Post on 08-Nov-2018
Colégio Friburgo
DESVELANDO RESISTÊNCIAS,
REVELANDO POSSIBILIDADES
8os ANOS – 2012
Aluno: ________________________________________
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APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PROJETO
Resistir significa, segundo o dicionário Aurélio, oferecer resistência, não ceder, opor-se, fazer face a,
defender-se, recusar-se, conservar-se.
Resistir. Parece que essa é a ação que mais pertence ao grupo do 8º ano. Resistir ao novo, ao
adulto, aos limites, às regras, à crescer, à continuar criança, à produção acadêmica, aos estudos, à sair da
frente do computador... enfim... São tantas as resistências típicas dessa idade que a equipe de professores
traz para esses grupos a possibilidade de estudar outras formas de resistência para depois aproximar
daquelas que pertencem à vida do adolescente.
O local escolhido para viver esse estudo é a região do Vale do Ribeira, mais especificamente As
Cavernas do Petar. Local que mostra a natureza resistindo ao tempo, o homem resistindo ao próprio
homem e os animais resistindo à própria extinção.
OBJETIVOS GERAIS
Transformar e transferir para a sua vida o conceito de resistência;
Compreender e reconhecer os conceitos de resistência existentes no quilombo, nas
cavernas, nos parques, na comunidade, no corpo e nas relações interpessoais;
Fortalecimento interno do grupo para questões coletivas;
Incentivar o ato de cooperação, solidariedade e respeito;
Reconhecimento da resistência em si e no outro;
Ampliação e fortalecimento das relações sociais e afetivas;
Exercer autonomia e responsabilidade;
Exercer cidadania.
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A RESISTÊNCIA DO HOMEM
INVESTIGANDO O MODO DE VIDA DOS QUILOMBOLAS
Plantação de banana orgânica = desenvolvimento sustentável
Depoimento:
"Dentro do nosso quilombo, nós temos marcos históricos:
uma igrejinha e um cemitério construídos pelos escravos.
Tem gente grande de olho nas nossas terras.
Principalmente o empresário Antônio Ermírio de Moraes.
Então, a nossa maior preocupação, hoje,
é a titulação das terras."
Benedito Alves da Silva,
Comunidade Negra de Ivaporunduva, Eldorado/SP
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Foto do quilombo e do rio Ribeira
Mapa do quilombo:
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Estudamos no primeiro semestre o conceito de quilombo durante o período da escravidão no
Brasil. Vimos que quilombo era o ajuntamento de 5 ou mais escravos que fugiam de seus donos e
formavam um aldeamento. Os quilombos desta época eram uma forma de resistência dos escravos à
escravidão. Porém, nos dias atuais, o conceito de quilombo mudou, até porque aquele modelo de
escravidão não existe mais.
1ª fase: Estudo do conceito atual de Quilombo:
Local isolado, formado por escravos negros fugidos... Esta talvez seja a primeira idéia que vem à
mente quando se pensa em quilombo. Se pedirem um exemplo, o Quilombo de Palmares, com seu herói
Zumbi será certamente a referência mais imediata.
Essa noção é mais adequada a um passado remoto de nossa História, ligado exclusivamente ao
período no qual houve escravidão no País. Quilombo seria, pois, uma forma de se rebelar contra esse
sistema, seria o lugar aonde os negros iriam se esconder e se isolar do restante da população.
Porém, hoje, muitos se espantam quando se fala sobre comunidades quilombolas presentes e
atuantes nos dias de hoje, passados mais de cem anos do fim do sistema escravocrata.
Foi principalmente com a Constituição Federal de 1988 que a questão quilombola entrou na agenda
das políticas públicas. Fruto da mobilização do movimento negro, o Artigo 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT) diz que:
“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.”
A concretização desse direito criou logo de início um acalorado debate sobre o conceito de
quilombo e de remanescente de quilombo. Trabalhar com uma conceituação adequada fazia-se
fundamental, já que era isso o que definiria quem teria ou não o direito à propriedade da terra.
No texto constitucional, utiliza-se o termo “remanescente de quilombo”, que remete à noção de
resíduo (sobra) de algo que já se foi e do qual sobraram apenas algumas lembranças. Esse termo não
corresponde à maneira que os próprios grupos utilizavam para se autodenominar nem tampouco ao
conceito empregado pela antropologia e pela História.
A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), na tentativa de orientar e auxiliar a aplicação do
Artigo 68 do ADCT divulgou, em 1994, um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre
Comunidades Negras Rurais em que se define o termo “remanescente de quilombo”:
“Contemporaneamente, portanto, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos
de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma
população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de
movimentos insurrecionais ou rebelados, mas, sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram
práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num
determinado lugar.”
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Deste modo, comunidades remanescentes de quilombo são grupos sociais cuja identidade étnica os
distingue do restante da sociedade.
É importante deixar claro que, quando se fala em identidade étnica, trata-se de um processo de
auto-identificação bastante dinâmico, e que não se reduz a elementos materiais ou traços biológicos
distintivos, como cor da pele, por exemplo.
A identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os
demais grupos e de sua ação política. A maneira pela qual os grupos sociais definem a própria identidade é
resultado de uma confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade comum,
formas de organização política e social a elementos lingüísticos e religiosos.
Esta discussão fundamentou-se também nos novos estudos históricos que reviram o período
escravocrata brasileiro, constatando que os quilombos existentes nessa época não eram frutos apenas de
negros rebeldes fugidos. Eram inúmeros e não necessariamente se encontravam isolados e distantes de
grandes centros urbanos ou de fazendas.
Esses estudos mostraram que as comunidades de quilombo se constituíram a partir de uma grande
diversidade de processos, que incluem as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas
também as heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado,
simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades, bem
como a compra de terras, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua abolição.
O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a
autonomia. O que define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de
camponês livre.
Tudo isso demonstra que a classificação de comunidade como quilombola não se baseia em provas
de um passado de rebelião e isolamento, mas depende antes de tudo de como aquele grupo se
compreende, se define.
Atualmente, a legislação brasileira já adota este conceito de comunidade quilombola e reconhece
que a determinação da condição quilombola advém da auto-identificação.
Este reconhecimento foi fruto de uma luta árdua dos quilombolas e seus aliados que se opuseram
às várias tentativas do Estado de se atribuir a competência para definir quais comunidades seriam
quilombolas ou não.
Fonte: http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_oque.html acesso em 19/07/10.
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Vimos que o atual conceito de Quilombo está relacionado à ideia de RESISTÊNCIA, ou seja, são
grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida
característicos num determinado lugar. A manutenção e reprodução dos modos de vida não se referem a
manter a forma de vida dos escravos que viviam nos quilombos na época da escravidão, mas sim em
relação às formas de vida da comunidade atual. Isso significa que os quilombos atuais vivem de uma
maneira diferente da sociedade que nós vivemos.
Também estudamos ao longo do primeiro semestre como os homens construíram, ao longo da
história, a cidadania. Desta forma, faremos o estudo do meio no Quilombo de Ivaporunduva cujo principal
objetivo responder às seguintes questões-mobilizadoras:
1) Quais as diferenças entre a situação dos afrodescendentes que vivem nas zonas urbanas e os
afrodescendentes que vivem no Quilombo?
2) Os quilombolas sofrem ou já sofreram discriminação racial? Como reagem a isso?
O estudo do meio terá o caráter de uma investigação. A investigação se baseará nas três questões-
mobilizadoras acima. Para isso, faça a entrevista como o palestrante e anote as respostas. Atente para as
seguintes instruções:
1) PRESTAR ATENÇÃO NAS INFORMAÇÕES FORNECIDAS PELO PALESTRANTE:
Fique atento ao que o palestrante diz, procure identificar em sua fala as informações que podem
responder às questões-mobilizadoras. É muito importante anotar estas informações.
2) ENTREVISTAR O PALESTRANTE:
Além das informações fornecidas espontaneamente pelo palestrante, você pode também formular
questões. A formulação destas perguntas deve levar em consideração o que queremos saber (as questões-
mobilizadoras), este é o nosso foco.
ENTREVISTA DO PALESTRANTE:
Grupo 1: João Vitor, Diego, Luca, Gabriel Fugulin (8ºA)
1) Os quilombolas podem trabalhar fora do quilombo?
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2) Qual o significado do símbolo do quilombo?
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Grupo 2: Yuri, Vinícius, Daniel, Gabriel Leite (8ºA)
3) O que o líder do quilombo representa para os quilombolas?
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4) Existe desigualdade social no quilombo? Se não como vocês fazem para que a igualdade prevaleça?
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Grupo 3: Giulia, Lara, Mariana, Julia A., Luara (8ºA)
5) Como o quilombo está resistindo ao projeto de construção da barragem no rio Ribeira?
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6) Podemos falar que existe uma cultura quilombola? Se existe, qual é ela e como as novas
tecnologias trazidas de fora ameaçam essa cultura?
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Grupo 4: Sofia, Maria Clara, Maria Alice, Carolina, Najla (8ªA)
7) Nós fizemos uma pesquisa sobre o quilombo que dizia que as famílias mais velhas do quilombo têm
poder sobre as mais novas. Isso é verdade? Se for como isso ocorre na prática?
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8) Estudamos que os afrodescendentes que vivem nas zonas urbanas sofrem com o desemprego. Esse
problema existe no quilombo? Comente.
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Grupo 5: Leo, Thomas, Dante, Francisco, Luis Eduardo (8ªA)
9) O rítmo de vida no quilombo é tão corrido como o das grandes cidades?
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10) Como é a organização econômica do quilombo?
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Grupo 6: Sophia, Douglas, Wellington, Isabella (8ºB)
11) Como é organizada a discussão dos novos projetos do quilombo?
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12) Como é a infraestrutura do quilombo, ou seja, há água encanada, rede de esgoto, rede de energia
elétrica?
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Grupo 7: Francis, Gabriela, Henrique, Iolaus (8ºB)
13) Comente sobre a sustentabilidade no quilombo. Como vocês combinam a utilização da terra para a
produção agrícola com a preservação da mata?
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14) As crianças e os idosos também trabalham?
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Grupo 8: Bruno, Paolo, Cristiano, Sanger, Ana Carol (8ºB)
15) Como vocês lidam com a questão do preconceito dentro e fora do quilombo?
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16) A renda do quilombo é repartida entre todos os quilombolas?
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Grupo 9: Mateus, Ymad, Vitor, Fernando (8ºB)
17) As pessoas que têm alguma doença grave são tratadas de que forma?
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18) Como é a prática do esporte no quilombo?
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Grupo 10: Julia F., Nina, Luis H., Luis G., Leonardo (8ºB)
19) Há alguma punição dentro do quilombo para aqueles que fazem alguma coisa errada?
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20) Como uma liderança é formada no quilombo?
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TRABALHO DE OBSERVAÇÃO:
Que informações você consegue identificar, através da observação, sobre os seguintes aspectos:
COMPORTAMENTO E POSTURA DOS MORADORES
O LUGAR (CONSTRUÇÕES, ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO)
ATIVIDADES ECONÔMICAS
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
OUTROS ASPECTOS
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Atividade 1:
De acordo com as informações coletadas na entrevista e as observações feitas na visita ao Quilombo, faça
uma comparação apontando as principais diferenças e semelhanças entre o modo de vida quilombola e
o modo de vida da sociedade urbana. Para isso, use o esquema abaixo.
Atividade 2:
Estudamos no primeiro semestre a situação dos afrodescendentes na atualidade. Vimos que além de
preconceitos, os afrodescendentes sofrem com uma grande desigualdade social, fruto, entre outras causas,
pela mentalidade escravista predominante deste a época colonial. Para entendermos melhor isso, veja as
charges de Pestana (chargista afrodescendente) abaixo:
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Agora é a sua vez:
Usando as informações coletadas na visita ao Quilombo de Ivaporunduva especialmente as que se relacionam com a construção da cidadania, crie reúnam-se em trios, e criem uma charge mostrando a situação dos quilombolas. Atente para o fato de a vida dos quilombolas ser completamente diferente dos afrodescendentes que vivem numa grande cidade e, que sofrem os problemas apontados pelo chargista Pestana. Assim a sua charge deve mostrar o contraste entre a vida dos quilombolas e a vida dos afrodescendentes da cidade. Faça uma discussão com seus colegas para definir o que vocês mostraram na charge. O que vale aqui é a ideia e não o valor artístico. Mãos à obra.
Título:
Charge:
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A RESISTÊNCIA DA TERRA
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VALE DO RIBEIRA – PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE
Patrimônio natural, socioambiental e cultural da humanidade, título conferido em 1999 pela Unesco, o Vale
do Ribeira localiza-se entre os estados de São Paulo e Paraná, estendendo-se ao longo de 2 830 666
hectares (28 306 quilômetros quadrados) - 1 119 133 hectares no Paraná e 1 711 533 hectares em São
Paulo. Trata-se da maior área contínua de Mata Atlântica do Brasil.
Bioma considerado um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do
Planeta, a Mata Atlântica hoje está reduzida a 7% de sua área original, ou a aproximadamente 100 mil
quilômetros quadrados. Desse total, 23% se situam no Vale do Ribeira com seus 2,1 milhão de hectares de
florestas, 150 mil de restingas, 17 mil de manguezais e 200 km de uma costa recortada por um conjunto de
praias, estuários e ilhas. Todas essas áreas estão extremamente bem preservadas, incluindo o mais
conservado banco genético das regiões Nordeste, Sudeste e Sul e a mais importante reserva de água doce
dos dois estados.
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Rio Ribeira de Iguape visto do alto: Wigold Schaffer
Nessa região de Mata Atlântica nascem diversos rios que abastecem cidades e metrópoles brasileiras,
beneficiando milhões de pessoas, e é fonte de subsistência para populações tradicionais - comunidades
indígenas, de caiçaras, de quilombolas e de agricultores familiares entre outros. Essas comunidades
compõem um mosaico de diversidade cultural raramente encontrada em locais tão próximos de grandes
centros urbanos. Daí a importância de conservar e recuperar as matas das beiras dos rios da região.
Áreas protegidas
Só para se ter uma idéia, 78% da área do Vale do Ribeira e das zonas costeiras contíguas ainda estão
cobertas por remanescentes originais. Apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma
parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, com alto grau de endemismo. Os estados e
municípios situados no bioma são responsáveis por quase 70% do PIB nacional e abrigam mais de 60% da
população brasileira.
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Queda d'água no Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar): José Gabriel Lindoso/ISA
Mais da metade do território do Vale do Ribeira é protegido legalmente por meio de um mosaico integrado
de unidades de conservação marinhas e terrestres como parques, estações ecológicas, áreas de proteção
ambiental (APAs), que formam uma espécie de cordão de proteção do patrimônio natural, soicoambiental,
cultural, arqueológico espeleológico e histórico. Entre essas unidades de conservação pode se- citar o
Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar), o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, o Parque Estadual de
Jacupiranga e a Estação Ecológica Juréia-Itatins entre outros. Por tudo isso, é que em 1999, a Unesco
conferiu à Reserva da Mata Atlântica do Sudeste, constituída por 17 muncípios do Vale do Ribeira, o título
de Patrimônio Histórico e Ambiental da Humanidade, pelo fato de possuir os melhores e mais extensos
remanescentes de Mata Atlântica na região sudeste do Brasil. São 470.000 ha, que revelam a riqueza
biológica e evolução histórica do Bioma, além da beleza da paisagem.
São mais de 300 cavernas e sítios arqueológicos, mais de 150 monumentos, ruas e imóveis tombados como
patrimônio histórico-cultural, sem contar a diversidade de fauna e flora, espalhados pro 31 municípios, 9 no
Paraná e 22 em São Paulo.
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No município de Iporanga, uma das mais 300 cavernas do Vale: José Gabriel Lindoso/ISA
Riqueza socioambiental com baixo IDH
Em contraposição aos ricos patrimônios ambiental e cultural, o Vale do Ribeira apresenta os mais baixos
Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados de São Paulo e Paraná, incluindo os mais altos
índices de mortalidade infantil e de analfabetismo.
A população local também não possui alternativas econômicas adequadas ao desenvolvimento sustentável
da região. Esse quadro é agravado por sua proximidade de dois importantes centros urbanos e industriais –
São Paulo e Curitiba – e ainda por recentes investimentos em obras de infra-estrutura, tais como: a
duplicação da Rodovia Regis Bittencourt (BR-116); as propostas de construção de usinas hidrelétricas no rio
Ribeira de Iguape e as propostas de transposição de bacias a fim de desviar água da região para São Paulo e
Curitiba.
Tudo isso ameaça transformar o Vale do Ribeira em fornecedor de recursos naturais de baixo custo,
explorados sem qualquer respeito ao patrimônio ambiental e cultural e sem geração de benefícios para a
população residente
http://www.ciliosdoribeira.org.br/pt-br/ovale/conheca
Hidrelétricas em debate
Barragem Tijuco Alto (SP) ameaça o último rio federal sem intervenção
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Por 20 anos, o Grupo Votorantin tenta programar a barragem de Tijuco Alto no rio Ribeira de Iguape,
que corta os estados de São Paulo e Paraná. A resistência das comunidades locais e das organizações sócio-
ambientais tem evitado a concretização do projeto. Até o final do ano, o Ibama deve emitir a sua avaliação
sobre a viabilidade da obra.
São Paulo – Até 2015, o Ministério das Minas e Energia prevê a construção 494 grande barragens de
usinas hidrelétricas em rios de todo o Brasil, como parte da estratégia do modelo energético a ser
desenvolvido nos próximos anos. Hoje, todos os rios federais já sofreram intervenção com a construção de
barragens, exceto o rio Ribeira de Iguape, localizado no Vale do Ribeira e que corta os limites dos estados
de São Paulo e Paraná. O projeto da usina hidrelétrica Tijuco Alto ameaça também a integridade deste
último rio.
Após um período de duas décadas de negociação e resistência por parte das comunidades locais e de
grupos sócio-ambientais, o projeto da hidrelétrica tem sido retomado agora com mais força. Até a próxima
semana, o EIA-RIMA (estudo e relatório de impacto ambiental) elaborado pela empresa Camargo Correia,
será encaminhado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
para que seja avaliado. O resultado deve ser divulgado num prazo de 45 dias.
“O que chegou para nós é que a construção da barragem é prioridade no governo federal. Até o final
do ano, será decidido”, afirma Denildo Rodrigues de Moraes, coordenador nacional do Movimento
Atingidos por Barragens (MAB) e morador da comunidade quilombola de Ivaporunduva, no município de
Eldorado (SP), no Vale do Ribeira. Caso o EIA-RIMA seja aprovado, uma série de audiências públicas será
convocada para a discussão com a população entre novembro e dezembro.
Os esforços para que a primeira barragem do complexo de quatro (Tijuco Alto, Itaóca, Funil e Batatal)
seja implantada se arrasta desde o final da década de 80, quando as primeiras discussões e propostas
surgiram por parte da Companhia Brasileira do Alumínio (CBA), do Grupo Votorantin. O objetivo é que o
empreendimento amplie a capacidade de produção exportação de alumínio do grupo Votorantim na região
do município de Sorocaba (SP) e expanda a geração energética.
Na época de sua proposição, a idéia da construção de Tijuco Alto veio quase como uma imposição. “A
decisão chegou de cima para baixo”, lembra Laura Jesus de Moura e Costa, coordenadora geral do Centro
de Estudos, Defesa e Educação Ambiental (Cedea) e moradora do município de Cerro Azul, no Paraná, um
dos municípios a ser afetado com a construção da barragem.
Laura recorda que a população decidiu se mobilizar para entender o que era a obra e como ela
afetaria os moradores da região. Contudo, isso não impediu que houvesse um êxodo populacional. “Com o
anúncio de uma obra, a população de uma cidade pequena cria expectativas”. De acordo com ela, os
moradores da região venderam suas terras, ansiosos pela incerteza do que aconteceria com a instalação da
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usina hidrelétrica, mas também sofreram muita pressão, inclusive por parte da CBA, para deixarem suas
propriedades.
Resistência
Os grupos interessados em Tijuco Alto têm defendido que a empreitada trará geração de emprego e
estimulará o turismo. Mas Laura contesta os argumentos: “A geração de emprego é apenas enquanto durar
a obra e o turismo que eles falam é o náutico, que poucas pessoas têm acesso, não é o rural e popular”.
Para Raul Silva Telles do Valle, assessor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), uma das
organizações não-governamentais envolvidas na luta contra Tijuco Alto, a demora para implementação da
barragem se deve à resistência de setores da sociedade civil, como as comunidades e ONGs locais e os
grupos sócio-ambientais, que lutam mobilizados até hoje. “Somos contra o conjunto das barragens no
Ribeira e a razão de elas serem construídas”, afirma. “A nossa mobilização vem de 20 anos de luta para não
deixar que construam a barragem”, concorda Moraes.
A construção da barragem suscita a discussão do uso e da finalidade do rio e da energia elétrica
produzida no Brasil. A questão esbarra na privatização de um bem público no que se refere à água e à
energia, cujo uso deveria ser universalizado. “Tijuco Alto é um exemplo de um modelo energético que
beneficia determinados grupos, como o empresariado, e traz pouco retorno econômico ou benefício social
para a região. Que direito a CBA tem de usar o rio para exportação maior do que as populações locais que
sobrevivem dele?”, questiona Valle.
“Estão excluído do processo de consumo quem deveria ser incluído. É um modelo excludente, que
empobreceu a população. A população local não precisa de usinas hidrelétricas; essa não é uma
necessidade dos estados do Paraná ou de São Paulo. É uma necessidade só da CBA. O uso é particular.
Quando você represa a água do rio, haverá um gestor do espaço e da água; é privatização”, afirma Laura.
O último rio
Além de ser o único rio federal sem barragens, o Ribeira é também o último de médio porte no
Estado de São Paulo sem intervenção. “O Rio Ribeira é o que chamamos de rio testemunha. No Vale, os rios
se tornaram uma série de lagos. São rios mortos, sem peixes, a não ser pelos de criação. Todos os outros
acabaram. A gente luta para mantê-lo para lembrar de como seriam os demais sem as barragens”, afirma
Valle.
A região em questão tem um solo de rochas calcárias. “Não sabemos se o solo vai resistir ao peso de
toneladas de água represadas, que vai deixar este solo ainda mais fragilizado. Haverá um efeito dominó
sobre as cavernas da região. O lugar abriga a maior área de cavernas da América do Sul”, explica Laura.
Segundo a coordenadora do Cedea, se houver qualquer problema de resistência nas barragens, toda a água
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represada vai descer para os municípios de Adrianópolis, Cerro Azul e Doutor Ulisses, que ficam 50 metros
abaixo do nível da barragem e a pouco mais de 100 quilômetros dela. A situação é pior se somada ao
prejuízo das áreas que serão inevitavelmente inundadas pela barragem, afetando a vazão de água e o
regime hídrico, o fluxo de peixes e a produção agrícola, basicamente o cultivo da banana.
A usina hidrelétrica intensifica ainda mais a contaminação de chumbo na região. Até a década de 80,
mineradoras exploravam o chumbo do solo, mas essas empresas fecharam devido ao passivo ambiental.
Ainda hoje, os solos e o próprio leito do rio Ribeira não estão livres dessa contaminação. Contudo, pelo fato
de o chumbo ser um metal pesado, os seus resíduos permanecem depositados no fundo do rio e
assentados no solo. Com a construção da usina hidrelétrica, esses resíduos retornariam à superfície e, por
meio de reações químicas, a contaminação seria potencializada e mais agressiva, aumentando a exposição
da população.
O coordenador do MAB lembra que a região é muito úmida e as chuvas são abundantes. Por esse
motivo, a barragem não teria forças para segurar o volume de água que aumenta muito durante a época de
chuvas. “Hoje, eu estou conversando com você e estou vendo o rio e ele não é o mesmo de 10 anos atrás:
está seco, pelo assoreamento na sua cabeceira. A construção da barragem será uma catástrofe sócio-
ambiental”.
Laura afirma que a CBA promete o assentamento das famílias desalojadas pelo empreendimento.
“Mas assentar é diferente. Hoje, quem mora na região tem trabalho, vive do rio, da água e da terra. O
desenvolvimento é sustentável”, conta. “Em Cerro Azul, não existia favelas. Hoje, a maior dela tem 3 mil
pessoas. O pessoal que se deslocou, depois que vendeu as terras, hoje passa fome e antes não passava,
porque não tem mais terra para cultivar. Aqueles que deixaram suas terras na região do rio acabaram se
tornando favelados, bóias-frias ou operários da CBA na região metropolitana de Curitiba”, conta.
Segundo o assessor jurídico do ISA, o Vale do Ribeira é uma região com condições muito especiais. A
região concentra um grande número de comunidades locais e contam com poucos recursos. “Com dinheiro
público, vontade política, parcerias e políticas públicas é possível desenvolver uma economia sustentável”.
Hoje, as comunidades da região vivem da agricultura e o molde de produção é familiar. “Nossa forma
de organização é diferente: a terra é coletiva. A forma de se relacionar com o meio ambiente também. A
gente produz só o que precisa para sobreviver, é agricultura de subsistência. Vivemos também de
artesanato e turismo. A região do Vale do Ribeira é a maior área continua de Mata Atlântica do país, e isso
só foi preservado pelo cuidado das etnias da região de quilombolas, indígenas, caiçaras e ribeirinhos.
Temos a preocupação de não desmatar muito e preservar aquilo que temos”, conta Moraes, o morador da
comunidade quilombola.
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POPULAÇÃO E MANEJO NOS PARQUES ESTADUAIS PAULISTASTEXTO ADAPTADO DO BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA – AGB/SP
Os Parques Estaduais Paulistas, constituem 800.000ha de Áreas Protegidas do Estado de São Paulo,
são regulamentados pelo decreto nº 25.341 de 04?06/1986. Este decreto define o objetivo principal dos
Parques Estaduais, no seu Artigo 1º inciso 3º como sendo “... preservação dos ecossistemas englobados
contra quaisquer alterações que os desvirtuem”. Este objetivo é confirmado através do grau de proteção
proposto para tal Categoria de Manejo é “a proteção integral dos recursos naturais” cuja finalidade
precípua é “ a preservação biológica e paisagística, pesquisa científica e recreação”. (IBAMA / FUNATURA,
1989).
Este modelo de metodologia de Plano de Manejo não é adequado à realidade dos Parques
Estaduais na medida em que as populações moradoras do interior desta categoria de Manejo não são
consideradas importantes quando da definição do manejo e implantação da mesma (seus direitos,
conhecimentos, estratégias de sobrevivência, etc).
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O que ocorre, invariavelmente é que os Parques estaduais geralmente são implantados em áreas
onde já existem populações ocupando seu interior. Esta situação se repete na maioria dos parques
nacionais (desde o Parque Nacional Lagoa dos Peixes, no Rio Grande do Sul, ao Parque Nacional do Pico da
Neblina, no Amazonas – MILANO, 1987). Segundo SOBOLL (1990), em crítica ao anteprojeto do SNUC
(Sistema Nacional de Unidades de Conservação) “É sabido que as unidades de conservação, inclusive as
nacionais, incluem dentro de seus limites a presença humana. O anteprojeto faz vista grossa para essa
realidade, não fazendo diferença quanto aos tipos de ocupação – primitiva ou desenvolvida -, nem
quanto à contribuição cultural que a população pode dar, na medida em que ela poderá desempenhar o
papel de guardiã dos recursos ambientais”.
No Estado de São Paulo 6 dos 16 Parques Estaduais (37,5%), representando 85% das áreas
protegidas sob legislação de Parques, tem ocupação humana. Basicamente, as populações que ocupam o
interior dos Parques Estaduais são homogêneas quanto ao alto índice de analfabetismo, baixa renda per
capita, prática de atividades ilegais e clandestinas (por imposição da legislação ambiental, o que gera
conflitos sociais e aversão ao poder público), falta de alternativas econômicas, falta de organização
política, falta de infra-estrutura de apoio, irregularidade, fundiária, detenção de formas culturais e
situação histórica. O uso das áreas do interior dos Parques Estaduais se dá nos moldes das formas
diferenciadas de apropriação e uso do espaço e dos recursos pelos seus habitantes, que determinam
compatibilidade e / ou incompatibilidade com os objetivos de conservação destas Categorias de Manejo
(SIQUEIRA & VIANNA, 1989)
Entretanto, os tipos de ocupação são marginalizados frente as legislações que regem os Parques
Estaduais no Estado de São Paulo. Esta postura de “ignorar” os ocupantes, tanto a nível do Plano de
Manejo quanto na criação e implantação dos Parques, tem levado à expulsão das populações, na medida
em que a ação da Polícia Florestal, fazendo cumprir a legislação, tolhe suas atividades, impedindo-a de se
reproduzir, e desrespeitando seus direitos, gerando conflitos sociais.
DIFERENÇA ENTRE PARQUE E ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, há dois tipos de unidade de conservação: as Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável.
O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:
Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural Refúgio de Vida Silvestre.
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O objetivo básico dessas unidades é preservar a Natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais. A exploração econômica é proibida e são poucos os usos permitidos. Não é permitido que populações tradicionais vivam em seu interior.
Os Parques Estaduais (ex: PETAR) seguem as mesmas disposições que regem o funcionamento dos Parques Nacionais. Seu objetivo básico é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a Natureza e de turismo ecológico.
Os parques são de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas.
Já o grupo das Unidades de Uso Sustentável é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:
Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável; Reserva Particular do Patrimônio Natural;
O objetivo básico dessas unidades é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. Apesar de gozarem de proteção especial, elas permitem certos tipos de uso de seus recursos naturais.
A Área de Proteção Ambiental (APA) é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Ao contrário do que ocorre com os parques, é permitida a existência de terras privadas dentro da Área de Proteção Ambiental.
Conforme estabelecido na Resolução nº 10 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 1988, as APAs terão sempre um zoneamento ecológico-econômico, que estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agropastoris, extrativistas, culturais e outras.
Todas as APAs deverão ter em seu interior uma zona de vida silvestre, nas quais será proibido ou regulado o uso dos sistemas naturais. As áreas situadas no interior dessas zonas estão sujeitas a uma regulação mais rígida do que as outras, não podendo ser tituladas.
SITE: CPISP – Comissão Pró Índio do Estado de São Paulo - http://www.cpisp.org.br/
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A RESISTÊNCIA DA VIDA
Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira PETAR
O PETAR é um dos Parques mais antigos do Estado de São Paulo, criado em 19/05/1958, com área
de 35.712 hectares e tem no turismo ecológico, grande fonte de renda a população local.
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FORMAÇÃO DE CAVERNA
- Forma-se principalmente nas rochas calcárias.
- A maioria de origem marinha.
- Em regiões onde há mais chuva, o desenvolvimento de caverna é favorecido.
- O gás carbônico é o responsável pela acidez da água.
- As reações químicas que ocorrem para a formação de cavernas são:
CO2 + H2O H2CO3 (ácido carbônico)
H2CO3 + CaCO3 Ca(HCO3)2 (bicarbonato de cálcio)
FORMAÇÃO DE ESPELEOTEMAS
- Originam-se devido à precipitação e à recristalização do carbonato de cálcio.
- Ca(HCO3)2 CaCO3 + H2O + CO2 (precipitação do carbonato de cálcio).
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ESPELEOTEMAS
- Podem se formar a partir dos depósitos de águas circulantes, dos depósitos de águas estagnadas
ou dos depósitos de águas de exsudação.
- Água circulante: são formados pela água que atravessa a rocha e que, goteja do teto ou escorre
pelas paredes das cavernas. Exemplos estalactites, canudos, estalagmites.
- Águas estagnadas: são formados pela água que fica represada. Exemplos vulcões, dentes de cão e
nata de leite.
- Águas de exsudação: a água transpassa a porosidade da rocha ou do espeleotema e surge na
superfície como se eles estivessem suando. Exemplos helictites, agulhas e flor de aragonita
Estalactite
Vulcões
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Flor de aragonita
Cavernas como ecossistemas
- As cavernas são ecossistemas com características próprias. Nelas encontramos:
* constância de fatores climáticos no seu interior (capa de rochas que envolvem a caverna
funcionam como um isolante, dando estabilidade climática)
* zonas com microclimas e luminosidade diferente na entrada;
* ausência de luz (não ocorre fotossíntese);
* matéria orgânica proveniente do meio epígeo;
* organismos adaptados a essas características.
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As cavernas apresentam zonas de variação climática, influenciadas pelo ambiente externo:
Zona I: entrada da caverna. A luz ainda está presente e os outros fatores ambientais são influenciados pelo meio externo;
Zona II: não existe mais luz. A circulação de ar entre o meio interno e externo da caverna provoca variações de temperatura e umidade;
Zona III: o ambiente apresenta sua maior constância. A luz é inexistente, a temperatura quase não varia e a umidade relativa do ar está próximo dos 100%.
A vida nas cavernas
- O microclima estável favorece os organismos que vivem nas cavernas.
- Os organismos se distribuem longitudinalmente no interior das cavernas.
- Os organismos que se alimentam de detritos ocupam o solo e os predadores ocupam as paredes e
o teto.
- Vegetais e animais do meio externo podem ser encontrados na zona I. Os organismos que vivem
estritamente no interior das cavernas se encontram na zona III.
- Os organismos de cavernas são classificados em:
Troglóbios: Vivem somente no interior de cavernas e se originaram de seres que viviam fora das cavernas. São adaptados para compensar a falta de luz, pouco alimento e elevada unidade.
Troglófilos: Podem completar o ciclo de vida tanto fora quanto no interior de cavernas. Trogloxenos: Usam a caverna esporadicamente.
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- Podemos encontrar organismos unicelulares (bactérias e fungos).
-Invertebrados: insetos, crustáceos e aracnídeos são os mais numerosos. Encontramos também as
centopéias.
- Vertebrados: morcegos, peixes e vertebrados como sapos, cobras que ocorrem acidentalmente.
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Potencial Espeleológico – Brasil
A Sociedade Brasileira de Espeleologia tem cadastradas 2090 cavernas. Acredita-se que
corresponde apenas a 10% do potencial espeleológico brasileiro.
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DAS CAVERNAS
ASPECTOS FÍSICOS SERES VIVOS
Localização
Acesso
Temperatura e umidade
Espeleotemas
Presença de água
Presença de seres vivos
Tamanho
Localização na Caverna (chão, teto, paredes, voando, etc.)
Coloração
Adaptações (antenas longas, ausência de asas, ausência de olhos, olhos atrofiados, etc)
Outras informações: relate qualquer informação que você achar importante sobre a espécie observada
Desenho: você pode desenhar ou fotografar a espécie observada. Este dado é importante para a identificação da espécie
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1º dia
PRINCIPAIS APRENDIZAGENS
AVALIAÇÃO DO GRUPO E AUTOAVALIAÇÃOAvanços e retrocessos // Permanências e mudanças
QUAL O CONCEITO DE RESISTÊNCIA PARA VOCÊ?
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2º DIA
PRINCIPAIS APRENDIZAGENS
AVALIAÇÃO DO GRUPO E AUTOAVALIAÇÃOAvanços e retrocessos // Permanências e mudanças
QUAL O CONCEITO DE RESISTÊNCIA PARA VOCÊ?
3º DIA
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PRINCIPAIS APRENDIZAGENS
AVALIAÇÃO DO GRUPO E AUTOAVALIAÇÃOAvanços e retrocessos // Permanências e mudanças
QUAL O CONCEITO DE RESISTÊNCIA PARA VOCÊ?
4º DIA
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PRINCIPAIS APRENDIZAGENS
AVALIAÇÃO DO GRUPO E AUTOAVALIAÇÃOAvanços e retrocessos // Permanências e mudanças
QUAL O CONCEITO DE RESISTÊNCIA PARA VOCÊ?
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AVALIAÇÃO E AUTOAVALIAÇÃO
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