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AULA 03- CONFLITOS GEOPOLÍTICOS E CONFLITOS ÉTNICOS
Olá, amigos, mais uma semana chegando ao fim, mas nossa aula
está apenas começando. Esperamos que vocês continuem motivados a
conquistar seus objetivos e preparados para seguir estudando a todo vapor!.
Bem, pessoal, na aula de hoje nós abordaremos um dos mais
complexos assuntos de todo o nosso curso: os conflitos geopolíticos e os
conflitos étnicos. Calminha, gente, complexidade não está diretamente ligada a
dificuldade e sim a atenção. Mas por que estamos falando disso agora?
Porque, para entender a maior parte dos conflitos internacionais,
precisaremos, muitas vezes, compreender suas origens e raízes históricas que
são tão antigas quanto profundas. A primeira confusão muito comum entre os
estudantes é diferenciar o que é um conflito étnico de um geopolítico. Sem
dúvida alguma, o limite entre um conflito étnico e geopolítico é extremamente
tênue, já que em algum momento as motivações étnicas, políticas e
geográficas se encontram.
O assunto é bastante extenso, mas temos certeza de que vocês
terão outra visão acerca dos conflitos internacionais ao final desta aula. Nosso
objetivo, então, será lhes passar uma visão bem objetiva dos principais
conflitos étnicos e geopolíticos, sem que o conhecimento seja superficial. A
aula é bastante extensa, mas porque o assunto é realmente extenso. Mas
temos certeza de que, após a terem lido, vocês se sentirão em condições de
compreender muito melhor o panorama geopolítico mundial atual e sua
configuração durante o século XX.
Todos preparados? Pois então, vamos seguir em frente!
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1-CONFLITOS GEOPOLÍTICOS:
1.1- Generalidades:
Em primeiro lugar, precisamos ter claro o conceito de conflitos
internacionais.
Segundo Francisco Rezek conflito ou litígio internacional “é todo
desacordo sobre certo ponto de direito ou de fato” ou, ainda, “uma
contradição ou oposição de teses jurídicas ou de interesses entre dois
Estados”.
Baseando-se nas idéias de Rezek, nem todos os conflitos
envolveriam forças militares, sendo possível falar-se em conflito quando ocorre
um mero descumprimento de um acordo internacional. Todavia, os conflitos
sobre os quais trataremos aqui são aqueles mais explosivos, que envolvem a
luta armada ou sua iminência.
Os conflitos existentes nas diferentes regiões do mundo podem ser
vistos e até classificados sob quatro prismas diferentes, variando apenas as
forças envolvidas na luta. Dentro dessa lógica, um conflito pode envolver: i)
dois ou mais Estados ou; ii) acontecer dentro de um estado só.
Aí vocês devem estar pensando: “Esses professores não sabem
contar muito bem não!”
Tenham calma! Falamos em quatro tipos porque dentro do segundo
caso, ou seja, no caso dos conflitos internos, ainda encontramos mais três tipos
de disputas, que serão explicadas logo, logo.
O primeiro caso que veremos aqui é o de Guerra entre Estados. Nessa situação, o choque ocorre entre os exércitos nacionais dos países
envolvidos. Até o final de 2000, o mais sério deles era a briga entre a Índia e o
Paquistão. Ambos os países são potências nucleares e disputam a posse da
região da Caxemira.
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Já no caso dos conflitos internos temos:
1- Guerra civil ou guerrilha – nessa situação o conflito ocorre entre
grupos armados paramilitares e o governo. Um dos mais conhecidos e
significativos grupos paramilitares são as Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia – FARC - que controlam uma vasta área desmilitarizada deste
país.
Com o fim da Guerra Fria e a conseqüente perda da ajuda financeira
que EUA e URSS forneciam, as guerrilhas se moldaram a novas formas de
financiar a luta armada. Nesse sentido, as FARC mantêm intensa a desordem
na Colômbia graças aos recursos obtidos com o tráfico de drogas e seqüestros
de civis. Do mesmo modo, no Afeganistão, a milícia fundamentalista conhecida
como Taliban é acusada de se manter com um “imposto” de guerra, cobrado
dos plantadores e comerciantes de ópio e heroína da região.
2- Separatismos por ocupação estrangeira – aqui o confronto é
provocado por uma invasão militar externa. Um dos mais famosos movimentos
separatistas nessa categoria é a reivindicação dos palestinos pelo
reconhecimento de um Estado independente nos territórios ocupados por Israel
em 1967 - Faixa de Gaza e Cisjordânia. De acordo com grupos de defesa dos
direitos humanos e fontes locais, no início de 2009, mais de 1.400 palestinos
morreram com suposta “defensiva” de Israel.
3- Separatismo no interior de um Estado – nesse caso, o choque
se dá entre forças oficiais do governo e movimentos internos, geralmente
ligados a minorias étnicas ou religiosas. Essas minorias costumam ter como
objetivo a formação de Estados independentes, como no caso da guerrilha
separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade). Esse movimento é favorável à
soberania do País Basco, encravado entre a Espanha e a França.
Quando falamos em conflitos geopolíticos do século XX, temos que
nos lembrar imediatamente da Guerra Fria. Durante esse período, que teve
suas origens ao final da Segunda Guerra Mundial, perdurando até o final da
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década de 80, a disputa entre EUA e URSS por áreas de influência ao redor do
globo levou a inúmeros conflitos internacionais.
Na época da Guerra Fria, a corrida armamentista e o arsenal nuclear
de EUA e URSS eram tão grandes que estes países tinham condições de
explodir o mundo inteiro em um piscar de olhos. O resultado é que ninguém
queria explodir um bomba nuclear, pois isso resultaria em uma sucessão de
explosões, o que seria uma catástrofe mundial.
A disputa por áreas de influência entre EUA e URSS durante o
período da Guerra Fria fazia com que houvessem conflitos locais. Foi o caso da
Guerra da Coréia, Guerra do Afeganistão, Guerra do Vietnã, a crise dos
mísseis em Cuba e outras. A ocorrência de um conflito internacional
generalizado a essa época não era mais algo palpável, já que, conforme
dissemos anteriormente, resultaria em uma catástrofe nuclear.
Com o fim da Guerra Fria e da bipolaridade das relações
internacionais, os conflitos tomaram uma nova dimensão. Na nova ordem
internacional, o que se percebe é a exacerbação de nacionalismos,
conflitos étnicos e religiosos e a preocupação com questões nucleares,
ambientais e de respeito aos direitos humanos. Todavia, também nos dias
de hoje não se vislumbra a ocorrência de um conflito internacional
generalizado, mas tão somente conflitos de caráter local.
Ainda sobre a nova ordem internacional, percebe-se que no campo
econômico há uma multipolaridade, marcada também pela crescente
participação no comércio internacional e investimentos internacionais dos
países em desenvolvimento. Apesar disso, no campo militar, o que existe é
uma unipolaridade em torno dos EUA, a grande potência hegemônica.
É praticamente impossível falar em conflitos e tensões mundiais sem
pensarmos imediatamente nos EUA, não é mesmo? Desde a 1ª Guerra
Mundial, esse país marca presença em praticamente todas as discordâncias
políticas, econômicas ou militares em diferentes regiões do planeta.
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Os EUA têm um imenso e diversificado território. Situado na América
do Norte, é o quarto país mais extenso do mundo, banhado pelos oceanos
Atlântico e Pacífico. Além de toda a imensidão física, ele também se tornou a
maior potência econômica e militar do mundo. Sozinho, esse país é
responsável por mais de um quarto da produção econômica mundial e isso lhe
possibilita assumir posição central no comércio e no sistema financeiro
internacional.
Por possuir todo esse sucesso econômico, os EUA puderam ampliar
enormemente suas áreas de influência política, uma vez que, ao financiar os
países subdesenvolvidos, adquiriram como contrapartida o direito de
“aconselhar” as melhores políticas a serem adotadas.
Dessa forma, é inegável o poder de influência norte-americano no
cenário internacional, o que se pode vislumbrar, inclusive, nas decisões de
organizações internacionais.
Feita essa rápida introdução acerca do contexto do século XX e XXI,
vamos agora falar especificamente de cada um dos conflitos mais importantes!
1.2- Conflitos internacionais durante a Guerra Fria:
No período conhecido como Guerra Fria, a ordem internacional era
marcada pela bipolaridade, sendo dividido o mundo em dois grandes blocos:
um socialista, o outro capitalista. Como já vimos anteriormente, EUA e URSS
disputavam por áreas de influência ao redor do mundo, cada um deles
formando um bloco geopolítico.
Dessa forma, os Estados Unidos buscava conter o avanço do
socialismo no mundo, utilizando-se para isso do Plano Marshall e da Doutrina
Truman. A Doutrina Truman baseava-se na ideologia de evitar a propagação
do socialismo no mundo, principalmente nos chamados “elos fracos” do
capitalismo. O Plano Marshall, por sua vez, representou um aprofundamento
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da Doutrina Truman, consistindo no fornecimento de recursos financeiros pelos
EUA aos países europeus destruídos pela Segunda Guerra Mundial.
Do outro lado, a URSS também consolidou inúmeras alianças,
expandindo o comunismo para os países da Europa Oriental. O continente
europeu ficava, assim, dividido em dois pólos geopolíticos, cuja fronteira
estratégica ficou conhecida por Cortina de Ferro.
Com efeito, a divisão da Alemanha em Alemanha Ocidental e
Alemanha Oriental retratava muito bem a realidade vivenciada pelo
mundo durante esse período. Vale ressaltar que a Alemanha Ocidental – sob
influência norte-americana – recuperou-se da guerra de forma muito mais
rápida do que a Alemanha Oriental, o que se deveu, principalmente, aos efeitos
do Plano Marshall.
Mas a disputa pelo poder hegemônico não ficou somente na Europa,
tendo se estendido por todo o mundo. É isso o que veremos a seguir! Antes,
porém, vejamos uma questão sobre a Guerra Fria:
1- (CESPE/STJ-2008)- Ao contrário do que se previa há duas décadas, o fim da Guerra Fria fez recrudescer as tensões do sistema bipolar mundial, ampliando a rivalidade americano-soviética, como se vê nos atuais incidentes envolvendo a Geórgia.
Comentários:
Bem, pessoal, esta questão tende a nos confundir um pouco, pois foi
com o fim da Guerra Fria que várias tensões aparentemente sufocadas vieram
à tona. Entretanto, o que recrudesceu foram os inúmeros conflitos étnicos,
religiosos e políticos que ficaram contidos durante o sistema bipolar mundial e
não as desavenças entre socialistas e capitalistas, não é mesmo?
Falar do fim da Guerra Fria significa justamente se referir ao fim do
conflito e da forte rivalidade entre americanos e soviéticos, portanto a questão
está errada.
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1.2.1- Guerra da Coréia (1950-1953):
O território da Coréia era ocupado pelo Japão desde o ano de 1910.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, esse território foi dividido entre EUA e
URSS. Assim, o norte tornava-se área de influência do comunismo soviético e
o sul do capitalismo norte-americano.
Em 1949, ocorre o evento que seria o grande precursor da Guerra
da Coréia: a Revolução Chinesa. Tal revolução colocou no poder na China
o Partido Comunista Chinês, o qual era chefiado por Mao Tse-Tung.
Ocorre que Mao Tse-tung queria expandir a influência geopolítica
chinesa pela Ásia, almejando tornar a China uma grande potência militar.
Assim, incentivou a Coréia do Norte a invadir a Coréia do Sul em 1950,
fornecendo-lhe apoio em material e pessoal. As tropas norte-coreanas
chegaram a ocupar a capital da Coréia do Sul (Seul), tendo sido deslocadas
tropas das Nações Unidas para retomar o controle do Sul.
Em 1953, após cerca de 3 milhões de mortos, o conflito teve um fim!
Ao final da guerra, a Coréia ficou dividida em Coréia do Norte e Coréia do Sul,
divisão esta que se mantém até os dias atuais. Um detalhe: apesar da Guerra
da Coréia ter se encerrado em 1953, nunca foi assinado um tratado de paz
entre os dois países.
Atualmente, a região é um grande foco de tensão mundial! Isso
porque a Coréia do Norte vem testando mísseis de longo alcance e há
suspeitas de que já possui bombas nucleares. Recentemente, a Coréia do
Sul declarou ter fortes provas de que um submarino norte-coreano
disparou um torpedo que afundou um navio da Marinha sul-coreana,
matando 46 marinheiros.
Como não poderia deixar de ser, os EUA mantém forte presença
militar na região, por meio de bases instaladas no Japão. São cerca de 48 mil
militares norte-americanos neste país. A presença norte-americana no Japão
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tem basicamente dois objetivos: por um lado, consolidar a influência
militar dos EUA na Ásia; por outro, oferecer proteção nuclear ao Japão.
1.2.2- Guerra do Vietnã:
A Guerra do Vietnã foi um dos conflitos mais sangrentos de todo o
período da Guerra Fria. O Vietnã estava dividido em duas metades: o Vietnã do
Sul e o Vietnã do Norte. Enquanto o Vietnã do Sul tinha o apoio dos EUA, o
Vietnã do Norte tinha o apoio da URSS e da China.
Foram exatamente essas as forças envolvidas no conflito! Os EUA
temiam que o Vietnã se transformasse em mais um pólo irradiador do
comunismo na Ásia e, por isso, declarou guerra ao regime do Vietnã do Norte.
Todavia, na Guerra do Vietnã, ficou claro que nem sempre a
superioridade em armamentos, equipamentos e tecnologia vence uma guerra!
Enfrentando a guerrilha norte-vietnamita em um ambiente de selva, os EUA se
viram em situação extremamente complicada.
Os vietcongues (guerrilha norte-vietnamita) utilizavam-se, para fazer
frente aos EUA, da chamada estratégia da resistência. Mas em que consiste
essa estratégia?
Segundo a doutrina da resistência, é possível que um país
militarmente inferior enfrente outro país com superioridade militar. Para
isso, deve realizar ações que visem a abater o moral do inimigo,
utilizando-se de emboscadas, sabotagem, destruições de instalações, etc.
Assim, prefere-se um confronto longo, em que se evita o conflito direito,
literalmente “cansando” o inimigo.
Pois bem, usando a doutrina da resistência, os norte-vietnamitas
conseguiram expulsar os norte-americanos. Segundo Demétrio Magnoli:
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“A retirada dos Estados Unidos, em 1973, não decorreu da
derrota militar, mas da oposição da opinião pública norte-americana à
continuação da guerra. Dois anos depois da retirada, o Vietnã do Sul cai.
O fracasso na Indochina representou a maior derrota geopolítica dos
Estados Unidos na Guerra Fria.”
Conforme percebemos, a opinião pública norte-americana não era
nada favorável à Guerra do Vietnã. Afinal de contas, os pais, mães, esposas e
irmãos norte-americanos não suportavam mais ver a chegada de caixões nos
EUA, trazendo soldados mortos em combate.
Na Guerra do Vietnã, foi amplo o uso de armas químicas pelos EUA,
com destaque para o NAPALM e o Agente Laranja (desfolhante químico para
reduzir a densa vegetação da selva local).
1.2.3- Guerra do Afeganistão (1979-1989):
Apesar do conflito mais famoso ocorrido no Afeganistão ser o que se
iniciou em 1979, este país foi invadido diversas vezes ao longo de sua história,
tendo suas fronteiras e governo como alvo constante de disputas.
Alexandre o Grande, Czares russos e comunistas foram alguns dos
predecessores dos Estados Unidos na invasão deste local. Entretanto, se os
americanos não obtiveram sucesso na Guerra do Vietnã, no Afeganistão quem
não se deu bem foram os soviéticos!
A invasão soviética ao Afeganistão aconteceu em 1979 e teve
conseqüências imediatas quando, um ano depois, durante os Jogos Olímpicos
de Moscou, foi organizado pelos EUA um boicote dos principais países do
ocidente aos Jogos. Mas a grande questão que não quer calar é: porque essa
área sempre foi tão invadida e cobiçada por diferentes governos e em
diferentes tempos?
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Bem, se observarmos atentamente o mapa deste país veremos que
o Afeganistão é um país asiático, localizado ao centro desse continente e
fazendo fronteira com o Turcomenistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, China,
Paquistão e Irã. Então, pessoal, se refletirmos sobre os vizinhos, perceberemos
que apesar de não possuir saída para o mar, a localização geográfica do
Afeganistão é privilegiada por dois motivos. Primeiro, porque é um ponto
estratégico para o estabelecimento de relações comerciais, já que se situa
entre alguns dos mais importantes países da Ásia. O segundo é que trata-se de
uma área estratégica de fundamental importância para estabelecer qualquer
tipo de domínio na Ásia Central.
Bem, dito disso vamos voltar ao conflito iniciado em 1979, ok?
A Guerra do Afeganistão consistiu em um conflito militar entre a
União Soviética (que apoiava o governo comunista instalado no Afeganistão) e
os mujahidins afegãos (rebeldes que lutavam contra o regime comunista).
Mais uma vez, é preciso perceber quais são as forças políticas
efetivamente engajadas no conflito. A resposta não poderia ser diferente! De
um lado, estavam os EUA (apoiando os rebeldes na tentativa de derrubada do
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regime comunista); do outro lado, estava a URSS (tentando manter o status
quo político da região).
A URSS invadiu o Afeganistão em 1979, logo após um golpe de
Estado que objetivava destituir o governo comunista. Opondo-se à URSS
estavam os mujahidins, que se inspiravam na Revolução Xiita do Irã para lutar
pelo controle do Afeganistão.
O Irã, também em 1979, vivenciou a Revolução Xiita, por meio da
qual ascendeu ao poder o fundamentalismo islâmico. Os mujahidins, também
de origem muçulmana, visavam, dessa forma, seguir o exemplo iraniano e
chegar ao poder.
Perceba-se, todavia, que no caso iraniano os fundamentalistas
islâmicos lutaram contra um regime pró-EUA; já no Afeganistão, os
fundamentalistas lutavam para derrubar um regime pró-URSS. Como
percebemos, já na época da Guerra Fria, o Oriente Médio era considerado uma
região estratégica no cenário geopolítico, motivo pelo qual EUA e URSS se
aliavam aos grupos que lhes interessavam no momento.
Além do boicote aos jogos Olímpicos, o governo dos EUA passou a
financiar grupos radicais armados islâmicos, na figura dos mujahidins, que
conseguiram forçar a retirada dos soviéticos do Afeganistão.
Com efeito, a Al Qaeda (organização terrorista altamente
conhecida) tem suas raízes nos “guerreiros da fé” mujahidins. Vocês já ouviram
dizer que Osama Bin Laden foi treinado pelos EUA? Pois é, não se pode dizer
que essa história seja absolutamente verdadeira. No entanto, ela deriva do
apoio dado pelos EUA aos mujahidins durante a Guerra do Afeganistão.
Em 1989, a URSS se retirou do Afeganistão e, logo em seguida,
instalou-se na região um governo islâmico ligado aos mujahidins. A URSS
conhecia assim o “seu próprio Vietnã”.
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Com a ocorrência do episódio de 11 de setembro de 2001, os
Estados Unidos declararam guerra ao terrorismo e invadiram o Afeganistão em
outubro de 2001, à revelia do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Na
invasão ao Afeganistão, os EUA tiveram o apoio do Reino Unido, Canadá,
França e outros países, além da contribuição da organização armada
muçulmana Aliança do Norte.
O principal objetivo da invasão ao Afeganistão era capturar o
terrorista Osama Bin Laden, o qual tinha apoio do regime dos talibãs. Embora o
regime talibã tenha sido derrubado, Osama Bin Laden não foi até hoje
capturado.
O conflito do Afeganistão já dura aproximadamente 9 anos e a
previsão é que o início da retirada das tropas do país seja em julho de 2011.
Todavia, a insurgência tem intensificado suas ações, exacerbando o confronto.
Vejamos uma notícia que ilustra bem a atual situação do Afeganistão:
“Obama, que anunciou em dezembro que estava enviando mais 30 mil soldados americanos ao Afeganistão, planeja uma revisão da estratégia em dezembro, depois das eleições. Enquanto o Congresso apoiou o seu plano para reforçar o nível das tropas, as pesquisas mostram que o público permanece em dúvida sobre o esforço. Uma pesquisa divulgada na semana passada pela NBC e pelo "The Wall Street Journal" revelou que sete em cada dez americanos não acreditam que a guerra acabaria com êxito. Para completar, os comandantes militares têm alertado que a batalha está cada vez mais difícil este ano, com as tropas com planos para assumir o controle de redutos do Talibã no sul e enfrentar outros insurgentes. Petraeus lidera uma força de cerca de 150 mil americanos e as tropas da OTAN no Afeganistão. Ele afirma que o esforço no Afeganistão tem sido dificultado pelo nível de corrupção no país, e os funcionários americanos têm sofrido com a falta de cooperação do presidente afegão, Hamid Karzai, na luta contra o problema. Petraeus disse que tem discussões frequentes e francas com o líder afegão, falando com ele em média uma vez por dia. O general disse também que a busca pelo líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, ainda é uma prioridade: - Eu não acho que ninguém sabe onde ele estava escondido. Acho que capturar ou matar Osama Bin Laden ainda é uma tarefa muito importante para todos aqueles que estão engajados na luta contra o terrorismo ao redor do mundo - disse ele.” (O Globo On-Line 15/08/2010)
Recentemente, ocorreu uma polêmica envolvendo o comandante
das tropas americanas no Afeganistão, o General McCrystal, que acabou
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sendo afastado do cargo por conceder entrevista a uma revista americana em
tom de “deboche” a altos funcionários do governo dos EUA.
Vejamos uma questão relacionada ao Afeganistão!
2-(CESPE/ANTAQ-2009)- O Afeganistão tornou-se alvo da ação dos EUA desde os atentados de 2001, sob a acusação de que esse país asiático servia de abrigo para terroristas.
Comentários:
O principal argumento utilizado pelos EUA na invasão do
Afeganistão em 2001 foi a tentativa de capturar Osama Bin Laden, vocês se
lembram? Este terrorista foi acusado pelo governo dos Estados Unidos de ser
o grande idealizador e responsável pelos ataques de 11 de Setembro ocorridos
em solo americano.
Apesar das tropas americanas não terem tido sucesso na captura de
Bin Laden, elas conseguiram destituir o governo islâmico radical dos Talibã.
Portanto a questão está correta.
Atualmente, os líderes Talibãs se uniram a outras facções e vivem
escondidos com o objetivo de manter a instabilidade no país com ataques
terroristas esporádicos e a tomada de reféns.
1.2.4- A crise dos mísseis em Cuba:
Durante a Guerra Fria, a URSS tinha Cuba como seu maior aliado
na América Latina. Liderado por Fidel Castro, o Partido Comunista cubano
iniciou luta armada contra a ditadura de Fulgência Batista, o qual foi deposto
em 1ª de janeiro de 1959.
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Esse movimento armado, conhecido por Revolução Cubana,
instaurou no país um regime anti-capitalista e anti-americanista, recebendo
claro apoio da URSS.
O primeiro momento de grande tensão entre Cuba e Estados Unidos
ocorreu em outubro de 1962 e, a partir daí, nunca mais as relações entre esses
países foram harmônicas.
Na ocasião, que ficou conhecida como a Crise dos Mísseis, aviões
de espionagem dos Estados Unidos identificaram movimentos que sugeriam a
instalação de mísseis soviéticos em Cuba. Após essa contestação, o então
presidente dos EUA, John Kennedy, ameaçou usar armas nucleares para
impedir que essa obra fosse concretizada.
Segundo o presidente soviético Nikita Kruschev, os mísseis
instalados em Cuba eram defensivos, não tendo como objetivo promover um
ataque nuclear a outro país, mas sim prover a defesa cubana diante de uma
invasão futura.
Após duas semanas de tensão no mundo, o dirigente soviético
recuou, mas a sensação real da possibilidade de um conflito nuclear
permaneceu na opinião pública. No início da década de 60, a tecnologia
nuclear não estava mais limitada às duas superpotências e a tendência
mundial era a proliferação dos arsenais nucleares. E foi a partir desse incidente
que se iniciaram as primeiras conversas sobre a necessidade de não-
proliferação de armas nucleares, dando origem ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1968.
O tratado assinado em 1968, e em vigor desde março de 1970,
tinha como objetivos impedir a proliferação da tecnologia usada na
produção de armas nucleares, promover o desarmamento nuclear e
garantir o uso pacífico da energia nuclear produzida.
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Ao todo, 189 países já aderiram ao TNP. Dentre os países mais
importantes no cenário internacional, apenas Israel, Paquistão, Índia e Coréia
do Norte não fazem parte do acordo.
O tratado divide os signatários em dois grupos: de um lado, os
“nuclearmente armados”, em que se encaixam as cinco potências Estados
Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França; do outro lado os “não -
nuclearmente armados”. Assim são chamados esses últimos por nunca terem
fabricado ou explodido qualquer artefato nuclear antes de 1 º de janeiro de
1967.
Bem, o fato é que o sentido desse tratado soou de forma diferente
dependendo de a qual grupo o país pertence. Para os “nuclearmente armados”,
houve a garantia de manter suas armas atômicas, apesar do comprometimento
em não fornecer esses dispositivos ou repassar a tecnologia de sua fabricação
a nenhuma outra nação. Para o outro grupo, dos “não - nuclearmente
armados”, houve o comprometimento em desenvolver a tecnologia nuclear
somente para fins pacíficos.
1.2.5- Geopolítica da Guerra Fria na América Latina:
A América Latina também não ficou imune à disputa de poder entre
EUA e URSS durante a Guerra Fria. Muito pelo contrário, ambos os países
desenvolveram ações com o intuito de aumentar sua influência na região.
Os EUA, nesse contexto, buscaram a criação de instituições que
garantissem a supremacia do capitalismo na região. Assim, surgiu a OEA
(Organização dos Estados Americanos) e o TIAR (Tratado Interamericano de
Assistência Recíproca). Com isso, era possível ampliar a cooperação nas
Américas acerca dos diversos temas. Na passada, nós já falamos sobre a
OEA. No entanto, ainda não explicamos o que vem o ser o TIAR!
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O TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) foi
celebrado em 1947 e tinha como base a defesa dos países da América
contra uma agressão externa. Por meio do TIAR, cada um dos países do
continente americano se comprometia a considerar que um ataque
lançado contra um país seria o mesmo que um ataque lançado contra
todos. Embora o TIAR previsse tal obrigação, isso não foi o que de fato
ocorreu! Durante a Guerra das Malvinas (conflito entre a Inglaterra atacou a
Argentina), o governo dos EUA se posicionou a favor dos ingleses. Tal fato
enfraqueceu a força do TIAR!
Mas e a URSS? O que fez esse país na América Latina no contexto
da Guerra Fria?
Bem, a URSS procurou expandir as idéias socialistas pelos diversos
países do continente, o que gerou guerrilhas locais e movimentos
revolucionários, os quais tinham como inspiração a Revolução Cubana.
Contrapondo-se aos ideais socialistas, foram instaladas ditaduras militares por
toda a América Latina, as quais obtiveram apoio dos EUA.
1.3- A questão nuclear iraniana:
Particularmente duas coisas nos chamam a atenção quando
pensamos nesse país: a riqueza e a instabilidade que parecem características
peculiares ao Oriente médio.
Bom, em primeiro lugar é bom frisar que não se incomodem com a
dificuldade em compreender esse território. A realidade é muito distinta da
grande maioria de nós e, portanto, bem mais difícil de ser compreendida.
Contudo, analisando-a sem pré-julgamentos ou etnocentrismos, temos certeza
de que venceremos essa barreira cultural e compreenderemos um pouco mais
essa sociedade.
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Em janeiro de 79, os islâmicos xiitas do Irã derrubaram o governo
aliado dos Estados Unidos e proclamaram uma Revolução Islâmica. O que isso
significa? Isso quer dizer que a autoridade máxima do país agora estaria
totalmente relacionada com a religião Islâmica, originando, como eles se auto-
intitulam, a República Islâmica. E que espécie de república é essa?
Bem, nesse sistema, o Estado é regido por um líder religioso
denominado aiatolá. Essa figura é a expressão máxima da autoridade no Irã,
uma vez que pertence a ele a palavra final sobre os assuntos mais importantes
do país. Apesar de não ser eleito pela população, ele tem suas decisões
legitimadas pela própria religião. Assim, no Irã temos um Estado teocrático,
onde a religião se confunde com as leis praticadas por todos os cidadãos.
Vocês já ouviram falar da “lei Sharia”? A “lei Sharia”, em rápidas palavras, é a
doutrina dos direitos e deveres religiosos do Islã. Pois então, um exemplo de
aplicação dessa lei é a proibição do governo ao uso de roupas ocidentais e a
imposição às mulheres do uso do véu sobre a cabeça em locais públicos.
Outra característica bem marcante no Irã é a ressonância que a lei Sharia tem
sobre sua população, já que apesar de ser oriunda de uma religião, ela rege o
comportamento civil de toda a sociedade.
Apesar do Estado ser dirigido por um líder religioso, o sistema
político vigente conta com a existência de organizações políticas, tanto que
possivelmente vocês estão lembrados da polêmica reeleição de Mahmoud
Ahmadinejad, não é mesmo?
Entretanto, o grande assunto do momento quando se fala em Irã é o
impasse envolvendo esse país e os EUA nos últimos anos. Acusado de
planejar produzir armas nucleares secretamente, o governo iraniano nega e
mantém seu programa de enriquecimento de urânio sob a justificativa de
geração de energia.
Ao ser classificado por George W. Bush como pertencente ao eixo
do mal, o Irã passou a sofrer sanções econômicas impostas pela ONU há
aproximadamente 4 anos. No entanto, essas sanções não tiveram ressonância
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e não modificaram em nada a postura de Ahmadinejad, que não recuou nas
atividades nucleares. Assim, essa nação tornou-se uma das principais
preocupações dos Estados Unidos e de outras grandes potências que
aspiravam algum interesse político ou econômico na região.
Além de ser acusado de dar apoio a grupos fundamentalistas como
o libanês Hezbollah e o palestino Hamas, o Irã se posiciona totalmente contra
Israel e influencia partidos xiitas no Iraque, contra quem impôs uma das mais
sangrentas guerras das últimas décadas.
Recentemente, o Brasil mediou um acordo firmado entre Turquia
e Irã, pelo qual o governo iraniano concordou em remeter à Turquia 1,2
mil quilos de urânio a 3,5% e receber urânio enriquecido a 20% para ser
usado em reatores de energia. A troca dessa quantidade de urânio com baixo
nível de enriquecimento por urânio enriquecido representaria um primeiro
passo na solução negociada para a questão nuclear iraniana.
Apesar do acordo, o Conselho de Segurança da ONU aprovou
novas sanções contra o Irã. Vale ressaltar que a aprovação dessa nova
rodada de sanções não contou com o apoio de Brasil e Turquia, que
atualmente são membros temporários do Conselho de Segurança.
Além da questão nuclear, o Irã é acusado de dar apoio a grupos
fundamentalistas como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas. O Irã se
posiciona totalmente contra Israel e influencia partidos xiitas no Iraque, contra
quem impôs uma das mais sangrentas guerras das últimas décadas.
3-(CESPE/IRB-2009)- O fundamentalismo islâmico teve no Irã depois da revolução xiita de 1979 um pólo irradiador, que identificou no Ocidente seu principal inimigo, representado pelos EUA e seu histórico aliado regional, Israel.
Comentários
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Desde a queda da União Soviética, que era uma potência totalmente
desprovida de religião, os fundamentalistas tornaram os Estados Unidos o seu
principal inimigo. Esse país passou a representar tudo o que eles mais
abominam, como a liberação dos costumes, a liberdade sexual, a emancipação
feminina, além da democracia, é claro!
A prática democrática é algo que não tem espaço num estado
islâmico regido pela Sharia, pois Alá é quem decide o destino da sociedade e
não os seus próprios membros. E quem é o maior representante democrático
do mundo? Estados Unidos!
E foi assim que este país passou a ser visto: como uma ameaça
forte e permanente à peculiar cultura tradicional da região, sobretudo quando
passou a apoiar e se envolver diretamente na política de Israel. Portanto, a
questão está correta.
Além disso, a presença de soldados americanos no solo sagrado do
Islã, no Kuwait e na Arábia, marcante desde a Guerra do Golfo de 1991, fez
com que os fundamentalistas se sentissem ainda mais ameaçados quanto a
uma possível “contaminação” de sua cultura.
Bicho acuado nós todos sabemos como reage, não é mesmo?
Ataca! E foi exatamente assim que eles reagiram, voltando seus ataques para
as guarnições americanas e também para as embaixadas desse país, como o
caso do ataque à embaixada americana de Nairóbi no Quênia que era a maior
central de informações da CIA na África. Pessoal, não estamos fazendo aqui
nenhum juízo de valo, tampouco chamando ninguém de bicho, foi apenas uma
analogia, ok?
Metaforicamente falando, podemos entender este enfrentamento
entre os fundamentalistas e os Estados Unidos como um conflito entre dois
mundos opostos. O Islã tradicional representado pelos fundamentalistas em
constante choque com o Cristianismo modernizado dos EUA, evidenciando um
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choque entre a modernidade e a tradição, entre a vida regrada pela tecnologia
e o modo pré-tecnológico de viver.
A reação dos fundamentalistas pode ser entendida, acima de tudo,
como a manifestação de repúdio de uma cultura milenar, que resiste ao
processo de ocidentalização e a todas as mudanças e transformações sociais
do século XX.
4-(FCC/APOFP-2010)- O programa nuclear iraniano foi um dos temas abordados por Hillary Clinton em sua recente visita ao Brasil. “Nós debatemos o valor central da não proliferação e o nosso comprometimento comum de fazer com que o Irã não tenha armas nucleares”, disse ela. Por outro lado, declarações amplamente divulgadas tornaram evidente a existência de divergências entre os EUA e o Brasil relativas à questão nuclear iraniana. Considere as afirmações: I. Ao contrário do Brasil, os EUA consideram que as negociações falharam,
portanto o caminho é aprovar mais sanções para impedir que o Irã enriqueça
urânio e possua armas nucleares.
II. O governo brasileiro é contra sanções e considera que ainda há espaço para
negociar com o presidente Mahmud Ahmadinejad, além de reiterar sua posição
contra a proliferação de armas nucleares.
III. O Brasil, por não ser signatário de acordos contra a proliferação de armas
nucleares, pode manter postura independente e contrária à norte-americana
em relação ao programa nuclear iraniano.
Está correto o que se afirma em:
a) III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
Comentários:
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I - A primeira assertiva está correta, pois, apesar do êxito obtido pelo Brasil nas
negociações com o Irã, o governo americano não reconheceu o seu sucesso
pelo fato do Irã continuar o enriquecimento de urânio a 20 %. Este
enriquecimento é considerado inadmissível pelos americanos que por isso,
querem aprovar mais sanções ao Irã.
II - A segunda assertiva também está correta, já que o governo brasileiro vinha
se posicionando incisivamente contra novas sanções ao Irã, uma vez que esse
governo já havia, inclusive aceitado um acordo com a Turquia e depois
rejeitado pelos EUA.
III - A terceira afirmação esta incorreta, pois o Brasil é signatário dos acordos
contra a proliferação de armas nucleares. Apenas Israel, Paquistão, Índia e
Coréia do Norte não fazem parte deste acordo, mas o Brasil é signatário desde
setembro de 1998. Todavia, independente disso, o Brasil pode sim manter sua
postura independente ou contrária à norte-americana em relação ao programa
nuclear iraniano
1.4- Índia X Paquistão:
Desde que se livraram das tropas britânicas que mantinham a
colonização, Índia e Paquistão se tornaram independentes, mas travaram entre
si guerras por motivos geopolíticos, como a disputa sobre a posse da Caxemira
e a Cordilheira dos Himalaias.
A população da Índia é, em sua grande maioria, de religião
hinduísta, o que agrega um componente religioso ao conflito desse país com o
Paquistão cuja população possui cerca de 70% de mulçumanos.
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A Índia controla dois terços da região da Caxemira e acusa o
governo do Paquistão de abastecer e treinar guerrilheiros separatistas
mulçumanos. É claro que o governo nega todas essas acusações e argumenta
que tem apenas uma relação diplomática com os rebeldes islâmicos, lhes
dando uma espécie de “apoio moral” Vejamos como fica esse conflito no mapa!
Observando o mapa acima conseguimos visualizar em pontilhado
rosa as fronteiras que são disputadas pelos dois países e percebemos como a
situação é delicada, já que a área poderia ser estendida tanto por um quanto
por outro país.
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A rivalidade entre este dois países é tão forte que desencadeou uma
preocupante competição entre eles: a corrida armamentista que os inseriu no
grupo dos países nucleares, fazendo deste conflito um dos principais focos de
tensão do mundo no cenário atual.
Desde então, esses países medem forças a partir de demonstrações
de poder nuclear, promovendo esporádicas explosões realizando testes. Essa
situação mobilizou a atenção internacional para a disputada região da
Caxemira, sobre a qual a Índia afirma ter uma soberania irrevogável.
Em fevereiro de 2010, o Paquistão anunciou a retomada do diálogo
com a Índia, que propôs ao Paquistão iniciar discussões ao nível de secretários
das Relações Exteriores, que são funcionários de maior escalão de ambos os
ministérios, mas não são ministros que já se enfrentaram em outras ocasiões.
Vejamos mais algumas questões!
5-(CESPE-2009)- Como resultado do fim da Guerra Fria, a Índia aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Comentários:
Israel, Paquistão, Índia e Coréia do Norte são países que possuem
armas nucleares e que não aderiram ao TNP, o que torna a questão errada.
Inicialmente, os norte-coreanos haviam aderido ao acordo, mas se retiraram
em janeiro de 2003.
6-(CESPE-2009)- Há rivalidade regional entre a Índia e o Paquistão, a ponto de os dois países desenvolverem armas nucleares.
Comentários:
Como vimos, o conflito existente entre Índia e Paquistão pela posse
da Caxemira é um dos mais sérios da atualidade e desencadeou entre eles
uma verdadeira corrida armamentista. Assim, é comum percebermos a queda
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de braço entre esses dois países com as constantes exibições de poder
nuclear através da realização de testes esporádicos. Portanto, essa questão
está correta.
1.5- EUA X Iraque
1.5.1- Parte I- Guerra do Golfo:
Este conflito teve início em agosto de 1990 e envolveu os vizinhos
na região do Golfo Pérsico, Iraque e o Kuwait. Apesar dos países envolvidos
estarem localizados no Oriente, portanto bem distante dos Estados Unidos, o
Kuwait contou com uma importante e decisiva contribuição: uma força de
coalizão comandada pelos norte- americanos.
O objetivo do Iraque, ao invadir o território vizinho do Kuwait, era
anexá-lo como uma província, de forma a controlar o petróleo kuwaitiano.
Vejamos no mapa!
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Assim, a partir da invasão, essa área passou a ser mais uma dentre
as diversas zonas de tensões existentes no Oriente Médio.
Um ano depois do início do conflito, cem mil soldados iraquianos
invadiram o Kuwait, tendo encontrado resistência apenas da força aérea
durante a ocupação. Todavia, dada a proporção militar do governo iraquiano, o
território vizinho foi anexado sem nenhum confronto significativo, ou seja, seria
mais adequado chamarmos esse início do conflito de manobra militar do que
de guerra! Pelo mapa podemos ver a dimensão do território iraquiano em
comparação com o Kuwait, não é mesmo?
Veio da ONU a primeira reação palpável contra a atitude iraquiana,
concretizada em embargo econômico contra o Iraque. Mas, afinal, em que isso
interferia no bom funcionamento do governo iraquiano? Uma vez embargado
pela Organização das Nações Unidas (ONU), todos os países que integram
essa organização internacional ficavam proibidos de comprar e vender
qualquer tipo de produto para o Iraque.
Apesar dessa medida, poucos acreditavam que o embargo seria o
suficiente para retirar as tropas iraquianas, e a ONU colocou um prazo de até
janeiro de 1991 para a retirada das tropas que ocupavam o Kuwait. Porém,
nesse momento, os Estados Unidos organizavam um contra-ataque e, ao findar
o prazo estabelecido, as tropas da ONU se distribuíam pelos países vizinhos
como Turquia e Arábia Saudita.
Ocorre que o governo do Iraque apostava conseguir fazer da
invasão do Kuwait uma guerra contra o Ocidente e contra a formação do
Estado de Israel. Desse modo, Saddan Hussein contava com um maciço apoio
árabe na guerra e esperava um recuo do Ocidente diante da invasão, o que
não aconteceu.
Uma vez fracassadas todas as tentativas de diplomacia, as tropas
americanas iniciaram um massivo ataque aéreo bombardeando as forças
iraquianas. Assim, ao contrário do que esperava Saddan, a comunidade
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internacional reagiu imediatamente, e de forma bastante firme, à sua ofensiva
geográfica, levando quase 750 mil soldados americanos ao território invadido.
Além das tropas, eles se reforçaram de carros blindados, aviões e navios para
atingir seu objetivo.
Em poucas semanas, toda a estrutura iraquiana estava destruída,
defesas aéreas, redes de comunicações dos edifícios públicos, depósitos de
armamento e refinarias de petróleo. Um dia após destruir a maior parte da
Guarda Republicana de elite do Iraque, o presidente norte-americano, George
Bush, declarou o cessar-fogo.
Pessoal, cuidado pra não confundir, hein? Esse Bush aqui é o pai, o
filho só assume o governo americano em 2000 e se colocará à frente de uma
nova invasão no iraque.
1.5.2 – Parte II - Guerra do Iraque:
Desde a década de 80, o Iraque se envolveu em três guerras num
intervalo de apenas 25 anos. Bombas vindas de pelo menos três nações
diferentes (Irã, Israel e Estados Unidos) chegaram ao seu território. As causas
de cada conflito mudavam, mas o personagem central era sempre o mesmo:
Saddam Hussein, o “tirano de Bagdá”.
Na primeira vez que o país foi tema de uma reportagem de capa da
Revista Veja, Saddam havia acabado de invadir o Irã. A guerra se estendeu por
anos e teve conseqüências calamitosas para toda a região. Porém, o que era
guerra em um ano tornou-se, no ano seguinte, para espanto do mundo, uma
“firme aliança” denunciada por um jornal britânico.
Após essa nova parceria, Israel bombardeou uma central nuclear no
Iraque para ter certeza de que o déspota iraquiano não teria nenhuma condição
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de produzir a bomba atômica. Essa ação militar de Israel só se propagou e
chegou ao conhecimento de seus aliados americanos horas depois do
acontecimento.
Uma década depois, o Iraque, sob o comando do ditador Saddan,
invadiu e ocupou o Kuwait, botando a família real para correr e provocando a
alta do preço do petróleo. A partir disso, Saddan mostrou que, mesmo com a
oposição conjunta dos Estados Unidos e da União Soviética, não desistiria de
sua política expansionista no Oriente Médio.
Depois do 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos entraram em
alerta total contra seus possíveis inimigos e se lançaram numa infindável
guerra contra o terror. Nesse período, o governo norte-americano conseguiu a
liberação de fundos do orçamento para o investimento em armas no valor de
370 bilhões de dólares. Com tudo isso, eles conseguiram vencer os afegãos,
derrubando o governo Talibã, mas sem capturar o terrorista Osama Bin Laden.
Com o fracasso na captura de Bin Laden, o governo norte-americano
direcionou sua atenção para outros possíveis inimigos dos EUA e é aqui que
começa a nossa história.
Dentre os países do denominado “eixo do mal”, que contava com
países como Irã e Coréia do Norte, estava o Iraque. Este país era comandado
por Saddam Hussein e por isso foi o primeiro a ser investigado pelos EUA.
A partir daí, foi questão de tempo até os americanos iniciarem uma
forte campanha contra as ações militares do governo iraquiano, sob o discurso
da presença de armas de destruição em massa. Após essas denúncias, os
EUA “arranjaram” uma comissão de inspetores das Nações Unidas para
verificarem o estoque de aparelhamentos controlados por Saddam Hussein.
Todavia, nada foi encontrado!
Ainda assim, os EUA formaram uma coalizão militar contra os
iraquianos e, em março de 2003 , juntamente com tropas britânicas, italianas,
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espanholas e australianas, deram início à guerra do Iraque com um intenso
bombardeio.
Em pouco tempo, a força de coalizão conseguiu derrubar o governo
de Saddam Hussein e instituir um governo de natureza provisória. Em
dezembro de 2003, o governo estadunidense declarou sua vitória contra as
ameaçadoras forças iraquianas com a captura do ditador Saddam Hussein. A
vitória, apesar de “redimir” as frustradas tentativas de se encontrar Bin Laden,
estabeleceu um grande incômodo político na medida em que os EUA não
encontraram as tais armas químicas e biológicas.
Apesar disso, o panorama político iraquiano não se estabilizou e os
grupos políticos internos, sobretudo xiitas e sunitas, se enfrentam em conflitos
civis. Embora as tropas americanas continuem na região sob o discurso de
ajudar na resolução dos conflitos internos, elas se tornaram o principal alvo de
ações terroristas.
Após a ocupação do Iraque pelos EUA, ocorreram eleições em 2005
e, recentemente, em março de 2010. As eleições de 2010 não transcorreram
em clima de tranqüilidade, tendo havido mortos e feridos. Vejamos notícia
divulgada no G-1:
“As primeiras horas de votação das eleições parlamentares no Iraque
foram marcadas por explosões pelo país, neste domingo. Pelo menos quatro pessoas
morreram e seis ficaram feridas em uma explosão que atingiu um prédio residencial,
em Bagdá. Uma segunda explosão destruiu outro prédio e matou pelo menos 12
pessoas. Oito ficaram feridos.”
7-(CESPE/ANTAQ-2009)- No Iraque, os EUA derrubaram Saddam Hussein com relativa facilidade, mas encontraram forte resistência posterior, gerando inúmeras baixas, má repercussão internacional e crescente insatisfação da própria opinião pública norte-americana.
Comentários
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Esta questão está correta e podemos afirmar que é uma das poucas
que o simples acompanhar dos telejornais nos possibilitaria respondê-la, não é
mesmo?
Rádio jornal, revista e telejornais. Eles nos trazem a todo momento a
situação atual das tropas americanas no Iraque, suas baixas e a má
repercussão que isso tem tido na opinião pública americana.
8- (CESPE/IRB-2009)- Nas duas vezes em que atacaram militarmente o Iraque, em 1991 e na atualidade, os EUA encontraram vigorosa resistência da população local, em larga medida incentivada pela reprovação à política de Washington manifestada pelo conjunto dos Estados árabes.
Comentários:
Bem amigos, se durante a segunda invasão do Iraque as tropas
americanas vêm enfrentando grande resistência dos próprios iraquianos,
durante a primeira invasão isso não foi uma verdade. Um dos aspectos
surpreendentes da guerra de 1991 foi exatamente o baixo número de soldados
americanos ou pertencentes à força de coalizão mortos em combate, não
ultrapassando 300 indivíduos, ao contrário dos militares que variaram entre 85
e 100 mil mortos. E qual a diferença ?
Em 1991, os curdos, que desde a década de 70 buscavam sua
independência e sempre eram sufocados pelo regime de Saddan, entram na
esteira da derrota iraquiana na Guerra do Golfo e revoltam-se mais uma vez.
Do mesmo modo, os xiitas que habitavam a região sul também se levantaram,
contra Saddam que fazia do próprio governo iraquiano o principal alvo.
9-(CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- O Conselho de Segurança da ONU manifestou satisfação com as últimas eleições legislativas realizadas no Iraque, que chamou de passo importante à unidade do país. Os quinze países-membros do Conselho de Segurança elogiam, em um comunicado, os iraquianos pela demonstração de “compromisso com um
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processo político pacífico, completo e democrático”. “A votação representa uma etapa importante no processo político, que busca estabelecer a unidade nacional do Iraque, soberania e independência”, afirma o comunicado. Veja Online, 9/3/2010 (com adaptações). A respeito das eleições no Iraque, assinale a opção correta. a) A última eleição nacional realizada no Iraque foi o segundo pleito desde a
invasão americana ocorrida há quase sete anos.
b) Atentados e explosões ocorreram no dia das eleições, mas não houve
mortos ou feridos.
c) Apenas o eleitorado maior de 30 anos de idade pôde votar.
d) O atual primeiro-ministro é impedido de disputar as eleições no Iraque.
e) Nouri al-Maliki, atual primeiro-ministro do Iraque, é de origem sunita.
Comentários:
A letra A está correta. Após a ocupação do Iraque pelos EUA,
ocorreram eleições em 2005 e, recentemente, em março de 2010. Dessa
forma, esse foi o segundo pleito no país desde a ocupação por forças de
coalizão.
A letra B está errada. As eleições não transcorreram em clima de
tranqüilidade, tendo havido mortos e feridos.
A letra C está errada. As eleições contaram com a ampla
participação da população iraquiana, não havendo essa restrição quanto à
idade dos eleitores.
A letra D está errada. Não houve impedimento para que o primeiro-
ministro do Iraque dispute as eleições presidenciais.
A letra E está errada. O atual primeiro ministro do Iraque, Nouri al-
Maliki, é da corrente xiita.
1.6- Guerra da Chechênia:
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A Chechênia era um pequeno território que, seguindo as tendências
da década de 90, declarou sua independência em 1991. A essa altura vocês
devem estar pensando: por que em 1991 houve tantos movimentos
separatistas eclodindo? Será um ano cabalístico?
Bem, amigos, essa situação não tem nada a ver com o alinhamento
dos astros e tampouco se configura em mera coincidência, não! É que até 1990
vivíamos a guerra fria, estão lembrados? Pois então, com a queda do muro de
Berlim e o fim da bipolaridade mundial é que surgiram as brechas para que
esses movimentos de independência ganhassem força. Assim, no inicio dos
anos 90 começam a pipocar movimentos separatistas por todo mundo.
Entretanto, esse separatismo não é encarado com tranqüilidade
pelas antigas “potências”, que buscam todos os recursos para mantê-los
anexados, inclusive a guerra. Os mais variados motivos insuflam esses
conflitos que, muitas vezes tem no seu discurso a etnia, mas com o tempo
expõem seu forte caráter político e econômico.
Com a Chechênia não foi diferente. Esse país, situava-se numa rica
região de petróleo, tinha o islamismo como religião e almejava criar um estado
muçulmano. Assim, a Rússia era ameaçada de duas maneiras. Primeiro
porque essa “febre” separatista corria o risco de contagiar as outras repúblicas.
E segundo, a Rússia perderia uma importante fonte de renda, já que se tratava
de uma das mais importantes regiões petrolíferas da região.
Em 1994, as forças russas tentaram recuperar o controle da
secessionista república chechena, enviando suas tropas à capital Grozny e
tomando posse de 80% do território.
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Apesar da superioridade bélica, as tropas russas não conseguiram
recuperar o poder especialmente devido aos ataques de guerrilheiros
chechenos. Em 1996, houve um acordo que previa a emancipação da região
para cinco anos depois, colocando fim ao conflito que teve como “saldo” 10 mil
mortos e 500 mil desabrigados.
Todavia, a Chechênia viveu uma segunda guerra, que eclodiu às
portas do século XXI e tem ressonância ainda nos dias atuais. Recentemente,
houve um atentando no metrô em Moscou, vocês se lembram? Pois então,
esse atentado teve sua autoria assumida pelos separatistas chechenos, que
desde o fim da primeira guerra entre eles e a Rússia são acusados de cometer
atentados contra os russos.
A Segunda Guerra da Chechênia, iniciada em 1999, deu-se
justamente em resposta a uma série de explosões de edifícios inteiros na
Rússia. Grupos chechenos dinamitaram prédios de apartamentos matando
quase 300 civis russos.
Pois é, amigos, assim se desencadeou a segunda guerra da Rússia
contra o governo checheno acusado de não conseguir controlar seus rebeldes
nem conseguir frear as perseguições étnico-religiosas.
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Independente dos argumentos russos, o fato é que o Cáucaso tem
uma enorme importância econômica e estratégica para a Rússia, já que lá se
encontram importantes interesses petrolíferos e linhas de defesa. Por essa e
por outras é que esse conflito merece nossa atenção diária nos noticiários, já
que a sua solução está longe de ser encontrada.
1.7- Guerra da Ossétia do Sul:
Desde o desmantelamento da URSS, entre os anos de 1991 e 1992,
a Ossétia do Sul (após lutar com a Geórgia) declarou sua independência e
possui um governo próprio. Todavia, essa independência não foi reconhecida
por nenhum país e ela luta para não ser reanexada, juntamente com outras
regiões separatistas, ao território da Geórgia.
Mais uma vez será imprescindível recorrermos ao mapa para que
possamos visualizar o conflito ocorrido naquela região!
Bem, a Ossétia do Sul é uma região separatista da Geórgia que
possui apenas 3.900 km2 de extensão e 70 mil habitantes. Mas então por que
uma região tão pequena teima em se separar da Geórgia? Mais uma vez a
história é longa e tem raízes históricas, mas não desanimem porque essa
também é muito legal de se aprender.
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Os indivíduos que compõem a Ossétia do Sul são originários das
planícies russas e possuem uma língua própria, identidade e cultura bem
diferentes da dos georgianos. No século XIII, as invasões que ocorriam
naquela região acabaram empurrando os ossetianos para as montanhas do
Cáucaso, ou seja, na fronteira da Geórgia com a Rússia, como podemos
observar no mapa.
Acontece que esse pessoal que foi empurrado para o sul sempre
quis se juntar à Ossétia do Norte, que é uma república autônoma dentro da
Federação Russa, entenderam? Ai alguns podem perguntar: “mas e os
georgianos que moram nessa região?”
Bem, os georgianos são uma minoria dentro do território da Ossétia
do Sul, representando menos de um terço da população. Ainda assim, a
Geórgia rejeita o nome Ossétia do Sul e prefere chamar a região pelo nome
antigo da principal cidade da região: Samachablo, ou Tskhinvali.
Apesar de suas origens étnicas, esse conflito tem interesses
completamente geopolíticos por dois motivos.
O primeiro é que este pequeno país compõe um corredor que corta
uma das regiões mais ricas em petróleo do mundo. Assim, caso a Ossétia do
Sul se junte à Rússia como deseja, os EUA perderão o controle sobre uma
grande parte da produção, trazendo mais crise e recessão.
Além da questão econômica, há também um segundo fator: o
político. Apesar da queda do muro de Berlim ter simbolizado definitivamente o
fim da Guerra Fria, ainda persiste a disputa entre a Rússia e o imperialismo
americano por um maior controle político e militar da região, ou seja, o conflito
envolve tanto preocupações econômicas, quanto estratégicas.
Desde o cessar-fogo assinado em junho de 1992, tudo apontava
para uma solução política para o conflito. No entanto, sob a justificativa de que
civis estavam morrendo no combate entre as tropas da Geórgia e os rebeldes
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separatistas, a região sofreu intervenção militar russa em 2008, numa clara
demonstração de apoio à causa osseta. Essa intervenção do Governo Russo
aproveitou a transmissão mundial da cerimônia de abertura das Olimpíadas de
Pequim para mostrar ao mundo o conflito da região.
10- (CESPE/STJ-2008-adaptada)- A recente intervenção militar russa foi justificada por Moscou como de apoio à separatista Ossétia do Sul, alvo de ataque por parte do poder central da Geórgia.
Comentários:
A Rússia interveio militarmente em 2008 na Ossétia Sul com o fito
de apoiar a causa separatista osseta. Para que possamos memorizar as
relações geopolíticos da região, devemos pensar que a Geórgia tem
manifestado posições pró-ocidentais (a favor dos EUA) e, portanto, contrárias
aos interesses russos. Por tudo isso , a questão está correta.
1.8- Conflitos na China
Atualmente, podemos observar o empenho da mídia em divulgar
notícias sobre a China. Paralelo a isso, percebemos um crescente interesse de
estudiosos sobre esse país e um significativo aumento de intercâmbios
econômicos, políticos e culturais de diversos países com essa nova potência,
não é mesmo?
Pois bem, apesar de todo o desenvolvimento econômico que ronda
este país, ele também tem sua história marcada por conflitos e tensões que se
estendem até os dias atuais, como o caso do Tibet e de Taiwan.
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Se observarmos o mapa perceberemos que Taiwan é uma pequena
ilha localizada na Ásia oriental e este território tem mais de 2 mil anos de
história ligada à China. Entretanto, para entender a “pendenga” atual não
precisaremos retroceder tanto no tempo, basta voltarmos à Revolução
Comunista Chinesa ocorrida em 1949.
Naquela ocasião, Mao Tsé-Tung tomou o controle da China
Continental e expulsou o líder nacionalista que ali habitava e defendia preceitos
democráticos. Este líder, Chiang Kai-shek, se retirou para Taiwan e levou
consigo mais de 2 milhões de refugiados, para, no momento oportuno, ocupar
o poder na China por meio de uma invasão.
A partir de então, as duas partes tomaram caminhos diferentes: a
China seguiu pelo caminho comunista inspirando-se na URSS; Taiwan se
aproximou dos EUA, obtendo seu apoio na implantação de um sistema
capitalista na ilha.
A partir dos anos 60, Taiwan mudou o foco de sua política externa e
parou de tentar conquistar o continente, voltando-se apenas para o
reconhecimento de sua independência.
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Todavia, pessoal, foi exatamente nessa época que o mundo
ocidental estava começando a reatar os laços com a China, que acabara de
romper com a URSS. Assim, apoiar Taiwan se tornou uma questão política
muito delicada, já que para conter o avanço soviético, o Ocidente precisava de
um bom relacionamento com a China.
Por essa razão, em 1971, a ONU simplesmente deixou a questão de
Taiwan mal-resolvida, reconhecendo, em 1979 a República Popular da China e
retirando, oficialmente, a proteção militar que fornecia à ilha de Taiwan. Apesar
disso, meses depois alguns laços econômicos foram reatados, incluindo a
venda de armas para a ilha.
Recentemente, os EUA venderam armas para Taiwan, o que gerou
desconforto nas relações diplomáticas entre americanos e chineses. Isso
porque a China não reconhece a independência de Taiwan, sendo esta
considerada uma “província rebelde”.
Já o Tibete, conhecido como o "teto do mundo" por se situar a mais
de quatro mil metros de altitude, no Himalaia, é um dos países mais religiosos
do mundo. A forte tradição budista é cultuada na submissão à autoridade
suprema do Dalai Lama. O Tibete manteve o status de país independente até a
Revolução chinesa quando Mao Tsé-tung chegou ao poder e promoveu uma
série de “mudanças” no mapa chinês.
Foi nesse período que territórios ao leste do Tibete foram anexados
à China e houve a implantação de medidas para suprimir a identidade cultural
tibetana. Em 1950, a China ocupou efetivamente o território tibetano, mesmo
contra a vontade dos monges budistas que, nove anos depois, se organizaram
para lutar pela autonomia do Tibete. Apenas em 1963 essa região ganhou
status de Região Autônoma, e hoje conta com um governo apoiado pela
China.
Vejamos como os principais focos de tensão na China já foram
cobrados em prova:
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11- (FCC/APOFP-2010)- Após classificar a relação com os EUA como a mais importante para a China, o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que os laços entre os dois países foram seriamente afetados pela decisão do presidente americano, Barack Obama, de se encontrar com o dalai-lama em fevereiro e pelo anúncio de que Washington venderá US$ 6,4 bilhões em armas para Taiwan. (OESP, 15/3/2010)
As divergências entre os dois países, indicadas no texto, ocorrem porque o a) Tibete e Taiwan representam ameaça à China, já que são países hinduístas
que lutam pela liberdade religiosa e política.
b) Dalai-lama defende enfrentamento armado pela independência do Tibete e
de Taiwan, negando-se a assinar acordos comerciais com a China.
c) Tibete, que nunca pertenceu à China nem a Taiwan, é um protetorado
inglês.
d) O poderio econômico do Tibete, sustentado pelo comércio com os EUA,
ameaça a economia chinesa, e Taiwan representa ameaça à ideologia
comunista na China por ser um centro religioso.
e) Dalai-lama é classificado pelo governo chinês como separatista, na medida
em que busca a independência do Tibete, e Taiwan, por sua vez, é
considerada uma província rebelde que também luta por manter sua autonomia
Comentários:
A) Bem, depois de tudo o que lemos aqui ou em outros meios de
comunicação sobre o poderio Chinês podemos afirmar, com toda certeza, que
Taiwan e Tibete não representam nenhuma ameaça efetiva à China, não é
mesmo?
B) Afirmar que o Dalai lama defende o enfrentamento armado é um
erro que, com o mínimo de conhecimento sobre o budismo ou mesmo
assistindo aos noticiários, poderia facilmente ser evitado. Em 1993, esse líder
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foi laureado com o prêmio Nobel da Paz justamente pelo seu pacifismo diante
do desejo de liberdade do Tibete.
C) A história do Tibete é marcada por guerras e conquistas,
entretanto, essa região nunca foi um protetorado inglês, e antes de ser
anexado à China possuía governo próprio.
D) Essa assertiva esta incorreta justamente por ter invertido as
coisas. O poderio econômico que vem assustando a economia chinesa
pertence a Taiwan e não ao Tibete. Do mesmo modo, quem ameaça a
ideologia comunista na China por ser um centro religioso é o Tibete e não
Taiwan, como afirmou a questão.
E) Essa questão está perfeita, pois Dalai-lama é classificado pelo
governo chinês como separatista, justamente por buscar a independência do
Tibete. Taiwan, por sua vez, é considerada uma província rebelde que também
luta por manter sua autonomia.
1.9- Guerra das Malvinas
A Guerra das Malvinas foi um conflito ocorrido entre Argentina e
Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas. Desde 1883, o Reino Unido
possui o controle dessas ilhas, as quais foram ocupadas em 1982 pela
Argentina.
Essas ilhas se situam a apenas 480 quilômetros do litoral da
Argentina que nunca aceitou este domínio e, em 1982, o ditador argentino
Leopoldo Galtieri invasão com tropas a capital das Malvinas, Stanley. Essa
invasão, que tinha razões políticas evidentes, esperava unir a nação numa
espécie de surto patriótico em apoio a esta iniciativa, o que não ocorreu!
Iniciado no inicio dos anos 80 entre Grã- Bretanha e Argentina, esse
conflito foi bem mais rápido se comparado aos outros que estudamos aqui
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hoje. Para o total desastre da iniciativa argentina de invadir as Malvinas, a Grã-
Bretanha reagiu imediatamente, enviando à região uma força-tarefa com 28 mil
combatentes - quase três vezes o tamanho da tropa rival. Com o apoio dos
Estados Unidos, os britânicos demoraram pouco mais de dois meses para
encerrar o conflito.
Com o apoio dos Estados Unidos, os britânicos demoraram pouco
mais de dois meses para encerrar o conflito. Aos nossos vizinhos, restou
apenas voltar para casa e resolver os problemas internos que se amontoavam
por lá!
O fato é que até hoje a Argentina não se conforma em não ter a
soberania das Ilhas Malvinas. Isso é tão evidente que já foi várias vezes usado
como discurso político pela atual presidente da argentina Cristina Kirchner.
Vejamos uma notícia que foi publicada esse ano sobre o tema:
“A presidente argentina, Cristina Kirchner, voltou a reivindicar a soberania
sobre as ilhas Malvinas nesta sexta-feira, dia em que relembrou os soldados mortos
num conflito armado com o Reino Unido, em 1982, em disputa pelo território. Ao
liderar, ao lado de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, um ato que recordava
o 28º aniversário do início da guerra, a presidente também pediu que o Reino Unido
cumpra as resoluções da Organização das Nações Unidas sobre as Malvinas,
classificando a situação como "exercício de colonialismo” ( O Globo Online,
02/04/2010)
Veja como esse assunto foi cobrado em prova.
12-(FCC/APOFP-2010)- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em janeiro de 2010, assinou decreto que ordena o cancelamento da classificação de segurança (confidencial) a toda informação e documentação vinculada com as operações das Forças Armadas durante o período de 1976-1983, salvo aquelas relacionadas ao "conflito bélico no Atlântico Sul (Guerra das Malvinas) e a qualquer outro conflito interestatal". Para ela, passados mais de 25 anos do retorno da democracia, não é possível continuar aceitando a falta de acesso à
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informação e documentação, sob pretexto de segredo de Estado ou qualquer definição de segurança que impeça o conhecimento da história recente. (OESP, 7/1/2010, adaptado) É correto afirmar:
a) A classificação de “confidencial”, aplicada a "toda informação e
documentação, vinculada com as operações das Forças Armadas" durante o
período de 1976-1983, a que o texto se refere, abrangia apenas os crimes
comuns praticados por militares.
b) A abertura dos arquivos permitirá conhecer toda a documentação referente à
atuação das Forças Armadas da Argentina, no período indicado, relativas ao
confronto com a Inglaterra pela soberania nas Ilhas Malvinas.
c) A medida diz respeito às informações e à documentação sobre violações dos
direitos humanos durante os anos da ditadura militar na Argentina, apontada
por historiadores como uma das mais violentas na América Latina na década
de 1970.
d) As Forças Armadas, anteriormente ao governo de Cristina Kirchner, já
haviam determinado a abertura de seus arquivos para facilitar a transição para
a democracia na Argentina.
e) O conhecimento do passado recente argentino não supõe necessariamente
a abertura dos arquivos das Forças Armadas, pois todos os acusados de
crimes durante a ditadura militar já foram julgados e os desaparecidos,
encontrados.
Comentários
A letra A está errada. A decisão tomada pela presidente Cristina
Kirchner de abrir ao conhecimento público todos os arquivos do período da
ditadura abrange tanto os crimes e violações aos direitos humanos praticados
pelos militares quanto os praticados pelos civis em resistência ao regime. Com
efeito, a ditadura argentina foi uma das mais violentas de toda a América Latina
e em apenas sete anos de regime, estima-se que cerca de 30 mil pessoas
tenham desaparecido nas mãos de agentes da repressão.
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A letra B está errada. As informações referentes á Guerra das
Malvinas não estão abrangidas, por uma questão de segurança nacional, pela
medida.
A letra C está correta. A medida abre os arquivos da ditadura
argentina, já que considera-se que, passados mais de 25 anos do fim do
regime, não há porque mantê-los afastados do conhecimento público.
A letra D está errada. As Forças Armadas mantiveram os arquivos
sob sigilo.
A letra E está errada. Nem todos os desaparecidos durante o
período da ditadura foram encontrados.
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2- CONFLITOS ÉTNICOS:
Consideramos como grupo étnico um grupo de pessoas que se
identificam (ou são identificadas) como iguais tendo por base as semelhanças
culturais, biológicas ou as duas. O grande problema ocorre quando grupos
étnicos diferentes são obrigados a conviver e dividir o mesmo espaço, gerando
atitudes e ações preconceituosas por parte do Estado com um deles, ou
mesmo intolerância de uns com os outros.
Apesar de, no século XX, terem surgido algumas discussões sobre a
melhor maneira de evitar a ocorrência de conflitos entre diferentes grupos
étnicos, o fato é que, ainda hoje, esses conflitos permeiam nosso cotidiano.
Apesar de suas raízes serem históricas, não poderia haver assunto mais atual
do que estes conflitos e, por isso, abordaremos nessa aula os principais focos
de tensão étnica existentes pelo mundo.
Alguns podem estar com aquela “pulguinha” atrás da orelha que não
para de perguntar: “Ora, se os conflitos étnicos possuem razões tão antigas,
por que cargas d água tenho que compreender isso?”
Em primeiro lugar, não dá pra pensar na sociedade atual ou nas
transformações sociais ocorridas há bem pouco tempo, sem percebermos que
os conflitos estão sempre presentes na nossa trajetória, não é mesmo? Se
pegarmos as manchetes da última semana, veremos, pelo menos, um conflito
sendo abordado, como os atentados promovidos na Uganda pelo grupo
militante islâmico da Somália.
Além disso, com a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria e
da ordem internacional bipolar, muita expectativa de paz foi gerada por todos e
a continuidade da existência de tantos conflitos não deixa de ser assustadora!
Imaginávamos que o fim da rígida divisão mundial entre capitalistas e
socialistas desembocaria numa temporada de valorização da democracia, do
respeito à alteridade e o início de uma era de paz no mundo. Mas isso não
ocorreu!
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Ao contrário do que se imaginava, ou mesmo se desejava, o fim da
Guerra Fria acabou propiciando uma retomada dos conflitos avulsos, que eram
impulsionados por rivalidades étnico-religiosas, que haviam sido meio que
“congeladas” devido à existência dos regimes totalitários, tanto na União
Soviética quanto na Iugoslávia.
Enfim, o importante é percebermos que muitos conflitos étnicos
voltaram a se desencadear com o término da guerra fria e, mesmo em pleno
século XXI, eles continuam fazendo parte do nosso cotidiano.
Sim, do nosso cotidiano! Muitos de vocês devem associar conflitos
étnicos ao Oriente Médio, não é mesmo? Entretanto, pessoal, aqui bem
pertinho de nós e incluindo muitos de nossos conterrâneos, existe um conflito
que, apesar de não ter sido herdado da Guerra Fria, pode ser enquadrado no
que trataremos nesta aula.
2.1 – Os Brasiguaios:
Calminha, pessoal, não se assustem se nunca tiverem ouvido falar
disso, pois é uma prática comum da imprensa nacional falar muito mais dos
conflitos externos do que dos internos. Portanto, não se sinta culpado se não
souber o que é este conflito, ok?
Uma visão um pouco mais otimista pra explicar a pouca abordagem
e difusão desse assunto seria pensarmos que, apesar de ser um conflito étnico,
já que os brasileiros enfrentam a xenofobia dos paraguaios, suas implicações
são menos violentas do que as de outros conflitos. Assim, com tanta violência
gerada em outros países, nosso conflito étnico adquire uma visibilidade menor.
Ao refletirmos sobre as relações entre brasileiros e paraguaios,
quase que imediatamente pensamos em interesses econômicos em harmonia,
sacoleiras, eletrônicos, enfim, comércio a todo vapor, não é? Entretanto,
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apesar desse lado “boa praça” das relações entre estes dois países, existe
uma séria tensão entre alguns grupos componentes destas etnias.
Nas décadas de 1960 e 1970, essa região já havia sido cenário de
um intenso fluxo migratório brasileiro. Há alguns anos, milhares de famílias
brasileiras voltaram a cruzar a fronteira para se estabelecer no Paraguai,
atraídas pela promessa de terra e oportunidade. Essa região passou a ser
entendida por algumas famílias como única alternativa ou forma de
sobrevivência.
Assim, essas pessoas se instalaram na fronteira entre os dois
países, principalmente no leste do território paraguaio, que é uma zona de
expansão do cultivo da soja, principal produto de exportação deste país.
Entretanto, as organizações camponesas paraguaias garantem que muitos
desses produtores ocupam terras de forma ilegal e defendem que eles
deveriam ser despejados dali, seguindo a reforma agrária do governo
paraguaio.
Ocorre que a presença desses novos habitantes resultou num
significativo surto de crescimento econômico para a região e foi aí que o
conflito teve seu estopim. O que poderia ser visto como um fator positivo se
transformou em discórdia.
Todo o desenvolvimento dos brasileiros em terras paraguaias
provocou um forte sentimento nacionalista e até xenófobo dos paraguaios, os
quais se sentiram ameaçados econômica e socialmente pelos vizinhos.
A esses brasileiros que ali habitavam foi dado o nome de
"brasiguaios", já que eram brasileiros, mas se estabeleceram em áreas
pertencentes ao Paraguai. Tudo bem, essas áreas faziam fronteira com o
Brasil, mas, além de pertenceram ao Paraguai, são historicamente cobiçadas
devido à sua indiscutível fertilidade da terra.
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Bem, amigos, creio que de agora em diante, quando pensarmos em
conflitos étnicos, sempre nos lembraremos da existência deste aqui, bem
pertinho da gente, não é mesmo? Então o que exatamente precisamos
guardar?
Primeiro, que este conflito se desenvolve no território paraguaio
entre os nativos dali e os brasileiros que lá habitam, conhecidos pelo nome de
brasiguaios.
Depois,, que essa convivência nunca foi muito pacífica, entretanto,
tem se tornado cada dia mais violenta e com motivações em questões fundiárias e preconceito étnico contra os brasiguaios.
Pode parecer estranho para muitos pensar em preconceito étnico
contra brasileiros, entretanto essa uma realidade e teremos que aprender a
compreendê-la.
A questão dos brasiguaios, como quase tudo que estudamos ou
estudaremos em atualidades, não é homogênea. Como assim? Falar desse
acontecimento significa discorrer sobre dois países diferentes, dois povos de
origens diversas e, sobretudo, duas culturas distintas, portanto, certamente
haverá, no mínimo, duas versões desse conflito, não é mesmo?
Pois bem, na imprensa brasileira os brasiguaios costumam ser
entendidos como trabalhadores brasileiros pobres que viveram um período no
Paraguai e depois voltaram ao Brasil em busca de melhores condições de vida.
Já na imprensa paraguaia, a imagem disseminada sobre este grupo é de
empresários agrícolas, plantadores de soja, que destroem o meio ambiente,
expulsam o camponês paraguaio do meio rural e acabam com a soberania
nacional.
A construção dessas imagens polarizadas entre brasiguaios ricos e
exploradores ou campesinos pobres e oprimidos só vem evidenciar ainda mais
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que essa tensão contemporânea não se detém apenas a uma disputa
econômica, e sim a uma disputa étnica.
Portanto, as tensões reveladas, teoricamente, pela posse da terra
próxima ao limite internacional com o Brasil, na verdade, assumem contornos
complexos. É justamente essa complexidade que faz esse tema merecedor de
nossa atenção, já que este conflito pode ser entendido como étnico.
É, amigos, ao mesmo tempo em que a presença dos "brasiguaios"
resultou num inegável crescimento econômico para a região, ela também
acendeu sentimentos nacionalistas e xenófobos dos paraguaios para com este
grupo. Um dos argumentos utilizados pela população do Paraguai é a
preocupação com o enfraquecimento de sua identidade nacional na região
fronteiriça.
Toda essa tensão é justificada pelo fato dos estrangeiros manterem
sua própria língua, usarem sua própria moeda, hastearam sua própria bandeira e também possuírem as terras mais produtivas. Além disso, outras
duas queixas são fontes de atrito recorrentes feita por eles.
A primeira é que não desejam que seus filhos cresçam tendo o
português como segunda língua, ao invés do guarani. A segunda é a questão
racial, uma vez que a maioria dos brasiguaios tem olhos azuis e pele clara e os
paraguaios são de origem indígena. Assim, a diferença existente entre a pele
clara e feições européias dos brasiguaios parece incomodar a maior parte dos
paraguaios , os quais possuem origem hispano-guarani.
Apesar deste conflito não apresentar conotações tão violentas como
vemos quando se trata de outros territórios ou religiões, a intolerância parece
crescente. Um exemplo disso é a transmissão de rádio em guarani exortando
camponeses sem terra a atacarem os brasileiros, incendiar suas casas ou
mesmo invadir suas lojas – acarretando que a imprensa do Brasil falasse
inclusive em limpeza étnica.
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Na carona de todo esse desrespeito e intolerância, os brasiguaios
reclamam da discriminação, inclusive contra seus filhos nas escolas locais, e
da intimidação que sofriam por parte das autoridades policiais e mesmo da
imigração.
Vejamos uma reportagem recente sobre o assunto postada no site
G1 no dia 06 de maio 2010:
“Após ameaças, centenas de brasileiros abandonam terras no Paraguai Segundo MST, 500 famílias de brasiguaios buscaram refúgio em acampamentos no Mato Grosso do Sul. BBC Há cerca de 36 anos, a gaúcha Odete Bender deixou o Rio Grande do Sul em
direção ao Paraguai, com a promessa de terras baratas e melhores
oportunidades. Neste período, ela conta ter adquirido uma propriedade
agrícola, uma padaria e um restaurante na cidade de Mariscal Francisco
Solano López, Departamento de Caaguazú, região central do país.
Quase dois meses atrás, no entanto, Odete resolveu abandonar suas
propriedades no Paraguai para morar em um acampamento do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) à beira da rodovia BR-163, entre
os municípios de Itaquiraí e Naviraí, no Mato Grosso do Sul.
Segundo ela, o que a motivou a deixar sua vida no Paraguai para morar em
um acampamento sem rede elétrica e de esgoto no Brasil foram as
hostilidades que partiram de trabalhadores sem-terra paraguaios, que
passaram a invadir propriedades dos chamados brasiguaios e ameaçá-los
com armas.
Odete está entre as cerca de 500 famílias de brasiguaios que chegaram nos
últimos meses ao acampamento Antônio Irmão, de acordo com os
coordenadores do MST no local. Segundo a prefeitura, no entanto, há cerca
de 600 brasiguaios no local. Todos esperam recomeçar a vida após
conseguirem terras no Brasil.”
Pois é, pessoal, justamente numa tentativa de minimizar o problema,
também em maio deste ano, começou no Mato Grosso do Sul o cadastramento
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das famílias de produtores e trabalhadores rurais brasileiros que afirmavam
estar sendo expulsas por grupos armados não identificados do Paraguai.
Essa iniciativa é imprescindível, já que grande parte deles nunca
recebeu documentos de identidade paraguaios. Ao mesmo tempo, os
brasiguaios nascidos no Paraguai também não conseguem ter documentos
brasileiros, o que impede algumas famílias cansadas da hostilidade de voltar
ao Brasil.
Pois é, amigos, o mais complicado disso tudo é que não estamos
falando de meia dúzia de gatos pingados não! Um censo da Igreja católica
feito há quase 20 anos estimava que o número de brasiguaios fosse de 300
mil, cerca de 10% da população paraguaia na época. Hoje, podem chegar a
quase 500 mil indivíduos, apesar desses dados serem incompletos devido ao
número de clandestinos.
Vejamos como esse assunto poderia ser cobrado em prova!
13- (Questão Inédita)- Muitos dos brasileiros vivendo no Paraguai são alvo de xenofobismo, o que é motivado por questões fundiárias, étnicas e ambientais.
COMENTÁRIOS:
Os brasiguaios (brasileiros que vivem no território paraguaio) têm
sido vítimas de ações xenófobas por parte dos paraguaios. As motivações são
as mais variadas, indo desde questões culturais até questões fundiárias.
No que diz respeito às questões culturais, os paraguaios se sentem
ameaçados pelo fato dos estrangeiros (no caso os brasileiros!) continuarem
mantendo seus costumes e tradições. Isso, segundo afirmam, poderia afetar a
cultura e tradições do povo paraguaio!
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No que diz respeito às questões fundiárias, há no Paraguai uma
parcela de terras bastante produtivas que são ocupadas por brasileiros, os
quais são os grandes produtores de soja da região.
No que diz respeito às questões ambientais, os brasileiros já foram
acusados de despejar agrotóxicos em terras indígenas, com o intuito de
expulsar os nativos da região que habitam.
Por tudo isso, a questão está correta.
14- (Questão Inédita)- Se, por um lado, a presença dos brasiguaios no leste do Paraguai foi responsável pelo surto de crescimento econômico na região de fronteira, por outro, ela deu origem a um sentimento nacionalista e até xenófobo paraguaio.
COMENTÁRIO:
O desenvolvimento econômico da região leste do Paraguai muito se
deve à presença dos brasiguaios, que ali desenvolveram grandes plantações
de soja. O Paraguai tornou-se, a partir daí, um dos maiores exportadores
mundiais desse produto. Apesar disso, a presença dos brasiguaios na região
tem suscitado intenso sentimento xenófobo nos paraguaios. Dessa forma, a
questão está correta.
2.2- Brasileiros no Suriname:
No final do ano de 2009, ocorreram vários ataques contra brasileiros
no Suriname, país localizado na América do Sul e que faz fronteira com a
região Norte do Brasil. Mas, afinal de contas, quais foram os motivos desses
ataques?
Aparentemente, o estopim do ataque contra brasileiros no Suriname
foi o fato de um surinamês ter sido assassinado a facadas por um brasileiro. O
crime teria ocorrido em virtude do surinamês ter cobrado uma dívida por ter
prestado ajuda para a imigração ilegal de brasileiros para a Guiana Francesa.
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Diante do ocorrido, não houve rompimento de relações diplomáticas
entre Brasil e Suriname. Na oportunidade, as autoridades surinamesas deram
ampla proteção aos brasileiros que viviam naquele país.
Aí entra um aspecto interessante a ser analisado! O Suriname é um
país vizinho da Guiana Francesa, que, por sua vez, é uma porta de entrada
para a França. Assim, muitos brasileiros dos estados da região Norte usam o
Suriname como um ponto para a entrada ilegal na Guiana Francesa.
Estima-se que vivem no Suriname cerca de 18.000 brasileiros,
muitos dos quais vivem nesse país trabalhando no garimpo do ouro, atividade
ilegal naquele país. A relação entre brasileiros e os “marrons” (denominação do
povo surinamês) não é, portanto, das mais agradáveis e que, portanto, há um
conflito na região, cujas origens estão na dificuldade de integração entre
brasileiros e “marrons”, o que é agravado pela prática de atividade ilícita
(garimpo) por brasileiros que ali vivem.
Vejamos uma questão sobre o assunto!
15- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Na véspera do Natal de 2009, um grupo de brasileiros foi atacado na cidade de Albina, no Suriname. O ataque resultou em incêndios, saques e pelo menos 25 feridos. A respeito desse assunto, assinale a opção correta. a) O Suriname, país rico devido ao fato de ser ex-colônia da Holanda, atrai
milhares de imigrantes brasileiros todos os anos.
b) Após o referido ataque, o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas
com o Suriname.
c) O ataque em questão decorreu da disputa pela exploração de petróleo no
interior do Suriname.
d) A maioria dos brasileiros que mora no Suriname é composta de garimpeiros
que tentam a sorte nesse país.
e) O governo surinamês pratica política de incentivo à imigração de técnicos e
cientistas brasileiros, o que incomoda a população local e acarreta o tipo de
ataque referido.
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Comentários:
A letra A está errada. A migração de brasileiros para o Suriname não
é tão intensa assim. Além disso, o Suriname pode ser considerado um país rico
porque possui grande variedade de recursos naturais e não por ter sido colônia
da Holanda.
A letra B está errada. Não houve rompimento de relações
diplomáticas entre Brasil e Suriname.
A letra C está errada. O conflito não tem suas origens na exploração
de petróleo, mas sim na dificuldade de integração entre brasileiros e “marrons”
na região, o que é agravado pela prática do garimpo por brasileiros que ali
vivem.
A letra D está correta. A maioria dos brasileiros que vivem no
Suriname se dedicam à prática do garimpo, atividade considerada ilícita
naquele país.
A letra E está errada. Não há políticas de incentivo à imigração de
brasileiros no Suriname.
2.3- Conflitos pelo mundo:
Basta ligarmos a TV ou o rádio para termos contato quase que direto
com os inúmeros conflitos existentes por todo planeta, não é mesmo? América,
África, Ásia e Europa. Em praticamente todos os continentes do mundo
existem áreas de conflitos e, sobretudo pelo enorme número de tensões,
resolvemos elaborar aulas distintas para contendas étnicas e políticas.
É claro, amigos, que as coisas não são divididas com precisão e
muitos conflitos que começam por um motivo se estendem por outro até que
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não consigamos mais distinguir se aquilo é uma tensão étnica, religiosa ou
política.
De qualquer modo, nos propusemos aqui a tratar daquelas
subversões que eclodem, periodicamente, em determinadas regiões,
motivadas, principalmente, pela intolerância diante das diferenças culturais do
outro. E é justamente essa não aceitação das crenças, leis e hábitos sociais
ou religiosos do grupo com o qual divide o território que torna o conflito quase
inevitável.
Talvez pra nós brasileiros esse seja um assunto meio difícil de
compreender, já que a única agitação que envolve questões étnicas é o caso
dos brasiguaios, que apesar de sério não ocorre dentro do território do Brasil.
Assim, apesar da diversidade religiosa existente em nosso território,
não fomos “premiados” com esse tipo de problema social( ainda bem, né?).
Enquanto, aqui no Brasil, encontramos facilmente católicos, protestantes e
espíritas conversando e convivendo amigavelmente. Já em outras partes do
mundo, a diferença religiosa acaba originando uma disputa de fins, geralmente,
impróprios.
Além das diferenças culturais e religiosas, a cobiça por recursos
naturais, como petróleo e minérios em geral, é um dos principais motivos de
grande parte das disputas existente. Mas essas tensões nós trabalharemos em
outra aula ok?
Só pra termos uma visão geral das principais áreas de conflito
vamos olhar o mapa abaixo
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Dentre os vários conflitos que este mapa nos mostra, vamos refletir
sobre quais podem ser considerados como principalmente motivados por
questões étnicas e religiosas!
2.4– A África e seus conflitos:
De todos os continentes que observamos no mapa, o africano é o
que conta com o maior número de conflitos, não é mesmo? Nem todos eles
possuem implicações étnicas, mas podemos dizer que sua grande maioria sim!
Não é sem motivo que guerras tribais, genocídios e diversidade étnica são
algumas das imagens que nos vêm à cabeça quando pensamos nesta região.
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Entretanto, dois pontos importantes precisam ser lembrados para
que não tenhamos apriorismos ao estudar a África. O primeiro deles é que este
continente ultrapassa, em muito, o conceito e imagem restrita que o mundo tem
dele. Apesar de toda instabilidade política, econômica, étnica e religiosa , essa
é uma das terras mais ricas em recursos naturais do planeta. A segunda é que
não podemos pensar em todos os conflitos existentes ali como sendo causados
apenas pelo fator étnico, pois assim perdemos a chance de compreender a
peculiaridade de cada conflito.
A África é o terceiro continente mais extenso do mundo e os conflitos
atuais ali existentes são causados por motivos variados, embora em
determinados casos predomine o componente étnico, religioso ou político. Para
compreendermos melhor os conflitos nesse continente, é imprescindível
sabermos que em termos geográficos e humanos ele se divide em duas
“Áfricas”, sendo uma chamada de Setentrional e a outra de Subsaariana.
Não vai dar pra fugir do mapa, não é pessoal?
Pertencem à África Setentrional Egito, Líbia, Tunísia, Argélia,
Marrocos e Djibuti, que possuem o ambiente desértico na maior parte de seu
território. Como podemos observar no mapa, todos esses países encontram-se
bem ao norte do continente, mais próximos do deserto do Saara.
Uma dúvida comum de ouvirmos é: mas se a Eritréia e o Saara
Ocidental não fazem parte desse grupo, por que o Djibuti faz? Se observarmos
o mapa, veremos que esse país está localizado entre o noroeste da Somália e
o nordeste da Etiópia.
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Países da África Subsaariana
Países da África Setentrional
Todavia, é importante pensarmos que as divisões em grupos nem
sempre obedecem apenas à geografia. Assim, mesmo que geograficamente
alguns países se localizem próximos a outros, sua condição política, étnica,
religiosa ou social interferem diretamente no seu agrupamento.
No caso específico da África Setentrional, também conhecida com
África Branca, são integrantes deste grupo aqueles países localizados no norte
do continente africano, junto ao mediterrâneo, e com predomínio da população árabe. Justamente por esse motivo, a ONU já passou a considerar o Saara
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Ocidental como pertencente a esse grupo, já que suas características se
aproximam muito à dos países pertencentes da África Setentrional !
O segundo exemplo de grupo encontrado na África engloba pelo
menos outros 47 países localizados ao sul do deserto do Saara. Em razão de
sua localização, essa região é denominada África Subsaariana, que no mapa
acima é marcada por estrelas verdes.
Nessa região, a pobreza tem sido agravada pelo desenrolar dos
vários conflitos. As tensões nela existentes têm seu estopim, via de regra, em
questões étnicas e religiosas, como a luta entre cristãos e islâmicos.
Entretanto, também incluem uma séria disputa pelo controle das riquezas
naturais do continente.
Ainda assim, em conflitos como o de Ruanda, prevalecem fatores
étnicos; no Sudão os religiosos; e no Quênia as questões políticas e de poder
assumiram maior importância. Essa heterogeneidade nos indica duas coisas. A
primeira é que cada conflito deve ser estudado e entendido segundo as suas
peculiaridades. A segunda é que tentar entendê-las segundo generalizações
certamente nos guiariam ao erro, dada a amplitude e diversidade culturais do
continente Africano.
Bem, pessoal, como vimos no primeiro mapa, há mais de 70 focos
de tensão espalhados pelo mundo. Mas, então, como saber quais podem ser
cobrados pela banca? A verdade é que não dá pra saber com certeza! Logo,
precisamos compreender suas motivações e conseqüências para que
possamos, a partir daí, acompanhar os jornais e percebermos quais estão mais
em voga atualmente.
Apesar do número de conflitos ser assustador, as motivações e
conseqüências são quase sempre muito próximas. Há nesse território
basicamente dois tipos de disputas: étnicas e territoriais. As territoriais
possuem raízes ainda na época do imperialismo, quando potências mundiais
se apropriaram deste continente buscando riquezas minerais. As grandes
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potências mundiais dividiram o território africano entre si, criando o que
denominamos fronteiras artificiais, que tiveram como conseqüência colocar em
países iguais povos diferentes e em países diferentes povos que eram iguais. E
foi assim que se iniciaram as piores disputas étnicas da história do continente e
que estão muitos longe de um processo de pacificação. As grandes
representantes dos conflitos étnicos são Ruanda, Mali, Senegal, Burundi,
Libéria, Congo e Somália
A divisão territorial desse continente teve como critério apenas os
interesses dos colonizadores europeus, desprezando as diferenças étnicas e
culturais da população local. Diversas comunidades, muitas vezes rivais, que
historicamente viviam em conflito, foram colocadas em um mesmo território,
enquanto grupos de uma mesma etnia foram separados.
“Mas, professores, a África ainda hoje possui a mesma configuração
territorial dos tempos do Imperialismo?”
Bem, após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu um intenso processo
de independência nas várias nações africanas. Porém, os países que se
formaram, se estabeleceram sobre a mesma base territorial que havia sido
construída pelos colonizadores europeus, desrespeitando a cultura e a história
das comunidades africanas.
Deste modo, apesar de terem conseguido se tornar países
independentes, o “barraco” já estava armado e o “circo” pegando fogo, já que
inúmeros povos disputavam o poder no interior dessas regiões.
Outro fator agravante para o surgimento desses conflitos na África
se refere ao baixo nível socioeconômico de muitos países e à instalação de
governos ditatoriais. Durante a Guerra Fria, países africanos foram financiados
e auferiram aparato técnico e financeiro para alguns dos grupos de
guerrilheiros, que, muitas vezes, possuíam até crianças, as quais eram
forçadas, por meio de uma manipulação ideológica, a odiarem os diferentes
grupos étnicos.
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Vejamos como o assunto pode ser cobrado em prova!
16- (STJ-2008)- Além de limitações econômicas, parte significativa da África está hoje submetida a governos considerados autocráticos e, em determinadas regiões, a conflitos étnicos de elevada dramaticidade, como atesta o caso de Ruanda.
COMENTÁRIOS:
A Ruanda é um dos locais onde se torna mais clara a demonstração
de que a realidade africana atual é conseqüência da política colonial, que, ao
definir as fronteiras da dominação, provocou a desintegração das relações
tribais e rixas entre as etnias. Portanto a questão esta correta
Apesar do genocídio praticado em Ruanda ter sido o evento mais
trágico da segunda metade do século passado; ele é muito pouco comentado.
A hecatombe ocorrida em 1994 deve ser lembrada, estudada, analisada e
discutida, porque contém um grande número de lições que nos ajudam a
entender melhor nosso tempo. Os massacres de 1994 não foram frutos de uma
explosão de loucura coletiva, mas a máxima expressão de um ódio muito
antigo e com raízes coloniais.
17- (Questão Inédita)- Na partilha da África, as grandes potências imperialistas tiveram o cuidado de definir as fronteiras segundo critérios étnico-culturais.
COMENTÁRIOS:
Na demarcação das fronteiras dos países africanos, não houve
qualquer preocupação com a questão étnico-cultural por parte das potências
imperialistas. Dessa forma, foram criadas fronteiras artificiais, as quais
deixaram dentro de um mesmo território, diferentes povos e, em territórios
diferentes, um mesmo povo. Em outras palavras, na partilha da África a
confusão feita foi grande, o que gerou inúmeras disputas étnicas no futuro.
Logo, a questão está errada.
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2.4.1- Ruanda:
O conflito em Ruanda se originou ainda nos tempos da colonização
deste país. Naquele momento, tem raízes nos privilégios e cargos de comando
que os colonizadores do local concederam a uma restrita elite da etnia dos
Tutsis, despertando o ódio crescente nos Hutus. Em 1932, quando os belgas
criaram o documento de identidade étnica, a situação ficou sem retorno: os
agora Twás, além dos Hutus e os Tutsis, viram-se oficialmente divididos.
Calma,pessoal, não será preciso guardar estes nomes tão estranhos
à nossa realidade , mas é preciso saber que existiam etnias diferentes naquele
região e acompanhar com atenção as mudanças de governo, ok?
Pois bem, depois que os colonizadores deixaram o país, o poder foi
tomado pela maioria Hutus que, até então, havia sofrido anos de opressão.
Infelizmente, não temos nada legal pra contar a partir daqui, pois, ao contrário
de Nelson Mandela na África do Sul, este grupo não tinha a preocupação de
refrear as tensões causadas pela antiga política.
Na década de 70, portanto durante o período da Guerra Fria,
investimentos estrangeiros passaram a compor mais de 25 % do PIB desse
país. Portanto, o envolvimento do capital de potências estrangeiras acabaram
propiciando uma aceleração na direção do genocídio, já que o comércio de
armas era algo quase que “natural”. Há quem afirme que era mais fácil
encontrar granadas para comprar nos mercados do que frutas e verduras.
Bem, a situação se agravou em 1990, quando os antigos donos do
poder, os Tutsis (egressos do país após o fim do colonialismo), formaram uma
Frente Patriótica Ruandesa, atravessaram a fronteira de Uganda e iniciaram
uma guerra civil. Assim, os Tutsis passaram a ser considerados os grandes
problemas de Ruanda!
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Bem, pra encurtar um pouco a História, em 6 de abril de 1994, o
presidente do país Habyarimana, que contava com o apoio francês e se
esforçava, dentro do possível, para controlar a situação, foi assassinado não se
sabe por quem. Foi ai que a situação fugiu completamente ao controle!.
A guarda presidencial, parte do exército e um número enorme de
esquadrões da morte perseguiram e mataram os Tutsis. Estimativas
cautelosas afirmam que o número de vitimas não ultrapassou 500 mil pessoas;
já os críticos garantem que esse número corresponde apenas à metade do
total de mortos. O fato é que o genocídio só acabou quando a Frente Patriótica
venceu a guerra civil, sendo considerado um dos piores eventos na história da
humanidade.
2.4.2- África do Sul:
Pois é amigos, com exceção do país da Copa - a África do Sul- , a
maior parte dos países subsaarianos tem sua economia baseada na
agricultura, em que o café, o algodão e o cacau são as principais monoculturas
exportadoras. Apesar disso, a grande menina dos olhos na economia africana
é a mineração, responsável por 90 % de toda a receita alcançada no
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continente, o que esclarece a dependência desses países da importação de
petróleo e produtos industrializados.
Primeiro país africano a sediar uma Copa do Mundo, a África do Sul
se desponta em relação a seus vizinhos subsaarianos pelo grau de
desenvolvimento econômico e industrialização. Apesar disso, este país não
está livre da existência de conflitos em seu território.
Talvez os muito jovens não se lembrem, mas até o ano de 1994,
quase 50 milhões de pessoas ainda viviam sob o apartheid, que impedia
negros de possuírem terras, direitos políticos e viverem nos mesmos bairros
que os brancos. Ainda que se tenham passado quinze anos desde o término
desse regime, a população ainda carrega essa herança de desigualdade entre
uma minoria branca e a maioria negra e os conflitos mudaram sua forma, mas
não deixaram de existir.
Num mundo que já convivia com um tão importante símbolo da
modernidade como a globalização, a existência do apartheid era vista pelo
restante do mundo como um regime totalmente descabido. Uma vez que o
nazismo que exclui e distingue uma raça da outra hierarquicamente era uma
idéia mundialmente condenada, não fazia o menor sentido que esta situação
se prolongasse naquela região!
Todavia, a prática da segregação na África do Sul teve inicio ainda
no período colonial, quando os descendentes de holandeses e os ingleses
chegaram naquele território, durante o século XVII. Todavia, foi a partir do
século XIX que foram implantadas as primeiras regras que restringiam o direito
de ir e vir dos negros em colônias britânicas.
O regime foi implantado oficialmente em 1948, quando o Partido
Nacional venceu as eleições. O partido conservador da elite branca governou o
país até 1994. Entre outras regras, as leis impediam que negros freqüentassem
as mesmas escolas, restaurantes ou piscinas que brancos; que morassem em
bairros de brancos; e determinava o registro da raça nos documentos pessoais.
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Enfim, a África do Sul sofreu sanções políticas e embargos
comerciais de países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). A
pressão externa e as revoltas internas começaram a ter efeito no final da
década de 90, quando o novo presidente eleito iniciou o desconstrução do
apartheid pela legalização dos partidos negros.
Especialmente depois dos anos de dura repressão por conta do
regime de segregação racial, era de se esperar que a África do Sul fosse um
exemplo de tolerância, igualdade e fraternidade. Ao invés disso, ele se mostra
um país historicamente acostumado com os conflitos étnicos e raciais, que
resultam ainda hoje em demonstrações de ódio e selvageria, piores até do que
durante o antigo sistema.
Há dois anos, em maio de 2008, uma onda de ataques tomou a
capital deste país, Johanesburgo, com ofensivas que a imprensa mundial
classificou como xenófobas. Naquela ocasião, mais de 25 mil imigrantes foram
expulsos de suas casas e mais de 50 pessoas morreram.
Todavia, a violência de sul-africanos contra imigrantes de outras
partes da África não pode ser considerada xenofobia, na opinião de alguns
especialistas, como a professora de História da África, da USP, Leila Leite
Hernandez. Segundo ela, os conflitos que ocorreram na África do Sul estão
muito mais ligados a motivos econômicos, trabalhistas, sociais e políticos, já
que os imigrantes se deslocam a este país em busca de melhores condições
de vida.
Assim, no dia 7 de julho deste ano os jornais trouxeram ao público a
seguinte manchete:
“África do Sul: Receios de novos ataques xenófobos agitam imigrantes, zimbabueanos em fuga “
Cidade do Cabo, 06 Jul (Lusa) -- Grande número de imigrantes africanos na África do Sul está a mudar-se, com alguns a regressar aos seus países de origem, na sequência de persistentes rumores sobre a iminência de novos ataques xenófobos na região do Cabo Ocidental.”
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Bem, pessoal, xenófobos ou não, o fato é que os conflitos ainda
pertencem também ao cotidiano dos sul- africanos e seguem deixando
dezenas de mortos, centenas de feridos e milhares de desabrigados na África
do Sul, como o ocorrido em 2008.
2.4.3- Nigéria
A Nigéria é o primeiro produtor do petróleo da África, tem 130
milhões de habitantes de várias etnias e religiões e, este ano, será chamada a
eleger o presidente da federação. O fato é de extrema importância porque o
fundamentalismo islâmico jogará a sua carta para, em caso de vitória, poder
aplicar a lei da Sharia.
Com ataques planejados, os muçulmanos tentam forçar a partida
dos cristãos, especialmente das províncias multireligiosas do centro da Nigéria.
Desde o início de 2003, muçulmanos armados vem atacando e assassinando
cristãos nessas regiões. Somente em fevereiro daquele ano foram mortas pelo
menos 100 pessoas, mais de 500 ficaram gravemente feridas e cerca de 130
casas e algumas igrejas foram queimadas, expulsando mais de 21.000
habitantes da região.
É, amigos, mais uma vez as diferenças étnicas e religiosas parecem
ser totalmente incompatíveis e tem sido cada vez mais freqüente e expressiva
a expulsão de cristãos da Nigéria. Ataques desse tipo são organizados e
perpetrados constantemente por grupos islâmicos fortemente armados vindos
de países vizinhos. Mas, afinal, por que expulsar? Não dá somente para
ignorar e viver no mesmo território cada um no seu canto? Não, não dá!
Apesar de aparentemente lógica, a idéia do convívio não pode se
efetivar, já que para os islâmicos a sharia deve reger a sociedade e para os
cristãos não. Sendo assim, como pertencer a uma mesma sociedade se as
normas sociais não se harmonizam?
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Nas províncias “limpas de cristãos”, e agora majoritariamente
islâmicas, o passo seguinte é a implantação da Sharia. Mas afinal o que prega
essa lei?
É a doutrina dos direitos e deveres religiosos do islã. Abrange
as obrigações cultuais (orações, jejuns, esmolas,
peregrinações), as normas éticas, bem como os preceitos
fundamentais para todas as áreas da vida (matrimônio, herança,
propriedade e bens, economia e segurança interna e externa da
sociedade).
Originou-se entre os séculos VII e X d.C. a partir dos trabalhos
de sistematização realizados por eruditos e legisladores
islâmicos e baseia-se no Corão, suplementado pela Suna, a
descrição dos atos normativos do profeta Maomé.
Não, essa aula não é de Direito, mas temos que refletir um pouco
sobre esta lei para compreender a incompatibilidade e o porquê do conflito
entre islâmicos e cristãos se arrastar por anos a fio. A luta pela implantação da
sharia manifesta a teimosa vontade do islã nigeriano de ocupar o poder central
e impor o fundamentalismo à Nigéria. ,
Entretanto, não podemos esquecer que a Nigéria é um complicado
mosaico de etnias, dividido pelas religiões mais difundidas do mundo: o islã,
com 50%, o cristianismo com 40% (protestantes: 21,4%, católicos: 9,9% e
seitas cristãs locais: 8,7%), e o animismo, com 10%.
É verdade que os líderes muçulmanos declaram sempre que a
sharia só seria aplicada a muçulmanos. Todavia, a realidade que se vê nas
doze províncias da Sharia’, ou seja, nos lugares onde ela foi implantada é bem
diferente! Se hoje 12 das 36 províncias da Nigéria já a têm como legislação
suprema, com apenas mais seis províncias islamizadas, a Nigéria seria
majoritariamente muçulmana e haveria a possibilidade de impor a lei islâmica
ao país inteiro.
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Mais recente ainda foi o massacre ocorrido na Nigéria agora em
2010, quando pelo menos 528 agricultores de aldeias cristãs foram
assassinados em confrontos com pastores muçulmanos. Em pleno século XXI,
os massacres chamaram a atenção do mundo, sobretudo devido à crueldade
dos assassinatos dos homens, mulheres e bebês que foram cortados a golpes
de facão e depois tiveram seus corpos queimados. Tamanha intolerância não é
novidade naquele território onde, desde 1999, pelo menos 14 mil pessoas
morreram em conflitos étnicos e religiosos.
Pois é, pessoal, para facilitar um pouco o nó que esse assunto dá na
nossa cabeça, é importante levarmos em conta 3 pontos fundamentais dessa
região que interferem de um jeito ou de outro nos conflitos:
1- A extrema diversidade étnica e lingüística da região – que
evidencia a intolerância diante da alteridade
2- A duração do tráfico negreiro - que deixou rivalidades profundas
no relacionamento entre grupos "capturados" e "captores", marcas que o tempo
não tem conseguido apagar.
3- Crescimento demográfico dos diferentes grupos étnicos – que
resultou na necessidade de cada um deles estender suas terras cultivadas para
compensar os efeitos da degradação dos solos.
Os recentes conflitos africanos ensejaram o surgimento ou
realçaram a ação de novos e antigos personagens. Se durante a Guerra Fria
as figuras mais importantes dos conflitos eram militares ou homens públicos,
hoje seus papéis são, de maneira geral, secundários. Assim, outros três
personagens emblemáticos, roubam a cena nos conflitos atuais e por isso
merecem ser citados: o senhor da guerra, a criança-soldado e o refugiado.
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2.4.4- Somália
Outro conflito muito discutido atualmente é a atuação dos piratas na
costa da Somália. Apesar de muito em voga nos meios de comunicação
mundial, o que pouca gente sabe é que essa situação é gerada devido a um
antigo conflito étnico e religioso.
A Somália atual surgiu apenas na década de 60 e podemos
entender que não teve uma vida longa, já que entre movimentos de unificação,
independência e golpes de estado, o país simplesmente se dissolveu em uma
intermitente guerra civil desde 1991.
Essa guerra civil constante e os inúmeros fracassos de missões de
paz que já passaram por este território é o que permite compreendermos a falta
de controle das organizações internacionais sobre os piratas da Somália. A
base dos conflitos existentes neste país está diretamente ligada à fidelidade
dos indivíduos aos clãs existentes e à competição por recursos.
Apesar de ter sua situação agravada e ganhado mais visibilidade
nos últimos anos, a pirataria nessa região não é um fenômeno recente! Desde
a década de 90, quando se iniciou a guerra civil naquele país, os piratas
passaram a representar um perigo iminente à marinha mercante. Contudo, de
1998 pra cá, esse tipo de ação cresceu significativamente até que em 2008
culminou no número de 130 navios atacados. Muito, não é? E o pior dessa
história é que 90% dos sequestros só são resolvidos com o pagamento do
resgate.
Como podemos perceber amigos, colocar a casa em ordem não é
tarefa fácil, nem com a cooperação internacional! A ONU, apesar de
ter imposto sanções a entidades que julgou possuir algum tipo de ligação com
esses piratas, fica de pés e mãos atadas diante do lucro que a pirataria
oferece a quem se envolve com ela. Assim, o comércio internacional na região
é um dos maiores prejudicados, pois têm sido arcados por ele os prejuízos da
existência da pirataria. Diante dessa situação de risco iminente, foi
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necessário um grande aumento tanto na segurança dos cargueiros que cruzam
a região quanto no valor do seguro das mercadorias - o que obviamente é
repassado ao consumidor final!
Apesar de medidas pensadas e concretizadas pela ONU e UE, até
agora ainda não surgiu nada que tenha conseguido intimidar os piratas.
Mas vocês devem estar curiosos, pois no início dissemos que este
pode ser entendido como um conflito étnico e religioso, não é mesmo? Pois
bem, é importante compreendermos que há quase duas décadas a Somália
enfrenta problemas sérios quanto à unidade do poder do estado, das atividades
econômicas e das instituições. Um grupo denominado ICU - The Islamic Court
Union- controla a maioria do sul do país e tem por objetivo disseminar a lei
Sharia à medida que controlam mais e mais territórios, ou seja, o governo
formal é quase fictício, pois controla apenas uma pequena área do país.
A Lei Sharia que eles tentam disseminar é o corpo principal da lei
islâmica e enquadra legalmente determinados aspectos da vida pública e
privada daqueles que vivem sob os princípios muçulmanos. E o que isso tem a
Piratas mais ricos
Sofisticação nos ataques
Maior dificuldade em se conter a pirataria
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ver com a pirataria? Tem que este conflito só está sem solução porque o
governo não é capaz de proteger suas águas territoriais devido, sobretudo, aos
conflitos étnicos e religiosos internos. Além disso, existem sérias acusações
internacionais de que esses grupos mais radicais estejam envolvidos
diretamente com a pirataria, o grupo Al Qaeda e o terrorismo em geral. Assim,
a pirataria se liga aos conflitos étnicos religiosos justamente pelo estreito
vínculo do dinheiro arrecadado nos resgates com o financiamento da
manutenção de conflitos. Além disso, na medida em que os conflitos não
cessam, a atividade de pirataria continua fora do controle, pois o governo não
tem forças para combatê-la, ou seja, uma atividade acaba colaborando para a
existência da outra.
Pronto! Falamos sobre os principais conflitos étnicos no continente
africano. Vejamos agora como isso pode ser cobrado em prova!
18- (Questão Inédita)- O regime do apartheid, durante sua vigência, foi amplamente criticado pela comunidade internacional, tendo sido adotadas, inclusive, sanções econômicas contra a África do Sul. Todavia, no plano interno, a resistência negra foi pacífica.
COMENTÁRIOS:
Realmente, a África do Sul sofreu pressão da comunidade
internacional para colocar um fim ao regime do apartheid, o que se materializou
notadamente por meio de sanções econômicas. Todavia, no plano interno, a
situação não foi tão tranqüila quanto diz a questão, tendo havido manifestações
e até luta armada contra o regime. Questão errada!
19- (Questão Inédita)- O genocídio dos tutsis em Ruanda é um dos acontecimentos mais sangrentos da história do continente africano, tendo motivado, inclusive, a criação pelo Conselho de Segurança da ONU do Tribunal Penal Internacional para Ruanda.
COMENTÁRIOS:
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Sem dúvida, o genocídio dos tutsis foi um dos episódios mais
sangrentos da história do continente africano. Como conseqüência, houve um
fluxo intenso de pessoas para campos de refugiados localizados nas fronteiras
com países vizinhos.
O Conselho de Segurança da ONU instituiu um Tribunal Penal
Internacional para Ruanda, o qual condenou por genocídio os três principais
dirigentes do governo de Ruanda à época do massacre. A pena aplicada contra
esses ex-governantes de etnia hutu foi a prisão perpétua. Logo, a questão está
correta.
20- (Questão Inédita)- O principal motivo dos conflitos existentes na Nigéria são a existência de dois grupos étnicos rivais.
COMENTÁRIOS:
Os conflitos no território nigeriano ocorrem, principalmente, em razão
de disputas religiosas entre muçulmanos e cristãos. Logo, a questão está
errada.
21- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- Na África, após o término das guerras de independência, multiplicaram-se os conflitos internos, em sua maioria guerras civis, de conteúdo étnico ou político-econômico. Assinale o país que não foi palco de conflitos internos após sua independência. a) Costa do Marfim
b) Angola
c) Moçambique
d) Uganda
e) Marrocos
Comentários:
Dentre todos os países mencionados na questão, o único que não
foi palco de conflitos internos após a sua independência foi o Marrocos
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2.5- Conflitos no Oriente Médio - Judeus x Palestinos:
Um dos mais conhecidos impasses existentes no Oriente Médio tem
profundas raízes históricas, possuindo como personagens principais os judeus-
israelenses e os árabes-palestinos.
Vocês devem achar até meio chato entender o início do conflito, as
causas e as conseqüências de sua continuidade. Entretanto, não é possível
entender o que se passa hoje na região sem entender seu desenrolar histórico.
Vamos, então, fazer um apanhado geral dos antecedentes históricos, sendo o
mais objetivos possível!
No ano de 2008, o Estado de Israel chegou aos 60 anos de sua
criação com o título de mais dinâmica e moderna economia do Oriente Médio.
A criação do Estado de Israel, em 1948, contou fortemente com a ajuda dos
EUA, o que lhe favoreceu completamente o desenvolvimento. Desde
avançadas técnicas de agricultura até o adiantamento da indústria de
informática e telecomunicações, esse Estado foi em tudo ajudado pelos norte
americanos.
Apesar de todo o avanço econômico do Estado, há seis décadas o
ele continua a ser um dos principais focos de tensão do mundo, enfrentando
repetidos motins de seus vizinhos palestinos.
O porquê dessa tensão nós entenderemos agora!
A origem deste conflito tem raízes bíblicas e está diretamente ligada
à religião e a interpretações radicais de conceitos bíblicos. De acordo com este
livro, a Diáspora ocorrida com o povo judeu foi resultado de sua idolatria e
rebeldia perante Deus. Como conseqüência, a divindade lhes tirou a terra
prometida e os dispersou pelo mundo até que retornassem para a obediência a
Deus. Somente a partir daí, seriam restaurados como uma nação soberana e
senhora do mundo.
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Após a Segunda Guerra Mundial, ganhou força na Europa o
Movimento Sionista - que significa retorno à Terra Prometida. Assim, a idéia da
construção do Estado de Israel foi concebida na Europa após 6 milhões de
judeus terem sido exterminados nos campos de concentração. O objetivo
desse movimento político (sionismo) era proteger o direito à
autodeterminação do povo judeu, ou seja, criar um Estado Judaico.
Há dois pontos que devemos lembrar para entender por que esse
estado foi criado. O primeiro é que um dos motes fundamentais da fé judaica é
que todo o povo seria liderado de volta à Terra de Israel e que o Templo
Sagrado seria restabelecido. Nesse sentido, muitos judeus acreditavam,
inclusive, que o Messias seria enviado por Deus para liderar o retorno de todo
o povo judeu à Terra de Israel.
O outro ponto, e não menos importante, é que após a Segunda
Guerra Mundial, quando milhões de judeus foram perseguidos e mortos pelo
governo de Hitler, esse movimento de retorno à Terra Santa se fortaleceu
muito. Ainda que na década de 30 - quando o governo alemão iniciou sua
perseguição aos judeus - eles tivessem iniciado uma migração de volta à
região da Palestina, isso só se intensificou com o fim do conflito, dando início
aos violentos conflitos entre judeus e árabes.
A partir da segunda metade do século XIX, portanto, após o fim da
guerra, principalmente os Judeus da Europa central e do Leste europeu, sob
pressão de uma espécie de anti-semitismo crônico se agarraram fortemente a
essa causa. E, assim que os britânicos decidiram abandonar o território e
transferiram o problema dos infindáveis conflitos da região para a ONU, Israel
foi criado.
Em 1948, já em meio a um clima internacional bem favorável à
criação do estado de Israel - em razão do holocausto praticado pelos nazistas -
essa região foi estabelecida como domínio judeu. E agora nós lhes
perguntamos: que povo morava naquela região à época? Resposta: os
palestinos. Em outras palavras, o Estado de Israel foi criado em cima de um
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território ocupado até então pelos palestinos – a Palestina. E agora, como iam
ficar os palestinos?
Como havia muitos interesses geopolíticos em jogo, as Nações
Unidas aprovaram a partilha da região da Palestina entre dois Estados, um
árabe e o outro judeu. Todavia, essa determinação da ONU não logrou êxito!
Mas vamos entender melhor! Atualmente, a região da Palestina está
dividida em três partes: o Estado de Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
Quando se tomou a decisão de se criar o Estado de Israel, decidiu-se também
que seria criado um Estado para os árabes. Esse Estado árabe seria
estabelecido no que é hoje a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, ok?
Em 1948, após a retirada dos britânicos (que até então tinham o
controle da região), explode uma guerra entre o Estado de Israel e os
palestinos, os quais tinham apoio dos outros Estados árabes. Saindo vencedor
do conflito, Israel logrou expandir seu território. Como conseqüência do conflito,
muitos palestinos fugiram, estabelecendo-se na Jordânia, Líbano, Síria e Egito.
Começa, então, a surgir a doutrina do pan-arabismo, que pregava a
união de todos os povos árabes dentro de um único Estado. O foco do pan-
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arabismo era a oposição Israel, que era encarado como a influência ocidental
na região, já que recebia contínuo apoio dos EUA. Em 1967, antecipando-se a
uma ofensiva de Egito, Síria e Jordânia, as forças armadas israelenses
deflagraram um ataque surpresa a essa coalizão, conflito que ficou conhecido
como a Guerra dos Seis Dias.
Pois bem, ocorre que em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, a
Faixa de Gaza, a Cisjordânia, a Península do Sinai (território egípcio) e as
Colinas de Golã (território sírio) foram ocupadas por tropas israelenses e aí,
amigos, o povo palestino se tornou um povo sem território. Podemos também
dizer que os palestinos formam uma nação sem soberania.
Progredindo um pouco mais na linha do tempo, em 1973, ocorreu a
Guerra do Yom Kippur, conflito por meio do qual Egito e Síria tentaram
retomar o controle da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Península do Sinai.
Todavia, não obtiveram sucesso!
Em 1979, por meio dos Acordos de Camp David, Israel concordou
em devolver a Península do Sinai ao Egito. Todavia, permaneceu com o
controle dos territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia e, ainda,
com as Colinas de Golã. Sobre as Colinas de Golã, vale ressaltar que sua
importância geopolítica reside no fato de que esta é a principal fonte de água
potável de Israel. Esse país tem receio de que se a região estiver sob controle
sírio, a água potável possa ser desviada, causando problemas de
desabastecimento em seu território.
Voltando a falar dos palestinos, a resistência destes passou a ter
mais expressão na década de 60, com a fundação da OLP – Organização pela
Libertação da Palestina – liderada por Yasser Arafat. Esse líder defendia e
pressionava para que fosse criado um Estado independente na Palestina e,
apesar das negociações promovidas pelos EUA, os dois lados nunca chegaram
a um acordo sobre o status final da cidade de Jerusalém.
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Em diversos momentos desse conflito, como em 1999, por
insistência de Washington, o líder palestino e o primeiro-ministro de Israel
retomaram o cronograma de retiradas militares israelenses na Cisjordânia.
Entretanto, essa foi uma medida de avanços em meio a tantos retrocessos
subseqüentes. Para abordarmos os mais recentes deles, vamos falar do ano
de 2009 em diante.
Como vocês devem estar lembrados, em janeiro de 2009, os
israelenses abriram fogo contra a Palestina sob a justificativa de impedir que os
grupos militantes continuassem lançando foguetes contra seu território. Nessa
ocasião, até meados de janeiro, mais de 1300 palestinos foram mortos no
conflito na Faixa de Gaza.
Os israelenses afirmavam que a ofensiva visava interromper o
rearmamento do Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza. Para tanto,
Israel tentou destruir, ou ainda, reduzir a capacidade de combate do Hamas,
tomando o controle de seus estoques de armas.
Mas aí vocês devem estar se perguntando: afinal, por que a essa
altura do campeonato esse pessoal resolveu se atacar de novo? Os ataques
foram reiniciados logo após o Hamas anunciar que não iria renovar o acordo de
cessar-fogo que vigorava entre eles desde junho de 2008.
Esse acordo, na prática, foi quebrado diversas vezes, pois havia um
tipo de círculo vicioso. Esse círculo era alimentado pela reclamação do Hamas
de que sofria bloqueio econômico por terra, ar e mar imposto por Israel sobre
Gaza. Por sua vez, Israel acusava o Hamas de contrabandear armas para
dentro do território por meio de túneis subterrâneos na fronteira com o Egito,
além do lançamento de foguetes contra o território israelense.
Bem, amigos, o fato é que, apesar de ter favorecido os judeus, a
criação de Israel teve efeitos dramáticos sobre a população palestina e foi
utilizada como instrumento político das ditaduras militares, como na Síria, Líbia
e Iraque. Nesses países, as lideranças autoritárias conquistavam o apoio
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popular a partir da propaganda ideológica que reprovava o Estado de Israel.
Assim, eles conseguiam mudar o foco da atenção dos problemas em sua
própria ditadura, como a miséria e a falta de democracia.
A intensa propaganda em cima da idéia de que o povo árabe só
construiria uma grande nação se Israel fosse destruída, acabou transformando
a região em um verdadeiro barril de pólvora.
Recentemente, ocorreu um fato que agravou mais ainda os
problemas envolvendo israelenses e palestinos. Estamos falando dos ataques
israelenses a comboios de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Vejamos a
seguir o trecho de uma reportagem publicada no Jornal Globo on-line:
“Ao menos dez ativistas pró-palestinos morreram nesta segunda-feira
em um ataque israelense a uma frota de barcos com ajuda
humanitária, que tentava chegar à Faixa de Gaza. Militares israelenses
invadiram pelo menos uma das embarcações e, segundo um
comunicado oficial, foram atacados a tiros e com facas. Ao menos
dez soldados israelenses ficaram feridos na ação, que provocou
protestos e despertou críticas a Israel de diversos países, da União
Européia e da Organização das Nações Unidas. Forças israelenses
foram postas em alerta máximo. O Conselho de Segurança da ONU
fará uma reunião de emergência ainda nesta segunda-feira para
discutir o caso.”
(Jornal O Globo on-line, publicado em 31/05/2010)
Conforme podemos perceber, os militares israelenses impediram
que a ajuda humanitária chegasse à Faixa de Gaza. Mas, afinal de contas,
quais as razões do bloqueio israelense?
Vamos explicar! Em 2006, o Hamas (considerado uma organização
terrorista por Israel) venceu as eleições e tomou o controle da Faixa de Gaza.
Em seguida, iniciou ataques com mísseis a Israel. Como resposta, Israel impôs
um bloqueio terrestre e naval àquela região. Desde então, para que pessoas,
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comida, combustíveis e bens em geral entrem na Faixa de Gaza, há
necessidade de que passem pelo controle israelense.
Em 2008, Israel lançou mão de uma ofensiva arrasadora sobre a
Faixa de Gaza, considerada a mais violenta desde a Guerra dos Seis Dias em
1967. Segundo Israel, ela representou uma resposta aos bombardeios diários
realizados pelo grupo palestino Hamas ao território israelense.
O bloqueio à Faixa de Gaza traz conseqüências gravíssimas para a
população palestina que ali vive: dificuldade de obtenção de remédios
importados, escassez de material de construção para reparar os destroços dos
conflitos, desemprego, falta de combustíveis, dificuldade de acesso à energia
elétrica, etc.
Israel alega que o bloqueio à Faixa de Gaza existe em razão de que,
atualmente, vigora um estado de conflito com o Hamas e que esta organização
estaria recebendo armamentos contrabandeados e outros suprimentos por
intermédio de missões supostamente humanitárias.
Mas e como se posiciona a sociedade internacional diante desses
acontecimentos?
Bem, amigos, a resposta a essa pergunta não é tão simples como
parece. Historicamente, a posição norte-americana em relação ao conflito entre
judeus e palestinos, sempre foi a favor de Israel. Por outro lado, não há como
os EUA apoiar uma grave violação dos direitos humanos como a que ocorreu
no ataque ao comboio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Dessa forma, o Conselho de Segurança da ONU condenou os atos
que causaram a morte de civis durante a operação israelense e pediu uma
investigação imparcial do episódio. A grande questão é quem deverá realizar
essa investigação!
Em 3 de junho, Israel propôs que ele mesmo conduziria um inquérito
(sugestão dos EUA), o qual contaria com a participação de observadores
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internacionais. Todavia, a União Européia, a Turquia e a própria ONU
consideram que a investigação deve ser internacional, conduzida, portanto, de
forma imparcial.
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova:
22- (CESPE/IRB-2009)- Apesar do apoio do conjunto dos Estados árabes à decisão da ONU (1947) de encerrar o mandato britânico na Palestina e promover a partilha do território em dois Estados, apenas o de Israel materializou-se, razão pela qual não se dissipa a instabilidade na região.
Comentários:
A decisão da ONU de encerrar o mandato britânico na Palestina e
promover a partilha do território em dois Estados, embora aceita pelos
sionistas, não foi apoiada pelos Estados árabes. A conseqüência foi a guerra
árabe-israelense de 1948, que opôs Israel de um lado e a Palestina (com o
apoio dos Estados árabes) do outro.
Logo, a questão está errada.
23- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- As propostas para existência de um “mundo sem fronteiras” aparecem nos discursos de autoridades mundiais, quer de representantes de países quer de instituições internacionais. No entanto, contraditoriamente, muros são erguidos entre estados-nações mostrando como ainda está longe essa proposta. Na relação a seguir, avalie se os países têm muros construídos em suas fronteiras. I. Israel e Palestina
II. Irã e Afeganistão
III. México e Estados Unidos
IV. Coréia do Norte e Coréia do Sul
V. Rússia e Geórgia
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Os países em cujas fronteiras foram construídos muros estão indicados em: a) I e III, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, III e V, apenas.
d) I, III e IV,apenas.
e) II, IV e V,apenas.
Comentários:
Essa foi uma questão bem direta! Possuem muros construídos em
suas fronteiras recíprocas: i) Israel e Palestina; ii) México e Estados Unidos; e
iii) Coréia do Norte e Coréia do Sul. A resposta é, portanto, a letra D.
2.6- Iugoslávia: formação e desmantelamento
Bem, amigos, de todos os conflitos étnicos vistos até aqui, elegemos
esse como um dos mais complicados de serem entendidos. Apesar de ser algo
muito recente, e com o qual até desenvolvemos certa intimidade, já que ele
veio via satélite para nossas casas, ele é de uma tremenda complexidade
histórica.
Kosovo e Slobodan Milosevic são duas palavras que nos soam
bastante familiar, entretanto na hora de explicarmos o que elas significam
exatamente a coisa se complica. Por isso, vamos tentar abordar este assunto
desde a formação da Iugoslávia até o seu desmantelamento, ok?
Para isso, entraremos numa cápsula do tempo que nos levara até o
inicio do século XX quando a dissolução da monarquia austro-húngara em
1918 deu origem a diversos estados nacionais, dentre eles o Reino dos
Sérvios, Croatas e Eslovenos. Alguns tratados fixaram as fronteiras do país
que a fim de transformá-lo em Reino da Iugoslávia em 1929, com um sistema
político autoritário comandado por Alexandre I.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, por volta de 1941, este país foi
invadido e dominado pela Alemanha fazendo deste Reino palco de diversos
conflitos internos que podem ter matado mais de um milhão de pessoas.
Um dos grupos étnicos ali presente, conhecidos como Ustaše eram
favoráveis à invasão alemã, uma vez que objetivavam construir uma Croácia
etnicamente pura. Assim, esse grupo, ideologicamente harmonizado com os
alemães, após os países do eixo dominarem o Reino da Iugoslávia, membros
do Ustase passou a ocupar postos no comando do Estado Independente da
Croácia . Mas a farra alemã não durou muito tempo.
Em 1944, o Conselho Antifascista de Libertação Nacional, grupo de
orientação comunista, liderado por Josip Broz Tito, expulsou os alemães em
liquidou o Estado croata comandado pelos Ustaše.
É claro que esse processo não transcorreu sem resistência e Tito
enfrentou outra forte oposição durante a luta contra os alemães, mas saiu
vitorioso e formou, inicialmente, a Iugoslávia Democrática Federal.este nome
foi alterado em 1946 para República Federativa Popular da Iugoslávia e em
1963 para República Socialista Federativa da Iugoslávia.
Enfim, quando Tito assumiu o cargo de primeiro-ministro da
Iugoslávia ele já tinha uma enorme proximidade com as ideias comunistas que
conheceu durante a primeira guerra Mundial. Para sustentar a unidade nessa
região tão mosaica e repleta de nacionalismos, Tito usou forte repressão
policial contra os movimentos de contestação e um sistema político de
autogestão de inspiração anárquica. Organizada sob a forma de uma
federação, a Iugoslávia era formada por seis repúblicas e duas províncias
autônomas pertencentes à república da Sérvia.
Costumava-se ler na imprensa que “A Iugoslávia tinha seis repúblicas, cinco povos, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um partido - comunista."
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E aqui, mais uma vez, vamos precisar do mapa para visualizar e
entender melhor toda essa divisão.
1. República Socialista da Bósnia e Herzegovina 2. República Socialista da Croácia 3. República Socialista da Macedônia 4. República Socialista da Montenegro 5. República Socialista de Sérvia 5a. Província Socialista Autônoma do Kosovo 5b. Província Socialista Autônoma da Voivodina 6. República Socialista da Eslovênia
As seis repúblicas correspondem às expostas no mapa acima. Os
cinco povos citados são os sérvios, montenegrinos, croatas, eslovenos e macedônios. Aqui temos que perceber um detalhe: não há um povo bósnio em
termos de origem étnica e por isso apesar de 6 republicas só existem cinco
etnias! A república da Bósnia era habitada por sérvios, croatas e muçulmanos.
As quatro línguas da Iugoslávia eram o servo-croata, o esloveno, o macedônio e o albanês (utilizado em Kosovo). As três religiões correspondem
ao catolicismo romano, o catolicismo ortodoxo e o islamismo. O sérvios
escrevem o servo-croata com o alfabeto cirílico enquanto os croatas usam os
caracteres latinos.
Após a morte de Tito em 1980, que com carisma, habilidade política
e repressão todas as tensões étnicas existentes durante seu longo governo e
que estavam “controladas” continuaram. Aliás, não só tiveram continuidade
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como se intensificaram quando o Poder Executivo passou a ser assumido por
um organismo colegiado, com representação de todas as repúblicas e rotação
anual da Presidência. E foi assim que se iniciou o complexo processo de
desmembramento das repúblicas que compunham a Iugoslávia em função das
tensões crescentes dentro do território.
Assim, ao invés de pacificar as rivalidades entre as entidades
federadas, a medida pareceu acentuá-las ainda mais já que todas as
repúblicas que até aquele momento pertenceram a Iugoslávia pareciam querer
independência.
Então, amigos, Croácia e a Eslovênia inauguraram essa fase das
independências quando em 1991 se declararam auto-suficientes e
responsáveis proclamaram sua independência, que foi contestada pelo
governo bósnio, gerando conflitos armados que se agravaram com a
independência também da Macedônia.
Seguido a elas Sérvia e Montenegro também se uniram para formar
uma nova Iugoslávia com o nome oficial de República Federal da Iugoslávia e
uma no depois de seria a vez da Bósnia declarar sua independência e
desencadear o inicio dos conflitos armados. E por quê ?
Estão lembrados que falamos que na Bósnia não havia uma étnica
própria e que habitavam ali sérvios, croatas e muçulmanos. Pois bem, a partir
do momento que começaram a se tornar independentes cada república
desejava queria uma parte deste território. Um exemplo é o caso dos sérvios
presentes na Croácia e na Bósnia que reivindicavam a incorporação do
território por eles ocupado à nova Iugoslávia. Na Bósnia, os sérvios opuseram-
se aos croatas e muçulmanos em uma guerra civil sangrenta marcada pela
prática de limpeza étnica dos dois lados. Os sérvios (católicos) matavam
muçulmanos na Bósnia enquanto os croatas matavam minorias sérvias na
Croácia.
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Assim, foi durante este conflito que pela primeira vez na história da
humanidade, o mundo acompanhou, em tempo real, todo o sofrimento de uma
população civil exposta as mais diversas violências. Campos de concentração,
deportações em massa, assassinatos, cercos a cidades, civis vítimas de
franco-atiradores e ataques do exército federal iugoslavo ou de milícias eram
algumas das situações visualizadas pela comunidade internacional.
Sendo a maioria da população do Kosovo de origem albanesa, a
formação de uma Grande Albânia inspirou o movimento separatista na região.
Em 1989, quando os kosovares celebravam os 600 anos da batalha do
Kosovo, o então presidente da Iugoslávia, Slobodan Milošević, retirou a
autonomia política da província, proibindo o ensino do albanês nas escolas,
entre outras limitações.
Em 1991, os kosovares já haviam declarado independência,
entretanto, ela não foi reconhecida nem pelas Nações Unidas fazendo com que
as tropas da Sérvia mantivessem suas tropas na região. Cinco anos mais tarde
o Exército de Libertação do Kosovo iniciou uma luta armada em oposição ao
poder de Milošević. O desenrolar não poderia ser diferente de todos os outros
conflitos vistos até agora; massacres e deportações. Em 1998, a ONU proibiu a
venda de armas para a Iugoslávia em função dos altíssimos níveis de violência
atingidos no conflito.
Pois é, amigos, o pior é que ainda não acabou nossa história, não!
Em 1999, a OTAN bombardeou a Sérvia, encerrando o conflito que já durava
praticamente três anos. No início daquele ano entrava em vigor o Euro, moeda
comunitária da União Européia uma moeda recente e frágil diante de
instabilidades políticas.
Enfim, em fevereiro de 2008, os kosovares declararam sua
independência, que não foi reconhecida pela Sérvia nem pela Rússia, principal
aliada dos sérvios, mas foi reconhecida imediatamente pelos Estados Unidos e
outros países. A declaração de independência coloca o novo país sob a
supervisão internacional, proíbe-o de juntar-se com outro país e garante a
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proteção para as minorias étnicas. O processo ainda não possui o
reconhecimento das Nações Unidas.
Vamos observar o mapa para poder perceber a situação geográfica
de Kosovo, as minorias albanesas e o governo sérvio.
Calminha, não vamos contar aqui toda a história desses impérios,
mas é importante sabermos que quando todos pensavam que essas velhas
rivalidades e ódios estivessem sepultados, eis que eles ressurgiram.
Durante mais de quarenta anos em que estiveram sob o domínio do
regime comunista não-stalinista de Tito, o convívio foi pacífico. Porém, quando
este governo veio abaixo, reapareceram os fantasmas vingativos de outrora,
que se prepararam para um fatal acerto de contas
Nesse contexto, com o claro objetivo de defender a população
albanesa da província sérvia de Kosovo, os EUA lideraram a campanha de
bombardeios da OTAN contra a Iugoslávia. Ocorrido entre março e junho de
1999, esse ataque foi o primeiro na história da OTAN contra uma nação
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soberana e foi feito mesmo sem a autorização do Conselho de Segurança da
ONU.
Essa operação militar só terminou com a rendição do presidente
iugoslavo Slobodan Milosevic, que foi coagido a acolher um plano de paz
constituído por eles. Esse plano determinou, dentre outras coisas, a retirada
das tropas sérvias de Kosovo, a instauração de um governo interino da ONU
na província e o envio de uma força internacional de paz à região, dominada
pelos EUA e seus aliados.
Em 1992, a República Socialista Federativa da Iuguslávia deixou de
subsistir nessa condição, quando quatro de suas federações – Bósnia e
Herzegóvina, Macedônia, Eslovênia e Croácia- se separaram para formar
Estados independentes. Assim, permaneceram como Iuguslávia somente as
federações de Sérvia e Montenegro.
No ano de 2003, o nome Iugoslávia foi substituído por Sérvia e
Montenegro. Em 2006, os montenegrinos optaram pela independência da
região em referendo popular e, atualmente, as antigas repúblicas iugoslavas,
são todas países independentes, incluindo Kosovo.
2.7-Afeganistão:
Bem, pessoal, como todos os outros conflitos que vimos, este
também não possui origens atuais. Entretanto, elas não são tão antigas quanto
a maioria dos que estudamos até aqui. A violência que atinge o Afeganistão se
desencadeou num conflito étnico iniciado há mais ou menos 30 anos.
O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo e tem vivido
grande instabilidade nas últimas décadas contando com uma economia e infra-
estrutura extremamente precárias. Essa região, além de sofrer com guerras e
conflitos internos ela também foi abalada por desastres naturais como
terremotos e secas.
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Apesar disso, esse país ocupa uma posição estratégica, espremido
entre o Oriente Médio, a Ásia Central e a Índia, ao longo da antiga "Rota da
Seda", o Afeganistão foi disputado por vários países durante longo tempo; no
século XIX, o país foi disputado tanto pela Rússia Imperial como pelo império
britânico na Índia.
Bem, pessoal, como todos os outros conflitos que vimos, este
também não possui origens atuais. Entretanto, elas não são tão antigas quanto
a maioria dos que estudamos até aqui. A violência que atinge o Afeganistão se
desencadeou num conflito étnico iniciado há mais ou menos 30 anos.
O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo e tem vivido
grande instabilidade nas últimas décadas contando com uma economia e infra-
estrutura extremamente precárias. Essa região, além de sofrer com guerras e
conflitos internos ela também foi abalada por desastres naturais como
terremotos e secas.
Apesar disso, esse país ocupa uma posição estratégica, espremido
entre o Oriente Médio, a Ásia Central e a Índia, ao longo da antiga "Rota da
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Seda", o Afeganistão foi disputado por vários países durante longo tempo; no
século XIX, o país foi disputado tanto pela Rússia Imperial como pelo império
britânico na Índia.
No final da década de 70, o Afeganistão se tornou um importante
campo de batalha da Guerra Fria,sobretudo após o envio de milhares de
soldados soviéticos ao país para garantir a permanência do regime pró-
comunista.
Mas num território com tanta pluralidade , não poderia ser diferente e
isso resultou em um grande confronto, envolvendo os Estados Unidos e os
vizinhos do Afeganistão.
Em fins da década de 70, quando a União Soviética invadiu o país,
diversos grupos que recebiam o nome genérico de mujahedin combateram o
governo comunista, com o objetivo comum de instaurar um Estado muçulmano
regido pela sharia, aquela lei islâmica que explicamos anteriormente estão
lembrados?.
Pois bem, após a retirada soviética, em 1989, e a queda do governo
comunista, em 1992, os mujahedin se dividiram. De um lado estava o Talibã,
que se estabeleceu ao sul do país, sendo composto pela etnia Pashtun, predominante no Afeganistão. Do outro lado ficou a Aliança do Norte, liderada
pelo segundo maior grupo étnico do país, os tadjiques, e pelos uzbeques, um
grupo minoritário.
Estamos certos de que, desses dois grupos, vocês todos já ouviram
falar do primeiro, não é mesmo? Enquanto o Talibã é um grupo bastante ativo,
a Aliança do Norte não existe como organização, mas divisões étnicas que
continuam a influenciar a política do país.
A situação interna ainda é agravada pelo fato de as várias tribos
pashtuns terem grandes divisões internas. Essas divisões explicam a
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hostilidade do Talibã aos candidatos pashtuns Hamid Karzai e Ashraf Ghani, e
a Abdullah Abdullah, um tajique.
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LISTA DE QUESTÕES
1- (CESPE/STJ-2008)- Ao contrário do que se previa há duas décadas, o fim da Guerra Fria fez recrudescer as tensões do sistema bipolar mundial, ampliando a rivalidade americano-soviética, como se vê nos atuais incidentes envolvendo a Geórgia. 2(CESPE/ANTAQ-2009)- O Afeganistão tornou-se alvo da ação dos EUA desde os atentados de 2001, sob a acusação de que esse país asiático servia de abrigo para terroristas. 3-(CESPE/IRB-2009)- O fundamentalismo islâmico teve no Irã depois da revolução xiita de 1979 um pólo irradiador, que identificou no Ocidente seu principal inimigo, representado pelos EUA e seu histórico aliado regional, Israel. 4-(FCC/APOFP-2010)- O programa nuclear iraniano foi um dos temas abordados por Hillary Clinton em sua recente visita ao Brasil. “Nós debatemos o valor central da não proliferação e o nosso comprometimento comum de fazer com que o Irã não tenha armas nucleares”, disse ela. Por outro lado, declarações amplamente divulgadas tornaram evidente a existência de divergências entre os EUA e o Brasil relativas à questão nuclear iraniana. Considere as afirmações: I. Ao contrário do Brasil, os EUA consideram que as negociações falharam,
portanto o caminho é aprovar mais sanções para impedir que o Irã enriqueça
urânio e possua armas nucleares.
II. O governo brasileiro é contra sanções e considera que ainda há espaço para
negociar com o presidente Mahmud Ahmadinejad, além de reiterar sua posição
contra a proliferação de armas nucleares.
III. O Brasil, por não ser signatário de acordos contra a proliferação de armas
nucleares, pode manter postura independente e contrária à norte-americana
em relação ao programa nuclear iraniano
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Está correto o que se afirma em: a) III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
5- (CESPE-2009)- Como resultado do fim da Guerra Fria, a Índia aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares 6-(CESPE-2009)- Há rivalidade regional entre a Índia e o Paquistão, a ponto de os dois países desenvolverem armas nucleares. 7(CESPE/ANTAQ-2009)- No Iraque, os EUA derrubaram Saddam Hussein com relativa facilidade, mas encontraram forte resistência posterior, gerando inúmeras baixas, má repercussão internacional e crescente insatisfação da própria opinião pública norte-americana. 8(CESPE/IRB-2009)- Nas duas vezes em que atacaram militarmente o Iraque, em 1991 e na atualidade, os EUA encontraram vigorosa resistência da população local, em larga medida incentivada pela reprovação à política de Washington manifestada pelo conjunto dos Estados árabes.
9-(CESPE/Agente Administrativo – UERN-2010)- O Conselho de Segurança da ONU manifestou satisfação com as últimas eleições legislativas realizadas no Iraque, que chamou de passo importante à unidade do país. Os quinze países-membros do Conselho de Segurança elogiam, em um comunicado, os iraquianos pela demonstração de “compromisso com um processo político pacífico, completo e democrático”. “A votação representa uma etapa importante no processo político, que busca estabelecer a unidade nacional do Iraque, soberania e independência”, afirma o comunicado. Veja Online, 9/3/2010 (com adaptações).
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A respeito das eleições no Iraque, assinale a opção correta. a) A última eleição nacional realizada no Iraque foi o segundo pleito desde a
invasão americana ocorrida há quase sete anos.
b) Atentados e explosões ocorreram no dia das eleições, mas não houve
mortos ou feridos.
c) Apenas o eleitorado maior de 30 anos de idade pôde votar.
d) O atual primeiro-ministro é impedido de disputar as eleições no Iraque.
e) Nouri al-Maliki, atual primeiro-ministro do Iraque, é de origem sunita.
10- (CESPE/STJ-2008-adaptada)- A recente intervenção militar russa foi justificada por Moscou como de apoio à separatista Ossétia do Sul, alvo de ataque por parte do poder central da Geórgia.
11- (FCC/APOFP-2010)- Após classificar a relação com os EUA como a mais importante para a China, o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou que os laços entre os dois países foram seriamente afetados pela decisão do presidente americano, Barack Obama, de se encontrar com o dalai-lama em fevereiro e pelo anúncio de que Washington venderá US$ 6,4 bilhões em armas para Taiwan. (OESP, 15/3/2010) As divergências entre os dois países, indicadas no texto, ocorrem porque o: a) Tibete e Taiwan representam ameaça à China, já que são países hinduístas
que lutam pela liberdade religiosa e política.
b) dalai-lama defende enfrentamento armado pela independência do Tibete e
de Taiwan, negando-se a assinar acordos comerciais com a China.
c) Tibete, que nunca pertenceu à China nem a Taiwan, é um protetorado
inglês.
d) poderio econômico do Tibete, sustentado pelo comércio com os EUA,
ameaça a economia chinesa, e Taiwan representa ameaça à ideologia
comunista na China por ser um centro religioso.
e) dalai-lama é classificado pelo governo chinês como separatista, na medida
em que busca a independência do Tibete, e Taiwan, por sua vez, é
considerada uma província rebelde que também luta por manter sua autonomia
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12-(FCC/APOFP-2010)- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em janeiro de 2010, assinou decreto que ordena o cancelamento da classificação de segurança (confidencial) a toda informação e documentação vinculada com as operações das Forças Armadas durante o período de 1976-1983, salvo aquelas relacionadas ao "conflito bélico no Atlântico Sul (Guerra das Malvinas) e a qualquer outro conflito interestatal". Para ela, passados mais de 25 anos do retorno da democracia, não é possível continuar aceitando a falta de acesso à informação e documentação, sob pretexto de segredo de Estado ou qualquer definição de segurança que impeça o conhecimento da história recente. (OESP, 7/1/2010, adaptado) É correto afirmar: a) A classificação de “confidencial”, aplicada a "toda informação e
documentação, vinculada com as operações das Forças Armadas" durante o
período de 1976-1983, a que o texto se refere, abrangia apenas os crimes
comuns praticados por militares.
b) A abertura dos arquivos permitirá conhecer toda a documentação referente à
atuação das Forças Armadas da Argentina, no período indicado, relativas ao
confronto com a Inglaterra pela soberania nas Ilhas Malvinas.
c) A medida diz respeito às informações e à documentação sobre violações dos
direitos humanos durante os anos da ditadura militar na Argentina, apontada
por historiadores como uma das mais violentas na América Latina na década
de 1970.
d) As Forças Armadas, anteriormente ao governo de Cristina Kirchner, já
haviam determinado a abertura de seus arquivos para facilitar a transição para
a democracia na Argentina.
e) O conhecimento do passado recente argentino não supõe necessariamente
a abertura dos arquivos das Forças Armadas, pois todos os acusados de
crimes durante a ditadura militar já foram julgados e os desaparecidos,
encontrados.
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13- (Questão Inédita)- Muitos dos brasileiros vivendo no Paraguai são alvo de xenofobismo, o que é motivado por questões fundiárias, étnicas e ambientais. 14- (Questão Inédita)- Se, por um lado, a presença dos brasiguaios no leste do Paraguai foi responsável pelo surto de crescimento econômico na região de fronteira, por outro, ela deu origem a um sentimento nacionalista e até xenófobo paraguaio. 13-(STJ-2008)- Além de limitações econômicas, parte significativa da África está hoje submetida a governos considerados autocráticos e, em determinadas regiões, a conflitos étnicos de elevada dramaticidade, como atesta o caso de Ruanda. 14-(Questão Inédita)- Na partilha da África, as grandes potências imperialistas tiveram o cuidado de definir as fronteiras segundo critérios étnico-culturais. 15- (CESPE- Técnico de Nível Superior – UERN-2010)- Na véspera do Natal de 2009, um grupo de brasileiros foi atacado na cidade de Albina, no Suriname. O ataque resultou em incêndios, saques e pelo menos 25 feridos. A respeito desse assunto, assinale a opção correta. a) O Suriname, país rico devido ao fato de ser ex-colônia da Holanda, atrai
milhares de imigrantes brasileiros todos os anos.
b) Após o referido ataque, o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas
com o Suriname.
c) O ataque em questão decorreu da disputa pela exploração de petróleo no
interior do Suriname.
d) A maioria dos brasileiros que mora no Suriname é composta de garimpeiros
que tentam a sorte nesse país.
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e) O governo surinamês pratica política de incentivo à imigração de técnicos e
cientistas brasileiros, o que incomoda a população local e acarreta o tipo de
ataque referido.
16- (STJ-2008)- Além de limitações econômicas, parte significativa da África está hoje submetida a governos considerados autocráticos e, em determinadas regiões, a conflitos étnicos de elevada dramaticidade, como atesta o caso de Ruanda.
17- (Questão Inédita)- Na partilha da África, as grandes potências imperialistas tiveram o cuidado de definir as fronteiras segundo critérios étnico-culturais.
18-(Questão Inédita)- O regime do apartheid, durante sua vigência, foi amplamente criticado pela comunidade internacional, tendo sido adotadas, inclusive, sanções econômicas contra a África do Sul. Todavia, no plano interno, a resistência negra foi pacífica. 19- (Questão Inédita)- O genocídio dos tutsis em Ruanda é um dos acontecimentos mais sangrentos da história do continente africano, tendo motivado, inclusive, a criação pelo Conselho de Segurança da ONU do Tribunal Penal Internacional para Ruanda. 20-(Questão Inédita)- O principal motivo dos conflitos existentes na Nigéria são a existência de dois grupos étnicos rivais. 21- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- Na África, após o término das guerras de independência, multiplicaram-se os conflitos internos, em sua maioria guerras civis, de conteúdo étnico ou político-econômico. Assinale o país que não foi palco de conflitos internos após sua independência. a) Costa do Marfim
b) Angola
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c) Moçambique
d) Uganda
e) Marrocos
22-(CESPE/IRB-2009)- Apesar do apoio do conjunto dos Estados árabes à decisão da ONU (1947) de encerrar o mandato britânico na Palestina e promover a partilha do território em dois Estados, apenas o de Israel materializou-se, razão pela qual não se dissipa a instabilidade na região. 23- (FGV / Professor de Geografia – Campinas 2008)- As propostas para existência de um “mundo sem fronteiras” aparecem nos discursos de autoridades mundiais, quer de representantes de países quer de instituições internacionais. No entanto, contraditoriamente, muros são erguidos entre estados-nações mostrando como ainda está longe essa proposta. Na relação a seguir, avalie se os países têm muros construídos em suas fronteiras. I. Israel e Palestina
II. Irã e Afeganistão
III. México e Estados Unidos
IV. Coréia do Norte e Coréia do Sul
V. Rússia e Geórgia
Os países em cujas fronteiras foram construídos muros estão indicados em: a) I e III, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, III e V, apenas.
d) I, III e IV,apenas.
e) II, IV e V,apenas.
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GABARITO
1-ERRADO 8-ERRADO 15-D 22-ERRADO
2-CERTO 9-A 16-CERTO 23-D
3-CERTO 10-CERTO 17- ERRADO
4-D 11-E 18-ERRADO
5-ERRADO 12-C 19-CERTO
6-CERTO 13-CERTO 20-ERRADO
7-CERTO 14-CERTO 21-E