Post on 31-Jul-2020
COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN PEYTARD:
UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA
21 a 23 de março de 2012
Mariana - MG/Brasil
CADERNO DE RESUMOS
Belo Horizonte/Mariana
Março 2012
COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN PEYTARD:
UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA
CADERNO DE RESUMOS
Organizadoras:
Emília Mendes
Mônica Santos de Souza Melo
Dylia Lysardo-Dias
Belo Horizonte/Mariana
Março 2012
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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN
PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA
21 a 23 de março de 2012
Comitê Organizador:
Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)
William Augusto Menezes (ICHS/UFOP-Brasil)
Serge Borg (SCAC/Embaixada da França)
Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET-MG-Brasil)
Emília Mendes (UFMG-Brasil)
Paulo Henrique de Aguiar Mendes (ICHS/UFOP-Brasil)
Simone Mendes (ICHS/UFOP-Brasil)
Dylia Lysardo-Dias (UFSJ/MG-Brasil)
Comitê Científico:
Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)
Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET/MG-Brasil)
Emilia Mendes Lopes (UFMG-Brasil)
Dylia Lysardo-Dias (UFSJ/MG-Brasil)
Wander Emediato (UFMG-Brasil)
Renato de Mello (UFMG-Brasil)
Patrick Dahlet (UAG – Univ. das Antilhas e da Guiana)
Sophie Moirand (Paris III/França)
João Bosco Cabral dos Santos (UFU/MG-Brasil) -
Mônica Santos de Souza Melo (UFV/MG-Brasil)
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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN
PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA
21 a 23 de março de 2012
Promoção:
Apoio:
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ÍNDICE
APRESENTAÇÃO 9
APRESENTAÇÃO DE JEAN PEYTARD 11
PROGRAMAÇÃO COMPLETA 13
RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS 20
MESAS REDONDAS 23
MESA REDONDA I: DISCURSO, LINGUÍSTICA E SEMÂNTICA LEXICAL 23
MESA-REDONDA II : ANÁLISE DO DISCURSO E APLICAÇÕES DIVERSAS 25
MESA-REDONDA III: ANÁLISE DO DISCURSO E LITERATURA 27
MESA-REDONDA IV: ANÁLISE DO DISCURSO E DIDÁTICA (A) 29
MESA-REDONDA V: ANÁLISE DO DISCURSO, POLÍTICA E PROCESSOS DE
AVALIAÇÃO 30
MESA-REDONDA VI: ANÁLISE DO DISCURSO E PSICANÁLISE 33
MESA-REDONDA VII: ANÁLISE DO DISCURSO E DIDÁTICA (B) 35
SEMINÁRIOS TEMÁTICOS 37
SEMINÁRIO TEMÁTICO 1: A NOÇÃO DE GÊNERO EM DIDÁTICA DO FRANCÊS
LÍNGUA ESTRANGEIRA (FLE) 37
SEMINÁRIO TEMÁTICO 2: ANÁLISE DO DISCURSO E MÍDIAS 40
8
SEMINÁRIO TEMÁTICO 3: ANÁLISE DO DISCURSO E FICÇÃO 44
SEMINÁRIO TEMÁTICO 4: DISCURSO E BIOGRAFIAS 47
SESSÃO DE PAINÉIS DE PESQUISA: DIÁLOGOS COM JEAN
PEYTARD 50
ÍNDICE REMISSIVO DE AUTORES 62
9
APRESENTAÇÃO
O presente colóquio tem por objetivo fazer uma homenagem ao pesquisador
francês Jean Peytard, por sua atuação vanguardista em vários campos conceituais
como: a questão do sentido, a semiótica, a análise do discurso, a didática de línguas,
dentre outros.
Nas palavras de Madini (2010), "Jean peytard sempre disse, como
em Syntagmes 5, que 'nunca desejou ser considerado como um «mestre», [...]
um condottiere que domina seus discípulos do alto de sua ciência, mas, que preferia
ser um «acompanhador», um «parceiro de pesquisa»' (Syntagmes, 2001, p.15) "
Assim, a proposta deste evento é estabelecer um diálogo de parceria com as
contribuições científicas deste brilhante pesquisador, ao mesmo tempo, em uma
perspectiva histórica e em uma perspectiva de exploração de seus estudos e
atualização dos mesmos, seguindo seu espírito sempre moderno e atual.
Dois colóquios serão organizados para compor esta homenagem: o primeiro,
é este, promovido no Brasil, pelo NAD-FALE/UFMG e o segundo será promovido
pelo LASELDI (ELLIADD a partir de janeiro 2012) da Université de Franche-Comté
(UFC-França) e ocorrerá em Besançon (UFR SLHS et IUFM) nos dias 7, 8 e 9 de
junho/2012 : « Jean Peytard : syntagmes et entailles ».
Ida Lucia Machado (NAD/FALE/UFMG)
10
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APRESENTAÇÃO DE JEAN PEYTARD
Há praticamente cinquenta anos atrás, ou seja, em 1962, Jean Peytard inicia em
Besançon sua carreira universitária, na Faculdade de Letras. Ele contribuirá, de modo
decisivo a transformar Besançon em um importante pólo da linguística francesa,
mantendo sempre um diálogo com a Literatura e as Ciências Humanas.
Jean Peytard pluraliza as Ciências da Linguagem em uma época em que a
Linguística era uma ciência-piloto, ou seja, na década de 60-70, pois vai trabalhar e
pesquisar, ao mesmo tempo, do lado do discurso e dos textos e do lado da didática.
/.../
A didática do francês, do francês língua estrangeira e da literatura são linhas
de força que estão presentes no seu livro Linguistique et enseignement du Français (e
a sua adapatação para o português: Linguística e ensino do Português), escrito em
colaboração com Genouvrier, em 1970. Uma outra obra, esta mais recente, escrita
com Sophie Moirand aparece em 1992: Discours et enseignement du français. /.../
A associação “linguistica, semiótica, didática” (na qual Peytard inclui a
Informática, e isso nos anos 85-90) sintetiza as pesquisas que faz e também que
orienta.
Deve-se lembrar que a dimensão social e ideológica sempre acompanhou suas
ideias e que estas são intimamente ligadas à análise do discurso de hoje, ou já a
anunciam, na época. /.../
Segundo o linguista Michel Arrivé, Peytard foi “um dos professores de
linguística que mais levou doutorandos à defesa”, ou seja, cerca de cem! Peytard
formou centros de pesquisa importantes. E também revistas que existem até hoje
(Semen). Recebeu orientandos do mundo inteiro, da Europa, América, Ásia, África...
(Mongi Madini, UFC, resumo sobre a carreira de Jean Peytard, 2011 - Trad. do
francês por Ida Lucia Machado)
12
13
COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN
PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA
21 a 23 de março de 2012
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
21 DE MARÇO DE 2012
(QUARTA-FEIRA)
HORÁRIO/LOCAL ATIVIDADE
De 09:00h às 9:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda de abertura – Sessão inicial
Professores Participantes:
João Luiz Martins (Reitor UFOP-Brasil)
Claude Condé (Reitor UFC/França)
William Augusto Menezes (Diretor do ICHS/UFOP-
Brasil)
Luiz Francisco Dias (Diretor FALE/UFMG-Brasil)
Serge Borg (Adido Cultural Embaixada Francesa
MG)
Ida Lucia Machado (Presidente do Colóquio–
UFMG-Brasil).
De 9:30h às 10:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Conferência inicial
Tema: Jean Peytard, um precursor.
Conferencista:
Claude Condé (Reitor de l‟UFC-França).
Mediadora: Dylia Lysardo Dias (UFSJ-Brasil)
De 10:30h às 10:50h Pause café
14
De 10:50h às 11:50h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Conferência I
Tema: As trocas culturais entre o Brasil e a França
Conferencista:
Eni Orlandi (UNICAMP/UNIVAS-Brasil)
Mediadora:
Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)
De 11:50h às 14:00h
Intervalo para almoço
De 14:00h às 15:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Conferência II (a duas vozes)
Tema: Jean Peytard: dois olhares que se cruzam, o brasileiro e o
francês
Conferencistas:
Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)
Mongi Madini (Laseldi/UFC-França)
Mediador: Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP-Brasil)
De 15:30h às 15:50h Pause café
De 15:50h às 17:20h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda I:
Tema: Discurso, linguística e semântica lexical
Participantes :
Luiz Francisco Dias (Diretor FALE/UFMG-Brasil)
(Coordenador)
Hugo Mari (PUC-Minas-Brasil)
Daniel Lebaud (UFC-França)
15
De 17:20h às 18:50h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda II
Tema: AD e aplicações diversas
Participantes:
Gláucia Lara (UFMG-Brasil) (Coordenadora)
Beth Brait (PUC/SP-Brasil)
Helcira Lima (UFMG-Brasil)
22 DE MARÇO DE 2012
(QUINTA-FEIRA)
HORÁRIO/LOCAL ATIVIDADE
De 09:00h às 10:15h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda III
Tema: AD e literatura
Participantes:
Virginie Lethier (UFC-France)
Renato de Mello (UFMG-Brasil)
Emilia Mendes (UFMG-Brasil) (Coordenadora)
De 10:15h às 10:30h Pause café
De 10:30h às 11:50h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Conferência III
Tema: O discurso totalitário
Conferencista :
Béatrice Turpin (UCP-França)
Mediador:
William Augusto de Menezes (UFOP-Brasil)
De 11:50h às 14:00h Intervalo para almoço
16
De 14:00h às 15:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda IV
Tema: AD e Didática (a)
Participantes :
Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET-MG-Brasil)
(Coordenador)
Patrick Anderson (UFU - Brasil)
João Bôsco Cabral dos Santos (UFU-Brasil)
De 15:30h às 15:50h Pause café
De 15:50h às 17:20h
SEMINÁRIOS 1 E 2 -
Seminário Temático 1 - SALA 21
Tema: A noção de gênero em didática do Francês Língua
Estrangeira (FLE)
Coordenadores:
Wellington Costa (AF-BH) e Ceres Leite Prado
(UFMG-Brasil)
Participantes:
Eliane Lousada (USP)
Raíssa Palma (Alliance Française/UFOP)
Maria Lucia J. D. Barros (UFMG)
Seminário Temático 2 - SALA 22
Tema: AD e Mídias
Coordenadores:
Giani David Silva (CEFET-MG) e Paulo Henrique
de Aguiar Mendes (ICHS/UFOP)
Participantes:
Maria Carmem A. Gomes (UFV)
Lílian Arão (CEFET-MG)
17
De 17:20h às 18:50h
SEMINÁRIOS 3 E 4
Seminário Temático 3 - SALA 21
Tema : AD e ficção
Coordenadoras :
Simone Mendes (ICHS/UFOP-Brasil) e Wiliane
Rolim (PBH -Brasil)
Participantes:
Carolina Assunção e Alves (UniCEUB)
Marcelo Cordeiro (UFMG)
Seminário Temático 4 - SALA 22
Tema : AD e Biografias
Coordenadoras :
Dylia Lysardo-Dias (UFSJ-Brasil) e Mônica Santos
Melo (UFV-Brasil)
Participantes:
Cláudio Humberto Lessa (UFMG)
Mariana Ramalho Procópio (UFMG)
De 18:50h às 20:00h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Conferência IV
Tema: AD comunicacional e Jean Peytard
Conferencista:
Patrick Charaudeau (Paris XIII e INA-França)
Mediadora: Emilia Mendes (UFMG-Brasil)
18
23 DE MARÇO DE 2012
(SEXTA-FEIRA)
HORÁRIO/LOCAL ATIVIDADE
De 09:00h às 10:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda V
Tema: AD, política e processos de avaliação
Participantes :
William Augusto Menezes (ICHS/UFOP-
Brasil)
Patrick Chardenet (UFC-França)
Wander Emediato (UFMG-Brasil)
De 10:30h às 10:50h Pause café
De 10:50h às 11:50h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda VI
Tema: AD e psicanálise
Participantes:
Maria Antonieta Cohen (UFMG-Brasil)
(Coordenadora)
Cássio Eduardo Soares Miranda (NAD/UFMG)
Maralice Neves (UFMG-Brasil)
De 11:50h às 14:00h Intervalo para almoço
De 14:00h às 15:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Mesa-Redonda VII
Tema: AD e didática (b)
Participantes:
Serge Borg (SCAC-Embaixada da França)
(Coordenador)
Patrick Dahlet (UAG-Universidade das
Antilhas e da Guiana)
19
De 15:30h às 15:50h Pause café
De 15:50h às 16:30h
Saguão do Prédio do
Seminário
Sessão de Painéis de pesquisa: diálogos com Jean
Peytard
De 16:30h às 17:30h
Local:
Auditório Francisco Iglesias
Conferência de encerramento
Tema: Jean Peytard: entre alteração e reformulação,
qual lugar dar ao dialogismo do Círculo de Bakhtin?
Conferencista:
Sophie Moirand (Universidade de Paris III –
França)
Mediador:
Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET-MG-Brasil)
20
RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS
J. PEYTARD: O EXERCÍCIO DA TRANSVERSALIDADE
Eni Puccinelli Orlandi
(Unicamp/Univás – Brasil)
Trata-se de expor, através de uma reflexão que se faz na articulação da história
das ideias linguísticas e a análise de discurso, um percurso de J. Peytard que
produziu as condições para a formação de professores que estão na fonte da
implantação do atual Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, percurso
que tem seu ponto mais significativo na relação com J. Peytard, em sua função de
professor, na Universidade de Besançon, nos anos 70 do século XX. Além desse
percurso, analisamos também o sentido e importância da obra de J. Peytard e E.
Genouvrier, Linguistique et enseignement du français / Linguística e ensino do português
(trad. De R. Ilari, Almedina, Coimbra) que atesta mais uma ponto de articulação
entre o trabalho de J. Peytard e a linguística produzida no IEL/Unicamp, no Brasil.
Nosso objetivo é mostrar como isso que chamamos transversalidade, como prática de
J. Peytard, teve consequências não só teóricas mas também institucionais na relação
entre este mestre e a história das ciências da linguagem no Brasil.
“MEU” JEAN PEYTARD
Ida Lucia Machado
(FALE/UFMG)
Como imagino que o título desta conferência pode parecer pretensioso, passo
logo a explicar a presença deste “meu” que é a priori marca de uma posse individual
por parte do sujeito falante: no entanto, ele se refere aqui à experiência que guardei
de meus contatos com o Professor Jean Peytard, em Besançon, durante quase três
anos e depois, ao longo da vida. Logicamente este “meu” vai se refletir em outros
“meus” de outros pesquisadores que tiveram experiências semelhantes a minha, já
que nunca somos originais ou únicos. De modo bem panorâmico, gostaria de falar
sobre “quem” Jean Peytard apresentava aos seus alunos: Ducrot, Greimas, Perelman,
Lacan e, sobretudo, Bakhtin. Algo encantador que Jean Peytard nos passou foi ter
deixado bem claro que vários teóricos e as teorias da linguagem existiam: cabia a
nós, jovens pesquisadores, escolher e priorizar aquele que mais atendesse nossas
próprias especificidades e gostos no mundo intricado e complexo da pesquisa
21
linguageira. É claro que, para jovens pesquisadores tal “liberdade” de decisão pode
ter parecido, em algum momento, uma forma de descaso do orientador para com o
orientando: não nego que fui vítima desse mau julgamento durante algum tempo.
Somente com o passar do tempo vi quanto foi importante ter tido na vida um Mestre
que acreditava em seus alunos e no potencial que estes podiam desenvolver por eles
mesmos.
Entre as inúmeras aquisições que o contato deste Mestre me proporcionou
destaco algo que me impressionou bastante na época em que tentava realizar meu
doutorado em Besançon: uma aula em que Jean Peytard se mostrou contra o “sujeito
único” do discurso, no caso, do discurso literário. Mas, logo vi que tal raciocínio
poderia se aplicar a diferentes tipos de discursos. Pela primeira vez na vida vi então
que diferentes entidades são convocadas a comparecer em um ato de leitura ou em
um ato de uso da linguagem: destaco assim a entidade do scripteur, já que acredito
que foi Jean Peytard o primeiro ou um dos primeiros a inserir essa instância
intermediária entre o que hoje chamamos (seguindo outro teórico do discurso,
Patrick Charaudeau) sujeito comunicante e sujeito enunciador. Mas o objetivo
implícito (e ambicioso) desta apresentação é sem dúvida, o desejo de ressaltar que
Jean Peytard foi politicamente correto na vida e na pesquisa e sua grande vontade de
defender a liberdade de pensar e ser do pesquisador, viesse ele da França ou de
outros países do mundo.
O DISCURSO TOTALITÁRIO
Béatrice Turpin
(UCP-França)
Nous nous proposons, à partir de la conception du sens chez Jean Peytard dont
nous analyserons les principaux traits, de définir « a contrario » le langage totalitaire
et de voir les processus discursifs et rhétoriques qui y sont engagés. Nous
montrerons comment le langage totalitaire fige le sens dans un discours clos, a-
historique qui peut être considéré comme la négation du fonctionnement même de la
langue, comme une sorte de mécanique grippée qui opère cependant au cœur du
fonctionnement langagier. En nous référant en outre aux résultats du colloque de
Cerisy-la-Salle sur Victor Klemperer et le langage totalitaire à paraître aux éditions
du CNRS, nous montrerons que ces processus doivent être appréhendés à partir d‟un
point de vue interdisciplinaire, suivant en cela les leçons du linguiste bisontin. Ils
réfèrent en effet à une sémiotique de la complexité qui allie point de vue
translinguistique, pragmatique, étude de la syntaxe, théories sémantiques et
rhétoriques, théorie de l‟énonciation.
22
JEAN PEYTARD: ENTRE ALTERAÇÃO E REFORMULAÇÃO, QUAL
LUGAR DAR AO DIALOGISMO DO CÍRCULO DE BAKHTIN?
Sophie Moirand
(Universidade de Paris III – França)
Revenir sur les travaux de Jean Peytard dans une double perspective,
épistémologique et prospective, c‟est d‟abord s‟interroger, entre autres, sur les
concepts opératoires qu‟il a « expérimentés » (au sens de Guilhaumou, Maldidier,
Robin 1995), c‟est-à-dire mis à l‟épreuve des discours littéraires, médiatiques,
scientifiques et techniques. On reviendra ainsi sur le traçage de l‟altération tel qu‟il
l‟a « pensé » au travers des opérations de reformulation et de transcodage et de
l‟activité d‟altération telle qu‟elle se manifeste dans la surface du texte : la similarité,
l‟équivalence, la fracture… constituant ainsi ce qu‟on appelerait aujourd‟hui des
« observables » des textes et des discours (dans Peytard et Moirand 1992).
Mais on s‟interrogera dans un second temps sur la lecture que Jean Peytard a
proposé, parfois de manière implicite, des écrits des Bakhtine et/ou Volochinov dans
leurs relations à cette activité d‟altération qui se manifeste « là où le texte se fissure »,
là où l‟on devine ce qu‟ «il porte en lui de devenir autre » et donc de discours
produits avant et ailleurs par d‟autres, y compris par « le tiers parlant ». C‟est ici
qu‟il situe la rencontre entre la sémantique discursive de Michel Pêcheux et le
concept de dialogisme (Peytard 1995), tel qu‟il l‟a « interprété », dans le contexte
particulier des sciences du langage et dans le paysage francophone européen où lui-
même se trouve (Moirand 2012), et qu‟il l‟a « expérimenté » dans ses propres travaux
(sémiotique différentielle, instance du tiers parlant, discours relatés, évaluation
sociale…).
On voit alors comment le concept de dialogisme et les notions que Jean
Peytard lui avait associées fonctionnaient pour lui comme des « outils pour penser
avec », c‟est-à-dire, conformément à la définition du philosophe J. Benoît (2010),
comme des filets qui, jetés dans les discours circulant, « capte » ou « capture » les
éléments nécessaires à l‟interprétation des discours, des textes et des documents, ce
qu‟on pourrait élargir aujourd‟hui à la compréhension des relations entre discours et
société et à la construction des faits sociaux des sociétés contemporaines.
23
MESAS REDONDAS
Mesa redonda I: Discurso, linguística e semântica lexical
UM LUGAR PARA O DISCURSIVO NA RELAÇÃO ENTRE O
DISPOSITIVO LEXICAL E O DISPOSITIVO SINTÁTICO
Luiz Francisco Dias
(FALE/UFMG)
Desenvolvemos uma reflexão sobre as formas como as unidades lexicais se expõem
ao campo da memória discursiva frente às determinações da articulação sintática. O
verbo, na medida em que é instado a sair do estado de item lexical e assumir a
nucleação sintática, é afetado por uma regularidade na língua portuguesa, cuja
característica mais marcante é a constituição de um lugar sintático que a tradição
gramatical denomina objeto verbal. Especificamente, analisamos a determinação
contraída pelo substantivo ou por uma formação nominal quando assume o lugar do
objeto. Nessa direção, defendemos a tese segundo a qual a ocupação desse lugar
passa por um apontamento no campo da memória discursiva. Para isso, analisamos
enunciados produzidos na esfera jornalística, no sentido de mostrar como a
ocupação.
DO SIGNIFICADO LEXICAL À AÇÃO DISCURSIVA
Hugo Mari
(PUC - Minas)
As três categorias centrais que compõem o tema dessa mesa serão assumidas,
na minha proposta de análise, como escalas de problemas de significação que
contribuem de forma decisiva, mas diferenciada, para a produção do sentido. Na
primeira parte da formulação, destacarei questões associadas ao significado lexical,
conforme discussões propostas por Gibbs (2002), Giora (2002), Ariel (2002), Cutting
(2002), entre outros, relativas ao contraste entre significado literal e significado
figurativo. Na segunda parte, abordarei a questão do significado linguístico com base
no princípio da composicionalidade (propriedades lexicais e relações sintagmáticas),
24
desenvolvida nas teorias semânticas pós-estruturalistas. Destacarei nessa dimensão a
controvérsia entre intensionalismo e extensionalismo (Katz, Lakoff, Bierwisch) Na
parte final, comentarei a hipótese desenvolvida por Grice relativamente ao
significado do enunciado e ao sentido do falante, como condição fundamental à
percepção do sentido discursivo em sua dimensão pragmática. Por fim, concluo
minha proposta apontando a importância da confluência desses três estágios da
significação como condição essencial para a produção/percepção do sentido
discursivo e como condição necessária para a ação.
SÉMANTIQUE LEXICALE ET SÉMANTIQUE GRAMMATICALE
Daniel Lebaud
(UFC - França)
Nous situant dans une théorie - la Théorie des Opérations Prédicatives et
énonciatives (TOPE), initiée par Antoine Culioli - qui formule des hypothèses très
fortes sur la sémantique des unités lexicales et des unités grammaticales et la
construction des valeurs référentielles (ou signification), nous expliciterons à partir
de quelques exemples de chacune de ces sortes d‟unités en quoi ces hypothèses sont
pertinentes et opératoires et, de façon incidente, quelle conception du langage et des
langues elles engagent.
Pour ce qui est des unités lexicales, nous soutenons que leurs conditions
d‟emploi en constituent le sens même : pour décrire ce sens, il convient alors de
chercher leurs contextes et de décrire leurs conditions d‟emploi. Le contexte, dans
cette approche, n‟est pas un ajout, un « en plus », mais il est constitutif des unités
lexicales et de leurs valeurs : leurs conditions d‟emploi constituent leur sens. Les
unités tirent leur identité de ce que l‟on appelle leur forme schématique, qui est la façon
singulière dont elles ordonnent leur contexte d‟insertion.
Nous pourrons distinguer, dès lors, les unités grammaticale des unités
lexicales1 (et parmi celles-là les termes et les mots): les unités grammaticales, à la
différence des unités lexicales, n‟ont pas une distribution singulière, si ce n‟est celle
qu‟elles partagent avec l‟ensemble des autres unités de la classe distributionnelle à
laquelle elles appartiennent. En conséquence, ces unités ne peuvent être identifiées
dans leur singularité par leur distribution, mais le sont par leur différence avec les
autres unités de leur classe (les désinences de l‟imparfait par rapport à celles du
présent simple, du passé simple, par exemple). Les unités grammaticales se définissent
1 Notons que la distinction qui sera proposée pour ce qui est du mode de caractérisation de ces deux
sortes d‟unités ne fait pas l‟unanimité au sein de la TOPE : elle est soutenue par Sarah de Voguë, en particulier.
25
donc paradigmatiquement (leur position dans leur classe est ce qui fait leur singularité)
alors que les unités lexicales se définissent syntagmatiquement (leur combinatoire est
ce qui fait leur singularité). Les unités grammaticales auront en conséquence une
caractérisation en terme de configuration d’opérations et non en terme de forme
schématique.
Mesa-Redonda II : Análise do Discurso e aplicações diversas
ATUALIZANDO AS (PRE) OCUPAÇÕES DE JEAN PEYTARD
Glaucia M. P. Lara
(FALE/UFMG)
Figura dominante nas ciências da linguagem por mais de três décadas, o
linguista (-analista) de discurso Jean Peytard pautou seus trabalhos por três eixos
principais: o «pendor» para a didática, a « a apetência » pela semiótica literária e o
« desejo » da linguística, como mostra o prefácio de Syntagmes 5 (última coletânea de
artigos, publicada postumamente em 2001). Considerando a didática como uma
questão central para o autor e seu interesse, depois de 1980, pela semiótica visual e
pelas mídias, nossa contribuição, no presente trabalho, é tentar articular essas três
instâncias: propor a análise de publicidades (textos midiáticos), pelo viés da
semiótica visual (inaugurada por J. M. Floch, na sequência dos trabalhos de A. J.
Greimas) e mostrar como esse trabalho pode ser levado para a sala de aula (didática),
de modo a tornar os alunos leitores eficientes não apenas de textos verbais, mas
também de textos não verbais/visuais (imagens), uma vez que a publicidade
(impressa) é, via de regra, um texto sincrético, que reúne, no plano de expressão,
essas duas linguagens para veicular um dado plano de conteúdo. Nesse trabalho,
focalizaremos anúncios brasileiros e chineses de produtos similares para verificar até
que ponto essas culturas tão distintas se aproximam/se distinguem na construção do
gênero publicidade e como essa discussão pode ser abordada na formação de um
aluno/leitor mais crítico e participativo.
26
JEAN PEYTARD, DIALOGISMO E ANÁLISE DO DISCURSO
Beth Brait
(PUC-SP)
A partir dos anos 1970, a noção de dialogismo aflora como presença constante
nos estudos da linguagem, quer linguísticos, literários ou das Ciências Humanas em
geral. Entretanto, essa noção está, ainda, pouco associada, de maneira explícita e
rigorosa, à teoria e análise de discursos de vertente russa, surpreendida no conjunto das
obras de Bakhtin e do Círculo. Em geral, o desconhecimento dessa articulação
epistemológica, teórica e metodológica empurra o conceito para a utilização/prática,
como uma espécie de agregado das vertentes francesas e anglo-saxônicas. Nesse
sentido, é necessário destacar que, há 16 anos, exatamente nas comemorações do
centenário de nascimento de Bakhtin, Jean Peytard lançou um livro com o sugestivo
título: Mikhaïl Bakhtin. Dialogisme et analyse du discours (Paris: Bertrand-Lacoste, 1995).
Uma obra pequena, considerando-se suas 128 páginas, encerradas nos onze
centímetros de largura por dezoito de altura (tamanho padrão da Coleção Parcours
de Lecture/Référence). Apesar das dimensões, ela representa importante
contribuição para a inserção do pensamento bakhtiniano, e especialmente do
conceito de dialogismo, na vertente análise do discurso, com singularidades que a
distinguem da AD francesa, por exemplo. O objetivo desta exposição é mostrar de
que maneira o livro é construído, que obras de Bakhtin e do Círculo Peytard
seleciona para concretizar sua proposta, e como ele vai estabelecendo discussões e
relações que permitem responder, pelas obras de Bakhtin e do Círculo, questões
centrais para a análise de discursos, caso de Como o discurso da sociedade, o discurso da
ideologia que circula, pode ser interiorizado pelo sujeito?
DRAMATIZAÇÃO ARGUMENTATIVA: O TRIBUNAL DO JÚRI
ENTRE O RITUAL E A INSTABILIDADE
Helcira Lima
(FALE/UFMG)
As interações estabelecidas no âmbito do discurso jurídico são altamente
ritualísticas e delimitam os espaços e os modos do dizer de cada sujeito envolvido no
caso em julgamento. Em se tratando do Tribunal do Júri, um dos órgãos do judiciário
responsável por julgar crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados, o
ritual sociolinguageiro que marca a performance dos agentes jurídicos, apesar das
27
idiossincrasias de cada crime, pressupõe uma dramatização necessária ao fim visado:
a persuasão dos jurados.
A seleção e a adequação linguístico-discursiva empreendida pelos advogados
atende a determinações próprias ao ritual, mas, evidentemente, também escapa ao
controle desses sujeitos. Há, nesse sentido, um incessante jogo entre uma adequação
necessária à “sobrevivência” naquela dramatização do dizer e uma flutuação própria
ao movimento de produção de sentido, marcada por retomadas e retornos, próprios
à interdiscursividade. Ambas as partes – defesa e acusação – visam atingir os
jurados, levando-os a compartilhar de determinados pontos de vista sobre o caso
(crime em julgamento, suposto autor, vítima, testemunhas etc.) e, para tanto, valem-
se de elementos dóxicos a fim de acionar em seus interlocutores determinados
valores e crenças que podem melhor conduzir ao sucesso da construção
argumentativa empreendida. Nesse sentido, ao nos valermos das ideias precursoras
de Jean Peytard, pretendemos refletir sobre o processo de “reformulação” delineado
pelos advogados de defesa e acusação em três julgamentos, cujo percurso é marcado
por fissuras, retomadas, modificações e instabilidades, no intuito de captar elementos
de uma determinada “dramatização argumentativa”, própria ao discurso jurídico do
Tribunal do Júri.
Mesa-Redonda III: Análise do Discurso e literatura
PRAXIS D‟ANALYSE DU DISCOURS LITTÉRAIRE ET NOUVELLES
TECHNOLOGIES
Virginie Lethier
(Université de Franche-Comté)
Plus de 60 ans après les premiers développements d‟une « lexicométrie
littéraire » avec les travaux de R. Busa, Guiraud (1954), C. Muller (1967) et E. Brunet
(1981) dont la valeur heuristique a été mise en exergue par J. Peytard (1992) insistant
sur les apports d‟une approche différentielle du texte à partir des contrastes
observables en corpus, quel rôle tiennent aujourd‟hui les outils informatiques et
statistiques dans les pratiques d‟analyse du discours littéraire ?
Mode d‟analyse longtemps accusé de ne procéder qu‟à une description
superficielle du texte en raison d‟une approche fondée sur sa matérialité graphique
seule, l‟analyse assistée par informatique, bénéficiant des progrès technologiques
réalisés dans la dernière décennie du XXe siècle, s‟est enrichie d‟une approche des
unités linguistiques, sémantiques, grammaticales et syntaxiques. Elle offre désormais
28
à une analyse du discours littéraire soucieuse de la matérialité textuelle un accès
renouvelé au texte et à la pluralité de ses dimensions jusqu‟alors occultées par les
artefacts du régime matériel de l‟imprimé. Plus, la constitution de vastes corpora
numériques, dans le même temps qu‟elle (ré)interroge nos conceptions du texte, offre
de nouvelles perspectives pour une approche contrastive et différentielle des
frontières du texte et de ses variations, dont dépend l‟historicisation du texte comme
fait de discours (Adam, 2005).
RELAÇÕES PERIGOSAS ENTRE LAUTRÉAMONT, SEU TEXTO, SEU
NARRADOR E SEU LEITOR
Renato de Mello
(FALE/UFMG)
Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont, chama a atenção pela importância que
o narrador atribui ao leitor, sempre tratado como uma “presa” em seu texto
“armadilha”. O narrador o seduz com sua astúcia para, em seguida, através de uma
relação dialógica íntima (eu-tu), levá-lo a um turbilhão de imagens que compõem
esse texto “perigoso”. Entendendo que a leitura dessa obra e a revelação de suas
especificidades, de suas características são uma construção progressiva, pretendo
analisar discursivamente a relação entre narrador e leitor existente nos Cantos de
Maldoror, valendo-me, sobretudo, do contrato de comunicação proposto por Patrick
Charaudeau (e adaptado, aqui, ao discurso/texto literário), e dos trabalhos de Jean
Peytard sobre leitura e leitor e também sobre sua leitura da obra de Lautréamont.
Veremos que, para o Lautréamont, seu narrador e seu leitor são instâncias
discursivas criadas e explicitamente marcadas no ato de enunciação literária. Ambos
são mais que uma previsibilidade, uma intencionalidade do autor, ambos são
personagens, função indispensável na obra, em razão da capacidade de
comunicação/interação entre si e das potencialidades significativas do texto.
A FILP VISTA À LUZ DA MEDIACRÍTICA DE JEAN PEYTARD.
Emília Mendes
(FALE/UFMG)
O objetivo de nossa comunicação é observar de que maneira os discursos
sobre a representação da literatura, dos escritores e dos leitores se estabelecem na
cobertura da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), edição de 2011, feita pelo
29
jornal Folha de São Paulo. Para tal, nos valeremos das reflexões de Jean Peytard a
respeito da mediacrítica e de seu arcabouço teórico. Na proposta de Peytard (1993),
uma de suas questões era verificar: como se escreve sobre a literatura no jornal?
Estendemos esta questão para: como se escreve sobre escritores que são tidos como
figuras de renome nacional e internacional em uma feira comercial de livros?
Também é nosso objetivo pensar que tipo de representações o Jornal Folha de São
Paulo faz não só destes escritores, mas também da crítica literária acadêmica e do
público que frequenta esta feira, ou seja, um público de leitores majoritariamente não
acadêmicos. O corpus escolhido nos parece interessante porque se trata de uma feira
de editoras e tem relação com a promoção de obras, ou seja, a crítica acadêmica quase
não participa deste evento e o que está em jogo é a promoção e venda de livros
literários e a construção de uma imagem de si de cada escritor (que adquirem status
de celebridade) em uma lógica de mercado.
Mesa-Redonda IV: Análise do Discurso e Didática (a)
LÉXICO E ENSINO DE LÍNGUAS
Jerônimo Coura-Sobrinho
(CEFET-MG )
A atualidade das discussões promovidas por Jean Peytard no âmbito dos
Estudos da Linguagem pode ser observada em estudos sobre o discurso e sobre o
ensino de línguas. Questões relacionadas ao estudo do vocabulário e do léxico e de
sua importância na aprendizagem das línguas alimentam pesquisas tanto no âmbito
da lexicografia quanto da lexicologia. Mais recentemente, observa-se um vertiginoso
desenvolvimento da lexicografia pedagógica, que trata de dicionários destinados a
aprendizes de línguas (estrangeira ou materna), e, também, de um tratamento
especial do léxico em manuais para ensino de línguas. Neste trabalho, são discutidas
questões relativas às “palavras potenciais”, assim designadas por Peytard, no ensino
de francês como língua estrangeira, tomando-se como base um manual didático para
iniciantes.
30
TRÊS ESTEREÓTIPOS DE FORMADORES
João Bôsco Cabral dos Santos
(UFU)
Este trabalho tem por objetivo problematizar estereótipos de professores-
formadores, para explicitar as condições de produção que perpassam uma instância-
sujeito formador. Focalizarei esses estereótipos em três lugares discursivos: o
formador fenomenológico; o formador relativista e o formador estruturalista.
Pretendo evidenciar as inscrições discursivas que subjazem à constituição
sujeitudinal de cada projeção estereotípica. Dessa forma, colocarei em discussão
elementos como os processos de denegação, contradição, opacidade, equivocidade e
silenciamento atuam na constituição sujeitudinal desses estereótipos. A denegação
como a negação de um lugar discursivo no qual uma instância-sujeito afirma não está
inscrita, no entanto, suas ações remetem a tal inscrição. A contradição se refere a um
conjunto de crenças sobre as quais uma instância-sujeito fabula e produz enganos. A
opacidade está relacionada aos processos de apagamento e de esquecimento que
uma instância-sujeito se vincula, inconsciente ou conscientemente, para asseverar
elementos que deseja sobrepor em nível de valores, ou para descaracterizar tomadas-
de-posição, que possam comprometer/favorecer uma inscrição enunciativa. A
equivocidade trata dos níveis de ilusão de completude das instâncias-sujeito no
processo de enunciação acadêmica. Por fim, o silenciamento, tomado, aqui, como
uma condição ideológica que coloca a instância-sujeito em estado de interpelação
acerca do acontecimento acadêmico frente às inscrições discursivas de uma instância-
sujeito.
Mesa-Redonda V: Análise do Discurso, política e processos de avaliação
JOGO AVALIATIVO E ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NAS ELEIÇÕES 2010:
O PAPEL DA MEMÓRIA EM TEMAS QUENTES DA DISPUTA SERRA /
DILMA
William Augusto Menezes
(ICHS - UFOP)
Segundo Jean Peytard, a troca verbal se mostra como um lugar em que se
manifestam, com insistência, efeitos de dramatização discursiva, definida como a mise
en mots não apenas dos pólos da comunicação (o “eu”, o “tu”), mas também do “ele”
31
sob a forma de tiers-parlant – um conjunto indefinido de enunciados emprestados aos
enunciadores, que caracterizam o “discurso relatado” (PEYTARD, 1993). Entretanto,
ao tomar para si a voz do terceiro, o locutor não o faz indistintamente, mas como
parte do seu projeto de ação e das estratégias discursivas que coloca em cena. A
noção de jogo avaliativo, também exposta pelo mesmo teórico, parece-nos bastante
produtiva nessa empreitada levada em frente pelo locutor. O jogo avaliativo
(implícito ou explícito) é percebido como um dos componentes do processo de
reformulação que envolve o tiers-parlant, e na medida em que o sujeito joga com a voz
do terceiro – aquela voz que melhor serve ao seu projeto, ele é levado também a
assumir as características do terceiro. Nessa aproximação entre a noção de jogo
avaliativo e a de estratégias discursivas, pretendemos realçar aspectos como as
imagens do tiers-parlant, os quadros de dramatização e espaços de construção
identitária realçados pelos candidatos José Serra e Dilma Rousseff na disputa
eleitoral pela presidência do Brasil, em 2010. Para tal, centraremos a análise
ilustrativa em produções midiáticas durante o período eleitoral, com destaque para
dois dos chamados “temas quentes” da campanha (o problema da corrupção e a
polêmica sobre o aborto). Ao final, pretendemos demonstrar como as noções
avançadas por Jean Peytard contribuem para uma abordagem atual sobre a memória
discursiva.
LA DÉHISCENCE DANS LES DISCOURS D´ÉVALUATION
Patrick Chardenet
(Université de France Comté)
A la fin des années 1990, je travaillais sur l´analyse de la formation et la
circulation de la notion d´évaluation en empruntant à l´analyse du discours et dans le
même temps je tentais de comprendre le fonctionnement de l´activité évaluative
naturelle qui permet la mise en oeuvre des actes d´évaluation formelle. Dans la
description de ce mouvement, un phénomène proche de ce que Jean Peytard a appelé
l´altération, permet d´appréhender la mise en discours de l´acte d´évaluation dans le
cadre d´une sémiotique différentielle qui explique en partie le fonctionnement de
cette composante du dialogue pédagogique.
On peut ainsi autant expliciter la différence d´appréciation d´une même
production scolaire, par les effets de variation établis par la docimologie critique, que
par les effets de différence (Peytard, J. : 1999) ou de distinction (Chardenet, P. : 1999
b) entre les discours. Ce qui questionne de fait l´objectivité comme moyen de
l´évaluation et interroge la qualité de la mesure des performances, ouvrant une voie
pour une théorie de l´évaluation fondée sur le discours.
32
Aujourd´hui schématisé comme un ensemble de discours, les actes
d´évaluation constituent un sous-ensemble particulier de l´ensemble des discours
d´éducation ou de formation, qui structurent un système global d´évaluation.
Interreliés, ces discours forment un tout mais cette interrelation constitutive qui
semblerait pouvoir dire qu´elle assure une cohésion entre chacun et une cohérence de
l´ensemble, fonctionne plutôt dans la pratique de l´évaluation comme une déhiscence
(Peytard J., Moirand, M.1992, p. 148).
Cette communication insistera sur ce en quoi l´approche révèle une dualité
constructive entre des méthodes positivistes de mesure (positive ou négative) des
performances encadrées par le nombre et des méthodes qualitatives complexes
d´appréhension des compétences qui portent sur les points de fracture entre les
discours de l´acte d´évaluation.
DISCURSO, ARGUMENTAÇÃO E MODALIZAÇÃO NOS PROCESSOS
AVALIATIVOS
Wander Emediato
(FALE/UFMG)
O objetivo desta apresentação é de refletir sobre aspectos discursivos
relacionados à avaliação, como atitude modal, e aos processos avaliativos, como
discurso institucional. Buscando apreender os aspectos mais essenciais da atitude
avaliativa em sua dimensão modal, apresentarei também uma reflexão mais geral
sobre diferentes aspectos e propriedades dos processos avaliativos institucionais, sua
relevância dentro das organizações e os níveis mais determinantes de sua função
como prática social. Em especial, farei uma descrição dos aspectos subjetivos e
objetivos da avaliação e dos diferentes parâmetros envolvidos em sua manifestação,
incluindo a sua dimensão intencional, seus princípios de regulação e sua função
argumentativa. Em um primeiro momento, analisarei a avaliação como organização
enunciativa ligada ao fenômeno da modalização; em seguida, apresentarei uma
reflexão sobre a avaliação como prática institucional, seja no contexto escolar, seja no
contexto mais geral das organizações; por fim, explorarei a função argumentativa da
avaliação, dos processos avaliativos e das políticas de avaliação, buscando
compreender melhor sua relevância, seus objetivos interacionais e discursivos
ligados às ações de influência e de regulação.
33
Mesa-Redonda VI: Análise do Discurso e psicanálise
RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM E PSICANÁLISE: POSSIBILIDADES
Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen
(FALE/UFMG)
Apresentaremos uma breve discussão sobre as interfaces entre os estudos da
linguagem e a psicanálise. Do ponto de vista da linguagem, inúmeros são os autores
que tentaram estabelecer esta relação, a exemplo de Benveniste, Pêcheux, Jakobson e
muitos outros. Do ponto de vista da psicanálise, a interrelação com a linguagem
sempre existiu e está mesmo em sua base, a partir de Freud. Muitos recortes têm de
ser feitos no estabelecimento dessas relações, que dependem do interesse de quem os
propõe.Tais aproximações seguem três eixos, como vimos discutindo, um gramatical,
um universalista e um discursivo.Do ponto de vista gramatical, traremos à pauta
alguns textos freudianos, do ponto de vista universalista, alguns conceitos de Lacan e
do ponto de vista discursivo, visitaremos alguns textos clássicos da análise do
discurso e de lingüistas e analistas do discurso que têm se embrenhado nesta
intrincada interação. Considera-se que as tradicionais funções da linguagem
desempenharam um papel importante na constituição da área dos estudos
discursivos, tomando como parâmetro as propostas por Jakobson e muitas que se
lhes seguiram, que divergiram da circularidade conceptual de alguns dos
estruturalismos lingüísticos, já criticada por Pêcheux em célebre obra de 1975. A
proposta de Jakobson questionou a função exclusivamente comunicacional da
linguagem, em face dos fenômenos psico-socioculturais que existem na relação de
interlocução e mostrou a relevância do funcionamento indireto da linguagem, como
que escondido sob as abordagens do fenômeno lingüístico centradas apenas no
extremo da produção.Neste sentido tenta-se uma aproximação com os estudos
psicanalíticos.
34
NOMEAÇÃO E DESIGNAÇÃO: DO NOME AO SINTHOMA E AS
POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES ENTRE PSICANÁLISE E LINGUÍSTICA
Cássio Eduardo Soares Miranda
(FALE-UFMG/FAPEMIG)
O presente trabalho discute, a partir da articulação entre a lingüística do
discurso e a psicanálise, a função da nomeação e da designação. A partir das
considerações da lingüística, a nomeação pode ser tomada como um ato que consiste
em dar existência a um ser, salientando-se que, quem nomeia é aquele que produz o
discurso e, portanto, está submetido à subjetividade daquele que nomeia e descreve.
Na perspectiva semiolinguística do discurso, o ato de nomear enquanto um modo
descritivo de organização do discurso é arbitrário até certo ponto, uma vez que o
sujeito nomeado é determinado pelas características culturais dos grupos sociais a
que pertence sendo, portanto, um ato dotado de intencionalidade. Assim, as
operações de nomeação e de qualificação são componentes do processo de semiotização do
mundo (CHARAUDEAU, 2005), o que acarreta certo uso dos substantivos e dos
adjetivos, mas, em uma perspectiva que ultrapassa o nível puramente morfológico,
atingindo, principalmente, o discursivo. Para Judith Butler (1997), uma crítica
ferrenha da psicanálise, o ato de fala de nomeação é considerado como um ato
violento na medida em que torna o corpo vulnerável a uma identificação linguística
que funciona como uma marca, uma identidade da qual o sujeito não consegue se
livrar. Da psicanálise, tomaremos o conceito lacaniano de “être nommé” (LACAN,
1969) para pensar como uma ação linguística toca o sujeito e, de modo mais
específico, como a ação de um substantivo ou adjetivo proveniente do campo do
Outro são hábeis para estabilizar sujeitos em franco desencadeamento psicótico.
DISCURSO, PSICANÁLISE E O CINEMA NO ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA
Maralice de Souza Neves
(FALE/UFMG)
O ensino de línguas através do uso de filmes não é novidade e é largamente utilizada
por sua ampla possibilidade de exploração de questões não só lingüísticas como
também de ordem sócio-culturais. Entretanto, além do propósito de explorar esses
aspectos, acredito ser possível apresentar uma abordagem discursivo-psicanalítica de
filmes para o ensino de línguas estrangeiras. O presente trabalho traz a questão
proposta por Lacan de que “A Mulher não existe”, ou seja, a mulher passa a sua vida
35
se definindo identitariamente num caminho longo e repleto de obstáculos, uma vez
que não há significante ou essência da mulher como tal. A protagonista Mary, do
filme Mary e Max, é o alvo da análise que apresento. O filme é uma animação que
conta a história de 20 anos de amizade através da correspondência entre uma menina
australiana inicialmente com oito anos e um homem norte-americano de 44 anos que
sofre da Síndrome de Asperger. Desse modo, aproveito-me da forma sempre aberta
como Jean Peytard acolhia trabalhos interdisciplinares para ousar apresentar uma
proposta que convoca estudos da subjetividade psicanalítica e estudos linguísticos e
discursivos para desenvolver uma atividade didática que trata da dimensão
enunciativa da subjetivação feminina.
Mesa-Redonda VII: Análise do Discurso e didática (b)
ANALYSE DE DISCOURS ET DE CONTENU APPLIQUÉES À L‟ÉTUDE
DU CONCEPT DE PROGRESSION EN DIDACTIQUE DES LANGUES.
Serge Borg
(Université de Franche Comté)
Explorer le concept central de progression en didactique des langues, et plus
particulièrement en français langue étrangère, suppose la constitution d‟un corpus de
textes susceptibles d‟être soumis à une rigoureuse analyse de discours et de contenu
pour en révéler le cheminement épistémique, les facteurs (externes et internes) qui
président aux (ré)orientations méthodologiques qu‟il intégre, ainsi que les
représentations mentales (d‟inspiration idéologique) dont l‟impact se fait ressentir
aussi bien dans le choix des théories de référence que dans les supports didactiques
et les pratiques de classe. Le tableau de la constitution du corpus que nous
présenterons nous montre le nombre conséquent d‟appareils pédagogiques analysés
dans cette étude, ainsi que le nombre d‟unités didactiques explorées au sein de ces
appareils, majoritairement des préfaces, avant-propos, avertissements et autres
préambules qui trahissent, en la traduisant de manière plus ou moins explicite,
cryptée ou en filigrane, l‟option retenue en matière de progression.
Le dialogisme de Bakhtine (1981,1984) et l‟intertextualité de Barthes (1974)
constituent ici des références théoriques et des outils d‟intervention privilégiés pour
cibler les interactions qui se constituent entre les énonciateurs, à savoir les auteurs de
ces textes à orientation didactique, et les discours qui leur sont extérieurs (Chauvin-
Vileno A. Madini M. 2007) et qui transparaissent via des citations, des allusions, des
références idéologiques (Schepens Ph. Lambert C. 2010) et des co-occurrences
36
thématiques, où l‟on voit clairement se profiler dans les discours, l‟affaiblissement du
concept de progression, avec des glissements de champs sémantiques explicites (ex :
approche préféré à méthode, mais aussi itinéraire ou parcours préférés à progression, pour
ne citer que quelques exemples classiques, quand ce n‟est pas le recours systématique
à des périphrases démesurées pour éviter tout simplement d‟employer le vocable
progression...).
Si nous nous sommes également inspiré des théories de Greimas (1970), de
Harris (1969), et de P. Charaudeau (1997) dans l‟analyse des discours développés sur
la notion de progression, nous nous sommes majoritairement appuyés sur les
analyses de contenu proposées par Bardin (1992) et celles de Quivy et Van
Campenhoudt (1988), plus particulièrement dans le cadre de la construction du
concept de progression à partir d‟indicateurs, de composantes et de dimensions. Ils
permettent d‟établir le schéma général de la construction du concept de progression
ainsi que celui de la répartition générale des composantes et des indicateurs de
transformation Borg (2001). Une modélisation très efficace qui permet d‟identifier le
poids dominant de la dimension externe : composantes philosophique, politique,
économique, institutionnelle, socioculturelle ; et de relativiser fortement celui des
composantes internes à la didactique des langues : linguistique appliquée,
méthodologie, psychopédagogie, etc.
(DES)APROPRIAR AS APRENDIZAGENS DISCURSIVAS: PERFIS DE
UMA ALTEROTIPOLOGIA
Patrick Dahlet
(Universidade das Antilhas e da Guiana)
É uma das grandes lições da linguística e da análise dos discursos, em
particular, de mostrar que não teria sentido, se tudo ficasse parecido. As formas de
coesão de um discurso não se concebem fora das alteridades que entram em seu
movimento. Paradoxalmente, contudo, o paradigma destas alteridades não parou de
ocupar um papel marginal na didática das línguas. Em todo caso, as abordagens tais
como as de Moirand et Peytard(1992) que, no traço dos « cortes » dos textos literários
sondados por Peytard (1982) convidam a reconstruir a eventual comunidade de um
sentido a partir da alteração intrínseca da sua composição, são raras. Como se a
insistência sobre os lugares de diferenças podia ameaçar a conquista e o ensino do
lugar comum. Em contraponto ao investimento didático, em ele mesmo
indispensável, do sentido na coerência e linearidade, propõe-se aqui então uma
alterotipologia, que retoma a relação semelhança/diferença, ampliando a tensão das
alterações, correlativamente a escala infralingue do outro significante e a, mixilíngue,
37
da mistura de línguas, tão ativa nos regimes plurilíngues da comunicação. Sendo a
expectativa que o perfil desta alterotipologia, ao oferecer-se como motivação e
suportes de aprendizagens em línguas, inplica nelas no mesmo movimento, uma
crítica da necessidade de identidade.
SEMINÁRIOS TEMÁTICOS
Seminário temático 1: A noção de gênero em didática do Francês Língua
Estrangeira (FLE)
Coordenadores : Profa. Dra. Ceres Leite Prado (UFMG) e Prof. Wellington Júnio
Costa (UFMG/AF BH)
La trajectoire de Jean Peytard centrée sur l‟association « linguistique,
sémiotique, didactique » articulées à l‟analyse du discours, a inspiré de nombreux
héritiers parmi nos universitaires au Brésil. Sa manière d‟interroger le langage « dans
la concrétude des situations variées de la production discursive » et de « ne pas
séparer les systèmes de la langue des conditions sociales et individuelles de leur
situation » (Mélanges, 1993 : 41) a inscrit la dimension sociale dans la didactique du
français langue étrangère.
Dans le chapitre intitulé « Les objectifs d‟une analyse du discours » (Moirand,
S., Peytard, J., Discours et enseignement du français), les auteurs se posent la question
« […] quelle est la place de l‟analyse du discours dans l‟enseignement/apprentissage
d‟une langue étrangère ou maternelle ? », et ils énoncent, parmi quatre projets, celui
qui pose la nécessité de décrire les genres auxquels les apprenants sont confrontés.
L'intérêt des didacticiens par la notion de genre témoigne de l'importance du
rôle que les genres peuvent jouer en didactique des langues, et plus précisément,
dans l‟activité de lecture et de production écrite en classe de langue.
L‟objectif de ce séminaire thématique est donc de discuter l‟impact des
descriptions des genres des textes et leur utilisation dans l‟enseignement d‟une
langue étrangère.
38
LE SYNOPSIS DE FILM : UN GENRE TEXTUEL ET UNE ENTREE
DISCURSIVE DANS LA LANGUE FRANÇAISE ET DANS LE CINEMA
FRANCOPHONE.
Wellington Júnio Costa
(Alliance Française BH / UFMG)
La notion de genre en didactique du français langue étrangère est d‟autant
plus pertinente que les évaluations en classe de langue portent, à l‟heure actuelle, de
plus en plus sur la compréhension/production discursive de l‟apprenant dans un
contexte donné. Jean Peytard et Sophie Moirand nous avaient signalé cette rencontre
entre la notion de genre et la didactique dans Discours et enseignement du français : les
lieux d’une rencontre (1992) en nous proposant une pratique de la description des
genres en classe de langue, ce qui nous mènerait, entre autres choses, à « la
sensibilisation aux faits de langue et aux faits culturels. » (PORTILLO SERRANO,
2010).
Ainsi, à partir d‟un travail réalisé au cours de l‟année 2011 à l‟Alliance
Française de Belo Horizonte avec des apprenants de FLE, le but de cette
communication est de mener une réflexion sur l‟utilisation des synopsis de film en
classe, en tant que genre textuel et discursif permenttant un accès à la langue
française et au cinéma francophone. Nous espérons donc contribuer à la disussion
autour de la notion de genre en didactique du FLE en apportant des données d‟une
expérience personnelle et récente.
QUELLE EST LA PLACE DES GENRES TEXTUELS DANS
L‟ENSEIGNEMENT-APPRENTISSAGE DU FRANÇAIS LANGUE
ETRANGERE ?
Eliane Lousada
(DLM-FFLCH-USP)
Le titre de cette intervention ne vous est certainement pas étranger : il rappelle
justement la phrase « […] quelle est la place de l‟analyse du discours dans
l‟enseignement/apprentissage d‟une langue étrangère ou maternelle ? » proposée
par Jean Peytard et Sophie Moirand dans Discours et enseignement du français : les lieux
d’une rencontre, publié il y a exactement dix ans. La phrase et l‟ouvrage ne pourraient
pas être plus actuels, si l‟on considère l‟évolution des dernières années dans le
domaine de la Didactique des langues étrangères (LE). En effet, plus la Didactique
39
considère l‟importance de la dimension sociale de l‟apprentissage des langues
étrangères, plus il est impératif d‟admettre le rôle des textes/discours comme des
unités communicatives globales ou les correspondants empiriques d‟actions
langagières (Bronckart, 1997, 2005), produits dans des situations d‟interaction sociale
et donc de vraies unités d‟apprentissage en LE. L‟objectif de cette communication est
de présenter la notion de genre textuel (Bronckart, 1997; Schneuwly & Dolz, 2004) et
de discuter de sa pertinence pour l‟enseignement du FLE. On vise ainsi à
approfondir le sous-titre du livre de Peytard et Moirand (1992), en proposant une
réflexion sur les possibles lieux d‟une rencontre entre l‟étude des genres
textuels/discursifs et la Didactique du français langue étrangère ou seconde.
LE THÉÂTRE DANS LE PROCESSUS
D‟ENSEIGNEMENT/APPRENTISSAGE DU FRANÇAIS LANGUE
ÉTRANGÈRE
Raíssa Palma
(Alliance Française de Ouro Preto / UFOP)
Dans mon intervention j‟analyse le genre « théâtre » en tant qu‟outil
déclencheur et visée finale d‟un processus d‟enseignement/apprentissage du
Français Langue Étrangère dans le contexte de l‟Université Fédérale de Ouro Preto
avec des étudiants en Lettres (dont la majorité : Lettres Portugais), durant les
semestres 2010-1, 2010-2 et 2011-1. Il est question ici de l‟applicabilité de cet outil,
sans abandonner son coté formel et traditionnel. Plusieurs résultats de cette pratique
s‟avèrent intéressants, dont l‟un des plus positifs étant un engagement croissant et
inhabituel de la part de certains étudiants, parmi d‟autres, comme la grande efficacité
pour l‟acquisition du sociolinguistique, une forte amélioration de la prononciation et
la possibilité de jouer de plusieurs façons avec la grammaire. Toutefois, il est fort
souhaitable que l‟enseignant ait une formation théâtrale de base à fin de pouvoir
mener à bien l‟entreprise jusqu‟à son but : jouer devant le public. En d‟autres termes,
il est absolument nécessaire que l‟apprenant ne soit pas mis dans des situations
gênantes, qu‟il se sente rassuré, dans un esprit de groupe. Il s‟ensuit une réflexion sur
la possibilité d‟utilisation de cette pratique dans un contexte autre que celui où a été
faite cette première expérience, et notamment dans les Alliances Françaises du Brésil,
en ayant pour base le découpage choisi par la plupart d‟entre elles, à partir de la
méthode unique qui a été adoptée au début de l‟année 2011.
40
CHANSON ET SLAM: QUEL GENRE DE DISCOURS?
Maria Lúcia Jacob Dias de Barros
(FALE/UFMG)
Dans notre intervention, nous étudierons la chanson dans ses spécificités en
tant que genre discursif et son rapport avec le texte poétique, en tant que genre
discursif littéraire.
Nous essaierons également d‟établir le rapport entre la chanson et un autre
type de manifestation artistique qui se situe, nous semble-t-il, à la frontière entre le
texte poétique et la chanson: le slam.
Notre but étant prioritairement pédagogique, à travers la question du genre
discursif nous afficherons les difficultés de même que les éléments qui constituent
des facteurs de “facilitation” dans l‟enseignement/apprentissage du français, par
l‟utilisation de ces genres de discours.
Situé actuellement dans une catégorie intitulée “musiques urbaines”, cet “art
déclamatoire” pourrait justement servir de pont entre un art considéré comme
“mineur” – la chanson – et cet autre art “majeur” - la poésie ou le discours poétique,
cela pouvant constituer un atout pour ceux qui enseignent une langue en se servant
de documents authentiques.
Dans le cas spécifique du slam, et également dans celui de la chanson, ces
supports pédagogiques sont le reflet d‟une société francophone dont le profil se
dessine de plus en plus métissé. Pour nos étudiants, c‟est l‟occasion de découvrir les
aspects culturels et interculturels intrinsèques à un concept majeur dans
l‟enseignement/apprentissage du français: la francophonie et/ou les identités
francophones.
Seminário temático 2: Análise do discurso e Mídias
Coordenadores: Paulo Henrique A. Mendes (ICHAS-UFOP) e Giani David Silva
(CEFET-MG)
OS PROCESSOS ENUNCIATIVOS NO DISCURSO MIDIÁTICO
As mídias em suas diversas formas de manifestação têm sido objeto de
pesquisas dos diferentes modelos de análise do discurso ao longo das últimas
décadas, configurando uma vasta e complexa literatura de estudos sobre o discurso
midiático. Na verdade, podemos dizer que esses modelos de análise do discurso se
41
inscrevem numa certa tradição mais ampla das ciências da linguagem, que começava
a se delinear desde a primeira metade do século XX, consolidando-se na segunda
metade, especialmente a partir dos estudos sobre a enunciação e o texto e de seus
desdobramentos sobre a questão do sujeito e do social na linguagem. É nessa
tradição que situamos Jean Peytard, como grande estudioso, aberto à investigação
das diferentes dimensões da linguagem e interessado pelos fenômenos discursivos,
entre os quais se destacavam a importância da oralidade, que supõe um dinamismo
na troca e a co-presença em contexto de elementos plurimodais, a consciência da
dimensão social da enunciação e a problemática do sujeito e da alteridade. No rol dos
inúmeros objetos de análise a que se dedicou o autor, inclui-se o discurso das mídias,
que ora postulamos como foco central de nosso seminário temático, destacando a
investigação da construção de seus processos enunciativos a partir de diferentes
enfoques teóricos e de diversos recortes temáticos.
ATOS DE LINGUAGEM E DISCURSO RELATADO NA IMPRENSA
ESCRITA
Paulo Henrique A. Mendes
(ICHS-UFOP)
Considerando-se a proposta geral do seminário temático, que é a de analisar a
construção dos processos enunciativos no discurso midiático, a presente intervenção
visa a investigar um aspecto fundamental desses processos na constituição desse tipo
de discurso, qual seja, o uso de certos atos de linguagem na realização do discurso
relatado como condição enunciativa do discurso de informação midiática. Nesse
sentido, interessa-nos balizar inicialmente a relação entre o domínio/campo
discursivo midiático, a rede de gêneros discursivos mais significativos desse domínio
e os atos discursivos que lhes são mais típicos. Em seguida, destacaremos a
importância dos atos que se traduzem pelo discurso relatado, com vistas a analisar
alguns padrões lingüístico-enunciativos mais recorrentes de configuração desses
atos. Focalizaremos alguns aspectos lexicais que nos parecem relevantes, a exemplo
do uso de formas verbais e/ou nominais dicendi, ilocucionais e perlocucionais,
buscando avaliar a produção de determinados efeitos de sentido, em termos de
orientação argumentativa e/ou de captação do leitorado. Para tanto, faremos recortes
temáticos relativos a fatos da atualidade, veiculados em jornais e/ou revistas de
referência nacional, a partir de uma fundamentação teórica baseada em teorias da
enunciação, da análise do discurso e da pragmática.
42
UMA ANALISE DOS PROCEDIMENTOS ENUNCIATIVOS NA
INFORMAÇÃO TELEVISIVA: O TELEJORNAL DA MANHÃ
Giani David Silva
(CEFET-MG)
No vasto universo de produtos midiáticos, o telejornal se mantém, mesmo
com o advento da internet, como uma referência para quem procura se informar. Por
ser um objeto pertencente ao suporte televisão, vale ressaltar que eles produzirão
necessariamente mensagens pluricodificadas (Peytard, 1993), em que palavras,
imagens e sons são organizados obedecendo aos critérios determinados pelo contrato
de comunicação em questão. Os telejornais, por serem discursivamente complexos,
possibilitam diferentes análises, seja de sua estrutura de conjunto, de seu estatuto e
modos de construção e funcionamento, da combinação de matérias e temas, do
cruzamento de gêneros discursivos que o caracterizam, da posição na grade
programática do canal, entre muitas outras possibilidades. Podemos perceber, então,
que são várias as escolhas feitas na construção de seu tecido discursivo. Escolhas que,
apesar de, às vezes, não serem intencionais ou conscientes, constituem um espaço
estratégico para o enunciador regular suas intencionalidades e seus recursos. Sendo
assim propomos analisar a dimensão enunciativa dos telejornais, destacando a
problemática do sujeito e da alteridade.
DISCURSO E MÍDIA: ANÁLISE DISCURSIVA DA NATURALIZAÇÃO
DO CORPO HEGEMÔNICO EM MATÉRIAS JORNALÍSTICAS
BRASILEIRAS
Maria Carmem Gomes
(UFV)
Nesta comunicação, temos como foco central refletir sobre o corpo diferente,
partindo do princípio que todo pensamento crítico é centrífugo e subversivo na
medida em que visa criar desfamiliarização em relação ao que está estabelecido e
convencionalmente aceito (Souza Santos, 2000). O propósito aqui é refletir sobre a
forma como a mídia trata o corpo diferente, aquele que não atende aos padrões
hegemônicos sob o viés dos pressupostos dos Estudos Discursivos Críticos (Norman
Fairclough, 2001, 1999, 2003), da Lingüística Sistêmico-Funcional (Halliday, 2004;
Theo van Leeuwen, 1997, 2008), com base ainda em uma combinação de ferramentas
teórico-metodológicas dos estudos sobre a Gramática do Design Visual (Kress e van
Leeuwen, 1996). Para tanto, analisarei algumas matérias jornalísticas que tratam da
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reprovação de professoras em concurso públicos pelo fato de serem obesas. Tal fato
gerou discussão no país inteiro e foi parar no programa Fantástico, da Rede Globo,
exibido no dia 06/02/2011. A análise de tal problema social nos permitirá
compreender melhor o diferente, reconhecer que existe o outro, focando nas relações
de solidariedade. Fairclough (2003) destaca que a orientação para a diferença ressalta
as várias formas de viabilizar o debate sobre o tema na esfera pública.
UMA OUTRA RETÓRICA PUBLICITÁRIA: DO PRODUTO AOS
VALORES
Lílian Arão
(CEFET - MG)
O imbricamento da mídia no cotidiano de nossa sociedade alcançou um grau
tão alto que podemos dizer que nós, cidadãos-consumidores-espectadores-
internautas, vemos nossa própria existência midiatizada e narrativizada. Nesse
contexto, a publicidade, cuja linguagem pode nos remeter ao produto mas também
ao imaginário, tem uma forte implicação nos modos de ser da sociedade. Ela
mobiliza sentidos e sensações em função daquilo que ela fornece e da forma como o
consumidor é instaurado pela linguagem utilizada. Nesse trabalho, propomos, a
partir de uma retrospectiva do discurso publicitário, discutir sobre uma outra
estratégia retórica que se tem mostrado recorrente na produção de consumidores: o
apelo aos valores. Partindo de uma análise do campo semântico presente nos
primeiros anúncios, passando pela utilização da linguagem figurada, até chegar ao
campo lexical referente aos valores tão presentes na publicidade atual, pretendemos
trazer a baila a discussão em torno dessa outra retórica presente no discurso
publicitário que, de certa forma, mascara o teor capitalista da relação interação
presente nessa troca discursiva. Dessa forma, pensaremos no processo de
desdobramento dos sujeitos, através do qual, o recurso ao imaginário social propicia
uma visão desses procedimentos de mascaramento. Veremos como, a questão da
mídia pode ser considerada através da topologia das instâncias proposta por
Peytard, atualizada pela Semiolinguística.
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Seminário temático 3: Análise do Discurso e Ficção
Coordenadoras: Simone Mendes (ICHS/UFOP-Brasil) e Wiliane Rolim (PBH -Brasil)
Enquanto Analista do Discurso, Jean Peytard recorre à teoria da “comunicação
literária” de S.I. Schmidt para embasar a sua proposta de uma “Topografia das
Instâncias do Campo Literário”, partindo da regra de ficcionalização a qual
determina que para que a comunicação literária se realize a contento, é necessário
que os papéis sejam tornados fictícios ou ficcionalizáveis. Nesse seminário serão
apresentadas quatro comunicações cujos corpora serão analisados, considerando seu
caráter ficcional. As análises serão realizadas a partir da atualização da obra de
Peytard pelo viés da Semiolinguística e de outras teorias da Análise do Discurso
atuais. Os corpora serão estudados enquanto objetos de interações realizadas por
sujeitos historicamente determinados, clivados numa topografia das instâncias
discursivas em que a compreensão do desdobramento dos sujeitos do discurso possa
permitir apreender a suspensão que caracteriza o contrato de ficção. Assim, a
primeira comunicação tratará da análise do discurso fílmico ficcional e do pacto entre
as instâncias discursivas para a participação em um jogo de “faz de conta”. A
comunicação seguinte analisará uma lenda da cidade de Barra Longa enquanto
fenômeno midiatizado. A terceira comunicação analisará a utilização da mitologia
nos diálogos de Platão, e a quarta analisará um extrato do Hamlet de Shakespeare na
filmagem de Peter Brook, realocando os três níveis de produção e recepção no
discurso teatral.
FICÇÃO NO CINEMA E ANÁLISE DO DISCURSO: REFLEXÃO SOBRE A
APLICABILIDADE DE ALGUNS CONCEITOS
Carolina Assunção e Alves
(UniCEUB)
Pensar a ficção cinematográfica na AD remete ao cruzamento interdisciplinar
de ideias, no sentido de averiguar a adequação das mesmas à análise do discurso
fílmico ficcional – é este o objetivo da presente comunicação. Autores como Eco
(2009) e Maingueneau (1996) fazem referência a Searle (1982) quanto ao caráter
“fingido” das asserções ficcionais e ao pacto entre as instâncias produtora e receptora
do discurso para a participação de um jogo de “faz de conta”: o que é mostrado não
deverá ser comprovado como verdadeiro, mas deve ser digno de crédito no
momento da troca comunicativa. Na mesma linha podem ser acrescentadas as
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contribuições de Odin (2000) e Boillat (2001), que se dedicaram ao estudo da ficção
especificamente no cinema, dialogando com a questão da enunciação de maneira
semelhante à Teoria Semiolinguística. O primeiro apresenta uma abordagem
semiopragmática da ficção ou ficcionalização como um modo de produção de
sentido. O segundo discute a existência de diferentes gradações de ficção, bem como
a distinção entre ficcional e fictício. Ao tratar do assunto, Boillat parte do princípio de
que, para esse tipo de estudo, é preciso levar em conta os níveis de produção do
enunciado fílmico: demonstração, menções escritas e orais, ruídos e música.
SITUAÇÃO CÊNICA DO DISCURSO TEATRAL
Marcelo Cordeiro
(POSLIN/FALE/UFMG)
Neste trabalho buscaremos verificar em que medida os três níveis de uma
topografia das instâncias do campo literário como apresentado por Jean Peytard, a
saber: a instância situacional, a instância ergo-textual e a instância textual como lugar
da elaboração da atividade linguageira podem ser aplicados ao discurso de ficção
teatral. Propomos verificar no extrato de Hamlet de Shakespeare na filmagem de
Peter Brook (2001) como as categorias de autor-público, scripteur-leitor, narrador-
narratário ocorrem na situação cênica da ficção teatral. O lugar corresponde à
instância situacional, o ato corresponde a instância ergo-textual e os papéis
correspondem à instância textual. Estas três instâncias configuram a produção e
recepção do discurso literário e podem corresponder, em certa medida, aos três
níveis da produção e recepção do discurso teatral, a saber: o situacional como o lugar
dos atores e do público, o ergo-textual como autor-scriptor e os leitores e o textual
como os personagens.
“CABOCLO D‟ÁGUA APARECE EM BARRA LONGA”: VERDADE
OU MENTIRA?
Simone Mendes
(PNPD/CAPES)
Se verdade ou mentira, o fato é que a lenda do Caboclo d‟água, presente em
várias cidades brasileiras, está mais viva do que nunca. De 2009 para cá, a lenda se
transformou em um fenômeno midiático, que teve como implicações mais imediatas,
a inauguração de uma estátua de 2 metros na entrada da cidade de Barra Longa/MG
46
e a criação de uma Associação de Caçadores de Assombrações, que vem se
dedicando à captura do Caboclo d‟água, oferecendo, inclusive, um prêmio de R$
10.000,00 para quem tirasse uma foto da criatura. Diante disso, o presente trabalho
objetiva analisar, do ponto de vista discursivo, a (re)construção moderna da lenda
por veículos midiáticos e por moradores que afirmam terem visto o Caboclo d‟água,
sobretudo no município de Barra Longa/MG. Além disso, pretende-se refletir sobre
os impactos da midiatização sofridos pela lenda, do ponto de vista de sua construção
discursiva. O aporte teórico utilizado por nós está ligado às reflexões de Charaudeau
( 2006) acerca do discurso midiático, e Bravin (2011) sobre a repercussão midiática da
lenda em jornais impressos e na internet. Interessamo-nos, assim como Jean Peytard
em seus estudos, pela concretude das situações variadas da produção discursiva, às
quais não podem ser separadas das condições sociais e individuais de utilização, o
que nos permite compreender melhor a complexidade das interações pelas quais se
interessa o analista do discurso.
VERDADE E FICÇÃO: O PAPEL DO MITO NOS DIÁLOGOS
PLATÔNICOS
CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA
Wiliane Viriato Rolim
(RME/PBH)
Em sua obra, Jean Peytard apresenta um instrumental teórico metodológico
denominado Topografia das Instâncias do Campo Literário que permite a análise das
instâncias de produção e recepção do discurso consideradas em três níveis, a saber, o
situacional, o ergo-textual e o textual. A partir dessa visão do desdobramento dos
sujeitos do discurso, propomos verificar nos diálogos platônicos o papel atribuído à
narrativa mitológica na configuração do discurso filosófico enquanto gênero de
discurso constituinte de um tipo de saber dotado de uma especificidade muito
própria e que estava sendo cunhado historicamente naquele momento. Nesse
sentido, procuramos verificar a relação interdiscursiva estabelecida por Platão entre
o discurso filosófico constituído segundo critérios de verdade, estabelecidos a partir
da distinção entre verdadeiro e falso e o discurso mitológico determinado por seu
caráter ficcional. Para isso, analisamos o uso que Platão faz da mitologia, enquanto
estratégia argumentativa, ou seja, a utilização estratégica da ficção na construção
textual dos diálogos. Assim, procuramos verificar o jogo das instâncias em que se
desdobram os sujeitos para ver se aí se encontram as nuances diferenciadoras do
47
logos e do mythos e como se realizam os atos ergo-textuais possibilitadores da
construção dos sentidos.
Seminário temático 4: Discurso e Biografias
Coordenadoras: Dylia Lysardo-Dias (UFSJ) e Mônica Santos Melo (UFV)
Este seminário se propõe a discutir, à luz das reflexões de Jean-Peytard e das
contribuições das teorias do discurso, as biografias e histórias de vida considerando
esses relatos como reconstruções da realidade submetidas às circunstâncias de
comunicação e responsáveis por veicularem valores e representações que circundam
os sujeitos envolvidos no ato de linguagem.
ESPAÇOS DIALÓGICOS EM RELATOS BIOGRÁFICOS
Dylia Lysardo-Dias
(UFSJ)
O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão sobre relatos biográficos
dentro de uma perspectiva sócio-discursiva, voltada para a dimensão cultural dos
“textos” que circulam em nosso espaço-tempo. A biografia não é a vida, mas uma
apreensão de uma trajetória visível, em meio a tantas outras possíveis, realizada por
um sujeito biográfo inserido em um circuito de comunicação. Considerando os
outros agentes inscritos nesse circuito e a responsividade inerente à relação que entre
eles se estabelece, será proposta uma reflexão sobre o jogo interlocutivo no qual se
encontram tais agentes no caso de biografias disponíveis em sites da internet. Serão
utilizados os conceitos de pacto autobiográfico, de Philippe Lejeune (2008) e de
contrato de comunicação, de Patrick Charaudeau (2009) e as formulações de Jean
Peytard ( 1980 ) sobre a leitura e seus códigos culturais .
ANÁLISE DE AUTOBIOGRAFIAS DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS: ÉTICA, ESTÉTICA E ALTERIDADE
Cláudio Humberto Lessa
(POSLIN/FALE/ UFMG)
Em muitas das reflexões de Jean Peytard sobre a linguagem, percebemos um
diálogo intenso com a noção de dialogismo bakhtiniano. Em uma dessas reflexões,
Peytard propõe o conceito de Alteração, que remete às diversas operações
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discursivas pelas quais os sujeitos transformam, alteram as mensagens uns dos
outros, produzindo novos sentidos. Para o lingüista, o sentido só seria produzido a
partir de outros já dados, circulantes no interdiscurso. As diversas formas de
discurso relatado seriam formas da Alteração. A discursivização das palavras de um
tiers implica, segundo Peytard, em um “jogo avaliativo” no qual o locutor “situa o
outro em seu discurso retor e se situa”, se posiciona em relação a eles. Neste painel,
analiso como os alunos da EJA de uma escola municipal de Belo Horizonte, ao
escrever suas autobiografias, encenam esse “jogo avaliativo” em relação à alteridade
que os constitui (crenças, ideologias, imaginários e senso comum), mostram que no
relato de si é indissociável a representação/avaliação de si e de outrem: utilizam-se
da trama narrativa a fim de “enformar” experiências passadas, buscando dar-lhes
um acabamento, um sentido de totalidade para sua trajetória de vida; projetam uma
imagem de si de acordo com ideais de uma “vida boa”.
ARGUMENTAÇÃO E HISTÓRIA DE VIDA NO DISCURSO RELIGIOSO
TELEVISIVO
Mônica Santos de Souza Melo
(UFV)
Considerando que a argumentação resulta da combinação de diferentes
componentes que são vinculados a uma situação que tenha finalidade persuasiva,
pretendemos, nesse trabalho, investigar o papel da narrativa de vida como elemento
que favorece a construção argumentativa e, consequentemente, a captação do público
no discurso religioso. Para isso, vamos analisar um fragmento do programa Direção
Espiritual, apresentado semanalmente pelo Padre Fábio de Melo, na TV Canção
Nova, investigando como ocorre a construção argumentativa desse discurso. Nossa
análise levará em conta tanto o estrato linguístico quanto o estrato televisivo. Para
análise do linguístico, vamos conciliar pressupostos que tratam da argumentação, do
discurso narrativo e das narrativas de vida, fornecidos por autores como
Charaudeau, Amossy e Orofiamma. Para á análise do estrato televisivo, tomaremos
por referência as reflexões de Jean Peytard e os trabalhos de Soulages sobre a mídia
televisiva.
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REFLEXÕES SOBRE AUTORIALIDADE NAS BIOGRAFIAS ESCRITAS
POR JORNALISTAS
Mariana Ramalho Procópio
POSLIN/UFMG/CNPq
Nesta comunicação, propomos refletir sobre a questão da autorialidade, isto é, sobre
o papel do autor nas narrativas biográficas, notadamente naquelas em que o biógrafo
é, além de escritor, jornalista. Nosso objetivo é analisar como se apresenta esse espaço
de autoria em tais narrativas, a partir da investigação dos principais sujeitos inscritos
nessa situação comunicativa. A fim de demonstrar essa configuração, realizamos
uma breve análise discursiva da biografia Vale Tudo – o som e a fúria de Tim Maia,
escrita pelo jornalista Nelson Motta, tendo como base algumas proposições de
Peytard (1983), Charaudeau (2008) e Maingueneau (2006, 2010). Por meio de nossa
análise, foi possível perceber que a função de autor, numa narrativa biográfica, revela
a instância que enuncia adicionada ao estatuto social que ela ocupa. A autorialidade
da biografia parece ser de suma importância para conferir um atributo de
credibilidade ao relato, além de acrescentar-lhe valores como originalidade e
legitimidade.
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SESSÃO DE PAINÉIS DE PESQUISA: DIÁLOGOS COM JEAN PEYTARD
INFLUÊNCIAS DAS OBRAS DE JEAN PEYTARD NA ANÁLISE DO
DISCURSO
Alcione Aparecida Roque Reis
PósLin/UFMG
Peytard desenvolve em sua obra < La place le statut et du “ lecteur” dans
l”ensemble “public”> uma abordagem sociolinguística acerca de conceitos da
sociologia tais quais capital cultural, habitus e representação que tem sido alguns dos
pilares da conceituação de identidade, seja ela coletiva ou individual como também
de biografia e pertença, amplamente utilizados na contemporaneidade por diversos
autores da Análise do Discurso.
O autor se dedica a criar uma topografia das instâncias do campo literário, no
qual especifica os agentes da comunicação, inserindo o papel do scriptor e traçando
vasta base para autores tais como Patrick Charaudeau, dialogar e ampliar seu
aparato conceitual/analítico que vem sendo amplamente aplicado aos mais diversos
corpora.
MANUAL DOS INQUISIDORES NOS AUTOS DE FÉ: UMA
ANÁLISE DA AÇÃO PEDAGÓGICA E DESENVOLVIMENTO DO
DISCURSO À LUZ DA LINGUÍSTICA DE JEAN PEYTARD
Crístia Rodrigues Miranda
A constituição de uma identidade, supostamente universal, para os ocidentais,
poderia ser analisada também através das relações entre os códigos éticos,
entendidos pela forma como eles são aceitos, discursivamente? No processo de
expansão do Catolicismo, o controle do “embate” entre o bem e o mal constituía-se
como categoria presente no discurso da Igreja. O princípio da unidade religiosa
precisava ser mantido e respeitado. Nesse sentido, o Manual dos inquisidores, de
Nicolau Eymerico, constituiu-se como um dos elementos destinados, a princípio, a
nortear as ações dos seus inquisidores e é, ao mesmo tempo, historicamente, a
representação identitária dos valores dominantes e/ou repressivos de uma
instituição social e religiosa de uma época. Nesse sentido, o presente trabalho
51
pretende partir da amplitude da abordagem dos estudos de Jean Peytard o qual não
se limitou em dialogar com a lingüística e seus precursores, mas, antes, transitou
entre a lingüística estrutural e a análise do discurso como também entre a
diversidade de suas análises: didática, sociolingüística e semiótica literária. Jean
Peytard, em seus estudos, abordou a problemática da enunciação, juntamente com
Jackobson, Benveniste e Bakhtin. Abordou, também, o problema da transmissão e
apropriação do enunciado que nos será útil para compreender a utilização do gênero
instrucional, a argumentação e os valores latentes à semiótica que ajuda a consolidar
o valor jurídico e didático dos manuais dos autos inquisitoriais e a identidade social
institucional construída e transmitida pelo manual aos inquisidores. Não sendo o
manual um texto de ampla circulação, na Idade Média, mas, antes, um texto didático
que se destinava a instruir o inquisidor, no que concerne à sua prática, a análise de
discurso proposta por Jean Peytard ajudar-nos-á a elucidar essas três categorias que,
conforme a análise nos indica , estão presentes no Manual dos Inquisidores, a saber:
o caráter didático, sociológico e semiótico dos efeitos de sentido nele produzidos.
O BORDADO FICCIONAL DE LYGIA FAGUNDES TELLES:
ALGUMAS SINGULARIDADES
Fabiana Rodrigues Carrijo
(UFU/PPGEL/LEP)
Dizer que, a obra de Lygia Fagundes Telles foge a qualquer tentativa de
estereótipo, é cair em lugar comum. Na tentativa de desvendar, cada vez mais, o
íntimo das personagens, a autora só se dá por, temporariamente satisfeita, à medida
que suas personagens estejam despidas, expostas. Nesse sentido, este trabalho tem
como objetivo delinear as singularidades da obra lygiana, que a exemplo da metáfora
que compõe parte deste título é um bordado que alinhava fios de invenção e fios de
memória – par não díspar em sua ficção. A metodologia a ser utilizada nesta
proposta recorre a uma interface: de um lado dos flancos: corpus literário, de outro, a
escritura ficcional, alinhavados sobre o viés de Jean Peytard que, aventou e
assegurou a possibilidade de estudos com esta peculiaridade, ora, minimamente,
esboçada.
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“„COÇA... COÇA... PULA... PULA... OLHA A PURGA!‟: PRÁTICAS DE
ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NAS SÉRIES INICIAIS – ESBOÇANDO
UM OLHAR TRANSDISCIPLINAR PARA AS RELAÇÕES ENTRE
SUJEITO, LÍNGUA E IDENTIDADE, NA PERSPECTIVA APONTADA
POR JEAN PEYTARD”
Fabiana Rodrigues Carrijo
(UFU/PPGEL/LEP)
O presente trabalho tem como objetivo recuperar e entremostrar a descrição e
os resultados de um projeto que foi desenvolvido durante os anos letivos de 2009 a
2011, no espaço da Biblioteca „Cornélio Ramos‟, no Centro de Atenção Integral à
Criança e ao Adolescente (CAIC- São Francisco de Assis), em Catalão/GO. Quanto à
singularidade desta proposta, entendemos que o Ensino de Língua Portuguesa tem,
efetivamente, que se pautar por uma postura que contemple, de fato, as
singularidades de um aluno que embora estando nas séries iniciais, já é falante nativo
desta língua, portanto, traz, indelevelmente, tatuado em sua fala, suas inscrições
sócio, política, ideológica e culturais. Neste caso, aprender uma língua é, sobretudo,
respeito pelo conhecer do outro, implica, ainda, em um processo que a princípio recai
também na questão da alteridade e da constituição de sujeitos aprendizes de uma
língua, com todas as singularidades que aí subjazem. Optamos, no presente caso, por
Práticas de Ensino de Língua Portuguesa, já que este era/é/ e será nosso
ambicionado objetivo principal correlacionado com as propostas vanguardistas de
Jean Peytard ao imiscuir linguística discursiva e ensino de língua. Foi/é pensando
neste dizer recorrente das crianças que verbaliza purga, que traz purga como
experiência primeira que desenvolvemos todo o projeto ora brevemente e/ou de
maneira embrionária descrito. Foram para elas que a despeito de falar purga – como
uma variante recorrente em seu dizer – que levamos música clássica para a
Biblioteca, como Villa Lobos, Erik Satie; levamos ainda MPB, compositores e
intérpretes famosos entre eles Marisa Monte, Chico Buarque. Insistimos, ainda, foram
com elas, para elas que preparamos o 1º e 2º Chá com Poesia.
53
AS REPRESENTAÇÕES LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS DO AGIR
PROFISSIONAL DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA
Fábio Delano Vidal Carneiro
Faculdade 7 de Setembro / Universidade Federal do Ceará (PPGL-GEPLA)
O agir profissional é representado a partir de interpretações temático-
discursivas apreensíveis a partir dos textos/discursos produzidos pelos próprios
profissionais acerca da sua atividade. BRONCKART (2004) apresenta essas diferentes
interpretações como estratégias de reorganização das autorepresentações
profissionais, cuja atualização constante serve de “motor de desenvolvimento” dos
indivíduos em situação de trabalho. BULEA (2007, 2010) denomina essa modalidade
de apreensão discursiva de Figuras de Ação identificáveis a partir de um agir-
referente (prática social) específico. Em nosso estudo, entrevistamos professores de
língua portuguesa do 5º ano do Ensino Fundamental. A partir do corpus coletado,
analisamos o discurso dos professores ao descrever o seu próprio agir, utilizando
uma metodologia de análise descendente, partindo dos tipos de discurso e chegando
às estratégias enunciativas, em particular à análise das vozes e das modalizações
presentes nos textos orais analisados. Como resultado, percebermos a bifurcação da
rede de interpretações gerada pelos professores, ora referindo-se ao seu próprio agir,
ora referindo-se ao agir dos alunos, gerando uma dupla ancoragem tanto do ponto
de vista ontológico (a ação é realizada pelo professor, mas sempre com uma
expectativa sobre o agir do aluno), quanto gnosiológico (a interpretação do agir
referente dá-se através de figuras de ação internas e externas).
MEDIACRÍTICA LITERÁRIA NA CONVERSA SOBRE O TEMPO DE
VERÍSSIMO & VENTURA
Fernanda Chaves
(UFMG/FAPEMIG)
Nossa proposta de pesquisa é refletir sobre o conceito de “mediacrítica
literária” apresentado por Jean Peytard (1993) no artigo La médiacrítica littéraire à la
télevision a partir da entrevista com os escritores Luiz Fernando Verissimo e Zuenir
Ventura, exibida no Programa Sempre um Papo, veiculada pela TV Câmara e o
Youtube. O objetivo do encontro dos escritores (a entrevista que é nosso objeto de
análise) foi falar sobre o livro Conversas sobre o Tempo (2010), escrito a quatro mãos
pelos escritores brasileiros que abordam temáticas presentes na vida cotidiana:
família, amizade, paixões, política e morte. Os diálogos na entrevista e do livro foram
54
intermediados pelo escritor e jornalista Arthur Dapieve. A partir das considerações
de Peytard (1993) acerca do papel atual do jornalista (como intermediador e pré-
leitor da obra), da encenação discursiva dos escritores e, também, da TV enquanto
médium desses discurso (que, no nosso caso, também se insere na internet),
pretendemos abordar alguns aspectos ligados ao conceito de “mediacrítica literária”
trazidos por Peytard (1993), através de uma breve aplicação em nosso corpus. Em
acordo com o que defende o autor no supracitado artigo, validamos o entendimento
de que as narrativas literárias, com as novas médias, vem conquistando outros
espaços de veiculação e que, no que tange à crítica literária, outros formatos, outros
atores. Dessa forma, nossa contribuição para este Colóquio é de, justamente, refletir
sobre essa inovadora perspectiva, à luz da Análise do Discurso, inserida em nossa
realidade contemporânea.
POSSIBILIDADES DE PENSAR O UNIVERSO COMUNICATIVO
MIDIÁTICO ATUAL NA OBRA DE JEAN PEYTARD
Gerlice Teixeira Rosa
(POSLIN/UFMG)
A proposta deste painel é buscar uma aproximação das teorias cunhadas por
Jean Peytard com discussões próprias do âmbito da comunicação na atualidade,
especialmente no que diz respeito às adaptações das mídias escrita e televisiva e às
variações da multimodalidade na representação discursiva. O conceito de
transcodificação apresentado por Peytard no diagrama da função figurativa
referenciado na adaptação de poemas para músicas, nas traduções, na relação entre
texto e imagens, na oralidade e na construção de mensagens mistas e com variados
códigos parece estar próximo do movimento observado nas mídias de junção dos
tipos de linguagem e aproximação das mesmas. Pretende-se com este painel uma
reflexão e um delineamento das possibilidades interpretativas da discussão proposta
pelo linguista ainda em 1984 perante os avanços no campo da comunicação e da
linguagem. A ideia de aprofundar as noções do diagrama da função figurativa e das
inter-relações estabelecidas pode ser importante para colocar em evidência a
construção de sentido e a função dos “transcodificadores” no processo de adaptação
das mensagens. A base da discussão indicada neste painel é a abordagem sobre a
alteração, baseada na problemática da construção do sentido. De maneira ampla, e
não direcionada a nenhum corpus especificado, este painel apresentará discussões
pautadas nas observações e nos estudos sobre as adaptações do universo
comunicacional, no que diz respeito às possibilidades de adequação e, por vezes, de
transcodificação, de uma mídia a outra e de construção de sentido.
55
A RECEPÇÃO MIDIÁTICA À LUZ DE JEAN PEYTARD
Ivan Vasconcelos Figueiredo
(UFMG/ CAPES)
O estudo debate, em uma perspectiva teórica, a aplicabilidade do modelo de
“topografia das instâncias do campo literário”, elaborado por Jean Peytard (1983),
para pesquisas contemporâneas de recepção midiática. Em sua esquematização,
Peytard prevê três instâncias de comunicação: a primeira, a situacional
(sociodiscursiva) posiciona o autor e o público, os quais atuam com “doador” e
“receptor”, respectivamente, para adentrarem em um contrato comunicativo da
instância ergo-textual (domínio da elaboração do trabalho de linguagem) em seus
papeis de escritor e leitor; por fim, o ato de escrever e ler, na instância textual (lugar
onde se inscrevem os papeis), determina a emergência de traços de competências de
escrita e de leitura. As concepções de “contrato de comunicação”, “instâncias
sociodiscursiva/situacional/textual”, “papeis dos sujeitos”, também presentes na
Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, podem permitir a compreensão do
processo dado pelo público diante de uma mensagem, seja ela literária ou midiática.
Acredita-se que a perspectiva de Peytard abre espaço para o entendimento de que o
público não compõe massa amorfa, mas insere-se dentro de um estrato social de
pertencimento, possuindo capitais linguísticos e culturais, os quais devem ser
considerados na análise dos discursos reconstruídos pelos receptores, a partir dos
dizeres recebidos.
A NOÇÃO DE “LEITOR” NA TOPOGRAFIA DAS INSTÂNCIAS DO
CAMPO LITERÁRIO DE PEYTARD
Leonardo Coelho Corrêa Rosado
(UFV)
Considerando a topografia das instâncias do campo literário de Peytard
([1983] 2007), cuja divisão relaciona três instâncias: a instância situacional, a instância
ergo-textual e a instância textual, o presente trabalho objetiva apresentar a noção de
leitor (lecteur) no que diz respeito ao seu estatuto e posição na referida topografia,
bem como discutir a relação desta agente com o público, evidenciando como ele é
formado a partir deste último. Assim, partiremos da ideia de que ao se tornar
“doador” de um texto, o autor percebe e visa um determinado conjunto social, isto é,
um público, na qual o leitor se constitui sendo equipado por uma rede de códigos e
práticas de leituras e por tipos de comportamento. Desse modo a atividade de
56
leitura, realizada pelo leitor (que, por sua vez, se situa na instância ergo-textual,
instância de realização de atividades), não é uma escolha individual; na verdade, tal
atividade é orientada socialmente e condicionada por um conjunto de dispositivos
sociais realizados por um conjunto de agentes que, no caso da comunicação literária,
seria os intermediários (editores, livreiros e os bibliotecários) e os agentes de
transformação (os críticos literários).
PERCURSOS DO SUJEITO DO DISCURSO: DIÁLOGOS ENTRE JEAN
PEYTARD E PATRICK CHARAUDEAU
Liliane de Oliveira Neves,
Mônica Oliveira Pereira
Jerônimo Coura-Sobrinho
(INFORTEC – CEFET-MG)
Questões relacionadas ao discurso têm sido objeto de investigação científica
no âmbito de diversas disciplinas e, em se tratando do campo da linguística, é
possível dizer que a figura do sujeito do discurso está sempre marcada.
Considerando isso, pretende-se, a partir da primeira parte do livro escrito por
Genouvrier e Peytard, intitulado Linguística e Ensino do Português, especificamente no
que diz respeito ao “esquema da comunicação”, estabelecer um diálogo entre alguns
conceitos tratados por esses autores e por Charaudeau, em sua teoria
semiolinguística. Trata-se de um diálogo ancorado nos sujeitos do discurso e no ato
de comunicação, como forma de mostrar como algumas perspectivas de análise
desenvolvidas por Genouvrier e Peytard vêm sendo trabalhadas na
contemporaneidade pela Análise do Discurso.
A FICCIONALIDADE COMO ESTRATÉGIA NA CONSTRUÇÃO DE UM
SONHO DE CONSUMO.
Lizainny Aparecida Alves Queiróz
Giani David
(INFORTEC – CEFET-MG)
A publicidade televisual por meio dos recursos técnicos e audiovisuais
apropria-se da ficcionalidade, da fantasia e do arquetípico; a fim de persuadir o
enunciatário/telespectadores, por meio de valores intangíveis. Este trabalho
investiga como a publicidade televisiva utiliza ethos persuasivo, as estratégias de
57
linguagem e seus efeitos de sentido. O corpus foi constituído pelas publicidades
“Cachorro peixe” e “Ovelha Nuvem” do carro Volkswagen Space Fox. Usamos a
metodologia qualitativa baseada no modo narrativo que possui uma ficcionalidade
que pode ser constitutiva, colaborativa e predominante (MENDES, 2004, p.131). A
Análise do Discurso e a teoria de Peytard são reconhecidas pelos princípios
interdisciplinares e por buscarem a articulação das dimensões psicológicas e
discursivas contempladas nos planos: micro e macrossocial. Durante as análises,
consideraram as construções narrativas como estrategicamente planejadas e
organizadas em prol da elaboração de uma estória a partir dos três níveis propostos
por Peytard: o situacional, o ergo-textual e o textual. Procuramos perceber como
esses enunciadores almejaram atingir seus objetivos por meio de estratégias de
captação do público-alvo.
O CONCEITO DE SCRIPTOR NO TEXTO LITERÁRIO
Lucas Piter Alves Costa
(Mestrando em Letras – UFV – FAPEMIG)
Como se configuram as instâncias enunciativas no texto literário? Quais seus
desdobramentos e papéis possíveis? Ainda que uma separação estanque dessas
instâncias no processo de produção/recepção da obra literária possa trazer
dificuldades conceituais, percebe-se que há distinções entre sujeito histórico, ser
agente, e sujeito discursivo, ser de fala, entre sujeito empírico e sujeito discursivo. O
conceito de scriptor, por exemplo, formulado por Jean Peytard (1983, 2007), fornece-
nos possibilidades de reflexão a respeito das relações entre essas instâncias. A noção
de scriptor, que acabou sendo inserida por Mello (2004, 2006) no quadro
comunicacional proposto por Charaudeau (2008), se coloca como a passagem da
representação sócio-histórica do sujeito à sua representação discursiva.
O scriptor seria aquele que exerceria uma função específica dentro do texto literário,
uma função atrelada ao projeto de fala do sujeito situado sócio-historicamente
(MELLO, 2004). Sendo assim, nossa intenção, neste trabalho, é mostrar como o
conceito de scriptor, inserido na configuração do quadro comunicacional presente na
teoria semiolinguística para o discurso literário, pode re-significar o conceito de
autor, de narrador, de leitor e de narratário.
58
A PRESENÇA DO “TIERS-PARLANT” EM UM ANÚNCIO
PUBLICITÁRIO COMO GÊNERO TRANSGREDIDO
Luciana Martins Arruda
Dalcylene Dutra Lazarini
(POSLIN/FALE/ UFMG)
Os estudos de Jean Peytard merecem destaque não só pelo seu caráter social e
ideológico, mas também por estarem intimamente ligados à análise do discurso
praticada atualmente. Na tentativa de dialogar com esses estudos, selecionamos um
anúncio publicitário de um site de compras – que por intermédio de uma carta ao
Papai Noel – apresenta implicitamente os vários pedidos de Natal, os quais deverão
ser desvendados a partir dos diversos produtos oferecidos pelo site. Essa proposta
insere-se no slogan do site: “Pode imaginar. Aqui tem.”. Nesse anúncio, podemos
identificar a presença de um “tiers-parlant”, por meio dos índices de indefinição e de
pluralidade. Ao analisar o discurso publicitário, percebemos a existência de um
“tiers” presente no interdiscurso que remete a declarações pertencentes ao senso
comum e a determinados imaginários tais como: “Eu sou um bom menino”, logo
mereço ganhar um presente do Papai Noel. Assim sendo, nossa análise busca
mostrar como os enunciados que remetem à doxa, a imaginários partilhados
caucionam a visée persuasiva da propaganda, podem atuar no sentido de buscar
comunhão com o público-leitor e assim, captar sua atenção. Conforme já apontava
Peytard, os discursos dialogam entre si e essa dialogicidade tem se mostrado
bastante recorrente na publicidade.
PEYTARD E A ANÁLISE DO DISCURSO – ASPECTOS
CONVERGENTES ENTRE O LUGAR E DO ESTATUTO DO LEITOR E OS
CONCEITOS MAIS RECENTES DESTE CAMPO DE ESTUDO
Luiza Sá Guimarães
(POSLIN/UFMG)
No início da década de 80 do século passado, quando Peytard se ocupava em
compreender o lugar do leitor em uma entidade maior genericamente denominada
de público, o autor acabou abordando conceitos que posteriormente vieram a ser
desenvolvidos em um âmbito mais amplo por teóricos contemporâneos da Análise
do Discurso. Em seminários apresentados durante os anos de 1980 e 1981, Peytard
apresentou a Topografia das Instâncias do Campo Literário, que ao conceber a leitura
59
como um processo que se dá duplamente em uma instância situacional e em outra
ergo-textual (relativa ao trabalho de compreensão dos textos), introduziu elementos
que anos mais tarde, vieram a ser retomados e novamente definidos por Charaudeau
como os constituintes do contrato de comunicação – modelo usado para explicar
qualquer ato de interação verbal. Os conceitos de ficcionalização e
polifuncionalidade usados por Peytard para definir o “literário” têm relação com as
noções de contrato ficcional, imaginários sociodiscursivos e modos de apreensão dos
gêneros publicados por Charaudeau até 2010. A proposta da presente comunicação é
mostrar de que maneira os estudos de Peytar sobre o leitor confluem com conceitos
debatidos pela Análise do Discurso nos últimos anos.
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS PARODICOS
Maíra Avelar Miranda
(PUC Minas/CNPq)
Neste trabalho, analisaremos a paródia a partir de um ponto de vista
discursivo. Para tanto, abordaremos, primeiramente, os conceitos de intertexto
(MAINGUENEAU, 2004) e interdiscurso (MAINGUENEAU, 1997; AUTHIER-
REVUZ, 1998), buscando analisar como esses conceitos podem ser aplicados ao texto
paródico. Complementarmente, recorreremos a conceitos que derivam dos conceitos
suparcitados, tais como: a heterogeneidade mostrada e constitutiva e a
hipertextualidade. Em seguida, abordaremos a relação entre a paródia e os conceitos
de dialogismo e polifonia. No tocante ao dialogismo, retomaremos o trabalho de
Bakhtin (2004), a fim de elucidarmos tal conceito. Já no tocante à polifonia,
abordaremos os trabalhos de Ducrot (1984/1987), retomando o conceito de polifonia
do ponto de vista linguístico; os trabalhos de Peytard (1983), focalizando nas
questões dos quatro agentes da comunicação e do contrato de leitura; e os trabalhos
de Machado (1995, 1999, 2003 e 2004), que abordam a análise do texto paródico a
partir do quadro comunicacional e do contrato de comunicação, propostos por
Charaudeau (1984, 1993, 2005 etc). Exploraremos, por fim, as semelhanças e
diferenças entre os modelos propostos por Machado e Peytard, buscando explorar,
por meio da análise de exemplos, como pode ser analisado o processo de leitura e
interpretação do texto paródico.
60
ANÁLISE DO USO DO “TIERS-PARLANT” EM RELATOS DE
MORADORES DE ISRAEL
Raquel Lima de Abreu Aoki
(POSLIN/ FALE/UFMG)
O nosso ponto de partida é a contribuição vanguardista de Jean Peytard sobre
a estratégia do uso do tiers-parlant e as atualizações deste estudo por Charaudeau
(2004). Esta estratégia é significativa para os estudos da linguagem, pois a partir dela
é possível apreendermos o interdiscurso e, assim, compreendermos o jogo de
dramatização que se instaura quando o sujeito falante delega a sua fala a um terceiro.
Para ilustrar essa dinâmica, selecionamos o relato de um mulçumano, morador de
Jerusalém Oriental; de uma alemã, convertida ao judaísmo; de uma sobrevivente do
Holocausto, moradora de Tel Aviv; e de uma brasileira, que fez a aliya, e mora
também, em Tel Aviv. Estes relatos estão inseridos no livro Meu Israel da autora
Sabrina Abreu, no capítulo “O Israel de cada um”. Ao lançar mão do discurso do
outro, por meio de discursos relatados, a autora evoca a voz potente de um tiers, seja
para trazer uma prova de autenticidade evocando um testemunho, seja para
confortar seus próprios dizeres, incitando um jogo de mascaramento e
distanciamento em relação a seu projeto de escrita, que é o de mostrar uma outra face
de um país tão negativizado pela mídia secular.
OS TEXTOS LITERÁRIOS NOS LIVROS DIDÁTICOS
PARA ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA
Regina L. Péret Dell´Isola
(UFMG)
Luiz Antônio Prazeres
(UFMG)
A análise da presença de textos literários nos livros de ensino do português
como língua estrangeira (PLE) nos remete a uma investigação detalhada do modo
como a literatura é explorada para fins didáticos nesses materiais. Ao identificar
práticas pedagógicas e estratégias utilizadas nos cursos de língua estrangeira, Jean
Peytard (1982) ressalta a importância da inclusão de textos literários nesse contexto e
assinala que um dos objetivos dessa inserção é o de legitimar a língua, sendo que
trechos dos textos selecionados constituem-se como modelos que podem servir de
base à formulação de exercícios gramaticais e de sintaxe. Neste painel, retomamos
61
estudos feitos por Jean Peytard (1988) que focalizam aspectos relacionados ao
aprendizado da língua através da literatura, sobretudo no que diz respeito às
estratégias de exploração textual que podem conduzir o aluno a considerar o texto
literário como espaço de aprendizado da língua. Assim, a partir das reflexões de
Peytard, realizamos nossa investigação que consiste no levantamento de textos
literários presentes em alguns dos mais recentes livros didáticos de PLE.
Apresentaremos os resultados da análise das abordagens propostas pelos autores das
obras selecionadas, da avaliação de como são explorados dos textos literários, com
vistas ao ensino desse idioma.
O RÁDIO E A TELEVISÃO DE PEYTARD
Sônia Caldas Pessoa
(POSLIN/UFMG)
O rádio e a televisão imprimiram um novo ritmo à crítica literária, antes
restrita aos jornais impressos. Com os novos suportes surgem as novidades. Com a
transmissão imediata em ondas sonoras e em imagens, o texto ganha velocidade e
atinge um número infinitamente maior de pessoas. Associada à velocidade está a
possibilidade de interação entre o autor e o público, e a mudança da linguagem, que
assume uma perspectiva mais dialógica e adequa-se à necessidade para se atender a
uma demanda de mercado. Assim, constitui-se, na perspectiva de Jean Peytard, o
fenômeno das mass media. Por meio da comunicação de massa, há a difusão de
informação em larga escala. No que tange à crítica literária, reforça-se a divulgação
de ideias, títulos, nomes de autores, entre outros detalhes. A obra de Peytard, além
de atual, é importante para a compreensão da comunicação e das interações na
sociedade contemporânea pautada por situações cada vez mais midiatizadas e
espetacularizadas.
62
ÍNDICE REMISSIVO DE AUTORES
A
Alcione Aparecida Roque Reis ..... 50
B
Béatrice Turpin ............................... 21
Beth Brait ........................................ 26
C
Carolina Assunção e Alves ........... 44
Cássio Eduardo Soares Miranda .. 34
Ceres Leite Prado ........................... 37
Cláudio Humberto Lessa .............. 47
Crístia Rodrigues Miranda ........... 50
D
Dalcylene Dutra Lazarini .............. 58
Daniel Lebaud ................................ 24
Dylia Lysardo-Dias ........................ 47
E
Eliane Lousada ............................... 38
Emília Mendes ................................ 28
Eni Puccinelli Orlandi ................... 20
F
Fabiana Rodrigues Carrijo ...... 51, 52
Fábio Delano Vidal Carneiro ........ 53
Fernanda Chaves ........................... 53
G
Gerlice Teixeira Rosa ..................... 54
Giani David .................................... 56
Giani David Silva ........................... 42
Glaucia M. P. Lara .......................... 25
H
Helcira Lima ................................... 26
Hugo Mari ...................................... 23
I
Ida Lucia Machado .............. 9, 11, 20
Ivan Vasconcelos Figueiredo ........ 55
J
Jerônimo Coura-Sobrinho ....... 29, 56
João Bôsco Cabral dos Santos ....... 30
L
Leonardo Coelho Corrêa Rosado . 55
Lílian Arão ...................................... 43
Liliane de Oliveira Neves .............. 56
Lizainny Aparecida Alves Queiróz
...................................................... 56
Lucas Piter Alves Costa ................. 57
Luciana Martins Arruda ................ 58
Luiz Antônio Prazeres ................... 60
Luiz Francisco Dias ........................ 23
Luiza Sá Guimarães ....................... 58
63
M
Maíra Avelar Miranda ................... 59
Maralice de Souza Neves .............. 34
Marcelo Cordeiro ........................... 45
Maria Antonieta Amarante de
Mendonça Cohen ....................... 33
Maria Carmem Gomes .................. 42
Maria Lúcia Jacob Dias de Barros. 40
Mariana Ramalho Procópio .......... 49
Mônica Oliveira Pereira ................ 56
Mônica Santos de Souza Melo ...... 48
P
Patrick Chardenet .......................... 31
Patrick Dahlet ................................. 36
Paulo Henrique A. Mendes ........... 41
R
Raíssa Palma ................................... 39
Raquel Lima de Abreu Aoki ......... 60
Regina L. Péret Dell´Isola .............. 60
Renato de Mello ............................. 28
S
Serge Borg ....................................... 35
Simone Mendes .............................. 45
Sônia Caldas Pessoa ....................... 61
Sophie Moirand .............................. 22
V
Virginie Lethier .............................. 27
W
Wander Emediato .......................... 32
Wellington Júnio Costa.................. 38
Wiliane Viriato Rolim .................... 46
William Augusto Menezes ............ 30
64
65
ANOTAÇÕES .............................................................................
66
Promoção:
Apoio: