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COMO A ORGANIZAÇÃO DOS
PRODUTORES DE LEITE DA REGIÃO
DE FARTURA EM UMA REDE DE
EMPRESAS BENEFICIOU A
PRODUTIVIDADE LEITEIRA
Marcelo Tsuguio Okano (UNIP/Ceeteps-Fatec)
okano@vop.com.br
Oduvaldo Vendrametto (UNIP)
oduvaldov@uol.com.br
Osmildo Sobral dos Santos (UNIP/UnG)
sobral@yahoo.com.br
A exploração da bovinocultura de leite no Brasil constitui importante
atividade do setor agropecuário e desempenha função de vital
relevância no processo de desenvolvimento econômico e social do
País. De todas as cadeias produtivas do setorr agropecuário, a que
mais se transformou, foi a do leite. Após meio século de poucas
mudanças, em grande parte explicadas pela forte intervenção do
Governo no mercado de lácteos, a cadeia produtiva do leite começa,
no início dos anos 90, a experimentar profundas transformações em
todos os seus segmentos, da produção ao consumo. O presente estudo é
o resultado de uma investigação da organização dos produtores de
leite da região de Fartura, SP, as relações entre os diversos atores que
compõe esta cadeia leiteira, os benefícios obtidos com este
relacionamento e a classificação destas propriedades na cadeia
leiteira, permitindo mensurar a produtividade através de indicadores
propostos. A pesquisa demonstrou que os produtores de leite da região
de Fartura obtiveram diversos benefícios ao se organizarem como um
Arranjo Produtivo Local ou Redes Sociais, principalmente, em relação
a uma melhor remuneração no preço do litro do leite. Para alcançar
estes resultados, os produtores tiveram que investir para melhorar os
padrões tecnológicos e nos processos de produção e, assim, aumentar
a qualidade do leite e a produtividade.
Palavras-chaves: Cadeia leiteira, sistemas interoganizacionais, rede
de empresas, redes sociais
5, 6 e 7 de Agosto de 2010
ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1. INTRODUÇÃO
A exploração da bovinocultura de leite no Brasil constitui importante atividade do setor
agropecuário e desempenha função de vital relevância no processo de desenvolvimento
econômico e social do País (Yamaguchi et al., 2001). De todas as cadeias produtivas do
setor agropecuário, a que mais se transformou, foi a do leite. Após meio século de poucas
mudanças, em grande parte explicadas pela forte intervenção do Governo no mercado de
lácteos, a cadeia produtiva do leite começa, no início dos anos 90, a experimentar profundas
transformações em todos os seus segmentos, da produção ao consumo (GOMES, 2001).
Houve, de forma isolada, avanços significativos na fase pecuária e industrial, com controle
genético, inseminação artificial, controles endêmicos, melhoria de arraçoamento e pastagens,
adoção de critérios rigorosos de inspeção, trato,limpeza e desinfecção. A falta de visão e
entendimento da cadeia produtiva como um todo, induziu comportamentos assimétricos que
acabaram, em algumas situações, produzindo perdas ao longo do processo produtivo, muitas
vezes, justificando o descontentamento dos produtores.
Por outro lado, essas mudanças e avanços propiciaram melhoras na produtividade de
higienização, alimentação e manejo das propriedades, que as adotaram .
A maioria dos produtores da cadeia produtiva do leite é composta de pequenos produtores
tradicionais, e o leite é uma das fontes de receita da propriedade, os investimentos são
reduzidos e dificultam adoção das mudanças e avanços, implicando na produtividade da
propriedade. Por exemplo, existem várias propriedades leiteiras que realizam a ordenha
manualmente e a vaca serve para o leite, corte e produção de bezerros, sendo a produtividade
diária baixa.
As diferenças da tipologia dos produtores, exigência de padrões tecnológicos, dificuldade de
investimentos, do perfil das propriedades tradicionais, da resistência a mudanças dos
proprietários, barreiras culturais e desconfiança levam ao desbalanceamento de produtividade
das propriedades e à desorganização da cadeia produtiva.
O presente estudo é o resultado de uma investigação da organização dos produtores de leite da
região de Fartura, SP, as relações entre os diversos atores que compõe esta cadeia leiteira, os
benefícios obtidos com este relacionamento e a classificação destas propriedades na cadeia
leiteira, permitindo mensurar a produtividade através de indicadores propostos por Okano
(2010).
2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
2.1 O leite
De acordo com Carvalho et al. (2009), o leite é um alimento natural de grande valor nutritivo,
com maior concentração de cálcio, essencial para a formação e manutenção dos ossos. As
proteínas do leite são completas, propiciando a formação e manutenção dos tecidos. Além da
vitamina A, o leite contém vitamina B1, B2 e minerais, que favorecem o crescimento e a
manutenção de uma vida saudável. A indústria de laticínios tem potencializado o valor
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nutritivo do produto. Existem no mercado uma série de bebidas lácteas enriquecidas com
vitaminas, minerais e ômegas, assim como leites especiais, para as pessoas que não
conseguem digerir a lactose. Embora seja essencial para crianças e adolescentes, é um erro
pensar que o leite não é importante na fase adulta. Beber dois copos por dia garante uma vida
saudável na maturidade e ajuda a evitar problemas na terceira idade. Estudos provam que o
seu consumo diário reduz a incidência de osteoporose.
2.2 Qualidade do leite
Cada vez mais, torna-se importante produzir leite com qualidade e os cuidados passam a ser
com a higiene do animal, do ordenhador, das Instalações e a conservação do leite ordenhado
em baixas temperaturas.
O leite com qualidade deve apresentar composição química (sólidos totais, gordura, proteína,
lactose e minerais), microbiológica (contagem total de bactérias), organoléptica (sabor, odor,
aparência) e número de células somáticas que atendam os parâmetros exigidos
internacionalmente (ZANELA et al.,2006).
A discussão em torno da melhoria da qualidade do leite no Brasil redundou na elaboração do
Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL), que tem como objetivo
tornar a cadeia nacional competitiva no mercado mundial. Partes das medidas que compõem o
PNQL foram oficializadas pela Instrução Normativa nº 51, aprovada em setembro de 2002. A
Instrução Normativa nº 51 (IN-51) é composta por regulamentos que tratam da produção,
identidade, qualidade, coleta e transporte de leite, visando à produção de leite sadio, seguro e
confiável ao consumidor (CARVALHO et al., 2009).
Qualidade na produção leiteira difere um pouco das definições tradicionais, pois, consideram-
se itens como teor de proteína, gordura e extrato seco total.
Atividades ligadas à qualidade são aquelas realizadas porque a má qualidade existe ou pode
existir. Os custos para se realizar essas atividades são referidos como custos da qualidade. Os
custos da qualidade estão associados a atividades de controles, são realizadas para prevenir ou
detectar a má qualidade, e atividades de falha, são realizadas em reação a má qualidade
(HANSEN e MOWEN, 2001).
A formação do preço pago ao produtor de leite segue critérios de qualidade e quantidade, e,
muitas vezes, a distância também interfere na rentabilidade de algumas propriedades. As
propriedades melhores estruturadas são as privilegiadas quanto aos critérios de
estabelecimento do preço do leite pelas indústrias, e os sistemas de bonificações variam de
empresa para empresa (DUARTE, 2002).
Segundo Horta (2006), cooperativas e laticínios independentes já começam a pagar de modo
diferenciado. Em algumas regiões, o leite ainda é pago por volume entregue. Quanto mais o
produtor entregar, mais receberá por litro, já que há uma redução nos custos administrativos e
de logística do comprador. Mas nas regiões que abrigam as maiores bacias leiteiras, o
pagamento por volume vem recebendo um adicional relativo à qualidade. Em várias regiões,
já se pagam bonificações por qualidade, considerando itens como teor de proteína, gordura e
extrato seco total. Também há prêmios por menor contagem bacteriana total (CBT) e menor
contagem de células somáticas (CCS). Em alguns casos, as bonificações podem aumentar o
valor recebido pelo produtor em mais de 20%. Tal sistemática de pagamento ainda não é a
regra em todo o País, mas é crescente o número de indústrias que a vem adotando. Para o
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produtor, a melhoria da renda, em razão das bonificações pela qualidade, não é o único
benefício.
Os cuidados refletem-se também na redução dos custos de produção. Dois dos itens
constantes da Tabela 1, a CBT e a CCS, explicam isso. A contagem bacteriana total mostra o
número de bactérias presentes no leite. Em geral, a contagem ocorre após a ordenha, já que se
intensifica em função de higiene, das condições de ordenha, do maquinário, do resfriamento,
etc. Mas antes, ainda no interior do úbere da vaca, o leite tem certa contaminação bacteriana,
considerada normal, que não significa mastite, mas reduz a produção.
Volume (litros/dia)
R$
Até 100
0,43
De 100 a 500
0,45
De 500 a 1500
0,48
Teor de Proteína (%)
Premio (+R$)
2,8 a 3,0
0
3,0 a 3,2
0,01
3,2 a 3,4
0,03
Teor de Gordura (%)
Premio (+R$)
3,2 a 3,4
0
3,4 a 3,7
0,01
3,7 a 4,2
0,03
CCS (x1000)
Premio (+R$)
450 a 500
0
300 a 350
0,02
Menor que 200
0,04
CBT (x1000)
Premio (+R$)
100 a 125
0
25 a 100
0,01
Menor que 25
0,02
Fonte: Horta (2006)
Tabela 1 - Exemplo de bonificações no pagamento do leite
A contagem de células somáticas mostra o número de células de descamação do epitélio
(tecido que reveste as cavidades) da glândula mamária. A contagem também registra células
de defesa, que passam do sangue para o leite. Pode-se dizer que a CCS mostra o quanto o
úbere vem sendo agredido e os esforços do organismo na defesa. Valores maiores de CCS
levam a uma perda significativa de produção. A tabela 2 mostra os benefícios em termos de
produção, que podem ser obtidos com o controle da CCS e da CBT.
CCS (x1000)
Impacto na produção
450 a 500
0%
300 a 350
3%
Abaixo de 200
6%
CBT (x1000)
Impacto na produção
100 a 125
0%
25 a 100
2%
Abaixo de 25
4%
Fonte: Horta (2006)
Tabela 2 – Leite de Qualidade: influência na produção total
2.3 A cadeia leiteira
Essa cadeia é uma das mais importantes do Complexo Agroindustrial Brasileiro, apresentando
um dos maiores rebanhos do mundo com grande potencial para abastecimento de leite no
mercado interno e também externo. O leite está entre os seis produtos mais importantes do
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agronegócio brasileiro, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e o
arroz. O Agronegócio Leite e Derivados tem um papel relevante no suprimento de alimentos e
na geração de empregos e renda para a população.
No ano de 2008, foram produzidos 27,579 bilhões de litros do produto, aumento de 5,5%
sobre o volume registrado em 2007. O preço médio do litro no ano foi de R$ 0,62. O consumo
interno per capita de leite ficou em torno de 146 litros segundo a Pesquisa da Pecuária
Municipal, do IBGE (2008). Em termos mundiais, o Brasil é o quarto maior produtor, ficando
atrás da Índia, China e Rússia.
A pecuária, responsável pela preparação da matéria prima, recebeu de entidades como a
EMBRAPA, universidades e institutos especializados, por meio de pesquisa, conhecimentos,
apoio, aprendizado e normas para práticas sobre o acompanhamento da alimentação, higiene,
saúde dos animais que assegurassem qualidade da matéria prima. Devido ao tamanho da
cadeia, estágios econômicos e de conhecimento, ainda falta muito para que seja possível
formar uma ―cadeia de fornecimento robusta‖ que, de forma documentada conduza a
compromissos, confiança, planejamento garantindo a entrega em quantidade e qualidade do
produto.
Para Gomes e Leite (2001), a cadeia agroindustrial do leite no Brasil envolve um número
muito grande de instituições e agentes, podendo ser representada por sete segmentos
principais. Admite-se, assim, que essa cadeia seja formada pelos segmentos de Insumos para
agropecuária e para indústria laticinista; produção primária de leite; captação da matéria-
prima; indústrias processadoras; distribuição de produtos processados; mercado e consumo.
Segundo Milinski et al. (2008) e Yamaguchi et al. (2001), o segmento de produção primária é
composto por dois grandes grupos: o de produtores empresariais especializados, encontrados
em pequeno número, mas com grande produtividade e o de pequenos produtores, pouco ou
nada especializados, com interesses na venda sazonal de pequenos volumes de leite, de baixo
custo e qualidade e respondendo por parte significativa do mercado. A literatura tem indicado
que em torno de 70 a 80% dos produtores são responsáveis por apenas 20 a 30% da produção
nacional.
2.4 Classificação das propriedades
A classificação das propriedades foi caracterizada em cinco níveis de capacidade de produção
leiteira, representadas por P1, P2, P3, P4 e P5, respectivamente.
A denominação dos níveis foi realizada conforme os tipos de produtores de Jank (1998) e
Gehlen (2000) com adaptação do autor (Tabela 3):
Nível Denominação
P5 não especializado
P4 Tradicional
P3 em transição
P2 moderno convencional
P1 moderno industrial
Tabela 3 - Classificação das propriedades produtoras de leite
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Os produtores foram divididos em cinco classes, de acordo com as suas características
como segue abaixo:
Classificação Resumo das características
P5 O leite não é a principal fonte de renda da propriedade,
Os animais não são de qualidade leiteira e também
servem para corte,
O sistema de criação é extensivo,
O retiro ou sala de ordenha é em um galpão sem qualquer
preparação,
A ordenha é manual sem qualquer preocupação com
limpeza e desinfecção,
Não utiliza-se de qualquer recurso tecnológico
A forma de administração não é empresarial e a mão de
obra é familiar,
Os investimentos são minimos
Não existe qualquer preocupação com melhoramento
genético ou nutricional
P4 O leite não é a principal fonte de renda da propriedade,
Os animais não são de qualidade leiteira e também
servem para corte,
O sistema de criação é semi-intensivo,
O retiro ou sala de ordenha é em um galpão sem qualquer
preparação,
A ordenha é manual ou mecanica sem qualquer
preocupação com limpeza e desinfecção,
Utilza-se poucos recursos tecnológicos como resfriador e
ordenha mecanica
A forma de administração não é empresarial e a mão de
obra é familiar,
Os investimentos são minimos
Não existe qualquer preocupação com melhoramento
genético ou nutricional
P3 Mão de obra passa a contar com funcionários
Administração passa a ser empresarial
Além disso, inicia-se uma fase de investimentos para:
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Melhoramento genético;
Melhoramento nutricional;
Limpeza e desinfecção na ordenha;
Inseminação artificial;
Qualidade, considerando itens como teor de proteína,
gordura e extrato seco total e por menor contagem
bacteriana total (cbt) e menor contagem de células
somáticas (ccs);
Melhora no padrão tecnológico como resfriador e
ordenha mecânica;
Sala de ordenha apropriada;
Profissionalização da mão de obra
P2 O leite é a principal e única fonte renda da propriedade,
A mão de obra passa a ser profissional e especializada,
Vacas com qualidade leiteira e alta produtividade diaria
como a holandesa;
Sistema de criação semi-intensivo;
Sala de ordenha apropriada com fosso;
Sistema de ordenha mecanizada como espinha de peixe,
tandem e etc.
Rastreabilidade;
Resfriador;
Limpeza e desinfecção na ordenha;
Alimentação balanceada e controlada;
Controles de sanidade;
Profissionais qualificados;
Sistema de turnos, pois as vacas são ordenhadas durante
as 24horas do dia.
Além disso, as atividades exigem investimentos em:
Melhoramento genético;
Melhoramento nutricional;
Inseminação artificial;
Sistemas de manejo;
Alojamento.
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P1 O leite é a principal e única fonte renda da propriedade,
A mão de obra passa a ser profissional e especializada,
Vacas com qualidade leiteira e alta produtividade diária
como a holandesa;
Sistema de criação intensivo – free-stall;
Sala de ordenha com sistema de ordenha mecanizada da
capacidade;.
Rastreabilidade;
Resfriador;
Limpeza e desinfecção na ordenha;
Alimentação balanceada e controlada;
Controles de sanidade;
Profissionais qualificados;
Sistema de turnos, pois as vacas são ordenhadas durante
as 24horas do dia.
Além disso, as atividades exigem investimentos em:
Melhoramento genético;
Melhoramento nutricional;
Inseminação artificial;
Sistemas de manejo;
Tabela 4 - Resumo das características das diversas classificações utilizadas
Considerou-se então, para facilitar o entendimento e a aplicabilidade, agrupar os indicadores
segundo seis atividades, conforme mostra o Quadro 1.
Quadro 1 - Indicadores
ÁREA INDICADOR
Man
ejo
Sistema de Criação
Retiro
Tipo de piso do retiro
Limpeza do piso do retiro
Tipo de ordenha
Qtde de ordenhas por dia
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Resfriador
Mão de obra
Qtde de funcionários
Nível de qualificação da mão de obra
Limpeza e desinfecção na ordenha
Inseminação artificial
Qtde de vacas produzindo
Qtde total de vacas
Produção total (kg/dia)
Rastreabilidade
Preço de venda/kg
San
idad
e
Controle de Vacinas
Controle de Mastite
Controle de Laminite
Casqueiro
Contagem Bacteriana Total (CBT),
Contagem de Células Somáticas (CCS),
Determinação dos teores de gordura, lactose,
proteína, sólidos totais, sólidos desengordurados
Acompanhamento veterinário
Alojamento Pasto
Galpão (free-stall)
Controle de temperatura
Sistema de ventiladores
Sistema de Nebulização
Tipo de telhado
Genética Qualidade da raça
Melhoramento Genético
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Nutrição Ração
Silagem
Pasto
Melhoramento Nutricional
Calculados Produtividade média diária por vaca
Receita Operacional
Custo por vaca do rebanho
Produção de leite por vaca do rebanho
Segundo Okano (2010), ao investigar-se as características de classificação das propriedades,
bem como a importância de cada um dos indicadores, e as propriedades podem evoluir na
Tabela de classificação proposta, se houver, conforme os relatos de produtores:
Aumento na eficácia produtiva da propriedade;
Uma motivação ou recompensa financeira, como bonificação por volume ou
qualidade;
Planejamento estratégico visando crescimento da propriedade.
Em qualquer caso, haverá a necessidade de investimentos em estrutura, padrões tecnológicos,
mão de obra etc. As melhorias podem ser realizadas em curto, médio ou longo prazo, por
exemplo, aquisição de resfriador é a curto prazo e um melhoramento genético pode ser em
médio ou longo prazo (OKANO, 2010).
2.5 Redes Interorganizacionais
Neste trabalho de pesquisa foram utilizados os conceitos de redes interorganizacionais para
analisar as relações entre os diversos atores que compõe a cadeia leiteira.
O tema rede de empresas tem tido destaque significativo na literatura acadêmica atual. As
empresas atuam em rede quando há cooperação e comprometimento na relação existente entre
elas. É crescente o uso de sistemas de informações para interligar as empresas – os chamados
sistemas interorganizacionais (SILVEIRA et al., 2009).
Em consequência disso, as empresas adotam novas formas de gestão do trabalho, inovam na
preocupação de se ajustar com as exigências mundiais e criam as estratégias colaborativas
como forma de adquirirem habilidades que ainda não possuem, corroboram DYER e SINGH
(1998).
Conforme Pereira (2005), tanto no âmbito prático quanto teórico, o tema de relacionamentos
interorganizacionais é aplicado a uma ampla variedade de relacionamentos entre as
organizações, como, por exemplo, joint ventures, alianças estratégicas, clusters, franchising,
cadeias produtivas, grupos de exportação, redes interorganizacionais, entre outras.
As redes interorganizacionais são importantes na vida econômica, pelo fato de facilitarem a
complexa interdependência transacional e cooperativa entre organizações. Sua importância é
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reconhecida do ponto de viste teórico, pelo fato de poder ser, e na verdade são, estudadas a
partir de diferentes abordagens teóricas. Desse modo, os estudos sobre redes oferecem uma
preciosa base de interesses comuns e potencial diálogo entre os vários ramos da ciência social
(BALESTRIN e VARGAS, 2002).
De acordo com Baum e Ingram (2000), as redes interorganizacionais podem ser divididas em
duas classes de análise: redes verticais e redes horizontais. As ―redes verticais‖ envolvem a
articulação das atividades de fornecedores e distribuidores por uma empresa coordenadora,
exercendo considerável influência sobre as ações dos outros agentes a cadeia produtiva. As
―redes horizontais‖ atravessam organizações similares, que combinam suas atividades para
alcançar fins coletivos.
A Figura 1 reflete as principais divisões de estudos sobre redes interorganizacionais
(PEREIRA, 2005).
Fonte: Pereira (2005)
Figura 1 - Divisão dos Estudos sobre Redes Interorganizacionais
Como fatores contingenciais à formação de redes interorganizacionais, Pereira (2005) apud
Oliver (1990) apresenta seis generalizações determinantes na formação das redes:
a) Necessidade : Uma organização frequentemente estabelece elos ou trocas com outras
organizações por necessidade. Essa contingência está sustentada por estudos oriundos, das
abordagens de dependência de recursos;
b) Assimetria : Sob essa contingência as relações interorganizacionais são induzidas pelo
potencial exercício de poder de uma organização sobre outra. Em contraste com os motivos de
―dependência de recursos‖, a abordagem da assimetria de poder explica que a dependência de
recursos promove as organizações ao exercício do poder, influência ou controle por daqueles
que não tem recursos;
c) Reciprocidade : Ao contrário da contingência da assimetria, uma considerável proporção da
literatura sobre redes interorganizacionais, implícita ou explicitamente, assume que a
formação das relações está baseada na reciprocidade. Motivos de reciprocidade enfatizam a
cooperação, colaboração e a coordenação entre organizações, ao invés de dominação, poder e
controle. Acordando com essa perspectiva, as redes interorganizacionais ocorrem para o
propósito de buscar interesses e objetivos comuns;
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d) Eficiência : A eficiência é a única das seis contingências que apresenta uma orientação
interna, ao buscar uma melhor performance na eficiência organizacional. A perspectiva dos
custos de transação é consistente com o argumento de que a eficiência interna é uma questão
fundamental para a formação de redes interorganizacionais;
e) Estabilidade : A formação de redes tem sido caracterizada como uma resposta à incerteza
ambiental. O ambiente incerto é gerado por recursos escassos e pela falta de perfeito
conhecimento das flutuações ambientais. Incerteza induz organizações a estabelecer e
gerenciar inter-relações para encontrar estabilidade e predicabilidade do ambiente .
f) Legitimidade : A legitimidade é um motivo das organizações participarem em redes.
Sustentada fundamentalmente pela teoria institucional, de que o ambiente institucional impõe
pressões sobre organizações para justificar suas atividades e resultados.
Pereira (2005) apud Oliver (1990) argumenta que essas contingências são a causa que induz
ou motiva organizações a estabelecerem relações interorganizacionais, isto é, explicam as
razões porque organizações escolhem relacionar-se com outras. Embora cada determinante
seja uma causa suficientemente separada para a formação de tais relacionamentos, essas
contingências, ocorrem simultaneamente.
Entre os tipos de redes, destacam-se as chamadas redes sociais, que apresentam características
semelhantes às demais, destacando-se à conformidade em prol de um objetivo comum entre
os atores e a descentralização na tomada de decisões com a participação de indivíduos e
organizações (CRUZ et al., 2009). O Quadro 2 descreve as principais características dos tipos
de redes.
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Quadro 2- Características dos tipos de redes
Fonte: Reis (2008) apud Lemos (2004)
3. METODOLOGIA
3.1 Tipo da Pesquisa
Para alcançar o objetivo deste trabalho foi realizada uma pesquisa junto a produtores de leite
da região de Fartura, SP. Para a coleta das informações necessárias à análise, foi usada a
pesquisa exploratória, de natureza qualitativa.
Para Gil (2002), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito.
Zikmund (2002) considera que estudos exploratórios são conduzidos para clarificar
problemas ambíguos, a pesquisa é necessária para entender melhor as dimensões dos
problemas.
A abordagem qualitativa apresenta uma realidade que não pode ser quantificada ou
mensurada e envolve itens subjetivos da realidade da pesquisa. É possível trabalhar com os
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dados sem tratamento estatístico específico, buscando a compreensão da realidade (COSTA,
2001).
A pesquisa realizada pode ser categorizada como ―levantamento‖, pois envolve a interrogação
direta aos entrevistados , integrantes de uma amostra significativa do universo pesquisado e
cujo comportamento deseja-se conhecer, pois seus resultados podem levar a conclusões
correspondentes aos dados coletados (GIL, 1987).
Para estudar a rede de relacionamentos foram utilizadas as redes sociais, próprias para estudos
de relacionamentos entre entidades sociais e de implicações de seus padrões de relações. A
análise de redes sociais (ARS) consiste no mapeamento de relações entre diversas
representações de relacionamentos, na forma de matrizes, gráficos e análises
4. RESULTADO E DISCUSSÕES
4.1 Relacionamentos interorganizacionais na cadeia produtiva do leite da região de
Fartura
A organização de uma bacia leiteira com as características do foco desta pesquisa é
antecedida por um intenso relacionamento social de vizinhança, troca de informações,
pequenos negócios e colaborações. Desse relacionamento surgem as lideranças, as ideias de
ajudas mútuas, a confiança, a cooperação e as sugestões de encarar problemas comuns ou
buscar melhorias de forma colegiada. O mapeamento da rede social se constitui em
ferramenta metodológica imprescindível para o estudo de avaliação do estágio desse
aglomerado com relação às pretensões do grupo. Neste capítulo, apresentar-se-á o
mapeamento, decorrente da pesquisa efetuada em Fartura, em que a organização dos
empresários, produtores de leite, avança para uma APL de sucesso, fundamentado na
evolução observada até o momento.
Na cidade de Fartura, há um grupo de 34 produtores de leite que se organizaram em uma
associação e fornecem para a Frutap com preços diferenciados, de acordo com a qualidade do
leite produzido, bem como recebem auxilio e orientações de técnicos, veterinários e
instituições como o SEBRAE.
Esse grupo caracteriza-se como uma rede interorganizacional e segundo Balestrin e Vargas
(2002). As redes interorganizacionais são crescentemente importantes na vida econômica,
pelo fato de facilitarem a complexa interdependência transacional e cooperativa entre
organizações.
Para estudar a rede de relacionamentos foram utilizadas as redes sociais, próprias para estudos
de relacionamentos entre entidades sociais e de implicações de seus padrões de relações. A
análise de redes sociais (ARS) consiste no mapeamento de relações entre diversas
representações de relacionamentos, na forma de matrizes, gráficos e análises. Assim, a ênfase
está nas ligações entre atores, e não em seus atributos, pois a unidade de observação é o
conjunto de atores e seus laços.
A análise das características estruturais da rede foi realizada com o auxílio do software
UCINET e os parâmetros analisados estão resumidos no Quadro 3 e descritos nos parágrafos
a seguir.
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Quadro 3 - Características estruturais da rede
A rede apresenta uma baixa densidade (0,1486), porém tem uma distância média pequena
(1,853), dessa forma é necessário apenas dois intermediários para que ocorra o contato entre
uma organização e outra que não sejam ligadas por elos diretamente. O desvio padrão de
0,3557 sugere uma forte tendência de centralização dos nós em torno de grupos e subgrupos,
sendo consideravelmente mais alto que a densidade média geral da rede.
Em relação ao agrupamento da rede, um elevado coeficiente (0,379), sugere uma proximidade
elevada entre os atores, sendo que a variação do coeficiente é de 0 a 1. Dessa forma, sugere
um grupo de organizações localmente centradas.
Figura 2 - Sociograma da rede de atores de Fartura
O sociograma na Figura 2 ilustra de forma global as interações da rede, onde o núcleo de nós
com maior densidade de vínculos representa as instituições principais da cadeia de
relacionamento. As linhas representam os vínculos, ou seja, as interações com os demais
atores.
Associação de Produtores exerce um papel importante para ligar as propriedades, as
instituições SEBRAE e CASA da AGRICULTURA fornecem os subsídios técnicos e
Densidade 0,1486
Distância média 1,853
Desvio padrão 0,3557
Coeficiente de agrupamento 0,379
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estratégicos para o desenvolvimento da rede de relacionamentos como assistência veterinária,
nutrição, qualidade do leite, etc. A Frutap tem papel importante como o relacionamento de
compra e venda da produção leiteira.
Nesta pesquisa, não foram considerados os relacionamentos de amizade ou negócios somente
entre dois atores.
O grau de centralidade dos atores em uma rede pode ser medido por diversos parâmetros. O
índice de centralidade de Freeman mede o grau de centralidade local, ou seja, o número de
conexões estabelecidas com os pontos vizinhos. De acordo com o Quadro 4, que os
centralizadores da rede são a associação dos produtores, o SEBRAE, a Cada da Agricultura e
em um grau menor a FRUTAP. O SEBRAE e a Casa da Agricultura justificam-se pelas
visitas de assessoria, que são realizadas mensalmente. A associação dos produtores tem
reuniões regulares, eventos e também o escritório na cidade que concentra as comunicações e
informações aos produtores. A FRUTAP tem o relacionamento comercial e o transporte do
leite a cada dois dias.
Degree NrmDegree Share
Associação 36.000 97.297 0.129
Casa da Agricultura 36.000 97.297 0.129
SEBRAE 36.000 97.297 0.129
FRUTAP 34.000 91.892 0.122
Quadro 4 - Os atores com o maior numero de laços
A média de centralidade da rede é de 7,13 e apresenta grau de centralização alta (81,83%), ou
seja, é a demonstração da concentração estrutural em toda a rede.
4.2 Características da rede
As características dessa rede, conforme o Quadro 2 da pesquisa bibliográfica, encontra-se na
Tabela 5.
Características Associação de produtores Tipos de rede
Tipos de atores
envolvidos
Produtores de leite, Associação
dos Produtores, empresas
privadas, instituições de apoio
Redes Sociais ou APL
Forma dos atores Organizações e indivíduos Redes Sociais
Funções da Rede Trocas mercantis, de
informações, de conhecimentos,
de relacionamentos, de apoio e
de contatos
Cluster ou APL
Tipologia De mercado, apoio e
comunicação
APL
Modelo de rede Horizontal Redes Sociais
Organizações em Cidade de Fartura/SP Aglomerado, Clusters,
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uma determinada
área geográfica
APL ou Redes Sociais
Tipos de
organizações
Publicas, privadas e terceiro
setor
Aglomerados e Redes
sociais
Nível das estratégias Associação de produtores e
propriedades leiteiras
Redes Sociais ou APL
Ações Cooperativo e competitivo Clusters ou APL
Forma de interação Formal e informal Aglomerados ou Rede
Sociais
Fatores essenciais de
estabelecimento
Confiança, reputação e
cooperação
Redes Sociais
Estabelecimento de
objetivos
Associação com os
proprietários
Redes Sociais ou APL
Tipos de objetivos Objetivos econômicos, sociais,
ambientais e políticos
APL
Responsáveis pelas
ações
Associação e os proprietários Redes Sociais ou APL
Cadeia produtiva Desvinculada Aglomerados
Benefícios Econômicos, sociais e
ambientais
Redes Sociais ou APL
Tipo de emprego
estimulado
Formal e informal Redes Sociais ou APL
Tabela 5 - Características de Redes da Associação de Produtores
Quanto ao enquadramento teórico da Associação de produtores, verifica-se a existência de
características mescladas de Redes Sociais, o predominante, e o de Arranjo Produtivo Local.
4.3 Benefícios
Os benefícios, citados pelos proprietários, proporcionados pela organização em redes são:
a) Pagamento diferenciado pelo litro conforme a qualidade do leite feito pela FRUTAP.
b) Bonificações por produtividade.
c) Acesso a consultores e profissionais especializados através do SEBRAE e Casa da
Agricultura.
d) Relacionamentos em outras áreas como sociais, troca de informações, conhecimentos
e apoio.
e) Aumento da produtividade por meio da melhoria das condições de criação propiciada
pelas informações e ações realizadas pela Associação de Produtores.
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4.4 Classificação das propriedades
Analisou-se os indicadores de produtividade (Okano, 2010) para as 34 propriedades da região
de Fartura e todas foram classificadas com o nível P3-Em transição. Nesta classificação os
investimentos são feitos de forma a melhorar os padrões tecnológicos e nos processos de
produção, ou seja, o proprietário deve melhorar a produtividade da propriedade focando em:
• Aquisição de padrões tecnológicos como ordenhadeira mecanizada;
• Iniciar um programa de melhoramento genético para aumentar a produção de
leite;
• Melhoramento nutricional;
• Qualificação e contratação de mão de obra profissional.
Os produtores de Fartura melhoraram a produtividade focando nestes itens e aumentaram a
remuneração paga pela Frutap, recebendo até R$0,11 a mais por litro de leite, dependendo da
qualidade.
5. Conclusões
A pesquisa demonstrou que os produtores de leite da região de Fartura obtiveram diversos
benefícios ao se organizarem como um Arranjo Produtivo Local ou Redes Sociais,
principalmente, em relação a uma melhor remuneração no preço do litro do leite.
Para alcançar estes resultados, os produtores tiveram que investir para melhorar os padrões
tecnológicos e nos processos de produção e, assim, aumentar a qualidade do leite e a
produtividade.
A classificação proposta por Okano (2010), com base nos indicadores de produtividade,
demonstrou que as melhoras realizadas pelos produtores, classificaram-os no nível P3, ou em
transição. A tabela tem cinco níveis, os produtores de Fartura estão classificados no meio da
tabela, permitindo que com maiores investimentos possam evoluir na classificação e no
aumento da produtividade.
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