 50 years of age. J
Reprod Med 45: 345-50, 2000
37
50. Maciag PC and Villa LL. Genetic susceptibility to HPV infection and
cervical cancer. Braz J Med Biol Res 32: 915-22, 1999
51. Mandelblatt JS, Lawrence WF, Womack SM, Jacobson D, Yi B, Hwang
YT, Gold K, Barter J and Shah K. Benefits and costs of using HPV
testing to screen for cervical cancer. Jama 287: 2372-81, 2002
52. McGlennen RC. Human papillomavirus oncogenesis. Clin Lab Med 20:
383-406, 2000
53. Meisels A, Roy M, Fortier M, Morin C, Casas-Cordero M, Shah KV
and Turgeon H. Human papillomavirus infection of the cervix: the
atypical condyloma. Acta Cytol 25: 7-16, 1981
54. Moore TO, Moore AY, Carrasco D, Vander Straten M, Arany I, Au W
and Tyring SK. Human papillomavirus, smoking, and cancer. J Cutan
Med Surg 5: 323-8, 2001
55. Moseley R. Is it reality or an illusion that liquid-based cytology is better
than conventional cervical smears? Cytopathology 13: 135-6, 2002
56. Muderspach L, Wilczynski S, Roman L, Bade L, Felix J, Small LA,
Kast WM, Fascio G, Marty V and Weber J. A phase I trial of a human
papillomavirus (HPV) peptide vaccine for women with high-grade
cervical and vulvar intraepithelial neoplasia who are HPV 16 positive.
Clin Cancer Res 6: 3406-16, 2000
57. Munger K, Phelps WC, Bubb V, Howley PM and Schlegel R. The E6
and E7 genes of the human papillomavirus type 16 together are
38
necessary and sufficient for transformation of primary human
keratinocytes. J Virol 63: 4417-21, 1989
58. Munoz N. Human papillomavirus and cancer: the epidemiological
evidence. J Clin Virol 19: 1-5, 2000
59. Munoz N, Franceschi S, Bosetti C, Moreno V, Herrero R, Smith JS,
Shah KV, Meijer CJ and Bosch FX. Role of parity and human
papillomavirus in cervical cancer: the IARC multicentric case-control
study. Lancet 359: 1093-101, 2002
60. Naslund I, Auer G, Pettersson F and Sjovall K. The pulse wash
instrument. A new sampling method for uterine cervical cancer
detection. Am J Clin Oncol 9: 327-33, 1986
61. Neugebauer D, Otto K and Soost HJ. Numerical analysis of cell
populations in smear and monolayer preparations from the uterine
cervix. I. The proportions of isolated, abnormal epithelial cells in slides
from one applicator. Anal Quant Cytol 3: 91-5, 1981
62. Nuovo J, Melnikow J, Hutchison B and Paliescheskey M. Is
cervicography a useful diagnostic test? A systematic overview of the
literature. J Am Board Fam Pract 10: 390-7, 1997
63. Papanicolaou GN. New cancer diagnosis. in Proceedings of the Third
Race Betterment Conference. 1928.
64. Payne N, Chilcott J and McGoogan E. Liquid-based cytology in
cervical screening: a rapid and systematic review. Health Technol
Assess 4: 1-73, 2000
39
65. Pirog EC, Baergen RN, Soslow RA, Tam D, DeMattia AE, Chen YT
and Isacson C. Diagnostic Accuracy of Cervical Low-Grade Squamous
Intraepithelial Lesions Is Improved With MIB-1 Immunostaining. Am J
Surg Pathol 26: 70-5, 2002
66. Poliseno L, Mariani L, Collecchi P, Piras A, Zaccaro L and Rainaldi G.
Bcl2-negative MCF7 cells overexpress p53: implications for the cell
cycle and sensitivity to cytotoxic drugs. Cancer Chemother Pharmacol
50: 127-30, 2002
67. Prasad CJ, Genest DR and Crum CP. Nondiagnostic squamous atypia of
the cervix (atypical squamous epithelium of undetermined
significance): histologic and molecular correlates. Int J Gynecol Pathol
13: 220-7, 1994
68. Quek SC, Mould T, Canfell K, Singer A, Skladnev V and Coppleson M.
The Polarprobe--emerging technology for cervical cancer screening.
Ann Acad Med Singapore 27: 717-21, 1998
69. Riethmuller D, Schaal JP and Mougin C. [Epidemiology and natural
history of genital infection by human papillomavirus]. Gynecol Obstet
Fertil 30: 139-46, 2002
70. Robertson AJ, Anderson JM, Beck JS, Burnett RA, Howatson SR, Lee
FD, Lessells AM, McLaren KM, Moss SM, Simpson JG and et al.
Observer variability in histopathological reporting of cervical biopsy
specimens. J Clin Pathol 42: 231-8, 1989
71. Rubin E and Farber JL, Pathology. 3rd ed. 1999, Philadelphia:
Lippincott-Raven. xii, 1664.
40
72. Sasieni PD, Cuzick J and Lynch-Farmery E. Estimating the efficacy of
screening by auditing smear histories of women with and without
cervical cancer. The National Co-ordinating Network for Cervical
Screening Working Group. Br J Cancer 73: 1001-5, 1996
73. Schneede P. Genital human papillomavirus infections. Curr Opin Urol
12: 57-61, 2002
74. Shlay JC, Dunn T, Byers T, Baron AE and Douglas JM, Jr. Prediction
of cervical intraepithelial neoplasia grade 2-3 using risk assessment and
human papillomavirus testing in women with atypia on papanicolaou
smears. Obstet Gynecol 96: 410-6, 2000
75. Skegg DC. Oral contraceptives, parity, and cervical cancer. Lancet 359:
1080-1, 2002
76. Smith JS, Munoz N, Herrero R, Eluf-Neto J, Ngelangel C, Franceschi S,
Bosch FX, Walboomers JM and Peeling RW. Evidence for Chlamydia
trachomatis as a human papillomavirus cofactor in the etiology of
invasive cervical cancer in Brazil and the Philippines. J Infect Dis 185:
324-31, 2002
77. Sokolovskii RM, Zel'dovich DR and Kovnator B. [Trichomonas
invasion and intraepithelial cancer of the cervix uteri]. Vopr Onkol 12:
37-43, 1966
78. Solomon D, Schiffman M and Tarone R. Comparison of three
management strategies for patients with atypical squamous cells of
undetermined significance: baseline results from a randomized trial. J
Natl Cancer Inst 93: 293-9, 2001
41
79. Spitzer M. Cervical screening adjuncts: recent advances. Am J Obstet
Gynecol 179: 544-56, 1998
80. Sprenger E, Schwarzmann P, Kirkpatrick M, Fox W, Heinzerling RH,
Geyer JW and Knesel EA. The false negative rate in cervical cytology.
Comparison of monolayers to conventional smears. Acta Cytol 40: 81-9,
1996
81. Stanley MA. Human papillomavirus vaccines. Curr Opin Mol Ther 4:
15-22, 2002
82. Sterling JC and Tyring SK, HUMAN PAPILLOMAVIRUSES - Clinical
and scientific advances. 1st. ed. 2001, London: Arnold. 10 - 18.
83. Steven FS, Palcic B, Sin J and Desai M. A simple clinical method for
the preparation of improved cervical smears-approximating to
monolayers. Anticancer Res 17: 629-32, 1997
84. Stockhart CR and Papanicolaou GN. The existence of a typical estrous
cycle in the guinea pigs with a study of its histological and phisiological
changes. Am J Anat 22: 225-283, 1917
85. Stoler MH. Advances in cervical screening technology. Mod Pathol 13:
275-84, 2000
86. Stoler MH. HPV for cervical cancer screening: is the era of the
molecular pap smear upon us? J Histochem Cytochem 49: 1197-8, 2001
87. Sun CA, Liu JF, Wu DM, Nieh S, Yu CP and Chu TY. Viral load of
high-risk human papillomavirus in cervical squamous intraepithelial
lesions. Int J Gynaecol Obstet 76: 41-7, 2002
42
88. Sun XW, Kuhn L, Ellerbrock TV, Chiasson MA, Bush TJ and Wright
TC, Jr. Human papillomavirus infection in women infected with the
human immunodeficiency virus. N Engl J Med 337: 1343-9, 1997
89. Syrjanen K, Vayrynen M, Castren O, Mantyjarvi R, Pyrhonen S and
Yliskoski M. Morphological and immunohistochemical evidence of
human papilloma virus (HPV) involvement in the dysplastic lesions of
the uterine cervix. Int J Gynaecol Obstet 21: 261-9, 1983
90. Tenti P, Romagnoli S, Silini E, Zappatore R, Spinillo A, Giunta P,
Cappellini A, Vesentini N, Zara C and Carnevali L. Human
papillomavirus types 16 and 18 infection in infiltrating adenocarcinoma
of the cervix: PCR analysis of 138 cases and correlation with histologic
type and grade. Am J Clin Pathol 106: 52-6, 1996
91. Tindle RW, Herd K, Doan T, Bryson G, Leggatt GR, Lambert P, Frazer
IH and Street M. Nonspecific down-regulation of CD8+ T-cell
responses in mice expressing human papillomavirus type 16 E7
oncoprotein from the keratin-14 promoter. J Virol 75: 5985-97, 2001
92. Tindle RW. Immune evasion in human papillomavirus-associated
cervical cancer. Nature Rev Cancer 2: 59-65, 2002
93. Van Ranst M, Kaplan JB and Burk RD. Phylogenetic classification of
human papillomaviruses: correlation with clinical manifestations. J Gen
Virol 73 ( Pt 10): 2653-60, 1992
94. Vassilakos P, de Marval F, Munoz M, Broquet G and Campana A.
Human papillomavirus (HPV) DNA assay as an adjunct to liquid-based
43
Pap test in the diagnostic triage of women with an abnormal Pap smear.
Int J Gynaecol Obstet 61: 45-50, 1998
95. Vilos GA. Dr. George Papanicolaou and the birth of the Pap test. Obstet
Gynecol Surv 54: 481-3, 1999
96. Walboomers JM, Jacobs MV, Manos MM, Bosch FX, Kummer JA,
Shah KV, Snijders PJ, Peto J, Meijer CJ and Munoz N. Human
papillomavirus is a necessary cause of invasive cervical cancer
worldwide. J Pathol 189: 12-9, 1999
97. Wallin KL, Wiklund F, Angstrom T, Bergman F, Stendahl U, Wadell
G, Hallmans G and Dillner J. Type-specific persistence of human
papillomavirus DNA before the development of invasive cervical
cancer. N Engl J Med 341: 1633-8, 1999
98. Werness BA, Levine AJ and Howley PM. Association of human
papillomavirus types 16 and 18 E6 proteins with p53. Science 248: 76-
9, 1990
99. Wheeler CM, Greer CE, Becker TM, Hunt WC, Anderson SM and
Manos MM. Short-term fluctuations in the detection of cervical human
papillomavirus DNA. Obstet Gynecol 88: 261-8, 1996
100. Woodward TA, Klingler PD, Genko PV and Wolfe JT. Barrett's
esophagus, apoptosis and cell cycle regulation: correlation of p53 with
Bax, Bcl-2 and p21 protein expression. Anticancer Res 20: 2427-32,
2000
44
101. Wright TC, Jr., Cox JT, Massad LS, Twiggs LB and Wilkinson EJ.
2001 Consensus Guidelines for the management of women with
cervical cytological abnormalities. Jama 287: 2120-9, 2002
102. Wright TC, Jr., Menton M, Myrtle JF, Chow C and Singer A.
Visualization techniques (colposcopy, direct visual inspection, and
spectroscopic and other visual methods). Summary of task force 7. Acta
Cytol 46: 793-800, 2002
103. Ylitalo N, Josefsson A, Melbye M, Sorensen P, Frisch M, Andersen PK,
Sparen P, Gustafsson M, Magnusson P, Ponten J, Gyllensten U and
Adami HO. A prospective study showing long-term infection with
human papillomavirus 16 before the development of cervical carcinoma
in situ. Cancer Res 60: 6027-32, 2000
104. Zahn CM, Askew AW, Hall KL and Barth WH, Jr. The significance of
hyperkeratosis/parakeratosis on otherwise normal Papanicolaou smears.
Am J Obstet Gynecol 187: 997-1001, 2002
105. Zhang WH, Wu AR, Li JX and Lin YC. [Relation between human
papillomavirus (HPV) and cancer of uterine cervix]. Zhonghua Zhong
Liu Za Zhi 9: 433-5, 1987
106. Zheng L and Lee WH. The retinoblastoma gene: a prototypic and
multifunctional tumor suppressor. Exp Cell Res 264: 2-18, 2001
107. zur Hausen H. Papillomaviruses in anogenital cancer as a model to
understand the role of viruses in human cancers. Cancer Res 49: 4677-
81, 1989
45
108. Zwaveling S, Ferreira Mota SC, Nouta J, Johnson M, Lipford GB,
Offringa R, van der Burg SH and Melief CJ. Established human
papillomavirus type 16-expressing tumors are effectively eradicated
following vaccination with long peptides. J Immunol 169: 350-8, 2002
46
Hybrid Capture versus histopathologic diagnosis of cervical lesions in a routine clinical setting - Improving diagnostic accuracy with p16ink4 and MIB-1*
*Submetido à revista Archives of Pathology and Laboratory Medicine para publicação.
RESUMO O diagnóstico histológico das lesões intraepiteliais cervicais escamosas (LIE)
não é normalmente considerado um desafio diagnóstico de importância em
patologia cirúrgica. Estudos, entretanto, têm demonstrado baixos níveis de
concordância entre patologistas, especialmente no diagnóstico de lesões de
baixo grau.
No presente estudo, a concordância entre a captura híbrida (CH) e o
diagnóstico histológico em 162 casos de um laboratório de patologia cervical
foi avaliada. Imunohistoquímica para MIB-1 e p16ink4 foi realizada em 68
desses casos, com a finalidade de se avaliar como o emprego desses
anticorpos poderia melhorar a acurácia diagnóstica.
A CH foi positiva para HPV de alto risco (HPV-AR) em 82,4% (28/34) LIE
de alto grau, taxa essa menor que os 99,0% esperados. O p16ink4 e MIB-1
foram positivos em todas as 3 lesões de alto grau com CH negativa, em que
esses marcadores foram empregados. A CH foi positiva em 34,0% (16/47) dos
casos em um grupo com alterações histológicas insuficientes para um
diagnóstico de LIE. Nessas, a positividade para p16ink4 mostrou forte
correlação com positividade para HPV de alto risco, com 80,0% dos casos
positivos para esse marcador sendo também HPV-AR positivos (p=0,02).
A concordância entre CH e o diagnóstico histológico pode ser mais baixa na
rotina clínica do que aquela observada em condições experimentais
47
controladas. Em algumas situações, como em lesões intraepiteliais de alto grau
negativas para HPV-AR, uma coloração positiva para p16ink4 e MIB-1 pode
ajudar a eliminar dúvidas a respeito do diagnóstico correto, especialmente
naqueles casos em que alterações regenerativas e/ou atrofia são consideradas
como diagnóstico diferencial. Uma outra situação em que o uso de p16ink4
provou-se valioso foi nos casos com alterações discretas, insuficientes para
um diagnóstico de LIE. Neste grupo, positividade para p16ink4 mostrou forte
correlação com CH positiva para HPV de alto-risco.
SUMMARY Histological diagnosis of squamous intraepithelial lesions (SIL) is not usually
considered a major diagnostic challenge in surgical pathology. This
confidence is not warranted by studies that show low rates of agreement
among diagnoses of pathologists, especially in low-grade lesions.
In this study, concordance between hybrid capture (HC) and histopathological
diagnosis for 162 cases from a routine laboratory of histopathology was
assessed. Immunostains for p16ink4 and MIB-1 were performed in 68 of these
cases to verify to what extent the use of these markers could help reach a more
accurate histologic diagnosis.
Hybrid capture was positive for high-risk HPV (HR-HPV) in 82.4% (28/34)
high-grade SIL (HGSIL), which was lower than the 99% reported in the
literature. P16ink4 and MIB-1 were positive in all 3 HR-HPV negative HGSIL
in which these stains were performed. In a group of cases with slight
histologic changes, non-diagnostic of SIL, 34.0% (16/47) were HR-HPV
positive. In this group, p16ink4 positivity was strongly correlated with HR-
48
HPV, with 80% (4/5) of p16ink4 positive cases being also HR-HPV positive
(p= 0.02).
In conclusion, concordance between HC and histologic diagnosis in a routine
clinical setting can be lower than in controlled study conditions. In certain
situations, such as HR-HPV negative HGSIL, a positive stain for p16ink4 and
MIB-1 can help dismiss any question about the correct histologic diagnosis.
This could be of major importance in cases in which reactive and/or atrophic
changes are considered as differentials. Another situation where p16ink4 proved
to be valuable was in cases with mild, non-diagnostic, histologic changes. In
this group, p16ink4 positivity was strongly related to HR-HPV.
INTRODUCTION
Although usually considered a gold standard in studies that evaluate cytology,
colposcopy and even molecular biology tests, histologic diagnosis of
squamous intraepithelial lesions (SIL) is far from being straightforward 1, 3, 11.
Indeed, most low grade and high-grade intraepithelial lesions pose no
diagnostic challenge. However, diagnostic accuracy starts to decrease in cases
with slight changes, the borderline cases between normal and low grade
intraepithelial lesions (mild dysplasia, CIN I), or in the presence of atrophy 4
and/or regenerative changes that could lead to overdiagnosis of high grade
lesions 3, 4, 4. Before the introduction of highly sensitive molecular biology
tests for human papillomavirus (HPV) detection, such as polymerase chain
reaction (PCR) and hybrid capture (HC), the issue of accuracy in histologic
diagnosis could be evaluated only in terms of agreement among pathologists
when the only standard would be that of consensus 12. Hybrid capture was
introduced in 1995 7, 3, 5, as a rapid liquid hybridization assay, designed to
49
detect 14 HPV types, divided into high-risk and low-risk groups. Its sensitivity
for HR-HPV in high-grade SIL (HGSIL) varied from 71 to 93% and the
positive predictive value was around 17,8% 4. A second generation HC was
introduced few years later that was capable of detecting four additional viral
types and giving more reliable results. This technique is called Hybrid capture
II and its reported sensitivity is close to 99% for HR-HPV in HGSIL 9.
Despite its excellent sensitivity, higher than that of cytology for HPV
infection, HC cannot distinguish among the positives, those that have high-
grade lesions. It is also well known that a proportion of patients ranging from
4 to 25% are positive for HR-HPV but have normal cytology, colposcopy and
histology 14.
Considering this, what should then be the implication in daily practice of a
positive HPV HC test in the interpretation of biopsies showing the doubtful
changes mentioned above? Should one lean towards a diagnosis of high-grade
lesion in a difficult case with reactive-like atypical changes in the biopsy and a
positive HC? What are the reactions of both patients and clinicians in face of a
positive biopsy and a negative HC?
Over the past few years, immunohistochemical markers, such as p16ink4 and
MIB-1 (Ki-67), have been evaluated, the results indicating them as useful
tools for improving histologic accuracy. Their advantage over viral detection
is the fact of reflecting “viral behavior” more than its mere presence 1, 7.
Histological diagnosis of SIL is based on the cellular consequences of viral
oncogene expression that results in alteration in the nuclear DNA content and
epithelial maturational changes. The overexpression of p16ink4 seems to be a
good marker of deregulated HR-HPV E6-E7 oncogene activation, especially
when seen in basal/parabasal cell layers of the epithelium. Indeed, the great
utility of this marker comes exactly from this potential of pointing out cells
50
that may be already “virus-transformed” and not only “virus-infected” 11, 17.
High-grade cervical lesions express p16ink4 which is easily detected by a
monoclonal antibody, whereas normal, nondysplastic cervical epithelia do not.
MIB-1 antibody detects the Ki-67 antigen which is capable of highlighting
cells with active DNA replication 1. It is normally expressed in proliferating
cells from the basal and parabasal layers of cervical mucosa. Dysplastic
epithelia show MIB-1 positive cells at higher epithelial layers 2.
The indication for a viral test in our geographical area has not yet been
standardized, varying according to personal criteria of each clinician. As
already mentioned, it is not infrequent in daily practice to have a normal
biopsy and a HC showing HR-HPV. As a result, in this clinical setting
disagreement between HC and a biopsy could be even higher than rates
reported in the literature. In this study we assess the concordance between HC
and colposcopically guided biopsies from a routine service and evaluate how
the use of P16ink4 and MIB-1 could improve accuracy of the histologic
diagnosis and help to clarify cases of discordance.
MATERIAL AND METHODS
Case selection
A computer search was performed in the files of a routine service
histopathological laboratory in order to select cases that had biopsy and HC
performed. Interval between HC and biopsy could not exceed 6 months.
Biopsy samples were selected from an archive of formalin-fixed, paraffin-
embedded cervical tissues. A total of 162 cases were found meeting these
criteria. Cytology results were assessed, when available. Biopsies dated from
1995 to 2002. From all samples, hematoxylin and eosin (H&E) stained
51
sections were available for study. According to the original histological
diagnosis, the specimens were classified as normal (NL), low-grade squamous
intraepithelial lesion (LGSIL), high-grade squamous intraepithelial lesion
(HGSIL), as done by keating et al.7 A fourth category was included, with
cases whose original diagnosis was not conclusive. This group was composed
of biopsies with mild changes (such as perinuclear halos, nuclear
hyperchromasia, cariomegaly and occasional binucleation), which were not
sufficient for a definite diagnosis of an intraepithelial lesion, but were also not
considered normal. These were called indefinite changes (IC).
Hybrid capture
The Digene Hybrid capture II test was done in 83 cases. This technique
differentiates between: LR-HPV (6, 11, 42, 43, 44) and HR-HPV strains (16,
18, 31, 33, 35, 38, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68) without identifying one
specific type. In all the tests performed after September, 1997, this technique
was applied.
Hybrid capture I was performed in 79 cases. HC I is less sensitive than HC II
and does not detect HPV 38, 58, 59 and 68.
Immunohistochemistry
A total of 68 cases were used in the immunohistochemical study. Inclusion
was based on tissue availability. In 2 of the cases there was tissue available
only for p16ink4 immunostaining. Serial sections (4 µm thick) of formalin-
fixed, paraffin-embedded biopsy samples were cut, immersed in xylene to
remove paraffin and then rehydrated through graded alcohol. An additional
section was stained with H&E to assure the presence of squamous epithelium.
52
Interpretation of immunostains was done without knowledge of HC results or
previous histologic diagnosis. Positive and negative controls were stained.
p16ink4
Staining for P16ink4 was performed using commercially available p16ink4 /
MTS1 (Mitotic Inhibitor / Suppressor Protein) monoclonal antibody (clone:
16PO4 Labvision – Neomarkers) at 1/200 concentration, after microwave
pretreatment in citrate buffer. Application of the primary antibody was
followed by incubation with biotinilated goat anti-mouse IgG and
streptavidin-biotin-peroxidase complex. Results were interpreted as positive
when diffuse cytoplasmic staining was observed. Weakly diffuse staining was
considered as negative.
MIB-1
Identification of the Ki-67 antigen was performed using the anti-Ki67
monoclonal antibody, clone MIB-1 (Immunotech, Marseille, France) at a
concentration of 1/100. Application of the primary antibody was followed by
incubation with biotinilated goat anti-mouse IgG and streptavidin-biotin-
peroxidase complex. Results were interpreted as positive when 2 or more cells
from the two upper thirds of the epithelium showed strong nuclear staining, as
in Pirog et al.1
Statistical analysis
Chi square tests were performed, when appropriate, with the Epi Info
(computer program), Version 6, Atlanta: Centers for Disease Control and
Prevention; 1994.
53
RESULTS
Of the 162 cases, histologic diagnoses were: HGSIL N=34, LGSIL N=69, IC
N=47 and NL N=12. Average ages for patients with HGSIL, LGSIL, IC and
NL were: 33, 32.1, 33.6 and 39.4 respectively. On the average, HC had been
performed 12 days after a biopsy showing the most relevant histologic
changes.
One hundred and nine cases had previous cytologic results available. In 51 the
diagnosis was ASCUS (atypical squamous cells of undetermined
significance); 12 dysplasia; 5 HGSIL; 14 LGSIL; 26 normal and 1 AGUS
(atypical glandular cells of undetermined significance). Thirty of the IC cases
had a cytologic result available. ASCUS was the most frequent diagnosis
(N=15), followed by NL (N=10) and LGSIL (N=3).
Hybrid capture and histologic diagnosis
Correlation of histologic diagnoses with HC results is presented in Table 1.
Only 82.4% of the HGSIL were HR-HPV positive (HC I and II). If only HC-II
results are considered, sensitivity raises to 85.7%.
On the other hand, 34% and 33.3% of the IC and NL respectively, were HR-
HPV positive. There was also a great number of LGSIL cases which were
positive for HR-HPV.
The performance of HC after the biopsy interfered with positivity rates when
LGSIL and HGSIL were evaluated together. Negativity for HPV was 42.6%
(23/54) and 22.4% (11/49) among those in which HC was done after and
before the biopsy respectively (p= 0.03).
54
P16ink4 Immunohistochemistry
Immunohistochemistry for P16ink4 was performed in 68 cases, whose
histologic diagnoses were distributed as: HGSIL, n=11; LGSIL, n=21; NL,
n=12 and IC, n=24. Correlation between immunohistochemistry results and
histologic diagnosis is presented in Table 2. Eight of 11 HGSIL (72%) were
P16ink4 positive. However, only 28.6% (6/21) LGSIL were P16ink4 positive,
similar to the IC in which 20.8% (5/24) were positive and NL, 33.3% (4/12)
positive. P16ink4 Immunohistochemistry was performed in 3 HR-HPV negative
HGSIL and all were positive.
Of the 24 cases with IC, 5 were positive for P16ink4 (Fig. 1). Most important, 4
of these 5 positive cases (80.0%) had also a positive HC for HR HPV (Table
3). Despite the small number of cases, this difference reached statistical
significance (p= 0.02). Thirteen of the 24 cases had a cytologic result
available, with ASCUS being the most frequent diagnosis (N=9), followed by
NL (N=3), and LGSIL (N=1).
MIB-1 Immunohistochemistry
A total of 66 cases were stained for MIB-1 and the results are summarized in
Table 4. Most of the positive cases consisted of HGSIL. In this group 81.8%
(9 /11) were MIB-1 positive, similar to the 82.4% sensitivity observed for HC.
However, among LGSIL, MIB-1 sensitivity was lower (40.0%) in comparison
to HC (56.5%). Conversely, 8.3% (1/12) of the normal cases and 13.0% (3
/23) IC were MIB-1 positive.
MIB-1 immunohistochemistry was performed in 3 HR-HPV negative HGSIL
and all were positive.
55
DISCUSSION
Hybrid capture is acknowledged among gynecologists as a test whose
sensitivity approaches 100%. This high expectation is readily transmitted on
to the patients. However, such high sensitivity may not be true in routine
practice conditions. Thus, when a patient receives a negative HC result after a
biopsy that had shown HGSIL or, inversely, when HC is positive for HPV-
DNA and the biopsy is negative, they immediately question their physicians.
On the other hand, physicians are not always aware of the possibility that such
results can happen without representing a laboratory error. The overall
sensitivity for HGSIL observed in our study was 82.4%. Even when only HC
II results were considered, sensitivity was 85.7%. However this lower
sensitivity observed was not surprising due to the characteristics of the
material used, which included routine cases rather than specimens collected as
part of a controlled research protocol. In fact, this study design really intended
to verify concordance between HC and biopsy in a routine clinical setting. The
diagnosis of HGSIL was confirmed in the 6 negative cases after histologic
review. However, one case had HC performed 150 days after a biopsy, which
could have been the cause of its negative HC result.
In fact, the time lag between the biopsy and HC is one of the variables that
could have been a source of disagreement in this study. Negativity among
HGSIL and LGSIL cases whose HC was done after the biopsy was 42.6%
(23/54) and 22.4% (11/49) in those in which it was done before (p= 0.03).
The chance of a patient with SIL to have a positive HC was 2.54 (CI = 1.00 -
2.89) times greater if HC was performed before the biopsy. These findings
are not surprising, since a biopsy done before HC may eliminate the dysplastic
56
area and/or induce an immunologic response that could end up in viral
clearance.
On the other hand, 33.3% of cases with normal biopsies had a positive HC for
HR-HPV, while the usually reported rate is around 18% 4. The numbers are
similar for the group of IC (34.0%). A recent study reported a HC positivity
rate of 38.8% in ASCUS cases with negative colposcopy and biopsy 3. This
study however did not specify if only HR-HPV positivity was considered. One
possible explanation for the high rates encountered in our study is the fact that
the studied group was composed of patients who had an indication for being
submitted to a biopsy (usually an altered pap smear). This makes our group of
patients more similar to the ASCUS patients than to the general population.
Besides, in most of the patients, colposcopically guided biopsies, and not cone
biopsies, were evaluated so that it cannot be completely ruled out that some of
these patients actually had a HGSIL that had been missed by colposcopy.
The reported rate of HGSIL that are positive for p16ink4 is over 90% 7, while in
this study only 72% HGSIL were p16ink4 positive. There is also a reported
correlation between p16ink4–staining in LGSIL and HR-HPV 11. However, this
was not observed in the present study with only 50% of p16ink4 positive LGSIL
being HR-HPV positive. This discrepancy could not be attributed to the lower
sensitivity of HC observed, since only 30% (3/10) of LGSIL that were HR-
HPV positive showed p16ink4 staining.
Agreement among pathologists with respect to histopathological diagnosis is
frequently low, especially when the histological changes are less severe. The
group of cases that were called IC in this study represents cases in which the
discordance level can be especially high, since it is composed of biopsies
showing slight, unspecific changes. We should not overemphasize that this
group does not represent a diagnostic category, but is a group of cases that, on
57
routine practice, received a diagnosis that was “not normal” but also “not
SIL”. It was in this group that p16ink4 could have been most helpful since
80.0% (4/5) p16ink4 positive cases were positive for HR HPV.
MIB-1 was positive in 81% (9/11) HGSIL, more than the 72% observed for
p16ink4. Despite this slightly higher sensitivity for HGSIL, MIB-1 positivity in
IC cases was not significantly associated with a positive HC result, as opposed
to that verified for p16ink4. However, MIB-1 is reported in the literature to
improve diagnostic accuracy of LGSIL and to have high sensitivity and
specificity rates for this diagnosis 1. In at least one case of the IC group, MIB-
1 was positive and highlighted an area showing changes that could upgrade
the diagnosis to LGSIL. In the same case p16ink4 was negative. Combined,
p16ink4 and MIB-1 detected 71.14% (5/7) HR-HPV positive IC cases.
Immunohistochemistry for both p16ink4 and MIB-1 was positive in all 3 HR-
HPV negative HGSIL tested, including one case in which histologic diagnosis
was difficult, due to associated reactive changes. In these cases the positive
Immunohistochemistry results were clearly useful to dismiss any diagnostic
doubt.
The results also indicate that the recommendation for a clinician to perform a
HC in face of a biopsy that showed unspecific squamous atypia, in order to
favor or rule out a SIL, may not be accurate. Since one of the main factors
found to be associated with a negative HC was to have performed the test after
a biopsy, applying a biomarker instead, should be probably the most suitable
approach.
In conclusion, HC when routinely performed can have a higher rate of
discordance with the histologic diagnoses. Although Immunohistochemistry
showed a lower sensitivity than HC for HGSIL, it can be helpful in some
situations such as in biopsies showing slight changes that do not meet
58
histologic criteria for a diagnosis of SIL in which a positive p16ink4 staining
was found to be strongly related to a positive HR-HPV test. There are studies
reporting HC positivity rates similar to those verified in this study among
patients with normal biopsies. However, these studies did not use p16ink4,
which could have highlighted small altered areas in some cases, improving
diagnostic accuracy. Another potential use for immunohistochemistry is in the
differential diagnosis of immature, reactive or atrophic lesions, which include
HGSIL.
59
TABLE 1. Histological diagnoses correlated with hybrid capture results.
HGSIL LGSIL IC NL
HR HPV pos 28 (82.4%) 36 (52.2%) 16 (34.0%) 4 (33.3%) N=84 (51.8%)
HR HPV neg 6 (17.6%) 33 (47.8%) 31 (66.0%) 8 (66.7%) N=78 (48.2%)
34 (20.9%) 69 (42.5%) 47 (29.0%) 12 (7.6%) N=162 (100%)
HGSIL= High grade squamous intraepithelial lesion
LGSIL= Low grade squamous intraepithelial lesion
IC= indefinite changes
NL= Normal
HR HPV pos= High risk HPV positive
HR HPV neg= High risk HPV negative
60
TABLE 2. p16ink4 immunohistochemistry and histologic diagnoses.
p16ink4 HGSIL LGSIL IC NL
Negative 3 (27.3%) 15 (71.4%) 19 (79.2%) 8 (66.7%) N= 45 (66.2%)
Positive 8 (72.7%) 6 (28.6%) 5 (20.8%) 4 (33.3%) N= 23 (33.8%)
Total 11 (16.1%) 21 (30.8%) 24 (35.2%) 12 (17.9%) N= 68 (100%)
HGSIL= High grade squamous intraepithelial lesion
LGSIL= Low grade squamous intraepithelial lesion
IC= indefinite changes
NL= Normal
61
TABLE 3. p16ink4 immunohistochemistry and Hybrid capture results in
cases with IC.
Hybrid capture p16ink4 Negative P16ink4 Positive
HR HPV pos 3 (15.8%) 4 (80.0%) N=7 (29.1%)
HR HPV neg 16 (84.2%) 1 (20.0%) N=17 (70.9%)
Total 19 (79.1%) 5 (20.9%) N=24 (100%)
HR HPV pos= High risk HPV positive
HR HPV neg= High risk HPV negative
62
TABLE 4. MIB-1 immunohistochemistry and histologic diagnoses.
HGSIL LGSIL IC NL
Negative 2 (18.2%) 12 (60.0%) 20 (87.0%) 11 (91.7%) N=45 (68.2%)
Positive 9 (81.8%) 8 (40.0%) 3 (13.0%) 1 (8.3%) N=21 (31.8%)
Total 11 (16.6%) 20 (30.3%) 23 (34.8%) 12 (18.3%) N=66 (100%)
HGSIL= High grade squamous intraepithelial lesion
LGSIL= Low grade squamous intraepithelial lesion
IC= indefinite changes
NL= Normal
63
Figure 1. This biopsy shows slight nuclear enlargement and perinuclear halos. No unquestionable change that could allow a diagnosis of LGSIL (a). P16ink4 was positive in one area of the biopsy(b). This case was positive for HR-HPV.
64
References
1. Pirog EC, Baergen RN, Soslow RA, Tam D, DeMattia AE, Chen YT,
Isacson C. Diagnostic Accuracy of Cervical Low-Grade Squamous
Intraepithelial Lesions Is Improved With MIB-1 Immunostaining. Am J
Surg Pathol. 2002;26:70-5.
2. Prasad CJ, Genest DR, Crum CP. Nondiagnostic squamous atypia of the
cervix (atypical squamous epithelium of undetermined significance):
histologic and molecular correlates. Int J Gynecol Pathol. 1994;13:220-
7.
3. Stoler MHSchiffman M. Interobserver reproducibility of cervical
cytologic and histologic interpretations: realistic estimates from the
ASCUS-LSIL Triage Study. Jama. 2001;285:1500-5.
4. Jovanovic AS, McLachlin CM, Shen L, Welch WR, Crum CP.
Postmenopausal squamous atypia: a spectrum including "pseudo-
koilocytosis". Mod Pathol. 1995;8:408-12.
5. Yelverton CL, Bentley RC, Olenick S, Krigman HR, Johnston WW,
Robboy SJ. Epithelial repair of the uterine cervix: assessment of
morphologic features and correlations with cytologic diagnosis. Int J
Gynecol Pathol. 1996;15:338-44.
6. de Vet HC, Knipschild PG, Schouten HJ, Koudstaal J, Kwee WS,
Willebrand D, Sturmans F, Arends JW. Interobserver variation in
histopathological grading of cervical dysplasia. J Clin Epidemiol.
1990;43:1395-8.
7. Farthing A, Masterson P, Mason WP, Vousden KH. Human
papillomavirus detection by hybrid capture and its possible clinical use.
J Clin Pathol. 1994;47:649-52.
65
8. Schiffman MH, Kiviat NB, Burk RD, Shah KV, Daniel RW, Lewis R,
Kuypers J, Manos MM, Scott DR, Sherman ME, et al. Accuracy and
interlaboratory reliability of human papillomavirus DNA testing by
hybrid capture. J Clin Microbiol. 1995;33:545-50.
9. Sun XW, Ferenczy A, Johnson D, Koulos JP, Lungu O, Richart RM,
Wright TC, Jr. Evaluation of the Hybrid Capture human papillomavirus
deoxyribonucleic acid detection test. Am J Obstet Gynecol.
1995;173:1432-7.
10. Clavel C, Bory JP, Rihet S, Masure M, Duval-Binninger I, Putaud I,
Lorenzato M, Quereux C, Birembaut P. Comparative analysis of human
papillomavirus detection by hybrid capture assay and routine cytologic
screening to detect high-grade cervical lesions. Int J Cancer.
1998;75:525-8.
11. Clavel C, Masure M, Bory JP, Putaud I, Mangeonjean C, Lorenzato M,
Gabriel R, Quereux C, Birembaut P. Hybrid Capture II-based human
papillomavirus detection, a sensitive test to detect in routine high-grade
cervical lesions: a preliminary study on 1518 women. Br J Cancer.
1999;80:1306-11.
12. Kulasingam SL, Hughes JP, Kiviat NB, Mao C, Weiss NS, Kuypers
JM, Koutsky LA. Evaluation of human papillomavirus testing in
primary screening for cervical abnormalities: comparison of sensitivity,
specificity, and frequency of referral. Jama. 2002;288:1749-57.
13. Keating JT, Cviko A, Riethdorf S, Riethdorf L, Quade BJ, Sun D,
Duensing S, Sheets EE, Munger K, Crum CP. Ki-67, cyclin E, and
p16INK4 are complimentary surrogate biomarkers for human papilloma
virus-related cervical neoplasia. Am J Surg Pathol. 2001;25:884-91.
66
14. Klaes R, Benner A, Friedrich T, Ridder R, Herrington S, Jenkins D,
Kurman RJ, Schmidt D, Stoler M, von Knebel Doeberitz M. p16INK4a
immunohistochemistry improves interobserver agreement in the
diagnosis of cervical intraepithelial neoplasia. Am J Surg Pathol.
2002;26:1389-99.
15. von Knebel Doeberitz M. New markers for cervical dysplasia to
visualise the genomic chaos created by aberrant oncogenic
papillomavirus infections. Eur J Cancer. 2002;38:2229-42.
16. al-Saleh W, Delvenne P, Greimers R, Fridman V, Doyen J, Boniver J.
Assessment of Ki-67 antigen immunostaining in squamous
intraepithelial lesions of the uterine cervix. Correlation with the
histologic grade and human papillomavirus type. Am J Clin Pathol.
1995;104:154-60.
17. Lonky NM, Felix JC, Naidu YM, Wolde-Tsadik G. Triage of atypical
squamous cells of undetermined significance with hybrid capture II:
colposcopy and histologic human papillomavirus correlation. Obstet
Gynecol. 2003;101:481-9.
67
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por várias décadas a citologia (teste de Papanicolaou) foi a única arma de que
dispúnhamos na luta contra o câncer de colo uterino. Entretanto, têm surgido
nos últimos anos numerosos recursos novos com a finalidade, principalmente
de melhorar a sensibilidade diagnóstica (Clavel et al. 1998). Embora algumas
dessas técnicas prestem-se apenas a interesses comerciais de grandes
indústrias, que se utilizam da propaganda para questionar a importância do
valioso e eficiente “teste de Papanicolaou”, muitas delas serão extremamente
valiosas se conseguirmos definir bem o seu papel nos programas de
prevenção. Para isso é necessário que haja uma abordagem que vise a tirar
proveito das vantagens que cada método oferece, integrando o seu uso. Isso
requer árdua pesquisa, estudos populacionais em grande escala, que tenham
como objetivo final dados sobre redução de mortalidade. Embora as respostas
possam levar décadas, as perspectivas são boas e os dados existentes apontam
que a citologia e a pesquisa viral combinadas, podem conseguir reduzir ainda
mais a incidência e mortalidade por câncer cervical (Cuzick et al. 2000).
A pesquisa em câncer cervical têm, na maioria das vezes, o diagnóstico
histológico como padrão ouro. Por sua vez esse não é isento de limitações e
dificuldades de interpretação, bem como de grande influência da
subjetividade, podendo resultar em altos níveis de discordância entre
diagnósticos de diferentes patologistas. Isso ocorre principalmente nas lesões
menos graves ou na vigência de atrofia e/ou alterações inflamatórias e
regenerativas (De Vet et al. 1990-1992). O emprego de marcadores
imunohistoquímicos, como o p16ink4 e o MIB-1, entre outros, pode melhorar
68
sobremaneira a acurácia diagnóstica, nessas situações de dificuldade (Grenko
et al. 2000, Keating et al. 2001, Pirog et al. 2002).
Uma outra promissora linha de pesquisa busca o desenvolvimento de uma
vacina anti-HPV, o que seria um grande passo em direção ao que poderia
representar a inédita erradicação de um tipo de câncer (Koutsky et al. 2002).
Referências Bibliográficas Clavel C, Bory JP, Rihet S, Masure M, Duval-Binninger I, Putaud I,
Lorenzato M, Quereux C, Birembaut P 1998. Comparative analysis of
human papillomavirus detection by hybrid capture assay and routine
cytologic screening to detect high-grade cervical lesions. Int J Cancer
75: 525-528.
Crum CP 2000. Contemporary theories of cervical carcinogenesis: the virus,
the host, and the stem cell. Mod Pathol 13: 243-251.
Curado MP 2000. Câncer em Goiânia: Tendências (1988 - 1997). Goiânia, pp
108
Cuzick J, Sasieni P, Davies P, Adams J, Normand C, Frater A, van
Ballegooijen M, van den Akker-van Marle E 2000. A systematic review
of the role of human papilloma virus (HPV) testing within a cervical
screening programme: summary and conclusions. Br J Cancer 83: 561-
565.
69
de Vet HC, Knipschild PG, Schouten HJ, Koudstaal J, Kwee WS, Willebrand
D, Sturmans F, Arends JW 1990. Interobserver variation in
histopathological grading of cervical dysplasia. J Clin Epidemiol 43:
1395-1398.
de Vet HC, Knipschild PG, Schouten HJ, Koudstaal J, Kwee WS, Willebrand
D, Sturmans F, Arends JW 1992. Sources of interobserver variation in
histopathological grading of cervical dysplasia. J Clin Epidemiol 45:
785-790.
Grenko RT, Abendroth CS, Frauenhoffer EE, Ruggiero FM, Zaino RJ 2000.
Variance in the interpretation of cervical biopsy specimens obtained for
atypical squamous cells of undetermined significance. Am J Clin
Pathol 114: 735-740.
Jovanovic AS, McLachlin CM, Shen L, Welch WR, Crum CP 1995.
Postmenopausal squamous atypia: a spectrum including "pseudo-
koilocytosis". Mod Pathol 8: 408-412.
Keating JT, Cviko A, Riethdorf S, Riethdorf L, Quade BJ, Sun D, Duensing S,
Sheets EE, Munger K, Crum CP 2001. Ki-67, cyclin E, and p16INK4
are complimentary surrogate biomarkers for human papilloma virus-
related cervical neoplasia. Am J Surg Pathol 25: 884-891.
Koss LG 1989. The Papanicolaou test for cervical cancer detection. A triumph
and a tragedy. Jama 261: 737-743.
70
Koutsky LA, Ault KA, Wheeler CM, Brown DR, Barr E, Alvarez FB,
Chiacchierini LM, Jansen KU 2002. A controlled trial of a human
papillomavirus type 16 vaccine. N Engl J Med 347: 1645-1651.
Munoz N 2000. Human papillomavirus and cancer: the epidemiological
evidence. J Clin Virol 19: 1-5.
Pirog EC, Baergen RN, Soslow RA, Tam D, DeMattia AE, Chen YT, Isacson
C 2002. Diagnostic Accuracy of Cervical Low-Grade Squamous
Intraepithelial Lesions Is Improved With MIB-1 Immunostaining. Am J
Surg Pathol 26: 70-75.
Stoler MH 2000. Advances in cervical screening technology. Mod Pathol 13:
275-284.
Walboomers JM, Jacobs MV, Manos MM, Bosch FX, Kummer JA, Shah KV,
Snijders PJ, Peto J, Meijer CJ, Munoz N 1999. Human papillomavirus
is a necessary cause of invasive cervical cancer worldwide. J Pathol
189: 12-19.
71